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HISTÓRIA-DAS-AMÉRICAS-E-ÁFRICA-APOSTILA

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01 
 
 
 
CURSO DE COMPLEMENTAÇÃO PEDAGÓGICA 
 
Coordenação Pedagógica – IBRA 
 
 
DISCIPLINA 
 
 
HISTÓRIA DAS AMÉRICAS E ÁFRICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE 1 – HISTÓRIA DAS AMÉRICAS 
1. Fatos Gerais 3 
 
2. Antiguidade na América: Povos Pré-Colombianos 5 
Civilização Maia 5 
Civilização Asteca 11 
Civilização Inca 17 
Resumo 25 
 
3. Referências Bibliográficas 27 
 
 
 3 
1. Fatos Gerais 
 
 
Fonte: Veja.abril1 
 
o período pré-colombiano as populações a dominarem demograficamente 
o território americano, contudo, antes dos europeus, constituíram como 
os índios, dos quais diferentes civilizações se tornaram icônicas, e atualmente 
é interessam aos arqueólogos. Uma de muitas delas, os Maias, desenvolveu-se 
e obteve o seu ápice na região que presentemente é o sul do México, e sua 
história apresenta um período de mais de 3.000 anos. Na época Clássica dessa 
sociedade se deu entre o final do século III ao século IX. 
 
“Os aspectos religiosos da cultura Maia eram fortemente ligados à 
astronomia, e os estudos astronômicos, por sua utilidade, 
influenciavam várias outras práticas, como, por exemplo, a 
agricultura. Talvez os Maias sejam justamente famosos pelo seu 
sistema de calendários. Uma das referências mais importantes para a 
compreensão dos estudos arqueológicos em sítios Maias é o Códice 
Dresden, o qual referência datas de eclipses.” (SALLES, 2018). 
 
Bem como em diversas culturas, o desenvolvimento da astronomia 
aconteceu fortemente ligado ao da matemática, e os Maias foram um dos 
muitos que a desenvolveram, sendo que possuía dois sistemas numéricos, um 
utilizado pela alta classe, disseminado pelos religiosos, e outro utilizado pelas 
demais pessoas. 
 
1 Retirado em http://veja.abril.com.br 
N 
 
 
4 
 
“Outro povo a florescer nas américas foi o dos Anasazi, contando com 
vestígios que datam do ano 500, e desenvolvimento arquitetônico que, 
ao final do ano 1.000 construía casas de pedra com significativa 
complexidade, e possuía rotas comercias e que ligavam o território do 
atual México com territórios norte-americanos como Arizona, Novo 
México e Utah. Após o colapso da civilização Anasazi, diversas outras 
tribos se originaram desta, como os Zuni, que, em 1680, participaram 
de revoltas contra os espanhóis, e até hoje vivem nas mesmas áreas de 
seus antepassados. Diversas culturas, por todo o território americano, 
floresceram antes da chegada dos europeus. Algumas destas possuíam 
alta complexidade cultural e social em diversas áreas, como as 
mencionadas acima, e muitas outras. O homem europeu, ao chegar às 
Américas, não se deparou com povos primitivos, mas sim com culturas 
altamente ricas e desenvolvidas.” (SALLES, 2018). 
 
Além disso, temos que o desenvolvimento da agricultura das sociedades 
Pré-Colombianas pode se conferir ao dos europeu, porquanto esta era já 
empregada há mais de 7000 anos, fundamentada nas culturas de milho, 
abóbora e feijão, todos advindos da América, juntamente com a mandioca, que 
era cultivada nas áreas de floresta tropical. O desenvolvimento de outros 
plantios foi limitado, porquanto poucos eram os animais domesticáveis e que 
se apresentavam ao trabalho para ajudar na preparação da terra e transporte. 
 
 
Antiguidade na América: Povos Pré-Colombianos 
 
 
Fonte: Incrível Historia2 
 
Civilização Maia 
 
ua origem é advinda da América do Norte. Sua localização exata se 
encontrava na Península de Yucatán e suas adjacência por volta de 900 
a.C. A área sustada pode ser desconexa em duas regiões, as terras Altas, 
compostas pelas áreas atualmente conhecidas como Guatemala e El Salvador. 
Já as terras Baixas, compostas pelas áreas conhecidas com Guatemala, México 
e Península de Yucatán. 
O processo de organismo da civilização Maia é desmembrado em dois 
períodos, o primeiro acontece entre 317 e 987 d. C. e o segundo acontece entre 
987 e 1697 d. C. Estas datas são assinaladas por meio dos conhecimentos já 
viventes sobre a civilização. 
 
“Primeira Fase: os Maias foram influenciados pelas culturas: izapa e olmeca. 
 
2 Retirado em http:incrivelhistoria.com.br 
S 
 
 6 
Assim já possuíam o conhecimento de construção de templos e pirâmides. 
Edificaram grandes cidades como Palenque, Pedra Negra e Tekal, consideradas 
as cidades mais importantes. A partir de 731 d.C. tem-se início um grande 
processo de expansão, o que levou os Maias a dominar toda a Península de 
Yucatán e a um fantástico florescimento cultural. 
Segunda Fase: é representada pelo apogeu e pela decadência da civilização Maia. 
Nesta segunda fase os Maias sofreram novas influências vindas do Norte (Região 
do México), o que levou às cidades Maias a se desenvolverem mais, passando de 
centros religiosos as cidades estruturadas militarmente.” (PERDIGÃO, 2006). 
 
 
Fonte: http://www.pinterest.pt 
 
 7 
Note que no desenvolvimento dos Maia destacam-se três cidades: 
Chicenitza, Mayapan e Uxnal. Em 1004 é formada por estas cidades a 
Confederação Maia, depois a confederação, dezenas de cidades constituíram-
se nos dois séculos posteriores, suscitando um acrescentamento no poder 
político da Confederação. 
 
“Entre os séculos X e XI as três principais cidades entram em guerra, 
na qual Mayapan sai vitoriosa. Mayapan exerce uma hegemonia 
sustentada pelo militarismo. Várias revoltas explodem na região, 
levando Mayapan, em 1441, a ser incendiada. As guerras acabam 
gerando êxodo urbano nas grandes cidades. A decadência dos Maias é 
gerada principalmente pelo declínio da agricultura, mas outros fatores 
com, lutas internas, catástrofes naturais (terremotos, epidemias etc.) 
e guerras externas foram influências para a decadência Maia. Quando 
os europeus chegaram, em 1559, os sinais do enfraquecimento era 
evidente e tornaram fácil a conquista. Tayasal foi a última cidade Maia 
a ser tomada pelos europeus em 1697.” (PERDI-GÃO, 2006). 
 
Veja que as cidades Estados que os Maias edificaram não era um Estado 
unificado e centralizado. Contudo, na verdade era que as cidades que se 
destacavam pela as suas importâncias, desempenhavam o controle sobre as 
vilas, aldeias e regiões próximas. 
Logo, a grandiosidade da sociedade maia foi arquitetada com o trabalho 
de uma população ajuizada e disciplinada. A organização social era 
intransigente. Haviam três camadas sociais. 
 A camada mais elevada era a da família real, dos ocupantes dos basilares 
postos do governo e dos comerciantes; 
 Na segunda camada jaziam os servidores do Estado, como os inspetores 
de impostos, os responsáveis pela defesa e os dirigentes das cerimônias; 
 Na última camada jaziam os trabalhadores braçais e os agricultores. 
 
“O grupo social mais poderoso, o dos sacerdotes, monopolizava a 
escrita e os conhecimentos científicos, principalmente a astronomia e 
a matemática. Os maias acreditavam que o destino da humanidade era 
regido pelos deuses, por isso a religião esteve presente em todas as 
atividades culturais do povo. Eles desenvolveram um sistema próprio 
de escrita, até hoje quase indecifrável, baseava-se na representação de 
objetos e ideias. Sabe-se que possuía alto grau de abstração.” (PERDI-
GÃO, 2006). 
 
 
 
 
 8 
 
 
Escrita Maia 
 
Cidade maia 
 
 
 
Assim, as cidades eram comumente controladas por famílias e tinham 
autonomia política e econômica. Não obstante, a unidade constituída na 
Conferencia Maia, a regra era a disputa em meio às cidades por independência, 
novas terras, tributos, matéria-prima etc. 
 
A economia maia era, em grande parte, proveniente da agricultura. 
 
 
 
 9 
 
 
“Economia e Sociedade: sua economia era baseada na agricultura, que 
tecnologicamente era primitiva, porém sua produtividade é grande, 
principalmente de milho (principal base alimentar). Essa produção 
gerava excedentes, assim era possível deslocar um grande contingente 
para asconstruções de templos, pirâmides, reservatórios de água etc. 
Os Maias eram obrigados a realizarem o rodízio das terras, pois estas 
eram pouco férteis, assim poderiam então garantir a fertilidade delas 
por até 8 ou 10 anos antes de passarem para outra área cada vez mais 
distante das aldeias e cidades.” (PERDIGÃO, 2006). 
 
