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1 GESTÃO DEMOCRATICA NA ESCOLA 1 SUMÁRIO NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2 Introdução ................................................................................................ 3 Gestão democrática contexto histórico e legal ..................................... 4 A gestão democrática nas escolas ....................................................... 7 Quem é o gestor? .............................................................................. 12 Projeto Político Pedagógico: a construção da gestão democrática pela participação coletiva de todos os membros da escola .................................. 15 Os desafios da gestão democrática ................................................... 23 REFERÊNCIAS ..................................................................................... 30 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 Introdução A gestão democrática tem se tornando um dos motivos mais frequentes, na área educacional de reflexões e iniciativas públicas a fim de dar sequencia a um principio constitucionalmente na lei de diretrizes e bases da educação nacional. O princípio está inscrito na Constituição Federal e na LDB, sendo assim, ele deve ser desenvolvido em todos os sistemas de ensino e escolas públicas do país. Ocorre, contudo, que como não houve a normatização necessária dessa forma de gestão nos sistemas de ensino, ela vem sendo desenvolvida de diversas formas e a partir de diferentes denominações: gestão participativa, gestão compartilhada, cogestão, etc. E é certo que sob cada uma dessas denominações, comportamentos, atitudes e concepções diversas são colocados em prática. A gestão democrática coloca em prática o espírito da Lei, por destacar a forma democrática com que a gestão dos sistemas e da escola deve ser desenvolvida. É um objetivo porque trata de uma meta a ser sempre aprimorada e é um percurso, porque se revela como um processo que, a cada dia, se avalia e se reorganiza. 4 Traz, em si, a necessidade de uma postura democrática. E esta postura revela uma forma de perceber a educação e o ensino, onde o Poder Público, o coletivo escolar e a comunidade local, juntos, estarão sintonizados para garantir a qualidade do processo educativo. Os princípios educacionais foram estabelecidos pela Constituição Federal sobre os quais o ensino deve ser ministrado. Dentre eles, destaca-se a gestão democrática do ensino público, na forma da lei. Cabe, no entanto, aos sistemas de ensino, definir as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: Participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; Participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes; (LDB–Art. 14). Como condição para o estabelecimento da gestão democrática é preciso que os sistemas de ensino assegurem as unidades escolares públicas de educação básica que os integram, progressivos graus de autonomia pedagógica, administrativa e financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro público (LDB-Art. 15). Gestão democrática contexto histórico e legal Transformações de caráter social, político, econômico e cultural têm marcado a sociedade contemporânea. Muitas delas são estruturais, o que interfere diretamente na educação. No caso do Brasil, as mudanças ocorridas na política educacional, a partir dos anos de 1980, tiveram uma forte característica de mobilização dos movimentos sociais, pois foi o momento em que toda a sociedade buscava mais democracia. Essa movimentação provocou a abertura de escolas e a maior participação da comunidade na realidade escolar em busca do acesso e da permanência de todos no processo educativo. 5 Repensar o modo pelo qual se daria a gestão dos espaços escolares era fundamental na instauração de uma educação democrática. Foi neste contexto que a gestão escolar, em uma nova forma caracterizada principalmente pela descentralização do poder e pela autonomia, se redimensionou e, gradativamente, se instaurou nos sistemas de ensino como Gestão Democrática. As discussões que envolvem a problemática da Gestão Democrática da escola pública remontam ao início da década de 1980, sendo instituída legalmente a partir de sua implementação na Constituição Federal de 1988. Tanto na Constituição Federal (CF) de 1988 como na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) de 1996 estão inscritos os princípios da educação nacional, que passaram a ser base para a implementação da Gestão Democrática. No artigo 206 da CF e no artigo 3.º da LDB consta que o ensino público deve ser ministrado de acordo com os preceitos da Gestão Democrática que se ampara na própria legislação brasileira A forma como esse princípio se concretiza foi regulamentada nos artigos 14 e 15 da LDB n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996, a saber: A LDB também indica que os estabelecimentos de ensino têm a incumbência de “articular-se com as famílias e comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola” (Art. 12, inciso VI), assim como os docentes que devem “colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade” (Art. 13, inciso VI). 6 Define também como incumbências dos estabelecimentos de ensino, incluso no Art. 12, a elaboração da proposta pedagógica e, no Art. 13, a ampliação progressiva da autonomia pedagógica, administrativa e da gestão financeira nas escolas. São conhecimentos legais essenciais aos diretores, líderes do processo democrático na escola. Já o Plano Nacional de Educação, Lei n.