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Ricardo Cintra MATEMÁTICA FINANCEIRA E-book 4 Neste E-Book: INTRODUÇÃO ����������������������������������������������������������� 3 SÉRIES DE PAGAMENTOS ������������������������������������ 5 ANUIDADES POSTECIPADAS ������������������������������ 8 Anuidades postecipadas e não diferidas ��������������������������������8 Anuidades postecipadas e diferidas �������������������������������������13 ANUIDADES ANTECIPADAS ������������������������������24 PERPETUIDADES ��������������������������������������������������� 33 EQUIVALÊNCIA DE CAPITAIS ����������������������������39 CONSIDERAÇÕES FINAIS ���������������������������������� 44 SÍNTESE ��������������������������������������������������������������������45 2 INTRODUÇÃO Neste e-book de Matemática Financeira estudaremos as Séries de Pagamentos, também conhecidas por Anuidades, assunto bastante relevante para quem pretende atuar em finanças, desde as funções de ingresso na área até as mais elevadas� Sim, com- preender as séries é útil porque esse conhecimento é necessário em todos os níveis de uma organização, para um profissional de finanças. Também neste e- -book, será muito útil que você não deixe de aproveitar a oportunidade para compreender alguns aconteci- mentos com os quais, talvez, você já tenha se depa- rado, tratando de assuntos do lar, da família e seus� Inicialmente você poderá compreender as diferen- ças entre pagamentos/recebimentos “com entrada” e “sem entrada”. Você já ouviu essas expressões? Certamente sua resposta é sim! E de pagamentos/ recebimentos que serão vitalícios, isto é, “para toda a vida”, você já teve alguma aproximação, mesmo que pela TV? Agora, operações (empréstimos bancários, por exemplo) “com carência” e “sem carência” são tão comuns que é quase impossível que você não tenha se aproximado de uma operação desse tipo, mesmo que sem perceber� Por um comercial de veí- culo na TV você passa a saber que o carro “tal” está à venda em 40 parcelas, mas a primeira delas somente vencerá 90 dias após a compra. Tem-se, nesse caso, a aplicação de uma série uniforme “com carência”. Você estudará isso. 3 Concluindo o e-book, você estudará a “equivalência de capitais”, tópico que pode ser aplicado em uma situação de negociação de formas de pagamento/ recebimento. Nessas situações, você vê chamadas comerciais semelhantes a “aqui o cliente diz como quer pagar”, “o melhor plano de pagamento é o que você propõe” etc. Certamente os detalhes serão muitos, mas da maneira como serão apresentados a você, estou certo de que seu aproveitamento será excelente. Vamos ao trabalho? 4 SÉRIES DE PAGAMENTOS As séries, ou anuidades, embora muito comumen- te sejam intituladas “de pagamentos”, poderão ser, também, “de recebimentos”, dependendo do lado da negociação em que o observador esteja. Não é comum ler “séries de recebimentos” em algum tex- to, então esteja preparado para resolver problemas que envolvam recebimentos da empresa que você representa a partir de manuais que tratem de “série de pagamentos”. Talvez por isso o termo “anuidades” seja prevalente no meio corporativo� Existem vários tipos de anuidades, haja vista os eventos financeiros que as compõem poderem ter características bem diferentes também� Assim é que, antes de qualquer outra coisa, é necessário conhecer a multiplicidade de possibilidades, no que se refere aos eventos financeiros que, juntos, constituirão anui- dades. Tempo de conhecer as categorias de eventos, quanto a: 1) valor, 2) periodicidade, 3) quantidade, 4) época das ocorrências, se no início de cada período ou no seu final, e 5) existência ou não de período de carência� Analisemos, em detalhes, essas diversas possibilidades� 1. Se o critério for o valor de cada evento, as anui- dades poderão ser uniformes, se todos os eventos tiverem o mesmo valor, e não uniformes, se houver ao menos um evento com valor diferente dos demais� 2. A periodicidade dos eventos diferenciará uma anuidade periódica, em que há homogeneidade dos 5 intervalos, de outra não periódica, na qual haja ao menos um intervalo diferente dos demais� 3. Quantidade dos eventos, se limitada a um prazo ou não, determinará se uma anuidade é finita ou in- finita, respectivamente� 4. Se os eventos ocorrerem no início de cada perío- do, a anuidade será dita antecipada. Note que o início do primeiro período é o “momento” de contratação da operação a que se refere a anuidade. Em uma operação comercial de varejo, seria o caso de um parcelamento “com entrada”. Se os eventos ocorre- rem no final de cada um dos períodos, a anuidade deverá ser considerada postecipada� 5. Anuidade que tenha algum tempo de carência, isto é, tenha o primeiro evento ocorrendo em inter- valo maior que um período, após a contratação da operação, serão chamadas de diferidas� Aquela cujo