A religião era a alicerce da sociedade Maia, ela autenticava o poder 
conferidos por famílias: TEO-CRÁTICO: 
Ahaucan (supremo sacerdote): tinha o poder de recomendar os 
sacerdotes, conduzia as cerimônias, recebia tributos e deliberava sobre as 
coisas do Estado. Existia sacerdotes com cargos específicos como 
adivinhadores, os escribas e os designados dos sacrifícios etc. 
Halach Uinic (chefe supremo): o cargo é hereditário, o chefe 
mantinha uma serie de altos funcionários como administrantes e magistrados 
(Batab), administradores militares (Nacom), polícia (Tupil) etc. Os díspares 
escalões da burocracia e do sacerdócio constituíam maior ou menor status 
social. 
Mazehualob (camponeses e artesãos): compugnavam a maior 
parte da população, pagavam impostos, trabalhavam nas construções e 
moravam afastadas dos centros. 
Putunes (grandes mercadores): faziam parte de um grupo 
marginalizado pelos Maias e aguentavam pressão dos povos nativos da região 
do atual México, com o tempo auferiram status e seriedade por causa das suas 
atividades: comércio de penas, mantas, produtos agrícolas, mel, cera, cerâmica, 
sal e produtos artísticos etc. 
 
Pintura Maia 
 
 
 10 
 
 
Já os escravos: comumente eram espólios de guerra, trabalhavam para 
um senhor, contudo não trabalhavam na produção. 
Note que, os avançados conhecimentos que os maias tinham sobre 
astronomia (eclipses solares e oscilações dos planetas) e matemática lhes 
deixaram criar um calendário cíclico de extraordinária precisão. Na verdade, 
são dois calendários justapostos: o tzolkin, de 260 dias, e o haab de 365. 
 
“O haab era dividido em dezoito meses de vinte dias, mais cinco dias 
livres. Para datar os acontecimentos utilizavam a "conta curta", de 256 
anos, ou então a "conta longa" que principiava no início da era maia. 
Além disso, determinaram com notável exatidão o ano lunar, a 
trajetória de Vênus e o ano solar (365, 242 dias).” (PERDIGÃO, 2006). 
 
Logo, inventaram um código de numeração com base 20 e incluíam a 
noção do número zero, cujo atribuíram um símbolo. Os maias empregavam 
uma escrita hieroglífica que embora não foi totalmente decifrada. 
 
“A arte maia expressa-se, sobretudo, na arquitetura e na escultura. 
Suas monumentais construções - como a torre de Palenque, o 
observatório astronômico de El Caracol ou os palácios e pirâmides de 
Chichén Itzá, Palenque, Copán e Quiriguá - eram adornadas com 
elegantes esculturas, estuques e relevos. Podemos contemplar sua 
pintura nos grandes murais coloridos dos palácios. Utilizavam várias 
cores. As cenas tinham motivos religiosos ou históricos. Destacam-se 
os afrescos de Bonampak e Chichén Itzá. Também realizavam 
representações teatrais em que participavam homens e mulheres com 
máscaras, representando animais”. (PERDIGÃO, 2006). 
 
A partir do século IX iniciou-se o declínio lento e consecutivo da 
civilização maia que possui diversas são as hipóteses a respeito desse fato. 
Determinados estudiosos creem que pode ter sido por causa das guerras, lutas 
internas, incursões ou a má chefia em relação à exploração da terra. O 
esgotamento do solo teria volvido a produção faltosa para às necessidades de 
consumo e compelido os maias a abdicarem suas principais cidades. O que se 
 
 11 
afiançar, certamente, é que quando os espanhóis abordaram à América, a 
civilização maia não existia mais sinais de vivência. 
 
Civilização Asteca 
 
Sua origem ocorreu por sofreram influencias dos olmecas, estes viveram, 
em tempos distantes, na mesma região. Os olmecas compuseram uma 
hegemonia na região, que depois as invasões dos povos procedentes do norte 
da América, chegou a seu fim. 
 
 
Fonte: http://www.jornaljoca.com.br 
 
 Localizavam-se no Vale do México, e sua capital foi construída onde hoje 
fica a Cidade do México. 
 Originários dos povos mexicas, estabeleceram-se no Vale do México após 
avistarem um presságio dos deuses. 
 Inicialmente, estavam sob a tutela dos tepanecas, mas uma revolta no 
século XV garantiu a independência dos astecas. 
 Possuíam uma sociedade hierarquizada com quatro grupos na pirâmide 
social: o imperador, a nobreza, os homens comuns e os escravos. 
 Eram politeístas e acreditavam que os sacrifícios humanos eram vitais 
para o funcionamento do Sol. 
 Grande parte de seu sustento vinha da agricultura que era próspera por 
conta das chinampas, ilhas artificias construídas com material orgânico. 
 Foram conquistados pelos espanhóis liderados por Hernán Cortés em 
1521. 
Fonte: https://www.historiadomundo.com.br/asteca 
 
Logo, os povos do Norte (denominados de Nahua, ascendência linguística 
nahuatl) edificaram na região mexicana a cidade de Teotihuacán em meados 
 
 12 
de 500 a 600 d. C., influenciados pela cultura olmeca, sendo está é uma das 
grandes cidades da era com enormes construções, pirâmides de tributo ao Sol, 
a Lua e ao deus maior Quetzacoatl. Não existe muitos dados dessa civilização. 
Já os toltecas, oriundos da América do Norte, semelham por conterem 
influencias da cultura olmeca e se dominados pelos sacerdotes da grande 
cidade Teotihuacán, porquanto deram continuação à cultura e à administração 
da cidade, aparelhando um Estado forte e uma cultura rica, chegando ao fim 
visivelmente por causa das disputas internas e a guerras externas em 1194 d. C. 
Contudo, o povo mexica é oriundo da região Sul da América do Norte, 
cognominada Aztlán, por isso o nome de Asteca. Se ativeram na região do lago 
Texcoco, ao lado de ou-tros povos e depois 1325 iniciaram a construção do que 
significaria a maior cidade do séc. XV, a ampla e majestosa Tenochtitlán. 
 
“Os astecas foram uma civilização pré-colombiana e desenvolveram-
se na Mesoamérica. A capital dos astecas era a cidade de Tenochtitlán, 
conhecida por sua grandeza e localizada onde hoje fica a Cidade do 
México, capital do México. Os astecas ficaram conhecidos por 
formarem uma civilização com estilo de vida sofisticado. Foram 
dominados pelos espanhóis em 1521.” (GWEBER, 2019). 
 
Dessa forma, a área tomada pelos astecas foi nas adjacência do lago 
Texcoco situado no sul da América do Norte, onde Tenochtitlán foi edificada a 
partir de 1325 d. C. 
 
 
 13 
 
 
Fonte: https://www.historiadomundo.com.br/asteca 
 
Mapa que mostra o tamanho do Lago Texcoco e a composição das 
principais cidades existentes ali. Em vermelho está o tamanho atual da Cidade 
do México. 
 
 14 
 
“Formação do Império Asteca: a formação do Império Asteca teve 
como base a união de três cidades: a capital Tenochtitlán, Texcoco e 
Tlacopán, que juntas estenderam seu poder por toda a região. Como 
eram as relações políticas entre as três cidades e as demais não são 
muito claras, porém não era muito centralizada com nos Incas. “Na 
confederação Asteca conviviam comunidades de diferentes culturas, 
costumes e idiomas, porem a unidade era marcada pela religião, pela 
centralização militar e pela arrecadação de impostos feitos em 
Tenochtitlán. As províncias da Região subordinavam-se aos Astecas, 
de maneira a não apenas pagarem impostos, mas também serem 
obrigados a fornecerem contingentes militares e a serem submetidos 
aos tribunais da capital.” (GWEBER, 2019). 
 
Assim, o Império Asteca apresenta ter 1440 a 1520 o seu auge, antes de 
ser completamente destruído pelos colonizadores, com a chegada de Cortez, 
que posteriormente a várias incursões em agosto de 1521 o império foi 
totalmente conquistado. Uma das causas da ruína dos Astecas foi o poderio 
militar, outro motivo foi que os Astecas não batalhavam para matar, contudo 
para submeter os demais povos ao seu predomínio, paraos espanhóis a guerra 
era um momento de conquista e extermínio. 
 
“Outro fator pequeno, mas importante foi a proliferação de doenças (a 
mais forte foi a epidemia de varíola), mas o fator realmente decisivo 
foi a união de alguns povos dominados pelo Astecas com os espanhóis. 
Esses povos queriam acabar com a hegemonia dos Astecas na região e 
os espanhóis eram fortes aliados, porém não imaginavam o que 
aconteceria após a derrota dos Astecas e a consolidação da colonização 
espanhola. Guerra e Economia: a guerra tinha vínculo com aspectos 
religiosos e econômicos, não destruíam os inimigos e suas riquezas, 
pois a ideia era submetê-los ao domínio e desfrutar das riquezas por 
meio dos impostos. Desta forma as regiões dominadas pelos Astecas 
mantinham seus costumes, deuses, idiomas etc. Algumas vezes os 
Astecas negociavam a rendição de determinada região ou cidade.” 
(GWEBER, 2019). 
 
Logo, a economia era amparada precisamente pelas regiões dominadas, 
com tributos pagos em mercadorias. Aferisse que Tenochtitlán angariava 
toneladas de: milho, cacau, pimenta seca; grande quantidade de litros de mel; 
milhares de fardos de algodão, manufaturas têxteis, cerâmicas, armas, afora os 
animais, aves, perfumes, papel etc. 
A produção agrícola era fundamentada nos cereais, sobre tudo o milho, 
que compunha a base alimentará das culturas pré-colombianas. Sendo que se 
 
 15 
tivessem outro apoio alimentar estas civilizações não teriam se formado sem o 
que permitia o crescimento de suas populações. 
 
“A posse das terras tinha uma característica muito interessante, pois o 
Estado detinha a posse de todas as terras e as distribuía aos templos, 
cidades e bairros. Nas cidades de bairros as terras tinham um caráter 
coletivo, pois todos os adultos tinham o direito de cultivar um pedaço 
de terra para a sobrevivência. No final do império os sacerdotes, 
comerciantes, e chefes militares se desobrigaram dessa prática 
desenvolvendo-se assim uma forma de diferenciação social.” 
(GWEBER, 2019). 
 
