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Micobactérias Definição São um grupo de bactérias constituído por mais de 40 espécies, porém apenas duas têm importância clínica: Micobacterium tuberculosis Micobacterium leprae TUBERCULOSE A tuberculose é um problema de saúde pública agravada pela AIDS No Brasil, são mais de 70 mil casos novos por ano O número de óbitos por tuberculose ultrapassa a cifra de 4,5 mil a cada ano no Brasil Brasil: 2º maior número de casos de tuberculose no mundo CARACTERÍSTICAS GERAIS DO Micobacterium tuberculosis O tempo de multiplicação é de aproximadamente 11-16 HORAS. Daí a demora para crescerem em meios de cultura artificiais São aeróbios estritos Não se coram pelo Gram: não são nem Gram-negativos , nem positivos; coram-se de vermelho pelo Ziehl-Neelsen (baciloscopia); São bacilos álcool-ácido resistentes (BAAR) CONSTITUIÇÃO DA PAREDE CELULAR DAS Micobacterium tuberculosis Peptideoglicana (mucopeptídeo): em vez de N-acetil murâmico, tem N-glicosil murâmico Uma camada de arabinose e galactose (arabinoalactana) Lipídeos ( ácidos micólicos) o OBS: Os lipídeos da parede são os responsáveis pela álcool-ácido resistência e reações teciduais FATORES RESPONSÁVEIS PELA VIRULÊNCIA DAS MICOBACTÉRIAS Os ácido micólicos conferem um caráter hidrofóbico às micobactérias; As cepas virulentas formam cordas serpentiformes microscópicas nas quais os bacilos estão dispostos em cadeias (fator corda), inibindo a migração de leucócitos; Resistem à fagocitose por serem parasitas intracelulares, multiplicando-se dentro do fagócito. Patogenia da tuberculose É transmitida de pessoa a pessoa através do ar. O paciente bacilífero ao tossir ou falar elimina aerossóis contendo o germe. Deve-se manter distância mínima de 1 metro da pessoa contaminada. Não produzem toxinas; Os microrganismos presentes em perdigotos de 1-5µm são inalados e atingem os alvéolos. A partir daí pode ocorrer: 1. PRIMO-INFECÇÃO: Inicia-se com reação inflamatória com edema, leucócitos e monócitos em torno dos bacilos. Em função da resposta imunológica intensa há também necrose tissular (formação de caverna ou tubérculo). Depois ocorre a calcificação. O tubérculo cicatriza por fibrose ou cicatrização Um terço da população mundial tem primo-infecção 2. TUBERCULOSE ATIVA OU DOENÇA: Progressão da lesão sem calcificação ou devido à déficit imunológico, a calcificação da lesão se desfaz. 3. DISSEMINAÇÃO LINFO-HEMATOGÊNICA: Atinge órgãos com boa tensão de oxigênio como rins, trompas, etc, levando à tuberculose extra-pulmonar. Não é contagiosa. COMO OCORRE A DISSEMINAÇÃO? Micobactérias Os bacilos da tuberculose que alcançaram os alvéolos do pulmão são ingeridos por macrófagos, mas frequentemente sobrevivem. Macrófagos causam uma resposta quimiotática que traz macrófagos adicionais para a área, formando um tubérculo inicial. Após algumas semanas, muitos macrófagos morrem, liberando os bacilos da tuberculose e formando centro caseoso no tubérculo. A doença pode se tornar dormente após este estágio. Calcificação da camada externa que circunda a massa de macrófagos e linfócitos. Os bacilos se multiplicam extracelularmente. O tubérculo se rompe, permitindo que os bacilos vazem em um bronquíolo e sejam disseminados através do sistema respiratório e para outros sistemas. Sintomas da tuberculose pulmonar: Febre; Suor e calafrios; Dor no peito; Tosse persistente com escarro (mais de 3 semanas); Perda de apetite; Perda de peso repentina. Radiografia do Tórax Tuberculose extra -pulmonar D iagnóst ico laboratoria l: 1. Baciloscopia 2. Cultura 3. TRM-TB 4. PPD BACILOSCOPIA Amostras: Qualquer material suspeito. Pode ser: escarro recente, urina , LCR (líquido céfalo- raquidiano), lavado gástrico, etc No caso do escarro por expectoração: 2 ou 3 amostras, no mínimo Micobactérias I- PREPARO DA LÂMINA PARA BACILOSCOPIA Preparo do esfregaço, evitando a formação de aerossóis, que acontece com o uso de alça de platina. Deve-se utilizar material de madeira para confecção do esfregaço; As amostras de escarro para investigação da TB Pulmonar devem ser encaminhadas ao laboratório imediatamente após a coleta, sendo que seu período máximo de conservação é de 24 horas em temperatura ambiente ou sete dias sob refrigeração (geladeira própria para material contaminado), a uma temperatura de 2º a 8º C. A amostra sempre deve ser mantida protegida da luz e em pote bem fechado. VISUALIZAÇÃO DA LÂMINA DE BACILOSCOPIA CORADA: FUNDAMENTO DA COLORAÇAO DE ZIEHL-NEELSEN (baciloscopia) É baseado no fato de que certas bactérias como os bacilos da tuberculose e lepra (micobactérias), quando tratadas pela fuccina fenicada à quente, resistem ao descoramento subsequente por uma solução de ácido forte e, assim sendo permanecem coradas em vermelhas (BAAR); outras não resistem ao descoramento e tomam a coloração de fundo (azul) A ácido-resistência, evidenciada está definitivamente relacionada à existência, na parede celular da micobactéria, de lipídios fortemente ligados (ácidos micólicos) que resistem à extração sucessiva do resíduo bacteriano seco com álcool-ácido. A integridade física da parede celular é também essencial à ácido resistência, pois esta propriedade se perde quando as bactérias são desintegradas. INTERPRETAÇÃO DA BACILOSCOPIA Coloração de Ziehl -Neelsen (biosegurança: aerossóis) A liberação da baciloscopia é realizada por contagem semi-quantitativa, baseando-se em tabelas que podem variar de autor para autor, mas apresentam o mesmo princípio. Exemplo de resultado de exame liberado: Presença de BAAR (++) ou Ausência de BAAR Baciloscopia faz diagnóstico efetivo da tuberculose pulmonar Serve para controle do tratamento Geralmente a baciloscopia da tuberculose só dá até 65% de Positividade CULTURA Meios de cultura utilizados: 1. Meio de cultura sólido: meio à base de ovo: Lowenstein-Jensen; 2. Meio Meldbrook 7H10 3. Meio de cultura Ogawa-Kudoh a. A aplicação do Ogawa- Kudoh é indicada particularmente para amostras de escarro. b. Meio de cultura pronto para uso em tubos c. Descontaminação do escarro: Mergulha o swab com amostra em solução descontaminante Incubação dos meios de cultura até 60 dias a 37ºC (3-8 semanas de incubação) Muito tempo! PREPARO DE MATERIAL PARA SEMEIO EM MEIO DE CULTURA A secreção pulmonar (escarro) deve ser submetida a tratamento prévio antes de ser semeado em placas com meio de cultura: Hipoclorito de sódio a 2%: destrói outras bactérias, mas não o M. tuberculosis e liquefaz o material Micobactérias O escarro é neutralizado com NAOH 2% e centrifugado e depois o sedimento é semeado Urina, líquor e materiais não contaminados por outras bactérias (provenientes de tuberculose extra- pulmonares) podem ser cultivados diretamente no meio de cultura apropriado, sem prévio tratamento. BACILOSCOPIA X CULTURA A baciloscopia começa a dar positivo com 100.000 bacilos por mL. Em cultura, principalmente em meio líquido, pode dar positivo com até 10 bacilos por mL Bacilocospia não identifica positivos em tuberculose extra pulmonar (devido aos poucos bacilos presentes) TESTE RÁPIDO MOLECULAR PARA TUBERCULOSE (TRM-TB) O TRM é um teste automatizado, simples, rápido e de fácil execução A técnica utilizada é a de reação em cadeia da polimerase (PCR) Detecta simultaneamente o Mycobacterium tuberculosis e a resistência