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Introdução à Metodologia Científica em Psicologia

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO 
 CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS 
INSTITUTO DE PSICOLOGIA 
DEPARTAMENTO DE PSICOMETRIA 
INTRODUÇÃO À METODOLOGIA CIENTÍFICA EM PSICOLOGIA - IPB 
 
 
 
 
 
 
BEATRIZ ARRUDA, ESTHER SIQUEIRA, JOEL BERNARDO, MARIANA VALVIESSE 
E PALOMA SOBRINHO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UMA ANÁLISE SOBRE TRANSTORNOS ALIMENTARES EM ESTUDANTES 
MULHERES DA ÁREA DA SAÚDE EM MEIO A VOLTA ÀS AULAS PÓS-
ISOLAMENTO PANDÊMICO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
2022
2 
 
INTRODUÇÃO: 
Os transtornos alimentares (TA), que são transtornos psiquiátricos identificados a partir de 
padrões alimentares altamente nocivos, são expressados a partir de grande preocupação com o 
peso e forma corporal (LUCARELI et al., 2021, p.43 apud ALVARENGA et al., 2010). 
Percebe-se que o fenômeno de aumento dos TA vêm atingindo a população de maneira mais 
expressiva, principalmente entre jovens do sexo feminino. Não somente os TA impactam essa 
parcela social, mas, por estarem em contato com as diversas pressões sociais impostas a partir 
das mídias e redes sociais desde cedo, indivíduos do sexo feminino estão mais sujeitos a 
desenvolverem transtornos psiquiátricos relacionados à autoimagem (NASCIMENTO et al., 
2020). 
 
A internalização de um modelo ideal de corpo, principalmente devido à influência das mídias, 
junto com a comparação aos outros corpos, é fonte produtora de insatisfação corporal entre os 
jovens. Dessa forma, os indivíduos que não se encontram nesses padrões idealizados de corpo 
tendem a buscar formas de controlar seus pesos, como mudanças na alimentação, a prática de 
atividade física e até mesmo cirurgias plásticas. Além disso, essas mesmas pessoas, 
apresentando uma alta insatisfação corporal, se tornam mais propícias ao surgimento de 
transtornos alimentares (TIMERMAN; SCAGLIUSI; CORDÁS; 2010). 
 
O imediatismo relacionado à dinâmica social da atualidade, baseada na grande demanda de 
produtividade, além do grande recebimento de informações de maneira dinâmica em um curto 
período de tempo, contribuem, muitas vezes, para a escolha por alternativas radicais no que diz 
respeito à busca por um corpo imposto como o ideal. Segundo NASCIMENTO et al. (2020), o 
medo de engordar é um dos principais responsáveis pela preocupação com dietas, grande parte 
das vezes realizadas sem acompanhamento profissional. Esses fatores associados a transtornos 
de ansiedade, também muito presente entre os jovens universitários, e distúrbios de imagem, 
podem levar ao surgimento de TAs. 
 
“A frequência para sintomas de transtornos alimentares foi de 7,4% e de 29,1% para 
sintomas de bulimia nervosa. Cerca de 17,3% foram sintomáticos para depressão 
maior, e 13,6% tinham algum grau de risco de suicídio; destes, 7,4% foram 
considerados com risco de suicídio leve, 0,7% com risco moderado e 5,5% com risco 
alto de suicídio. Houve correlação entre risco para transtornos alimentares e risco de 
suicídio.” (NASCIMENTO et al., 2020). 
 
3 
 
Discentes da área da saúde adentram o meio universitário com o intuito de estudar e se 
aprofundar em formas de melhorar a saúde de um grupo de pessoas específico dentro do curso 
escolhido para se especializar, contudo, o olhar de cuidado para o outro não garante um olhar 
de cuidado para si, sendo eles a parcela de indivíduos universitários mais afetados pelas TA’s, 
ironicamente. Os cursos com maior incidência, são os de nutrição, medicina, enfermagem e 
educação física (NASCIMENTO et al., 2020). Pessoas do sexo feminino também são maioria 
dentre eles. ( LUCARELI et al., 2021, p.44 apud PIRES et al., 2010). 
 