A sociedade era composta por: 
 Administradores dos bairros (calpullec): primeiramente escolhidos pelos 
habitadores dos bairros que em seguida passaram a ser recomendados 
pelo soberano; 
 Artesão: trabalhavam em regra vinculados a um senhor (tecuhtli), a 
maior parte mantinha fábricas em templos e palácios, saldavam os 
impostos com artigos e não eram compelidos ao trabalho coletivo; 
 Chefes militares e altos funcionários (Tecuhtli – dignitário): selecionados 
pelo Soberano que era o general ao mesmo tempo do exército, além de 
sumo pontífice sacerdotal e haviam uma série de prerrogativas como não 
saldar impostos e conviviam em grandes residências; 
 Comerciantes (pochtecas): usurpavam o comércio de luxo, por causa do 
rápido enriquecimento granjearam poder e distinção; 
 Homens livre (macehuali): tinham o direito de agricultar um pedaço de 
terra, tinham a coação de prestar o serviço militar, o trabalho grupal e a 
prestação dos impostos eram realizadas com mercadorias, no caso com a 
maior parte da arrecadação. 
 Prisioneiro, condenados e degredados (tlatlacotin): este eram da classe 
social mais baixa, cuja em troca de casa, comida e trabalho se vinculavam 
a um amo, não sendo escravos, porquanto podiam tornar-se livres. 
 Sacerdotes: conduzia as cerimônias, recebia tributos e deliberava sobre 
as coisas do Estado. Existia sacerdotes com cargos específicos como 
adivinhadores, os escribas e os designados dos sacrifícios etc. 
 
“Os guerreiros constituíam um dos grupos mais importantes na 
civilização asteca. No início, eram escolhidos entre os indivíduos mais 
corajosos e valentes do povo. Com o tempo, entretanto, a função de 
guerreiro começou a ser passada de pai para filho, e apenas algumas 
famílias, privilegiadas, mantiveram o direito de ter guerreiros entre os 
seus membros.” (KARNAL, 1996). 
 
 
 16 
Representação moderna de Tezcatlipoca, um dos principais deuses 
do panteão asteca. 
 
 
Fonte: História do Mundo 
 
A religião asteca era politeísta, pois eles adoravam mais de um deus. A 
religião asteca, como era característico na região, agrupou elementos 
peculiares da religião de outros povos. Um modelo bem versado era o do deus 
asteca Quetzacoatl, que ainda fazia parte do panteão maia e era denominado 
de Kukulkán. 
 
“O deus mais poderoso, conforme acreditavam os astecas, era Tezcatlipoca. 
Outros deuses importantes do panteão asteca eram Quetzacoatl, Tlaloc e 
Tezcatlipoca. Uma característica importante da religião asteca era a realização de 
sacrifícios humanos. Essa prática acontecia por meio da retirada do coração com 
a vítima acordada. A realização dessa prática justificava-se por meio dos mitos de 
fundação que os astecas acreditavam. Segundo as lendas astecas, o deus 
Quetzacoatl ofereceu o próprio coração em um ato de autossacrifício. Os astecas 
acreditavam que o funcionamento do Sol se dava por meio da realização regular 
de sacrifícios humanos.” (GWE-BER, 2019). 
 
Mitos e ritos eram ricos e conexos à natureza, os cultos mais estimados 
estavam correlacionados ao Sol. Era corriqueiro rituais de sacrifício, cujo a 
guerra era grande aprovisionadora de prisioneiros destinados aos sacrifícios. A 
potência da comunidade jazia comumente canalizada para as atividades que se 
relacionava aos rituais, feitos com grande minúcia nas representações e 
procedimentos. 
 
“Nas atividades artísticas acha-se as influências das civilizações 
olmecas e toltecas, anteriores aos astecas. A escultura em jade e as 
grandes construções. A arquitetura estava ligada a religiosidade, sendo 
a forma mais frequente a pirâmide com escadaria culminando em um 
 
 17 
santuário no topo.” (GWE-BER, 2019). 
 
Esculturas asteca 
 
 
 
 
Fonte: http://artout.com.br 
 
As pinturas e afrescos coloridos além disso tinham estima nas artes 
astecas, cuja a figura dos escribas era importantíssima, porquanto unido aos 
hieroglifos surgia as pinturas. 
 
“De caráter religioso mais, a música e a poesia (intimamente 
relacionadas), eram acompanhadas de instrumentos, danças e 
encenações. A colonização infelizmente destruiu grande parte desta 
produção cultural.” (GWEBER, 2019). 
 
Civilização Inca 
 
Sua origem está entre o lago Titicaca e a cidade de Cuzco (Peru). Sua 
localização fica na Região oeste da América do Sul, regressada para o Pacífico. 
 
 18 
A área ocupada começa na região de origem, posteriormente se ampliaram 
sustando regiões atualmente conhecidas como sul da Colômbia, Equador, Peru, 
Bolívia, norte da Argentina chegando ao sul do Chile. 
 
 
Fonte: http://hipercultura.com.br 
 
Note que o império Inca chegou a aglomerar cerca de 15 milhões de 
pessoas, povos que tinham costumes, culturas e idiomas distintos. Na região 
conviviam povos avançados alcunhados pré-incaicos, jaziam disseminados por 
toda a costa lesta da América do Sul, além das serras e no altiplano andino. 
 
 
Fonte: http://saopaulosao.com.br 
 
“Os povos habitavam várias regiões como: os chavin que viviam nas 
serras peruanas; os manabi no litoral do Equador; os chimu no norte 
do Peru; e ainda haviam os chincas, mochicas, nazca e outros. A 
maioria possuía centros urbanos organizados, templos cerimoniais, 
agricultura diversificada (milho, batata e outros), alguns 
domesticavam lhamas, vicunhas, alpacas e cachorros-do-mato. A 
 
 19 
grande cidade era Tia-huanaco, centro cerimonial que recebia 
milhares de pessoas por ano, apresenta influência dos chavin, 
estabeleceu-se por volta do séc. X d. C.” (PERDIGÃO, 2006). 
 
 
Fonte: http://conhecimentoscientificos.r7.com 
 
A expansão e formação do Império Inca foi composto pela absolvição as 
distintas culturas e colocando-as a serviço do crescente Império. O começo do 
Império ficou assinalado pela conquista dos chancas pelo inca Yupanqui em 
1438 d.C. Ele tomou aproximadamente quase todo o Peru, chegando até a 
demarcação com o Equador. A dilatação do Império induziu à conquista do 
altiplanoboliviano, norte da Argentina, Chile (Tope Inca) e Equador, até 
mesmo o sul do Chile (Huayana Capac, 1493 – 1528). 
 
“O processo de expansão do Império foi interrompido devido a 
disputas entre o irmão Huascar e Atahualpa, filhos de Huayana. 
Huascar centralizou-se em Cuzco e Atahualpa em Quito, a rivalidade 
gerou uma guerra civil que enfraqueceu o império, a vitória de 
Atahualpa de nada serviu, pois os espanhóis liderados por Pizzaro 
destruíram o que sobrou do Império. A organização da sociedade: o 
Estado Inca era imperial capaz de controlas toda a sua extensão, o Inca 
era chefe do Estado, dotado de poderes sagrados hereditários e 
reverenciado por todos.” (PERDIGÃO, 2006). 
 
Note que os sacerdotes eram selecionados por ele através da nobreza, 
seus cargos iam da manutenção dos templos, sacrifícios, adivinhações, curas e 
até mesmo feitiçaria, além de serem oráculos. As cerimônias eram na sua maior 
parte das vezes para reverenciar o Deus Sol, no qual o representante vivo era o 
Inca. 
Os sacerdotes ainda tinham a função de divulgar unido aos historiadores, 
os mitos, lendas e histórias sobre a sua cultura. É importante compreender que 
 
 20 
existiam duas religiões, uma regressada a nobreza e outra para a população 
pobre. 
 
“A integridade do Império foi conquistada devido a uma complexa 
burocracia administrativa e militar. Os cargos eram distribuídos entre 
a nobreza e chegaram a adquirir caráter hereditário. Havia uma 
educação e formação militar. Assim como os burocratas esta camada 
era mantida com os tributos arrecadados. O controle da arrecadação e 
o poder das cidades e ayllus (terras doadas pelo Estado) era feito pelos 
curacas (funcionários do Estado) e seus assistentes espalhados pelo 
Império. Os llactaruna (camponeses), cultivavam as terras do Inca e 
dos curacas e pagavam tributos em forma de mercadoria em troca 
recebiam o direto de trabalhar nos ayllus. Ainda o Estada obrigava-os 
a trabalhar nas construções de pirâmides, caminhos, pontes, canais de 
irrigação e terraços. Os Incas utilizavam o sistema de mita para a 
extração de minerais, é um trabalho compulsório, não remunerado, 
baseado na rotação da mão-de-obra, na qual os espanhóis utilizariam 
anos mais tarde.” (PERDIGÃO, 2006). 
 
Existiam ainda artesão, curandeiros e feiticeiros, os primeiros eram 
respeitados como artistas, pintores, escultores, ceramistas, tapeceiros, ourives 
dentre outros; os segundos faziam os trabalhos de cirurgiões, farmacêuticos, 
sabedores de plantas medicinais entre outras atividades. 
Os escravos eram denominados de yanaconas, a palavra é provinda da 
cidade de Yanacu. Em determinados momentos alguns povos conquistados se 
tornavam escravos, seus afazeres eram domesticas e não podiam trabalhar nas 
plantações e nem edificações. 
 
