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Saúde Mental - Reforma Psiquiatrica e Desistintucionalizaçao

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Saúde Mental 
Medicina Anhembi Morumbi 
 
1 
Reforma Psiquiátrica e Desinstitucionalização 
Todo estigma tem consigo “marcas” que caracterizam determinados grupos 
populacionais. 
As doenças mentais têm relações/construções sociais com gênero, raça, classe 
social, religião, sexualidade, território, doenças e direitos. 
Os hospitais de leprosos foram esvaziados por 2 motivos (cura ou morte). Esses 
hospitais ficavam afastados dos grandes centros, eram isolados/periféricos. 
Esses hospitais, após o esvaziamento, inicialmente foram ocupados por pessoas 
com doenças sexualmente transmissíveis (algumas com adoecimento mental em 
decorrência). 
Pensamentos desorganizados ou não esperados pela sociedade, passam a ser 
excluídos e vistos como algo negativo. 
LOUCURA -> ALGO NEGATIVO -> EXCLUSÃO 
Nessa época, o governo começa a incluir nos antigos leprosários não mais 
somente os doentes, mas também os POBRES. Pessoas que não tem trabalho e 
vivem na miséria, que não tinham como sobreviver, já que deixar essas pessoas na 
rua era um incomodo. 
A loucura então passa a ser sinônimo de incapacidade. Ele não é só mais o 
“diferente do resto da sociedade”, mas também o incapaz de se adequar a essa 
sociedade. Se o pobre também está na instituição, ele é visto pela sociedade como 
improdutivo. 
 
 
No século 18 o governo começa a perceber que precisa de força de trabalho para 
movimentar o país. Muitas pessoas estavam sendo encaminhadas para os 
hospícios, logo, o raciocínio da burguesia foi pensar que precisavam corrigir o 
que havia de errado naquelas pessoas: pobres, loucos, doentes, mulheres 
românticas e melancólicas, homens que questionavam as políticas. 
 
 
 
 
Saúde Mental 
Medicina Anhembi Morumbi 
 
2 
A Primeira Revolução Psiquiátrica – A Escola Francesa marcou a fundação de 
locais objetivando o cuidado de doentes mentais, gerando mudança de 
paradigma que ocorreu no final do século 17. 
Os indivíduos acometidos por enfermidade da mente passaram a ser 
“reconhecidos” como dignos de cuidados médicos, reduzindo o estigma de serem 
temidos, hostilizados, rejeitados ou, ainda, “possuídos”. 
Assim, ocorreu habitualmente o que se chamou de primeira revolução 
psiquiátrica, onde houve o reconhecimento do doente mental como objeto da 
psiquiatria através do movimento de fundação dos hospitais psiquiátricos e casas 
de saúde. Por conseguinte, surgiu o método psicopatológico e a classificação das 
doenças mentais. 
➔ PHILIPPE PINEL 
Influenciado pelas ideias do Iluminismo e da Revolução Francesa, Pinel foi 
pioneiro no tratamento de doentes mentais e um dos precursores da psiquiatria 
moderna. Se interessou por essa área depois que um amigo tomado de loucura, 
fugiu para uma floresta, tendo sido devorado por lobos. 
Da observação dos seus próprios pacientes, em 1801, publicou seu Tratado 
Médico-Filosófico sobre a Alienação Mental, ele integrou a corrente que 
constituiu o saber psiquiátrico por meio da observação e análise sistemática dos 
fenômenos perceptíveis da doença. 
Com base nisso, Pinel baniu tratamentos antigos, tais como sangrias, vômitos 
induzidos, purgações e ventosas, substituindo-as por tratamento digno e 
respeitoso, que inclui terapias ocupacionais. 
Dentro dessa linha, foi um dos primeiros a libertar os pacientes dos manicômios e 
das correntes, propiciando-lhes liberdade de momentos por si só terapêutica. 
Pinel considerava a alienação mental como qualquer outra doença orgânica, por 
concebê-la como um distúrbio das funções intelectuais (funções superiores do 
sistema nervoso) sem a constatação de inflamação ou lesão estrutural. 
Para explicar a loucura, identificou-se 3 causas, como: 
1) As causas físicas que se ligavam as fisiológicas. 
2) As causas ligadas a hereditariedade. 
3) Causas morais (paixões intensas, excessos de todos os tipos, 
irregularidades dos costumes e hábitos de vida). 
 