º 13.005/2014, com vigência até 2024, prevê a articulação e a materialização de uma política nacional de educação que se baseie nos princípios de participação, rompendo com as práticas autoritárias ainda vigentes na gestão das escolas públicas. Dessa forma, a participação e o controle social constituem-se elementos importantes da Gestão Democrática. A meta 19 do Plano Nacional de Educação prevê a efetivação da Gestão Democrática, dentro de dois anos, por meio de oito estratégias de políticas nacionais. Assim como ocorre no Plano Nacional de Educação, o Plano Estadual de Educação também prevê na meta 19 o prazo de dois anos para a efetivação da Gestão Democrática na educação e estabelece 16 estratégias de políticas estaduais. Frente aos referencias legais sobre os quais a escola deve fundamentar sua prática pedagógica, é possível afirmar que o diretor tem o dever e o direito de garantir a participação de todos os envolvidos no processo educativo para que assumam coletivamente a função de corresponsáveis na construção de um projeto político pedagógico que vise ao ensino de qualidade para todos. No entanto, vale destacar que não basta apenas conhecer as legislações que amparam uma Gestão Democrática para que ela se efetive; a participação maior ou menor da comunidade escolar é que legitima a oportunidade de conhecer as demandas da escola e o papel de cada setor na definição dos seus rumos. 7 A gestão democrática nas escolas A escola, vista como uma organização social, cultural e humana, requer que cada sujeito envolvido tenha o seu papel definido em um processo de participação coletiva. Portanto, a efetivação da Gestão Democrática passa pelas condições materiais e imateriais que as instituições promovem para assegurar sua realização, e não somente pela previsão deste princípio na legislação. Neste contexto, cabe a todos que fazem parte do processo educativo buscar meios que possibilitem a Gestão Democrática e, principalmente ao diretor, a responsabilidade pela realização de um trabalho participativo, autônomo e democrático, que envolva todos os segmentos que compõe a escola. Para que se possa pensar na atuação do diretor na construção de uma Gestão Democrática, antes é necessário compreender o que é gestão escolar. Segundo a pesquisadora Heloisa Luck (2007), a gestão escolar é o termo que passou a substituir o termo administração escolar, significando uma alteração conceitual, uma vez que envolve a participação da comunidade nas decisões que são tomadas na escola. 8 Como elementos constitutivos dessa forma de gestão, podem ser destacados: participação, autonomia, transparência e pluralidade (ARAÚJO, 2000). Cada um desses elementos tem sua relevância por si só e, juntos, colaboram para a ampliação do entendimento de como se articula e se manifesta uma educação democrática, que considera, realmente, a comunidade escolar. A seguir conheça melhor cada um desses elementos: • Participação: A participação deve ser garantida a todos os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem. A escola, concebida como uma instituição de responsabilidade de todos - professores, pais, agentes educacionais, comunidade e equipe gestora que participam efetivamente nos processos de tomada de decisão -, tem maiores possibilidades de diminuir ou evitar o abandono, a evasão e a repetência de estudantes. Neste sentido, o desafio do diretor consiste em ampliar e criar novos canais de participação dos sujeitos sociais nos rumos da escola, afirmando-a como espaço público da cidadania. • Autonomia: Veiga (1998), ao discorrer sobre a autonomia, aponta quatro dimensões, articuladas e relacionadas entre si, consideradas fundamentais para a escola na organização do trabalho educativo. São elas: 1. Administrativa: relaciona-se com as questões administrativas, como administração de pessoal e material, controle dos indicadores de desempenho, avaliação do trabalho. 2. Financeira: elaboração de planos e execução dos recursos financeiros de forma adequada, observando os fins educativos. 3. Pedagógica: trata especificamente das questões pedagógicas - função social da escola, organização curricular, avaliação -, que parte de um amplo processo coletivo. 4. Jurídica: refere-se às normas, às orientações elaboradas pela escola, aos estatutos, ao regimento, aos avisos, às portarias. Essa dimensão possibilita que as ações sejam discutidas e elaboradas coletivamente. A autonomia sobressai à força do aspecto pedagógico com a elaboração do Projeto Político- Pedagógico pelo coletivo escolar e a gestão centrada nos Órgãos Colegiados da escola. 