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GESTÃO DEMOCRATICA NA ESCOLA

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GESTÃO DEMOCRATICA NA ESCOLA 
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SUMÁRIO 
 
NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2 
Introdução ................................................................................................ 3 
Gestão democrática contexto histórico e legal ..................................... 4 
A gestão democrática nas escolas ....................................................... 7 
Quem é o gestor? .............................................................................. 12 
Projeto Político Pedagógico: a construção da gestão democrática pela 
participação coletiva de todos os membros da escola .................................. 15 
Os desafios da gestão democrática ................................................... 23 
REFERÊNCIAS ..................................................................................... 30 
 
 
 
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NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como 
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a 
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua 
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, 
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o 
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Introdução 
 
A gestão democrática tem se tornando um dos motivos mais frequentes, 
na área educacional de reflexões e iniciativas públicas a fim de dar sequencia a 
um principio constitucionalmente na lei de diretrizes e bases da educação 
nacional. 
O princípio está inscrito na Constituição Federal e na LDB, sendo assim, 
ele deve ser desenvolvido em todos os sistemas de ensino e escolas públicas 
do país. Ocorre, contudo, que como não houve a normatização necessária dessa 
forma de gestão nos sistemas de ensino, ela vem sendo desenvolvida de 
diversas formas e a partir de diferentes denominações: gestão participativa, 
gestão compartilhada, cogestão, etc. E é certo que sob cada uma dessas 
denominações, comportamentos, atitudes e concepções diversas são colocados 
em prática. 
A gestão democrática coloca em prática o espírito da Lei, por destacar a 
forma democrática com que a gestão dos sistemas e da escola deve ser 
desenvolvida. É um objetivo porque trata de uma meta a ser sempre aprimorada 
e é um percurso, porque se revela como um processo que, a cada dia, se avalia 
e se reorganiza. 
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Traz, em si, a necessidade de uma postura democrática. E esta postura 
revela uma forma de perceber a educação e o ensino, onde o Poder Público, o 
coletivo escolar e a comunidade local, juntos, estarão sintonizados para garantir 
a qualidade do processo educativo. 
Os princípios educacionais foram estabelecidos pela Constituição Federal 
sobre os quais o ensino deve ser ministrado. Dentre eles, destaca-se a gestão 
democrática do ensino público, na forma da lei. Cabe, no entanto, aos sistemas 
de ensino, definir as normas da gestão democrática do ensino público na 
educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os 
seguintes princípios: 
 Participação dos profissionais da educação na elaboração do 
projeto pedagógico da escola; 
 Participação das comunidades escolar e local em conselhos 
escolares ou equivalentes; (LDB–Art. 14). 
Como condição para o estabelecimento da gestão democrática é preciso 
que os sistemas de ensino assegurem as unidades escolares públicas de 
educação básica que os integram, progressivos graus de autonomia pedagógica, 
administrativa e financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro 
público (LDB-Art. 15). 
 
Gestão democrática contexto histórico e legal 
 
Transformações de caráter social, político, econômico e cultural têm 
marcado a sociedade contemporânea. Muitas delas são estruturais, o que 
interfere diretamente na educação. No caso do Brasil, as mudanças ocorridas na 
política educacional, a partir dos anos de 1980, tiveram uma forte característica 
de mobilização dos movimentos sociais, pois foi o momento em que toda a 
sociedade buscava mais democracia. Essa movimentação provocou a abertura 
de escolas e a maior participação da comunidade na realidade escolar em busca 
do acesso e da permanência de todos no processo educativo. 
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Repensar o modo pelo qual se daria a gestão dos espaços escolares era 
fundamental na instauração de uma educação democrática. Foi neste contexto 
que a gestão escolar, em uma nova forma caracterizada principalmente pela 
descentralização do poder e pela autonomia, se redimensionou e, 
gradativamente, se instaurou nos sistemas de ensino como Gestão Democrática. 
As discussões que envolvem a problemática da Gestão Democrática da 
escola pública remontam ao início da década de 1980, sendo instituída 
legalmente a partir de sua implementação na Constituição Federal de 1988. 
Tanto na Constituição Federal (CF) de 1988 como na Lei de Diretrizes e 
Bases da Educação (LDB) de 1996 estão inscritos os princípios da educação 
nacional, que passaram a ser base para a implementação da Gestão 
Democrática. No artigo 206 da CF e no artigo 3.º da LDB consta que o ensino 
público deve ser ministrado de acordo com os preceitos da Gestão Democrática 
que se ampara na própria legislação brasileira 
A forma como esse princípio se concretiza foi regulamentada nos artigos 
14 e 15 da LDB n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996, a saber: 
 