Segundo OMS, no auge dos casos de COVID-19, o principal instrumento para estancar o quadro 
crítico de avanço da pandemia foi o lockdown - maneira restritiva obrigatória que impede a 
circulação em lugares públicos e apenas libera atividades consideradas essenciais. Todavia, 
durante a pandemia houve piora ou ressurgimento de quadros de transtornos alimentares. 
Fatores como o isolamento, atrelado à ansiedade, a falta de amparo e as mudanças bruscas nas 
rotinas, além da influência da mídia sobre peso afetaram ainda mais o problema (COUTINHO, 
C. de O., MOTA, T. M. L., SANTOS, L. P., et al., 2021). 
 
Não obstante, podemos afirmar que a pandemia pode afetar a saúde mental de alguns grupos de 
maneira desproporcional, sendo que, aqueles que enfrentam os transtornos alimentares, são 
desproporcionalmente impactados (PFERFFERBAUM & NORTH, 2020; REGER et al., 2020). 
Em contraponto, pode-se identificar no contexto de pandemia um potencial de mitigação dos 
gatilhos sociais interpessoais relacionados à comportamentos alimentares tidos como 
desordenados e insatisfação corporal como consequência, por exemplo, da redução de 
oportunidades para comparações sociais baseadas no corpo (COOPER et al., 2020; 
SAUNDERS et al., 2019). 
 
Com o retorno das atividades presenciais e a necessidade de regressão para uma considerada 
normalidade, essas estudantes precisam reestruturar sua vida acadêmica levando em 
consideração diversas situações que não estavam incluídas no período de lockdown. Entretanto, 
estudos existentes até o presente momento não tem como objeto de estudo uma nova 
profundidade de fenômenos sociais causados pela pandemia do COVID-19 e como essas 
questões influenciaram a saúde de jovens universitárias com algum grau de TA’s. Com isso, 
fica entendido a necessidade de um aprofundamento dessas informações e o levantamento de 
novas estatísticas frente à nova realidade. 
 
4 
 
O presente estudo tem como objetivo, compreender a influência do período pós pandêmico na 
vida de jovens universitárias da Universidade Federal do Rio de Janeiro, matriculadas nos 
cursos de Nutrição, Medicina, Odontologia ou Educação Física, acometidas por algum tipo de 
transtorno alimentar. Baseando-se em dados como: nível socioeconômico, lugar onde vive, sua 
compreensão sobre padrão estético. 
 
METODOLOGIA: 
Será realizada uma pesquisa descritiva qualitativa a partir da coleta de dados em uma 
amostragem probabilística estratificada, selecionada através de questionários enviados por e-
mail através do SIGA para as alunas da UFRJ, de idade entre 17 a 30 anos. A partir disso, será 
analisada a relação da rotina universitária sobre os aspectos relativos à alimentação, mudança 
de hábitos e impactos sobre a saúde das estudantes, levando em consideração aspectos como a 
sua idade, gênero, nível socioeconômico, a sua preocupação com a própria imagem corporal, se 
é a sua primeira graduação e, também, a distância entre onde a participante reside e o seu 
campus de estudo. Além disso, outros elementos poderão ser adicionados e elaborados ao 
questionário durante o seu período de formulação. 
 
Ao enviarmos o questionário, será esclarecido para as participantes o objetivo da pesquisa e os 
detalhes sobre a não-divulgação de seus dados, garantindo o sigilo das informações, o 
anonimato das estudantes e a segurança sobre como os seus dados serão utilizados em prol da 
produção de um conhecimento científico que favoreçam a comunidade universitária como um 
todo. Pretende-se concluir a pesquisa dentro de um prazo de seis meses. 
 
CRONOGRAMA: 
 
 
ATIVIDADES PRAZO (MENSAL) 
Levantamento dos estudos bibliográficos 
Elaboração do questionário 
Novembro 
Dezembro 
Aplicação do questionário e coleta de dados Janeiro 
Organização e análise dos dados fornecidos pelo 
questionário 
Fevereiro 
Elaboração das considerações finais a partir dos 
levantamentos teóricos e de dados 
Março 
Divulgação pública da pesquisa Abril 
5 
 
REFERÊNCIAS: 
 