9 A figura 1 a seguir ilustra a inter-relação entre esses elementos: • Transparência: Elemento constitutivo da Gestão Democrática, revela-se no livre acesso à informação. A transparência costuma apresentar-se como um meio eficiente de dar credibilidade ao espaço público, ou seja, a lisura que permite aos cidadãos participarem do controle social. Sendo assim, como todos os envolvidos no cotidiano escolar são chamados a participarem de sua gestão, toda e qualquer decisão ou ação tomada ou implantada na escola tem que ser do conhecimento da coletividade. A transparência na escola depende da inserção da comunidade no cotidiano escolar, do envolvimento dos segmentos com as questões da escola, e passa pela socialização das informações, o que pode gerar um clima de confiança e de clareza de propósitos entre todos os envolvidos no processo educativo (ARAÚJO, 2000, p. 257). • Pluralismo: Segundo Araújo (2000, p. 134), é o pluralismo que se consolida como postura de “reconhecimento da existência de diferenças de identidade e de interesses que convivem no interior da escola e que sustentam, através do debate e do conflito de ideias, o próprio processo democrático”. Nesse sentido, é imprescindível que haja o respeito às diferenças de pensar e de 10 opiniões para, de forma coletiva, alcançar os objetivos da escola em relação à formação e aprendizagem dos estudantes. Estes quatro elementos, participação, autonomia, transparência e pluralidade, são básicos da Gestão Democrática e devem ser focados na prática social da educação sempre na perspectiva de posturas e culturas efetivamente democráticas. Como mecanismos de ação, são elementos constitutivos das instâncias colegiadas - Conselho Escolar, APMF, Grêmio estudantil e Conselho de Classe -, ou seja, dos órgãos representativos da comunidade que auxiliam na gestão escolar e se constituem como espaços de participação e de criação da identidade da escola. Segundo Luck (2007), Diante dessas configurações, a gestão escolar tem a atribuição de organizar todos os elementos que direta ou indiretamente influenciam no trabalho pedagógico - os aspectos ligados aos profissionais da educação e suas funções, aos espaços e aos recursos -, garantindo a legalidade de todas as ações e primando pelo ensino e aprendizagem de todos os estudantes. Assim, o direcionamento da gestão escolar cabe à direção, direção auxiliar e equipe pedagógica que, juntas, formam a equipe gestora. Essa equipe, tendo a Gestão Democrática como princípio, deve primar pelo fortalecimento do trabalho coletivo, pela ética profissional e pelo comprometimento político-pedagógico com a educação pública. Segundo Cury (2007, p. 494), o trabalho da equipe gestora implica em, 11 O diretor deve ser o condutor de sua equipe no planejamento e na efetivação do Projeto Político-Pedagógico e, como articulador, deve se envolver não só com as ações administrativas, mas também com pedagógico escolar. Cabe à equipe gestora proporcionar espaços de participação e, dentre outras competências, promover um clima de confiança e reciprocidade, em que todos possam compartilhar ideias, opiniões, chegando a um consenso e responsabilizando-se pelos resultados; proporcionar um ambiente colaborativo; e incentivar e articular para que todos os segmentos envolvidos no processo educacional participem da tomada de decisões, acompanhamento e avaliação das ações da escola. 12 Quem é o gestor? Com as mudanças sofridas ao longo dos anos na sociedade em geral, na escola a gestão democrática, o profissional responsável por esse processo também vem participando desse processo, com as novas demandas, e, portanto, com novos desafios. Conforme Lück (2006) a educação na sociedade do conhecimento remete ao real posicionamento das pessoas como sujeitos ativos, conscientes e responsáveis pelos processos sociais e das instituições em que estão inseridos. De igual modo, é preciso compreender que as ações não são neutras ou isoladas, nenhuma delas será capaz de por si só promover avanços consistentes e duradouros na escola. Diante disso denota-se a, importância do papel do gestor para a construção de novos destinos, entendida como a mobilização das pessoas inseridas neste contexto de forma articulada e coletiva, posicionando-se efetivamente na escola com o compromisso coletivo para a transformação da realidade. Ser gestor nada mais é que um gerador de ideias, pensamentos, orientador e principalmente um líder em condições de, trazer novas 13 possibilidades para organização do processo educativo, é romper com tabus, é ir além do tradicional, é oportunizar os envolvidos a refletir em prol de melhorias nesse processo. É sair da condição de poder absoluto, para compartilhar as tomadas de decisões coletivas. É fazer do diálogo uma arte, e não simplesmente realizar discursos sem respostas ou sem resultados, ou seja, é buscar a solução de conflitos tendo em vista, o contexto em que a comunidade está inserida. O perfil desse profissional chamado gestor vem sofrendo constantes mudanças, quanto a seu papel diante da instituição e diante de seus colaboradores. O que podemos afirmar com toda certeza, é que, seu papel é fundamental para garantir a democracia no contexto escolar, levando em conta o momento histórico em que ela exista. Durante o processo histórico da existência deste profissional surgem duas correntes, o gestor tecnicista e a democrática. A gestão escolar tecnicista refere- se à organização administrativa mais centralizada e técnica, podemos observar essa prática nos anos de 1964-1985 na época da ditadura militar no Brasil, essa concepção de liderança apresenta um modelo administrativo em forma de pirâmide, onde uma pessoa lidera e as demais são lideradas (CURY, 2002). Nesta época o Ministério da Educação e Cultura (MEC) estabeleceu um acordo com uma agência internacional United States Agency for Internacional Development (USAID), esta agência desenvolveu toda uma proposta educacional, desde o ensino primário até o superior, ela