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Lara de Aquino Santos CIRURGIA NA CLÍNICA INFANTIL CUIDADOS COM A CIRURGIA EM ODONTOPEDIATRIA: → Lembrar que estão na fase de desenvolvimento e crescimento; → Realizar o preparo psicológico da criança e dos pais; → Garantir o controle efetivo da dor. ASPECTOS A CONDISERAR: 1. AVALIAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA: → Realização da anamnese, bem como obtenção do histórico médico; → Analisar clinicamente a região e se necessário radiograficamente. 2. CONSIDERAÇÕES COMPORTAMENTAIS: → Realizar as técnicas de manejo; → Informar sobre os sintomas da anestesia, bem como realiza-la lentamente, sempre mantendo a seringa carpule fora do campo de visão da criança. 3. CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO: → Injúrias traumáticas envolvendo a região maxilofacial podem afetar de forma adversa o crescimento e a função; → Cirurgias para malformações adquiridas, congênitas ou de desenvolvimento, podem por si só afetar o crescimento. 4. DESENVOLVIMENTO DA DENTIÇÃO: → Fazer um bom planejamento com radiografias e quando necessário com tomografias, pois os folículos dentários estão se desenvolvendo. 5. PATOLOGIAS: → Os tumores em pacientes infantis em geral apresentam crescimento mais rápido e comportamento menos previsível; → Pacientes infantis são mais resistentes e cicatrizam mais rapidamente que os adultos. 6. CUIDADOS PÓS-OPERATÓRIOS: → Alimentação gelada e líquida no primeiro dia, evitando alimentos duros e a mastigação na região operada; → Repouso; → Uso da medicação conforme a prescrição; → Acompanhamento do sangramento. TÉCNICAS DE EXODONTIA: 1. VIA ALVEOLAR: → É a técnica que faz uso de alavancas e fórceps (técnica de eleição). Lara de Aquino Santos Indicações dos Fórceps: → Fórceps 150: Dentes superiores; → Fórceps 151: Dentes inferiores; → Fórceps 101: Dentes anteriores; → Fórceps 65: Raízes superiores; → Fórceps 69: Raízes inferiores. Contraindicações dos Fórceps: → Coroa clínica totalmente destruída; → Possibilidade de lesão ao germe do dente permanente. Considerações: Luxação: → O apoio do elevador em dentes permanentes com processo de rizogênese incompleta é contraindicado; → O trauma da luxação pode acarretar em um dano no elemento dentário e ele cessar a formação da raiz. Dentes Anteriores: → É contraindicada a realização de luxação no sentido anteroposterior (movimento de pêndulo), pois a realização desse movimento faz com que a raiz do dente decíduo seja jogada contra o dente permanente; → Indica-se a realização do movimento de rotação para a luxação destes elementos dentários. Dentes Posteriores: → Indica-se a realização do movimento de pêndulo, e contraindica-se a realização de movimentos de rotação, devido o risco de fratura das raízes. 2. VIA NÃO ALVEOLAR: → É a técnica que se realiza odontosecção. Os fórceps infantis se diferem dos fórceps do adulto somente no tamanho do cabo. Lara de Aquino Santos Indicação: → Quando o uso dos fórceps ou alavancas for um risco de lesar o dente permanente; → Dentes com raízes convergentes ou divergentes. Considerações: → A odontosecção deve ser realizada no sentido vestíbulo-lingual, e com uma remoção cautelosa. → Não utilizar brocas longas. TIPOS DE CIRURGIAS DA CLÍNICA INFANTIL: 1. CIRUGIAS EM TECIDOS MINERALIZADOS: Exodontia de Dentes Decíduos: → A principal indicação de exodontia em dentes decíduos se dá por extensa destruição cariosa, na qual não pode ser realizada a pulpectomia; → Outra indicação muito comum é a retenção prolongada, na qual o dente permanente inicia o seu processo de erupção por trás ou pela frente do dente decíduo, não levando a esfoliação do mesmo; → Exodontia por lesão de furca é outra indicação, visto que eleva o risco de infecção ao germe do dente permanente. Exodontia de Dentes Decíduos Anquilosados: Anquilose: → É a fusão anatômica do cemento ou dentina radicular ao osso alveolar; → É mais frequente em molares inferiores e nesse caso a origem é idiopática, podendo ser hereditária. Já em dentes anteriores pode ter relação com