A LDB também indica que os estabelecimentos de ensino têm a 
incumbência de “articular-se com as famílias e comunidade, criando processos 
de integração da sociedade com a escola” (Art. 12, inciso VI), assim como os 
docentes que devem “colaborar com as atividades de articulação da escola com 
as famílias e a comunidade” (Art. 13, inciso VI). 
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Define também como incumbências dos estabelecimentos de ensino, 
incluso no Art. 12, a elaboração da proposta pedagógica e, no Art. 13, a 
ampliação progressiva da autonomia pedagógica, administrativa e da gestão 
financeira nas escolas. São conhecimentos legais essenciais aos diretores, 
líderes do processo democrático na escola. 
Já o Plano Nacional de Educação, Lei n.º 13.005/2014, com vigência até 
2024, prevê a articulação e a materialização de uma política nacional de 
educação que se baseie nos princípios de participação, rompendo com as 
práticas autoritárias ainda vigentes na gestão das escolas públicas. Dessa 
forma, a participação e o controle social constituem-se elementos importantes 
da Gestão Democrática. 
A meta 19 do Plano Nacional de Educação prevê a efetivação da Gestão 
Democrática, dentro de dois anos, por meio de oito estratégias de políticas 
nacionais. Assim como ocorre no Plano Nacional de Educação, o Plano Estadual 
de Educação também prevê na meta 19 o prazo de dois anos para a efetivação 
da Gestão Democrática na educação e estabelece 16 estratégias de políticas 
estaduais. 
Frente aos referencias legais sobre os quais a escola deve fundamentar 
sua prática pedagógica, é possível afirmar que o diretor tem o dever e o direito 
de garantir a participação de todos os envolvidos no processo educativo para 
que assumam coletivamente
a função de corresponsáveis na construção de um 
projeto político pedagógico que vise ao ensino de qualidade para todos. 
No entanto, vale destacar que não basta apenas conhecer as legislações 
que amparam uma Gestão Democrática para que ela se efetive; a participação 
maior ou menor da comunidade escolar é que legitima a oportunidade de 
conhecer as demandas da escola e o papel de cada setor na definição dos seus 
rumos. 
 
 
 
 
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A gestão democrática nas escolas 
 
 
A escola, vista como uma organização social, cultural e humana, requer 
que cada sujeito envolvido tenha o seu papel definido em um processo de 
participação coletiva. Portanto, a efetivação da Gestão Democrática passa pelas 
condições materiais e imateriais que as instituições promovem para assegurar 
sua realização, e não somente pela previsão deste princípio na legislação. 
Neste contexto, cabe a todos que fazem parte do processo educativo 
buscar meios que possibilitem a Gestão Democrática e, principalmente ao 
diretor, a responsabilidade pela realização de um trabalho participativo, 
autônomo e democrático, que envolva todos os segmentos que compõe a 
escola. 
Para que se possa pensar na atuação do diretor na construção de uma 
Gestão Democrática, antes é necessário compreender o que é gestão escolar. 
Segundo a pesquisadora Heloisa Luck (2007), a gestão escolar é o termo que 
passou a substituir o termo administração escolar, significando uma alteração 
conceitual, uma vez que envolve a participação da comunidade nas decisões 
que são tomadas na escola. 
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Como elementos constitutivos dessa forma de gestão, podem ser 
destacados: participação, autonomia, transparência e pluralidade (ARAÚJO, 
2000). Cada um desses elementos tem sua relevância por si só e, juntos, 
colaboram para a ampliação do entendimento de como se articula e se manifesta 
uma educação democrática, que considera, realmente, a comunidade escolar. A 
seguir conheça melhor cada um desses elementos: 
• Participação: A participação deve ser garantida a todos os envolvidos no 
processo de ensino e aprendizagem. A escola, concebida como uma instituição 
de responsabilidade de todos - professores, pais, agentes educacionais, 
comunidade e equipe gestora que participam efetivamente nos processos de 
tomada de decisão -, tem maiores possibilidades de diminuir ou evitar o 
abandono, a evasão e a repetência de estudantes. Neste sentido, o desafio do 
diretor consiste em ampliar e criar novos canais de participação dos sujeitos 
sociais nos rumos da escola, afirmando-a como espaço público da cidadania. 
• Autonomia: Veiga (1998), ao discorrer sobre a autonomia, aponta quatro 
dimensões, articuladas e relacionadas entre si, consideradas fundamentais para 
a escola na organização do trabalho educativo. São elas: 
1. Administrativa: relaciona-se com as questões administrativas, como 
administração de pessoal e material, controle dos indicadores de desempenho, 
avaliação do trabalho. 
2. Financeira: elaboração de planos e execução dos recursos financeiros 
de forma adequada, observando os fins educativos. 
3. Pedagógica: trata especificamente das questões pedagógicas - função 
social da escola, organização curricular, avaliação -, que parte de um amplo 
processo coletivo. 
4. Jurídica: refere-se às normas, às orientações elaboradas pela escola, 
aos estatutos, ao regimento, aos avisos, às portarias. Essa dimensão possibilita 
que as ações sejam discutidas e elaboradas coletivamente. A autonomia 
sobressai à força do aspecto pedagógico com a elaboração do Projeto Político-
Pedagógico pelo coletivo escolar e a gestão centrada nos Órgãos Colegiados da 
escola. 
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A figura 1 a seguir ilustra a inter-relação entre esses elementos: 
 