propunha uma organização linear, pautada no respeito por meio da obediência e de comandos autoritários, que estavam respaldados pela a legislação. Neste contexto, o gestor era obrigado a cumprir toda a demanda, assim ele se tornava burocrático, padronizador, o aluno era treinado para desenvolver suas habilidades e suas competências. Com o fim da ditadura, a educação sofre modificações surgindo a gestão democrática, movimento que até hoje sofre alterações na busca de sua melhoria. A gestão democrática surge a partir da década de 80, com o fim do regime militar e com os anseios por uma redemocratização social, política e educacional, surgem as bases legais para a criação de uma gestão embasada pelos princípios 14 da participação e autonomia, indo ao encontro da antiga luta dos educadores (CURY, 2002 ). Com a Constituição Federal (1998) e a Lei de Diretrizes e Bases 9.394/96 (LDB) vigorando, é implementado o Plano Nacional de Educação - Lei n. 10.172 de 9 de janeiro de 2001, cuja finalidade é o trabalho coletivo, criando, para esse fim, estratégias fortalecedoras da participação de todos os participantes da comunidade escolar, todos em prol de impactos significativos na melhoria da qualidade do processo ensino-aprendizagem. Medeiros (2003) entende que a gestão democrática da educação, Para se adquirir o fortalecimento da gestão democrática, é essencial, que esse gestor ultrapasse a dicotomia entre a teoria e a prática, repensando a sua metodologia administrativa em todo momento, procurando sempre promover a participação de todos os segmentos da escola, superando a concepção de chefe autoritário e burocrático, ou seja, busca ampliar a ideia de liderança compartilhada, cumprindo o papel final da escola, que é a formação de um sujeito crítico, capaz de interpretar e entender seu papel perante a sociedade em que ele está inserido. Neste sentido, temos que compreender que a gestão democrática nada mais é que uma gestão de tomada de decisão compartilhada, em que todos tenham voz e ação, para que de fato ocorra um processo democrático no interior da escola. Nesse sentido, nascem novos olhares sobre a democratização da escola, para alguns antigos entraves: as desigualdades, as discriminações, as inversões de posturas centralizadoras, os preconceitos, na perspectiva de romper com esses paradigmas, na busca de transformar a escola em um espaço de igualdade e de oportunidades para todos. 15 Nesse sentido, cabe às comunidades educacionais, lideradas por seus respectivos gestores juntamente com sua equipe pedagógica se unirem para a ampliação da democracia na escola, com prioridade a assuntos que favoreçam a educação de qualidade e igualitária a todos, de modo que avance para uma instituição, que possa de fato caminhar para uma educação formadora de cidadãos, críticos e conscientes de seus direitos e deveres dentro da sociedade. Projeto Político Pedagógico: a construção da gestão democrática pela participação coletiva de todos os membros da escola A LDB trata da necessidade de elaboração de projetos político pedagógicos segundo três eixos: flexibilidade – autonomia das escolas para realizarem seu próprio trabalho pedagógico; avaliação processual; e liberdade – pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, bem como gestão democrática do ensino público. O fato de que essa lei prevê a participação dos profissionais da educação na elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino, e da comunidade escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes demonstra ênfase na proposta de gestão democrática do ensino. Entretanto, percebe-se que, apesar dessa ser uma ferramenta importante para a realização dessa gestão, nem sempre é salientada nas políticas públicas educacionais. Esse fato culmina em uma concepção de gestão democrática que não é participativa, compartilhada, nem construída no cotidiano das escolas. Além disso, os PPPs, anunciados pela LDB como obrigatórios nas escolas do país, ainda suscitam dificuldades de elaboração em diversas escolas, sendo importante a produção de discussões que esclareçam e reflitam acerca do sentido de sua existência. Para compreender melhor essa realidade, é necessário um entendimento acerca da sua definição. Veiga (1998) considera o projeto político pedagógico como a organização de toda a escola, desde seus valores, normas e finalidades 16 educativas, até a sua estrutura organizacional e relações de trabalho. Reúne, portanto, as naturezas política e pedagógica da educação. A autora salienta que esse não é um mero agrupamento de planos de ensino e atividades diversas, nem um documento que deve ser produzido como cumprimento a uma exigência burocrática e arquivado na escola ou encaminhado a autoridades educacionais. A intenção é que seja produto de um espaço de negociação de interesses de todas as pessoas que constroem a escola diariamente, ou seja, os seus profissionais junto com alunos e seus pais. Assim, a todo momento ele se constrói e é vivenciado por essas pessoas. É um grande norteador de todas as ações que compõem a prática educativa, baseado em um compromisso coletivo. Essa noção de compromisso coletivo demonstra a visão de unidade político pedagógica que permeia essa definição do PPP. Para Veiga (1998), qualquer planejamento pedagógico se relaciona intimamente com um compromisso político com interesses de