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E-mail para contato dayraalexandrita@gmail.com IES: FACIMP WYDEN Autor(es): Dayra Alexandrita Ferreira Sousa; Fernanda Arruda Leda Leite Zenkner; Francine Adilia Rodante Ferrari Nabhan Palavra(s) Chave(s): LGBTfobia; Crime de Ódio; Consequências. Título: AUSÊNCIA DE LEI DE CRIME DE ÓDIO: PROBLEMÁTICAS PARA O ENFRENTAMENTO DA LGBTFOBIA Curso: DIREITO Ciências Jurídicas RESUMO O presente trabalho; por meio de metodologia de pesquisa bibliográfica; buscou discorrer sobre as consequências enfrentadas pela comunidade LGBT causadas pela ausência de lei de crime de ódio no Brasil; evidenciando as mazelas que ainda a tange de forma a buscar suas raízes e discutir as maneiras como uma lei que reconhecesse a problemática pode levar a diminuição das violências sofridas pela comunidade. A pena é instrumento de prevenção e posterior punição (teoria mista da sanção penal); sendo a última equivalente a prática de determinada conduta por agente capaz. em razão da natureza também coercitiva da pena; no artigo 61 do código penal; é estabelecido circunstâncias agravantes de pena; situações que sendo encontradas no caso concreto acarretam aumento da pena do condenado ou qualificam tipos de crimes; resultando em uma pena base superior. Todas as circunstâncias agravantes e qualificadoras são medidas tomadas para prevenir casos em que o poder público ver necessária uma maior coercibilidade; casos mais frequentes e que são mais reprováveis socialmente. de acordo com o Grupo Gay da Bahia (GGB); a cada 29 horas uma pessoa LGBTQIA+ é morta no Brasil e suas mortes são tratadas de acordo com a lei em que se enquadram; qual seja; a lei de homicídio. no entanto; as espécies de homicídios previstas no código penal não atendem as especificidades dos casos concretos ou; pelo menos; não atendem de forma ampla. Toda vez que um LGBT é morto simplesmente em razão da sua orientação sexual ou identidade de gênero; a sua morte não é tratada como tal; não é vista como um crime de ódio (homicídio motivado por discriminação em razão da orientação sexual/identidade de gênero); mas como um homicídio simples; no máximo; qualificado por motivo fútil. Desta forma; é necessária; bem como se viu necessária a lei 11.540/2006; uma lei que tipifique os crimes de ódio para que o Estado de fato reconheça o que de fato acontece e a partir disso desenvolva mecanismos de prevenção e repressão para os casos concretos. Ora; um assassinato motivado simplesmente por discriminação não é só fútil; é cruel. E; assim sendo; deve ser tratado com maior atenção e rigor pela lei. CRIME de ÓDIO- Existem muitos motivos que podem levar alguém a cometer um crime e; em regra; o código penal leva isso em consideração para que o resultado seja enquadrado no tipo que mais se aproxima da verdade. por exemplo; um pai chega em casa e ver um homem seminu em cima da sua filha e ela lhe pede socorro. em busca de repelir agressão; entra em conflito corporal com o agressor e este vem a morrer em razão de uma concussão. Ora; o agente não pode ser julgado por homicídio; apesar de tê-lo cometido; pois o motivo de ter agido foi legítima defesa. Ou seja; o motivo é de relevante importância para tipificar um caso concreto. O crime de ódio é todo crime motivado por discriminação; seja ela determinada por raça; etnia; cor; origem nacional ou territorial; sexo; orientação sexual; identidade de género; religião; ideologia; condição social; física ou mental. As vítimas são escolhidas a partir do preconceito do agente que porta uma conduta agressiva contra determinado grupo (ALMEIDA; 2013). Desta forma; o crime de ódio não é direcionado a uma pessoa em particular; mas por meio dela busca-se atingir um grupo específico; ou seja; no crime de ódio temos duas vítimas; uma direta (aquela que sofre crime em si) e a indireta (o grupo que a vítima direta representa). Bem como alguém não pode ser condenado por homicídio por incorrer em uma excludente de ilicitude; alguém não pode ser acusado de simples homicídio quando motivado por razão vil como o preconceito. SUBNOTIFICAÇÕES de CRIMES- no direito criminal é necessário; muitas vezes; saber não apenas o resultado da conduta e os meios utilizados; mas também os motivos que levaram a tal. Ora; quando o Estado promulgou a lei 13.104/2015 (lei de feminicídio) ele demonstrou que reconhece as circunstâncias especiais que os crimes contra as mulheres se inserem e a partir disso nasceu a possibilidade de que esses casos fossem mapeados e seus motivos esclarecidos gerando o poder de estabelecer medidas para a efetiva prevenção desses crimes; como campanhas; medidas de urgências; fazendo com que desta forma haja como tratar a causa da e assim