• Transparência: Elemento constitutivo da Gestão Democrática, revela-se 
no livre acesso à informação. A transparência costuma apresentar-se como um 
meio eficiente de dar credibilidade ao espaço público, ou seja, a lisura que 
permite aos cidadãos participarem do controle social. Sendo assim, como todos 
os envolvidos no cotidiano escolar são chamados a participarem de sua gestão, 
toda e qualquer decisão ou ação tomada ou implantada na escola tem que ser 
do conhecimento da coletividade. A transparência na escola depende da 
inserção da comunidade no cotidiano escolar, do envolvimento dos segmentos 
com as questões da escola, e passa pela socialização das informações, o que 
pode gerar um clima de confiança e de clareza de propósitos entre todos os 
envolvidos no processo educativo (ARAÚJO, 2000, p. 257). 
• Pluralismo: Segundo Araújo (2000, p. 134), é o pluralismo que se 
consolida como postura de “reconhecimento da existência de diferenças de 
identidade e de interesses que convivem no interior da escola e que sustentam, 
através do debate e do conflito de ideias, o próprio processo democrático”. Nesse 
sentido, é imprescindível que haja o respeito às diferenças de pensar e de 
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opiniões para, de forma coletiva, alcançar os objetivos da escola em relação à 
formação e aprendizagem dos estudantes. 
Estes quatro elementos, participação, autonomia, transparência e 
pluralidade, são básicos da Gestão Democrática e devem ser focados na prática 
social da educação sempre na perspectiva de posturas e culturas efetivamente 
democráticas. Como mecanismos de ação, são elementos constitutivos das 
instâncias colegiadas - Conselho Escolar, APMF, Grêmio estudantil e Conselho 
de Classe -, ou seja, dos órgãos representativos da comunidade que auxiliam na 
gestão escolar e se constituem como espaços de participação e de criação da 
identidade da escola. Segundo Luck (2007), 
 
Diante dessas configurações, a gestão escolar tem a atribuição de 
organizar todos os elementos que direta ou indiretamente influenciam no 
trabalho pedagógico - os aspectos ligados aos profissionais da educação e suas 
funções, aos espaços e aos recursos -, garantindo a legalidade de todas as 
ações e primando pelo ensino e aprendizagem de todos os estudantes. Assim, 
o direcionamento da gestão escolar cabe à direção, direção auxiliar e equipe 
pedagógica que, juntas, formam a equipe gestora. Essa equipe, tendo a Gestão 
Democrática como princípio, deve primar pelo fortalecimento do trabalho 
coletivo, pela ética profissional e pelo comprometimento político-pedagógico com 
a educação pública. 
Segundo Cury (2007, p. 494), o trabalho da equipe gestora implica em, 
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O diretor deve ser o condutor de sua equipe no planejamento e na 
efetivação do Projeto Político-Pedagógico e, como articulador, deve se envolver 
não só com as ações administrativas, mas também com pedagógico escolar. 
Cabe à equipe gestora proporcionar espaços de participação e, dentre 
outras competências, promover um clima de confiança e reciprocidade, em que 
todos possam compartilhar ideias, opiniões, chegando a um consenso e 
responsabilizando-se pelos resultados; proporcionar um ambiente colaborativo; 
e incentivar e articular para que todos os segmentos envolvidos no processo 
educacional participem da tomada de decisões, acompanhamento e avaliação 
das ações da escola. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Quem é o gestor? 
 
 
Com as mudanças sofridas ao longo dos anos na sociedade em geral, na 
escola a gestão democrática, o profissional responsável por esse processo 
também vem participando desse processo, com as novas demandas, e, portanto, 
com novos desafios. 
Conforme Lück (2006) a educação na sociedade do conhecimento remete 
ao real posicionamento das pessoas como sujeitos ativos, conscientes e 
responsáveis pelos processos sociais e das instituições em que estão inseridos. 
De igual modo, é preciso compreender que as ações não são neutras ou 
isoladas, nenhuma delas será capaz de por si só promover avanços consistentes 
e duradouros na escola. 
Diante disso denota-se a, importância do papel do gestor para a
construção de novos destinos, entendida como a mobilização das pessoas 
inseridas neste contexto de forma articulada e coletiva, posicionando-se 
efetivamente na escola com o compromisso coletivo para a transformação da 
realidade. Ser gestor nada mais é que um gerador de ideias, pensamentos, 
orientador e principalmente um líder em condições de, trazer novas 
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possibilidades para organização do processo educativo, é romper com tabus, é 
ir além do tradicional, é oportunizar os envolvidos a refletir em prol de melhorias 
nesse processo. 
É sair da condição de poder absoluto, para compartilhar as tomadas de 
decisões coletivas. É fazer do diálogo uma arte, e não simplesmente realizar 
discursos sem respostas ou sem resultados, ou seja, é buscar a solução de 
conflitos tendo em vista, o contexto em que a comunidade está inserida. O perfil 
desse profissional chamado gestor vem sofrendo constantes mudanças, quanto 
a seu papel diante da instituição e diante de seus colaboradores. O que podemos 
afirmar com toda certeza, é que, seu papel é fundamental para garantir a 
democracia no contexto escolar, levando em conta o momento histórico em que 
ela exista. 
Durante o processo histórico da existência deste profissional surgem duas 
correntes, o gestor tecnicista e a democrática. A gestão escolar tecnicista refere-
se à organização administrativa mais centralizada e técnica, podemos observar 
essa prática nos anos de 1964-1985 na época da ditadura militar no Brasil, essa 
concepção de liderança apresenta um modelo administrativo em forma de 
pirâmide, onde uma pessoa lidera e as demais são lideradas (CURY, 2002). 
Nesta época o Ministério da Educação e Cultura (MEC) estabeleceu um 
acordo com uma agência internacional United States Agency for Internacional 
Development (USAID), esta agência desenvolveu toda uma proposta 
educacional, desde o ensino primário até o superior, ela propunha uma 
organização linear, pautada no respeito por meio da obediência e de comandos 
autoritários, que estavam respaldados pela a legislação. 
Neste contexto, o gestor era obrigado a cumprir toda a demanda, assim 
ele se tornava burocrático, padronizador, o aluno era treinado para desenvolver 
suas habilidades e suas competências. Com o fim da ditadura, a educação sofre 
modificações surgindo a gestão democrática, movimento que até hoje sofre 
alterações na busca de sua melhoria. 
A gestão democrática surge a partir da década de 80, com o fim do regime 
militar e com os anseios por uma redemocratização social, política e educacional, 
surgem as bases legais para a criação de uma gestão embasada pelos princípios 
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da participação e autonomia, indo ao encontro da antiga luta dos educadores 
(CURY, 2002 ). 
Com a Constituição Federal (1998) e a Lei de Diretrizes e Bases 9.394/96 
(LDB) vigorando, é implementado o Plano Nacional de Educação - Lei n. 10.172 
de 9 de janeiro de 2001, cuja finalidade é o trabalho coletivo, criando, para esse 
fim, estratégias fortalecedoras da participação de todos os participantes da 
comunidade escolar, todos em prol de impactos significativos na melhoria da 
qualidade do processo ensino-aprendizagem. Medeiros (2003) entende que a 
gestão democrática da educação, 
 