trauma; → Pode ser leve, moderada ou severa. Aspectos Clínicos e Radiográficos: → Sinal clínico: Infra-oclusão (fora de oclusão), e quando se realiza a percussão pode-se escutar um som metálico; → Radiograficamente observa-se a obliteração do espaço do ligamento periodontal e em muitos casos pode estar associada a agenesia do dente permanente. Tipos de Anquilose e Resolução: → Leve: Infra-oclusão menor que 1 mm; → Moderada: Face oclusal localizada na área de contato dos dentes adjacentes; → Severa: Encontra-se no nível ou abaixo do sulco gengival interproximal; Lara de Aquino Santos Consequências da Permanência de Um Dente Anquilosado: → Perda de espaço no arco dentário; → Dificuldade mastigatória; → Aprofundamento da curva de Spee; → Dificuldade de erupção do sucessor; → Inclinação distal do dente anterior e inclinação mesial do dente posterior. Tratamento da Anquilose: → Anquilose leve: Acompanhamento clínico e radiográfico; → Anquilose moderada: Existe a possibilidade de realizar o rompimento das pequenas áreas de ligação óssea, balançando o dente suavemente no sentido vestíbulo-lingual (não são todas as escolas que realizam) ou realizar a reconstrução da coroa para o dente ganhar em altura e entrar em oclusão; → Anquilose severa: Exodontia por odontosecção. Quanto mais cedo realizar, melhor o prognóstico. Remoção de Corpos Estranhos: → Inclui a remoção de dentes supranumerários e odontomas. Dentes supranumerários: → Os dentes são considerados supranumerários quando o número for superior a 20 na dentição decídua e 32 na dentição permanente; → Ele pode estar incluso ou irrompido; → São mais comuns em meninos do que em meninas (2:1), ocorrendo mais na dentição mista; → Possui predileção pela região da maxila, comumente localizado na região de linha média (mesiodens). Etiologia: → Pode englobar várias causas, desde tendência hereditária, hiperatividade da lâmina dental, fatores traumáticos ou condições sindrômicas. Diagnóstico: → A radiografia panorâmica muitas vezes não é suficiente, com isso podemos lançar mão da radiografia periapical através da técnica de Clark na maxila e técnica de Miller Winter na mandíbula, quando a tomografia não for possível de ser realizada. Odontoma: → É definido como uma malformação benigna; → É considerado o tipo de tumor odontogênico mais comum; → São compostos por esmalte, dentina e cemento; → É mais prevalente na dentição mista e permanente jovem; → Pode ser classificado em composto ou complexo. O composto apresenta Lara de Aquino Santos semelhança anatômica com o dente, já o complexo pouco se assemelha (massa aglomerada). 2. CIRURGIAS EM TECIDOS MOLES: Ulotomia X Ulectomia: → A ulotomia consiste no corte do tecido, enquanto que a ulectomia consiste na remoção do tecido; → A gengiva apresenta-se com coloração normal e resistente a pressão. Objetivo das Duas: → Proporcionam a exposição por meio de incisão em mucosa da superfície incisal do dente, nos casos cujo atraso de erupção tem correlação com o tecido gengival; Importante: → Sempre que houver duvidas entre qual procedimento realizar, optar pela ulectomia. Geralmente se realiza a ulo quando já se observa o dente e a ulec quando há extensa presença de tecido fibroso. Técnica Cirúrgica: → Anestesia local na região da incisão; → Ulotomia: Realiza-se uma incisão na borda incisal ou oclusal para o dente erupcionar; → Ulectomia: Realiza-se uma incisão e remove-se todo o tecido fibroso do contorno incisal ou oclusal do de dente a erupcionar. FrenectomiaLabial: → Consiste na remoção do freio labial; → O freio do recém-nascido acompanha todo o rebordo alveolar e insere-se na região palatina; → É necessário observar se o teto labial é persistente ou não, acompanhando até a dentição mista, pois o freio tende a se reinserir com o crescimento da criança; → Qualquer intervenção só é realizada na dentição mista. Consequências de Um Freio com Inserção Baixa: → Pode causar recessão nos dentes adjacentes; → Apresenta facilidade no acúmulo de biofilme; → Causa restrição dos movimentos labiais e interferência no