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Microbiologia - Neisseria meningitidis, gonorrhoae e chlamydia trachomatis

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Catharina Moura Microbiologia, 3º semestre – Medicina | UNIDOM. 
neisseria meningitidis 
A Neisseria meningitidis – também conhecida 
como meningococo, causa principalmente meningite e 
meningococemia, sendo a principal causa de morte por 
infecção em crianças nos Estados Unidos. 
As neissérias, de forma geral, são cocos gram 
negativos semelhantes a um par de feijões – o 
meningococo, apresenta uma cápsula polissacarídica 
proeminente que intensifica a virulência por sua ação 
antifagocitária e induz anticorpos protetores. 
Os meningococos são divididos em pelo menos 13 
grupos sorológicos, com base na antigenicidade de 
seus polissacarídeos capsulares – sendo que cinco 
deles causam a maioria dos casos de meningite e 
meningococemia: A, B, C, Y e W-135, e o A é a principal 
causa de meningite epidêmica em todo mundo e o B 
pela maioria dos casos dos EUA. 
Eles contêm endotoxina na membrana externa, 
que consiste em um lipo-oligossacarídeo (LOS), ao 
contrário do lipopolissacarídeo (LPS) encontrados em 
bacilos gram negativos. 
O crescimento desse patógeno é inibido por traços 
de metais e ácidos graxos tóxicos em alguns meios de 
cultura – por isso, são cultivados em ágar-chocolate 
contendo sangue aquecido a 80ºC, o que inativa os 
agentes inibidores. 
As neissérias são oxidase positiva – possuem 
enzima do citocromo C! 
▪ Patogênese e epidemiologia: 
Os seres humanos são os únicos hospedeiros 
naturais dos meningococos, que são transmitidos por 
gotículas respiratórias. Esses microrganismos 
colonizam as membranas da parte nasal da faringe e 
tornam-se parte da microbiota transiente do trato 
respiratório superior. 
Os portadores do patógeno geralmente são 
assintomáticos! 
O microrganismo, a partir da nasofaringe, pode 
atingir a corrente sanguínea e se disseminar para locais 
específicos, como as meninges e articulações, ou pode 
se disseminar por todo o corpo, gerando a 
meningococemia. 
Dentre os fatores que favorecem a transmissão e 
os surtos de meningite, a permanência em ambientes 
fechados é um dos mais citados! 
A meningite bacteriana em < 2 anos é causada, em 
mais de 80% dos casos, por Streptococcus pneumoniae 
e N. meningitidis. Desses patógenos, os meningococos, 
principalmente os do grupo A, são os mais prováveis de 
gerar epidemias de meningite. 
O N. meningitidis é a segunda causa mais 
frequente de meningite, sendo o S. pneumoniae o 
principal causador em indivíduos de 2 a 18 anos. 
 
▪ Fatores de virulência: 
1. Cápsula polissacarídica: permite ao organismo 
resistir a fagocitose por leucócitos 
polimorfonucleados – neutrófilos; 
2. Endotoxina: é a responsável por febre, choque 
e outras alterações fisiopatológicas; 
3. Protease para imunoglobulina A (IgA): auxilia a 
bactériia a se ligar as membranas do trato 
respiratório superior ao degradar a IgA 
secretória. 
 
▪ Achados clínicos: 
As duas principais manifestações da doença são (1) 
a meningococemia e (2) a meningite. 
A primeira, na sua forma mais grave, é denominada 
síndrome de Waterhouse-Friderichsen, que se 
caracteriza por febre alta, choque, púrpura 
amplamente espalhada, coagulação disseminada 
intravascular, trombocitopenia e insuficiência adrenal. 
A meningite, por sua vez, pode resultar da 
colonização das meninges pela bacteremia – os seus 
sintomas são clássicos de meningites bacterianas, 
sendo eles: febre, cefaleia, rigidez de nuca e alta 
concentração de neutrófilos no líquor. 
▪ Diagnóstico: 
Os principais exames laboratoriais são o esfregaço 
e a cultura de amostras sanguíneas e de líquor. 
O diagnóstico presuntivo de meningite 
meningocócica ocorre pela observação de colônias de 
diplococos gram-negativos oxidase-positivos que 
fermentam maltose, no líquido cerebroespinal. 
O patógeno cresce melhor em ágar-chocolate 
incubado a 37ºC. 
▪ Tratamento: 
o Penicilina G é o tratamento de escolha 
– ceftriaxona também pode ser 
utilizada. 
 
