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Sumário UNIDADE 01 – Introdução a Gestão de Pessoas 1. Estrutura e comportamento organizacional 11 2. Comportamento organizacional 17 3. Fatores clássicos de sucesso nas organizações 19 4. Fatores de sucesso nos dias de hoje 22 5. Empresas e gestão 23 Resumo da unidade 24 Referências bibliográficas 25 Unidade 2 - Cultura Organizacional 1. Cultura organizacional 35 2.Elementos da Cultura Organizacional 38 2.1 Valores 39 2.2 Crenças e pressupostos 40 2.3 Ritos, rituais e cerimônias 41 2.4 Histórias e mitos 42 2.5 Tabus 43 2.6 Heróis 43 2.7 Normas 44 2.8 Processo de comunicação 44 3 Mudança da cultura organizacional 46 3.1 Razões para a empresa mudar a cultura organizacional 46 3.2 Dificuldades encontradas na execução da nova cultural organizacional 48 Resumo da unidade 48 Referências bibliográficas 49 UNIDADE 03 – Desenvolvimento de Competências 1. Competências individuais e organizacionais 59 2. Desenvolvimento de competências e mudança organizacional 62 3. Conhecimento, habilidade atitude 63 4. Competências do Profissional de Administração 66 5. Conceitos básicos da gestão por competências 68 5.1 Atração de talentos 71 5.2 Gestão por competências e o desenvolvimento de pessoal 73 5.3 Gestão por competências e desempenho 74 5.4 Gestão por competências e gestão de carreiras e de remuneração 75 Resumo da unidade 76 Referências bibliográficas 76 UNIDADE 04 – Liderança e Gestão estratégica de Pessoas 1. Gestão de pessoas na atualidade empresarial 86 2. Papel do gestor de pessoas 89 3. Gestão estratégica e Gestão de Pessoas 90 4. Gerentes e liderança 93 5. TIPOS DE LIDERANÇA 95 5.1 Outros tipos de liderança 96 4.6 O PAPEL DO LÍDER 99 Resumo da unidade 102 Referências bibliográficas 102 Logística empresarial: uma função essencial na empresa 01 Introdução a Gestão de Pes-soas Número de horas estimado para a realização desta unidade 8h Para entender gestão de pessoas precisamos começar a entender a estrutura organizacional, o comporta- mento organizacional e os fatores importantes para que as empresas se destaquem no mercado. Assim, o módulo de Gestão de Pessoas visa oferecer aos alunos uma gama de conhecimentos específicos e avan- çados, oferecendo a oportunidade para o desenvolvimento crítico, capacitando-o ao estabelecimento de conexões entre a teoria e a prática, além de apresentar os conhecimentos inovadores sobre as ferramen- tas de gestão de pessoas para que possam aprimorar o desempenho profissional nas organizações. Este material foi desenvolvido visando apresentar e desenvolver competências e habilidades estratégi- cas para a aplicação das melhores práticas no que se refere à gestão de pessoas, além de apresentar aos alunos as principais tendências de gestão na área. 1) Estrutura e seus tipos; 2) Comportamento organizacional; 3) Fatores clássicos de sucesso nas organizações; 4) Fatores de sucesso nos dias de hoje; 5) Empresa e gestão. Introdução Assuntos abordados Objetivos UNIDADE 1 | 11 UNICEPVIRTUAL 1. Estrutura e comportamento organizacional Você sabia? A abordagem estratégica do comportamento organizacional envolve or- ganizar e administrar o conhecimento e as competências das pessoas de maneira eficaz, de modo a implementar a estratégia da organização e conquistar a vantagem competitiva As pessoas que trabalham em uma organização precisam de uma vi- são clara dos seus objetivos e estratégias. Algumas organizações têm limites confusos e inúmeras oportunidades para sair do seu foco principal. Todas es- tão trabalhando em um ambiente de crescente turbulência e assim necessitam repensar seus objetivos e prioridades mais frequentemente que no passado (SILVA, 2000). Observamos assim que algumas estruturas organizacionais bem definidas, com uma cultura organizacional forte, podem ser diferenciais no comportamento e no desempenho dos funcionários. O comportamento organizacional é um campo de estudo voltado a pre- ver, explicar, compreender e modificar o comportamento humano no contexto das organizações Os estudos de Robbins (2002, 2005) consideram a participação, o envolvimento e o comprometimento como três atitudes fundamentais. Des- sa forma, o autor considera que um indivíduo só pode envolver-se em seu trabalho quando participa ativamente dele, identifica-se psicologicamente com ele e considera o seu desempenho como algo valioso para si. De igual forma, o indivíduo só está apto a comprometer-se quando se identifica com uma organização e com os seus objetivos, desejando manter-se parte dessa organização. As organizações são estruturadas de acordo com as funções