“Economia e Planejamento: a base da economia Inca provinha dos 
ayllu, os llactaruna deveriam trabalhar nas terras do Estado, dos 
funcionários e nas construções para possuírem uma parte de terra para 
sua própria sobrevivência. A base da produção agrícola era: milho, 
batata, tomate, abóbora, amendoim etc. Nas partes altas o milho era 
plantado em terraços construídos nas encostas das serras e irrigados 
pelos canais de irrigação. Domesticavam lhama, vicunhas e alpacas 
para o fornecimento de lã, couro e transporte. O comercio era precário 
e restringia-se a bens de luxo destinados, portanto, à corte. Os censos, 
pontes e caminhos: os incas utilizavam de censo populacional pra 
controlar o Império. Utilizavam o quipo (calculadora manual, 
constituía de cordões coloridos e nós) nos cálculos matemáticos, os 
funcionários quipucamayucus realizavam o levantamento.” 
(PERDIGÃO, 2006). 
 
Desse modo, oi Estado Inca realizava a utilização dos censos com base 
para planejamentos, porquanto orientava nos comandos: controlar a 
 
 21 
quantificação de população/arrecadação de impostos; a precisão de mão-de-
obra para alguma obra pública; controle do desenvolvimento demográfico; 
planejamento de arranjos populacionais para áreas não exploradas, afim de 
suavizar a densidade demográfica. 
Por causa do imenso Império, foi indispensável uma infraestrutura que 
admitisse a circulação de impostos, empregados, trabalhadores pelo Império, 
dessa maneira, foram edificadas várias pontes, estradas, no decorrer desses 
caminhos existia tabernas e construções que abrigavam alimento e água para 
os viajantes. 
 
“Sobre a Cultura pode0se dizer que o idioma quéchua serviu de 
instrumento unificador do império inca. Como não tinham escrita, a 
cultura era transmitida oralmente. Com um conjunto de nós e 
barbantes coloridos, chamados quipos, os incas desenvolveram um 
engenhoso sistema de contabilidade. Na matemática, utilizavam o 
sistema numérico decimal. Os artesãos eram peritos no trabalho com 
o ouro. Mesmo sem conhecer o torno, alcançaram um bom domínio da 
cerâmica. Seus vasos tinham complicadas formas geométricas e de 
animais, ou uma combinação de ambas. A religião inca era uma 
mistura de culto à natureza (sol, terra, lua, mar e montanhas) e crenças 
mágicas. Os maiores templos eram dedicados ao Sol (Inti). Realizavam 
sacrifícios tanto de animais como de humanos.” (PERDIGÃO, 2006). 
 
A sociedade inca se desenvolveu nos declives da cordilheira dos Andes. 
Atualmente, essas terras abrangem o Peru, a Colômbia, o Equador, o oeste da 
Bolívia, o norte do Chile e o noroeste da Argentina. Logo os incas, bem como 
os astecas e os maias, compuseram importantes civilizações na América antes 
mesmo do domínio espanhol. 
 
“O termo inca, que hoje designa um povo e uma sociedade, 
originalmente significava chefe, título dado aos imperadores e aos 
nobres. O Inca, filho do deus do Sol, misto de deus e imperador, reunia 
centenas de tribos sob sua autoridade. O imperador era o guardião dos 
bens do Estado, especialmente da terra e submetia a sociedade ao rigor 
de suas decisões. Abaixo do imperador estavam seus parentes, os 
nobres, e os escolhidos para ocupar os postos de comando, como 
governadores de províncias, chefes militares, sábios, juízes e 
sacerdotes. A camada seguinte era formada de funcionários públicos e 
trabalhadores especializados, como ourives, marceneiros, pedreiros 
etc. Na base da hierarquia estavam os agricultores.” (PERDI-GÃO, 
2006). 
 
 
 22 
Como já mencionado a base da economia era a agricultura, desenvolvida 
principalmente na zona montanhosa dos Andes. Cultivos se desdobravam por 
encostas íngremes, com o famoso sistema de terraços, espécie de degraus 
arquitetados com paredes de pedras. As terras estatais eram lavradas por todos 
as áreas e a produção era guardada para sustentar a nobreza, os sacerdotes e os 
militares. 
 
“Os excedentes eram estocados em armazéns instalados ao longo de 
todo o império e repartidos em tempo de carência ou épocas de 
calamidades. Para melhorar a produtividade da terra eram usados dois 
recursos: a adubação, feita com esterco de lhama e de pássaros; e a 
irrigação, com tanques e canais. Criavam a lhama, que serviam para o 
transporte, a alpaca e a vicunha, das quais obtinham a lã e a carne. No 
litoral, as populações viviam principalmente da pesca.” (PERDIGÃO, 
2006). 
 
Para contabilizar os impostos recolhidos e administrar a produção era 
utilizado o quipu, que constitui em nó, em quéchuca. O quipo versava em um 
cordão, cujo estava presa uma série de pequenos cordões coloridos, suspensos 
em formato de franja e com múltiplos nós. 
 
Exemplo de um quipu utilizado pelos incas 
 
 
Fonte: https://www.todamateria.com.br/ 
 
O Império Inca possuía na época mais 4.000.000 de km, uma população 
de 15 milhões de pessoas divididas em 200 povos díspares e a capital era Cusco. 
Para dar coerência a este vasto império, se conferiu um idioma o quéchua e 
estabeleceu-se o culto ao deus Sol, Inti. 
 
 
 23 
 
Fonte: https://www.cuscoperu.com/ 
 
Celebração meses de junho e julho em Cusco. Culto ao deus do sol. As 
divindades recebiam oferendas, inclusivesacrifício humano, e esperavam dos 
deuses um retorno em forma de chuva, proteção, boa colheita, etc. Em 
homenagem ao deus Sol – Inti – foi construído um grande templo em Cusco. 
 
“Viracocha (ou Wiracocha) – deus criador e fundacional. Aquele que 
emergiu em forma humana das águas do lago Titicaca para ordenar os 
homens sem leis. Organizou o mundo em três níveis, deu função a cada 
um dos povos, criou as planta e animais. Uma vez terminada sua 
missão, saiu caminhando pelo mar. 
Inti (ou Apu Inti) – identificado como o deus Sol que seria o “servo de 
Viracocha”. Os fiéis acudiam a Inti para pedir boas colheitas e o fim 
das doenças. Sua energia alimentava a terra e seus seres que nela 
habitavam. Sua companheira e irmã era Mama Quilla, identificada 
com a lua, que eram pais dos imperadores incas. 
Mama Quilla – deusa identificada com a lua e principal deidade 
feminina. Era servida por uma classe sacerdotal de mulheres e sua 
importância era enorme em todos os assuntos femininos como os 
nascimentos, casamentos, fertilidade, os ciclos das colheitas, etc. Irmã 
e esposa de Inti e de cuja união nasceram os imperadores incas. 
Pachamama – não é propriamente uma deusa criadora. Seu nome 
significa pacha – terra e mama, mãe. É um mito entendido em toda a 
América, pois se trata da própria terra, dos cultivos e pastos. A 
Pachamama era reverenciada com uma parte das colheitas ou dos 
animais que pastavam. “(PERDIGÃO, 2006). 
 
 
 
 24 
Fonte: http://amino.apps.com.br 
 
Dessa forma, estabelecia-se uma afinidade de reciprocidade entre os fiéis. 
O fim do Império Inca iniciou a se desagregar no final do século XV, depois de 
enfrentar diversas rebeliões internas. Bem como a chegada dos espanhóis, 
estes se congregavam com os inimigos dos incas e terminaram por conquista-
los em 1533. 
 
“O imperador Atahualpa foi executado e após sua morte os incas se 
refugiaram nas montanhas, onde resistiram até 1571, quando foi 
capturado e morto o último líder – Tupac Amaru. Seu neto, Tupac 
Amaru II, liderou a última insurreição inca, mas também foi 
assassinado.” (PERDIGÃO, 2006). 
 
Atualmente a cultura inca, ao contrário do que possa parecer, ainda está 
viva e presente nas sociedades andinas. De mesmo modo, no Peru, 
principalmente na cidade de Cusco, é plausível visitar diversos lugares e 
conhecer a cultura inca como: 
 
“Machu Picchu – situada no topo de uma montanha, a 2400 metros de 
altitude, não foi encontrada pelos colonizadores; só foi descoberta em 
1912, por um pesquisador norte-americano. Tratava-se, 
provavelmente, de um santuário religioso. Vale Sagrado – reúne uma 
série de cidades como Sacsay-huamán, Ollantaytambo e Písaca. Ali se 
conservam costumes ancestrais, como realizar transações comerciais 
pelo sistema de trocas, morar nas mesmas casas de pedra construídas 
pelos incas, etc.” (PERDIGÃO, 2006). 
 
Ruínas de Ollantaytambo onde é possível ver as terraças de cultivo 
e as casas 
 
 25 
 
Fonte: http://dosmanosperu.com 
 
Resumo 
 
 
Fonte: http://docsity.com. 
 
 26 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
CARDOSO, C. F. S. América pré-colombiana. São Paulo: Brasiliense, 
1981. v. 16. 120p. 
GWEMBE, Eusébio André Pedro. História Antiga das Américas. 2019. 
KARNAL, Leandro. A conquista do México. São Paulo: FTD, 1996, p. 13. 
PERDIGÃO, Ana Luiza Rocha Vieira. Antiguidade Na América: Povos 
Pré-Colombianos. Núcleo UFSCar-Escola, 2006. 
PROUS, André. O Brasil Antes dos Brasileiros: A Pré-história do Nosso 
País. Rio de Janeiro: Zahar, 2007. 
SALLES, Jéssica Scheer. América pré-colombiana. 2018. 
SANTOS, Carlos Pereira dos; NETO, João Pedro; SILVA, Jorge Nuno. 10 
Livros, 10 Regiões, 10 Jogos para Aprender e Divertir-se: América Pré-
Colombiana – Iwa-thlaknannai. Portugal: Norprint, 2008. 
 
