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Planejamento Estratégico para Organizações Públicas.pdf Estratégia e Planejamento; Gestão Pública Planejamento Estratégico para Organizações Públicas Enap, 2022 Fundação Escola Nacional de Administração Pública Diretoria de Desenvolvimento Profissional SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF Fundação Escola Nacional de Administração Pública Diretoria de Desenvolvimento Profissional Conteudista/s Fabio Zimmermann (conteudista, 2022). Módulo 1: Pensamento Estratégico ....................................................................... 6 Unidade 1: Contexto Histórico do Planejamento Estratégico ............................6 1.1 Visão Histórica Sobre o Planejamento Estratégico ................................................. 6 1.2 Por Que Elaborar Planos Estratégicos? ..................................................................... 7 Referências ......................................................................................................................... 9 Módulo 2: Construção da Estratégia .................................................................... 10 Unidade 1: Referenciais Estratégicos: Missão, Visão e Valores ........................10 1.1 Conexão Entre Missão, Visão e Planos Estratégicos ............................................. 11 1.2 O Que é Missão Institucional? .................................................................................11 1.3 O Que é Missão Institucional? .................................................................................12 1.4 O Que é e Como Elaborar a Visão de Futuro? ........................................................ 13 1.5 O Que São e Como Elaborar os Valores Institucionais? ....................................... 15 Referências .......................................................................................................................18 Unidade 2: Cadeia de Valor Institucional ............................................................19 2.1 O Que é Cadeia de Valor? .........................................................................................19 2.2 Cadeia de Valor em Organizações Públicas .......................................................... 22 2.3 Como Utilizar a Cadeia de Valor no Processo de Planejamento Estratégico? ... 25 Referências .......................................................................................................................26 Unidade 3: Análise Estratégica ............................................................................. 27 3.1 Modelo de Análise do Contexto Organizacional .................................................. 27 3.2 Análise PESTAL ...........................................................................................................27 3.3 Análise SWOT ..............................................................................................................28 Referências .......................................................................................................................30 Unidade 4: Direcionadores Estratégicos ............................................................. 31 4.1 Áreas Estratégicas de Negócio ................................................................................31 4.2 Eixos Estratégicos Institucionais .............................................................................. 31 Referências .......................................................................................................................32 Sumário 4Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Módulo 3: Tradução da Estratégia ....................................................................... 33 Unidade 1: Mapa Estratégico Institucional .........................................................33 1.1 O Que São Objetivos Estratégicos? ......................................................................... 33 1.1.1 Lógica de Impacto: Diferença de Esforço e Efeito ............................................. 34 1.2 Balanced Scorecard – BSC ........................................................................................38 1.2.1 Lógica de Impacto: Balanced Scorecard - BSC ................................................... 38 1.3 Estrutura Básica de um Mapa Estratégico para Organizações Públicas ............ 39 1.3.1 Lógica de Impacto: Estrutura Básica de um Mapa Estratégico para Organizações Públicas ........................................................................................................................................40 Referências .......................................................................................................................44 Unidade 2: Painel de Indicadores e Meta ............................................................45 2.1 O Que São Indicadores? ...........................................................................................45 2.2 Estrutura Básica de Indicadores ............................................................................. 45 2.3 Estratégias para Definição de Metas ...................................................................... 53 2.4 Modelo de Avaliação de Indicadores ..................................................................... 56 2.5 Modelo de Protocolo de Indicador .......................................................................... 57 Referências .......................................................................................................................61 Unidade 3: Portfólio de Projetos Estratégicos ...................................................62 3.1 Lógica de Impacto: Objetivos e Projetos Estratégicos ......................................... 62 3.2 Framework de seleção de projetos ........................................................................ 62 3.3 Projetos e a Gestão Estratégica .............................................................................. 63 Referências .......................................................................................................................64 Módulo 4: Projeto de Implementação da Gestão Estratégica ..........................65 Unidade 1: Projeto de Elaboração do Planejamento Estratégico ....................65 1.1 Projeto de Implementação da Gestão Estratégica ................................................ 65 Referências .......................................................................................................................67 Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 5 Apresentação e Boas-vindas O curso Planejamento Estratégico para Organizações Públicas visa contribuir para que você possa apoiar os processos de planejamento estratégico aplicados a organizações das quais faz parte, tendo, como referência, práticas e ferramentas orientadas para a Administração Pública Federal (APF). Este curso tem como proposta, apresentar metodologias e autores que são referência sobre a temática, além de buscar as orientações do Governo Federal e a experiência de pessoas que atuam praticando a gestão estratégica em suas instituições. Neste sentido, será usado como apoio para a apresentação do conteúdo o Guia Técnico da Gestão Estratégica do Ministério da Economia. A organização do conteúdo é feita em quatro módulos, em que serão apresentados os elementos chaves da temática do curso, além dos pontos críticos para a elaboração do planejamento estratégico em organizações públicas. Desejamos a você uma ótima jornada de estudos! 6Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Módulo Pensamento Estratégico1 A história da humanidade é marcada por acontecimentos notáveis, que resultam da capacidade inventiva do ser humano e de sua organização social. O presente módulo busca desenvolver o tema “Pensamento Estratégico” a partir de uma perspectiva histórica e evolutiva. Você verá, de forma contextualizada, como esta abordagem evoluiu ao longo do tempo e como ela pode ser aplicada em conjunto com outras ferramentas para apoiar o processo decisório dos gestores. Para começar seus estudos é importante que você compreenda a evolução histórica do planejamento estratégico. Para isso, clique no vídeo a seguir. Como visto, para que existisse a atual estrutura de planejamento estratégico foi necessário que as organizações de indústria e mercado se estabelecessem multinacionalmente e impulsionassem avanços na tecnologia, sociedade e na economia. A seguir você verá por qual motivo é importante elaborar um planejamento estratégico. Unidade 1: Contexto Histórico do Planejamento Estratégico Objetivo de aprendizagem Ao final desta unidade você será capaz de reconhecer a evolução das abordagens sobre planejamento estratégico. 1.1 Visão Histórica Sobre o Planejamento Estratégico Videoaula: Breve história do planejamento estrategico https:// https://cdn.evg.gov.br/cursos/692_EVG/video/modulo01_video01/index.html Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 7 Elaborar planos estratégicos é um assunto que pode parecer intuitivo para muitos, contudo gera alguns questionamentos, e para iniciar seus estudos sobre o tema você pode refletir sobre a seguinte pergunta: Por que planejar? Para responder a essa questão, é necessário assumir que as organizações fazem parte de uma realidade imaginada, ou seja, elas não são definidas apenas pelas pessoas, a infraestrutura e a tecnologia que as compõem. Para além de tais elementos, as organizações são definidas também pelos propósitos, valores e rituais que a mantém viva. O planejamento é uma oportunidade em que as organizações reforçam componentes como: • Sentido Expressa propósitos e valores para colaborares e sociedade. • Movimento Demonstra a capacidade de mudança e adaptação da organização. • Resultado Expressa a projeção de resultados que foram planejados. Em uma perspectiva prática, existem alguns pontos que reforçam a importância do planejamento, sendo os seguintes: 1.2 Por Que Elaborar Planos Estratégicos? 