exercidas e ajustadas ao relacionamento hierárquico e funcional entre esses níveis. A estrutura é uma consequência da estratégia. Observamos assim, que não existe um modelo ideal de estrutura organizacional; o importante é que ela funcione de maneira eficaz, atingindo os objetivos e cumprindo a missão da organiza- ção (PICCHIAI, 2010). A estruturação dos serviços de uma organização vai depender de sua realidade (interior e exterior). A tendência são organizações horizontalizadas compostas por órgãos temporários. Vamos ver alguns modelos de estrutura: 12 | UNIDADE 1 UNICEPVIRTUAL a. Estrutura Linear Comum em empresas pequenas, onde não há diversificação do traba- lho. Pouca especialização e trabalhos menos complexos (PICCHIAI, 2010). • Baseada na estrutura dos antigos; • Rígida unidade de comando; • Todos os órgãos são estruturados sob uma única linha de subordi- nação; • Há centralização das decisões; • Linhas formais de comunicação, geralmente com fluxo descenden- te; • Cada unidade de trabalho executa tarefas especificas e bem defini- das; Corresponde a uma estrutura simples (Figura 1.1). Figura 1.1: Estrutura Simples Adaptado de Picchiai (2010). • Estrutura em linha de operações; • Relação Comando-Subordinação; • Atividades de execução separadas das de decisão; • Conduz a autoridade total do chefe sobre o trabalho. Vamos ver agora as vantagens da estrutura simples (PICCHIAI, 2010): • Autoridade única; • Indicado para pequenas empresas; • Mais simples e econômicas; • Facilita a unidade de mando e disciplina (disciplina rígida). • Delimitação de responsabilidade e autoridade bem definida; • Rapidez no processo decisório; • Facilidade de Transmissão de ordens. UNIDADE 1 | 13 UNICEPVIRTUAL Esse tipo de estrutura tem suas desvantagens também, são elas (PIC- CHIAI, 2010): • Tendência à burocracia; • Diminui o poder de controle técnico; • Comando único, com menor cooperação das pessoas; • Comunicação demorada e com distorções; • Sobrecarrega a direção e as chefias; • Não favorece o espírito de cooperação e equipe. b. Estrutura Linear Staff Nesse modelo de estrutura, a unidade diretiva tem uma unidade espe- cial que pode ser um órgão ou uma pessoa-staff. O staff deve ser independente em sua atuação com liberdade de opinião. O staff deve servir de apoio, asses- soria e recomendações (PICCHIAI, 2010), (Figura 1.2). Figura 1.2: Estrutura Linear Staff Adaptado de Picchiai (2010). Nesse modelo há ligações com linhas verticais: órgão de execução, que está em linha com os demais. As ligações horizontais: órgão de aconselha- mento (G, H, I), não tem poder de chefiar mas oferece assistência e indica caminhos (PICCHIAI, 2010). Regras básicas da estrutura de linha e staff: • O staff tem o direito de assessorar e fazer recomendações ao pesso- al de linha, mas não o direito de comandar. • O staff deve se adequar e adaptar a linha, e não o contrário. • A linha deve ouvir as recomendações do staff, mesmo que não as aceite. 14 | UNIDADE 1 UNICEPVIRTUAL Entre as vantagens desse modelo de estrutura, podemos citar que: • Agrega conhecimento novo e especializado à organização; • Facilita a utilização de especialistas; • Possibilita a concentração de problemas específicos nos órgãos de staff. Observamos também algumas desvantagens, são elas: • Não são facilmente aceitas as funções exercidas pela unidade staff,criando dificuldades de coordenação interna; • Unidades de staff incrementam a formação de “técnicos de gabi- nete”; • Os membros dos órgãos staff não aceitam com facilidade as limita- ções dos cargos que lhe são pertinentes e tendem a exercer ativida- des próprias dos órgãos de linha (PICCHIAI, 2010).. c. Estrutura Funcional A estrutura funcional encontra uma chefia para cada função, de modo que os subalternos exerçam mais de uma função, ficando sob o mando de mais de um chefe. Esse tipo de estrutura se arranja de acordo com os tipos de re- cursos técnicos utilizados. Normalmente visa objetivos em longo prazo. Tem como necessidade básica a especialização (PICCHIAI, 2010). A organização se divide segundo diferentes funções, como: produção, finanças, recursos humanos, marketing etc. Todos os níveis de execução se subordinam funcionalmente aos seus correspondentes níveis de comando fun- cional. Entre as vantagens desse modelo podemos citar: • Promove o aperfeiçoamento; • Facilita a especialização, nos escalões hierárquicos superiores; • Facilita o trabalho em equipe; • Oferece maior flexibilidade de adaptação à empresa; • O especialista se sente mais valorizado. No que se refere às desvantagens, notamos que: • Muitas chefias podem gerar