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Posse - Direitos Reais Direito das Coisas


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Autoria: Julie Anne Lopes Almeida 
 
POSSE 
A posse, no Direito Civil Brasileiro, pode ser 
conceituada como o domínio fático de uma pessoa 
sobre uma coisa. 
Para tanto, a doutrina civilista desenvolveu seu 
pensamento em torno de duas correntes: 
➢ Teoria Subjetiva: segundo Savigny, a posse teria 
uma natureza híbrida, caracterizada por ser um 
fato e um direito. Para essa teoria, o possuidor 
seria aquele que, além de ter a intenção de se 
assenhorar do bem, teria, também, poder 
material sobre ele. Em outros termos, o animus 
domini e o domínio físico. 
➢ Teoria Objetiva: proposta por Ihering, para esta 
teoria, a posse seria um direito juridicamente 
tutelado, onde o possuidor seria aquele que, 
mesmo sem dispor do poder material sobre o 
bem, comporta-se como se fosse o proprietário 
deste, imprimindo-lhe destinação econômica. 
Esta é a teoria adotada pelo código civil 
brasileiro. 
Conforme o art. 1196 do CC, o possuidor é aquele 
que desfruta de ao menos um dos poderes de 
proprietário, quais sejam: usar, gozar, 
reinvindicar e dispor. Isso significa dizer que, 
mesmo que o sujeito não seja proprietário do 
bem, mas se comporte como tal, poderá ser 
considerado possuidor. 
Posse  Detenção 
Detentor é aquele sujeito que exerce a posse em nome de 
outra pessoa, é o fâmulo da posse. Comporta-se como um 
gestor ou servo da posse. É o exemplo do motorista, caseiro, 
bibliotecário. 
CLASSIFICAÇÕES DA POSSE 
 
➢ Quanto ao exercício e gozo: 
▪ Posse Direta: é aquela exercida por meio 
do poder material e contato direto com o 
bem. Ex.: locatário. 
Quem tem posse direta pode defender o 
bem em face de quem tem a posse 
indireta. 
▪ Posse Indireta: é aquela exercida 
obliquamente, ou seja, mesmo tendo 
posse, não se consegue exercê-la 
diretamente. Ex.: locador. 
➢ Quanto à existência de vício: 
▪ Posse Justa: a posse é justa quando não 
for violenta, clandestina ou precária. Ou 
seja, quando houver documento justo de 
posse. 
▪ Posse Injusta: a posse será injusta 
quando nos seguintes casos: 
a) Violenta: significa tomar o bem à 
força de quem tem a posse justa. 
b) Clandestina: não utiliza violência. O 
possuidor injusto vai, escondido, e 
toma a posse do bem. 
c) Precária: ocorre quando um justo 
título se torna injusto. Ex.: inquilino 
que continua no imóvel após findo o 
contrato de aluguel. É a única forma 
de posse injusta que não pode se 
tornar justa. 
 
➢ Quanto à legitimidade do título: 
▪ Posse de boa-fé: ocorre quando o 
possuidor desconhece ou ignora a mácula 
do bem possuído. 
A posse de boa fé só perde este caráter 
no caso e desde o momento em que as 
circunstâncias façam presumir que o 
possuidor não ignora que possui o bem 
indevidamente. 
▪ Posse de má-fé: é aquela em que o 
possuidor conhece o vício que macula a 
posse, porém nada faz em relação a ele. 
 
➢ Quanto ao tempo: 
▪ Posse nova: aquela adquirida há menos 
de 1 ano e 1 dia. 
▪ Posse velha: aquela adquirida há mais de 
1 ano e 1 dia. 
➢ Quanto à presença de títulos: 
▪ Posse com título (jus possidendis): ex. 
contrato, escritura pública 
▪ Posse sem título(jus posessiones): Não 
macula a posse, porém não tem o título 
representável. 
Autoria: Julie Anne Lopes Almeida 
 
QUEM PODE ADQUIRIR A POSSE? 
 
Segundo o art. 1206 do Código Civil, são sujeitos 
capazes de adquirir a posse de bens: 
1- A própria pessoa ou seu representante; 
2- Terceiro, sem mandato, estando sujeito e 
dependente de ratificação; 
3- Coletividade de pessoas (caso de bens 
públicos (?)). 
 
COMO ADQUIRIR A POSSE? 
 
A posse será considerada adquirida a partir do 
momento em que se verificar à disposição do sujeito 
qualquer dos poderes inerentes à propriedade. 
 
Tradição Real ≠ Tradição Simbólica  Tradição Ficta 
• Tradição Real: entrega pessoal da coisa 
• Tradição Simbólica: ocorre por meio de um ato que 
simboliza. Ex.: entrega de chaves, que simboliza a 
transmissão do bem (carro) 
• Tradição Ficta: ocorre por meio de uma permissão. 
Ex.: permissão para usufruir de apartamento do 
amigo. 
 
A posse será originária quando não houver nenhum 
possuidor antecedente ao adquirente atual. Será 
derivada quando se souber quem é o possuidor 
antecedente, aquele que transmite o bem. 
A posse será, também, transmitida aos herdeiros legatários do 
possuidor, mantendo suas mesmas características, conforme art. 
1.206 do Código Civil. 
 
Permitir ou tolerar que alguém use um bem, a título gratuito, não 
configura posse, mas detenção. 
 
A posse do imóvel faz presumir, até a prova em contrário, a das 
coisas móveis que nele estiverem, por força do princípio da 
gravitação jurídica. 
 
