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FITS PE - MEDICINA NATÁLIA MOURA Habilidades Clínicas Anamnese → Termo: Vem da palavra grega “anamnésis”, que significa “lembrança”. Significa fazer com que o paciente se lembre do que está sentindo e relate para o médico. Essa é uma das funções do profissional no momento do atendimento e é fundamental para que ele possa realizar o diagnóstico correto. → Ambiente: I. Higiene; II. Boa iluminação; III. Boa estrutura (mesa de exame clínico, cadeira, birô, ventilação adequada); IV. Biossegurança; V. Privacidade. → Possui 3 tipos: I. Ativa: médico fala apenas. II. Mista: médico ouve e fala (anamnese dirigida) III. Passiva: médico ouve apenas. → Objetivos: Estabelecer a relação médico/paciente, baseada na confiança e respeito; Obter os elementos essenciais da história clínica do paciente, para a condução objetiva do exame físico; Alimentar base de dados epidemiológicos; Melhor planejamento e implementação terapêutica; Avaliar o estado de saúde passado e presente do paciente, conhecendo os fatores pessoais, familiares e ambientais que influenciam seu processo saúde-doença; Avaliar, de maneira clara, os sintomas de cada sistema corporal. → Confecção: I.A anamnese fornece tanto orientação diagnóstica como o caminho da investigação para a clínica. É imprescindível uma história clínica cronológica, minuciosa e detalhada. II. Cada sintoma deve ser investigado e correlacionado a outras queixas e compreendida a sua fisiopatologia. III. Sempre que possível, a anamnese deve ser colhida diretamente com o próprio paciente. IV. Já se pode afirmar que uma das principais causas da perda de qualidade do trabalho médico é justamente a redução do tempo dedicado à anamnese. O maior inimigo na confecção é a limitação de informações e um profissional ansioso, apressado, incapaz de escutar. Neste momento, a pressa é a distorção de técnica mais grosseira, prejudicando a formação do diagnóstico. O paciente sentir um desconforto, será interpretado segundo suas percepções e cultura. O enfermo relata verbalmente suas queixas e nós (médicos) o interpretamos, registrando no prontuário. O paciente pode interpretar adequadamente o que sente, mas se equivocar na verbalização. Os gestos, o modo como são referidos os sintomas, parecem ter maior valor do que o verbal. O conhecimento de características verbais de cada local, é fundamental, muitas vezes, para a adequada interpretação. Também não é infrequente o paciente relatar um sintoma acompanhado de sua análise pessoal, sem dúvidas, na maior parte das vezes, completamente equivocada → Benefícios: I. Conhecimento abrangente do histórico; II. Diagnóstico precoce; FITS PE - MEDICINA NATÁLIA MOURA III. Proteção ao paciente quanto a realização de procedimentos invasivos e desnecessários; IV. Economia aos órgãos que subsidiam a saúde. → Identificação: Nome completo Idade Sexo Filiação Naturalidade/Nacionalidade Procedência Endereço completo Estado civil Grau de Escolaridade Profissão/Local de trabalho Ocupação Etnia/Religião → Elementos da anamnese: I. Identificação (baseado na tabela acima). II. Queixa principal: motivo da consulta (QPD). III. História de doença atual: registro cronológico e detalhado do problema atual de saúde do paciente. IV. Interrogatório sintomatológico (IS): é a avaliação detalhada dos sintomas de cada sistema corporal, depois deve complementar com a HDA e avaliar práticas de promoção à saúde. V. Antecedentes pessoais e familiares: avaliação do estado de saúde passado/presente do paciente, conhecendo os fatores pessoais e familiares que influenciam seu processo saúde-doença. VI. Hábitos de vida: documentar hábitos e estilo de vida do paciente, incluindo ingesta alimentar diária e usual, prática de exercícios, história ocupacional, uso de tabaco, consumo de bebidas alcoólicas e utilização de outras substâncias e drogas ilícitas VII. Condições socioeconômicas e culturais: avaliar as condições de habitação, além de vínculos afetivos familiares, condições financeiras, atividades de lazer, filiação religiosa e crenças espirituais, bem como a escolaridade. ● Pontos Importantes → Na QPD, caso desejarmos repetir a forma com a qual o paciente nos disse, devemos colocar aspas. E devemos evitar colocar diagnósticos como queixa principal, pois isso pode levar a graves erros. → Nas doenças agudas ou de início recente, em geral apresentando poucos sintomas, é perfeitamente possível conseguir uma história clínica de boa qualidade em 10 minutos, ao passo que nas doenças de longa duração, com sintomatologia variada, não se gastarão menos do que 30 a 60 minutos. → Espírito Preconcebido: é outro erro técnico e que pode ser uma tendência natural do examinador. Muitas vezes essa preconcepção é inconsciente, originada de um especial interesse por determinada enfermidade ou por partes da medicina, como acontece com os especialistas. → Determinados pacientes tendem a tomar a condução da anamnese, respondendo apenas às perguntas que lhes interessam, questionando o médico, levantando questões a todo momento ou interpretando eles mesmos os sintomas, ao mesmo tempo que emitem opiniões sobre exames a serem efetuados. O médico deve retomar a direção, preocupando- se em não assumir nenhuma atitude hostil proveniente da momentânea perda de sua posição de líder. FITS PE - MEDICINA NATÁLIA MOURA → HDA (história da doença atual) Para obtermos uma boa HDA devemos deixar que o paciente fale sobre sua doença, e aí identificar o sintoma-guia, descrever o sintoma- guia com suas características e analisá-lo minuciosamente. I. Use o sintoma-guia