Para se adquirir o fortalecimento da gestão democrática, é essencial, que 
esse gestor ultrapasse a dicotomia entre a teoria e a prática, repensando a sua 
metodologia administrativa em todo momento, procurando sempre promover a 
participação de todos os segmentos da escola, superando a concepção de chefe 
autoritário e burocrático, ou seja, busca ampliar a ideia de liderança 
compartilhada, cumprindo o papel final da escola, que é a formação de um sujeito 
crítico, capaz de interpretar e entender seu papel perante a sociedade em que 
ele está inserido. 
Neste sentido, temos que compreender que a gestão democrática nada 
mais é que uma gestão de tomada de decisão compartilhada, em que todos 
tenham voz e ação, para que de fato ocorra um processo democrático no interior 
da escola. Nesse sentido, nascem novos olhares sobre a democratização da 
escola, para alguns antigos entraves: as desigualdades, as discriminações, as 
inversões de posturas centralizadoras, os preconceitos, na perspectiva de 
romper com esses paradigmas, na busca de transformar a escola em um espaço 
de igualdade e de oportunidades para todos. 
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Nesse sentido, cabe às comunidades educacionais, lideradas por seus 
respectivos gestores juntamente com sua equipe pedagógica se unirem para a 
ampliação da democracia na escola, com prioridade a assuntos que favoreçam 
a educação de qualidade e igualitária a todos, de modo que avance para uma 
instituição, que possa de fato caminhar para uma educação formadora de 
cidadãos, críticos e conscientes de seus direitos e deveres dentro da sociedade. 
 
Projeto Político Pedagógico: a construção da gestão 
democrática pela participação coletiva de todos os membros da 
escola 
 