posicionamento dental. Frenotomia Lingual X Frenectomia Lingual: → A frenotomia consiste em um simples corte do freio lingual, sem eliminá-lo e é realizada em bebês que apresentam anquiloglossia (congênito); Lara de Aquino Santos → A frenectomia lingual consiste na remoção do freio lingual e é realizada em ‘‘adultos’’ que apresentam anquiloglossia. Consequências de Um Freio Lingual Curto: → Interferência na amamentação; → Desordens articulares, respiratórias, na deglutição, fonação e mastigação. Teste da Linguinha: → Obrigatório nas maternidades; → Detecta a presença de anquiloglossia; → Sempre que uma criança é encaminhada para o CD realizar a frenotomia, deve-se refazer o teste da linguinha para avaliar se é realmente indicado a cirurgia. Técnica Cirúrgica da Frenectomia Lingual: → Anestesia do nervo lingual bilateralmente; → Transfixação da língua com fio de sutura, imobilização com gaze ou com uso de tentacânula; → Incisão horizontal e divulsão com tesoura cirúrgica, realizando o mais próximo da língua do que do assoalho; → Sutura com fio reabsorvível. Hematoma ou Cisto de Erupção: → É um cisto benigno de tecido mole, de aparência azulada ou translúcida, associada a coroa de um dente que não consegue romper a mucosa; → Causa aumento de volume local; → Comumente localizado na região de molares decíduos ou região anterior. Importante: → Esclarecer do que se trata aos pais; → Realização de compressas frias, com picolé de leite materno ou de frutas; → Estimular a mastigação na região; → Informar que a drenagem pode ocorrer espontaneamente. Tratamento: → Apresenta resolução espontânea quando os dentes penetram na mucosa gengival; → A cirurgia só é indicada em casos que a situação se prolongue ou dificulte a alimentação da criança. Mucocele e Rânula. → É resultante de um trauma que causa a ruptura do ducto de uma glândula salivar; → A mucocele está associada a uma glândula salivar menor, enquanto que a rânula está associada a uma glândula salivar maior (sublingual); → É uma lesão em forma de bolha ou vesícula, de consistência flutuante, que pode apresentar coloração azulada ou semelhante a mucosa; → Comumente localizada em lábio inferior, assoalho de boca, palato ou língua; → Comum recidiva. Na frenotomia utiliza-se anestesia tópica ou somente uma gota da infiltrativa, e não procede a realização da sutura, coloca-se o bebê para mamar, pois no ato já ocorre a hemostasia. Lara de Aquino Santos Épulis ou Epúlide: → É uma lesão benigna de tecidos moles; → Se apresenta como um aumento de volume, de superfície lisa e coloração que varia do rosa ao vermelho; → Lesões pequenas não requerem intervenção, pois tendem a desaparecer sozinha; → A excisão cirúrgica é indicada somente quando interfere nas funções vitais do bebê. TÉCNICA CIRÚRGICA: 1. ANTISSEPSIA: → Intraoral: Em pacientes maiores pode-se entregar o bochecho com clorexidina 0,12%, já em pacientes que não sabem cuspir iremos realizar a limpeza tópica da região com o auxílio de uma gaze embebida de clorexidina; → Extraoral: Geralmente não é realizada. Porém, em crianças maiores, com bom entendimento podemos realizar. 2. ANESTESIA TÓPICA E INFILTRATIVA: → Realiza-se a aplicação da benzocaína por 3 minutos na região totalmente seca para proceder a infiltrativa, com lidocaína 2%, respeitando a dose máxima. 3. SINDESMOTOMIA: → Com o auxílio do sindesmótomo ou descolador de Molt n°9, realiza-se o descolamento/afastamento gengival. 4. LUXAÇÃO: → Com elevadores realiza-se movimento de cunha. Já com os fórceps realiza-se movimento de intrusão, pendulares e de rotação (dependendo do dente); → Importante realizar a pressão bidigital no alvéolo. 5. SUTURA: → Quando necessário. 6. HEMOSTASIA: → Através da pressão com gaze. QUANDO CURETAR E SUTURAR: CURETAGEM: → Deve ser realizada somente em casos de presença de lesão periapical ou capuz, de forma cuidadosa para não lesar o germe do dente permanente. SUTURA: → Deve ser realizada somente quando houver presença de osso exposto ou em casos de não hemostasia.
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