primeiro evento ocorra no primeiro período (sem im- portar se no seu início ou no seu fim) será uma anu- idade não diferida� A partir deste ponto, cada um dos tipos de anuida- de será apresentado, analisado, em seus detalhes, mas, antes de se iniciar o estudo propriamente dito, é interessante que sejam conhecidas a simbologia e os modelos gráficos que serão utilizados. Observe atentamente o diagrama seguinte, um diagrama de fluxo de caixa (DFC), que representa uma anuidade genérica, em que: PV = Valor presente (Nesse caso, um recebimento; pode representar um empréstimo bancário) 6 i = Taxa de juros da operação Linha horizontal, com escala numerada “0” a “N” = Linha de tempo em que ocorre a operação. “0” é o momento da contratação e início do primeiro período; 1 é o fim do primeiro período e início do segundo; 2 é o fim do segundo período e início do terceiro; N é o fim do enésimo período. PMT = Valor de cada um dos eventos financeiros, nesse caso iguais e negativos, portanto, pagamentos sequenciais� Figura 1: Diagrama de fluxo de caixa de anuidade genérica. Fonte: Elaboração própria. 7 ANUIDADES POSTECIPADAS Esse é o tipo mais comumente visto. Os pagamentos ou recebimentos ocorrerão no fim de cada período. Anuidades postecipadas e não diferidas Vamos imaginar um empréstimo bancário no valor de R$200�000,00, contratado pelo prazo de 6 meses, à taxa efetiva de 2,5% a.m. O banco espera rece- ber 6 parcelas iguais e sucessivas, vencendo-se a primeira 30 dias após a contratação. O DFC dessa operação seria: Figura 2: Diagrama de fluxo de caixa para empréstimo de 200 mil e prazo de 6 meses à taxa de 2,5% a.m. Fonte: Elaboração própria. 8 E qual seria o valor de cada uma das parcelas? A resposta virá com a aplicação da relação: 𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃 = 𝑃𝑃𝑃𝑃[𝑖𝑖(1 + 𝑖𝑖+) [ 1 + 𝑖𝑖 + − 1] Substituindo-se os valores conhecidos, chega-se ao valor de cada uma das 6 parcelas (PMT), assim: 𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃 = 200.000[0,025 1+ 0,025 -] [ 1 + 0,025 -− 1] = 36.309,99 Note que, a partir dessa relação, você terá três outras possibilidades de soluções para problemas, nesta mesma classificação de anuidades. Você poderá ob- ter valores de PV e N por meio das relações a seguir: 𝑃𝑃𝑃𝑃 = 𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃× 1− 1+ 𝑖𝑖 +, 𝑖𝑖 𝑁𝑁 = − 𝐿𝐿𝑁𝑁 1 − 𝑃𝑃𝑃𝑃×𝑖𝑖𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃 𝐿𝐿𝑁𝑁(1 + 𝑖𝑖) Se o seu objetivo, entretanto, for obter o valor de i a partir das outras variáveis, as notícias não são muito boas� Algebricamente, você só conseguirá o que pretende pelos processos de 1) “tentativa e erro”, bastante penoso, impreciso e, por isso mes- mo, abandonado há tempos, e 2) interpolação linear, 9 muito demorado e até pouco justificável em dias atuais. Nesse caso, em particular (cálculo do valor de i), o mais sensato é recorrer à tecnologia e utilizar calculadoras financeiras e softwares para soluções de problemas financeiros. Uma das calculadoras financeiras mais utilizadas por estudantes e profis- sionais é a HP12C� Somente por isso, apresenta-se a solução baseada nesse equipamento. Segue um passo a passo para o cálculo de “i”, conhecidos o valor atual ou presente (PV), prazo da operação(N) e valor da anuidade (PMT): 1. Certifique-se de que, no visor (próximo ao centro), não aparece a palavra “BEGIN”, mas se ela estiver lá, pressione as teclas g e 8 e ela desaparecerá� 2. Pressione as teclas f e CLX (esse procedimento é cautelar, pelo que é desejável antes de toda nova sequência de cálculos; assim se apaga o conteúdo de todos os registradores da calculadora, evitando que você faça um cálculo, utilizando dados armazenados de cálculos anteriores e, pior, sem perceber)� Agora, pode-se começar o cálculo de “i”. 3. Pressione (teclas) ou insira (números) 200�000 PV 6 N 10 36�309,99 CHS PMT (Obs.: a tecla CHS altera o sinal algébrico do número inserido; note que, depois de pressioná-la, 36.309,99 foi alterado para (-) 36.309,99, como deve ser, afinal é valor de pagamentos.) i → Visor mostrará 2,5 (a taxa de juros que se busca- va conhecer) ou número próximo, com várias casas decimais� Se você pressionar f e 2, o número será exibido com duas casas decimais, f e 3 provocarão exibição do resultado com três casas decimais e assim por diante�) Ainda se tratando das anuidades postecipadas e não diferidas, há uma aplicação muito interessante (diante de sua grande utilidade) a apresentar: a for- mação de capital ou acumulação� Agora, em nosso exemplo, não consideraremos em- préstimo, mas a intenção de um investidor de reunir, em época futura e prazo conhecido, uma certa soma� Vamos observar como é isso? Suponha que você deseje comprar um bem daqui a 4 meses, à vista. Hoje você não dispõe do dinheiro necessário, mas tem possibilidade de fazer depósi- tos mensais, de