à rifampicina em aproximadamente 2 horas Vantagens do TRM – TB Sensibilidade do TRM-TB é maior que a da baciloscopia cerca de 90% (Sensibilidade da baciloscopia é 65%) Detecta Resistência à rifampicina que serve como marcador para multidrogarresistência Permite identificação precoce da tuberculose, e rápido início do tratamento, reduzindo transmissibilidade, morbidade e mortalidade da TB Pode ser usado para amostras extra-pulmonares (líquor, gânglios linfáticos, urina, etc) Desvantagens do TRM -TB TRM-TB não permite acompanhamento de casos de tuberculose; Acompanhamento é importante para demonstrar se o paciente realmente está realizando o tratamento, pois muitos desistem com a melhora dos sintomas em função de ser um tratamento longo. A liberação do resultado em cruzes da baciloscopia dá ideia da redução do número de bacilos TRM não detecta micobactérias não tuberculosas TRM-TB detecta bacilos vivos e mortos (paciente já pode ter se curado e apresentar só bacilos mortos) TESTE TUBERCULÍNICO (PPD) OU TESTE DE MANTOUX É um infiltrado (concentrado) de bacilos que cresceram (6 semanas) para a obtenção de um derivado protéico purificado (PPD). A dose recomendada é de 0,1mL por via subcutânea. Indivíduos sem contato prévio com micobactérias não apresentarão reação ao PPD. LEITURA DO TESTE PPD A leitura deve ser realizada 72 a 96 horas após a aplicação (área endurecida e palpável) 0-4 mm: Não reator: Indivíduo não infectado pelo M. Tuberculosis, com raras exceções (ver adiante) 5-9 mm: Reator fraco: Indivíduo vacinado com BCG, ou com primo-infecção ou infectado com outras micobactérias. ≥ 10 mm: Reator forte: indivíduo infectado pelo M. tuberculosis (doente ou não) e indivíduos vacinados com BCG nos útimos dois anos. INTERPRETAÇÃO DE PPD NEGATIVO Um PPD negativo não exclui a doença em pacientes imunocomprometidos Pacientes com tuberculose avançada podem ser anérgicos (não reagir). Um PPD negativo não pode ser o único critério para excluir o diagnóstico de tuberculose TRATAMENTO DA TUBERCULOSE 1. Pirazinamida (Z) 2. Isoniazida (H) 3. Rifampicina (R) 4. Etambutol (E) 2 meses R,H,Z,E Resistência: R,H,E (4 meses) Micobactérias Após 15 dias de tratamento com melhora clínica, o paciente pode ser considerado não infectante, mas precisa terminar o tratamento. TRATAMENTO PROLONGADO. POR QUÊ? Localização intracelular. Material caseoso (dificulta a penetração da droga). Lento crescimento. Bacilos metabolicamente inativos (dentro das lesões). NOVOS ESQUEMAS PARA TRATAMENTO NOVO ESQUEMA DE TRATAMENTO: Implantado pelo ministério da saúde do Brasil a partir do segundo semestre de 2009; Combinação em dose fixa dos medicamentos já em uso. “Dose fixa combinada” (DFC) Quatro em um (RHZE). Tratamento MDT (Multidrug therapy) Consegue diminuir em 99% as chances de resistência VACINA (BACILLE CALMETTE -GUERIN-BCG) 1921: início da vacinação no mundo; Deve ser aplicada no primeiro mês de vida; HANSENÍASE É uma das doenças mais antigas, com registro de casos há mais de 4000 anos, na China, Egito e Índia. CARACTERÍSTICAS GERAIS DA Micobacterium leprae É um bacilo álcool-ácido resistente Causa hanseníase ou lepra, doença infecto-contagiosa que atinge pele e nervos Tempo de geração: aproximadamente 12 dias Não é cultivável “in vitro” A transmissão do M. leprae se dá por meio de convivência muito próxima e prolongada com o doente da forma transmissora, chamada multibacilar, que não se encontra em tratamento. Por contato com gotículas de saliva ou secreções do nariz. Tocar a pele do paciente não transmite a hanseníase. Cerca de 90% da população têm defesa contra a doença. O período de incubação varia de 6 meses a 5-10 