determinados grupos sociais, com um projeto de sociedade. Dessa forma, para a autora, a natureza política do PPP precisa estar clara na explicitação dos compromissos educativos e objetivos propostos pela comunidade escolar com a formação do cidadão para um determinado tipo de sociedade. Esse aspecto político do PPP refere-se ao ideal de organização da sociedade almejado, uma vez que toda prática educativa é permeada por ideais políticos e filosóficos. Essa questão retoma a importante ideia desenvolvida por Freire (1987) de que nenhuma educação é neutra, mas sempre carregada de ideologias. O mito da neutralidade é, em si, ideológico, pois busca tornar estáticos os processos históricos, para que não haja reflexão sobre eles, para que sejam assumidos como naturais, imutáveis. Segundo esse autor, a educação é um ato político, não há neutralidade na pedagogia. Um projeto educativo demonstra sua ideologia em todos os aspectos de cada ação pedagógica: nos objetivos, na organização da sala de aula, na postura do professor frente ao aluno, no conteúdo abordado, nas relações profissionais e trabalhistas e assim por diante. Todos esses elementos 17 refletem uma intenção política e afetam a maneira como os estudantes percebem a educação e a realidade. Além da dimensão política, Veiga (1998) ressalta que a natureza pedagógica do PPP está expressa na intencionalidade da escola, no ideal de educação que fundamenta a definição de práticas educativas e a organização escolar necessária para efetivar esses propósitos. Essas práticas devem ser construídas a partir do conhecimento dos alunos, situando a sua pedagogia nas condições reais do grupo que se apresenta. Essa ideia também pode ser retomada em Freire (1987), que afirmava que o trabalho do professor tem que partir da realidade do educando para a reflexão sobre o conhecimento sistematizado pelos intelectuais. O professor e os alunos, juntos, criam e recriam esse conhecimento através da reflexão sobre a sociedade e sobre a própria realidade. O autor critica práticas pedagógicas que transmitem o conhecimento sem conexão viva com a realidade, isolado do cotidiano, como verdade incontestável, imutável, imóvel. Propõe uma reflexão sobre o conhecimento, partindo da premissa de que ele está em movimento, é dinâmico, tem passado, presente e futuro. Assim, não é incontestável, não é a verdade, pode ser repensado e recriado. Ele faz, portanto, parte do cotidiano, é uma abstração conceitual da realidade concreta. O autor considera que perceber que o conhecimento se refaz dentro da escola é perceber o próprio poder de refazer a sociedade. Assim, demonstra o seu ideal de educação libertadora, que visa à transformação da sociedade. Essa compreensão de que uma prática educativa tem de partir dos conhecimentos e da realidade dos alunos é fundamental para a implementação do PPP. Assim, os alunos também participam na construção desse projeto, sendo ativos no fazer educativo. O processo educativo envolve indivíduos em processo de desenvolvimento tanto cognitivo como afetivo na sua constituição de personalidade. Nesse sentido, a proposta pedagógica deve sempre considerar o impacto que provoca nos seus alunos de forma integral, de modo a se adaptar às suas necessidades. 18 Concebemos a escola, portanto, como um espaço de desenvolvimento subjetivo do indivíduo e de socialização, construção e reconstrução dos conteúdos já elaborados pela humanidade; sem perder de vista que ela é uma instituição social que reproduz o status quo da sociedade em que se insere, sendo marcada pelos preconceitos sociais (Patto, 1987; Souza, 2005). Cumpre, assim, as funções de educar os alunos para que se tornem indivíduos com conhecimento e com cultura geral; formar pessoas aptas a se inserir na vida profissional; e realizar uma educação para a cidadania que necessita um projeto, um objetivo a ser alcançado, tanto por parte da pessoa que se educa, quanto pela comunidade que educa. A instrução sem educação e o desenvolvimento das qualidades profissionais sem a dimensão cívica podem produzir indivíduos ainda mais antidemocráticos que os sem estudo. Saberes e competências podem também ser colocados a serviço das piores ambições destrutivas de si e do outro. Uma escola, por exemplo, que tem estabelecida sua concepção de cidadania, inclui no seu currículo elementos como a solidariedade, justiça e paz e exclui o individualismo, a competição que menospreza o outro e o egoísmo. Dessa forma, o papel de todos na escola é preparar cada um para o exercício de suas responsabilidades, na prática cotidiana institucional com seus direitos. Mais do que transmitir valores, é exercê-los. A unidade político- pedagógica permite que o PPP se estabeleça como possibilidade permanente de reflexão sobre as demandas da realidade escolar, em busca de alternativas às dificuldades encontradas. Constrói-se, assim, uma vivência democrática no cotidiano, um exercício da cidadania por meio da participação de todos os membros da comunidade escolar na construção e reconstrução diária desse projeto. 