tal forma que no final dos 4 meses possa fazer sua compra. O DFC representativo dessa operação seria: 11 Figura 3: Diagrama de fluxo de caixa para operação suge- rida� Fonte: Elaboração própria. Seu objetivo, agora, é descobrir o valor mensal (PMT) que você deverá reservar de tal forma que se suas reservas forem aplicadas à taxa “i”, no final do prazo e logo após o último depósito, você tenha reunido o montante (S) desejado. A solução é simples e pode ser obtida com o uso da relação. 𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃 = 𝑆𝑆× 𝑖𝑖 1 + 𝑖𝑖 * −1 Então, se seu objetivo for reunir R$8�000,00 nos “próximos” 4 meses, fazendo depósitos mensais remunerados a 0,5% a.m., cada depósito deverá ter o valor de PMT, a ser obtido após a substituição dos dados da operação. Assim: 12 Pode ser que você esteja inseguro com o resultado encontrado, então, o que acha de verificar se o valor pretendido será de fato obtido com os 4 depósitos, iguais e sucessivos, de R$1.985,06? O valor de capital acumulado (montante S) pode ser obtido com uso da relação: 𝑆𝑆 = 𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃× 1 + 𝑖𝑖 * −1 𝑖𝑖 Fazendo-se a verificação: É comprovado, então, o valor dos 4 depósitos (PMT) a fazer. Você, agora, pode ficar tranquilo e consti- tuir sua reserva (S) para fazer sua compra daqui a 4 meses� Anuidades postecipadas e diferidas O termo diferimento, entre outros significados, tem o de adiamento, retardo. Diferir, portanto, pode ter o significado de adiar, transferir para momento pos- terior etc. No contexto de aplicação da Matemática 13 Financeira, é exatamente esse o conceito que se con- sidera� Passamos a tratar de anuidades diferidas, mas por que “diferidas”? Porque há no estudo dessas séries algumas, ou muitas, oportunidades para se considerar, avaliar e calcular efeitos de adiamentos� Adiamentos de quê? Dos eventos financeiros. Quando você estudou o primeiro tipo de série unifor- me postecipada, não diferida, o que você conheceu foi um modelo de série em que o primeiro evento (PMT) ocorre no final do primeiro período (t=1), re- petindo-se a intervalos idênticos, sem interrupção, até o fim do último período. O primeiro modelo que você conheceu foi, portanto, esse: Figura 4: Diagrama de fluxo de caixa para operação suge- rida� Fonte: Elaboração própria. Esse DFC se referiu a uma operação de crédito no va- lor de R$200�000,00, a ser paga em 6 parcelas iguais e sucessivas, sob juros contratuais de 2,5% a.m., cuja primeira parcela deveria vencer ao final do primeiro período (t=1), como mostra o diagrama antecedente. 14 Sem muitasw explicações, por enquanto (somente por enquanto), você vai conhecer, já, o DFC dessa mesma operação (quase a mesma!), se o primeiro pagamento fosse programado para o final do terceiro período (t=3). Observe o que aconteceria: Figura 5: Diagrama de fluxo de caixa para operação suge- rida� Fonte: Elaboração própria. O que aconteceu? Vamos entender. A operação continua se referindo a um empréstimo de R$200.000,00. O número de parcelas continua o mesmo, isto é, seis; a taxa de juros não foi alterada (2,5 % a.m.). Entretanto, o DFC está diferente e o valor das parcelas também. O motivo dessas diferenças é que essa segunda série é diferida, enquanto a an- terior (aquela primeira) não o é. Uma série postecipada tem seu primeiro pagamento/ recebimento em t=1. Esse DFC mais recente represen- ta uma série cujo primeiro pagamento/recebimento ocorre em t=3, ou seja, dois períodos depois do que 15 seria, digamos, “normal”. Para compreensão, pode-se dizer que o início dos pagamentos/recebimentos foi “atrasado”, “adiado” por dois períodos e é exatamente esse adiamento por dois períodos que será aqui con- siderado um “diferimento por 2 períodos”. Deverá ser entendido, então, que uma série diferida é aquela em que a primeira parcela ocorre em t > 1, isto é, a partir de t=2. Observe os DFCs a seguir, que servem ao propó- sito de evitar um engano bastante comum aos que se iniciam nestes estudos: confundir o primeiro período da operação com parte do período de diferimento. Exemplo 1 – Série uniforme postecipada, com dife- rimento de um período� Figura 6: Diagrama de fluxo de caixa para série unifor- me postecipada, com diferimento de um período� Fonte: Elaboração própria. Exemplo 2 – Série uniforme postecipada, com dife- rimento de dois períodos. 16 Figura 7: Diagrama de fluxo de caixa para série uniforme postecipada, com diferimento de dois períodos� Fonte: Elaboração própria. A observação atenta dos dois exemplos anteceden- tes permite-nos concluir que o primeiro período não faz parte de diferimento algum; em vez disso, qual- quer diferimento será contado depois dele (a partir de t=2), excluindo-o, portanto� No exemplo 1, o defe- rimento é de apenas 1 período (d = 1), enquanto no segundo o deferimento é de 2 períodos (d=2). Para apresentar, em detalhes, as anuidades diferi- das, a operação que servirá de base será: aplicação financeira no valor de R$50.000,00, sob taxa de 0,3% a.m. Instituição financeira pagará, a seu investidor, principal e juros, em cinco parcelas, ocorrendo a pri- meira no final do terceiro mês após o depósito. Qual deverá ser o valor de cada parcela a ser recebida pelo investidor? 