desentendimentos; • Não há unidade de comando, o que dificulta a disciplina; • A coordenação é cara; • Confusão quanto aos objetivos; • Aumento do conflito interfuncional (PICCHIAI, 2010). UNIDADE 1 | 15 UNICEPVIRTUAL d. Estrutura por Projetos Em uma organização por projetos, todos os recursos necessários para levar ao objetivo de cada projeto são separados, formando-se unidades inde- pendentes, cada uma dirigida por um gerente (ad-hoc). (PICCHIAI, 2010). Você sabia? Ad hoc significa “para esta finalidade”, “para isso” ou “para este efeito”. É uma expressão latina, geralmente usada para informar que determinado acontecimento tem caráter temporário e que se destina para aquele fim específico. Um exame ad hoc, um método ad hoc, um cargo ou uma função ad hoc, são exemplos que definem a criação de algo provisório, que vai atender apenas determinado propósito. A esta equipe ad hoc é conferida plena autoridade sobre o projeto, po- dendo servir-se dos recursos materiais e humanos existentes ou adquiridos fora da organização. Em resumo, uma empresa grande cria dentro de si uma estrutura temporária e pequena. Com precisa compreensão de seu objetivo, devemos destacar, no entanto, que a organização interna do projeto é funcio- nal, com equipes se dividindo em áreas funcionais (PICCHIAI, 2010). As vantagens dessa organização giram em torno de sua unidade de objetivos e em sua unidade de mando. O entendimento de seu objetivo e a concentração dos esforços sobre ele criam um forte espírito de equipe. O am- biente (de trabalho) de união, é pequeno e facilita a comunicação verbal e todos os recursos necessários se acham sob o controle de um único indivíduo. Entre as desvantagens estão: • O aparecimento de uma estrutura nova, transitória e muito visível desconcerta a organização normal; • Os serviços se duplicam e os recursos podem ser utilizados inefi- cientemente (PICCHIAI, 2010). As estruturas (funcionais e por projetos) são unidimensionais, dentro de um mundo multidimensional, e seu problema comum é lograr um equilíbrio razoável entre o objetivo em longo prazo da divisão funcional (especialização técnica) e o objetivo em curto prazo do projeto (estrutura por projetos) (PIC- CHIAI, 2010). e. Unidade de Negócios As unidades de negócios são como uma empresa autônoma, dentro da estrutura mãe. Não é baseada no organograma da empresa e tem uma visão orientada para negócios. Cada unidade de negócio desenvolve atividades de 16 | UNIDADE 1 UNICEPVIRTUAL suporte, que ajudam na elaboração dos produtos finais ou subprodutos de uma marca (PICCHIAI, 2010). Cada unidade tem seu dirigente que age como se fosse o dono do negócio e é o principal responsável pelos resultados. Entre as principais carac- terísticas podemos citar (PICCHIAI, 2010): • Centros Autônomos; • Autogestão; • Independência financeira; • Segue as diretrizes gerais da Holding; • A autonomia é necessária para atendimento das peculiaridades da situação e as necessidades dos clientes; • Não visa apenas lucratividade, mas absorção de tecnologia, know- -how, imagem, flexibilidade etc (PICCHIAI, 2010). Você sabia? Holding é uma empresa que possui como atividade principal a partici- pação acionária majoritária em uma ou mais empresas. Trata-se de uma empresa que possui a maioria das ações de outras empresas e que detém o controle de sua administração e políticas em- presariais. Holding é uma sociedade gestora de participações sociais que adminis- tra conglomerados de um determinado grupo. Essa forma de sociedade é muito utilizada por médias e grandes em- presas, com o objetivo de melhorar a estrutura de capital, ou de criar e manter parceria com outras empresas. Existem duas modalidades de holding: a pura, que é quando o seu objetivo social consta somente a participação no capital de outras sociedades e a mista, quando, além da participação, ela serve tam- bém à exploração de alguma atividade empresarial. Na estrutura por unidade de negócios há divisão de uma grande em- presa em várias pequenas empresas internas, chamadas de unidades de ne- gócios. Cada uma possui orçamento próprio, objetivos e metas específicas, comandada por um gestor, apoiado na administração participativa de seus componentes. A unidade de negócio tem autonomia de ação, buscando inte- grar-se com as demais unidades, mas sempre obedecendo à missão, visão e valores da empresa matriz. Cada unidade de negócio traça seus objetivos e metas, que devem estar em sintonia com o planejamento estratégico, as po- líticas, visão e missão da empresa. A unidade de negócio pode ser composta de forças-tarefas ou projetos. A relação entre