19 Veiga (1998) afirma a necessidade de substituir: a organização hierárquica pela horizontalidade do poder; a percepção fragmentada da realidade, pela visão integral da escola e dos objetivos a realizar; a divisão rígida do trabalho pela ação solidária em direção ao alcance dos objetivos definidos coletivamente. A construção do PPP requer democratização do processo de tomada de decisões, levando em conta condições de vida e de trabalho, vivências e sentimentos, cultura e qualificação dos professores. Requer, ainda, o resgate da escola como espaço público, lugar de debate, do diálogo. A autora ressalta, também, que a construção de uma escola mais democrática, plural, aberta demanda superar os conflitos, eliminando relações competitivas e autoritárias. A construção de um espaço democrático realmente demanda a superação de relações competitivas, de uma hierarquia verticalizada de mando e submissão e de práticas autoritárias. Entretanto, cabe aqui a reflexão sobre a questão da superação dos conflitos no exercício cotidiano da democracia. Segundo Coimbra (1989), a criação e aumento paulatino de espaços de luta dentro da escola só é possível a partir de um trabalho que não camufle nem neutralize os conflitos e contradições que nela surgem. Muitas vezes, esses conflitos são a possibilidade de emersão dos não-ditos presentes nas relações interpessoais. Superá-los pode consistir em um silenciamento de denúncias que são fundamentais para a construção democrática. Mais do que superar conflitos, 20 é necessário construir espaços de diálogo que abarquem a diversidade de opiniões, a igualdade na participação e a possibilidade de trazer à tona quaisquer situações de opressão. Freire (1996) apresenta o diálogo como grande ferramenta de transformação, pois invalida a dominação e ilumina a realidade. É através dele que se dá a reflexão, a crítica e a possibilidade de recriar a sociedade. O autor ressalta a importância da humildade para um diálogo em que as diferenças não sejam transformadas em relações de submissão, mas sim de uma assimetria que pode favorecer a troca. A negociação democrática pressupõe se colocar junto aos outros em busca de um consenso. Entretanto, ele não pode ser imposição da vontade da maioria, como frequentemente se concebe a decisão democrática. Essa imposição não parte da tentativa de esclarecimento das divergências, mas sim da submissão das minorias. O exercício democrático tem que ser de construção de relações cooperativas, solidárias e acolhedoras em busca de uma compreensão das diferenças. Realizar essa construção é um desafio, porém é mais um passo na busca por um exercício cotidiano da democracia. Nesse sentido, o projeto político pedagógico assume um papel de protagonista, como mecanismo importante de trabalho coletivo e participação de todos os segmentos envolvidos no processo educacional, bem como meio de construção, observação, reflexão, sistematização e avaliação do processo pedagógico, voltado para as necessidades e anseios políticos, sociais e culturais de cada comunidade (Brandão, 2003). Ele é um importante mecanismo de trabalho coletivo, que permite a constituição da identidade da escola, de posicionamentos políticos e diretrizes de trabalho coerentes com cada realidade. Portanto, é preciso a consolidação de um processo de reconhecimento da possibilidade de autonomia na construção do PPP pelos diferentes segmentos da escola. A identidade da escola é historicamente construída e sua realidade pode ser modificada pela ação coletiva da comunidade. Ao reconhecer a importância da história da instituição na constituição de sua identidade, os diferentes segmentos contribuem para se pensar que, da mesma forma que a 21 realidade é construída, ela pode ser modificada pela ação coletiva dessa comunidade. A autonomia aqui é entendida, portanto, como uma construção que depende sempre de um outro (Freire, 1996). Mesmo reconhecendo que cada escola, com seu nome, com sua história e com sua proposta pedagógica vai construindo sua autonomia para decidir sobre como resolver seus problemas, este processo de conquista da autonomia depende e deve contar a cooperação das autoridades governamentais e da comunidade. Dessa forma, a participação de todos os membros da escola no seu dia- a-dia é fundamental. Somente professores, alunos, famílias e funcionários da escola, juntos, podem realizar uma gestão democrática. Monlevade (2005a) ressalta que: Com relação à participação dos pais, a escola deve reconhecer a importância da família na constituição do indivíduo, mas não pode vê-la como a única determinante dessa constituição. A família é o primeiro meio social do sujeito e, na nossa sociedade letrada, a escola torna-se uma instituição que vem ampliar as possibilidades de satisfação das necessidades desse sujeito. Portanto, família e escola não podem ser vistas como momentos de oposição ou de disputa para ver quem é a maior responsável pela educação dos alunos, pois ambas são necessárias na sua constituição na nossa sociedade. Desse modo, a escola deve apoiar a família e ser apoiada por ela, e não substituí-la. Da mesma maneira, a família não deve querer transferir suas responsabilidades para a escola exigindo do professor que desempenhe o papel dos pais. 22 A escola tem um papel fundamental na formação do cidadão, principalmente, no que se refere à transmissão do conhecimento formal, mas tem, também seus limites. É preciso que haja um respeito mútuo entre escola e família e para tanto o diálogo é fundamental (Pedroza, 2003). Vemos em Monlevade (2005b) que a inclusão dos funcionários nas discussões do PPP é permeada por uma ideologia implícita de separação histórica