 
 
 27 
 
 
UNIDADE 2 ÁFRICA 
Sumário 
1. Fatos Gerais ......................................................................................3 
Civilização Maia ....................................................................................................... 5 
Civilização Asteca ................................................................................................... 11 
Civilização Inca ...................................................................................................... 17 
Resumo ................................................................................................................... 25 
2. A África ......................................................................................... 28 
3. História da África Antes da Chegada do Europeu ............................ 32 
4. Como os Africanos Lidavam com o Passado: Oralidade, Mitos, Ritos
 41 
5. A África Sob o Imperialismo Colonialista no Séc. XIX ..................... 51 
Colonização Francesa ............................................................................................ 52 
Colonização Inglesa ............................................................................................... 53 
Colonização Alemã ................................................................................................. 54 
Colonização Italiana .............................................................................................. 55 
O Congo Belga ........................................................................................................ 55 
Espanha e Portugal ................................................................................................ 55 
Sobre a África do Sul .............................................................................................. 55 
6. Os Processos de Descolonização e de Independência da África no 
Séc. XX 59 
7. Referências Bibliográficas ............................................................. 64 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 28 
 
 
 
2. A África 
 
 
Fonte: Província Santo Antônio3 
 
De acordo com Richter (s/d, s/p) o continente africano é amplamente 
conhecido pelas suas belezas naturais, principalmente quando se refere à 
grandiosa vida selvagem. Porém, o que encontramos de imenso neste 
continente é uma enorme diversidade física e socioeconômica, pois existe neste 
espaço desde extensos vales férteis, aonde a vida parece não ter fim, até 
desertos gigantes, como é o caso do Saara, o maior do mundo. O contraste da 
pobreza e riqueza também é muito visível por toda sua extensão continental, 
sendo caracterizado principalmente pelas péssimas condições de vida em 
muitos países. (...) Em consequência a esta diversidade, não é tarefa fácil dividir 
a África por regiões devido a sua heterogeneidade ao longo do continente. 
 
3 Retirado em https://www.ofm.org.br/ 
 
 
29 
Porém, podem-se definir duas formas básicas de classificação regional: as 
questões físicas localização geográfica e questões humanas cultura/ocupação. 
(RICH-TER, s/d, s/p) 
Ainda conforme Richter (s/d, s/p), ao visualizar um mapa da África, 
pode-se ver que dividir o mesmo por regiões a partir da sua localização espacial 
nos sentidos Norte, Sul, Leste e Oeste, é bem possível. Dessa forma, classifica-
se o continente em cinco regiões distintas quanto a sua posição geográfica: 
Norte da África, Oeste da África, África Central, Leste da África e Sul da África. 
 
Norte da África: como o próprio nome já diz, é a área situada ao norte do 
continente e que vem a ser banhado pelo Mar Mediterrâneo, em sua maioria, 
fazendo parte desta região cinco países. Também não se pode esquecer que ao 
sul desta região se encontra o deserto do Saara. 
 
Oeste da África: é uma região muito confusa do ponto de vista político. São 
quinze nações que dividem um espaço caracterizado por áreas desérticas 
(Saara, ao norte) e florestas tropicais. Em sua economia local, a exploração de 
petróleo destaca-se com uma atividade bem atraente para os países. 
 
África Central: caracterizada pelos inúmeros conflitos da década de 90 que 
marcaramprofundamente a região, a África Central ficou conhecida no mundo 
pelos conflitos no Zaire que o transformaram em República Democrática do 
Congo. Oito países fazem parte desta região, destacada por grandes florestas 
tropicais em razão de estar na latitude zero do globo. 
 
Leste da África: também conhecida como “Chifre da África”, por sua forma 
física do extremo leste africano, é uma área bem diversificada por ter países 
bem estruturados e urbanizados, como é o caso do Quênia, e em contraponto a 
isto, existe à Somália e Etiópia, nações mergulhadas em problemas gerados 
pelas suas guerras civis. Nesta região encontram-se dez países bem distintos, 
tanto nos aspectos físicos como humanos. É na divisa entre Uganda, Tanzânia 
e Quênia que existe o lago Vitória, que é considerado a nascente do rio Nilo. 
 
Sul da África: o extremo sul africano é representado pelas diferenças 
existente ente os onze países no campo socioeconômico, principalmente, pois 
o contraste entre a África do Sul, nação bem desenvolvida, se comparada aos 
outros países africanos, em relação aos demais é visivelmente percebido. Este 
 
 
30 
país exerce um poder centralizador nesta região, onde a economia é seu ponto 
forte. Observa-se também uma diversidade natural neste espaço, em razão de 
possuir grandes vales férteis e vastos desertos como o Kalahari, sendo no delta 
do Okavango(Botsuana) acontece uma das maiores e mais impressionantes 
migrações do mundo, a dos nus. (RICHTER, s/d, s/p) 
Nesse âmbito, segundo Richter (s/d, s/p) analisar a África destacando 
suas características culturais promove uma divisão bem diferente da anterior. 
Ao observar o continente africano pela sua ocupação ao longo dos anos, 
classifica-se a África em duas regiões: África “branca” (cultura árabe) e África 
“negra” (culturas locais). 
Isto é possível em virtude da influência que a região norte da 
África(árabe) sofreu da ocupação dos povos do Oriente Médio(Ásia) durante os 
tempos, tendo como resultado um espaço totalmente adverso da África 
“negra”, sendo esta última caracterizada pelas culturas regionais provindas de 
milenares tribos africanas. Também é possível destacar a própria cor da pele 
dos africanos nessas duas regiões: os descendentes de árabes possuem uma tez 
clara, em grande parte, enquanto que os africanos relacionados com as culturas 
tribais já têm uma cor mais negra. 
Sendo assim, a África vem a ser o resultado de anos de ocupação e 
influência das mais diversas culturas do mundo que remodelaram e 
transformaram seu continente num espaço diversificado e muitas vezes carente 
de recursos econômicos, por outro lado, suas belezas naturais são únicas e, por 
enquanto, estão permanentes em todo seu território. (RICHTER, s/das/p) 
Divisão Física(localização) da África: 
 
 
 
Norte da África 
Argélia, Egito, Líbia, Marrocos, Saara Ocidental e Tunísia. 
Oeste da África Benin, Burkina Faso, Cabo Verde, Gâmbia, Gana, Guiné, 
Guiné-Bissau, Libéria, Mali, Mauritânia, Níger, Nigéria, 
Senegal, Serra Leoa e Togo. 
África Central Camarões, Congo, Gabão, Guiné Equatorial, República 
Centro-Africana, República Democrática do Congo, São 
Tomé e Príncipe e Chade. 
Leste da África Burundi, Djibuti, Eritréia, Etiópia, Quênia, Ruanda, Somália, 
Sudão, Tanzânia e Uganda. 
 
 
31 
Sul da África África do Sul, Angola, Botsuana, Lesoto, Madagascar, 
Malauí, Moçambique, Namíbia, Suazilândia, Zâmbia e 
Zimbábue. 
Fonte: RICHTER, Denis. (S/d, s/p) 
Divisão Sócio econômica da África: 
 
África “branca” Argélia, Djibuti, Egito, Eritréia, Etiópia, Líbia, Mali, Marrocos, 
Mauritânia, Níger, Saara Ocidental, Somália, Sudão e Tunísia. 
África “negra” Benin, Burkina Faso, Cabo Verde, Gâmbia, Gana, Guiné, 
Guiné-Bissau, Libéria, Nigéria, Senegal, Serra Leoa, Togo, 
Camarões, Congo, Gabão, Guiné Equatorial, República 
Centro-Africana, República Democrática do Congo, São Tomé 
e Príncipe, Chade, Burundi, Quênia, Ruanda, Tanzânia, 
Uganda, África do Sul, Angola, Botsuana, Lesoto, Madagascar, 
Malauí, Moçambique, Namíbia, Suazilândia, Zâmbia e 
Zimbábue. 
Fonte: RICHTER, Denis. (S/das/p) 
 
 
 
32 
 
Fonte: Web Busca/África 
 
3. História da África Antes da Chegada do Europeu 
 
 
 