17 Primeira providência, sempre, elaborar o DFC da operação: Figura 8: Diagrama de fluxo de caixa para operação suge- rida� Fonte: Elaboração própria. Momento de conhecermos a 1ª relação das anuida- des diferidas, que permite calcular o valor das parce- las (PMT), conhecidas as outras variáveis. Presença estreante neste estudo é o expoente “d”, que é o número de períodos de diferimento da série� 𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃 = 𝑃𝑃𝑃𝑃 1 + 𝑖𝑖) × 𝑖𝑖 1 − 1 + 𝑖𝑖 ,- Antes de passarmos para os cálculos, um lembrete sobre diferimento: o primeiro período jamais faz parte do diferimento! Nessa operação-modelo, os paga- mentos ao investidor terão início no final do terceiro 18 período, isto é, 2 períodos além do primeiro, então são 2 os períodos de diferimento (d = 2). Agora podemos passar aos cálculos, com tranquilidade. Vamos lá! 𝑃𝑃𝑀𝑀𝑀𝑀 = 50.000 1+ 0,003 ,× 0,003 1 − 1+ 0,003 /0 = 10.150,81 Tendo sido calculado o valor de cada parcela, já é possível completar o DFC de nossa operação-mo- delo� Assim: Figura 9: Diagrama de fluxo de caixa para operação-modelo. Fonte: Elaboração própria. Haverá, também, a situação em que o valor presente(PV), valor atual ou, simplesmente, valor da operação é desconhecido. Para essa situação, o DFC seria. 19 Figura 10: Diagrama de fluxo de caixa para operação-mode- lo com PV desconhecido. Fonte: Elaboração própria. A solução para valor da aplicação (PV), conhecidas as demais variáveis da operação, virá da relação: 𝑃𝑃𝑃𝑃 = [10.150,81÷ 1+ 0,003. ]× 1− 1+ 0,003 23 0,003 = 50.000,00 E agora vamos tratar de taxas de juros? Neste caso em particular (os diferimentos) vem uma oportuni- dade importante para mais algumas informações sobre utilização de calculadoras financeiras. 20 Figura 11: Diagrama de fluxo de caixa para operação-mode- lo com “i” desconhecido. Fonte: Elaboração própria. Nesse tipo de problema, deparamo-nos com uma sequência diferenciada de fluxos de caixa, que não começam em t=1 e isso é impeditivo para que se calcule a taxa, a partir de PV, FV, PMT etc., na calcu- ladora eletrônica, como foi feito até aqui� Com essa configuração, tem-se que aplicar o conceito de “taxa implícita” ou taxa interna de retorno (TIR) da opera- ção. Vamos analisar como lidar com isso. Seria bom você já procurar identificar algumas teclas na HP12C que serão necessárias: CF0 = Forma reduzida de Cash Flowzero, ou seja, o mo- mento de início da operação; equivale ao momento (t = 0). CFj = Forma reduzida de Cash Flowj, ou seja, refere- -se a todos os fluxos de caixa que não ocorram em 21 t=0. O índice “j” poderá assumir valores inteiros, su- periores a zero� Nj = É uma tecla “de repetição” sucessiva em fluxos de caixa; se um número é repetido 5 vezes (j = 5), e assim sucessivamente. Você não precisará inseri- -lo no programa 5 vezes, bastará uma vez, com uso dessa tecla, no formato 5 g Nj (o uso da tecla azul “g” será necessário todas as vezes em que a função que se pretende usar for, também, escrita em azul)� IRR = Taxa interna de retorno (TIR), com suas iniciais na língua inglesa. É uma função escrita em amarelo, então, sua utilização deverá ser precedida da tecla “f”, amarela. Vamos, então, colocar os fluxos de caixa da operação no programa hospedado pela calculadora HP12C� Primeiro, o procedimento de segurança operacional: apagar todos os registradores → f CLx 50.000 CHS g CF0 (CHS troca o sinal algébrico, lembra-se?) 0 g CFj (esse é o fluxo de caixa referente a t = 1, que tem valor = 0, mas precisa ser inserido) 2 g Nj (lembra-se da tecla de repetição? O “zero” é valor para t = 1 e t = 2, então você pode inserir ape- nas uma vez o “zero” e informar ao programa que o número se repete 2 vezes seguidas) 22 10.150,81 g CFj 5 g Nj f IRR → 0,3 % a.m. (De fato, construímos essa ope- ração com a taxa de 0,3 % a.m.) Chegou a hora de você conhecer as Séries Antecipadas� Acesse o Podcast 1 em Módulos 23 ANUIDADES ANTECIPADAS Esse tipo é menos frequente que as postecipadas, mas isso não deve ser uma sinalização para você atribuir menor importância a essa modalidade, na qual os pagamentos ou recebimentos ocorrerão no início de cada período� Recorde a operação que você conheceu, no início desses estudos. Seu DFC está reproduzido logo a seguir� Figura 12: Diagrama de fluxo de caixa para operação pos- tecipada proposta� Fonte: Elaboração própria. Aquela série foi dita “postecipada” porque os eventos financeiros deveriam ocorrer ao final de cada