A LDB trata da necessidade de elaboração de projetos político 
pedagógicos segundo três eixos: flexibilidade – autonomia das escolas para 
realizarem seu próprio trabalho pedagógico; avaliação processual; e liberdade – 
pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, bem como gestão 
democrática do ensino público. 
 O fato de que essa lei prevê a participação dos profissionais da educação 
na elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino, e da 
comunidade escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes demonstra 
ênfase na proposta de gestão democrática do ensino. Entretanto, percebe-se 
que, apesar dessa ser uma ferramenta importante para a realização dessa 
gestão, nem sempre é salientada nas políticas públicas educacionais. Esse fato 
culmina em uma concepção de gestão democrática que não é participativa, 
compartilhada, nem construída no cotidiano das escolas. 
Além disso, os PPPs, anunciados pela LDB como obrigatórios nas escolas 
do país, ainda suscitam dificuldades de elaboração em diversas escolas, sendo 
importante a produção de discussões que esclareçam e reflitam acerca do 
sentido de sua existência. 
Para compreender melhor essa realidade, é necessário um entendimento 
acerca da sua definição. Veiga (1998) considera o projeto político pedagógico 
como a organização de toda a escola, desde seus valores, normas e finalidades 
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educativas, até a sua estrutura organizacional e relações de trabalho. Reúne, 
portanto, as naturezas política e pedagógica da educação. 
A autora salienta que esse não é um mero agrupamento de planos de 
ensino e atividades diversas, nem um documento que deve ser produzido como 
cumprimento a uma exigência burocrática e arquivado na escola ou 
encaminhado a autoridades educacionais. A intenção é que seja produto de um 
espaço de negociação de interesses de todas as pessoas que constroem a 
escola diariamente, ou seja, os seus profissionais junto com alunos e seus pais. 
Assim, a todo momento ele se constrói e é vivenciado por essas pessoas. 
É um grande norteador de todas as ações que compõem a prática educativa, 
baseado em um compromisso coletivo. Essa noção de compromisso coletivo 
demonstra a visão de unidade político pedagógica que permeia essa definição 
do PPP. 
Para Veiga (1998), qualquer planejamento pedagógico se relaciona 
intimamente com um compromisso político com interesses de determinados 
grupos sociais, com um projeto de sociedade. Dessa forma, para a autora, a 
natureza política do PPP precisa estar clara na explicitação dos compromissos 
educativos e objetivos propostos pela comunidade escolar com a formação do 
cidadão para um determinado tipo de sociedade. 
Esse aspecto político do PPP refere-se ao ideal de organização da 
sociedade almejado, uma vez que toda prática educativa é permeada por ideais 
políticos e filosóficos. Essa questão retoma a importante ideia desenvolvida por 
Freire (1987) de que
nenhuma educação é neutra, mas sempre carregada de 
ideologias. O mito da neutralidade é, em si, ideológico, pois busca tornar 
estáticos os processos históricos, para que não haja reflexão sobre eles, para 
que sejam assumidos como naturais, imutáveis. 
Segundo esse autor, a educação é um ato político, não há neutralidade 
na pedagogia. Um projeto educativo demonstra sua ideologia em todos os 
aspectos de cada ação pedagógica: nos objetivos, na organização da sala de 
aula, na postura do professor frente ao aluno, no conteúdo abordado, nas 
relações profissionais e trabalhistas e assim por diante. Todos esses elementos 
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refletem uma intenção política e afetam a maneira como os estudantes percebem 
a educação e a realidade. 
Além da dimensão política, Veiga (1998) ressalta que a natureza 
pedagógica do PPP está expressa na intencionalidade da escola, no ideal de 
educação que fundamenta a definição de práticas educativas e a organização 
escolar necessária para efetivar esses propósitos. Essas práticas devem ser 
construídas a partir do conhecimento dos alunos, situando a sua pedagogia nas 
condições reais do grupo que se apresenta. 
Essa ideia também pode ser retomada em Freire (1987), que afirmava 
que o trabalho do professor tem que partir da realidade do educando para a 
reflexão sobre o conhecimento sistematizado pelos intelectuais. O professor e 
os alunos, juntos, criam e recriam esse conhecimento através da reflexão sobre 
a sociedade e sobre a própria realidade. O autor critica práticas pedagógicas que 
transmitem o conhecimento sem conexão viva com a realidade, isolado do 
cotidiano, como verdade incontestável, imutável, imóvel. Propõe uma reflexão 
sobre o conhecimento, partindo da premissa de que ele está em movimento, é 
dinâmico, tem passado, presente e futuro. 
Assim, não é incontestável, não é a verdade, pode ser repensado e 
recriado. Ele faz, portanto, parte do cotidiano, é uma abstração conceitual da 
realidade concreta. O autor considera que perceber que o conhecimento se refaz 
dentro da escola é perceber o próprio poder de refazer a sociedade. Assim, 
demonstra o seu ideal de educação libertadora, que visa à transformação da 
sociedade. Essa compreensão de que uma prática educativa tem de partir dos 
conhecimentos e da realidade dos alunos é fundamental para a implementação 
do PPP. Assim, os alunos também participam na construção desse projeto, 
sendo ativos no fazer educativo. 
O processo educativo envolve indivíduos em processo de 
desenvolvimento tanto cognitivo como afetivo na sua constituição de 
personalidade. Nesse sentido, a proposta pedagógica deve sempre considerar 
o impacto que provoca nos seus alunos de forma integral, de modo a se adaptar 
às suas necessidades. 
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Concebemos a escola, portanto, como um espaço de desenvolvimento 
subjetivo do indivíduo e de socialização, construção e reconstrução dos 
conteúdos já elaborados pela humanidade; sem perder de vista que ela é uma 
instituição social que reproduz o status quo da sociedade em que se insere, 
sendo marcada pelos preconceitos sociais (Patto, 1987; Souza, 2005). 
Cumpre, assim, as funções de educar os alunos para que se tornem 
indivíduos com conhecimento e com cultura geral; formar pessoas aptas a se 
inserir na vida profissional; e realizar uma educação para a cidadania que 
necessita um projeto, um objetivo a ser alcançado, tanto por parte da pessoa 
que se educa, quanto pela comunidade que educa. 
A instrução sem educação e o desenvolvimento das qualidades 
profissionais sem a dimensão cívica podem produzir indivíduos ainda mais 
antidemocráticos que os sem estudo. Saberes e competências podem também 
ser colocados a serviço das piores ambições destrutivas de si e do outro. Uma 
escola, por exemplo, que tem estabelecida sua concepção de cidadania, inclui 
no seu currículo elementos como a solidariedade, justiça e paz e exclui o 
individualismo, a competição que menospreza o outro e o egoísmo. 
Dessa forma, o papel de todos na escola é preparar cada um para o 
exercício de suas responsabilidades, na prática cotidiana institucional com seus 
direitos. Mais do que transmitir valores, é exercê-los. A unidade político-
pedagógica permite que o PPP se estabeleça como possibilidade permanente 
de reflexão sobre as demandas da realidade escolar, em busca de alternativas 
às dificuldades encontradas. Constrói-se, assim, uma vivência democrática no 
cotidiano, um exercício da cidadania por meio da participação de todos os 
membros da comunidade escolar na construção e reconstrução diária desse 
projeto. 
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Veiga (1998) afirma a necessidade de substituir: a organização 
hierárquica pela horizontalidade do poder; a percepção fragmentada da 
realidade, pela visão integral da escola e dos objetivos a realizar; a divisão rígida 
do trabalho pela ação solidária em direção ao alcance dos objetivos definidos 
coletivamente. A construção do PPP requer democratização do processo de 
tomada de decisões, levando em conta condições de vida e de trabalho, 
vivências e sentimentos, cultura e qualificação dos professores. Requer, ainda, 
o resgate da escola como espaço público, lugar de debate, do diálogo. 
A autora ressalta, também, que a construção de uma escola mais 
democrática, plural, aberta demanda superar os conflitos, eliminando relações 
competitivas e autoritárias. A construção de um espaço democrático realmente 
demanda a superação de relações competitivas, de uma hierarquia verticalizada 
de mando e submissão e de práticas autoritárias. Entretanto, cabe aqui a 
reflexão sobre a questão da superação dos conflitos no exercício cotidiano da 
democracia. 
Segundo Coimbra (1989), a criação e aumento paulatino de espaços de 
luta dentro da escola só é possível a partir de um trabalho que não camufle nem 
neutralize os conflitos e contradições que nela surgem. Muitas vezes, esses 
conflitos são a possibilidade de emersão dos não-ditos presentes nas relações 
interpessoais. Superá-los pode consistir em um silenciamento de denúncias que 
são fundamentais para a construção democrática. Mais do que superar conflitos, 
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é necessário construir espaços de diálogo que abarquem a diversidade de 
opiniões, a igualdade na participação e a possibilidade de trazer à tona quaisquer 
situações de opressão. 
Freire (1996) apresenta o diálogo como grande ferramenta de 
transformação, pois invalida a dominação e ilumina a realidade. É através dele 
que se dá a reflexão, a crítica e a possibilidade de recriar a sociedade. O autor 
ressalta a importância da humildade para um diálogo em que as diferenças não 
sejam transformadas em relações de submissão, mas sim de uma assimetria 
que pode favorecer a troca. 
A negociação democrática pressupõe se colocar junto aos outros em 
busca de um consenso. Entretanto, ele não pode ser imposição da vontade da 
maioria, como frequentemente se concebe a decisão democrática. Essa 
imposição não parte da tentativa de esclarecimento das divergências, mas sim 
da submissão das minorias. O exercício democrático tem que ser de construção 
de relações cooperativas, solidárias e acolhedoras em busca de uma 
compreensão das diferenças. 
Realizar essa construção é um desafio, porém é mais um passo na busca 
por um exercício cotidiano da democracia. Nesse sentido, o projeto político 
pedagógico assume um papel de protagonista, como mecanismo importante de 
trabalho coletivo e participação de todos os segmentos envolvidos no processo 
educacional, bem como meio de construção, observação, reflexão, 
sistematização e avaliação do processo pedagógico, voltado para as 
necessidades e anseios políticos, sociais e culturais de cada comunidade 
(Brandão, 2003). Ele é um importante mecanismo de trabalho coletivo, que 
permite a constituição da identidade da escola, de posicionamentos políticos e 
diretrizes de trabalho coerentes com cada realidade.
Portanto, é preciso a consolidação de um processo de reconhecimento da 
possibilidade de autonomia na construção do PPP pelos diferentes segmentos 
da escola. A identidade da escola é historicamente construída e sua realidade 
pode ser modificada pela ação coletiva da comunidade. Ao reconhecer a 
importância da história da instituição na constituição de sua identidade, os 
diferentes segmentos contribuem para se pensar que, da mesma forma que a 
21 
 