 33 
Fonte: Comunicado4 
 
 
4 Retirado em https://ceert.org.br/ 
 
 
De acordo com Barbosa (2007, p.1) uma primeira observação necessária 
a esta história é a compreensão da sua amplitude. Falar em História da África 
é falar sobre a história humana. Afinal, foi lá que surgiu o homo sapiens, cerca 
de 160 mil anos atrás. (...) A importância do continente no Mundo Antigo é hoje 
inegável. Sobretudo a partir da ascendência civilizatória milenar do Egito 
Faraônico sob as civilizações que beiravam o Mediterrâneo: persas, assírias, 
hititas, cretenses, helênica, hebraica e outras. Assim como influenciou 
interiormente a África, desde o Alto Nilo e abaixo, entre os núbios e cuxitas, na 
época do Império de Kusch (aproximadamente 100 0-0a.C.). (BARBOSA, 
2007, p.1)
Continuando, Barbosa (2007, p.1) aponta que se trata de uma história de 
sete mil anos, que formou a base sócio cultural da maioria das civilizações 
humanas na antiguidade. Algo que foi consolidado com a formação da cultura 
helenística e a construção da célebre Biblioteca de Alexandria, após as 
conquistas de Alexandre, o Grande(356-323a.C.). É difícil resumir a amplitude 
daquele fenômeno histórico. Ele se refere, primordialmente, a influência que a 
cultura egípcia teve para a expansão das artes, das ciências empíricas 
(matemática, geometria, biologia, astronomia, etc.), da filosofia da natureza e 
do pensamento religioso (Diop,1983). 
Em língua portuguesa, o leitor encontrará uma introdução a esta vasta 
história no segundo volume da grandiosa obra Historia Geral da África, escrito 
sob a coordenação da UNESCO. 
Após quatro mil anos de história, a civilização egípcia entrou em processo 
de decadência que iria culminar com as invasões do último milênio a.C. É uma 
queda que enfraqueceu também os seus vizinhos africanos, núbios e cuxitas. 
Na virada do último milênio para nossa Era, a África assiste a outro fenômeno 
relevante em sua história: as migrações populacionais para a África Austral 
subsaariana. Salvo melhor juízo, foram estas migrações que trouxeram a 
 
 
manipulação do ferro e do bronze para esta vasta região ao Sul da África. Um 
saber essencial para a criação de instrumentos agrícolas mais desenvolvidos, 
além de armas mais letais. O historiador Joseph Ki-Zerbo traz esta hipótese no 
seu conhecido livro História da África Negra (1979).
Talvez por esta razão, em diversos mitos de origem dos povos da África 
Austral e Ocidental se observa a referência ao grande ancestral comum, 
geralmente conhecedor do poder da metalurgia: guerreiro ou agricultor. Na 
mesma época vê-se também a ocupação da ilha de Madagascar. Esta ocupação, 
todavia, não foi realizada primeiramente pelos africanos, mas pelos aborígines 
indonésios, na virada do último milênio. Posteriormente, ela foi também 
ocupada por povos nativos africanos, formando uma cultura e população 
hibrida. Uma visão introdutória a esta história singular se encontra em Pierre 
Bertaux: África: desde la pré-história hasta los estados actuales (1972). 
(BARBOSA, 2007, p.2) 
Outro fato coloca Barbosa (20 07, p. 2) que vem sendo recuperado em 
relação à África é a história da civilização de Axum, entre os séculos I e V(d.C.). 
 
 
Fonte: https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/ 
 
Tal civilização era localizada no Nordeste da África, atual Etiópia (leste e 
norte), Somália, Sudão e Eritréia; fazia divisa com o Mar Vermelho. O 
surgimento de Axum esteve historicamente ligado a sua Localização 
privilegiada, próxima aos antigos núcleos urbanos cu-xumitas, egípcios e 
 
 
árabes. Devido às trocas culturais que tal proximidade propiciava, a formação 
étnica ecultural dos auxumitas tinha um caráter híbrido. Sua população era 
majoritariamente negroide. Sua cultura, entretanto, tinha características 
semitas, embora transformados. Sabe-se da presença de tradições como a 
circuncisão e a excisão infantil, além do relativo respeito ao Sabá e a presença 
de cantos de origem judaica (MUNANGA, ETAL). 
Durante os séculos III à V, a civilização de Axum adquiriu caráter 
imperial, impondo submissão aos reinos vizinhos da região Noroeste da África 
(em particular, Meroé, antiga capital de Kush) e da Arábia meridional. Essa 
expansão de Axum permitiu-lhe assumir o controle de vastas terras cultivadas, 
até o Mar Vermelho. Por este poder ocupou posição intermediária no comércio 
marítimo do Indico, entre os Impérios do Oriente (Chineses, Mongóis e 
Hindus) e o Império Romano, então em decadência (Munanga, et al, apud 
Barbosa, 2007, p. 2). Da Ilha de Moçambique até a costa Indiana, estendendo-
se ao longo do Indico, havia um circuito de centenas de cidades que em 
diferentes fases respondiam por grande absorção de trocas com as sociedades 
africanas. 
A partir do século V, quando passa por crise social, a civilização auxumita 
foi reapropriada pelo Reino Etíope. Todavia, sua característica hibrida 
tradicional foi abandonada com a adoção do cristianismo, que havia chegado à 
região por volta do século IV. Após a decadência de Axum, a história da África, 
em especial, do Norte e Nordeste, esteve diretamente ligada à rápida expansão 
islâmica no continente, a partir do final do século VII. 
A velocidade desta expansão islâmica na África é marcante. Ema penas 
cinquenta anos os muçulmanos (originários ou convertidos) haviam dominado 
todo o Norte da África, de Alexandria até Cartago. Entretanto, devido às 
guerras internas pelo controle do legado de Maomé, os islâmicos não 
mantiveram a unidade original. Na África, ao Norte, três Impérios foram 
resultado deste conflito inter-islâmico: Fatímida(X), Almorávidas(XII) d Al-
 
 
moádas (XIII). Uma caracterização destes pode ser encontrada em Breve 
história da África, de Roland Olivere J.D.Fage. A importância destes Impérios 
muçulmanos não está apenas em sua centralidade na região subsaariana e 
egípcia, mas também por sua relevância na área subsaariana. Em particular, 
nos Reinos e Impérios africanos da África Sudanesa (Noroeste), a partir do 
século X, como Gana, Mali, Songai, K anem-Bornu, Iorubás e Hauçás. Na 
África, pois, a consolidação do mundo muçulmano favoreceu a consolidação de 
Estados e Reinos sudânticos durante a época medieval. Seu papel era 
primordialmente mercantil. (BARBOSA,2007, p. 3) 
Ainda de acordo com Barbosa (2007, p.3) tal influência se explica, em 
grande parte, pelo aumento da escala do mercado internacional via terrestre ou 
marítima (Oceano Indico e Pacífico), entre os séculos X e XIV. Era um comércio 
em que os europeus tinham papel secundário, diante da expansão dos Impérios 
muçulmano, chinês e mongol. 
É impossível resumir a riqueza da história desses Reinos e Impérios 
africanos desta época em poucas linhas. Geralmente formados antes da 
chegada dos muçulmanos à região, suas riquezas estavam associadas ao 
comércio com estes, baseado no fornecimento do marfim, cativos e, sobretudo, 
ouro. É pelo controle dessas rotas do ouro na região subsaariana, que muitos 
destes Reinos e Impérios foram construídos e destruídos no período de 
domínio muçulmano, entre os séculos X e XV. 
Além do comércio, tais sociedades viviam da pesca (sobretudo songaís), 
agricultura e produção artística. Em especial, os hauçás e iorubás, que eram 
hábeis artesões e tintureiros. Uma arte apreciada no Golfo de Benim, na África 
Ocidental. A vida urbana estava geralmente associada à capital dos Reinos, com 
a morada dos soberanos, a administração e uma praça pública para o comercio. 
Com exceção dos hauçás, os camponeses ficavam fora dos núcleos urbanos. 
Eram civilizações que possuíam culturas próprias e estruturas distintas, 
com ascendência religiosa diferenciada. Possuíam um vasto panteão de 
 
 
divindades relacionadas às forças da natureza e aos antigos fundadores do 
Reino. Os iorubás, em particular, tinham um complexo e sofisticado sistema 
cultural, baseado na hierarquia e nas influências recíprocas de suas principais 
cidades: Ifé, Benin e Oio. O livro citado de Joseph Ki-Zerbo (1979) é importante 
fonte de informação sobre a África Sudanesa à época. 
Além desses Impérios e Reinos sudaneses, durante a época medieval a 
África viu o surgimento de duas civilizações relevantes na África Central: 
Império de Monomotapa e o Reino do Congo. O Império de Monomotapa 
ocupava uma vasta área entre o atual Zimbábue, África do Sul, Malavi e 
Moçambique. Sua origem está associada à chegada dos Xonasa região, que 
teriam colonizado as populações locais. Do século XII ao XV, construíram 
centros urbanos consideráveis, dos quais as muralhas de pedras ainda 
existentes são provas vivas, em particular a Acrópole e a Muralha do “Grande 
Zimbábue”. Criadores de gado, os monomotapas eram também hábeis 
comerciantes, estabelecendo trocas com os muçulmanos e mercadores 
chineses, pelo porto de Sofala, controlado pelos primeiros. (BARBOSA, 2007, 
p. 4) 
A Costa Oriental da África, aponta Barbosa (2007, p.4), entre os séculos 
XI e XIX foi um importante centro de comércio marítimo entre africanos, 
árabes e chineses. Sabe-se que existiam dezenas de cidades para este fim nesta 
Costa, desde Moçambique até a Etiópia. Entre estes, Quilóa, Pate, Mogadiço e 
Zanzibar. Na Costa Oeste da África Central, vê-se também o surgimento do 
chamado Reino do Congo durante o século XIV, ocupando uma área entre a 
atual Angola, República Democrática do Congo e Zaire. Tratava-se, em 
verdade, de uma confederação de cidades. O reino do Congo foi um importante 
núcleo urbano da região. Estima-se que quando os portugueses chegaram com 
Diego Cão, em 1482, sua população chegava aos milhões de habitantes. Possuía 
uma estrutura política descentralizada, tendo por base as chefias das aldeias e 
o soberano, intitulado de Manicongo. Essa estrutura social foi 
 
 
significativamente alterada com a chegada dos portugueses. Após a instauração 
do Regimento de 1512, o Congo se transformou em poder intermediário de 
Portugal na Costa Ocidental africana. Foi dela, em1532, que os portugueses 
enviaram os primeiros africanos escravizados para São Vicente, Brasil. 
Durante o século XVI, por interesse dos portugueses, outro poder local, o 
Reino de Angola, se constitui como porta de saída para o tráfico. Pela ação 
destes dois polos, veio grande parte dos africanos escravizados para o Brasil 
durante os séculos XVI, XVII e XVIII. Eram de origem bantu. Uma ampla 
comunidade étnica, definida por sua identidade linguística e cultural com 
diversos povos distintos da Costa Leste e Oeste da África Central. 
Após a ação colonizadora dos portugueses, outras nações europeias entre 
os séculos XVI e XVII construíram fortes ao longo do litoral africano. 
Sobretudo na chamada Costado Ouro (desde então, Costa dos Escravos), 
Noroeste da África. Eram principalmente holandeses, ingleses, franceses e 
espanhóis. Tratava-se de uma luta pelo acesso à maior riqueza africana: 
pessoas. Um comércio escravista de alto poder lucrativo. 
 