1 Alcançar objetivos: orientação dos esforços de líderes e colaboradores para que a organização alcance objetivos tangíveis transparentes. 2 Priorização mais realista do trabalho: priorização dos temas que impulsionam a organização para alcançar os objetivos e resultados almejados. 3 Organização e pessoas: alinhamento e fortalecimento das competências técnicas, gerenciais e de liderança. 4 Sistematização do processo decisório: definição de um processo formal de tomada de decisões sobre objetivos, metas e projetos. 8Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Tendo em vista que hoje se discute sobre o Mundo 4.0 (mundo da quarta revolução industrial), é preciso ter clareza sobre a profunda transformação da forma como você vive, trabalha e em como trava relações em seu meio social. Existe uma alteração constante das demandas da sociedade, o que faz com que os modelos de planejamento e gestão estratégica sejam cada vez mais pressionados por adaptações que considerem mecanismos digitais como: Big Data, Internet das Coisas, Inteligência Artificial, etc. Nesse sentido, vale ressaltar a importância de que toda organização esteja atenta, flexível e receptiva a mudanças. Que bom que você chegou até aqui! Chegou a hora de você testar seus conhecimentos. Então, acesse o exercício avaliativo que está disponível no ambiente virtual. Bons estudos! 5 Acesso mais rápido a informação de maior qualidade: disponibilização de informações de forma tempestiva para a tomada de decisões. 6 Capacidade de planejamento e alocação de recursos: fortalecer a gestão como forma de alcançar resultados e ter orientação financeira. Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 9 MATOS, F. G.; CHIAVENATO, I. Visão e Ação Estratégica. São Paulo: Makron Books, 1999. MENEGOLLA, Maximiliano; SANT’ANNA, Ilza Martins. Por que planejar? Como Planejar?, 10ª Ed. Petrópolis: Vozes, 2001. MINTZBERG, Henry; AHLSTRAND, Bruce; LAMPEL, Joseph. Safári de Estratégia: Um Roteiro pela Selva do Planejamento Estratégico. Porto Alegre: Bookman, 2000. Referências 10Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Módulo Construção da Estratégia2 Neste módulo você conhecerá os conceitos e o processo para construção da estratégia organizacional. Trata-se de um processo longo que tem início com a identificação ou definição dos referenciais estratégicos institucionais e se encerra com a definição dos direcionadores estratégicos. A construção da estratégia deve ser entendida como o processo de elaboração do planejamento. Sendo assim, os temas desse módulo estão organizados da seguinte maneira: • definição dos referenciais estratégicos da organização; • elaboração da cadeia de valor como referência para elaboração do planejamento estratégico; • realização da análise estratégica do contexto organizacional; e • definição dos direcionadores estratégicos. Esses passos são fundamentais para a elaboração do plano estratégico, uma vez que eles indicam os desafios externos e internos que a instituição deverá enfrentar. Unidade 1: Referenciais Estratégicos: Missão, Visão e Valores Objetivo de aprendizagem Ao final desta unidade você será capaz de esclarecer o que são os referenciais estratégicos da organização. Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 11 A missão é uma declaração que comunica e expressa em um texto a razão de a organização existir. No entanto, a missão é muito mais que um simples texto, ela está traduzida nas pessoas, no trabalho que elas fazem e no porquê elas fazem. Assim, o texto da missão busca fortalecer e orientar a ação dos colaboradores. Todo planejamento estratégico está conectado a um contexto e a uma perspectiva temática (ou institucional). Do ponto de vista institucional é fundamental compreender a relação dos referenciais estratégicos e dos planos estratégicos. Para compreender como funciona essa relação, assista a videoaula a seguir. As organizações fazem parte do que é chamado de realidade imaginada, ou seja, não são apenas a infraestrutura física, a tecnológica e as pessoas que as definem, mas sim seus propósitos, valores e rituais que a mantém viva. No contexto interno das organizações, a missão tem a função de conectar as pessoas a seu propósito. No contexto externo, a missão é uma forma de se diferenciar de outras instituições e criar sua identidade. Mas o que é a missão institucional? Como apresentado na videoaula, é possível estabelecer uma relação temporal entre os sucessivos planos estratégicos para o cumprimento da missão na direção da visão de futuro. Esse entendimento é importante para a conexão entre gestões com o objetivo de garantir a continuidade do planejamento estratégico. Há diversas abordagens de planejamento estratégico organizacional, que dão origem a diferentes metodologias. Entre virtudes e limitações, essas metodologias seguem sendo 1.1 Conexão Entre Missão, Visão e Planos Estratégicos 1.2 O Que é Missão Institucional? Videoaula: Conexão entre missão, visão e planos estratégicos https:// https://cdn.evg.gov.br/cursos/692_EVG/video/modulo02_video02/index.html 12Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública continuamente aperfeiçoadas e adaptadas a diferentes realidades e aplicações. Você pode se perguntar “Qual o melhor método para aplicação no setor público brasileiro?” Essa não é uma questão trivial, pois inúmeras variáveis devem ser consideradas. Entretanto, pensando nesse questionamento, o Ministério da Economia, em 2019, lançou a primeira versão do Guia Técnico de Gestão Estratégica. Esse documento pretende estabelecer uma referência metodológica para as organizações públicas, estabelecendo conceitos, artefatos e processos para o planejamento e gestão estratégica. Em alguns momentos deste curso, serão usadas passagens de texto deste documento para que você possa ampliar seus conhecimentos acerca das temáticas abordadas. Assim, alinhando-se a essa proposta, o texto a seguir foi retirado do Guia Técnico de Gestão Estratégica e nele são destacados alguns pontos referentes à missão institucional. A elaboração da missão institucional pode ser guiada por um conjunto de elementos estruturantes. Na videoaula a seguir serão explanados esses conjuntos de elementos, clique e assista a explicação. 1.3 O Que é Missão Institucional? Videoaula: Como elaborar uma missão institucional Em conjunto, a missão, a visão e os valores constituem o referencial estratégico da organização. A missão é uma declaração concisa da razão de ser da organização, que expressa o que ela faz (produtos, serviços e valor), para quem ela faz (usuários, beneficiários e cidadãos) e, em alguns casos, de que maneira ela faz. A missão não é uma descrição da organização, mas uma expressão dos líderes sobre seus desejos e intenções para o futuro, que cria um senso de identidade e comunica o propósito da organização para funcionários, clientes, fornecedores e partes interessadas. Uma missão clara e motivadora ajuda a organização a focar em inovações que são críticas para o seu alcance. (BRASIL, 2020, p. 29). https:// https://cdn.evg.gov.br/cursos/692_EVG/video/modulo02_video03/index.html Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 13 A visão de futuro reflete a transformação que a instituição deseja alcançar no cumprimento de sua missão, tendo como característica: • transmitir uma noção de direção; • apresentar uma noção de destino; • ser positiva e inovadora; • ser desafiadora, mas viável; e • ser compartilhada e apoiada por todos. Como apresentado na videoaula, o texto da missão institucional pode ser elaborado a partir de uma estrutura padrão, sendo um bom ponto de partida para sua definição. A missão institucional pode ser elaborada considerando em seu texto alguns elementos. 1.4 O Que é e Como Elaborar a Visão de Futuro? 1 Razão de ser da organização Relacionada à pergunta orientadora: “por que a instituição existe?” A resposta está relacionada ao problema em que se pretende atuar ou ao benefício a ser criado. 2 Seu público-alvo/beneficiário Relacionada à pergunta orientadora: “para quem a instituição existe?” Está relacionada aos clientes e/ou beneficiários diretos dos negócios da organização. 3 Seu “negócio” ou linhas de produtos/Serviços Relacionada à pergunta orientadora: “o que faz?” ou “que produtos/serviços a instituição entrega à sociedade?” São apresentados os serviços ou entregas que mais comunicam com o público- alvo da instituição. 4 Valores Relacionada à pergunta orientadora: “qual a forma como faz?” São as premissas e crenças da organização que conectam com seu público-alvo. 14Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública No setor público deve-se buscar uma forma participativa para construção da visão de futuro. Não existe uma estrutura padrão ou modelo para elaboração dessa visão, entretanto é possível observar características comuns. Visão de Futuro do Clima Organizacional. Fonte: Freepik (2022). Elaboração: CEPED/UFSC (2022). A proposição de uma visão de futuro tem características do modelo visionário de conduzir grupos, o que significa que tem repercussão positiva no clima organizacional, uma vez que projeta a visão de novos tempos. Visão da Embrapa Ser protagonista e parceira essencial na geração e no uso de conhecimentos para o desenvolvimento sustentável da agricultura brasileira até 2030. Visão do TCU Ser referência na promoção de uma Administração Pública efetiva, ética, ágil e responsável. Visão da Enap Ser o ambiente onde o setor público se transforma em competência, conhecimento, inovação, atitude, resultado e valor. Visão do Conselho Nacional de Combate à Pirataria Todos os brasileiros contra a pirataria. Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 15 O Guia Técnico de Gestão Estratégica disserta sobre a orientação da visão de futuro da seguinte maneira: Os valores são convicções e premissas dominantes da organização que refletem e exaltam o comportamento das pessoas. Sobre a temática, vale ressaltar o seguinte questionamento: no âmbito do planejamento estratégico, qual a função dos valores? Em suma, eles inspiram o comportamento das pessoas e são norteadores da gestão estratégica. Existem valores que são pontos comuns nos planejamentos das organizações, tais como os ilustrados na imagem abaixo. 1.5 O Que São e Como Elaborar os Valores Institucionais? A visão é uma projeção da organização em uma situação futura madura e bem-sucedida. A visão não é uma utopia, mas um cenário atingível em um prazo de 10-30 anos, que considera o presente da organização em sua formulação. A visão reflete a habilidade da organização de entender a diferença entre o que não deve mudar, a ideologia essencial da organização, e o que deve estar aberto à mudança, o futuro envisionado. A ideologia essencial é um conjunto reduzido de princípios atemporais, que fortalecem as conexões e a coesão interna da organização. Essa ideologia não é criada, mas descoberta, por meio do exame cuidadoso dos valores que inspiram e guiam seus membros. Já o futuro envisionado define o que a organização aspira a ser, alcançar e criar, exigindo mudanças constantes na medida em que o ambiente externo também muda. O futuro envisionado deve compreender um objetivo audacioso, que requer um esforço extraordinário e um pouco de sorte para ser alcançado. Esse objetivo deve ser descrito de forma viva, vibrante e específica, traduzindo em imagens como seria alcança-lo. (BRASIL, 2020, p. 29). 16Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Valores Institucionais. Fonte: Brasil (2020). Elaboração: CEPED/UFSC (2022). A questão que fica é: devemos colocar no planejamento comportamentos de referência existentes ou aqueles que queremos desenvolver? Há alguma divergência nesse ponto. Alguns planos apontam para valores desejáveis, mesmo que ainda não se demonstrem como comportamentos. Entretanto, considerando que a função dos valores é estabelecer condutas da organização, é importante destacar aqueles comportamentos existentes que devem ser ressaltados e incentivados. Os valores institucionais também são citados pelo Guia Técnico de Gestão Estratégica da seguinte maneira: A elaboração dos valores institucionais deve ser realizada de forma participativa, envolvendo os trabalhadores dos diversos níveis da organização. Os valores, ideias fundamentais em torno das quais se constrói a organização, representam as convicções dominantes e as crenças básicas subjacentes ao comportamento das pessoas. Além de permear as atividades e as relações com clientes e partes interessadas, os valores orientam a tomada de decisão nas situações de ambiguidade ou quando a experiência não é suficiente para reduzir a incerteza. Para identificar os valores Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 17 Você chegou ao final desta unidade de estudo. Caso ainda tenha dúvidas, reveja o conteúdo e se aprofunde nos temas propostos. Até a próxima! centrais da organização, idealmente entre três e cinco, é preciso ser o mais honesto possível, tomando cuidado para não confundir valores centrais, imutáveis, com práticas operacionais, estratégias comerciais ou normas culturais, que devem estar abertas a mudanças. Após a criação de uma lista preliminar, é necessário questionar os valores, imaginando diferentes circunstâncias que poderiam penalizar a organização por mantê- los – os valores devem resistir ao teste do tempo. (BRASIL, 2020, p. 29). 18Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública ALMEIDA, Léo G. Gestão de Processos e a Gestão Estratégica. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002. BRASIL. Ministério da Economia. Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital. Guia Técnico de Gestão Estratégica. Brasília, DF: ME, 2020. COLLINS, J. C.; PORRAS, J. I. Construindo a visão da empresa. Harvard Business Review. Rio de Janeiro: Campus, 1993. FREEPIK COMPANY. [Banco de Imagens]. Freepik, Málaga, 2022. Disponível em: https://www.freepik.com/. Acesso em: 26 abr. 2022. HENDERSON, Bruce C. As origens da estratégia. In: MONTGOMERY, Cynthia; PORTER, Michael. Estratégia: a busca da vantagem competitiva, 5 ed. Rio de Janeiro: Campus, 1998. KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. A Estratégia em Ação Balanced Scorecard. Rio de Janeiro: Campus, 1997. KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. Mapas estratégicos: Convertendo ativos intangíveis em resultados tangíveis. 8 Ed., Rio de Janeiro: Campus, 2004. KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. Organização orientada para a estratégia. Rio de Janeiro: Campus, 2001. PORTER, M.E. Vantagem Competitiva: criando e sustentando um desempenho superior. Rio Janeiro: Campus, 1989. SHANK, J.K.; GOVINDARAJAN, V. Strategic cost management: the new toll for competitive advantage. New York: The Free Press, 1993. Referências https://www.freepik.com/ Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 19 Unidade 2: Cadeia de Valor Institucional Objetivo de aprendizagem Ao final desta unidade você será capaz de esclarecer o que é a cadeia de valor como referência para a elaboração do planejamento estratégico. A cadeia de valor é uma forma de representar uma determinada organização por meio de seus processos. Assista a videoaula a seguir em que são apresentados os elementos centrais para formação da cadeia de valor. 2.1 O Que é Cadeia de Valor? Como exposto na videoaula, a cadeia de valor auxilia o entendimento do modelo de negócio organizacional, da sua rede de fornecedores e dos principais públicos que a organização atende. Não apenas isso, a adoção ou abordagem de processos em uma organização é refletida pelo entendimento da sua cadeia de valor e consequente desdobramento de diversas cadeias de valor de suas unidades, divididas na estrutura da organização. Em outras palavras, uma instituição pode ser entendida a partir da visão de suas cadeias de valor desdobradas. A partir de uma representação gráfica de seus principais macroprocessos essa mesma organização busca uma lógica para estruturar e comunicar internamente (e externamente) o que e como pretende agregar valor para seus beneficiários. A cadeia de valor é o fluxo de atividades que parte da origem dos recursos e vai até a entrega de um conjunto de “valores” (produtos e serviços) aos diversos públicos-alvo atendidos. Videoaula: O que é cadeia de valor? https:// https://cdn.evg.gov.br/cursos/692_EVG/video/modulo02_video04/index.html 20Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública A palavra-chave aqui é macroprocesso! Ele pode ser entendido como um conjunto de processos executados de forma ordenada, em uma ou mais unidades, para o cumprimento de objetivos e metas da organização. Macroprocesso, portanto, traz a integração de vários processos alinhados entre si para alcançar um determinado resultado. Ilustração simplificada de um macroprocesso. Elaboração: CEPED/UFSC (2022). Trata-se de uma abstração, de uma forma resumida de comunicar os principais valores entregues por uma instituição, departamento, unidade ou área, funcionando como o conjunto de processos fundamentais para o cumprimento da missão da organização e estabelecendo uma relação direta com os seus clientes. Porter diz o seguinte sobre cadeia de valores: O mesmo autor ainda afirma que: “A cadeia de valores desagrega uma empresa nas suas atividades de relevância estratégica para que se possa compreender o comportamento dos custos e as fontes existentes e potenciais de diferenciação” (PORTER, 1989, p. 31). “Toda empresa é uma reunião de atividades que são executadas para projetar, produzir, comercializar, entregar e sustentar seu produto. Todas essas atividades podem ser representadas, fazendo-se uso de uma cadeia de valores” (PORTER, 1989, p. 33). Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 21 Esquema de cadeia de valor. Elaboração: CEPED/UFSC (2022). Segundo Paim (2009), os processos podem ser classificados de diversas formas que ajudam seu entendimento. Uma dessas formas é classificar os processos quanto à sua finalidade. Essa forma de classificação é bem útil na formação de cadeias de valores, pois possibilita organizar os macroprocessos em três grandes grupos: • processos de governança – relacionados com o gerenciamento da organização e visam promover a realização das atividades e os recursos, hoje e no futuro; • processos finalísticos – relacionados com a produção e/ou entrega dos produtos (bens ou serviços) finais que a organização oferece; • processos de suporte – dão suporte aos processos finalísticos e de gestão. Você pode analisar um esquema de cadeia de valor com esta forma de classificação de processos na imagem abaixo. 22Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Modelo de cadeia de valor. Fonte: Brasil (2020). Elaboração: CEPED/UFSC (2022). Ao aplicar o conceito da cadeia de valor nas organizações públicas é necessário realizar algumas adaptações que não impactam a ferramenta ou seu entendimento. Assista a videoaula a seguir em que serão apresentas essas especificidades. A cadeia de valor é uma ferramenta muito útil para a interpretação e comunicação das principais funções da organização. O texto a seguir foi retirado do Guia Técnico de Gestão Estratégica e detalha seu entendimento sobre os macroprocessos aplicados ao setor público. 