 
realidade é construída, ela pode ser modificada pela ação coletiva dessa 
comunidade. 
A autonomia aqui é entendida, portanto, como uma construção que 
depende sempre de um outro (Freire, 1996). Mesmo reconhecendo que cada 
escola, com seu nome, com sua história e com sua proposta pedagógica vai 
construindo sua autonomia para decidir sobre como resolver seus problemas, 
este processo de conquista da autonomia depende e deve contar a cooperação 
das autoridades governamentais e da comunidade. 
Dessa forma, a participação de todos os membros da escola no seu dia-
a-dia é fundamental. Somente professores, alunos, famílias e funcionários da 
escola, juntos, podem realizar uma gestão democrática. Monlevade (2005a) 
ressalta que: 
 
Com relação à participação dos pais, a escola deve reconhecer a 
importância da família na constituição do indivíduo, mas não pode vê-la como a 
única determinante dessa constituição. A família é o primeiro meio social do 
sujeito e, na nossa sociedade letrada, a escola torna-se uma instituição que vem 
ampliar as possibilidades de satisfação das necessidades desse sujeito. 
Portanto, família e escola não podem ser vistas como momentos de 
oposição ou de disputa para ver quem é a maior responsável pela educação dos 
alunos, pois ambas são necessárias na sua constituição na nossa sociedade. 
Desse modo, a escola deve apoiar a família e ser apoiada por ela, e não 
substituí-la. Da mesma maneira, a família não deve querer transferir suas 
responsabilidades para a escola exigindo do professor que desempenhe o papel 
dos pais. 
22 
 
