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SISTEMA DE ENSINO ATUALIDADES Atualidades Livro Eletrônico 2 de 66www.grancursosonline.com.br Atualidades ATUALIDADES Cleber Monteiro Sumário Apresentação .....................................................................................................................................................................3 Atualidades ........................................................................................................................................................................4 Introdução ............................................................................................................................................................................4 15 Anos da Lei Maria da Penha e a Inclusão da Violência Psicológica no Código Penal .......5 Lei Maria da Penha Aplicável a Mulheres Trans ...........................................................................................7 Variantes da Covid-19 ....................................................................................................................................................8 Variante Ômicron ..............................................................................................................................................................9 Anvisa Barra a Utilização da Sputnik-V ...........................................................................................................12 As Vacinas contra a Covid-19 ..................................................................................................................................12 Brasil Pós-Vacina ...........................................................................................................................................................13 Nova Onda de Contaminações por Covid na China ......................................................................................16 Novos Agrotóxicos Liberados no Brasil ...........................................................................................................17 Crise de Ansiedade nos Alunos em Recife ......................................................................................................21 Mineração em Terras Indígenas ............................................................................................................................ 22 Contexto Histórico – Rússia x Ucrânia .............................................................................................................25 Atual Cenário entre Rússia e Ucrânia ............................................................................................................... 28 Sanções Impostas à Rússia ....................................................................................................................................33 Demais Atualizações sobre a Guerra .................................................................................................................34 Enchentes e Desmoronamentos no Brasil .....................................................................................................35 O Aumento da Pobreza no Brasil .........................................................................................................................37 Preços da Gasolina, Diesel e Gás de Cozinha Aumentam nas Refinarias .....................................38 Talibã ....................................................................................................................................................................................38 Resumo ................................................................................................................................................................................41 Exercícios ...........................................................................................................................................................................42 Gabarito ..............................................................................................................................................................................48 Gabarito Comentado ...................................................................................................................................................49 Referências ........................................................................................................................................................................61 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLEIDISA OLIVEIRA DA SILVA - 05194217447, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 3 de 66www.grancursosonline.com.br Atualidades ATUALIDADES Cleber Monteiro ApresentAção Olá, futuro(a) concursado(a)! Como você está? Firme e forte nos estudos? Sou o professor Cleber Monteiro, graduado em Geografia e pós-graduado em coordenação pedagógica e supervisão escolar. Aprovado nos concursos da Polícia Militar do estado de São Paulo (PMSP) e Polícia Militar do estado de Santa Catarina (PMSC). Atualmente sou professor do Colégio Militar Dom Pedro II em Brasília e ministro aulas em vários cursinhos preparatórios para carreiras militares e concursos públicos nas disciplinas de geopolítica, RIDE-DF, atualida- des, história e geografia dos estados e municípios. E agora estamos juntos pelo Gran Curso, para que você possa conseguir a sua tão sonhada aprovação no serviço público. Como em todas as outras disciplinas, iremos usar estratégia para que você poupe seu tem- po e consiga assimilar o maior número de conhecimento necessário para a sua prova. Ao longo desse material você encontrará dicas e lembretes que ajudarão na compreensão do conteúdo. Eu e todo a equipe do GRAN estamos aqui para oferecer tudo o que for necessário para sua aprovação. Em caso de dúvidas, entre em contato pelo fórum que terei um enorme prazer em te atender. Espero que você goste do que vamos estudar e do material a seguir. Cleber Monteiro - @Profclebermonteiro O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLEIDISA OLIVEIRA DA SILVA - 05194217447, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 4 de 66www.grancursosonline.com.br Atualidades ATUALIDADES Cleber Monteiro ATUALIDADES Introdução Querido(a) candidato(a), o estudo de atualidades é extremamente importante para o seu certame e cada acerto fará muita diferença na sua colocação final. Muitos candidatos me- nosprezam ou estudam atualidades de maneira errada, o que ocasiona um desempenho não desejado e que pode te colocar dentro ou fora da fase seguinte. Essa disciplina está ligada a geografia e história, de forma direta ou indireta. Passarei ini- cialmente algumas dicas que vão te ajudar muito em atualidades e serão determinantes para um bom desemprenho. Mas antes gostaria de analisar com vocês o conteúdo dessa disciplina em seu edital. Vejamos: Tópicos relevantes e atuais de diversas áreas, tais como, política, economia, educação, saú- de, energia, relações internacionais, agronegócio, saneamento, meio ambiente, desenvolvimento sustentável, aspectos socioeconômicos, educação ambiental e ecologia, suas inter-relações e suas vinculações históricas. Observe que é um edital extenso e composto por vários itens expressos das mais variadas áreas de conhecimento, possibilitando a geração de milhares de itens para a prova. Obviamen- te, que o assunto cobrado será algo que ocorreu recentemente no cenário mundial, nacional ou estadual, mas no fim da descrição do conteúdo ele apresenta um termo que pode influenciar muito no seu desempenho: vinculações históricas. Dessa forma, além de saber o fato queocorreu em determinado momento, pode ser co- brado o contexto histórico da situação exposta, por isso é importante ter conhecimentos sufi- cientes para assinalar o item em certo ou errado. Não há a necessidade de saber tudo sobre o assunto, mas é necessário ter uma base para conseguir um maior número de acertos e esse é nosso objetivo com nosso material: oferecer a você as informações mais significativas sobre os acontecimentos mundiais, nacionais e estadual. Lembrando que podem ser cobrados assuntos em seus diferentes aspectos de análise e, inclusive, englobar mais de um tema no mesmo item, pois o próprio conteúdo programático apresenta as inter-relações entre os tópicos expressos. A primeira dica que passo a você é acompanhar diariamente meios de comunicações, prin- cipalmente jornais em suas diversas formas de apresentação. Mas não é só assistir o jornal e compreender uma situação isolada. Sugiro que destaque aquilo que ache relevante, e aprofun- de o seu conhecimento respondendo algumas perguntas, entre elas: por que isso aconteceu? Quais fatos históricos levou a esse acontecimento? Qual a relevância desse acontecimento em sua escala de abrangência (mundial, nacional ou estadual)? Quais reflexos esse acontecimento pode gerar na sociedade? O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLEIDISA OLIVEIRA DA SILVA - 05194217447, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 5 de 66www.grancursosonline.com.br Atualidades ATUALIDADES Cleber Monteiro Essa prática pode levar você a desenvolver a sua habilidade de compreensão e assimila- ção de assuntos que fogem da sua esfera de conhecimento. Mas não é só isso que vai te levar ao êxito, é necessário que você faça várias questões e de forma consciente, ou seja, sabendo identificar os erros. Pratique exaustivamente questões, pois só assim você garantirá um bom desempenho. O nosso material apresentará assuntos de várias escalas de abrangência, indo de nível mundial até o estadual, oferecendo argumentos e reflexões sobre os fatos ocorridos. Impor- tante lembrar que atualidades é dinâmica, e precisa ser acompanhada diariamente. Talvez o tema da sua prova ainda está por acontecer. Sem mais observações, vamos iniciar nosso ma- terial de atualidade e espero, verdadeiramente, que te ajude a alcançar a tão sonhada aprova- ção. Vamos nessa e bons estudos! 