as unidades de negócio é a de cliente e fornecedor (PICCHIAI, 2010). Neste contexto, observamos diversos tipos de estruturas e que uma es- trutura clara, com cargos bem definidos, relações hierárquicas determinadas, facilita o trabalho das pessoas. Mas, além da estrutura, é preciso, analisar a cultura e o comportamento. Assim, cabe destacar aqui a observação de Albuquerque (2002) so- UNIDADE 1 | 17 UNICEPVIRTUAL bre a importância da formulação da estratégia de gestão de pessoas: interessa aprofundar os aspectos relativos às dimensões humanas, ou seja, a cultura e as pessoas e como a interação das pessoas com a estrutura e com o sistema pode contribuir para a consecução dos objetivos estratégicos da organização. Casado (2007, p. 213) assegura que “os fundamentos conceituais das ações de gestão de pessoas têm suas raízes no estudo sobre comportamento humano nas organizações”. 2. Comportamento organizacional Há três observações importantes a considerar quando falamos de com- portamento organizacional: 1. O comportamento organizacional visa comportamentos observá- veis, tais como conversar com colegas de trabalho, utilizar equipa- mentos ou preparar um relatório. Além disso, também considera as ações internas, como pensar perceber e decidir, as quais acompa- nham as ações externas; 2. O comportamento organizacional analisa o comportamento das pessoas tanto como indivíduos quanto como membros de unidades sociais maiores; 3. O comportamento organizacional também analisa o “comporta- mento” dessas unidades sociais maiores – grupos e organizações – por si. Nem os grupos, nem as organizações se comportam do mes- mo jeito que uma pessoa. Entretanto, certos eventos de unidades sociais maiores não podem ser explicados somente como resultado de comportamentos individuais. Esses eventos devem ser entendi- dos em termos de processos grupais ou organizacionais (WAGNER III E HOLLENBECK 2003, P. 06). O comportamento organizacional se concentra em três situações de comportamento dentro das organizações. Sendo a primeira situação centradano indivíduo; a forma como ele age perante as diversas situações do cotidiano, se ele está disposto no serviço, recepcionando bem, de forma calorosa a fim de cativar e atrair o cliente. A segunda situação centrada no grupo; onde sentam, analisam e discutem sobre o trabalho, em busca de melhoras, soluções para a empresa ou até mesmo planejar futuros projetos. E a terceira e é o da estrutura, relacionada ao local onde se trabalha se é adequado ou não, para se obter um melhor desempenho (ROBBINS, 2002). De acordo com Moscovivi (1980), as pessoas pensam, sentem, per- cebem e agem de maneiras diferentes. Nessas compreensões diferentes é que surge o conflito, e à medida que essas diferenças comportamentais precisam ser enfrentadas elas não podem ser consideradas como boas ou más, pois for- neceram riquezas de possibilidades e opções de maneiras para reagir a situa- ções e problemas. Se observarmos as considerações citadas, notamos a importância que o comportamento organizacional tem perante as organizações. Por meio dele 18 | UNIDADE 1 UNICEPVIRTUAL se considera trabalhar a motivação, dar o poder de liderança, melhorar a co- municação interpessoal, a estrutura e processo de grupos, o aprendizado, atra- vés do desenvolvimento de atitudes e percepção, trabalhar o processo de mudan- ças, a administração de conflitos e o estresse no trabalho, desenvolvendo melhor o planejamento deste, assim qualificando e modificando um indivíduo. Pode-se, também, ressaltar o que o ser humano tem de melhor, valorizando-o ou, até mes- mo, declinar a imagem dele, conforme seu comportamento para com a empresa. Mas ao analisar o comportamento, devemos estar cientes que não só o indivíduo, mas também os grupos que interferem diretamente nas organi- zações, pois a formação deles dentro das empresas contribui positivamente, devido às distinções psicológicas que cada membro tem entre si. Desta maneira, o trabalho se desenvolve. Mas, para que isso ocorra é necessário que dentro do grupo haja lealdade e comprometimento, de maneira a trabalharem juntos, coo- perando uns com os outros. Em geral, as pessoas que pertencem a um grupo: a. Definem a si mesmas como membros; b. São definidas pelas outras como membros; c. Identificam-se umas com as outras; d. Envolvem-se em interação frequente; e. Participam de um sistema de papéis interdependentes; f. Compartilham normas comuns; g. Buscam metas comuns, interdependentes; h. Sentem que sua percepção ao grupo é compensadora; i. Possuem uma percepção coletiva da unidade; j. Unem-se em todo confronto