Saúde Mental 
Medicina Anhembi Morumbi 
 
3 
Pinel defendia a cura da loucura por meio do chamado “tratamento moral”, que 
consistia em uma ampla pedagogia normalizadora com horários e rotina 
rigidamente estabelecidos, medicamentos receitados somente pelo médico e 
atividades de trabalho e lazer. 
➔ PERCURSO HISTÓRICO 
A reforma psiquiátrica no Brasil teve como primeira fonte inspiradora as ideias e 
praticas do psiquiatra Franco Basaglia, que revolucionou a partir da década de 
1960, as abordagens e terapias no tratamento de pessoas com transtornos mentais 
nas cidades italianas de Trieste e Gorizia. 
Especialmente em Trieste, onde dirigiu por anos o hospital psiquiátrico San 
Giovanni, com mais de 1,2 mil pacientes internados, Basaglia teve ampla liberdade 
para aplicar sua nova abordagem libertaria, rompendo muros culturais e físicos 
na forma como uma sociedade deve lidar com seus loucos para reintegra-los a 
sociedade. 
Critico da psiquiatria tradicional e da forma como operavam os hospícios, 
Basaglia revolucionou o tratamento psiquiátrico, desenvolvendo uma abordagem 
de reinserção territorial e cultural do paciente na comunidade. Isso em vez de 
isolá-lo num manicômio a base de fortes medicações, vigilância ininterrupta, 
choques elétricos e camisas de força. 
O aprofundamento de sua metodologia e o retorno a vida social conseguido com 
milhares de ex internos em Trieste levou a prefeitura local, com o passar dos 
anos, a fechar o hospital psiquiátrico, optando gradualmente pela abertura de 
novos centros terapêuticos territoriais, como os concebidos por Basaglia. 
Devido aos resultados positivos que alcançou na Itália, a abordagem de Basaglia 
passou a ser recomendada pela OMS a partir de 1973. A posição da OMS tornou o 
debate mundial. E a discussão chegou ao Brasil. 
Em 1978 houve um racha na Divisao Nacional de Saúde Mental (Dinsam), órgão 
vinculado ao Ministério da Saúde. Profissionais denunciaram as condições de 
profunda degradação humana em que operava a maioria dos hospitais 
psiquiátricos no país. A crise, em pleno regime militar, levou a demissão da 
maioria dos denunciantes. 
Em 1979, foi criado o Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM) e 
em 1987, o movimento antimanicomial, dando continuidade a luta pela nova 
psiquiatria. 
O projeto de reforma psiquiátrica foi apresentado em 1989 pelo então deputado 
Paulo Delgado (MG). Após 12 anos, o texto foi aprovado e sancionado em 2001. 
Saúde Mental 
Medicina Anhembi Morumbi 
 
4 
A aprovação da Lei Orgânica da Saúde Lei nº 8.080/90 e 8.142 (SUS e Controle 
Social); 
• Lei Federal nº 10.216/2001 (proteção e os direitos das pessoas com transtornos 
mentais); LEI DA REFORMA PSIQUIÁTRICA- prevê a substituição dos leitos em 
hospitais psiquiátricos por uma rede comunitária de Atenção Psicossocial. 
• “Cuidar Sim, Excluir Não” – lema de campanha da Organização Mundial da 
Saúde em 2001; 
• Decreto 7.508/2011: Regulamenta a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, para 
dispor sobre a organização do Sistema Único de Saúde - SUS, o planejamento da 
saúde, a assistência à saúde e a articulação interfederativa. define quais são os 
serviços de saúde que estão disponíveis no SUS para o atendimento integral dos 
usuários, através da Relação Nacional de Ações e Serviços de Saúde – RENASES, 
que deve ser atualizada a cada dois anos. 
 
Sobre a Rede de Atenção Psicossocial, o principal objetivo da reforma psiquiatrica 
é a possibilidade de transformaçao das relaçoes que a sociedade, os sujeitos e as 
instituiçoes estabeleceram com a loucura, com o louco e coma doença mental, 
conduzindo tais relaçoes no sentido da superaçao do estigma, da segregação e da 
desqualificação dos sujeitos ou ainda no sentido de estabelecer com a loucura 
uma relaçao de coexistencia, de troca de solidariedade, de positividade e de 
cuidados.

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