15 Anos dA LeI MArIA dA penhA e A IncLusão dA VIoLêncIA psIcoLógIcA no códIgo penAL A violência contra a mulher é um tema que tem sido discutido em diversos âmbitos da sociedade, sendo algo que perpassa todas as classes sociais, etnias e independe do grau de escolaridade. É notável como cada dia mais, a violência de gênero se torna um sério problema da saúde pública, além de constituir violação dos direitos humanos, onde em todo o mundo, pelo menos uma em cada três mulheres já foi espancada, coagida ou sofreu alguma outra for- ma de abuso durante a vida. Foi a denúncia de Maria da Penha Maia Fernandes à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA), que resultou na condenação do Brasil por negligência e omissão em relação à violência doméstica, que levou à revisão das políticas públicas atinentes à violência contra a mulher e, por consequência, ao surgimento da Lei 11.340/2006. Assim, como forma de reconhecimento, Maria da Penha Maia Fernandes cedeu seu nome à lei que deu origem à mecanismos de proteção contra a violência doméstica e familiar sofrida por mulheres e que hoje, contrapondo muitos termos legais, é conhecida do povo e demonstra efetividade, mudando a história da violência de gênero no país. A Lei 11.340/2006 transformou o tratamento legal dado aos casos de violência doméstica, tornando-os crime, e denunciou o cotidiano de violência a que as mulheres são submetidas, instigando não só a denúncia por parte da vítima, como também por toda a sociedade. Essa lei criou mecanismos para impedir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Domés- tica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLEIDISA OLIVEIRA DA SILVA - 05194217447, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 6 de 66www.grancursosonline.com.br Atualidades ATUALIDADES Cleber Monteiro A lei ampara todas as pessoas que se identifiquem com o sexo feminino, sendo heteros- sexuais, homossexuais e mulheres transexuais. Por ser uma lei focada no combate à violência doméstica, também ampara homens que sofram algum tipo de violência por parte do cônjuge, ainda que as denúncias nesses casos sejam a minoria. A vítima precisa estar em situação de vulnerabilidade em relação ao agressor. Este não precisa ser necessariamente o companhei- ro, pois se uma pessoa ou parente do convívio da vítima for o agressor, a Lei Maria da Penha também ampara esse cenário. Este ano, a Lei Maria da Penha completa 15 anos, pode-se observar certo balanço positivo, no que tange a representatividade de um grande avanço no combate à violência contra a mu- lher. Mesmo havendo a necessidade de aprimoramento em diversos aspectos, houve modifi- cações ao longo do tempo de vigor dessa lei. A primeira inovação que a legislação traz é a classificação de tipos de violência doméstica, onde normalmente as pessoas associam violência doméstica apenas à violência física, porém ela pode se manifestar de diferentes formas. Os cinco tipos de violência que a lei estabelece são violência física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. Outros aspectos importantes que a Lei Maria da Penha trouxe à tona foi a visibilidade e um maior conhecimento para com os direitos das mulheres, além de que apesar dessa Lei ser considerada pela Organização das Nações Unidos (ONU) como a terceira melhor lei do mundo no combate à violência contra a mulher, ela ainda passa por algumas dificuldades para a sua aplicação e um desses obstáculos é visto como a dificuldade de alguns agentes do Estado de internalizar essa cultura de proteção à mulher. Outro obstáculo que não é propriamente da Lei, mas que se torna parte da violência do- méstica em geral, é a dificuldade que muitas mulheres têm de denunciar, porque normalmente estamos falando de violência no campo afetivo. Em 2021, foram editadas quatro alterações, dentre elas a abrangência à violência psicoló- gica, que nos termos da Lei afirma que É considerada violência psicológica qualquer conduta que cause dano emocional e diminuição da autoestima; prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento da mulher; ou vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaças, constrangimento, humilha- ção, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insultos, chantagem, ex- ploração, limitação do direito de ir e vir, ridicularização, violação de sua intimidade ou qualquer outro meio que cause prejuízo à saúde psicológica e autodeterminação. Esse conceito já existia na LMP desde o seu princípio, havendo uma alteração legislativa em 2018 para incluir a violação da intimidade como mais uma vertente desse tipo de violência, agora detemos um dispositivo penal que caracteriza a conduta de violência psicológica contra a mulher, sendo uma prática que apesar de bastante danosa, não é de fácil identificação,tendo em vista que a sociedade brasileira possui comportamentos questionadores em relação às mulheres, de forma misógina e machista. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLEIDISA OLIVEIRA DA SILVA - 05194217447, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 7 de 66www.grancursosonline.com.br Atualidades ATUALIDADES Cleber Monteiro Diversas vezes, a mulher que é vítima prefere silenciar, colocando em dúvida até mesmo a sua sanidade mental, pois teve sua autoconfiança abalada pelo agressor, pois as provas estão ligadas à subjetividade da vítima. Tipificar essa prática estabelece um avanço, na medida em que materializa e exemplifica as condutas abusivas que antes eram invisíveis aos olhos da sociedade. Tivemos grandes avanços, mas há muito a fazer, deve ser enfatizado que não há outro caminho a não ser a educação e a prevenção da violência doméstica como um todo, com por exemplo a revisão do que se ensina na escola e a orientação de crianças em casa visando educar as futuras gerações, o empoderamento de mulheres através da participação em grupos de apoio, atendimento psicoterapêutico gratuito e até mesmo a empatia e ajuda de outras mu- lheres, a promoção da participação de homens em grupos reflexivos onde diversas questões são discutidas, sendo uma delas a violência contra a mulher, que como já dito, não necessa- riamente é apenas física e, principalmente a criação de políticas públicas, com divulgação de campanhas, dentre outras medidas que se façam necessárias para que em um futuro não tão distante a violência contra a mulher faça parte do passado. Por fim, é ultrapassado o pensamento de que “em briga de marido e mulher, não se mete a colher”. O que hoje impera na sociedade e nos meios de comunicação é que “em briga de marido e mulher, a gente salva a mulher”. LeI MArIA dA penhA ApLIcáVeL A MuLheres trAns A Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006) é aplicável para o caso da mulher transexual vítima de violência em ambiente doméstico, não sendo a proteção conferida apenas às pessoas que ostentam condição de mulher biológica. A 6ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) delibe- rou, na terça-feira (05/04/2022), que a lei Maria da Penha é aplicável a uma mulher transgênero. Através de uma decisão unânime, os ministros foram pertinentes a um recurso apresentado em favor de uma mulher transgênero que declara ter sido agredida pelo pai. Os desembargado- res da 10ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) haviam compreendido que a lei Maria da Penha poderia ser aplicada apenas em casos de violência familiar ou domés- tica contra pessoas do sexo feminino – levando-se em conta o aspecto biológico, de maneira exclusiva. O Ministério Público Federal respaldou que a mulher transexual tem direito a medidas protetivas com base na lei Maria da Penha, independente de cirurgia de transgenitalização. Na situação, a mulher afirma que sofreu agressões que deixaram marcas visíveis, averigua- das por autoridade policial. De acordo com o depoimento, seu pai chegou em casa transtorna- do e, quando tentou sair da residência, ela foi imobilizada, jogada na parede e empurrada. Ela afirma, também, que sofreu ameaças com um pedaço de madeira, mas conseguiu fugir. O relator do caso, ministro Rogerio Schietti, afirmou que a decisão da Justiça em 1º e 2º Instâncias levou em consideração apenas a situação biológica, e não a identidade de gênero. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLEIDISA OLIVEIRA DA SILVA - 05194217447, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 8 de 66www.grancursosonline.com.br Atualidades ATUALIDADES Cleber Monteiro Este recurso especial, que, como foi dito, se interpôs contra decisão do juízo de 1º grau e 2º grau do Tribunal de Justiça de São Paulo que afastaram a proteção a Lei Maria da Penha para recorrida com o argumento de que quando a Lei Maria da Penha se refere a mulher o conceito de mulher seria um conceito meramente biológico, não abrangendo situações em que pela identidade de gênero deveria estender essa proteção a todas essas pessoas que se identificam como mulheres. O ministro apresentou, que a discussão repleta de “uma certa transfobia” e disse que a po- pulação e algumas instituições reproduzem uma cultura “patriarcal” e “misógina”. Aqui há por trás de toda essa discussão uma certa transfobia, e o Brasil infelizmente é um pais recordista em índices ignominiosos em relação ao trato que a própria população e algu- mas instituições direcionam a quem não se ajusta numa concepção heteronormativa, num binarismo, que até nas pequenas coisas costuma formar nossa cultura, uma cultura patriarcal, misógina, que se reflete em índices de assassinatos de transexuais e travestis que há 13 anos inserem o Brasil como país com maior número de assassinatos de pessoas trans no mundo. Os ministros Antonio Saldanha, Olindo Menezes, Laurita Vaz e Sebastião Reis conduziram o relator e votaram a favor do recurso e aplicação de medidas protetivas requeridas pela vítima. VArIAntes dA coVId-19 A Covid-19 é uma infecção respiratória causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, que foi des- coberto em amostras de lavado broncoalveolar de pacientes com pneumonia causada por um vírus até então desconhecido, na cidade de Wuhan, na China, no fim de 2019, sendo um vírus grave, de alta transmissibilidade, que tomou uma proporção global. A probabilidade de sofrer mutações aumenta quando um vírus está circulando em determi- nada população, causando numerosas infecções. A maior parte das mutações dos vírus cau- sam poucas alterações na potencialidade do agente patogênico, porém dependendo do local onde essas alterações ocorrem, podem abalar as características do vírus de forma a modificar a transmissão e gravidade. O surgimento dessas mutações é um acontecimento espontâneo dentro do processo evo- lutivo viral, em especial àqueles que possuem ácido ribonucleico (o RNA) como material ge- nético, que é o caso do SARS-CoV-2, que ocorre devido às falhas que são geradas ao decorrer da replicação viral. Após esse desenvolvimento genético do SARS-CoV-2, uma associação de cientistas desenvolveu sistemas que classificam as linhagens, agrupando as variantes. Ainda que grande parte das mutações identificadas não possuem impacto considerável na dispersão do vírus, algumas estão sob observação ao redor do mundo para que se obtenha informações quanto ao aumento da transmissibilidade e patogenicidade, e também o efeito nos sistemas de saúde e taxas de hospitalização. Devido à simplicidade do organismo dos vírus e do tamanho de seu material genético, se torna mais facilitado o surgimento das variantes, tendo atualmente cerca de mil variantes do coronavírus. Um agrupamento viral é caracterizado como cepa, que é quando uma mutação altera ao menos uma característica fenotípica. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLEIDISA OLIVEIRA DA SILVA - 05194217447, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br https://www.cnnbrasil.com.br/tudo-sobre/brasil/ 9 de 66www.grancursosonline.com.br Atualidades ATUALIDADES Cleber Monteiro Dessa forma, quando o agrupamento viral evolui sua capacidade de transmissão e mul- tiplicação, produzindo sintomas mais diversos nos infectados ou produzir uma resposta no organismo que se distingue do seu antecessor, é constituída uma cepa. Apesar de não haver confirmações científicas se as novas variantes são de fatomais graves ou não, acaba se tor- nando necessário a diminuição da circulação de pessoas em ambientes fechados, na tentativa de reduzir a propagação desses agentes patogênicos na sociedade. Muito se tem comentado acerca do impacto das variantes da Covid-19 nas vacinas quan- to à eficiência delas, se fornecem alguma resposta imune e se seria necessário realizar uma alteração na composição das vacinas a fim de proteger o indivíduo contra as variantes. É por essa razão que se torna de extrema necessidade a prevenção de possíveis mutações, através das medidas que já são bastante conhecidas e utilizadas - como lavagem das mãos, uso de máscaras, distanciamento social, uso do álcool em gel - com o intuito de preservar a eficácia das vacinas, reduzindo a quantidade de transmissão viral. De acordo com o Instituto Butantan, o estado de São Paulo possui 36 variantes do corona- vírus em circulação e afirma que o grande objetivo de mapear esse sequenciamento genético é para desenvolver vacinas que sejam eficazes contra as variantes, entendendo como o agen- te patogênico se comporta nos diversos cenários do país. Em São Paulo, a variante delta do coronavírus é correspondente a 91,9% das amostras, se tornando uma variante dominante, de acordo com o Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual de Saúde, e apesar da presença dessa variante na capital paulista, a SES-SP garante que os casos não aumenta- rão e apontam a queda nos números de mortes. É importante salientar que apesar do crescimento da variante delta no estado e diminui- ção da gama, o número de casos de Covid-19 tem diminuído em todo o estado de São Paulo, lembrando que a melhor maneira de evitar o contágio é através da vacinação completa e as medidas de segurança e distanciamento social. As possíveis consequências oriundas da aparição dessas variantes é o risco de o vírus encontrar um hospedeiro ainda não imune ou que não teve a doença até então - seja pela não vacinação, doses incompletas - que propague essa nova variante com maior virulência, cau- sando sobrecargas no sistema de saúde. É possível que eventualmente essas variantes deixem de surgir, como houve com a gripe suína, se existir a devida equidade vacinal e assim, se tornar possível afirmar que a pandemia do coronavírus terminou. VArIAnte ÔMIcron Enquanto a vacinação avança no Brasil e no mundo, bem como o número de casos parecia seguir se mantendo em uma tendência de queda, outros países passaram a viver um certo agravamento da pandemia. A descoberta de uma nova variante nomeada Ômicron, se tornou foco da preocupação das autoridades sanitárias mundiais. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLEIDISA OLIVEIRA DA SILVA - 05194217447, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 10 de 66www.grancursosonline.com.br Atualidades ATUALIDADES Cleber Monteiro Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a variante pode se tornar responsável pela maior parte de novos registros de infecção pelo novo coronavírus em províncias sul-afri- canas. O sinal inicial de que as novas infecções por Covid-19 estavam diferentes foi observado pela médica sul-africana Angelique Coetzee ao atender pacientes com sintomas diferentes dos apresentados por aqueles que eram acometidos pela Delta. A identificação da nova variante só foi possível graças ao sequenciamento genético do vírus, que apontou as mutações que a fizeram ser diferente das demais cepas, ou seja, esse seria o melhor método para diferenciar a Ômicron de outras variantes. É importante lembrar que as mutações virais são um fenômeno natural e frequente, favorecido pela replicação viral. Embora muitas dessas mutações sejam não funcionais, algumas mudanças em estruturas chave podem determinar aumento de transmissibilidade, virulência ou escape vacinal. Diante da característica mutagênica do SARS-CoV-2, a OMS passou a classificar, de acordo com características específicas, algumas variantes como variantes de interesse (VOI) e outras como variantes de preocupação (VOC). Sendo assim, as VOIs possuem alterações genéticas que têm previsão ou conhecidamente afetam características do vírus como transmissibilidade, gravidade da doença, escape imune, escape diagnóstico ou terapêutico; e foram identificadas como causa de transmissão comunitária significativa ou de múltiplos clusters em vários pa- íses com aumento de prevalência relativa juntamente com aumento no número de casos ao longo do tempo ou outros impactos epidemiológicos aparentes que sugerem um risco emer- gente para a saúde pública global. Já as VOCs atendem aos critérios de VOI e, a partir de uma avaliação comparativa, de- monstraram estar associadas a pelo menos uma das mudanças de forma significativa para a saúde pública global, como aumento de transmissibilidade ou alteração em epidemiologia considerada prejudicial; aumento de virulência ou mudança na apresentação clínica da doen- ça; e redução na efetividade de medidas sociais ou de saúde pública ou dos métodos diagnós- ticos, da terapia ou de vacinas. Os novos pacientes queixavam-se de cansaço, dores musculares, coceira na garganta ou garganta arranhando, e, em poucos casos, apresentavam febre baixa e tosse seca. Entre os sintomas mais comuns da Delta estão pulsação elevada, baixos níveis de oxigênio e perda de olfato e de paladar. Os sintomas da Ômicron são mais parecidos com a da Beta, que também foi identificada pela primeira vez na África do Sul. De acordo com a OMS, tudo indica que a nova variante seja mais transmissível do que as outras, mas isso ainda não está definido. A África do Sul relatou um aumento de testes positivos para Covid-19 em áreas onde a variante está circulando. Estudos epidemiológicos estão em andamento para entender se o aumento de casos foi provocado pela nova cepa ou por outros fatores. Evidências preliminares sugerem que pode haver um risco aumentado de reinfecção com a Ômicron (ou seja, pessoas que já tiveram Covid-19 podem ser reinfectadas mais facilmente com a nova cepa), em compa- ração com outras variantes preocupantes. Porém, por enquanto, as informações são limitadas. 