com outros grupos ou indivíduos (WAGNER III e HOLLENBECK,2003, p. 210- 211). Assim, entender e estudar o comportamento nas organizações é essen- cial, pois, dessa forma, pode-se conseguir informações vitais para melhorar o desempenho tanto do indivíduo como da empresa. O estudo do comportamento organizacional pode ser feito de várias formas, pois está relacionada com o cotidiano dos indivíduos. Isso abrange não somente indivíduos, mas também a empresa e o grupo que nela executam suas funções. As atitudes das pessoas podem influenciar diretamente nas orga- nizações trazendo benefícios, quando usadas de forma correta, com conduta e ética dos indivíduos nelas presentes. E se utilizarmos de forma eficiente o conhecimento adquirido sobre o comportamento humano, consegue-se desen- volver colaboradores altamente motivados e competentes que estarão sempre em busca de melhoria contínua, de novas e melhores maneiras de realizarem o trabalho, criando assim vantagem competitiva no mercado globalizado. Além de entender o comportamento organizacional com a inclusão das atitudes e expectativas, é preciso relacionar esse comportamento à aplicação das práticas e modelos de gestão de pessoas no que tange às questões psicológicas, sociais, biológicas e organizacionais. UNIDADE 1 | 19 UNICEPVIRTUAL 3. Fatores clássicos de sucesso nas organi- zações Quando falamos dos fatores determinantes do sucesso nas empresas, logo pensamos em sua saúde financeira. Dessa forma, podemos notar que al- guns fatores clássicos de sucesso devem ser considerados, são eles: a. Saúde financeira: os gestores têm capital de giro para comprar maté- ria-prima e sustentar seu negócio. Esse dinheiro servirá para lidar com crises, inadimplência e para investir em campanhas publicitárias. Além disso, é preciso ter um fluxo de caixa, ou seja, ele tem que saber tudo que vai receber daqui uma semana, um mês, três meses. O fluxo de caixa é um regulador da saúde financeira do negócio e garante a tran- quilidade necessária para não recorrer a empréstimos. b. Qualidade dos produtos: o que é produto depende do ponto de vista de quem está observando, ou seja, se for um projetista, um adminis- trador da produção ou um consumidor. Se de um lado os projetistas e administradores da produção estão mais preocupados com os aspectos técnicos do produto, de outro o consumidor tende a estar mais preocu- pado com a satisfação obtida com o produto (ALMEIDA e TOLEDO, 1991). No que se refere à definição de qualidade, Carvalho (2005, p. 8-9) descreve cinco abordagens, construídas por David Garvin a partir de várias definições coletadas nas empresas e na literatura. As aborda- gens são as seguintes: • Transcendental: qualidade é sinônimo de excelência inata. É abso- luta e universalmente reconhecível. Apresenta a seguinte dificulda- de: pouca orientação prática. • Baseada no produto: qualidade é uma variável precisa e mensurá- vel, oriunda dos atributos dos produtos. Tem como corolário: me- lhor qualidade só com maior custo. Apresenta como dificuldade: nem sempre existe uma correspondência nítida entre os atributos do produto e a qualidade. • Baseada no usuário: qualidade é uma variável subjetiva. Produtos de melhor qualidade atendem melhor aos desejos do consumidor. Apresenta como dificuldade: agregar referências e distinguir atri- butos que maximizam a satisfação. • Baseada na produção: qualidade é uma variável precisa e mensurá- vel, oriunda do grau de conformidade do planejado com o executa- do. Esta abordagem dá ênfase a ferramentas estatísticas (Controle do processo). Ponto fraco: foco na eficiência, não na eficácia. • Baseada no valor: abordagem de difícil aplicação, pois mistura dois conceitos distintos: excelência e valor, destacando os trade off qua- lidade versus preço. Esta abordagem dá ênfase à Engenharia/ Aná- lise de Valor (EAV). 20 | UNIDADE 1 UNICEPVIRTUAL Slack, Chambers e Johnston (2007) fazem um resumo dessas aborda- gens propostas por Garvin, inicialmente, em duas: • Na primeira, que eles vão chamar de “visão da operação”, “quali- dade é a consistente conformidade com as expectativas dos consu- midores” (Slack, Chambers e Johnston, 2007, p. 551). Nesta de- finição, os autores buscam juntar as abordagens do produto e da produção, através das expressões “conformidade” e “consistente”, que remetem a características regulares dos produtos, com as abor- dagens baseadas no valor e no usuário, através da expressão “ex- pectativas dos consumidores”, pois reconhecem que “um produto ou serviço precisa atingir as expectativas dos consumidores, que podem, de fato, ser influenciados