▪ Prevenção: 
o Quimioprofilaxia; 
▪ Rifampina ou Ciprofloxacina 
podem ser utilizadas por 
indivíduos que mantiveram 
contato com o caso índice. 
o Imunização. 
▪ Vacina conjugada; 
▪ Vacina não conjugada. 
neisseria meningitidis 
Catharina Moura Microbiologia, 3º semestre – Medicina | UNIDOM. 
neisseria gonorrhoeae 
A N. gonorrhoeae – também conhecida como 
gonococo, causa a gonorreia, segunda infecção 
bacteriana notificável mais comum nos EUA. 
Como já foi visto, as neisserias são cocos gram-
negativos, semelhantes a um par de feijões – oxidase 
positivas e coagulase positivas. 
A ghonorroeae, por sua vez, não possui cápsula 
polissacarídica – ainda assim, apresenta múltiplos 
sorotipos que se baseiam na antigenicidade da 
proteína do pílus. Existe uma variada variação 
antigênica dos pili gonocócicos, que resultam em 
rearranjos cromossômicos que originam mais de 100 
sorotipos. 
Esses patógenos também apresentam três 
proteínas de membrana externa – I, II e III (a II é 
importante na adesão do organismo às células e 
também varia antigênicamente). 
 
▪ Patogênese e epidemiologia: 
Os gonococos causam doença apenas em seres 
humanos – a transmissão geralmente ocorre por via 
sexual, mas recém nascidos também podem ser 
infectados durante o nascimento. 
Por ser muito sensível a desidratação e a condições 
de baixa temperatura, a via sexual favorece a 
sobrevivência do patógeno. 
De forma geral, a gonorreia é sintomática em 
homens e assintomática em mulheres. 
 
▪ Fatores de virulência: 
Os pili constituem o principal fator de virulência, 
visto que são os responsáveis por controlar a adesão 
do patógeno às superfícies das células mucosas e 
também apresentam função antifagocitária – os 
gonococos que apresentam pili geralmente são mais 
virulentos. 
Os outros fatores de virulência dos gonococos são: 
a (1) endotoxina da parede celular (LOS), (2) as 
proteínas da membrana externa e (3) a protease de 
IgA, que hidrolisa a IgA secretora, responsável por 
bloquear a adesão do patógeno a mucosa. 
Os gonococos infectam principalmente superfícies 
mucosas, porém ocorre disseminação – algumas 
linhagens podem causar infecção disseminada com 
maior frequência do que outras. Um fator importante 
para essas linhagens é a resistência à morte por 
anticorpos e complemento – o mecanismo dessa 
resistência não é muito bem elucidado, mas sabe-se 
que a presença de uma porina (porina A) na parede 
celular, inativa o componente C3b do complemento e 
é fundamental nessa resistência. 
▪ Achados clínicos: 
A n. gonorrhoeae causa desde infecções 
localizadas, geralmente no trato genital; como também 
infecções disseminadas, que geram a colonização de 
vários órgãos, atingidos pela corrente sanguínea - 
bacteremia gonocócica. 
Em homens: 
• Uretrite; 
• Disúria; 
• Descarga purulenta; 
• Epididimite pode acontecer. 
 
Em mulheres* 
• Secreção vaginal purulenta; 
• Sangramento intermenstrual (cervicite). 
 
*Complicação frequente: infecção ascendente das 
tubas uterinas (salpingite, DIP), que pode resultar em 
esterilidade ou gravidez ectópica em virtude da 
formação de cicatrizes nas tubas uterinas. 
 
As infecções gonocócicas disseminadas 
manifestam-se como artrite, tenossinovite ou pústulas 
na pele – esse tipo de infecção é a causa mais comum 
de artrite séptica em adultos sexualmente ativos. 
Outros locais infectados são: (1) a região anorretal 
– geralmente em mulheres e homens homossexuais, 
(2) a garganta – evidenciada por faringite, e (3) os olhos 
– principalmente em recém-nascidos, manifestando-se 
como conjuntivite neonatal, que ocorre pela aquisição 
da infecção da mãe no momento da passagem pelo 
canal de parto. 
Outras infecções sexualmente transmissíveis 
podem coexistir com gonorreia! 
 