 
Fonte: http://jornalcultura.sapo.ao/ 
 
Evidentemente, como referido, o tráfico de escravos já existia no 
continente antes da chegada dos europeus, no século XV. Segundo estimativas, 
foi um comércio que escravizou cerca de cinco milhões de africanos. O número 
 
 
era grandioso, mas não se aproxima, segundo cálculos atuais, dos cerca de 
quinze milhões de pessoas envolvidas no tráfico moderno, desde o século XV. 
Ademais, o tráfico ocidental tinha uma alta taxa de mortalidade. Estima-se 
que ela tenha sido de 80%. Ou seja, para cada pessoa viva que chegava cativa à 
colônia, havia cinco pessoas mortas no processo deescravização (captura, 
prisão e transporte). Se tais dados estiverem corretos, se conclui que o tráfico 
acarretou, pelo menos, em setenta e cinco milhões de mortos. Trata-se do 
maior genocídio da história humana. Dois estudos que tratam do assunto desde 
uma perspectiva histórica são: A escravidão na África: uma história de suas 
transformações (2002), de Paul Lovejoye Decómo. Europa subde-sarolló a 
África(1982), de Walter Rodney. (BARBOSA, 2007, p.5) 
 
 
 
 
4. Como os Africanos Lidavam com o Passado: Oralidade, Mitos, Ritos 
 
 
Fonte: Notibras5 
 
ara Menezes, Castro (2007, s/p) a compreensão do mundo por meio de 
imagens precede àquela da oralidade. A aquisição dos códigos verbais é 
apreendida pelos humanos primeiramente como entendimento dos sons 
e posteriormente da escrita. Entretanto, a primeira expressão gráfica das 
crianças se estabelece por meio da criação de imagens, de desenhos e a 
aquisição da escrita acontece em geral por meio da educação formal. 
Aguiar (2004, apud Menezes, Castro, 2007, s/p) observa que o ser 
humano só tem lembranças de sua infância a partir do momento em que 
aprende a falar, pelo fato que a vida anterior está codificada em imagens que se 
manifestam provavelmente em sonhos, sensações, sentimentos. Corrobora 
 
5 Retirado em https://www.notibras.com/ 
P 
 
 
ainda essa ideia ao dizer que pelo fato da linguagem imagéticas e analógica não 
pode ser construída com negativas “é muito difícil, senão impossível conceber 
uma cena negativa usando recursos plásticos”. Em outras palavras a imagem 
tem um maior compromisso com o indiscutível, com a verdade. 
Pré-concebidamente, a questão da oralidade está frequentemente ligada 
a povos ágrafos, ou melhor, tem-se como verdadeiro que o conhecimento, a 
história de uma sociedade é transmitida por meio do oral em grupos que não 
tem o domínio da escrita, são desprovidas de grafia, contrapondo-se às 
sociedades letradas, alfabetizadas. A cultura africana é pautada pela oralidade, 
pelo poder que é outorgado à palavra falada. A palavra possui poder de ação e 
aquele que não a usa equivale a um ser incompleto, privado de uma parte 
essencial de seu corpo. (MENEZES, CASTRO,2007, s/p) 
Continuando, Menezes, Castro (2007, s/p) apontam que segundo Bâ 
(2003) o poder da palavra falada possui uma energia vital, com capacidade 
criadora e transformadora do mundo, garante e preserva ensinamentos “a 
tradição oral é a grande escola da vida”. O autor diz ainda que a tradição oral é 
ao mesmo tempo: “religião, arte, ciência história, divertimento, recreação, pois 
todo pormenor nos remonta à Unidade primordial”. 
A narrativa africana é forma de registro tão complexa quanto à escrita, e 
incorpora música, dança, interpretação, entonação, o que talvez expresse 
melhor essa energia vital. Existe nela uma integração completa entre o verbal 
e o não verbal, a palavra e o gesto, a relação da palavra falada e como ela deve 
ser falada. (...) para compreender a realidade não há que se separar as partes, 
isolando as áreas do conhecimento, pois a compreensão de cada parte, mesmo 
resguardadas suas especificidades, remonta ao todo, sem hierarquizações de 
conhecimentos e saberes. Tendo por base a iniciação e a experiência, o homem 
que se forma na tradição oral é conduzido à sua totalidade (JESUS, 2005, apud 
MENEZES, CASTRO,2007, s/p). 
 
 
A verbalização conforme Menezes, Castro, (2007, s/p) tem tamanha 
importância na África que existe uma posição de destaque na sociedade para 
profissionais treinados em memorização e transmissão da memória cultural da 
comunidade. Esses indivíduos armazenam séculos de crenças, costumes, 
lendas, lições de vida, segredos. Tem o compromisso com a verdade, pois 
acreditam que a mentira pode provocar o desequilíbrio e desarmonia da 
comunidade ocasionada pela perda da sua energia vital. Jesus(2005) ao citar 
Vansina – “a oralidade é uma atitude diante da realidade e não a ausência de 
uma habilidade” - acrescenta que as sociedades de tradição oral partem desse 
princípio, pois a fala não é mero elemento de comunicação cotidiana, mas um 
meio de perpetuar a história comum, um meio de preservar a sabedoria 
ancestral. Segundo Pierce (apud San-taella,1999) além da linguagem verbal 
escrita, o modo de codificação alfabética ocidental de origem grega, existem 
outras formas decodificação escrita, diferente da linguagem alfabeticamente 
articulada, tais como hieróglifos, pictogramas, ideogramas, formas limítrofes 
do desenho. 
Partindo do mesmo princípio de Vansina e a despeito dos pressupostos 
encontrados nos livros de história, os povos africanos, apesar da tradição oral 
estão entre os primeiros a desenvolver em sistemas de escrita. Além dos 
hieróglifos egípcios, existem diversos sistemas de escrita desenvolvidos antes 
da influência árabe. O fato de priorizarem a verbalização não demonstra 
incapacidade de produzir em sistemas de grafia. Retomando-se o que foi dito 
anteriormente sobre o compromisso que tanto a oralidade como a imagem tem 
com a verdade, pode-se concluir ainda que o fato dos sistemas de escrita 
sociedades orais africanas serem basicamente figurativos têm aí sua origem. As 
inúmeras composições gráficas observadas na arquitetura e design africanos 
sejam nos objetos de uso cotidiano, ritualísticos, ou mesmo decorativos tem a 
finalidade de registrar e transmitir conhecimento. Esses símbolos combinados 
transmitem mensagens. Não são considerados alfabetos verdadeiros porque 
 
 
não existe uma forma única de leitura, podem ser interpretados, mas não lidos. 
Entretanto, primeiramente, a definição de termo alfabeto é de “qualquer 
sistema de sinais estabelecidos para representar letras, fonemas ou palavras”. 
Por outro lado, o ato de ler não está restrito à visualização e entendimento da 
coisa escrita com alfabeto, mas significa também perceber (sinais, signos, 
mensagem) seja por meio da visão, do tato, compreendendo lhes o significado. 
A questão da interpretação é também contestável, uma vez que qualquer texto 
ou contexto está sujeito a interpretações diferentes dependendo do ponto de 
vista. De acordo com National Museum Of African Artossistemas de escrita 
africanos desafiam compreensões convencionais da palavra escrita como algo 
estático aplicado só ao papel e demonstrando outras formas dinâmicas e 
criativas do uso da escrita, ou da ideia de escritura. (MENEZES, 
CASTRO,2007, s/p) 
Nesse âmbito Menezes, Castro (2007, s/p) colocam que baseando-nos em 
Nascimento(1996) e na documentação do National Museum Of African Art 
podemos destacar os seguintes sistemas de escrita africanos, os quais podem 
aparecer individualmente ou em conjunto: 
 Pictóricos: os grafemas (a menor unidade construtiva num sistema de 
escrita) constituem-se de imagens icônicas; 
 Ideográficos: símbolos abstratos que por convenção, carregam conceitos, 
ideias; 
 Fonológicos (alfabéticos ou silábicos): que representam os sons da 
linguagem (fonemas- unidade mínima distintiva no sistema sonoro de 
uma língua- ou sílabas) e que em conjunto representam palavras e 
permitem compreensão mais imediata; 
 Escrita por meio de objetos: arranjos convencionais de peças para 
transmissão de informações. 
 