 
A escola tem um papel fundamental na formação do cidadão, 
principalmente, no que se refere à transmissão do conhecimento formal, mas 
tem, também seus limites. É preciso que haja um respeito mútuo entre escola e 
família e para tanto o diálogo é fundamental (Pedroza, 2003). Vemos em 
Monlevade (2005b) que a inclusão dos funcionários nas discussões do PPP é 
permeada por uma ideologia implícita de separação histórica em termos de 
hierarquia e autoridade. Assim, estes são frequentemente excluídos do processo 
da gestão democrática. Esse autor se contrapõe a essa exclusão, partindo do 
princípio de que o funcionário da escola pública é um cidadão, educador, 
profissional e que deve participar da gestão da escola: 
 
Entretanto, o autor ressalta a necessidade de formação desses 
funcionários no sentido da profissionalização para se tornarem técnicos em suas 
áreas, compreendendo o seu campo de conhecimento, a metodologia da sua 
função educativa específica e a proposta pedagógica da escola onde atua. 
A valorização desses profissionais passa pela compreensão das suas 
atividades não como meio, apenas um suporte, para o trabalho pedagógico, mas 
sim como atividades importantes para uma educação integral. Eles oferecem um 
olhar para a escola sob uma perspectiva diferente dos outros segmentos que 
traz importantes contribuições ao fazer democrático, preocupando-se com a 
gestão da totalidade material da educação escolar. O seu trabalho não está 
ligado diretamente à prática pedagógica dentro de sala de aula, porém está 
integrado ao PPP da escola, cumprindo funções essenciais para o seu 
andamento (Monlevade, 2005b). 
A ênfase no projeto político pedagógico como resultado da participação 
ativa de todos os membros da comunidade escolar mostra que ele não pode ser 
apenas um conjunto de planos e projetos de professores, muito menos um 
documento que trata das diretrizes pedagógicas da instituição educativa para 
23 
 
 
ficar arquivado na secretaria da escola. Ele deve estar em sala de aula, como 
um produto específico que reflete a realidade escolar, situada em um contexto 
social mais amplo que a influencia e é por ela influenciado. Trata-se, portanto, 
de um instrumento que permite clarificar a ação educativa da instituição 
educacional em sua totalidade, necessitando da participação de todos os 
segmentos envolvidos no processo educacional. 
Dessa forma, torna-se de fundamental importância a criação de um 
espaço institucionalmente reconhecido, de discussão permanente acerca do 
PPP. Cada escola constitui-se, pois em uma instituição com objetivos próprios 
que agrega em torno de si uma comunidade heterogênea repleta de 
contradições. Nesse sentido, o PPP deve propor ações que visem a construir a 
escola como um espaço de diálogo democrático e de educação e 
desenvolvimento de toda a sua comunidade. Realizar essa construção é um 
desafio, porém é mais um passo na busca por um exercício cotidiano da 
democracia. 
 
Os desafios da gestão democrática 
 
 
A escola é o local possível de proporcionar uma educação de qualidade a 
todos, é neste lugar, onde se forma indivíduos críticos, que buscam exercer sua 
24 
 
 
cidadania, com perspectivas de cumprir seu papel frente à sociedade em que 
vive. A tarefa pedagógica e administrativa, não é uma tarefa simples, requer 
raciocino, observação, replanejamento, busca de novos caminhos para os erros 
e fracassos. 
Sendo assim, o ambiente escolar necessita de democracia, a ponto de 
que todos os envolvidos possam participar das decisões de forma consciente, 
para isso é preciso disposição, trabalho em equipe e redistribuição de 
responsabilidades, o que irá promover o sucesso da escola. Lück (2006, p.54) 
nos alerta que “democracia e participação são dois termos inseparáveis, à 
medida que um conceito remete ao outro.” 
Para que a gestão democrática realmente ocorra devemos pensar 
primeiramente em intervenções no Projeto Político Pedagógico da escola, dando 
abertura para maior implementação de projetos, com a participação efetiva da 
comunidade escolar como a implementação das instâncias democráticas: 
conselho escolar, associação de pais e mestres de modo que eles possam 
influenciar na gestão, a fim de que todos tenham a oportunidade de liberar seu 
potencial a ponto de propor soluções aos problemas enfrentados no ambiente 
escolar. Segundo Gadotti (2004) 
 
Assim, para se propor metas de superação e de transformação do âmbito 
educacional se torna necessário a participação de todos e principalmente da 
formação real do gestor, pois ele deve ter não só uma formação acadêmica e 
profissional de qualidade, mas também a capacidade de liderança, para garantir 
que o processo democrático seja realizado. Na LDB-9394/96 o artigo 14 
estabelece, 
25 
 
 
 
Desse modo, o planejamento deve ser de caráter participativo a fim de 
que novos olhares sejam ampliados tomando uma decisão de forma conjunta 
pensando na melhoria da escola. Lück (2009, p.75) argumenta que, 
 