2.2 Cadeia de Valor em Organizações Públicas Videoaula: Cadeia de valor em Organizações Públicas A cadeia de valor é uma ferramenta bastante útil para representar e entender o funcionamento das organizações da APF. Para facilitar sua construção no processo de gestão estratégica, este guia apresenta uma cadeia de valor genérica, baseada no conceito de função - um conjunto de atividades com características e objetivos semelhantes. No modelo proposto, representado na figura abaixo, essas funções foram agrupadas em três categorias maiores: funções finalísticas, funções de governança e funções de gestão: https:// https://cdn.evg.gov.br/cursos/692_EVG/video/modulo02_video05/index.html Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 23 As funções finalísticas da administração foram definidas de acordo com a tipologia funcional-programática de classificação de despesas do Manual Técnico do Orçamento 2019 (MTO), com o objetivo de facilitar a integração entre os planos estratégicos organizacionais, os programas do PPA e as ações orçamentárias. Para as funções de governança e gestão, o guia apresenta uma tipologia baseada nos sistemas estruturadores da APF. Previstos no Decreto-Lei n.º 200/196718 e em normas posteriores, os sistemas estruturantes são mecanismos que organizam as funções de suporte (auxiliares) da Administração sob a coordenação e supervisão de um órgão central. Parte dos processos executados nesses sistemas está centralizado em sistemas de informação gerenciados por órgãos centrais. A classificação das funções de governança e gestão, apesar de fundamentada na tipologia dos sistemas estruturantes, não coincide integralmente com ela. A classificação em funções não reconhece a fragmentação de atividades que, apesar de semelhantes, estão sob a responsabilidade de diferentes órgãos centrais. Refletir sobre os sistemas estruturantes sob a perspectiva funcional levanta questões importantes, relacionadas aos arranjos institucionais, à governança e à integração de sistemas de informação, estruturas e processos a eles vinculados. Funções Finalísticas As funções ou macroprocessos finalísticos correspondem às atividades primárias da cadeia de valor. Em organizações públicas, essas atividades estão relacionadas à área de atuação, às competências legais e aos mandatos políticos das organizações, que determinam os programas, projetos e processos que geram os resultados sociais desejados e criam valor público para seus clientes, usuários e beneficiários. Funções de Governança Segundo a Organização para Cooperação dos Países em Desenvolvimento (OCDE), a governança pública compreende o desenho, a execução e a avaliação formal e informal das regras, processos e interações entre instituições e atores que compõem o Estado, e entre o Estado e os cidadãos, individualmente ou organizados. Esses processos determinam o exercício da autoridade pública e da tomada de decisões para antecipar desafios e sustentar melhorias na prosperidade e no bem-estar geral da sociedade. A governança combina valores (características comportamentais que orientam a governança pública em todas as suas dimensões), facilitadores (práticas que permitem a correta identificação de problemas, desafios, concepção, implementação e avaliação de reformas) e ferramentas (instrumentos de política e gestão). 24Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Na APF, a governança é orientada pelo Decreto n.º 9.203/20178 que, além de diretrizes e princípios, define a liderança, a gestão estratégica e o controle como principais mecanismos de governança. O decreto também destaca a gestão da integridade, a gestão de riscos, a participação e controle social e a comunicação “aberta, voluntária e transparente das atividades e resultados” como elementos essenciais à boa governança pública, delegando a gestão desses mecanismos aos comitês internos de governança, que se reportam ao Comitê Interministerial de Governança (CIG), coordenado pela Casa Civil da Presidência da República. A governança, que também ocorre no âmbito das funções, sistemas estruturantes e processos internos organizacionais, é fundamental para alinhar e dar coerência entre os objetivos e os meios usados para alcançar os resultados desejados pela sociedade. Considerando o arcabouço jurídico-institucional existente, e para dar coerência ao próprio conceito, este guia entende a governança como um subconjunto de atividades de suporte que envolve decisões sobre as diretrizes, normas, planos, programas, estruturas, serviços, processos, procedimentos e recursos para realizar as atividades da organização. Também considera os interesses, as necessidades e os direitos das partes interessadas e da sociedade e regula as interações entre elas e o governo. Essas funções, que impactam diretamente a legitimidade das organizações públicas, compreendem o planejamento e orçamento, a gestão estratégica, a modernização organizacional, o controle interno, a participação e controle social, a comunicação e relações institucionais e a consultoria jurídica. Funções de Suporte As funções ou macroprocessos de suporte correspondem às atividades de suporte na cadeia de valor que são comuns aos órgãos e entidades da APF. Na maior parte dos casos, essas atividades são normatizadas, coordenadas e supervisionadas por um ou mais órgãos centrais e apoiadas por diferentes sistemas de informação. Essas funções são: gestão de pessoas, gestão de TIC, gestão da informação, gestão da logística pública, transferência de recursos e gestão financeira, contábil e de custos. (BRASIL, 2020, p. 16-26). Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 25 Agora que você já sabe o que é a cadeia de valor, a questão que permanece é: “qual sua relação com o planejamento estratégico e como utilizá-la para esse fim?” A videoaula a seguir contextualiza sua aplicação no processo de planejamento estratégico. Clique e assista! Como demonstrado na videoaula, a cadeia de valor pode ser utilizada para orientação do diagnóstico, o que torna mais precisa a identificação dos problemas e desafios internos da organização. Você chegou ao final desta unidade de estudo. Caso ainda tenha dúvidas, reveja o conteúdo e se aprofunde nos temas propostos. Até a próxima! 2.3 Como Utilizar a Cadeia de Valor no Processo de Planejamento Estratégico? Videoaula: Como utilizar a cadeia de valor no Processo de Planejamento Estratégico https:// https://cdn.evg.gov.br/cursos/692_EVG/video/modulo02_video06/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/692_EVG/video/modulo02_video06/index.html 26Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública ALMEIDA, Léo G. Gestão de Processos e a Gestão Estratégica. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002. BRASIL. Ministério da Economia. Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital. Guia Técnico de Gestão Estratégica. Brasília, DF: ME, 2020. COLLINS, J. C.; PORRAS, J. I. Construindo a visão da empresa. Harvard Business Review. Rio de Janeiro: Campus, 1993. HENDERSON, Bruce C. As origens da estratégia. In: MONTGOMERY, Cynthia; PORTER, Michael. Estratégia: a busca da vantagem competitiva, 5 ed. Rio de Janeiro: Campus, 1998. KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. A Estratégia em Ação Balanced Scorecard. Rio de Janeiro: Campus, 1997. KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. Mapas estratégicos: Convertendo ativos intangíveis em resultados tangíveis. 8 Ed., Rio de Janeiro: Campus, 2004. KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. Organização orientada para a estratégia. Rio de Janeiro: Campus, 2001. PAIM, R. et al. Gestão de Processos: pensar, agir e aprender. Porto Alegre: Bookman, 2009. PORTER, M.E. Vantagem Competitiva: criando e sustentando um desempenho superior. Rio Janeiro: Campus, 1989. SHANK, J.K.; GOVINDARAJAN, V. Strategic cost management: the new toll for competitive advantage. New York: The Free Press, 1993. Referências Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 27 Unidade 3: Análise Estratégica Objetivo de aprendizagem Ao final desta unidade você será capaz de reconhecer as ferramentas básicas para a realização de análise estratégica. O planejamento estratégico se inicia pelo diagnóstico e análise dos contextos internos e externos da organização. Clique na videoaula a seguir e assista sobre as formas de investigação, construção de cenários propositivos e levantamento de desafios internos. Assim como demonstrado na videoaula, a análise de contexto busca investigar o cenário de atuação da organização e a descrição da sua situação atual. Essas informações são fundamentais para o desenho da estratégia e o posicionamento dos desafios institucionais. Uma das ferramentas utilizadas para investigação do ambiente externo da organização é a PESTAL. Clique na videoaula a seguir para conhecer detalhes dessa técnica. Como apresentado na videoaula, o diagnóstico do contexto organizacional pode ser apoiado por um conjunto de ferramentas e artefatos aplicados à realidade institucional. O texto a seguir retirado do Guia Técnico de Gestão Estratégica traz uma explicação aprofundada sobre o que é a ferramenta PESTAL. 