período, lembra-se? Pois bem, compare com o DFC a seguir, representativo de uma operação com mesmos dados, porém com pagamentos/recebimentos ocorrendo no início de cada período� 24 Figura 13: Diagrama de fluxo de caixa para operação com pagamentos/recebimentos ocorrendo no início de cada pe- ríodo� Fonte: Elaboração própria. Note que a quantidade de pagamentos permanece a mesma (6), mas o primeiro é esperado para o mo- mento t = 0, isto é, para o início do primeiro período� A diferença, em termos gráficos, é pequena, mas financeiramente é bem expressiva, como será visto. Pode-se aproveitar o DFC mais recente para iniciar a demonstração de cada uma das operações com anuidades antecipadas, começando pelo cálculo do valor de cada uma das parcelas (PMT). A relação a ser utilizada é: 𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃 = 𝑃𝑃𝑃𝑃× 𝑖𝑖 1 − 1+ 𝑖𝑖 +, ÷ (1 + 𝑖𝑖) 25 Substituindo-se os números já seus conhecidos, tem-se: 𝑃𝑃𝑀𝑀𝑀𝑀 = 200.000× 0,025 1 − 1+ 0,025 ./ ÷ 1 +0,025 = 35.424,38 Um valor de parcela menor que o encontrado para a anuidade postecipada, para mesmo valor principal, prazo e taxa� É esperado que isso corra em anuidades antecipadas, parcelas com valor menor, afinal, com a “antecipação”, é reduzido o efeito do tempo sobre o valor do dinheiro, porque, neste caso, o tempo de de- volução do empréstimo foi reduzido em um período. Prosseguindo o estudo sobre as anuidades anteci- padas, tem-se, agora, o objetivo de conhecer o valor atual (valor principal, valor do empréstimo) que deu origem ao DFC exibido a seguir: Figura 14: Diagrama de fluxo de caixa para operação de PV desconhecido� Fonte: Elaboração própria. 26 Note que, já na data da contratação (t=0), há uma parcela, o que caracteriza, sem qualquer dúvida, que a série em questão é antecipada. Valor de parcela (PMT) e valor atual (PV) são relacionados por: 𝑃𝑃𝑃𝑃 = 𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃× 1− 1+ 𝑖𝑖 +, 𝑖𝑖 ×(1 + 𝑖𝑖) Conhecidas as demais variáveis, substituindo-as na relação, você obterá, sem dificuldades, o valor que deu origem às parcelas. Assim: 𝑃𝑃𝑉𝑉 = 35.424,38× 1− 1+ 0,025 01 0,025 × 1+ 0,025 = 200.000,00 Você lembra da poupança planejada para comprar aquele objeto de desejo, no futuro? Esse exercício de imaginação, mas totalmente realista, foi realizado quando o tema eram as anuidades postecipadas� É necessário voltar ao assunto, porque, como já é possível notar, há uma mudança de sistema “poste- cipado” para “antecipado” (e vice-versa). A proposta, agora, é voltar ao planejamento de poupança (reserva financeira) para constituir capital em data futura, porém tratando de séries antecipadas� O contexto é: você decide fazer depósitos mensais remunerados, para comprar seu presente para você mesmo daqui a 4 meses� Entretanto, o primeiro de- pósito não será feito de hoje a um mês, mas hoje 27 mesmo – essa é a grande diferença! Observe o DFC da operação: Figura 15: Diagrama de fluxo de caixa para operação de PMT desconhecido. Fonte: Elaboração própria. Aqui há uma particularidade: somente os depósitos são antecipados; o resgate do valor acumulado (S ou FV) continuará ocorrendo em t=4, portanto não será antecipado para t=3 (aliás, seria interessante você observar que o equívoco de imaginar o resga- te antecipado para t=3 faria com que a aplicação financeira fosse feita por três períodos apenas, o que alteraria, sem justificativa, e causando mais dano, o perfil da operação). 28 Pois bem! Entendidos perfil e contexto da opera- ção, hora de calcular o valor de cada depósito, de tal maneira que em t=4 você tenha o dinheiro para sua compra, como planejado. As parcelas (PMT) se relacionam com o montante a acumular (S), assim: 𝑃𝑃𝑀𝑀𝑀𝑀 = 𝑆𝑆× 𝑖𝑖 1 + 𝑖𝑖 * −1 ÷ (1 + 𝑖𝑖) Exceto o valor desejado, PMT, todos os demais são conhecidos, então, por substituições diretas, pode- -se concluir esta etapa, calculando o valor de cada depósito, dessa maneira: 𝑃𝑃𝑀𝑀𝑀𝑀 = 8.000× 0,005 1 + 0,005 -− 1 ÷ 1+0,005 = 1.975,19 Como tem sido feito até aqui, e para que você con- tinue com total segurança quanto às informações que vem recebendo, o que você acha de verificar a operação sob o ponto de vista de um observador que conhece o objetivo da operação (acumular capital em 4 meses), mas não conhece a meta (acumular quanto?); sabe que existe a disponibilidade mensal de R$1.975,19 para depósitos e que estes serão re- munerados a 0,5% a.m.? Para esse observador, o DFC disponível seria: 29 Figura 16: Diagrama de fluxo de caixa para operação de S ou FV desconhecidos. Fonte: Elaboração própria. Com as informações disponíveis e a relação: 𝑆𝑆 = 𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃× 1 + 𝑖𝑖 * −1 𝑖𝑖 ×(1 +𝑖𝑖) O valor a ser resgatado, no final do quarto mês, pode ser determinado assim: 𝑆𝑆 = 1.975,19× 1+ 0,005 ,− 1 0,005 × 1+ 0,005 = 8.000,00 30 Você percebe, certamente, que os