▪ Diagnóstico laboratorial: 
Depende da coloração de Gram e da cultura da 
secreção! 
Em homens, a detecção de diplococos gram-
negativos no interior de polimorfonucleados em um 
espécime de secreção uretral é suficiente para o 
diagnóstico. 
Em mulheres,por outro lado, o uso da coloração 
de gram pode não ser muito efetivo (podem ser falso-
positivas pela presença de diplococos gram negativos 
da microbiota normal), por isso, devem ser realizadas 
culturas! 
Os espécimes coletados de locais de mucosas 
devem ser cultivados em meio Thayer-Martin (ágar 
chcocolate + antibióticos), a fim de suprimir a 
microbiota normal. 
A identificação de uma colônia oxidase-positiva 
composta por diplococos gram negativos é suficiente 
neisseria gonorrhoeae e chlamydia trachomatis 
Catharina Moura Microbiologia, 3º semestre – Medicina | UNIDOM. 
para identificar o isolado como Neisseria – a 
identificação específica do gonococo se baseia na 
fermentação de glicose (mas não de maltose). 
 
▪ Tratamento: 
A ceftriaxona é tratamento de escolha! 
 
▪ Prevenção: 
o Uso de preservativos; 
o Rápido tratamento de pacientes 
sintomáticos e de seus parceiros; 
o Colírio de nitrato de prata em recém-
nascidos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
chlamydia trachomatis 
As clamídias são parasitas intracelulares 
obrigatórios, ou seja, crescem somente no interior das 
células. 
Esses patógenos são agentes de doenças 
sexualmente transmissíveis comuns – uretrite e 
cervicite, bem como outras infecções como 
pneumonia, tracoma, pneumonia (...). 
 
• Características importantes: 
As clamídias são bactérias intracelulares 
obrigatórias – são incapazes de produzir energia 
suficiente para o crescimento independente, por isso 
são capazes apenas de crescer dentro de células 
hospedeiras. 
Apresentam parede celular rígida, sem camada de 
peptídeoglicano – são similares as de bactérias gram 
negativas, mas sem ácido murâmico. 
Apresentam ciclo replicativo diferente das demais 
bactérias – o ciclo se inicia quando o corpo elementar, 
extracelular e metabolicamente inerte, penetra na 
célula e reorganiza-se em corpo reticulado, maior e 
metabolicamente ativo. 
O corpo reticulado, por sua vez, sofre ciclos de 
fissão binária e origina corpos reticulados filhos, que 
são liberados das células – quando dentro das células, 
podem ser observados como corpo de inclusão, que 
são úteis para identificar o microrganismo no 
laboratório. 
 
• Transmissão e epidemiologia: 
A C. trachomatis infecta apenas seres humanos, 
sendo transmitida, principalmente, por contato 
pessoal próximo (sexual ou pela via de parto); mas 
também pode ocorrer por fômites ou dedos e olhos. 
Pacientes acometidos por IST são coinfectados por 
C. trachomatis e N. gonorrhoeae em cerca de 10 a 30% 
dos casos. 
 
• Patogênese e achados clínicos: 
As clamídias infectam principalmente células 
epiteliais das membranas mucosas ou pulmões, quase 
nunca causando infecções invasivas e disseminadas. 
A C. trachomatis apresenta mais de 15 sorotipos, 
do A ao L – os tipos A, B e C, causam tracoma. Os tipos 
D a K causam infecções do trato genital – em homens, 
é a causa mais comum de uretrite não gonocócica, 
caracterizada por corrimento uretral, que pode evoluir 
para epididimite, prostatite ou proctite; em mulheres, 
desenvolve-se cervicite, que pode evoluir para 
salpingite e doença inflamatória pélvica, episódios 
repetidos desses quadros podem resultar em 
infertilidade ou gravidez ectópica. 
Os pacientes com infecções do trato genital por 
trachomatis apresentam alta incidência de síndrome 
de Reiter (síndome autoimune causada pela reação 
crzada entre anticorpos formados contra o patógeno e 
os antígenos das células da uretra, articulações e trato 
uveal, gerando uretrite, artrite e uveíte). 
 
• Diagnóstico: 
A coloração de Gram não é util – só consegue ser 
visualizada mediante uso de corantes especiais ou 
imunofluorescência. 
O microrganismo pode ser identificado dentro de 
células epiteliais por anticorpos fluorescentes ou 
hibridização; 
Os antígenos podem ser identificados por testes 
em exsudatos ou urina por ELISA 
Catharina Moura Microbiologia, 3º semestre – Medicina | UNIDOM. 
• Tratamento: 
Todas as clamídias são sensíveis a tetraciclinas – 
como a doxiciclina, e a macrolídeos – como a 
eritromicina e azitromicina*. 
A azitromicina é a droga de escolha para ISTs 
causadas por C. trachomatis – devido a alta incidência 
de coinfecção de gonococos + clamídia, qualquer 
paciente com diagnóstico de gonorreia também deve 
ser tratado para clamídia com azitromicina! 
 
• Prevenção: 
o Tratar hospedeiro e parceiros sexuais; 
o Uso de preservativos!