3.1 Modelo de Análise do Contexto Organizacional 3.2 Análise PESTAL Videoaula: Modelo de Análise do Contexto Organizacional Videoaula: Análise PESTAL https:// https://cdn.evg.gov.br/cursos/692_EVG/video/modulo02_video07/index.html https:// https://cdn.evg.gov.br/cursos/692_EVG/video/modulo02_video08/index.html 28Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Como visto, a ferramenta PESTAL possibilita a investigação do ambiente externo da organização. No caso da ferramenta SWOT a busca se volta para a integração das análises dos ambientes externo e interno. Clique na videoaula a seguir para entender mais sobre essa ferramenta. Videoaula: Análise SWOT 3.3 Análise SWOT A análise do ambiente fornece um diagnóstico situacional indispensável para formular o plano estratégico, ao considerar os fatores internos e externos que impactam o funcionamento da organização e o alcance de sua missão institucional. Dependendo do método utilizado, a análise ambiental permite que diferentes partes interessadas, inclusive externas à organização, participem do processo de planejamento estratégico. Diferentes metodologias podem ser usadas para a análise ambiental. A análise SWOT (forças, fraquezas, ameaças e oportunidades) pode ser usada para identificar, priorizar e relacionar fatores internos e externos que impactam a estratégia da organização. Relações fortes entre forças e oportunidades sugerem a adoção de estratégias agressivas, enquanto relações fortes entre fraquezas e ameaças são alertas para o uso de estratégias defensivas. A análise externa pode ser enriquecida com outros tipos de análise, como a análise PESTAL ou PESTLE, que categoriza os fatores externos em políticos, econômicos, sociais, tecnológicos, legais e ambientais. Para reduzir a incerteza na tomada de decisão, as análises prospectivas de cenários usam desde métodos lógico-intuitivos, como painéis de especialistas, até técnicas estatísticas avançadas, como a análise de regressão multivariada, para projetar cenários alternativos com informações do presente. Já a análise regressiva (backcasting), ao contrário da análise prospectiva, define um futuro desejável para a organização e, a partir dele, determina as ações necessárias para concretizá-lo. (BRASIL, 2020, p. 27-28). https:// https://cdn.evg.gov.br/cursos/692_EVG/video/modulo02_video09/index.html Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 29 A análise SWOT tem como objetivo a avaliação dos fatores internos e externos que influenciam a organização. A análise das características internas da organização revela forças e fraquezas sob um ponto de vista estratégico, bem como permite identificar as suas causas. • Forças são fenômenos ou condições internas capazes de auxiliar, por longo tempo, o desempenho ou o cumprimento da missão e dos objetivos da instituição. • Fraquezas são situações, fenômenos ou condições internas, que podem dificultar a realização da missão e o cumprimento dos objetivos da instituição. A análise das características externas da organização permite construir uma visão integrada das principais tendências de curto, médio e longo prazo do contexto de atuação da organização, sinalizando as oportunidades e ameaças na realização de sua missão e na construção de sua visão de futuro. • As oportunidades são tendências de situações ou acontecimentos externos à organização, que podem auxiliá-la a alcançar seus objetivos e sua missão. • As ameaças são tendências de situações ou acontecimentos que podem prejudicar a organização na busca de seus objetivos e de sua missão. A análise SWOT é uma ferramenta utilizada para análises de cenários organizacionais, servindo como base para a gestão e o planejamento estratégico de uma organização, Devido à sua simplicidade, a SWOT pode ser utilizada para qualquer tipo de análise de cenário. É uma “fotografia” tirada do ambiente global da organização, em que se têm uma visão do terreno em que ela se encontra. A ferramenta serve de apoio para que as fraquezas sejam minimizadas e os pontos fortes maximizados e melhor aproveitados. Isso é feito por meio de uma estratégia que contemple, ao mesmo tempo, as oportunidades do ambiente externo, o que a organização poderá fazer para aproveitá-las da melhor forma, e também como repelir as principais ameaças que podem prejudicar a sua atuação. Você chegou ao final desta unidade de estudo. Caso ainda tenha dúvidas, reveja o conteúdo e se aprofunde nos temas propostos. Até a próxima! 30Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública ALMEIDA, Léo G. Gestão de Processos e a Gestão Estratégica. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002. BRASIL. Ministério da Economia. Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital. Guia Técnico de Gestão Estratégica. Brasília, DF: ME, 2020. COLLINS, J. C.; PORRAS, J. I. Construindo a visão da empresa. Harvard Business Review. Rio de Janeiro: Campus, 1993. HENDERSON, Bruce C. As origens da estratégia. In: MONTGOMERY, Cynthia; PORTER, Michael. Estratégia: a busca da vantagem competitiva, 5 ed. Rio de Janeiro: Campus, 1998. KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. A Estratégia em Ação Balanced Scorecard. Rio de Janeiro: Campus, 1997. KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. Mapas estratégicos: Convertendo ativos intangíveis em resultados tangíveis. 8 Ed., Rio de Janeiro: Campus, 2004. KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. Organização orientada para a estratégia. Rio de Janeiro: Campus, 2001. PORTER, M.E. Vantagem Competitiva: criando e sustentando um desempenho superior. Rio Janeiro: Campus, 1989. SHANK, J.K.; GOVINDARAJAN, V. Strategic cost management: the new toll for competitive advantage. New York: The Free Press, 1993. Referências Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 31 Unidade 4: Direcionadores Estratégicos Objetivo de aprendizagem Ao final desta unidade você será capaz de reconhecer o que são direcionadores estratégicos. O planejamento estratégico projeta, alinhado à visão de futuro, os objetivos para as atividades finalísticas da organização. Assista a videoaula a seguir em que é apresentado como identificar e utilizar as áreas estratégicas de negócio para essa elaboração. As áreas estratégicas de negócio podem orientar os eixos estratégicos. Esses eixos são os caminhos escolhidos para atingir os objetivos de cada área de negócio projetada. Assista a videoaula a seguir para conhecer os eixos estratégicos. Os eixos estratégicos representam o direcionamento a ser adotado para os negócios institucionais. Sua definição orienta a postulação de objetivos em dimensões distintas como o desenvolvimento de capacidades e recursos organizacionais. Que bom que você chegou até aqui! Chegou a hora de você testar seus conhecimentos. Então, acesse o exercício avaliativo que está disponível no ambiente virtual. Bons estudos! Assim como exposto na videoaula, as áreas estratégicas de negócio são importantes para orientar a definição de objetivos estratégicos de alto nível da organização e seus desafios para os próximos anos. 4.1 Áreas Estratégicas de Negócio 4.2 Eixos Estratégicos Institucionais Videoaula: Áreas estratégicas de negócio Videoaula: Eixos Estratégicos Institucionais https:// https://cdn.evg.gov.br/cursos/692_EVG/video/modulo02_video10/index.html https:// https://cdn.evg.gov.br/cursos/692_EVG/video/modulo02_video11/index.html 32Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública ALMEIDA, Léo G. Gestão de Processos e a Gestão Estratégica. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002. BRASIL. Ministério da Economia. Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital. Guia Técnico de Gestão Estratégica. Brasília, DF: ME, 2020. COLLINS, J. C.; PORRAS, J. I. Construindo a visão da empresa. Harvard Business Review. Rio de Janeiro: Campus, 1993. HENDERSON, Bruce C. As origens da estratégia. In: MONTGOMERY, Cynthia; PORTER, Michael. Estratégia: a busca da vantagem competitiva, 5 ed. Rio de Janeiro: Campus, 1998. KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. A Estratégia em Ação Balanced Scorecard. Rio de Janeiro: Campus, 1997. KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. Mapas estratégicos: Convertendo ativos intangíveis em resultados tangíveis. 8 Ed., Rio de Janeiro: Campus, 2004. KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. Organização orientada para a estratégia. Rio de Janeiro: Campus, 2001. PORTER, M.E. Vantagem Competitiva: criando e sustentando um desempenho superior. Rio Janeiro: Campus, 1989. SHANK, J.K.; GOVINDARAJAN, V. Strategic cost management: the new toll for competitive advantage. New York: The Free Press, 1993. Referências Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 33 Módulo Tradução da Estratégia3 Este módulo aborda as ferramentas de gestão aplicadas ao planejamento estratégico com o objetivo de estruturar os eixos estratégicos. Estes devem ser estruturados em mecanismos gerenciais que permitam a comunicação e integração das pessoas, a orientação de esforços, o monitoramento e a avaliação do plano estratégico. A organização do módulo está estruturada nos seguintes temas: • definição dos objetivos e do mapa estratégico; • organização de um painel de indicadores e metas que traduzam os objetivos estratégicos; • definição de uma carteira de projetos alinhados aos objetivos estratégicos. Esses temas são elementos basilares do plano estratégico institucional, e são fundamentais para a implementação da estratégia. Unidade 1: Mapa Estratégico Institucional Objetivo de aprendizagem Ao final desta unidade você será capaz de reconhecer objetivos estratégicos institucionais organizados em um mapa estratégico. Os objetivos estratégicos representam os desafios que a organização define no âmbito do seu planejamento estratégico. Assista a videoaula a seguir para conhecer detalhes de tais objetivos. 1.1 O Que São Objetivos Estratégicos? 34Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Assim como explicado na videoaula, os objetivos estratégicos possibilitam a compreensão do caminho que a organização deseja trilhar no cumprimento de sua missão e para alcançar a visão de futuro. Os objetivos podem ser traduzidos como efeitos ou transformações que ocorrem em um contexto, por causa de uma intervenção planejada. Essas mudanças podem ser percebidas e organizadas em escalas ou níveis de impacto. Veja, em um exemplo abaixo, um contexto em que esta lógica de impacto poderia ser aplicada. Exemplo 1 A realização de um curso gera um produto direto como resultado de uma ação (curso realizado). Resultado Nível 1 Como primeiro efeito desse curso pode-se imaginar o aprendizado dos alunos sobre os conteúdos apresentados; Resultado Nível 2 Em um segundo momento, pode-se imaginar um novo impacto, como uma aplicação das ferramentas ensinadas durante o curso no ambiente de trabalho dos participantes; e Resultado Nível 3 Em uma escala superior, pode-se imaginar como outro efeito a melhoria na geração de benefícios diretos às comunidades. A perspectiva acima, de lógica de impacto, pode ser aplicada em diversos contextos, sendo possível obter na gestão institucional algo semelhante ao exemplo abaixo: Exemplo 2 • Ação: modificar o cardápio das merendas das escolas municipais. • Produto da ação: cardápio das merendas das escolas com balanço nutricional elaborado. 