pelo preço” (Slack, Chambers e Johnston, 2007, p. 551). • Na segunda definição, os autores vão conceituar a qualidade a partir da “visão do consumidor”, e enfatizam uma dificuldade: as expec- tativas dos consumidores podem ser diferentes, motivadas por inú- meros fatores subjetivos que afetam a percepção do cliente sobre o bem ou serviço que lhe é oferecido. Apesar disso, afirmam, “a qualidade precisa ser entendida do ponto de vista do consumidor porque, para o consumidor, a qualidade de um produto ou serviço em particular é aquilo que ele percebe como qualidade”. E isso afe- ta, consequentemente, a avaliação final que ele irá fazer do produto ou serviço consumido (Slack, Chambers e Johnston, 2007, p. 551). Assim, podemos dizer que sob a denominação “qualidade” estão abri-gadas duas grandes vertentes: urna mercadológica, que corresponde à quali- dade de adequação do produto ao seu uso; e urna outra técnica, que associa qualidade à conformidade do produto com especificações. A primeira está di- retamente associada à qualidade junto ao mercado e a segunda à qualidade na produção. Assim, ao mesmo tempo em que se busca o atendimento às necessi- dades da demanda da maneira mais plena possível, procura-se também garan- tir que os produtos atenderão essas necessidades com eficiência na produção, compondo então a qualidade do produto propriamente dito e do processo que o produz (ALMEIDA e TOLEDO, 1991). Trade offs: se refere à necessidade da organização em escolher cri- térios competitivos “incompatíveis” operacionalmente. De acordo com Skinner (1974, p.115), “uma fábrica não pode ter um bom desempenho em cada critério” devido a limitações de recursos. A escolha de um critério pode tornar inviável o elevado desempenho de outro critério. c. Domínio do mercado: o domínio de mercado de clientes compre- ende três grupos: compradores diretos, intermediários e consumidores finais (González, et al. 2007). Notamos que a visão do marketing tra- dicional focou só nos compradores diretos – como conquistá-los, e que tipo de oferta fazê-los, enquanto que substituída pela abordagem de UNIDADE 1 | 21 UNICEPVIRTUAL Marketing de Relacionamento, reconhece que o sucesso com os com- pradores diretos também depende da gerencia do relacionamento com os intermediários e consumidores finais na cadeia de distribuição. Para desenvolver relacionamentos com o mercado de clientes as empre- sas precisam aplicar os seguintes passos fundamentais: • Revisar a rede de entrega de valor atual, identificando os membros do canal; • Determinar o uso apropriado do canal, de tal forma que maximize o valor de vida dos segmentos atrativos dentro do grupo de consumi- dores finais, incluindo o papel das oportunidades da nova distribui- ção, tais como a internet e o comercio eletrônico; • Desenvolver estratégias de segmentação apropriadas para cada um dos membros do canal: compradores diretos, intermediários e con- sumidores finais, de modo que, busquem migrar em direção à mi- crossegmentação e, em alguns casos, ao marketing um a um; • Criar um mapa de mercado como ferramenta de ajuda para entender e definir os volumes e os valores que são vendidos através dos dife- rentes níveis da rede de entrega de valor para, desta forma, identi- ficar as estratégias a serem implementadas em cada estado da rede; • Compreender a unidade de tomada de decisões em todos os níveis da rede de entrega de valor; • Revisar regular e detalhadamente a ênfase e gasto de marketing na atração e retenção do cliente, para, assim, ser administrada da melhor forma. • Conduzir pesquisas de mercado à compreensão das razões da perda de clientes. • Determinar as estratégias de marketing apropriadas de retenção e aquisição, já que estas podem ser custosas porque frequentemente envolvem níveis crescentes de atendimento ao cliente. E importan- te segmentar os clientes de acordo a seu potencial de lucratividade para depois determinar o tipo de atividade de marketing apropriado para que cada grupo aumente seu potencial. • Determinar por meio da Escada de Lealdade no Marketing de Re- lacionamento, quais clientes ou grupos destes desejam progredir e quais deles não, para assim, ter um entendimento geral de quais segmentos produzirão um aumento maior na lucratividade ao me- lhorar as atividades de retenção. • Desenvolver o plano de marketing para o domínio de mercado de clientes, levando em conta, os relacionamentos com os outros do- mínios de mercado: fornecedores e alianças, internos, de referên- cia, de influência, e de recrutamento; como parte do marketing de relacionamento global. 