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Logo nos primei- ros indícios sobre a chegada da Ômicron ao país, o Ministério da Saúde montou uma sala de situação para monitorar o cenário epidemiológico da variante e avaliar os riscos para a adoção das medidas necessárias, onde a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) prevê re- comendações de medidas excepcionais e temporárias para entrada no Brasil direcionadas a estrangeiros. O fechamento das fronteiras aéreas para seis países da África já iniciou a partir do dia 29 de novembro. Disponível em: <https://g1.globo.com/saude/coronavirus/noticia/2021/12/29/omicron-levantamento-indica- -317percent de-infeccoes-pela-variante-no-brasil.ghtml>. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLEIDISA OLIVEIRA DA SILVA - 05194217447, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 12 de 66www.grancursosonline.com.brAtualidades ATUALIDADES Cleber Monteiro AnVIsA BArrA A utILIzAção dA sputnIk-V A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) rejeitou a importação e o uso da vacina russa Sputnik V pelo Brasil. O imunizante é fabricado pelo Instituto Gamaleya, da Rússia. Os diretores da agência, em reunião extraordinária, avaliaram os pedidos de dez estados para a aquisição da vacina. O relator do pedido, Alex Machado Campos, considerou que o imunizante pode trazer ris- cos à saúde da população. Também foram encontradas falhas e pendências na documentação apresentada pela empresa fabricante. Ele teve como base pareceres técnicos de três gerên- cias da Anvisa, que realizaram uma apresentação no início da reunião. A Sputnik V apresenta a presença de adenovírus com capacidade de reprodução no com- posto da vacina, o que seria perigoso à saúde. A tecnologia utilizada é a do adenovírus vetor. Por meio dessa técnica, o código genético do vírus da Covid-19, é inserido no adenovírus e este, ao ser aplicado nos seres humanos por meio da vacina, estimula as células do organismo a produzir uma resposta imune. Segundo o relator, o adenovírus é um vírus que tem capacidade natural de replicação no corpo humano, mas como imunizante, essa capacidade de reprodução deve estar neutraliza- da, o que não ocorreu no caso dos lotes da Sputnik V. A Gerência Geral de Inspeção e Fiscalização da Anvisa afirmou que não foi apresentado o relatório técnico de aprovação do imunizante russo para averiguar o controle de qualidade na fabricação. A Anvisa utilizou documentos próprios e de outras autoridades internacionais e pediu a realização de uma inspeção presencial em duas das empresas que fabricam a vacina na Rússia, a Generium e a UfaVITA. Durante a visita, perceberam não conformidades na fabri- cação da vacina, que influenciam, entre outras, na garantia de esterilidade do produto. As VAcInAs contrA A coVId-19 Em fevereiro de 2021 a pandemia completou 1 ano e, consequentemente, a data marca várias mudanças no cenário mundial em diferentes aspectos, entre ela a ciência. Diante de um cenário de informações rápidas e dinâmicas, nos deparamos com inúmeras desinformações que acabam prejudicando avanços conquistados pela ciência. Um dos questionamentos em relação a vacina é justamente o prazo em que ela foi criada. A pandemia da Covid-19 nos mostrou que é possível sim criar uma vacina em um período cur- to, mas temos que nos atentar a um detalhe: antes da eclosão da Covid-19 no cenário mundial, já havia várias pesquisas no mundo para decifrar esse vírus. Isso nos mostra que as pesquisas pregressas auxiliaram muito no desenvolvimento de va- cinas rápidas. Todos esses acontecimentos evidenciam a importância de os países investirem em pesquisa e ciência. Outro ponto importante diz respeito ao financiamento, pois o desen- volvimento de uma vacina é algo com altos custos e riscos. No caso da Covid-19, de forma excepcional, houve um esforço global de laboratórios e governos para a produção da vacina, isso explica a criação delas em um curto período. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLEIDISA OLIVEIRA DA SILVA - 05194217447, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 13 de 66www.grancursosonline.com.br Atualidades ATUALIDADES Cleber Monteiro A existência das vacinas não é algo suficiente para o controle da pandemia. É necessário programas de vacinação que sejam eficazes. Criar um programa é necessário um planejamen- to e uma logística que impeçam uma má distribuição das vacinas e evitem o desperdício. Tam- bém deve ser realizado um estudo para definir quais serão os grupos prioritários na campanha. Importante lembrar que até ter o controle sobre a pandemia, será necessário manter as medidas sanitárias que foram adotadas até os dias atuais. As vacinas são importantes meios de combater a os efeitos da Covid-19, mas inicialmente precisam de um trabalho em conjunto com a sociedade. Veja no organograma abaixo as principais vacinas no cenário mundial e suas principais características. Portanto, podemos concluir que o desenvolvimento de vacinas associado as medidas mé- dico-sanitárias são fundamentais para controlar a pandemia e seus efeitos; que, inicialmente, mesmo tomando a vacina, é necessário manter todos os cuidados já impostos a sociedade no último ano. BrAsIL pós-VAcInA Foram ao menos seis meses patinando na campanha de vacinação contra a Covid-19 até que o Brasil decidisse executar o seu programa de imunização. No último semestre de 2021, o número de doses aplicadas se multiplicou, o país superou outras potências mundiais em porcentagem de imunizados e viu diminuir a quantidade de mortes e casos graves provocados pelo coronavírus. Entretanto, no aniversário de um ano da aplicação da primeira dose, o país ainda está en- frentando desafios no combate à pandemia. Alguns deles novos, como a propagação de uma variante muito mais transmissível e um apagão de dados no Ministério da Saúde. Outros são an- tigos, como a desinformação, o medo e a resistência de uma parte da população, ao imunizante. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLEIDISA OLIVEIRA DA SILVA - 05194217447, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br https://www.cnnbrasil.com.br/saude/seis-meses-de-vacinacao-brasil-enfrenta-falta-de-doses-e-falhas-de-comunicacao/ https://www.cnnbrasil.com.br/saude/conass-reconhece-nova-onda-de-covid-19-e-pede-acoes-ao-ministerio-da-saude/ https://www.cnnbrasil.com.br/saude/conass-reconhece-nova-onda-de-covid-19-e-pede-acoes-ao-ministerio-da-saude/ https://www.cnnbrasil.com.br/saude/dezenas-de-municipios-brasileiros-nao-aplicaram-1a-dose-em-metade-da-populacao/ 14 de 66www.grancursosonline.com.br Atualidades ATUALIDADES Cleber Monteiro Nesse cenário, o Brasil chegou a uma nova etapa da campanha: a vacinação de crianças de 5 a 11 anos, que se iniciou justamente na semana em que se completa um ano do início da vaci- nação. Os últimos resultados demonstram um avanço no segundo semestre de 2021 em relação ao primeiro do mesmo ano. Em julho de 2021, aos seis meses de campanha, apenas 20% da po- pulação brasileira havia recebido duas doses, realizando uma comparação, os Estados Unidos, o Reino Unido e o vizinho Uruguai já haviam passado da metade de imunizados na mesma época. É de extrema importância seguir o cronograma de vacinação, diminuir a diferença que exis- te entre a quantidade de vacinados com primeira e segunda dose, aplicando a dose de reforço para aqueles elegíveis e imunizando o que se tornou um novo grupo de risco: as crianças, a fim de se aproximar do fim da pandemia. “Estamos em um cenário completamente diferente da- quele de seis meses atrás. No primeiro semestre de 2021, não tinha vacina. Agora o problema decididamente não é a falta dela”, diz Renato Kfouri, presidente do departamento de imuniza- ções da Sociedade Brasileira de Pediatria. “Mas para evitar novas ondas de transmissão, é pre- ciso ampliar a base de vacinados, incluindo crianças e adolescentes, e tornando a cobertura mais homogênea no território brasileiro.” A imunização da faixa etária entre 5 e 11 anos foi a polêmica mais recente travando o com- bate à pandemia no Brasil. Apesar da aprovação pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e demais órgãos internacionais para aplicar a vacina da Pfizer nesse grupo, o Gover- no Federal atrasou o processo ao levantar questionamentos acerca da segurança das doses pediátricas e promovendo uma consulta pública online. Diz José Cássio de Moraes, professor