números vão se confirmando conforme avançamos, e é isso que deve acontecer, para que você esteja certo de que os passos são firmes e o caminho correto. Vamos prosseguir, então� Hora de tratar de taxa de juros� Como foi visto, du- rante estudos das anuidades postecipadas, o cálculo da taxa traz algumas dificuldades, contornáveis to- talmente, graças à tecnologia. Figura 17: Diagrama de fluxo de caixa para operação de i desconhecido� Fonte: Elaboração própria. Quando “i” for a variável desconhecida, e sem o uso de calculadora financeira ou planilha eletrônica, o trabalho e a possibilidade de algum erro aumentam significativamente. Por isso, mais uma vez, e pelo 31 que já foi explicado, não se recomendam os proces- sos de “tentativa e erro” e o de interpolação linear. Aceitemos, então, o que a tecnologia nos oferece e, mais uma vez, utilizemos a calculadora financeira HP12C� 1. Certifique-se de que, no visor (próximo ao centro), apareça a palavra “BEGIN”; para isso, pressione as teclas g e 7 e ela desaparecerá� Essa providência, imprescindível, fará com que o programa hospedado pela calculadora considere a série “antecipada”. 2. Pressione as teclas f e CLX (apaga o conteúdo de todos os registradores da calculadora, evitando que você faça um cálculo, utilizando dados armazenados de cálculos anteriores). Agora, pode-se começar o cálculo de “i”. 3. Pressione (teclas) ou insira (números). a) 4 N b) 1.975,19 CHS PMT (você já viu: a tecla CHS altera o sinal algébrico do número inserido) c) 8�000 FV d) i Visor mostrará 0,5 (a taxa de juros que se buscava conhecer) ou número próximo, com várias casas decimais; se você pressionar f e 2, o número será exibido com duas casas decimais; f e 3 provo- carão exibição do resultado com três casas decimais e assim por diante� Acesse o Podcast 2 em Módulos 32 PERPETUIDADES Existem operações de perfil extraordinário que, exa- tamente porque são assim consideradas, são me- nos “visíveis” que outras. Assim são aquelas que propiciam rendas (R) por um prazo enorme ou sem possibilidade de ser determinado e que, portanto, tendem ao infinito. Além disso, o valor principal, ou atual (PV) é presumido como imutável, assim como a taxa de juros (i). Ora, se você tem um capital que não se modifica, esse capital sofre incidência de taxa de juros igualmente imutável, então os juros decorrentes dessa interação de “i” com “PV” são também presu- midos imutáveis, perpétuos� Por isso mesmo essas rendas são denominadas perpetuidades. Observe, a seguir, o DFC genérico dessas operações: Figura 18: Diagrama de fluxo de caixa genérico para perpe- tuidades� Fonte: Elaboração própria. O valor de cada evento (R, PMT, PGTO) é dado pela relação P M T , R , P G T O = P V × i 33 Um título com valor de R$15.000,00 que pague renda vitalícia (ou perpétua) à razão de 1,0% a.m. pode ser um exemplo dessa operação, que, é bom repetir-se, é bem incomum� Quais seriam o valor dessa renda e o DFC da operação? A renda seria: P M T = 1 5 . 0 0 0 × 0 , 0 1 5 = 2 2 5 , 0 0 Ou seja, R$225,00 a serem recebidos por toda a vida, conforme o diagrama: Figura 19: Diagrama de fluxo de caixa para operação pro- posta com título de R$15.000,00. Fonte: Elaboração própria. Uma perpetuidade não tem valor futuro possível de ser calculado, afinal não se conhece o prazo dessa série especialíssima, mas seu valor presente pode ser conhecido assim: 𝑃𝑃𝑃𝑃 = 𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃 𝑖𝑖 34 Com dados do exemplo dado, considerando-se, para efeito de estudos, desconhecido o valor de PV, teríamos: 𝑃𝑃𝑃𝑃 = 225 0,015 = 15.00,00 Existe, ainda, um “caso particular deste caso particu- lar”. É o estudo das perpetuidades com crescimento, em que: 𝑃𝑃𝑃𝑃 = 𝑃𝑃𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉 𝑑𝑑𝑉𝑉 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑉𝑉𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑑𝑑𝑉𝑉𝑑𝑑𝑝𝑝 𝑇𝑇𝑉𝑉𝑇𝑇𝑉𝑉 𝑑𝑑𝑝𝑝 𝑑𝑑𝑝𝑝𝑑𝑑𝑑𝑑𝑉𝑉𝑑𝑑𝑝𝑝𝑉𝑉 𝑑𝑑𝑝𝑝𝑑𝑑𝑝𝑝𝑑𝑑𝑉𝑉𝑉𝑉 −𝑇𝑇𝑉𝑉𝑇𝑇𝑉𝑉 𝑑𝑑𝑝𝑝 𝑑𝑑𝑉𝑉𝑝𝑝𝑑𝑑𝑑𝑑𝑝𝑝𝑑𝑑𝑝𝑝𝑑𝑑𝑝𝑝𝑉𝑉 (𝑑𝑑𝑝𝑝𝑑𝑑𝑝𝑝𝑑𝑑𝑉𝑉𝑉𝑉) = 𝑃𝑃𝑃𝑃𝑇𝑇 𝑝𝑝− 𝑔𝑔 Esse modelo é bastante conhecido dos profissionais que analisam desempenho de ações pelo nome de Modelo de Gordon. Nesse modelo, e para esses pro- fissionais, a aplicação é conhecer o “preço justo” de uma ação, na verdade, o valor presente de uma perpe- tuidade crescente, por conta de rendimentos a serem incorporados. Vamos observar como funciona o mo- delo, começando por conhecer seus pressupostos: 1. Os pagamentos crescem a uma taxa constante (“g”, no modelo). 