COOPER, M. et al. Eating disorders during the COVID-19 pandemic and quarantine: an 
overview of risks and recommendations for treatment and early intervention. Eating disorders, 
v. 30, n. 1, p. 54–76, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.1080/10640266.2020.1790271. 
Acessoem 07 dez. 2022. 
COUTINHO, C. de O.; MOTA, T. M. L.; SANTOS, L. P.; SILVA, T. S. da; CONDE, T. N.; 
MULDER, A. da R. P. .; SEIXAS, C. M. O impacto da pandemia de COVID-19 nos transtornos 
alimentares e seu tratamento: uma revisão integrativa da literatura. Research, Society and 
Development, São Paulo, v. 10, n. 10, p. 1-14, 2021. Disponível em: 
https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/19015. Acesso em: 8 dez. 2022. 
LUCARELI, V. H. P. et al. PREVALÊNCIA DE TRANSTORNOS ALIMENTARES EM 
ALUNAS DA ÁREA DE SAÚDE. Revista Científica UNIFAGOC - Multidisciplinar, Minas 
Gerais, v. 6, n. 2, p. 43-49, 2021. Disponível em: 
https://revista.unifagoc.edu.br/index.php/multidisciplinar/article/view/809/852. Acesso em: 07 
dez. 2022. 
 
NASCIMENTO, V. S. DO et al. Association between eating disorders, suicide and depressive 
symptoms in undergraduate students of health-related courses. Einstein, São Paulo, v. 18, n. 1, 
p. 1-7, 2020. Disponível em:https://doi.org/10.31744/einstein_journal/2020AO4908. Acesso 
em: 07 dez. 2022. 
PFEFFERBAUM, B.; NORTH, C. S. Mental health and the covid-19 pandemic. The New 
England journal of medicine, v. 383, n. 6, p. 510–512, 2020. Disponível em: 
https://www.nejm.org/doi/10.1056/NEJMp2008017. Acesso em: 07 dez. 2022. 
REGER, M. A.; STANLEY, I. H.; JOINER, T. E. Suicide mortality and Coronavirus disease 
2019-A perfect storm? JAMA psychiatry (Chicago, Ill.), v. 77, n. 11, p. 1093–1094, 2020. 
Disponível em: https://doi.org/10.1001/jamapsychiatry.2020.1060. Acesso em: 08 dez. 2022. 
SAUNDERS, J. F.; EATON, A. A.; FITZSIMMONS-CRAFT, E. E. Body-, eating-, and 
exercise-related comparisons during eating disorder recovery and validation of the BEECOM-
R. Psychology of women quarterly, v. 43, n. 4, p. 494–508, 2019. Disponível em: 
https://doi.org/10.1080/10640266.2020.1790271
https://doi.org/10.1080/10640266.2020.1790271
https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/19015
https://revista.unifagoc.edu.br/index.php/multidisciplinar/article/view/809/852
https://doi.org/10.31744/einstein_journal/2020AO4908
https://www.nejm.org/doi/10.1056/NEJMp2008017
https://www.nejm.org/doi/10.1056/NEJMp2008017
https://www.nejm.org/doi/10.1056/NEJMp2008017
https://doi.org/10.1001/jamapsychiatry.2020.1060
https://doi.org/10.1001/jamapsychiatry.2020.1060
https://doi.org/10.1177/0361684319851718
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https://doi.org/10.1177/0361684319851718. Acesso em: 07 dez. 2022. 
TIMERMAN, F., SCAGLIUSI, F. B., CORDÁS, T. A. Acompanhamento da evolução dos 
distúrbios de imagem corporal em pacientes com bulimia nervosa, ao longo do tratamento 
multiprofissional, Revista de psiquiatria clínica, São Paulo, v. 37, n. 3, p. 113–117, 2010. 
Disponível em: 
https://www.scielo.br/j/rpc/a/JvCjvztBMNKDpJvhYRBzDnx/?lang=pt&format=pdf. Acesso 
em: 8 dez. 2022. 
https://doi.org/10.1177/0361684319851718
https://www.scielo.br/j/rpc/a/JvCjvztBMNKDpJvhYRBzDnx/?lang=pt&format=pdf
https://www.scielo.br/j/rpc/a/JvCjvztBMNKDpJvhYRBzDnx/?lang=pt&format=pdf
https://www.scielo.br/j/rpc/a/JvCjvztBMNKDpJvhYRBzDnx/?lang=pt&format=pdf
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