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Anna lillian canuto bittencourt • DEFINIÇÃO DE PP: é a presença de tecido placentário que recobre ou está muito próximo ao orifício interno do colo uterino após 28 semanas; • Classificação: - Placenta prévia: a placenta recobre total ou parcialmente o orifício interno do colo uterino; - Placenta de inserção baixa: a borda placentária se insere no segmento inferior do útero, não chega a atingir o orifício interno e se localiza em um raio de 2 cm de distância desta estrutura anatômica. • A placenta prévia e o acretismo placentário são causas clinicamente importantes de hemorragia; • A maioria das placentas que recobrem o orifício interno do colo no 2° trimestre não mais recobrirão no termo; • A PP está associada ao aumento de morbimortalidade perinatal, principalmente pela prematuridade que acarreta em restrição do crescimento fetal (RCF), hipóxia e anemia fetal; • Quanto mais precoce for o sangramento por placenta prévia, maior o risco de prematuridade; • Há uma alta taxa de malformações congênitas em mulheres com placenta prévia (2,5x maior), por causas ainda desconhecidas; • A placenta prévia complica cerca de 1 a cada 305 partos; • Principais fatores de risco para a PP: - Idade avançada materna, principalmente maiores de 40 anos; - Paridade, estando a multiparidade associada à PP; - Gestações múltiplas: a frequência de PP é cerca de 40% maior em gestações em múltiplas, quando esse dado é comparado a gestações únicas; - Número de cesáreas prévias: o risco de PP aumenta com o aumento de cesáreas anteriores; >> A cesárea realizada antes do início do TP pode aumentar o risco de PP em gestação subsequente, se comparada com sua realização no período intraparto ou com casos de parto vaginal. - Número de curetagens para abortamentos espontâneos ou induzidos; Placenta prévia IDEIAS GERAIS Anna lillian canuto bittencourt - Tabagismo, sendo o risco 2x maior em mulheres tabagistas; - Outros: cirurgia uterina, uso de cocaína, mulheres que residem em altitudes elevadas e feto do sexo masculino. • Qualquer problema que leve à deciduação deficiente, forçando o ovo a buscar outros locais para sua oxigenação e nutrição, ou que interfira no processo de nidação, tornando-a tardia ou provavelmente mais baixa, pode estar relacionado ao desenvolvimento de PP; • A cicatriz uterina, resultante de histerotomias anteriores, principalmente cesáreas, pode predispor a uma implantação placentária no segmento inferior; • Com o avanço da gestação, mais de 90% dessas placentas de inserção baixa identificadas no início da gestação tornam-se altas, com aparente “migração” para regiões mais distantes do colo uterino e do segmento inferior; - Essa migração se deve à diferença de crescimento entre os segmentos uterinos superior e inferior; - PP anteriores tendem a migrar mais frequentemente e de forma mais rápida quando comparadas a placentas posteriores. • A placenta procura alojar-se em local de maior vascularização (fundo uterino), fenômeno denominado trofotropismo, enquanto a porção de trofoblasto que recobre áreas de menor vascularização (colo uterino) costuma sofrer atrofia. • A PP classicamente manifesta-se por: - Sangramento vaginal indolor; - Imotivado; - Início súbito; - Coloração vermelho. • A ausência de dor e contração é bastante útil para o diagnóstico diferencial com descolamento prematuro de placenta; • O sangramento tende a se repetir e piorar a cada ocasião; • Contrações uterinas podem ser encontradas após episódio hemorrágico, observando-se tônus normal nos seus intervalos; • O exame de toque vaginal NÃO deve ser feito em caso de suspeita de PP pelo risco de ocasionar hemorragia abundante; • A maioria dos casos de PP é diagnosticada durante USG de rotina em mulheres assintomáticas, em geral durante o 2° trimestre; • O padrão-ouro é o USG transvaginal; • Não há maiores riscos de sangramento com a utilização do USGT; • Pode-se predizer a persistência da PP no termo de acordo com duas características observadas nos dois primeiros trimestres: - Se cobre ou não o orifício interno do colo; - E se cobrir, a extensão que cobre. • Sugere-se que seja repetido o exame de USG entre 28-34 semanas para pacientes com PP ou FISIOPATOLOGIA DIAGNÓSTICO Anna lillian canuto bittencourt inserção baixa, para sua confirmação antes da resolução. • A conduta expectante e o uso liberal da cesárea são grandes responsáveis pela redução significativa das taxas de mortalidade materna e fetal por PP; • Na presença de sangramento vaginal OU contrações uterinas, recomenda-se a internação imediata da gestante para monitorização materna e fetal; • Se sangramento: - Obter acesso venoso calibroso para administrar cristaloides e manter a estabilidade hemodinâmica; - Sondagem