2. O retorno esperado (“K”, no modelo) pelo acionista é superior à taxa de crescimento. Esse “retorno espe- rado” reflete o custo do capital próprio da empresa, sob análise� 35 3. A empresa analisada precisa ser consolidada, assim reconhecida pelo mercado, e com grande previsibilidade do pagamento de dividendos� Essa condição deve ser bem clara para todos, afinal, se a empresa não permite previsibilidade de ganhos ao acionista, o modelo não se sustenta, passa a ser um mero exercício matemático sem compromisso com a realidade� 𝑃𝑃" = 𝐷𝐷% 𝐾𝐾 −𝑔𝑔 Onde: P0 = Valor presente da ação D1 = Dividendo no tempo t = 1 K= Custo do Capital Próprio g = Taxa de crescimento do dividendo Para aplicação do modelo, um exemplo: um analista espera que a empresa sob análise pague R$5,00, a título de dividendo por ação (DPA, para muitos), nos próximos 12 meses. Retorno esperado é de 12,0% sobre o ativo no mesmo período� Estando a empresa em período de maturidade (atenção! Se a empresa está em momento de alta performance, valorização forte etc�, este modelo não deve ser aplicado� É para empresas maduras), é esperado crescimento dos dividendos à taxa anual de 3,0%. Qual o “preço justo” que esse analista irá considerar para a ação anali- 36 sada? Extraindo-se as variáveis, para aplicação do modelo, teríamos: D1 = 5,0 K = 12,0 % g = 3,0 % Aplicando o modelo: 𝑃𝑃" = 5,0 0,12 −0,13 = 55,56 Em suas decisões, esse analista consideraria R$55,56 como valor intrínseco da ação avaliada; para ele, é o “preço justo” dessa ação. Em termos genéricos, trata-se do valor presente de uma perpetuidade crescente� Você achou esse exemplo “amargo”? Vamos a um segundo talvez “mais doce” e não menos realista. Deixemos o mercado de ações visitemos o mercado imobiliário, agora: Um investidor em imóveis constrói pequenos edi- fícios de apartamentos, para locação residencial. Para o próximo ano, ele estima renda líquida de R$200�000,00 e tem a expectativa de que essa ren- da cresça à razão de 5,0% nos próximos anos. Em sua análise, o investidor considera 12,0% uma “boa” taxa de desconto para seu fluxo de caixa. Qual seria o valor presente do investimento? 37 As variáveis presentes são: ● Renda líquida (PMT) = 200.0000,00 ● Taxa de crescimento (g) = 5,0% a.a. ● Taxa de desconto (i) = 12,0% Aplicando-se o modelo: 𝑃𝑃𝑃𝑃 = 𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃 𝑖𝑖 − 𝑔𝑔 = 200.000 0,12 − 0,05 = 2.857.142,86 A conclusão é que, trazido a valor presente, a renda líquida obtida com o investimento vale R$2.857.142,86. 38 EQUIVALÊNCIA DE CAPITAIS Este estudo é tão importante quanto os anteriores� Não há, aqui, item mais importante ou menos im- portante� Eles são, aí sim, complementares entre si� Este último tópico, portanto, completa os diversos estudos já feitos na Matemática Financeira� Este item trata, em última análise, da comparação de va- lores monetários que estão em épocas diferentes ou planos financeiros diferentes (de recebimento ou de pagamento), quando se está em situação de escolha necessária. O tópico é bem interessante e útil ao nosso dia a dia. Vamos ver: Corre o mês de julho e você está conversando com um amigo sobre finanças pessoais. Pode ocorrer a seguinte situação: seu amigo conta que, em outubro do “ano passado”, recebeu um prêmiode R$2.000,00 por desempenho no trabalho; no mês passado (por- tanto junho) foi novamente premiado, dessa vez com R$1�800,00� Seu amigo se declara feliz porque “ganhou R$ 3.800,00 extras em 9 meses”. Vamos analisar essa afirmação de seu amigo, tecnicamen- te? Uma vez mais, primeiro passo: elaborar DFC da “operação”. 39 Figura 20: Diagrama de fluxo de caixa para operação pro- posta na equivalência de capitais� Fonte: Elaboração própria. Embora justificadamente feliz, seu amigo comete uma impropriedade técnica das mais graves em fi- nanças: considerar valores monetários ocorridos em diferentes épocas como se a época fosse a mesma� Aqueles dois valores não poderiam ser somados, porque, agindo-se assim, ignora-se um princípio fi- nanceiro crítico que é o efeito do tempo sobre o valor do dinheiro� Não fosse uma descontraída conversa entre amigos, o correto teria sido “colocar” os dois va- lores na mesma época, qualquer época, mesmo que uma não citada na conversa� Assim, os R$2�000,00 deveriam ser “colocados” em julho, com seu valor adaptado a essa diferença no tempo e somente as- sim, com seu novo valor, somados aos R$1�800,00� Alternativamente, a mesma operação poderia ser feita com os R$1�800,00, colocando-os em outubro do ano passado� Qualquer época poderia ser esco- lhida, desde que os dois valores, “devidamente ajus- 40 tados”, estivessem na mesma data/época. A época escolhida para que capitais sejam nela comparados, somados, subtraídos etc� chama-se data focal, con- ceito vital para este estudo, doravante� Quando dois ou mais capitais serão ditos equiva- lentes? Somente quando, se “transportados” para a mesma data/época (data focal), considerada uma taxa de juros, tiverem seus valores iguais� Esta é condição necessária para a equivalência de capitais. Proposta: avalie-se, para exemplificar o conceito, se R$1.000,00 hoje são equivalentes a R$1.102,50 daqui a 2 meses, considerando-se 5,0% a.m. como taxa de juros� Três são os caminhos para responder o desafio. 