em termos de hierarquia e autoridade. Assim, estes são frequentemente excluídos do processo da gestão democrática. Esse autor se contrapõe a essa exclusão, partindo do princípio de que o funcionário da escola pública é um cidadão, educador, profissional e que deve participar da gestão da escola: Entretanto, o autor ressalta a necessidade de formação desses funcionários no sentido da profissionalização para se tornarem técnicos em suas áreas, compreendendo o seu campo de conhecimento, a metodologia da sua função educativa específica e a proposta pedagógica da escola onde atua. A valorização desses profissionais passa pela compreensão das suas atividades não como meio, apenas um suporte, para o trabalho pedagógico, mas sim como atividades importantes para uma educação integral. Eles oferecem um olhar para a escola sob uma perspectiva diferente dos outros segmentos que traz importantes contribuições ao fazer democrático, preocupando-se com a gestão da totalidade material da educação escolar. O seu trabalho não está ligado diretamente à prática pedagógica dentro de sala de aula, porém está integrado ao PPP da escola, cumprindo funções essenciais para o seu andamento (Monlevade, 2005b). A ênfase no projeto político pedagógico como resultado da participação ativa de todos os membros da comunidade escolar mostra que ele não pode ser apenas um conjunto de planos e projetos de professores, muito menos um documento que trata das diretrizes pedagógicas da instituição educativa para 23 ficar arquivado na secretaria da escola. Ele deve estar em sala de aula, como um produto específico que reflete a realidade escolar, situada em um contexto social mais amplo que a influencia e é por ela influenciado. Trata-se, portanto, de um instrumento que permite clarificar a ação educativa da instituição educacional em sua totalidade, necessitando da participação de todos os segmentos envolvidos no processo educacional. Dessa forma, torna-se de fundamental importância a criação de um espaço institucionalmente reconhecido, de discussão permanente acerca do PPP. Cada escola constitui-se, pois em uma instituição com objetivos próprios que agrega em torno de si uma comunidade heterogênea repleta de contradições. Nesse sentido, o PPP deve propor ações que visem a construir a escola como um espaço de diálogo democrático e de educação e desenvolvimento de toda a sua comunidade. Realizar essa construção é um desafio, porém é mais um passo na busca por um exercício cotidiano da democracia. Os desafios da gestão democrática A escola é o local possível de proporcionar uma educação de qualidade a todos, é neste lugar, onde se forma indivíduos críticos, que buscam exercer sua 24 cidadania, com perspectivas de cumprir seu papel frente à sociedade em que vive. A tarefa pedagógica e administrativa, não é uma tarefa simples, requer raciocino, observação, replanejamento, busca de novos caminhos para os erros e fracassos. Sendo assim, o ambiente escolar necessita de democracia, a ponto de que todos os envolvidos possam participar das decisões de forma consciente, para isso é preciso disposição, trabalho em equipe e redistribuição de responsabilidades, o que irá promover o sucesso da escola. Lück (2006, p.54) nos alerta que “democracia e participação são dois termos inseparáveis, à medida que um conceito remete ao outro.” Para que a gestão democrática realmente ocorra devemos pensar primeiramente em intervenções no Projeto Político Pedagógico da escola, dando abertura para maior implementação de projetos, com a participação efetiva da comunidade escolar como a implementação das instâncias democráticas: conselho escolar, associação de pais e mestres de modo que eles possam influenciar na gestão, a fim de que todos tenham a oportunidade de liberar seu potencial a ponto de propor soluções aos problemas enfrentados no ambiente escolar. Segundo Gadotti (2004) Assim, para se propor metas de superação e de transformação do âmbito educacional se torna necessário a participação de todos e principalmente da formação real do gestor, pois ele deve ter não só uma formação acadêmica e profissional de qualidade, mas também a capacidade de liderança, para garantir que o processo democrático seja realizado. Na LDB-9394/96 o artigo 14 estabelece, 25 Desse modo, o planejamento deve ser de caráter participativo a fim de que novos olhares sejam ampliados tomando uma decisão de forma conjunta pensando na melhoria da escola. Lück (2009, p.75) argumenta que, A democracia dentro da escola exige que o gestor tenha a consciência de que ele é um articulador de ideias de modo que o grupo de trabalho tenha liberdade para dar opiniões sobre as decisões. O gestor é o mediador de decisões, assim como professor medeia o aprendizado do aluno, facilitando sua compreensão, isso significa que o gestor também é um mediador nas ações que envolvem atividades no contexto educacional. Cabe também pensar que não é necessário apenas um gestor democrático, mas é fundamental criar uma escola democrática onde todos os membros estejam engajados em um só objetivo, a promoção de uma educação de qualidade e igualitária a todos. Para se criar uma escola democrática é preciso ter em mente que todos os membros possuem uma responsabilidade social sobre o seu papel frente à aprendizagem e formação do aluno, deve ser construído e analisado por todos é essa