22 | UNIDADE 1 UNICEPVIRTUAL d. Tecnologia: Os efeitos da TI sobre o trabalho e o trabalhador são analisados por Rodrigues (1988) que destaca: − A Tecnologia da Informação muda profundamente as relações do trabalhador com seu trabalho. A principal mudança ocorre na natureza da tarefa, que antes era manual, com contato direto e físico, e agora eletrônico, abstrato e por meio de um sistema de informação. A nova tecnologia pode provocar impactos sobre o nível de emprego, stress e satisfação no trabalho, além de exigir novas habilidades do trabalhador. e. Gestão: As empresas encontram-se, atualmente, em um ambiente di- nâmico, competitivo e complexo e para que consigam progredir neste, torna- -se necessário, segundo Catelli (2001), que elas tenham um processo de gestão estruturado na forma do ciclo planejamento, execução e controle. Esse ciclo é conhecido como processo de gestão e tem como objetivo garantir a eficácia empresarial. O processo de gestão deve garantir o cum- primento das metas, objetivos e missão da empresa, de maneira equilibrada e adaptável às mudanças. A gestão deve ser: estruturada com base no processo decisório, contemplar o planejamento, execução e controle e ser suportada por sistemas de informações. Os processos de gestão também se encontram nas fases de planejamento estratégico e operacional. A função da controladoria no processo de gestão é fornecer informações sobre o desempenho e resultados econômicos e monitorar o processo de elaboração do orçamento (CATELLI, 2001). O planejamento é a mais básica de todas as funções gerenciais e pode determinar o sucesso de todas as operações. Planejar orienta o futuro da em- presa. “Planejamento pode ser definido como o processo de reflexão que pre- cede a ação e é dirigido para a tomada de decisão agora com vistas no futuro” (FIGUEIREDO e CAGGIANO, 2006, p.43). Vemos assim, que todos os funcionários da empresa precisam fazer parte da mesma missão. Desde quem presta serviços de limpeza até a alta administração. O empreendedor deve valorizar seu corpo de colaboradores e assegurar que todos saibam sua importância no ambiente de trabalho. 4. Fatores de sucesso nos dias de hoje Além dos fatores que estudamos no tópico anterior, que são fatores clássicos de sucesso para as empresas, nos dias de hoje temos que considerar novos fatores, são eles: • Pessoas: Em um contexto empresarial, há diversos fatores impor- tantes para o sucesso das organizações, desde a sua infraestrutura, localização, máquinas, equipamentos, tecnologia e processos. Con- tudo, um dos elementos fundamentais para o seu crescimento e sus- tentação no atual mercado competitivo são as pessoas. Pessoas são muito importantes, pois formam o capital humano que permite ser o diferencial competitivo. A combinação das estratégias organizacio- nais com o capital humano faz com que a empresa obtenha sucesso e é nesse ponto que a área de recursos humanos deve estar alinhada, atuando de maneira que possa descobrir, atrair e reter talentos. Para UNIDADE 1 | 23 UNICEPVIRTUAL que a empresa atinja excelência e tenha profissionais qualificados e motivados, é necessário um programa de gestão de pessoas que seja flexível à nova realidade de mercado. O início se dá por meio do planejamento, recrutamento e seleção. Para isso, é fundamental que a empresa defina o perfil dos profissionais de que necessita, bem como o planejamento necessário de uma substituição ou aumento do quadro de funcionários. Capital Humano é o somatório dos conhecimentos, habilidades e capa- cidades das pessoas. • Estrutura organizacional: a análise do funcionamento das orga- nizações, seja qual for a sua natureza, força a uma abordagem bas- tante complexa, onde é necessário ter em consideração inúmeros fatores. Anand (2007) procura classificar as principais estruturas organizacionais em cinco tipos: autônomas, horizontais, vazias, modulares e virtuais. Segundo o autor, as organizações autônomas apresentam fronteiras cla- ras com seus fornecedores, clientes e competidores e contam com uma forte hierarquia vertical e cadeia de comando para definir o agrupamento em depar- tamentos e as relaçõesde subordinação. As organizações horizontais podem ser caracterizadas pela quebra das barreiras internas e os principais processos da empresa sendo realizados através das várias funções. As organizações va- zias são aquelas que terceirizam processos, enquanto as modulares terceirizam módulos do produto final para parceiros. As organizações virtuais são aquelas criadas por outras empresas para aproveitar oportunidades de mercado excep- cionais, como as joint-ventures. Cultura: A cultura organizacional é um conceito essencial à construção das estruturas organizacionais. Percebe-se, então, que a cultura de uma organi- zação será um conjunto de características que a diferencia em relação a qual- quer outra. A cultura assume o papel de legitimadora do sistema de valores, expressos através de rituais, mitos, hábitos e crenças comuns aos membros de uma organização, que assim produzem normas de comportamento generica- mente aceitas por todos. 