COMPOSSE 
A composse pode ser traduzida como o estado de 
posse em comum de um mesmo objeto. Classifica-se 
em: 
a) Pro Diviso (divisível): presente quando é 
possível delimitar bem onde se inicia e 
termina a posse de um dos possuidores. Ex.: 
três irmãos, condôminos e compossuidores 
do mesmo imóvel, decidem delimitar a área 
de cada um. 
b) Pro Indiviso (indivisível): aqui os possuidores 
exercem indistintamente e simultaneamente, 
atos possessórios sob o bem. Não há como 
delimitar a posse de cada um. 
Obs.: a posse inviabiliza delimitar o proprietário no 
registro de imóveis. 
Obs.2: É possível que um compossuidor defenda o 
bem diante de outro compossuidor desde que prove 
que o outro estava impedindo-o de exercer sua posse. 
 
EFEITOS DA POSSE 
 
 Proteção Possessória: 
o No âmbito do Direito Material: sabe-se que, 
via de regra, a auto-tutela é vedada no direito 
brasileiro. Contudo, diante do instituto da 
posse, ela é permitida, desde que seja feita de 
forma imediata e não se ultrapasse os limites 
da razoabilidade. 
▪ Pode-se proteger a posse diante das 
seguintes situações: 
a) Turbação 
b) Esbulho 
c) Ameaça 
 
o No âmbito do Direito Processual: também é 
possível proteger a posse através de ações 
Civis, quais sejam: 
▪ Ação de reintegração de posse (nos 
casos de esbulho) 
▪ Ação de manutenção de posse (nos 
casos de turbação) 
▪ Interdito Proibitório (nos casos de 
ameaça) 
Todas essas ações são balizadas pelo princípio 
da fungibilidade, conforme o art. 554 do 
CPC/15. 
Autoria: Julie Anne Lopes Almeida 
 
As ações possessórias tendem a seguir um rito 
especial, de acordo com o tempo de posse. 
Significa dizer que, em caso de posse velha, 
deve o juiz ouvir a parte contrária antes de 
conceder uma liminar; já em caso de posse 
nova, a liminar é garantida sem que haja 
necessidade de oitiva da parte contrária (art. 
300 e art. 562 CPC) 
As ações possessórias também são marcadas 
por seu caráter dúplice, onde o próprio 
demandado, em sua resposta, alega violação 
de algum direito e pugna pela proteção de sua 
posse (art. 555 CPC). 
“O interdito proibitório poderá ser manejado 
quando o possuidor direto ou indireto tiver 
justo receio de ser molestado na posse, caso 
em que poderá requerer ao juiz que o segure 
da turbação ou esbulho iminente, mediante 
mandado proibitório em que se comine o réu 
determinada pena pecuniária caso transgrida 
o preceito (art. 567 CPC).” 
Em relação à competência, em ações de posse 
imobiliária a competência absoluta é do juízo 
do foro de atuação da coisa (art. 47, §2º, CPC). 
 Percepção dos Frutos: constituem os frutos os 
objetos produzidos periodicamente pela coisa 
principal, cuja percepção não diminui a sua 
substância. 
Classificação dos Frutos 
1-Quanto à natureza: 
a) Naturais: gerados pelo bem principal sem necessidade de 
interferência humana; 
b) Industriais: decorrentes da atividade industrial humana 
c) Civis: sua produção periódica contribui para a percepção 
de uma renda. São também chamados de rendimento 
2-Quanto à ligação com a coisa principal: 
a) Colhidos ou Percebidos: são aqueles que se encontram já 
destacados da coisa principal, porém ainda existentes; 
b) Pendentes: aqueles aindaligados à coisa principal; 
c) Percipiendos: aqueles que deveriam ter sido colhidos, mas 
não o foram; 
d) Estantes: são os já destacados, armazenados e estocados; 
e) Consumidos: aqueles que não mais existem. 
O possuidor de boa-fé, tem direito aos frutos 
percebidos. Contudo, os frutos pendentes e 
aqueles colhidos antecipadamente, devem ser 
restituídos, depois de deduzidas as despesas de 
produção e custeio. 
Já o possuidor de má-fé responde por todos os 
frutos, desde o momento em que se constituiu 
de má fé, com direito a ser restituído pelas 
despesas de produção e custeio. 
 Responsabilidade pela perda ou deterioração da 
coisa: 
O possuidor de boa-fé somente irá responder se 
tiver dado causa para a perda ou deterioração da 
coisa, ou seja, atuando com dolo ou culpa (art. 
1.217 CC). 
 
Já o possuidor de má-fé responderá sempre pela 
perda ou deterioração da coisa, salvo se provar o 
fato ocorreria de qualquer forma, mesmo se o 
bem estivesse em mãos do possuidor verdadeiro 
(art. 1.218 CC). 
 
 Posse e benfeitorias: as benfeitorias constituem-
se de obra realizada pelo ser humano, na 
estrutura da coisa principal, com o propósito de 
conservá-la, melhorá-la ou embelezá-la. 
 
Toda benfeitoria é artificial, decorrendo de uma 
atividade humana, diferindo-se, pois, dos 
acessórios naturais do solo. 
 
Conforme o art. 1.219 do CC, o possuidor de boa-
fé terá direito à indenização das benfeitorias 
úteis e necessárias, com o devido direito de 
retenção do bem, e também, possui direito à 
indenização pelas benfeitorias voluptuárias, caso 
em que, não poderá reter o bem, mas poderá 
levar consigo a benfeitoria diante do não 
pagamento da indenização. 
 
Já o possuidor de má-fé não tem direito de 
retenção algum, e a ele serão ressarcidas apenas 
as benfeitorias necessárias. 
 
Art.: 1.222 CC 
O reinvindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao 
possuidor de má-fé, tem o direito de optar entre o seu valor 
atual e o seu custo; ao passo que, caso se trate de possuidor 
de boa-fé, indenizará pelo valor atual.

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