preveni-la e; quando não sendo possível; tratar o resultado por meios adequados. Tendo isso em vista; a ausência de lei que tipifique os crimes de ódio gera como consequência que os casos de violências contra pessoas LGBT+ não sejam mapeados de forma correta; mas apenas por meios de subnotificações. de acordo com a agência Brasil os casos de subnotificações de crimes contra a comunidade LGBTQIA+ subiu em 20% no ano de 2020; o que revela que na realidade a violências sofrida por esse grupo é maior do que essas pesquisas podem mostrar; uma vez que a subnotificação mostra de forma incompleta a realidade. O Grupo Gay da Bahia faz um relatório anual sobre as mortes violentas de LBGT+ no Brasil todos os anos há 40 anos; os dados do relatório são coletados a partir das notícias publicadas pelos meios de comunicação; ou seja; a morte violenta de 300 LGBT no Brasil no ano de 2021 e que configura um aumento de 8% em relação ao ano anterior; é apenas uma fração (a fração que é tão bárbara que chega as mídias) da quantidade real de homicídios e suicídios das pessoas pertencentes a essas comunidades. Desta forma; a subnotificação desses crimes é uma das problemáticas que impede com que a violências contra a comunidade LGBT+ seja melhor enfrenta pelo Estado. PROJETO de LEI N° 7.582/2014- O projeto de lei da Deputada Federal Maria do Rosário fundamenta-se na dignidade da pessoa humana e no direito à igualdade garantida a todos os brasileiros e estrangeiros residentes perante a lei; previstos na constituição federal de 1988; e visa tipificar os crimes de ódio e intolerância; bem como cria mecanismos para coibi-los. a PL data do ano de 2014 e ainda não foi para votação em plenário. a iniciativa da deputada já pode ser dada como um pequeno passo para mudança da realidade vivida pela população LGBT; no entanto não produz qualquer efeito; visto que não se pode aplicar quaisquer dos dispositivos de contenção à homofobia presentes no projeto; pois a lei ainda não entrou em vigor. Se aprovada a lei tipificará os crimes de ódio acarretando agravante que corresponde ao aumento de um sexto a metade da pena do crime principal. Além disso estabelece mecanismos de prevenção dos crimes como a integração operacional do Poder Judiciário; do Ministério Público e da Defensoria Pública para a defesa das vítimas e a promoção de estudos e pesquisas; estatísticas e outras informações relevantes sobre os grupos discriminados bem como mapear as causas; as consequências e a frequência da prática dos crimes de ódio e de intolerância. AÇÃO DIRETA de INCONSTITUCIONALIDADE por OMISSÃO N.26- Tendo em vista a inércia do poder legislativo; foi interposto pelo Partido Político Popular Socialista (PPS) Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão para que fosse reconhecida a omissão do congresso nacional quanto a criminalização da homofobia e transfobia. ao julgar a referida ação; o STF reconheceu a omissão; em decisão histórica; e ainda; por meio de função atípica; determinou que até que o Congresso Nacional defina lei específica; as condutadas homofóbicas e transfóbicas serão incriminadas pela lei n. 7.716 de 08/01/1989 e constituirão circunstância qualificadora no caso de homicídio doloso. a decisão data de 13 de junho de 2019 e constitui grande avanço para o efetivo combate a LGBTfobia; uma vez que enquadraa homofobia e a transfobia em uma lei que pode de fato ser aplicada. no entanto; o dever de legislar é função do Congresso Nacional e resultado da ADO n.26 não deve ser motivo para que o legislativo continue omisso; uma vez que a punição não é o único meio que deve ser efetivo para o combate à violência contra a comunidade; mas também mecanismo de prevenção que devem ser estabelecidos por meio de lei específica. Desta forma; conclui-se que no Brasil; ser LGBT não é crime; porém é o país que mais discrimina e mata pessoas LGBT no mundo; está em primeiro lugar no ranking de países que mais matam pessoas transexuais e travestis Ciências Jurídicas DIREITO XIII Seminário de Pesquisa da Estácio no mundo; as quais tem a expectativa de vida de 35 anos; equivalente à metade da expectativa de vida nacional. Ou seja; não há lei que criminaliza a homossexualidade; mas também não há lei específica que combata a homofobia. Parafraseando a filósofa Ângela Davis (2016); não basta que o Estado não seja homofóbico é necessário que ele seja “anti-homofóbico”; não é suficiente que ele apenas não criminalize a homossexualidade e transexualidade; é preciso que ele empregue meios para o enfretamento da LGBTfobia. Ciências Jurídicas DIREITO XIII Seminário de Pesquisa da Estácio Anais_Ciências Jurídicas_Parte28 Anais_Ciências Jurídicas_Parte29
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