1) transportar R$1.000,00 de hoje para 2 meses à frente e comparar os 2 valores “lá”; 2) trazer os R$1.102,50 para hoje e, da mesma forma, comparar os 2 valores e 3) transportar os dois valores para qualquer data e compará-los “lá”. Para você ficar confiante, as três soluções serão utilizadas. Analisemos: → Solução 1: no modelo de juros compostos, viu- -se que valor de montante (ou valor futuro) pode ser determinado aplicando-se a relação S ou F V = P V ( 1 + i ) n. Fazendo isso, vamos “transportar” os R$1.000,00 para dois meses à frente, ajustando seu valor: F V = 1 . 0 0 0 ( 1 + 0 , 0 5 ) 2 = 1 . 1 0 2 , 5 0 41 Note que, lá no 2º mês à frente, os valores são idên- ticos� Sim, os dois capitais são equivalentes! → Solução 2: De S ou F V = P V ( 1 + i ) n , vem que 𝑃𝑃𝑃𝑃 = 𝐹𝐹𝑃𝑃1+ 𝑖𝑖 ( . Fazendo isso, vamos “transportar” os R$1.102,50 de dois meses à frente para hoje, ajus- tando seu valor: 𝑃𝑃𝑃𝑃 = 1.102,50 1 + 0,05 + = 1.000,00 Note que, hoje, os valores são idênticos� Sim, os dois capitais são equivalentes! → Solução 3: Vamos “transportar” os dois valores para 5 meses à frente, a contar de hoje. Atenção! Para o valor de dois meses à frente, serão apenas 3 meses de “transporte”, certo? Passo 1 – Os R$1.000,00 de hoje, levados 5 meses à frente, valerão: F V = 1 . 0 0 0 ( 1 + 0 , 0 5 ) 5 = 1 . 2 7 6 , 2 8 Passo 2 – Os R$1.102,50 de dois meses à frente valerão 3 meses mais tarde: F V = 1 . 1 0 2 , 5 0 ( 1 + 0 , 0 5 ) 3 = 1 . 2 7 6 , 2 8 42 Lá, no 5º mês a partir de hoje, os capitais se igualam também� A conclusão é: sim, os dois capitais são equivalentes! De S ou FV = PV (1 + i)n vem que 𝑃𝑃𝑃𝑃 = 𝐹𝐹𝑃𝑃 1+ 𝑖𝑖 ( � Fazendo isso, vamos “transportar” os R$ 1.102,50 de dois meses à frente, para hoje, ajustando seu valor: 𝑃𝑃𝑃𝑃 = 1.102,50 1 + 0,05 + = 1.000,00 Note que, hoje, os valores são idênticos� Sim, os dois capitais são equivalentes! FIQUE ATENTO Se dois ou mais capitais são equivalentes em uma determinada data focal, também o serão em qual- quer outra� Não existe, portanto, o caso de capitais equivalentes em uma data focal e não equivalentes em outra(s)! Esse conceito não se aplica somete a capitais “isolados”. Fluxos de caixa inteiros podem ser equivalentes entre si. Basta que se enquadrem no conceito, ou seja, se dois fluxos de caixa ti- verem o mesmo valor em uma data focal, serão ditos equivalentes, por isso você pode ter planos de pagamentos diferentes em prazos, valores de parcelas etc�, mas que se equivalham, literalmente� 43 CONSIDERAÇÕES FINAIS Da definição e tipologia aos detalhes das perpetui- dades e capitais equivalentes, esta Unidade sobre séries mostrou a você quantas operações financeiras estão ao seu, ao nosso redor, diariamente, sem que precisemos procurar por elas� Elas nos acham� O principal valor dessa unidade é o poder de mobili- zar o estudante na direção de, a partir de agora, ficar atento a muitos detalhes (sobre finanças) até então passados despercebidos. Dia a dia sem Matemática é uma impossibilidade. Dia a dia sem Matemática Financeira é um risco enorme para quem a ignora ou desdenha� Muito mais que um componente cur- ricular valioso é meio de ganho de autonomia no exercício da cidadania� As séries de pagamento, ou anuidades, cuja apresentação ora se conclui é tema relevante, pela diversidade de contribuições à vida do estudante – à vida, não só ao trabalho! Séries antecipadas (utilizadas nas vendas “com entrada”), séries diferidas (aquelas “com carência” ou que tem o apelo “pague a 1ª parcela, somente após o Carnaval”), necessidade de reconhecer capi- tais equivalentes (ou não) são comuns para todos, não financistas e financistas; para estes últimos, certamente, a relevância do tema é muito maior, sem dúvidas� Espero que, além de instruído, naquilo que constituiu nossos objetivos, você se sinta mobilizado! 44 SÍNTESE MATEMÁTICA FINANCEIRA Séries de Pagamento • Anuidades postecipadas; – Anuidades postecipadas e não diferidas; – Anuidades postecipadas e diferidas. • Anuidades antecipadas; • Perpetuidades; • Equivalência de capitais. Referências Bibliográficas & Consultadas ASSAF NETO, A. Matemática financeira: edição universitária� São Paulo: Atlas, 2017� [Minha Biblioteca] BRANCO, A. C. C. Matemática financeira aplica- da: método algébrico, HP-12C, Microsoft Excel� 4� ed. São Paulo: Cengage Learning, 2015. [Minha Biblioteca]. BREALEY, R. 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[Biblioteca Virtual]. VIEIRA SOBRINHO, J. D. Matemática financeira� 8� ed. São Paulo: Atlas, 2018. [Minha Biblioteca]. Introdução Séries de pagamentos Anuidades postecipadas Anuidades postecipadas e não diferidas Anuidades postecipadas e diferidas Anuidades antecipadas Perpetuidades Equivalência de Capitais Considerações finais SÍNTESE
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