1.1.1 Lógica de Impacto: Diferença de Esforço e Efeito Videoaula: O que são objetivos estratégicos? https:// https://cdn.evg.gov.br/cursos/692_EVG/video/modulo03_video12/index.html Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 35 • Objetivo do projeto: melhorar a qualidade da merenda dos alunos em escolas municipais. • Objetivo estratégico institucional: reduzir o analfabetismo no município. Exemplo de lógica de impacto. Elaboração: CEPED/UFSC (2022). A figura acima ilustra a lógica proposta no exemplo 2. É criada uma linha de impacto na qual uma intervenção pontual (ação) é capaz de promover uma reação em cadeia que deve ser quantificada, monitorada e avaliada. A lógica do planejamento é, portanto, estabelecer uma aposta de que com a análise dos dados da realidade e dos atores envolvidos e com o aporte dos recursos necessários (humanos, financeiros, tecnológicos, dentre outros) pode-se promover as mudanças desejadas. 36Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Exemplo de gestão de resultados. Elaboração: CEPED/UFSC (2022). Atendendo a esta lógica, no caso do exemplo 2 ocorreria que: com a criação do novo cardápio balanceado para a merenda escolar, seria possível contribuir para a melhoria da qualidade da merenda dos alunos das escolas municipais. Isso, aliado a outras iniciativas, geraria a redução do analfabetismo no município. A gestão de resultados é um processo contínuo de avaliação e aprendizagem sobre a realidade que se pretende intervir. Esta gestão se dá pela combinação de fatores gerenciáveis e não gerenciáveis que ocorrem em uma determinada situação. O processo de planejamento é conduzido de forma a organizar um modelo de avaliação, através do qual as decisões deverão ser tomadas para alcançar os objetivos (resultados). Seguindo a lógica do exemplo 2, o modelo de avaliação sugere que aumentar o número de cardápios adaptados implicará no aumento da taxa de alunos bem nutridos, o que, consequentemente, contribuirá para a redução da taxa de analfabetismo municipal, assim como ilustra a figura do esquema abaixo. Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 37 Atuar com base na gestão por resultados significa aprender e aperfeiçoar as intervenções a serem realizadas em função dos efeitos desejados. Isso significa que a cada ciclo de monitoramento e avaliação ocorrem momentos de aprendizados que permitem redirecionar os esforços empregados em função dos resultados. Você saberia dizer qual análise poderia ser feita se, mesmo aumentando o número de cardápios adaptados e obtendo-se a elevação da taxa de alunos bem nutridos, o indicador de analfabetismo municipal não sofresse alteração? Neste caso seria possível afirmar que existe uma inconsistência no modelo que pode ser causado por um ou mais dos seguintes elementos: • desconfiança no método de monitoramento dos indicadores – é como medir o peso de algo com uma balança desregulada. O instrumento de monitoramento não tem confiabilidade, ou seja, podem existir problemas ligados à fonte de dados, à forma de quantificação, à frequência ou ao tempo de mensuração que não permitem a precisão adequada nas medidas; • erro na modelagem do sistema – a lógica de impacto não está correta, ou seja, a relação de causa e efeito definida no modelo de avaliação não se verifica na prática; • fatores externos não observados no sistema – correspondem a fatores não mapeados que estão impedindo que, mesmo provocando intervenções corretas, os efeitos não sejam gerados; • intervenções inadequadas – por fim, as ações projetadas não estão sendo executadas adequadamente, o que pode estar relacionado à qualidade ou à intensidade do trabalho que está sendo feito. Em todos os casos são necessárias avaliação e reação precisa da equipe de gestão em função dos resultados. Medidas corretivas devem ser planejadas e implantadas visando alcançar os efeitos pretendidos. Em cada ciclo devem ser registradas e compartilhadas as lições aprendidas, fundamentais para o amadurecimento e aperfeiçoamento da gestão organizacional. Assim, a gestão de resultados assume um papel fundamental para a eficiência das organizações. A busca por resultados torna, portanto, a organização mais comprometida com o seu público, colocando no foco de suas intenções os benefícios demandados a ela. 38Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública O Balanced Scorecard – BSC é uma ferramenta que tem sido utilizada por várias instituições públicas para a estruturação do seu planejamento. Seu sucesso pode ser associado à simplicidade da sua elaboração e compreensão. Assista a videoaula a seguir e conheça o modelo de gestão BSC. O BSC tem se mostrado extremamente versátil e adaptável à lógica do serviço público. Para aprofundar seus conhecimentos sobre esse modelo de gestão, leia o texto a seguir retirado do Guia Técnico de Gestão Estratégica do Ministério da Economia. 1.2 Balanced Scorecard – BSC 1.2.1 Lógica de Impacto: Balanced Scorecard - BSC Videoaula: Balanced Scorecard – BSC Assim como explicado na videoaula, o Balanced Scorecard é um modelo de gestão que auxilia as organizações a traduzir a estratégia em objetivos que direcionam o comportamento e o desempenho dos projetos e processos. Dominar essa ferramenta é bastante útil, tanto para quem elabora quanto para quem implementa a estratégia organizacional. O Balanced Scorecard (BSC) é uma metodologia de gestão estratégica desenvolvida pelos professores Robert S. Kaplan e David P. Norton, da Harvard Business School. Bastante usado em organizações do setor privado e do setor público, o BSC é fundamentado em cinco princípios gerenciais: traduzir os referenciais estratégicos em termos operacionais; alinhar a organização à estratégia; transformar a estratégia numa preocupação de todos; converter a estratégia em um processo contínuo e mobilizar a mudança por meio da liderança executiva. O BSC foi formulado para responder as seguintes questões: • Como os acionistas enxergam a organização? (perspectiva financeira); https:// https://cdn.evg.gov.br/cursos/692_EVG/video/modulo03_video13/index.html Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 39 A ferramenta que mais define o Balanced Scorecard é o mapa estratégico. Assista a videoaula a seguir em que são apresentados detalhes da aplicação do mapa estratégico em organizações públicas. Assim como demonstrado na videoaula, com uma organização adequada das perspectivas do mapa estratégico é possível utilizar plenamente a ferramenta para organização do planejamento estratégico nas organizações públicas. 1.3 Estrutura Básica de um Mapa Estratégico para Organizações Públicas Videoaula: Estrutura básica de um mapa estratégico para organizações públicas • Como os clientes enxergam a organização? (perspectiva do cliente); • Em que a organização deve buscar a excelência? (perspectiva interna); • Como a organização pode melhorar e criar mais valor? (perspectiva inovação e aprendizado) Sua premissa central é que as avaliações financeiras são pobres em informação, pois refletem somente o desempenho passado das organizações, o que prejudica o alcance de sua visão de futuro. Nesse sentido, o BSC propõe um sistema de medidas financeiras e não financeiras, interrelacionadas por hipóteses de causa e efeito, que refletem a estratégia em vários níveis da organização. Apesar da orientação original para setor privado, o BSC é usado por organizações públicas e não governamentais de todos os tipos e tamanhos. O destaque que o BSC dá às medidas não financeiras é importante para organizações que produzem resultados sociais. Além disso, proporciona uma avaliação holística do esforço dessas organizações, reforçando a importância de monitorar também seus processos, já que os resultados no setor público podem demorar anos para aparecer. Essa visão holística é enriquecida com o mapa estratégico, um diagrama que representa, de forma visual, as relações de causa e efeito entre os objetivos, servindo testar hipóteses e comunicar a estratégia para servidores e partes interessadas da organização. (BRASIL, 2020, p. 30-31). https:// https://cdn.evg.gov.br/cursos/692_EVG/video/modulo03_video14/index.html 40Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Para a utilização do mapa estratégico em organizações públicas é necessário realizar adaptações que facilitam sua organização e seu uso. Leia o texto a seguir retirado do Guia Técnico de Gestão Estratégica em que se explica a lógica de impacto em um modelo de mapa estratégico. 1.3.1 Lógica de Impacto: Estrutura Básica de um Mapa Estratégico para Organizações Públicas Buscando alinhar o BSC com as necessidades das organizações públicas, é proposto um modelo de mapa estratégico fundamentado em quatro perspectivas: 1. Resultados para sociedade; 2. Resultados para clientes, usuários, beneficiários e partes interessadas; 3. Processos internos; e 4. Infraestrutura e aprendizagem. Essas perspectivas se desdobram em diferentes dimensões, representadas na Figura abaixo. Mapa estratégico. Fonte: Brasil (2020). Elaboração: CEPED/UFSC (2022). Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 41 Resultados para a sociedade Nem sempre a satisfação dos indivíduos é um indicador adequado para mensurar o valor público criado pelas organizações públicas. Há várias situações em que o governo usa sua autoridade para obrigar indivíduos a fazer algo que não gostariam em benefício da comunidade. Assim, mesmo quando fornece benefícios diretos para indivíduos, como em programas de assistência social ou de recuperação de dependentes de drogas, o governo deve ter em mente os ganhos para a sociedade em geral - por exemplo, buscando aumentar as taxas de escolaridade e emprego ou reduzir a taxa de crimes e os custos do sistema de saúde. A perspectiva de resultados para a sociedade é a mais importante do mapa estratégico, pois traduz o valor público que a organização cria para a coletividade. Os objetivos de resultado estão relacionados às competências legais, ao mandato político e à missão da organização, variando conforme sua área de atuação. Sua formulação deve levar em conta os programas do PPA sob a responsabilidade da organização e a contribuição para os planos estratégicos de médio e longo prazo do governo. Os resultados para a sociedade devem ser mensurados com múltiplos indicadores, incluindo indicadores de efetividade. Mais complexos, os indicadores de efetividade medem as melhorias no bem-estar social de um amplo conjunto de partes interessadas. Em alguns casos, o custo de mensuração pode exceder os benefícios ou demandar muito tempo, dificultando a correção desvios na implementação das políticas. Por outro lado, existem vários indicadores disponíveis para medir esses resultados, produzidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e por outras instituições especializadas de pesquisa, além de índices e classificações produzidas por organismos internacionais. Resultados para clientes, usuários, beneficiários e partes interessadas Os clientes, usuários e beneficiários estão no centro da proposta de valor e da estratégia da organização, influenciando seus produtos, serviços e processos internos. Determinados pela missão e pelo mandato político da organização, esses atores podemcompreender tanto indivíduos quanto organizações públicas, não governamentais, do setor privado e da sociedade civil, que usam os serviços públicos ou se sujeitam diretamente à fiscalização e às obrigações impostas pelo poder público. A satisfação dos cidadãos com os serviços públicos é uma preocupação constante nas reformas do setor público. As reformas dos anos 1990 introduziram a ideia de “cidadãos como clientes”, orientando a oferta de serviços públicos para uma experiência mais fácil e prazerosa, o que resultou numa onda de implantação de balcões único de atendimento. Mais recentemente, essa tendência vem ganhando força com o uso intensivo de tecnologia para transformar os serviços públicos e melhorar a experiência dos usuários. 42Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Os portais e contas únicas de governo, que integram serviços e informações pessoais em um só local, na internet, ilustram bem essa tendência. A formulação de objetivos e medidas nessa perspectiva deve levar em conta os atributos dos produtos e serviços prestados, como sua utilidade, qualidade, cobertura, disponibilidade, tempo de espera e os custos envolvidos, incluindo o custo administrativo gerado pela burocracia, como as despesas relacionadas ao pagamento de taxas, ao deslocamento e ao tempo gasto pelos usuários de serviços. [...] Processos internos Essa perspectiva identifica os processos internos críticos para criar e entregar a proposta de valor aos clientes, beneficiários e usuários dos produtos e serviços da organização. Esses processos devem ser monitorados continuamente para garantir o alcance dos resultados da organização. A identificação e diagnóstico desses processos é fundamental para definir as competências-chave das pessoas e determinar as necessidades de tecnologia, informação e recursos para executar as atividades da organização. Os processos internos críticos devem ser identificados entre os processos da cadeia de valor da organização. Assim, eles podem ser tanto processos finalísticos quanto processos de governança e gestão. Aprendizagem e crescimento No BSC original, a perspectiva de aprendizagem e crescimento compreende os ativos intangíveis da organização, o capital humano (habilidades, talento e conhecimento dos funcionários da organização), o capital informacional (bancos de dados, sistemas de informação, redes e infraestrutura tecnológica) e o capital organizacional (cultura, liderança, grau de alinhamento dos funcionários com a estratégia e capacidade dos funcionários de compartilhar conhecimentos). No modelo proposto neste guia, inclui também o capital financeiro (fontes de receitas e despesas) necessário para alcançar a estratégia. Os objetivos de capital financeiro consideram as receitas e despesas da organização. Do lado da receita, esses objetivos buscam ampliar e diversificar as fontes de financiamento. Isso pode ser alcançado com a criação de novas fontes de receita (quando possível), a descentralização e transferência de recursos entre órgãos e entidades ou, ainda, acordos com organismos internacionais aumentam a autonomia e a flexibilidade da na gestão dos recursos e realização das despesas, mediante o pagamento de taxas de interesse. Doações e parcerias não onerosas são instrumentos que não consomem recursos financeiros e demandam menos custos de burocracia. Do lado da despesa, além de alocar recursos em processos críticos para a estratégia, as organizações devem racionalizar seu uso em todos os níveis, criando sistemas de gestão de custos, melhorando a eficiência dos processos e desenvolvendo programas de combate ao desperdício. Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 43 Diversas medidas podem ser usadas para medir o capital financeiro: a relação entre orçamento, despesas empenhadas, liquidadas, pagas e inscritas em resto a pagar, que permite avaliar a capacidade operacional da organização; o percentual de recursos financeiros de terceiros em relação ao orçamento próprio; a redução no volume de despesas correntes; a relação entre despesas correntes e de investimento; a distribuição das despesas entre as atividades finalísticas e de suporte e a relação entre os custos e os resultados da organização. Os objetivos de capital humano fomentam o desenvolvimento de competências estratégicas para o desempenho dos processos críticos da organização. Para isso, é necessário identificar as famílias de cargos com maior impacto nesses processos, definir as atividades e competências básicas desses cargos e identificar a lacuna de competências (diferença entre as competências atuais e as desejáveis), que pode ser usada como medida do capital humano. A gestão por competências, base das ações de recrutamento, dimensionamento, realocação, desenvolvimento e gestão do desempenho de pessoas, permite que os funcionários acessem seu próprio desempenho e entendam como suas atividades contribuem para a estratégia da organização, aumentando a significância do trabalho e reduzindo o abandono. Já os objetivos de capital informacional constroem a base de informações que apoia os processos críticos da organização. O portfólio de soluções tecnológicas e informacionais deve priorizar o atendimento das famílias de cargos estratégicos, desenvolvendo e aperfeiçoando aplicações transformacionais, analíticas e transacionais para os processos críticos da organização. Além disso, esse portfólio deve prover a infraestrutura necessária que suportam essas aplicações. [...] Por fim, os objetivos de capital organizacional tornam a organização mais adaptável e responsiva às mudanças no ambiente e na estratégia. Essa capacidade depende de quatro elementos: a cultura, a liderança, o alinhamento e a capacidade de trabalho em equipe e gestão do conhecimento. (BRASIL, 2020, p. 31-36). Você chegou ao final desta unidade de estudo. Caso ainda tenha dúvidas, reveja o conteúdo e se aprofunde nos temas propostos. Até a próxima! 44Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública ALMEIDA, Léo G. Gestão de Processos e a Gestão Estratégica. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002. BRASIL. Ministério da Economia. Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital. Guia Técnico de Gestão Estratégica. Brasília, DF: ME, 2020. COLLINS, J. C.; PORRAS, J. I. Construindo a visão da empresa. Harvard Business Review. Rio de Janeiro: Campus, 1993. HENDERSON, Bruce C. As origens da estratégia. In: MONTGOMERY, Cynthia; PORTER, Michael. Estratégia: a busca da vantagem competitiva, 5 ed. Rio de Janeiro: Campus, 1998. KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. A Estratégia em Ação Balanced Scorecard. Rio de Janeiro: Campus, 1997. KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. Mapas estratégicos: Convertendo ativos intangíveis em resultados tangíveis. 8 Ed., Rio de Janeiro: Campus, 2004. KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. Organização orientada para a estratégia. Rio de Janeiro: Campus, 2001. PORTER, M.E. Vantagem Competitiva: criando e sustentando um desempenho superior. Rio Janeiro: Campus, 1989. SHANK, J.K.; GOVINDARAJAN, V. Strategic cost management: the new toll for competitive advantage. New York: The Free Press, 1993. Referências Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 45 Unidade 2: Painel de Indicadores e Meta Objetivo de aprendizagem Ao final desta unidade você será capaz de reconhecer os objetivos estratégicos em um painel de indicadores e metas. O tema “indicadores” é muito discutido e utilizado em qualquer sistema de gestão. No BSC eles têm um papel fundamental tanto para o planejamento quanto para a implementação da estratégia. Assista a videoaula a seguir em que é apresentado o conceito e a finalidade dos indicadores. A palavra indicador é originária do latim indicare e significa apontar. Em português tem o significado de “o que indica, torna patente, revela, sugere, expõe, menciona, aconselha, lembra”. O conceito pode ser entendido como o instrumento ou medida que possibilita aferir, possibilita traduzir aspectos relacionados a um determinado evento, fenômeno ou impacto resultante de uma transformação de uma realidade. O conteúdo sobre conceito, finalidade e tipos de indicadores é útil em qualquer tipo de corporação ou sistema de gestão. Nas organizações públicas o indicador tem um papel especial tanto na mensuração do desempenho institucional quanto na avaliação de políticas públicas. Aprofunde seu conhecimento sobre o assunto no conteúdo a seguir. 