da Santa Casa de São Paulo e integrante do Observatório Covid-19, iniciativa independenteque reúne pesquisadores para disseminar informações sobre a doença com base em dados: Perdemos mais de um mês nessa discussão. Os imunizantes pediátricos poderiam estar sendo negociados desde outubro do ano passado, quando foram aprovados pelos órgãos reguladores americanos, com a condição de que seriam’ comprados com a aprovação da Anvisa. Se isso tivesse sido feito, chegaríamos em fevereiro com pelo menos a primeira dose aplicada em todo esse grupo. Para os especialistas, parte da resistência ocorre pela razão de uma mudança no foco do combate: durante muito tempo, o entendimento foi de que crianças não eram afetadas pelo vírus. Infectologista da Unicamp (Universidade de Campinas) e consultora da Sociedade Brasi- leira de Infectologia (SBI), Raquel Stucchi explica que o deslocamento da atenção é esperado à medida em que se amplia a cobertura vacinal. Diz Stucchi: É importante pontuar porque, de repente, as crianças passaram a ser os atores principais da Covid em termos de indicação de vacina. No começo de 2020, os grupos que mais sofriam, mais morriam, eram mais internados, eram o dos idosos e o das pessoas com comorbidades. E, por isso, o foco inicial da vacinação foi para esses grupos. Conforme cumprimos esse objetivo e passamos a flexi- bilizar as medidas de restrição, as crianças se tornaram o grupo mais exposto e desprotegido. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLEIDISA OLIVEIRA DA SILVA - 05194217447, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br https://www.cnnbrasil.com.br/saude/anvisa-autoriza-uso-da-vacina-da-pfizer-em-criancas-de-5-a-11-anos-no-brasil/ https://www.cnnbrasil.com.br/saude/saude-indica-que-maioria-e-contra-exigencia-de-receita-para-vacina-infantil/ 15 de 66www.grancursosonline.com.br Atualidades ATUALIDADES Cleber Monteiro Completa Igor Marinho, infectologista do Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo): Ficou um pouco no imaginário popular que Covid não pega em criança, o que é falso. É fato que [o vírus] parece poupar mais os menores, mas isso não significa que eles não sejam vulneráveis, se contaminem, sejam vetores de transmissão e possam desenvolver formas graves. No dia 11 de janeiro, o Ministério da Saúde divulgou o planejamento para a distribuição das vacinas pediátricas pelo país, seguindo o critério populacional de cada região. Cerca de 6% da população infantil brasileira está apta a receber o imunizante, o que soma mais de 20 milhões de crianças. Outra questão que vem à tona no estágio atual da campanha é a periodicidade da aplica- ção da vacina na população daqui em diante. O Brasil avança na dose de reforço entre adultos, enquanto países como Israel já testam a aplicação de uma quarta dose. Diz Kfouri: Já sabemos que a proteção conferida não é vitalícia, nem duradoura. Mas a periodicidade pode depender da idade, da vulnerabilidade, da vacina etc. Enquanto vivenciarmos uma pandemia, vamos precisar repor a proteção dos que a perderam. Estamos aprendendo, mas essa é uma comunicação que precisa ser feita adequadamente para evitar a desconfiança da população. Para Stucchi, o Brasil acertou na segunda metade do ano ao introduzir a dose adicional, se antecipando a muitos países europeus que viram os números de casos avançarem. Ela faz a ressalva, no entanto, que alguns estados, como São Paulo, erraram ao descumprir a reco- mendação de autoridades científicas de que a dose adicional fosse feita com o imunizante produzido pela Pfizer - em particular em idosos, que mostram uma resposta pior aos demais imunizantes. Diz: Não está claro neste momento a necessidade de novas doses para toda a população. O grupo de pessoas que possuem uma resposta inferior ao imunizante, como idosos e comórbidos, provavel- mente precisará de mais doses. Mas para isso precisamos de dados adicionais, conforme o tempo avança e vamos aprendendo sobre o vírus. É esperado que adaptações no esquema vacinal sejam necessárias ao longo de um processo. O grande balanço deste um ano de campanha foi a percepção dos benefícios da vacinação em termos de hospitalização e mortalidade. Os dados que demonstram a predominância de não vacinados entre as vítimas da Covid em todo o mundo reforçam a tese. Afirma Stucchi: Todas as vacinas conseguiram realizar a lição de casa com nota 10 no sentido de serem capazes sim de reduzir drasticamente os óbitos entre a população vacinada. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLEIDISA OLIVEIRA DA SILVA - 05194217447, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br https://www.cnnbrasil.com.br/saude/ministerio-da-saude-detalha-planejamento-de-vacinacao-de-criancas-contra-a-covid/ 16 de 66www.grancursosonline.com.br Atualidades ATUALIDADES Cleber Monteiro Para Kfouri, a diferença entre o atual vertiginoso aumento do número de casos e o menos alarmante aumento de internações é outra evidência contundente: Temos uma variante circulando com o maior impacto visto até hoje em termos de infecção. É uma variante que não poupa vacinados e infecta todo mundo. Mas o quadro da pessoa imunizada rara- mente evolui para formas graves, e esse é o grande mérito da vacinação. Mas os especialistas reforçam os obstáculos pela frente. A desinformação e má comuni- cação são uma das principais causas apontadas para que alguns municípios ainda tenham uma cobertura vacinal bem abaixo da nacional, apesar da boa adesão da população brasileira no geral. Um levantamento feito pela CNN Brasil em dezembro do ano passado mostrou que pequenas cidades, principalmente do Norte, não aplicaram a primeira dose em nem sequer um terço da população local pela ausência de público. Os infectologistas também entendem que a diminuição do número de casos no final do ano passado levou a uma menor procura pelo imunizante, pois as pessoas consideram já esta- rem protegidas. Nesse sentido, é esperado que a alta provocada pela Ômicron funcione como novo incentivo. A exigência do passaporte da vacina também pode ser outro estímulo impor- tante. Diz Kfouri: O programa continua exigindo uma comunicação efetiva, que se torna mais difícil com o avançar da pandemia. Era mais fácil convencer a população a ir tomar a primeira dose, já a segunda não é tanto e por aí vai. Há uma perda entre uma e outra e é necessário continuar motivando as pessoas a se vacinarem. Esse é o desafio de ano. Moraes enfatiza que, em meio a esse cenário, o Brasil convive com um apagão de informações: Neste momento não temos dados atualizados sobre a cobertura vacinal. Estamos em uma pane de informação que é incompreensível. Os dados são instrumentos fundamentais para acompanhar- mos a doença e estabelecer os próximos passos para combatê-la. noVA ondA de contAMInAções por coVId nA chInA A China listou mais de 13.000 casos de Covid-19 em apenas um dia, no último domingo 03 de abril, esse foi o número mais alto registrado desde o pico da primeira onda de contamina- ções, há dois anos. As autoridades do país divulgaram a descoberta de uma provável nova sub variante ômicron na região de Xangai. A estratégia “Covid zero” da China possibilitou que o país registrasse limitados casos da doença, até março deste ano. Entretanto, tal política draconiana, que tem o objetivo de evitar novos casos por meio de medidas de restrição e testes massivos, além do isolamento siste- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLEIDISA OLIVEIRA DA SILVA - 05194217447, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.brhttps://www.grancursosonline.com.br https://www.cnnbrasil.com.br/saude/dezenas-de-municipios-brasileiros-nao-aplicaram-1a-dose-em-metade-da-populacao/ 17 de 66www.grancursosonline.com.br Atualidades ATUALIDADES Cleber Monteiro mático de pacientes e o fechamento virtual de fronteiras, está sendo questionada, à medida que a ômicron se dissemina pelo país. Segundo a Comissão Nacional da Saúde (CNS), o número total de 13.146 novos pacientes, em 24 horas, demonstra que o coronavírus se espalha pelo país de forma rápida. “São 1.455 pacientes com sintomas, 11.691 casos assintomáticos e nenhuma morte relatada”, afirmou a CNS em um comunicado. Com empenho para controlar o desenvolvimento da Covid-19, quase todos os 25 milhões de habitantes de Xangai, a capital econômica da China, estão confinados desde 02 de abril. Nos últimos dias, a cidade tornou-se epicentro de uma nova onda de contaminações uni- da à variante ômicron, ameaçando abalar a cadeia de abastecimento mundial. O grupo naval Maersk afirmou, na sexta-feira (1º de abril), que determinados depósitos da cidade encontram- -se inacessíveis e os serviços de transporte rodoviário podem sofrer impactos em decorrência do confinamento. Em média, 90% dos novos casos sintomáticos confirmados no continente foram encontrados na província de Jilin, no Nordeste. A China, local em que o coronavírus foi detectado pela primeira vez em 2019, é um dos últimos países que conserva a política de “Covid zero”, com medidas restritivas severas a fim de erradicar o menor foco da doença. Aproximadamente 86% da população chinesa está va- cinada contra a Covid-19, porém as vacinas utilizadas no país têm eficácia limitada contra a variante. Pequim argumenta que, até hoje, menos de 5 mil pessoas morreram de Covid-19 no país, porém os dados não podem ser confirmados. noVos AgrotóxIcos LIBerAdos no BrAsIL Nos últimos anos, o Brasil tem liberado uma quantidade exorbitante de agrotóxicos, ocor- rendo um aumento significativo. Em 2016, foram liberados 277 produtos, em 2017, 404 novos venenos e assim aumentando de maneira bastante expressiva como aponta o gráfico abaixo. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLEIDISA OLIVEIRA DA SILVA - 05194217447, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 18 de 66www.grancursosonline.com.br Atualidades ATUALIDADES Cleber Monteiro Disponível em: <https://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2022/01/18/apos-novo-recorde-brasil-en- cerra-2021-com-562-agrotoxicos-liberados-sendo-33-ineditos.ghtml>. Acesso em: 24 de abr. 2022. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLEIDISA OLIVEIRA DA SILVA - 05194217447, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 19 de 66www.grancursosonline.com.br Atualidades ATUALIDADES Cleber Monteiro Porém, o governo de Jair Bolsonaro conseguiu ser ainda mais permissivo em relação aos venenos agrícolas, liberando ainda no primeiro ano de mandato, 474 pesticidas. Em 2020, a es- tatística subiu para 493 e ao final do ano passado (2021), o Ministério da Agricultura alcançou um novo recorde, aprovando o registro de 550 novos agrotóxicos. Obs.: � Com 301 votos a favor, 150 contrários e duas abstenções, a Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei n. 6.299/2002, que viabiliza a liberação de agrotóxicos no país. Para a bancada ruralista no Congresso, as mudanças trazidas pelo novo texto irão modernizar e dar mais agilidade na aprovação de novos agrotóxicos. � DISPONÍVEL EM: <https://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2022/01/18/apos-novo-recorde-brasil- -encerra-2021-com-562-agrotoxicos-liberados-sendo-33-ineditos.ghtml>. Acesso em: 07/04/2022. Conforme o relator do projeto, deputado Luiz Nishimori (PL-PR), a autorização de um novo princípio ativo demora de três a oito anos. Disse o deputado, durante a votação do dia 09 de fevereiro de 2022: A aprovação do projeto irá possibilitar maior produtividade, comida com preço acessível e, principal- mente, vai oferecer mais segurança alimentar para nosso país. Para os ambientalistas e demais especialistas, o projeto, apelidado de “Pacote do Veneno”, traz retrocessos. Dentre os pontos mais polêmicos, estão: O PL viabiliza o registro de agrotóxicos cancerígenos e com nocividade comprovada, ao excluir vedação nesse sentido contida na legislação atualmente em vigor. O novo texto afirma que qualquer ingrediente pode ser liberado, desde que não apresente “risco aceitável”. Não há uma definição, do que seria aceitável. A mudança gerou reação contrária do Instituto Nacio- nal do Câncer (INCA) que, já em 2018, alertava que esta e outras mudanças trazidas pelo PL 6299/2002 ameaçavam a saúde dos brasileiros. Transfere o poder de decisão acerca da aprovação de um novo agrotóxico – antes feito pelo Ministério da Agricultura, Ministério do Meio Ambiente e Anvisa – somente para a pasta da Agricultura, reduzindo a participação do Ministério do Meio Ambiente, através do Ibama e da Anvisa. Tais órgãos forneciam análises acerca da questão ambiental e de saúde pública no processo de avaliação e aprovação de novos venenos. Se sancionado o texto, Anvisa e Ibama não deixarão de fazer as análises sobre os eventuais riscos dos produtos, mas a decisão final será somente da pasta comandada por Tereza Cristina. Alteração do termo “agrotóxico” para “pesticida”. Conforme o relator da matéria, deputa- do Luiz Nishimori (PL-PR), a mudança tem o objetivo de padronizar a nomenclatura adotada pelo Brasil e pelos países-membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). De acordo com o Greenpeace, tal transformação mascara a nocividade das substâncias e não atende à realidade brasileira de baixa escolaridade no campo. “O termo O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLEIDISA OLIVEIRA DA SILVA - 05194217447, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files/media/document/nota-publica-inca-pl-6299-2002-11-de-maio-de-2018.pdf https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files/media/document/nota-publica-inca-pl-6299-2002-11-de-maio-de-2018.pdf 20 de 66www.grancursosonline.com.br Atualidades ATUALIDADES Cleber Monteiro agrotóxico é amplamente conhecido por quem lida diariamente com essas substâncias. Ele não foi adotado ocasionalmente na construção da Lei 7.802/1989, mas sim para colocar em evidência a toxicidade dessas substâncias, representando direito à informação correta”, res- salta a organização. Remove a autonomia e liberdade dos órgãos de saúde para publicação de análises sobre agrotóxicos em alimentos. A tramitação do projeto, que foi aprovado em 09 de fevereiro de 2022, iniciou-se em 1999, quando a proposta foi apresentada no Senado pelo então senador Blairo Maggi foi aprovada. Ao longo de sua tramitação na Casa Legislativa, o PL recebeu muitas alterações, sendo apro- vado na Comissão Especial da Câmara dos Deputados em 2018. Durante o processo, mais de 20 órgãos públicos e organizações da sociedade civil manifestaram-se publicamente contra o projeto, surgindo o movimento “Agrotóxico Mata”. No nível internacional, a Organização das Nações Unidas registrou sua oposição às mu- danças. A Fiocruz, a Associação Brasileira de Saúde Coletiva, o Instituto Nacional do Câncer e o Ministério Público Federal chegaram a um consenso técnico-científico, alertando para os riscos que tal proposta acarreta à vida das pessoas e ao meioambiente. Após a aprovação na Comissão Especial na Câmara e as manifestações contrárias naquele ano de 2018, a proposta manteve-se parada. No entanto, após um acordo político, o atual presidente da Câmara, Arthur Lira, aliado de Bolsonaro, conseguiu colocar o projeto em pauta novamente, com a aprovação do pedido de urgência, aprovado por 327 a 71 votos. O engenheiro agrônomo Leonardo Melgarejo, do Movimento Ciência Cidadã, enfatiza que todos sofrem com a aprovação e a utilização desenfreada de pesticidas. De acordo com o pesquisador, não importa o quão distante as pessoas estejam, as consequências da utilização dos agrotóxicos se espalham e chegam em todas as regiões do país: Veja os casos de deriva de agrotóxicos. O sujeito aplica o veneno na sua lavoura e a seis quilômetros de distância tem gente sendo intoxicada. Outro exemplo é que usamos no Brasil um bilhão de litros (desses produtos) por ano e tudo isso vai parar na água. (…) Os estudos realizados sobre a qualidade da água no Brasil apontam que pelo menos 25% dos municípios analisados têm até 27 tipos de venenos na água. Então, a possiblidade de se contaminar, mes- mo estando longe das lavouras, é grande. Nilce Pontes, quilombola do Quilombo Ribeirão Grande e Terra Seca, localizado no Vale do Ribeira, no interior de São Paulo, sente de perto os impactos da expansão da utilização de tais produtos. De acordo com seu depoimento, os bananicultores da região demonstram preocupa- ção e pulverizam no ar o veneno, que prejudica o solo das famílias que vivem na região e ainda adoece os seres humanos e os animais: Como a gente sempre diz, eles querem nos matar, mas a gente escolhe viver. E a forma de nos matar é através da contaminação de nossas águas, do envenenamento dos alimentos por meio da pulve- rização área. Para desenvolver a agricultura das grandes commodities usa-se muito o agrotóxico. E para nós, enquanto comunidade quilombola que resiste ao veneno, fica só as doenças. O nosso território todo fica comprometido. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLEIDISA OLIVEIRA DA SILVA - 05194217447, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br https://contraosagrotoxicos.org/todo-mundo-e-contra-o-pacote-do-veneno-menos-quem-lucra-com-agrotoxicos/ https://www.brasildefato.com.br/2021/04/25/bancada-ruralista-quer-mais-veneno-no-seu-prato-entenda-o-pl-do-veneno 21 de 66www.grancursosonline.com.br Atualidades ATUALIDADES Cleber Monteiro Melgarejo observa que os agrotóxicos, por não serem substâncias naturais, ao entrar em con- tato com humanos e animais provocam “distorções de toda a ordem”, podendo levar, inclusive, a alterações nos sistemas corporais, prejudicando a capacidade de raciocínio e de reprodução. De acordo com o pesquisador, há ainda prejuízos ao meio ambiente contribuindo para o aquecimento global. “O veneno jogado em um determinado território, mesmo que ele seja pouco frequentado por seres humanos, vai dificultar a sobrevivência de alguns insetos e bactérias, dessa forma ele também prejudica a sobrevivência da rede da vida naquele ambiente. Esses insetos, bactérias e raízes que vão desaparecer, deixam de cumprir sua missão de estimular a vida naquele território. Então o uso de agrotóxicos está associado a uma homogeneização do planeta. A gente substitui áreas biodiversas por monoculturas que superaquecem o planeta”, afirma o pesquisador. Para Ricardo, a única maneira de reverter essa abundância de pesticidas no meio ambiente com consequências nocivas para todos, é desviar em uma economia de exportação de grãos. “O Brasil depende do envenenamento de seu território para gerar a renda dessas commodities que são exportadas”, afirma. Ir contra o uso de agrotóxicos significa ir contra o domínio de gru- pos que não se preocupam com os direitos humanos e com os problemas ambientais. crIse de AnsIedAde nos ALunos eM recIfe Em 8 de abril de 2022, um grupo de alunos de uma escola localizada no Recife (PE), foram atendidos com sintomas de crises de ansiedade e chamou a atenção para tal fenômeno, que ao decorrer dos anos, tem se tornado cada vez mais comum. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o Brasil é o país com o maior índice de incidência dessa síndrome, com 9,3% da população, aproximadamente 18,6 milhões de brasileiros. Ainda de acordo com a ins- tituição, a Covid-19 teve uma forte contribuição para o agravamento dos transtornos mentais. Os estudantes apresentaram sintomas como falta de ar, taquicardia e sudorese, clássicos de uma crise de ansiedade. Eles receberam o atendimento dos profissionais do Samu e não foi necessário encaminhá-los ao hospital. O psiquiatra e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília Raphael Boechat, as crises de ansiedade não estão associadas a doenças. Episódios como esse, são interpretados como mecanismo de defesa utilizado pelas pessoas diante de algum perigo imi- nente. Tal reação pode ocorrer devido a perigo real, como a presença de um agressor ou uma situação de estresse, ou de uma preocupação com riscos inexistentes e imaginários, como o medo de um ataque. Entretanto, a síndrome de ansiedade pode sim evoluir para uma doença. Boechat explica que isso pode ocorrer quando tais crises passam a ser frequentes com maior potência, ou sem algum motivo real que a desencadeia. De acordo com o psiquiatra, as causas de tal síndrome são diver- sas. “Normalmente são causas diversas. Elas incluem estresse do ambiente, privação de sono e uso de substâncias estimulantes como cafeína, energéticos, bebidas alcóolicas, drogas ilícitas como cocaína”, afirma o profissional. Segundo o professor da UnB, razões de natureza genética também podem influenciar. “Um aspecto muito importante é a questão ambiental. O estresse dos tempos modernos influencia no surgimento de diferentes tipos de ansiedade”, acrescenta. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLEIDISA OLIVEIRA DA SILVA - 05194217447, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br https://www.brasildefato.com.br/2021/10/20/o-agro-nao-e-pop-estudo-aponta-que-a-fome-e-resultado-do-agronegocio 22 de 66www.grancursosonline.com.br Atualidades ATUALIDADES Cleber Monteiro Possíveis tratamentos dependem exclusivamente do tipo ansiedade de cada indivíduo. Raphael Boechat argumenta que, em alguns casos, ela não se faz necessária. Contudo, se os episódios ocorrem com frequência, é extremamente necessário buscar ajuda profissional. Conforme o psiquiatra, os tratamentos são diversos, de naturezas farmacológicas, psicoterá- picas, mudanças no estilo de vida, apesar de existir uma associação para remédios mais for- tes e específicos, não é necessariamente o único caminho. “Um bom tratamento não envolve esses produtos, na maioria dos casos. Mas deve ser tratado, porque se não houver tratamento o caso começa a se agravar, a pessoa pode evitar convívio social e pode desenvolver quadros depressivos”, enfatiza. Em relação ao caso dos alunos da escola no Recife, Boechat analisa que não há em docu- mentos internacionais de psiquiatria uma previsão de diagnóstico de ansiedade coletiva, e que esse tipo de episódio é extremamente raro: Temos que ponderar que estamos tratando de jovens e eles são muito influenciados por outros. Possivelmente havia fator de estresse, isso gerou ansiedade em alguns e pode ter contaminado outros. Isso é mais provável. É necessário enfatizar, que apesar de tudo o que foi mencionado, é importante que a comu- nidade escolar crie um espaço de fala extremamente seguro, no qual os estudantes possam compartilhar suas angústias, ansiedades e emoções, de maneira quepossam ser acolhidos e compreendidos nesse processo, proporcionando momentos de harmonia interior e conse- quentemente reduzindo situações de ansiedade como a que ocorreu. MInerAção eM terrAs IndígenAs Com votação na Câmara dos Deputados que estava prevista para a primeira quinzena de abril de 2022, o projeto de lei que libera mineração em terras indígenas provavelmente irá im- pactar mais de 200 reservas só na Amazônia. É o que os dados oficiais da ANM (Agência Nacional de Mineração), que aponta que desde a década de 1970 a ANM recebe pedidos de au- torização para pesquisa mineral ou lavra garimpeira em regiões que invadem os limites de 204 terras indígenas registradas na Amazônia Legal, abrangendo o Mato Grosso, Maranhão e todos os estados da região Norte. Destas, 170 já estão registradas na Funai (Fundação Nacional do Índio), enquanto as outras estão passando em alguma etapa do trâmite de homologação. Conforme a Constituição, a mineração em terras indígenas nos dias atuais só pode aconte- cer com autorização do Congresso e por intermédio de consulta às comunidades envolvidas. Entretanto, a ANM mantém ativos mais de 2,6 mil pedidos de atividade minerária em áreas que abrangem, variando a extensão, os limites das terras indígenas. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLEIDISA OLIVEIRA DA SILVA - 05194217447, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 23 de 66www.grancursosonline.com.br Atualidades ATUALIDADES Cleber Monteiro A terra indígena Yanomami, em Roraima, que já sofre há muitas décadas com as invasões de garimpeiros realizadas de forma ilegal, é alvo de 500 pedidos ativos, que se acumulam desde 1974. Os pedidos desse tipo não têm sido autorizados pela ANM, permanecem ativos no sistema, ainda que exista irregularidade. Apesar de estarem engavetados, esses processos apresentam quais terras indígenas são mais visadas pelas mineradoras e provavelmente se tornarão alvos preferenciais se a prática for legalizada, como defende o governo. “Por trás desses pedidos, principalmente os de pesquisa, estão as mineradoras. Estas empresas só não entram e não exploram as áreas por uma questão de reputação, mas mantêm os pedidos lá. O que elas fazem, na verdade, é uma reserva de mercado”, afirma Larissa Rodrigues, gerente de projetos do Instituto Escolhas, que guia pesquisas acerca do desenvolvimento sustentável. A ANM afirmou que o sistema eletrônico da agência “não aceita áreas incidentes sobre unidades de conservação de proteção integral, sobre terras indígenas ou outras áreas bloque- adas”. Conforme a agência, “nenhum requerimento para execução de atividade mineral pros- pera em áreas com bloqueio legal”. Há ligações geográficas entre terras indígenas e as áreas almejadas pelas empresas. Todos os pedidos de mineração selecionados pelo monitoramento da Amazônia Minada possuem al- guma sobreposição espacial com as terras indígenas. Tais dados foram tirados diretamente do Sigmine (Sistema de Informação Geográfica da Mineração), mantido pela ANM. Grande parte das reservas de minerais metálicos ao redor do globo, está em solos do pré-cambriano, período geológico que vai desde a formação da Terra até 500 milhões de anos atrás. A Amazônia, que possui aproximadamente 40% do seu território em áreas pré-cambrianas, é extremamente rica em uma série de substâncias e foco de atividades minerárias desde a pri- meira metade do século passado. Em boa parte dos casos, as áreas cobiçadas são limítrofes às terras demarcadas pela Funai, e ultrapassam essas fronteiras. Um exemplo é a terra indígena Kayapó, no sudeste do Pará, onde residem 4546 pessoas, con- forme o Censo 2010. O povo Kayapó, em que a população total gira em torno de 12 mil, habita outras 11 terras no Pará e no Mato Grosso. De acordo com o banco de dados Povos Indígenas do Brasil, do ISA (Instituto Socioambiental), eles vivem em aldeias dispersas pelo curso de rios afluentes do Xingu. Desde 2019, o presidente Jair Bolsonaro (PL) alega a abertura destas terras para minera- ção. Em abril do mesmo ano, ele recebeu os representantes de povos indígenas em Brasília, afirmou que Roraima teria “trilhões embaixo da terra” e declarou que “índio não pode continuar sendo pobre em cima de terra rica”. Tal argumento do Presidente já foi desmentido através de estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Pesquisadores apontaram que, sem explorar jazidas em terras indígenas, o Brasil tem reservas nacionais de potássio suficientes para durar até 2100. Outra conclusão é que dois terços dos depósitos minerais estão em Minas Gerais, São Paulo e Sergipe, portanto fora da Amazônia legal, onde se localizam a maioria das terras indígenas brasileiras. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLEIDISA OLIVEIRA DA SILVA - 05194217447, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 24 de 66www.grancursosonline.com.br Atualidades ATUALIDADES Cleber Monteiro Alguns meses após esse encontro, em fevereiro de 2020, o governo enviou ao Congresso Nacional o projeto de lei que está em discussão. Entretanto, o deputado Rodrigo Maia (sem partido-RJ), presidente da Câmara na época do envio, comprometeu-se com ambientalistas e lideranças de povos indígenas a não colocar o texto para votação. Entretanto, com a chegada de Arthur Lira (PP-AL) à presidência da Câmara, Bolsonaro passou a enviar para a Casa mais medidas de interesse do governo. Em fevereiro de 2022, o Planalto divulgou os projetos prioritários que serão votados na Câmara no decorrer do ano. Além da proposta sobre as terras indígenas, está nessa lista um projeto que facilita o uso de agrotóxicos. Tamanha preocupação das organizações indígenas brasileiras com o tema não é atual. Em nome da mineração, diversas violações dos direitos humanos já ocorreram contra povos originários. Até 1988, a mineração em seus territórios era permitida, mas foi parcialmente vetada pela Constituição Federal. O relatório da Apib e do Comitê Nacional em Defesa dos Territórios frente à Mineração demonstra que o histórico de “conflitos intensos dos mineradores (empresas ou garimpeiros), contra os povos originários, ocasionando o extermínio de diferentes povos, como Waimiri-Atroari, os Yanomami, os Cinta Larga (Comissão Nacional da Verdade, 2014)”. Disponível em: <https://pulitzercenter.org/pt-br/stories/terras-com-povos-indigenas-isolados-sao-alvo-de-meta- de-dos-pedidos-de-mineracao>. Acesso em: 25 de abr. 2022. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLEIDISA OLIVEIRA DA SILVA - 05194217447, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 25 de 66www.grancursosonline.com.br Atualidades ATUALIDADES Cleber Monteiro contexto hIstórIco – rússIA x ucrânIA Os conflitos entre a Rússia e a Ucrânia possuem uma história que remete à Idade Média, pois ambas têm raízes comuns que vão até a época do antigo Estado da Rússia de Kiev, nas terras eslavas do Leste. Esse é o motivo pelo qual o presidente russo, Vladimir Putin, refere-se aos dois países como “um só povo”. Tal fato é que as duas nações estão divididas há séculos, o que resultou no surgimento de dois idiomas e duas culturas proximamente relacionadas, mas extremamente distintas. Quando a Rússia desenvolveu politicamente no império, a Ucrânia provou sua incapaci- dade de estabelecer um Estado próprio. No século XVII, uma ampla região do que é hoje o território ucraniano se tornou parte do Império Russo.Após a desintegração desse império, em 1917, o país vivenciou um breve período de independência, antes de a União Soviética o conquistar à força. Em dezembro de 1991, Ucrânia, Rússia e Belarus assinaram um acordo que selava de for- ma efetiva o fim da União Soviética. Moscou, entretanto, tinha pretensão de manter sua in- fluência na região através da recém-criada Comunidade dos Estados Independentes (CEI). O Kremlin calculava que o fornecimento de gás natural a baixo custo faria com que a Ucrânia permanecesse em sua órbita. Porém, tudo se desenrolou de maneira bem diferente, pois a Rússia e Belarus forjaram uma aliança próxima, a Ucrânia se aproximava cada vez mais do Ocidente. Tal fato não passou despercebido pelo Kremlin, apesar de ser o suficiente para a geração de um conflito entre os dois lados na década de 1990. Moscou não demonstrava preocupação, enquanto o Ocidente não demonstrava qualquer intenção de uma possível integração da Ucrânia à sua esfera de influência. Aliás, é importante lembrar que a Rússia lidava com uma depressão econômica e se via amarrada no conflito militar na Chechênia. Em 1997, Rússia e Ucrânia assinaram o Tratado de Amizade, Cooperação e Parceria, co- nhecido como o “Grande Tratado”, por meio do qual Moscou reconheceu as fronteiras oficiais da Ucrânia, incluindo a Península da Crimeia, região que abriga uma maioria étnica russa. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLEIDISA OLIVEIRA DA SILVA - 05194217447, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 26 de 66www.grancursosonline.com.br Atualidades ATUALIDADES Cleber Monteiro Disponível em: <https://g1.globo.com/mundo/ucrania-russia/noticia/2022/02/24/por-que-a-russia-invadiu-a-u- crania.ghtml>.Acesso em: 28 de fev. 2022. A primeira grande crise diplomática entre os dois, surgiu com o início do governo de Putin, em 2003, quando a Rússia começou a construir, subitamente, uma barragem no estreito de Ker- ch, próximo à ilha ucraniana de Tulza – entre o território russo e a Península da Crimeia. Kiev considerou isso como uma tentativa russa de redesenhar as fronteiras nacionais. O conflito foi resolvido após um encontro frente a frente entre os dois presidentes. A construção foi suspen- sa, entretanto, a fachada de amizade entre os dois lados começou a demonstrar rachaduras. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CLEIDISA OLIVEIRA DA SILVA - 05194217447, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 27 de 66www.grancursosonline.com.br Atualidades ATUALIDADES Cleber Monteiro As tensões agravaram durante as eleições presidenciais na Ucrânia em 2004, quando Mos- cou posicionou-se a favor do candidato pró-Rússia Viktor Yanukovych, mas a Revolução Laran- ja evitou que ele assumisse. A eleição foi declarada fraudulenta, e o candidato pró-Ocidente Vi- ktor Yushchenko tornou- se presidente. A reação russa foi o corte do fornecimento de gás para a Ucrânia em duas ocasiões, em 2006 e 2009, além de interromper também o abastecimento para a União Europeia. Em 2008, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, pressionou o processo de adesão da Ucrânia e da Geórgia à Otan, mesmo com os protestos de Putin, cujo governo não reconheceu de maneira completa a independência ucraniana. A Alemanha e a França mudaram os planos de Bush através de uma cúpula da Otan em Bucareste, na Romênia, em que a possível adesão ucraniana foi discutida, sem que fossem estabelecidos os prazos para esse processo. Após o andamento dos fatos não corresponde- rem com as expectativas em relação à Otan, a Ucrânia fez uma nova tentativa de reforçar seus laços com o Ocidente, por meio de um acordo de associação com a União Europeia. Porém, no verão de 2013, poucos meses antes da assinatura do documento, Moscou passou a exer- cer forte pressão econômica sobre Kiev e forçou o congelamento do acordo. O governo russo impôs um embargo sobre produtos ucranianos exportados para o país, o que resultou nos protestos em toda a Ucrânia. Quando os ucranianos depuseram seu presidente pró-Rússia no início de 2014, o Kremlin se aproveitou do vácuo de poder em Kiev e anexou a Península da Crimeia em março de 2014. Esse foi um ponto de inflexão nas relações entre os dois países e o início de uma guerra não declarada. Simultaneamente, as forças paramilitares russas iniciaram um levante separatista na região de Donbass, no leste ucraniano, e instituíram “repúblicas populares” lideradas por Moscou, com simulacros de Estados em Donetsk e Lugansk. O governo de Kiev esperou até depois da eleição presidencial de maio de 2014 para lançar uma grande ofensiva militar, que nomeou de operação antiterrorismo. Conhecida como “bacia de Donbass”, a região é a mais importante fonte de energia e área industrial do país, estendendo-se em boa parte na Ucrânia e um pouco pela Rússia. O carvão é um dos produtos mais comercializados e produzidos, com indústrias altamente desenvolvi- das, além de metalúrgicas e empresas diversas. Em junho de 2014, o presidente recém-eleito, Petro Poroshenko, realizou uma reunião com Putin na ocasião dos 70 anos da invasão da Normandia, na Segunda Guerra Mundial. O encontro, que futuramente seria conhecido como as conversações em Formato Normandia, aconteceu sob mediação da Alemanha e da França. Simultaneamente, o Exército ucraniano demonstrou incapacidade em expulsar os separatistas. No final de agosto, Kiev acusou Moscou de inter- venção militar em larga escala, o que o Kremlin nega. Forças ucranianas próximas a Iloviask, a leste de Donetsk, foram derrotadas, em um episódio que foi um ponto de mudança na guerra. O conflito foi encerrado em setembro, a partir da assinatura de um cessar-fogo em Minsk. 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A intermediação do Ocidente teve como resultado o que seria conhecido como o Protocolo de Minsk, o acordo que tem como base para os esforços de paz, mas que até hoje não chegou a ser cumprido. A última vez em que houve esperança de paz na região foi no outono de 2019, quando soldados dos dois lados foram retirados das linhas de frente. A chamada Cúpula da Normandia em Paris, em dezembro de 2019, simbolizou a última vez em que os dois lados se sentaram à mesma mesa. O presidente russo não possui um verdadeiro interesse em se reunir frente a frente com seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, a quem Moscou acusa de não cumprir o Tratado de Minsk. Putin continua a exigir que os Estados Unidos mantenham a Ucrânia fora da Otan e que o país não receba ajuda militar. A Otan rejeita tal exigência. AtuAL cenárIo entre rússIA e ucrânIA A situação na fronteira entre Ucrânia e Rússia foi tensa durante semanas e se agravou nos últimos dias. O presidente russo, Vladimir Putin, negou que estaria organizando um ataque a Ucrânia, mas os EUA afirmaram que ele já
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