para observação do débito urinário, que deve permanecer acima de 30ml/h; - A PA e a FC devem ser medidos em intervalos que variam de 15 min a 1h, dependendo da intensidade do sangramento; - Devem ser solicitados Hb e Ht, tipagem sanguínea e exames de avaliação da função renal. • Em mulheres Rh - , deve ser administrada a imunoglobulina anti-D; • A conduta depende da IG, intensidade da hemorragia e presença ou não de TP. - Se sangramento materno não for intenso, com ausência de alteração na hemodinâmica materna) em gestações com fetos pré-termo, a conduta expectante deve ser adota; - IG> 37s indica-se interrupção da gestação. Expectante • 75% dos episódios de sangramento são autolimitado, sem risco imediato para a mãe ou o feto; • Em 50% dos casos o parto pode ser postergado por pelo menos 4 semanas; • As gestantes devem permanecer em repouso e receber suplementação de ferro elementar (60mg, VO, 3-4x/dia); • IG entre 25-34s, na vigência de hemorragia, devem-se administrar corticosteroides de forma individualizada para o amadurecimento pulmonar do feto; • As gestantes com diagnóstico de PP pela USG e que nunca apresentaram hemorragia podem permanecer com controle domiciliar. - Devem ser orientadas para abstinência sexual e repouso relativo. Ativa • Indicações: - Sangramento materno intenso; - Vitalidade fetal alterada; CONDUTA Anna lillian canuto bittencourt - Maturidade fetal comprovada; OU - IG > 37 semanas. • É preferível realizar uma cesárea eletiva para PP, em boas condições, do que um procedimento de emergência; - Quanto maior a IG, maior o tisco de sangramento vaginal significativo que leve ao parto. • O risco de sangramento no ato operatório foi significativo (>2.500ml) nos casos de idade materna acima de 35 anos, cesárea anterior e colo uterino com aspecto ultrassonográfico semelhante a esponja (mais de 5 áreas hipoecoicas, cada uma medindo mais de 5mm); • O obstetra deve evitar, sempre que possível, incisar a placenta durante a histerotomia. Ideias gerais • DEFINIÇÃO: é quando a placenta está aderida de forma anormal ao útero; • Classificação: - Placenta increta: quando invade o miométrio; - Placenta pecreta: quando invade a serosa uterina. • Em alguns casos, a placenta pode atingir órgãos adjacentes, como a bexiga; • A cesárea anterior é o fator predisponente mais importante para o acretismo placentário; - Quanto maior o número de cesáreas, maior será o risco. • Outros fatores de risco: - Idade materna > 35 anos; - Aumento da paridade; - Defeitos endometriais (síndrome de Asherman); - Leiomioma submucoso; - Placenta prévia. Fisiopatologia • Os danos endometrial e miometrial provocados pela cesárea são responsáveis pela implantação anormal da placenta; • Há uma decíduabasal fina ou ausente (camada esponjosa) e desenvolvimento imperfeito da camada fibrinoide (camada de Nitabuch); • A penetração na camada esponjosa e no miométrio impede a dequitação e é característica do acretismo placentário. Diagnóstico • A primeira manifestação clínica consiste em hemorragia profusa, com risco de óbito materno, que ocorre após a tentativa da separação da placenta; ACRETISMO PLACENTÁRIO Anna lillian canuto bittencourt • Toda a placenta ou parte dela permanece firmemente aderia ao útero, sem plano de clivagem, e o volume da hemorragia dependerá da área descolada; • Em casos de placenta pecreta, com invasão de bexiga, pode haver hematúria durante a gestação; • As gestantes portadoras de PP e com antecedente de cirurgia uterina são consideradas de alto risco para acretismo placentário; • Achados ultrassonográficos sugestivos de acretismo placentário: - Espaços hipoecoicos (lacunas placentárias ou lagos venosos) na espessura da placenta; - Adelgaçamento do miométrio adjacente à placenta; - Perda do espaço hipoecoico retroplacentário; - Protrusão da placenta para o interior da bexiga. Complicações • A hemorragia intensa é a principal complicação do acretismo placentário; • Pode provocar CIVD, síndrome do desconforto respiratório do adulto, insuficiência renal, histerectomia periparto e morte materna; • O diagnóstico de acretismo placentário antes do parto promove uma menor perda sanguínea e, assim , menor taxa de transfusões. Conduta • A histerectomia total abdominal é o tratamento ideal para os casos de acretismo placentário; • A placenta deve ser deixada in situ; - A tentativa de descolamento placentário frequentemente resulta em hemorragia intensa. • Após o diagnóstico de acretismo placentário, deve haver um bom planejamento para que situações de urgências sejam evitadas; • A cirurgia eletiva com 36 semanas de gestação pode diminuir muito o índice de complicações. MEDCURSO. Obstetrícia: Sangramento na gestação. Vol 3. 2019. ZUGAIB. Zugaib Tratado de Obstetrícia. 2020. REFERÊNCIAS