5. Empresas e gestão Vivemos, trabalhamos, interagimos e dependemos de organizações. A maior parte da nossa vida está centrada em uma ou mais organizações e por meio delas realizamos nossas atividades de trabalho, lazer, saúde e desenvolvi- mento. Para a população em geral, conhecer o funcionamento e a dinâmica das organizações tem pouca importância. 24 | UNIDADE 1 UNICEPVIRTUAL No entanto, para os gestores, que estão do lado de dentro dos produtos e serviços que são oferecidos aos clientes e consumidores, torna-se fundamental conhecer, entender e ser capaz de lidar com as organizações e seus elementos. Como administradores, gerentes, executivos, temos como missão fa- zer com que nossas organizações operem com eficácia e isto significa que pre- cisamos ter controle sobre elas, o que não é uma tarefa fácil (GOMES,1987). A gestão tem a função de determinar um conjunto de políticas que sustente a competitividade, a eficácia e a eficiência para empresa, tudo isso, com base em aspetos como desempenho e a programação para as diferentes áreas de decisões da produção. Dado um sistema de produção, em que insu- mos são combinados para fornecer uma saída, a produtividade refere-se ao maior ou menor aproveitamento dos recursos nesse processo de produção. Nesse sentido, a gestão que se preocupa com um crescimento da produtivida- de implica um melhor aproveitamento de funcionários, máquinas, da energia e dos combustíveis consumidos, da matéria-prima, e assim por diante. Todas as atividades de gestão feitas por uma empresa buscam atender seus objetivos de curto, médio e longo prazo, na maioria das vezes de forma complexa. Diante disso, como tais atividades transformam insumos e maté- rias-primas em produtos acabados e/ou serviços, demandam recursos que, por sua vez devem agregar valor ao produto final. São atividades fundamentais que as organizações usam para realizar tarefas e atingir suas metas (MAR- TINS e LAUGEN, 2000). Nossa eficácia está diretamente ligada à capacidade de observação constante do comportamento organizacional, de forma sistêmica e objetiva, desvinculada de valores e preconceitos. Cada organização é diferente da ou- tra, como cada pessoa é diferente da outra, depende da cultura, do lugar, das pessoas que ali trabalham e interagem. Entretanto, da mesma forma que as pessoas, elas possuem características constantes que nos permitem prever suas reações, bem como possuem padrões comuns entre si, o que nos permite sistematizar um referencial para compará-las. Resumo da unidade Este módulo mostrou que para entender de gestão de pessoas é preci- so compreender a estrutura organizacional, o comportamento organizacional e os fatores importantes para que as empresas se destaquem no mercado. No entanto, isso deve ser feito com visão ampla, para o que a empresa oferece às pessoas e também com olhar para a formulação da estratégia, e como isso impacta, a cultura e ao comportamento organizacional dos funcionários, os processos de gestão e como isso auxilia no alcance dos objetivos estratégicos da organização. Além disso, neste módulo tratamos também fatores fundamentais na atualidade, entre eles, a definição de cultura organizacional e a importância da gestão nas empresas. Na próxima unidade trataremos em profundidade da cultura organizacional e a compreensão dos fatores que influenciam sua for- mação e das características na formação da cultura das empresas. UNIDADE 1 | 25 UNICEPVIRTUAL Referências bibliográficas ALBUQUERQUE, L. A gestão estratégica de pessoas. In: FLEURY, M.T. L. et al. As pessoas na organização. São Paulo: Editora Gente, 2002. p. 35-50. ALMEIDA, H.S.DE, TOLEDO, J.C. de. Qualidade Total do Produto PRO- DUÇÃO -Rio de Janeiro- VoI. 2 - Nº l- outubro 1991- p. 21-37. ANAND, N; DAFT, R. L. What is the right organization design? Organiza- tional Dynamics, Volume 36, Issue 4, p.329-344, 2007. BIO, S.R. Desenvolvimento de Sistemas Contábeis-Gerenciais: Um enfoque comportamental e de Mudança organizacional. São Paulo, Tese (Doutorado), Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo. 1987. BITENCOURT, C. C. 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