anos A maneira como ela se manifesta varia de acordo com a genética de cada pessoa. Reservatório de M. Lepae: Tatu-bola (62%) MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Lesões cutâneas: Podem apresentar-se como: Anestésicas o Teste de sensibilização: Picadinha de agulha. HANSENÍASE INDETERMINADA Todos os pacientes passam por essa fase no início da doença. A lesão de pele geralmente é única, ma is clara do que a pele ao redor (mancha), não é elevada (sem alteração de relevo), apresenta bordas mal delimitadas, e é seca ( não ocorre sudorese na respectiva área). Há perda da sensibilidade (hipoestesia ou anestesia) térmica e/ou dolorosa, mas a tátil (habilidade de sentir o toque) geralmente é preservada. A biópsia e baciloscopia de pele frequentemente não confirmam o diagnóstico. Portanto, os exames laboratoriais negativos não afastam o diagnóstico clínico. HANSENÍASE TUBERCULÓIDE Manifesta-se por uma placa (mancha elevada em relação à pele adjacente) totalmente anestésica ou por placa com bordas elevadas, bem delimitadas e centro claro (forma de anel ou círculo). Nesses casos, a baciloscopia é negativa e a biópsia de pele quase sempre não demonstra bacilos, e nem confirma sozinha o diagnóstico. . Os exames subsidiários raramente são necessários para o diagnóstico, pois sempre há perda total de sensibilidade, associada ou não à alteração de função motora, porém de forma localizada. HANSENÍASE VIRCHOWIANA É a forma mais contagiosa da doença O paciente virchowiano não apresenta manchas Micobactérias Na evolução da doença, é comum aparecerem caroços (pápulas e nódulos) escuros, endurecidos e anestésicos. São comuns as queixas de câimbras e formigamentos nas mãos e pés, que, entretanto, apresentam-se aparentemente normais. Os exames reumatológicos frequentemente resultam falsos positivos, como FAN, FR, assim como exame para sífilis (VDRL): reação cruzada LEPRA DIMORFA Pode ter características Virchowianas, tuberculóides e hipocromiante (manchas disseminadas). D iagnóst ico C línico Envolve a avaliação clínica dermato-neurológica do paciente, por meio de testes de sensibilidade, palpação de nervos, avaliação da força motora etc. Classificação operacional para fins terapêuticos: Paucibacilares (PB): casos com < 5 lesões na pele. (indeterminada e tuberculóide) Multibacilares (MB): casos com > 5 lesões na pele. (dimorfo e virchowiana) D iagnóst ico laboratoria l 1. Baciloscopia: coloração de Ziehl- Neelsen Coleta da Linfa: colhida em orelhas, cotovelos e da lesão de pele Apertar a orelha com pinça até ficar hipocrômica e cortar com bisturi para coletar a linfa 2. BIÓPSIA da lesão ou de uma área suspeita. Tratamento Poliquimioterapia; Sulfonamidas (dapsona) e rifampicina; Para as formas dimorfas e Virchowiana, acrescentar o comprimida da clofazimina, além da Dapsona e Rifampicina. Duração de 12- 24 meses de tratamento Micobactérias Após a primeira dose da medicação não há mais risco de transmissão durante o tratamento e o paciente pode conviver em meio à sociedade. Epidemiolog ia Em 2016, foram diagnosticados no Brasil 28.761 casos de hanseníase, sendo 217 no Distrito Federal. Hoje o Brasil só perde para a Índia em número de casos. De acordo com cientistas do Instituto Oswaldo Cruz - RJ, combinar a imunização dos familiares (vacina BCG) com o tratamento adequado do paciente, ajuda a evitar que o problema de saúde tome proporções maiores. Outras micobacterias patog ênicas: Micobacterium bovis: contamina leite, dando infecção intestinal. A pasteurização o elimina Micobacterium avium intracellulare: granuloma pulmonar em aidéticos
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