2.1 O Que São Indicadores? 2.2 Estrutura Básica de Indicadores Videoaula: O que são indicadores https:// https://cdn.evg.gov.br/cursos/692_EVG/video/modulo03_video15/index.html 46Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Os indicadores fazem parte de um modelo para monitoramento e avaliação focado em resultados. Esse modelo faz parte de um processo de transformação, no qual o efeito desejado é mensurado por um conjunto desses indicadores e alcançado por um grupo de iniciativas. Tais iniciativas, por mais bem planejadas que tenham sido, ainda assim serão uma aposta.Sendo assim, necessitam de monitoramento e avaliação constante.O conjunto de indicadores é, portanto, uma oportunidade de aperfeiçoar o conjunto de medidas e uma oportunidade de aprendizado para a equipe. Os indicadores podem assumir dois papéis básicos: de posicionamento ou de avaliação. • Um indicador assume a função de posicionamento quando aponta para um nível que se refere à posição. Exemplo: o indicador “número de crianças matriculadas em uma escola pública” demonstra o contingente de alunos existente. Porém, isoladamente, não permite que se chegue a outras conclusões. Indicador como instrumento de medida. Fonte: Freepik (2022). Elaboração: CEPED/UFSC (2022). A função de um indicador ou de um conjunto deles é traduzir, de forma qualitativa e quantitativa, uma dada situação. Isso visa tornar possível seu monitoramento e avaliação. Portanto, indicadores são utilizados para descrever um fenômeno. Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 47 • Por outro lado, um indicador de avaliação busca, na sua própria construção, agregar valor de forma a propiciar uma análise. Exemplo: relação entre o número de crianças matriculadas em escola pública e a demanda por vagas nas escolas, ou ainda a relação entre o número de crianças matriculadas em escola pública e o número de escolas públicas. Para além desses aspectos, os indicadores devem ter algumas características basilares em sua composição. Adaptabilidade Característica do indicador de se moldar a qualquer processo ou fenômeno que se queira observar. Representatividade Um indicador deve ser de fundamental importância para o processo e para o observador, ou seja, ele deve descrever o fenômeno sempre sob a perspectiva de um foco específico. Simplicidade (clareza) Clareza é um atributo fundamental para um indicador. Simplicidade não significa ser superficial, mas se relaciona à forma, ao conteúdo e à linguagem do interlocutor. Rastreabilidade Um bom indicador deve estar sempre disponível para seu monitoramento, com acesso fácil aos dados, tornando-o prático e útil para a avaliação. Vale ressaltar que a disponibilidade está diretamente relacionada com a natureza do indicador, por exemplo, o fato de não ser possível saber o volume de produção de uma lavoura na entressafra não torna o indicador indisponível, pois a acessibilidade aos dados é em função do ciclo de produção. Economia de mensuração É sempre bom lembrar que um sistema de avaliação não é um fim em si mesmo, assim é interessante que custos administrativos sejam minimizados para potencializar o investimento na atividade fim. Estabilidade Ligado diretamente à confiabilidade, todo indicador necessita de uma base sólida que permita aos avaliadores tomarem decisões acertadas quanto ao fenômeno em estudo. Instabilidade nas informações ou baixa confiabilidade inviabiliza o próprio indicador. 48Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública E assim como existem características que os compõem, todo indicador deve possuir uma estrutura mínima ou parâmetros básicos que os definam e que auxiliem seu monitoramento e análise, são eles: • polaridade; • quantificação; • frequência; • fonte; e • linha de base e meta. A polaridade está relacionada ao sentido do indicador, ou seja, uma polaridade positiva significa que o incremento no indicador é desejável. Já uma polaridade negativa significa que o foco está na redução no indicador. A quantificação (método de cálculo) corresponde à forma com que serão acumulados os valores dos indicadores. Por exemplo: soma simples; média aritmética; média ponderada, saldo, mediana etc. A quantificação é condicionada pela natureza do indicador; pela sazonalidade e o universo; e pela tipologia da amostra em análise, por exemplo, o método de totalização do número de visitantes em uma biblioteca pode depender do horário, do dia da semana, da época do ano, da forma de coleta dos dados etc. A frequência é atrelada à periodicidade com que os dados serão coletados e apresentados. Esse aspecto depende da natureza do processo e da capacidade da organização na geração dos dados. Respeitando as limitações impostas pelo processo, um sistema de indicadores ainda estará suscetível à ação das pessoas, grupos ou instituições responsáveis pela captação dos dados. A fonte corresponde ao documento, sistema ou mecanismo de coleta de dados do indicador. Em linhas gerais ela pode ser de duas tipologias: primária ou secundária. As fontes primárias são investigações feitas diretamente sobre o evento, fenômeno ou processo a ser analisado. As fontes secundárias se diferenciam por se basearem em pesquisas, observações de campo e estudos realizadas por terceiros. Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 49 A linha de base representa o nível inicial do indicador, ou seja, o valor de referência definido no momento do planejamento. A meta representa o valor ou nível do indicador que se deseja alcançar para cumprimento do objetivo. Em outras palavras a linha de base é o ponto de partida e a meta é a linha de chegada. O Guia Técnico de Gestão Estratégica detalha os indicadores e sua aplicação na gestão estratégica da seguinte maneira: Indicadores são instrumentos que permitem observar, identificar e mensurar aspectos relacionados à evolução de um determinado objeto que, no caso da gestão estratégica, pode ser um objetivo, um processo ou um projeto. Ao prover informações de forma sumarizada, os indicadores reduzem a necessidade de informações para ilustrar com precisão uma situação e permitem comunicar um fenômeno complexo de forma simples para as partes interessadas, mas sem explicar por que a mudança ocorreu. As metas são atributos de um indicador, que representam o desempenho esperado para uma determinada data futura. Já as linhas-de-base representam a situação atual do desempenho da organização, em relação a seus objetivos, processos ou projetos. A construção de indicadores e metas para os objetivos estratégicos possui um forte componente político, que envolve decidir sobre quais aspectos da intervenção serão mensurados (indicadores) e em que medida a organização vai se comprometer com a entrega de resultados (metas). Esses indicadores e metas, que são a base dos sistemas de gestão de desempenho institucional e individual, servem para responsabilizar os gerentes e servidores públicos quando, injustificadamente, não alcançam os resultados pactuados. Ao mesmo tempo, a construção de indicadores é uma atividade bastante técnica, que exige, além de conhecimento especializado, acesso a dados externos, de sistemas organizacionais e de gestão da organização. Nessa perspectiva, é importante esclarecer que diferentes dimensões de um mesmo fenômeno podem ser mensuradas por diferentes tipos de indicadores. Esses tipos não são mutuamente exclusivos e, em muitos casos, se sobrepõem. 50Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública No contexto da gestão estratégica, é possível destacar pelo menos cinco tipologias relacionadas à função dos indicadores que precisam ser consideradas na construção do painel de indicadores e metas estratégicas: indicadores descritivos e de desempenho, indicadores da cadeia de resultados, indicadores contextuais, indicadores padronizados e customizados e indicadores-chave e compostos. Existem dois tipos básicos de indicadores (EEA, 2000). Indicadores descritivos descrevem uma situação ou mudança e fornecem informações não vinculadas a uma meta concreta. Ao contrário, indicadores de desempenho consideram um valor ou meta de referência, que ilustra até que ponto o indicador deve ser alcançado por meio de uma intervenção, seja ela uma política, um programa, um projeto ou um processo. Outra tipologia pode ser construída a partir da cadeia de resultados da organização. Nesta lógica, é possível diferenciar indicadores intermediários (insumo, atividade e produto), que ajudam a gerar um resultado ou impacto, e indicadores finais (resultado de curto prazo, resultado de médio prazo e impacto), que medem as mudanças na sociedade em curto, médio e longo prazo (Banco Mundial 2004): • Indicadores de insumo: medem os recursos financeiros, humanos e materiais usados em um programa, projeto ou processo. Exemplo: orçamento, número de pessoas e equipamentos alocados a um programa de formação de professores. • Indicadores de atividade: medem as ações ou o trabalho realizado para transformar insumos em produtos. Exemplo: número de oficinas de formação de professores. • Indicadores de produto: medem os produtos, bens e serviços que resultam de um programa, projeto ou processo. Exemplo: número de professores treinados. • Indicadores de resultado de curto prazo: medem os efeitos imediatos das mudanças geradas pelos produtos,
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