como fio condutor da história e estabeleça as relações das outras queixas com ele em ordem cronológica. II. Verifique se a história obtida tem começo, meio e fim. III. Não induza respostas. IV. Apure evolução, exames e tratamentos realizados em relação à doença atual. V. Resuma a história que obteve para o paciente, a fim de ele possa confirmar ou corrigir algum dado ou acrescentar alguma informação esquecida. INTERROGATÓRIO SINTOMATOLÓGICO (IS) → Conceito: denominada também anamnese especial ou revisão dos sistemas, o IS constitui, na verdade, um complemento da história da doença atual e documenta a existência ou ausência de sintomas comuns relacionados com cada um dos principais sistemas corporais. → A principal utilidade prática do IS reside no fato de permitir ao médico levantar possibilidades e reconhecer enfermidades que não guardam relação com o quadro sintomatológico registrado na HDA. Por exemplo: o relato de um paciente conduziu ao diagnóstico de gastrite e, no IS, houve referência a edema dos membros inferiores. Esse sintoma pode despertar uma nova hipótese diagnóstica que vai culminar no encontro de uma cirrose. → Em outras ocasiões, é no IS que se origina a suspeita diagnóstica mais importante. Por exemplo: um paciente que procurou o médico concentrando a sua preocupação em uma impotência sexual. Ao ser feita a revisão dos sistemas, vieram à tona os sintomas polidipsia, poliúria e emagrecimento, queixas às quais o paciente não havia dado importância. No entanto, a partir delas o médico levantou a suspeita da enfermidade principal daquele paciente – o diabetes melito. → Outra importante função do IS é avaliar práticas de promoção à saúde. Enquanto se avalia o estado de saúde passado e presente de cada sistema corporal, aproveita-se para promover saúde, orientando e esclarecendo o paciente sobre maneiras de prevenir doenças e evitar riscos à saúde. Toda queixa é objeto de investigação. → Esquema: Início Característica dos SintomasFatores de melhora ou piora Relação com outras queixas Evolução Situação Atual 1) Início: Deve ser caracterizado com relação à época de aparecimento. Se foi de início súbito ou gradativo, se teve fator desencadeante ou não. Exemplo: ↓ Médico: Quando a dor surgiu? Paciente: Há 3 dias. Médico: Como ela começou? Paciente: De repente, depois que peguei um saco de cimento. FITS PE - MEDICINA NATÁLIA MOURA 2) Característica: Definir localização, duração, intensidade, frequência, tipo, ou seja, características próprias a depender do sintoma. Exemplo: Médico: Onde dói? A dor irradia? Ela “anda”? Quanto tempo dura? Como é essa dor? 3) Fatores de melhora ou piora: Definir quais fatores melhoram e pioram o sintoma, como, por exemplo, fatores ambientais, posição, atividade física ou repouso, alimentos ou uso de medicamentos. 4) com outras queixas: Registrar se existe alguma manifestação ou queixa que acompanha o sintoma, geralmente relacionado com o segmento anatômico ou funcional acometido pelo sintoma. Exemplo: Médico: Você está tossindo? Paciente: Não. Médico: Você tem falta de ar? Paciente: Eu sinto um pouco de falta de ar sim. 5) Evolução: Registrar o comportamento do sintoma ao longo do tempo, relatando modificações das características e influência de tratamentos efetuados. Exemplo: Médico: Essa dor se modificou nestes 3 dias? Paciente: Ontem eu tomei um analgésico e a dor melhorou, mas é só o efeito do remédio acabar que a dor volta. 6) Situação atual: Registrar como o sintoma está no momento da anamnese também é importante. Exemplo: Médico: Como está a dor agora? Paciente: Agora a dor está muito forte e está dificultando minha respiração. Nada mais melhora. Preciso de ajuda. → Importância do IS: - A proposta de atender ao paciente de maneira global inclui o conhecimento de todos os sistemas corporais em seus sintomas e na dimensão da promoção da saúde - Pensando no paciente como um ser mutável e em desenvolvimento, é necessário que se registre o estado atual de todo o seu organismo, para se ter um parâmetro no caso de futuras queixas e adoecimento. Por exemplo: se, na primeira consulta, o paciente não relatou nenhum sintoma referente ao sistema respiratório e, ao retornar após 2 meses, refere-se a tosse com escarros amarelados e dispneia, o médico pode ter uma ideia clara do aparecimento súbito de uma nova doença. - Muitas vezes, o adoecimento de um sistema corporal tem correlação com outro sistema, e há necessidade de tal conhecimento para adequar a proposta terapêutica. Um exemplo clássico é a hipertensão arterial, em que pode existir comprometimento dos sistemas cardiovascular, renal, neurológico, metabólico e endocrinológico. - Vale a pena incluir na fase de aprendizagem da anamnese o IS, porque adquire-se uma visão de conjunto dos sinais e sintomas, conhecimento que será útil a todo médico. → Sistematização do IS: - À medida que se adquire experiência, pode- se simplificar ou adaptá-lo às circunstâncias em que o exame clínico é realizado. - O domínio do método clínico exige um esforço especial nessa fase. A chave do problema está no exame do maior número possível de pacientes, seguindo-se a sistematização proposta: - Sintomas gerais 1) Pele e fâneros FITS PE - MEDICINA NATÁLIA MOURA 2) Cabeça e pescoço 3) Tórax 4) Abdome 5) Sistemas urinário e genital 6) Sistema hemolinfopoético 7) Sistema endócrino 8) Coluna vertebral, ossos, articulações e extremidades 9) Músculos 10) Artérias, veias, linfáticos e microcirculação 11) Sistema nervoso 12) Exame psíquico e avaliação das condições emocionais.
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