responsabilidade, todos devem estar intimamente ligados nesta meta, caso isso não ocorra é impossível construir uma escola democrática. É preciso criar um espírito coletivo, engajado, participante, formando uma comunidade, obtendo-se esses critérios é possível constituir a expressão chamada democracia. Lück (2009) da mesma maneira esclarece: 26 Desse modo, a participação dos membros deve ser intensa de forma que possa promover a redução de desigualdades, tornando-se uma gestão unitária para obter uma interação entre os direitos e deveres de cada um para criação e compartilhamento de valores, formando assim, um conjunto de esforços para o sucesso dos objetivos pautados no âmbito escolar. Sendo assim, a promoção de uma gestão democrática, proporciona ao aluno vivências de democracia o que amplia sua possibilidade de conceber a sociedade como espaço de democracia, o que gera aprendizagens significativas como a cidadania, à consciência de seu papel na sociedade na qual ele é membro integrante, tornando - o capaz de compreender seus direitos e deveres, portanto, capaz de assumir suas responsabilidades. Assim, a escola tem um papel social, por isso é tão necessário ter uma gestão democrática neste âmbito. Linhares (1986) afirma que, Compreende-se que o principal objetivo da gestão democrática é a construção de políticas educacionais engajadas na formação do indivíduo, não se tratando apenas da função do gestor, mas sim de todos os indivíduos inseridos no âmbito educacional. Para que todos estejam engajados na proposta é necessário um planejamento, com propostas articuladas, coletivas e responsáveis pelas decisões tomadas para melhoria e organização da escola. Segundo Lück (2009) planejamento é: 27 Propor este envolvimento e orientação desenvolve no contexto escolar resultados positivos na formação dos educandos. Após a elaboração deste planejamento é necessário avaliar este plano para compreender seus resultados, e insucessos propondo uma reflexão sobre o que deve ser mudado e melhorado. Essa avaliação de resultados deve ser cuidadosa e precisa permitir a participação de todos. Todo esse comprometimento mútuo gera uma ação pedagógica que representa ações democráticas, sendo assim o gestor precisa ter uma boa organização, articular ações, reconhecer as ações positivas de seus pares, sendo capaz de reconhecer as potencialidades humanas na busca incessante do aprendizado significativo do aluno. Destarte, toda ação educacional é intencional, proposital, com objetivos claros que permite ações fundamentais para a promoção dos resultados desejados, tendo em vista a democracia na escola. Lück (2009, p.16) afirma que “ por melhores que sejam os processos de gestão escolar, pouco valor terá, caso não produzam resultados efetivos de melhoria da aprendizagem dos alunos”. Sendo assim, nada vale um ambiente democrático dentro da escola se ele não tiver o caráter transformador capaz de obter avanços no processo educacional e participativo dos integrantes. Ainda, torna-se importante salientar que a comunidade escolar compete a todos os membros da escola, alunos, professores, diretores e os pais. Todos devem ser parte efetiva dessa gestão na busca do sucesso educacional de todos. Lück (2009) afirma, 28 Cabe então a direção escolar propor o crescimento dessa participação, acompanhando os desdobramentos e refletindo sobre os resultados obtidos. Frente a essa reflexão vemos a necessidade do gestor não ser apenar um chefe ou mandatário das ações, mas ser um líder, isso compete a esse profissional ter a capacidade de gerir pessoas, mobilizar esforços, tendo uma visão clara sobre a organização e objetivos a serem concretizados. Lück (2009), aponta alguns conceitos básicos para o exercício da liderança. Um líder é quem tem: É também função do líder A liderança compartilhada de um ambiente democrático deve ser entendida que a realização de decisões não é um consenso entre os membros envolvidos, ou seja a escolha de determinado assunto por meio da votação, mas pelo contrário ela deve ser um diálogo aberto a ponto de influenciar as condições do desenvolvimento que se deseja obter . Lück ( 2008, p.78), compreende esse processo como co-liderança e nos esclarece: 29 Sendo assim, fica claro que para se construir uma gestão democrática na escola é preciso ter uma liderança compartilhada no sentido de que o gestor esteja aberto a opiniões sem medo de perder sua autoridade e poder dentro desse contexto, à medida que todos atuem na escola. É fundamental a compreensão que na gestão democrática todos podem contribuir para o bom funcionamento da instituição educacional, tendo em vista um planejamento coletivo que tenha como objetivo final a aprendizagem significativa do educando, o diálogo, a convivência e a organização pedagógica e administrativa da escola. 30 REFERÊNCIAS ARAÚJO, Adilson César de. Gestão democrática da educação: a posição dos docentes. Dissertação (Mestrado em Educação) - Faculdade de Educação, Universidade de Brasília (PPGE/Unb). Brasília, 2000. ARROYO, M. Quando a escola se redefine por dentro. Presença Pedagógica, Belo Horizonte, 1995. BRANDÃO, C. P. (2003). Projetos político-pedagógicos e a qualidade da educação: a visão dos seus autores. Dissertação de Mestrado, Universidade de Brasília, Brasília. BRASIL. Constituição (1998). 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