A democracia dentro da escola exige que o gestor tenha a consciência de 
que ele é um articulador de ideias de modo que o grupo de trabalho tenha 
liberdade para dar opiniões sobre as decisões. O gestor é o mediador de 
decisões, assim como professor medeia o aprendizado do aluno, facilitando sua 
compreensão, isso significa que o gestor também é um mediador nas ações que 
envolvem atividades no contexto educacional. 
Cabe também pensar que não é necessário apenas um gestor 
democrático, mas é fundamental criar uma escola democrática onde todos os 
membros estejam engajados em um só objetivo, a promoção de uma educação 
de qualidade e igualitária a todos. Para se criar uma escola democrática é 
preciso ter em mente que todos os membros possuem uma responsabilidade 
social sobre o seu papel frente à aprendizagem e formação do aluno, deve ser 
construído
e analisado por todos é essa responsabilidade, todos devem estar 
intimamente ligados nesta meta, caso isso não ocorra é impossível construir uma 
escola democrática. É preciso criar um espírito coletivo, engajado, participante, 
formando uma comunidade, obtendo-se esses critérios é possível constituir a 
expressão chamada democracia. Lück (2009) da mesma maneira esclarece: 
26 
 
 
 
Desse modo, a participação dos membros deve ser intensa de forma que 
possa promover a redução de desigualdades, tornando-se uma gestão unitária 
para obter uma interação entre os direitos e deveres de cada um para criação e 
compartilhamento de valores, formando assim, um conjunto de esforços para o 
sucesso dos objetivos pautados no âmbito escolar. Sendo assim, a promoção de 
uma gestão democrática, proporciona ao aluno vivências de democracia o que 
amplia sua possibilidade de conceber a sociedade como espaço de democracia, 
o que gera aprendizagens significativas como a cidadania, à consciência de seu 
papel na sociedade na qual ele é membro integrante, tornando - o capaz de 
compreender seus direitos e deveres, portanto, capaz de assumir suas 
responsabilidades. Assim, a escola tem um papel social, por isso é tão 
necessário ter uma gestão democrática neste âmbito. Linhares (1986) afirma 
que, 
 
Compreende-se que o principal objetivo da gestão democrática é a 
construção de políticas educacionais engajadas na formação do indivíduo, não 
se tratando apenas da função do gestor, mas sim de todos os indivíduos 
inseridos no âmbito educacional. Para que todos estejam engajados na proposta 
é necessário um planejamento, com propostas articuladas, coletivas e 
responsáveis pelas decisões tomadas para melhoria e organização da escola. 
Segundo Lück (2009) planejamento é: 
27 
 
 
 
Propor este envolvimento e orientação desenvolve no contexto escolar 
resultados positivos na formação dos educandos. Após a elaboração deste 
planejamento é necessário avaliar este plano para compreender seus 
resultados, e insucessos propondo uma reflexão sobre o que deve ser mudado 
e melhorado. 
Essa avaliação de resultados deve ser cuidadosa e precisa permitir a 
participação de todos. Todo esse comprometimento mútuo gera uma ação 
pedagógica que representa ações democráticas, sendo assim o gestor precisa 
ter uma boa organização, articular ações, reconhecer as ações positivas de seus 
pares, sendo capaz de reconhecer as potencialidades humanas na busca 
incessante do aprendizado significativo do aluno. Destarte, toda ação 
educacional é intencional, proposital, com objetivos claros que permite ações 
fundamentais para a promoção dos resultados desejados, tendo em vista a 
democracia na escola. 
Lück (2009, p.16) afirma que “ por melhores que sejam os processos de 
gestão escolar, pouco valor terá, caso não produzam resultados efetivos de 
melhoria da aprendizagem dos alunos”. Sendo assim, nada vale um ambiente 
democrático dentro da escola se ele não tiver o caráter transformador capaz de 
obter avanços no processo educacional e participativo dos integrantes. Ainda, 
torna-se importante salientar que a comunidade escolar compete a todos os 
membros da escola, alunos, professores, diretores e os pais. Todos devem ser 
parte efetiva dessa gestão na busca do sucesso educacional de todos. Lück 
(2009) afirma, 
28 
 
 
 
Cabe então a direção escolar propor o crescimento dessa participação, 
acompanhando os desdobramentos e refletindo sobre os resultados obtidos. 
Frente a essa reflexão vemos a necessidade do gestor não ser apenar um chefe 
ou mandatário das ações, mas ser um líder, isso compete a esse profissional ter 
a capacidade de gerir pessoas, mobilizar esforços, tendo uma visão clara sobre 
a organização e objetivos a serem concretizados. Lück (2009), aponta alguns 
conceitos básicos para o exercício da liderança. Um líder é quem tem: 
 
É também função do líder 
 
A liderança compartilhada de um ambiente democrático deve ser 
entendida que a realização de decisões não é um consenso entre os membros 
envolvidos, ou seja a escolha de determinado assunto por meio da votação, mas 
pelo contrário ela deve ser um diálogo aberto a ponto de influenciar as condições 
do desenvolvimento que se deseja obter . Lück ( 2008, p.78), compreende esse 
processo como co-liderança e nos esclarece: 
29 
 
 
 
Sendo assim, fica claro que para se construir uma gestão democrática na 
escola é preciso ter uma liderança compartilhada no sentido de que o gestor 
esteja aberto a opiniões sem medo de perder sua autoridade e poder dentro 
desse contexto, à medida que todos atuem na escola. É fundamental a 
compreensão que na gestão democrática todos podem contribuir para o bom 
funcionamento da instituição educacional, tendo em vista um planejamento 
coletivo que tenha como objetivo final a aprendizagem significativa do educando, 
o diálogo, a convivência e a organização pedagógica e administrativa da escola. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
 
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