Um dos exemplos mais interessantes do ponto de vista da expressão 
gráfica são os pictogramas da etnia Edo (ou Ido), do Benine sul da Nigéria, que 
combinam cores e gráficos que podem ser observados na figura abaixo. O 
sistema baseia-se em círculos, círculos combinados com setas e pontos. As 
 
 
setas posicionam-se acima ou abaixo dos círculos, e os pontos podem aparecer 
acima, abaixo, à esquerda ou direita dos mesmos. As cores utilizadas são sete 
cores: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, cian-azul-violeta. Os textos são 
apresentados em forma de matriz, com sete linhas e representados em 
conjuntos de sete linhas e sete colunas(os mais comuns–podendo às vezes 
aparecer nove colunas) sendo que as cores nunca se repetem na mesma coluna. 
Por outro lado, os símbolos são sempre os mesmos em cada coluna. Como 
ideogramas têm-se os seguintes exemplos: o sistema gráfico Nsibidi utilizado 
por povos do sudeste da Nigéria e sudoeste de Camarões para transmitir 
ensinamentos de filosofia; os Adinkra, talvez os mais conhecidos, usados pelos 
Akan/ Ashanti; os Sona ou Tusona, sistema de povos de Angola e Zâmbia. (ME-
NEZES, CASTRO,2007, s/p) 
 
Escrita do Povo e do, Que Combina Sinais e Figuras 
 
 
Fonte: MENEZES, CASTRO (2007, s/p) 
 
Para Osunbunmi (s/d, s/p) a escravidão não congelou a alma, nem 
paralisou o pensamento dos Mandinga, Yoruba, Bantu, Fanti, Asanti, E wê-Fon 
ou Akan. É a hora de esquecer o esquecimento. A memória existe e há 
memórias que surgem em contos e relatos, em mitos e crenças, em toques e 
silêncios de tambores. Também no gesto, na dança e na ética do viver ou do 
morrer. 
Os escravos africanos trazidos durante os quase quatro séculos de regime 
escravocrata eram originários das regiões do Sudão ocidental, da África 
 
 
equatorial e de Angola. Suas origens étnicas puderam ser reconstruídas através 
das pesquisas feitas nas últimas cinco décadas. Ao serem estas culturas um 
fator que define a identidade de uma boa parte das Américas, os estudos feitos 
até hoje sobre as etnias africanas, embora numerosos, ainda são insuficientes. 
A pesquisa sistemática das culturas que deram origem aos grupos afro-
caribenhos não existe em muitos de nossos países. A abordagem da África 
ocorre a partir da demografia, que utiliza dados, às vezes falsos, da demografia 
escravagista para a reconstrução da história. O estudo da oralidade na África 
negra tem acontecido desde perspectivas diferentes, conforme as disciplinas 
que se interessaram no tema. Os folcloristas viram, nestas formas de expressão 
cultural, sobrevivências de tradições desaparecidas. Para os etnologistas, é um 
reflexo da sociedade contemporânea e uma maneira de ensinar ou transmitir 
os valores de grupo. Os psiquiatras, seguindo Freud, explicam-nas como 
maneiras de expressar os problemas psicológicos. (OSUNBUNMI, s/d, s/p) 
Conforme Osunbunmi (s/d, s/p) a literatura oral africana é tudo isso ao 
mesmo tempo, mas não devemos esquecer que um mito, um conto, um 
provérbio, uma adivinhação é uma criação grupal, e deve ser vista assim, 
portanto, tem certas regras e para compreendê-la, é preciso analisar sua forma 
e seu conteúdo a partir de um enfoque multidimensional. O estudo deve ser 
feito seguindo as linhas essenciais que a definem. 
Cada texto oferece vastas possibilidades de análise, que vinculam as 
obras de literatura oral com outros aspectos da mesma cultura. A língua, a base 
léxica e a sintaxe são fatores que, dada sua dimensão na oralidade tradicional, 
fazem com que a mesma seja uma forma de expressão mais rica que a língua 
correntemente falada. Na tradição oral, há fórmulas de abertura e de 
encerramento, modalidades, onomatopeias, diminutivos e aumentativos, etc. 
Há gêneros fixos e livres; nos primeiros, o texto permanece inalterável 
(provérbios, enigmas, fórmulas, esconjuros) e, por isso, a língua é arcaica. Já 
nos gêneros livres, a formulação, de fato, pode mudar (contos, relatos, etc.). 
 
 
Os sistemas narrativos anteriormente mencionados têm variáveis que 
dependem do narrador e de seu auditório. Alguns contos são mimados e 
formam um pré-teatro. Nenhum narrador transmite palavra por palavra o 
texto recebido por tradição oral; nesta liberdade reside justamente a riqueza e 
a diversidade da literatura falada. Algumas sociedades têm a tradição de relatar 
histórias em grupo. Por exemplo, narram contos entre duas ou mais pessoas, 
fazem mímica, cantam em coro, etc. 
A gramática do conto envolve uma estrutura narrativa, como exemplo, as 
sequências nas que se deve repetir. A linguagem dos relatos oferece uma 
infinita variedade de vocabulário, segundo a sociedade emissora da obra. 
Afirma-se que não existe uma sociedade no mundo que não tenha, em seu 
acervo, criações como essas, que se transmitem na tradição cultural. Em 
algumas sociedades, estas formas se conservam e obedecem à necessidade de 
manter vivos certos elementos da cultura, que não se conservam de nenhuma 
outra maneira. É o caso dos relatos e das reconstruções genealógicas 
conservadas na África através dos séculos, associados aos feitos importantes 
(míticos em alguns casos) de heróis de cada etnia. Este é o patrimônio 
depositado nos Gritos, esses portentosos historiadores orais Peuls do Sudão 
ocidental. (OSUN-BUNMI, s/d, s/p) 
No vocabulário dos relatos, os atores: homens, animais, plantas, gênios, 
etc., ocupam seu lugar e possuem um simbolismo particular em cada 
sociedade. Estes elementos permitem a criação de um repertório de metáforas 
e metonímias. As ações e os gestos podem ser de compreensão universal, ou 
particular da sociedade em questão. Os acessórios do narrador (joias, 
vestimenta, fantasia, etc.) também têm um valor simbólico. 
Cada mito (muitos contos são restos de mitos) deve ser decodificado, pois 
nele há uma mensagem implícita. O relato se decodifica no decurso de sua 
repetição. Ao lado da mensagem implícita está a mensagem explícita, que não 
tem a mesma importância, pois não modifica a estrutura interna do texto. A 
 
 
função dos motivos explícitos é marcar o final do conto, do relato, ou de uma 
reconstrução genealógica. A oralidade, portanto, transmite a mensagem de 
uma maneira indireta comum a linguagem codificada. Já o simbolismo, que é 
múltiplo nos contos, pode diminuir ou aumentar os conflitos internos de uma 
sociedade. 
Na oralidade, os africanos conservaram uma fonte viva de suas culturas 
tradicionais. Ao recuperarem a palavra, os novos países independentes, livres 
do peso do colonialismo, puderam reconstruir sua ancestralidade e delinear 
seus projetos de cultura nacional. Os “livros” da experiência milenar africana 
foram guardados na memória dos idosos. “Quando morre um ancião, diz 
Hampaté Bâ, africano, se perde uma biblioteca”. 
A história não escrita dos povos africanos pode ser procurada no 
inconsciente da vida social, isto é, nas estruturas, analisando a cultura e a 
literatura oral em todos os seus gêneros. Contudo, ao se admitir que cada 
sociedade tem uma cultura e uma história, a consciência histórica começa a se 
delinear. A consciência nasce ao espírito de uma ideologia global que superou 
as divisões étnicas de um país, para dar lugar a uma reconstrução paciente das 
sequências temporárias com a ajuda de todas as ciências auxiliares: 
arqueologia, etno-botânica, glotocronologia, etnologia, etc. A oralidade não é 
só o espelho de uma sociedade, também pode mostrar as contradições internas, 
sociais e psicológicas que se tornam perceptíveis na palavra. O fator 
persistência está ligado a uma instituição muito importante, imprescindível, e 
só aprofundando em seu estudo, poderemos chegar a conhecer a alma africana. 
Estamos falando no tambor. Raramente, os historiadores e os etnologistas 
ocidentais abordaram o estudo da rítmica percutiva como substituta da 
escritura na África. (OSUNBUNMI, s/d, s/p) 
Concluindo, Osunbunmi (s/d, s/p) diz que os tambores são o elo com o 
passado; sendo um meio de comunicação, de acompanhamento de danças, de 
transmissão de mensagens sagradas ou profanas, o tambor foi o guardião da 
 
 
memória recordação, como se denomina a capacidade dos africanos de 
conservar, transmitindo de pais para filhos, os valores de sua tradição e os 
códigos de sua identidade, unificando as emoções coletivas. 
A glotocronologia é uma técnica para calcular a separação temporal entre 
duas línguas que se supõe aparentadas. Está baseada na percentagem de 
palavras que são substituídas por outras. Morris Swadesh baseando-se em 
dados de diferentes famílias linguísticas, cujahistória é conhecida por 
documentos, estimou que devido a mudanças internas e contribuições 
externas, aproximadamente 14% das palavras básicas do vocabulário de uma 
língua são substituídos a cada intervalo de mil anos. Aglotocronologia é um 
método de estudo cujos resultados não podem ser precisos. De qualquer forma, 
está proposta para a investigação da evolução daquelas línguas que carecem de 
textos escritos, pelo que há que descartar o método comparativo, usado para a 
reconstrução do indo-europeu e buscar alternativas de investigação. 
A dança não se desenvolve sem o tambor, que é a escritura sonora que o 
dançarino deve acompanhar a oler, ouvindo, seu ditado. A escritura do tambor, 
“pode difundir as notícias mais rapidamente que a escritura gráfica”. Para 
compreender o valor semântico do tambor, é necessário remeter-se às línguas 
africanas, que são sistemas fônicos com estratos sonoros que dão às palavras 
um significado diferente, conforme a gravidade sonora dos vogais. Os sistemas 
de escritura são pouco adequados para escrever os tons graves, agudos e 
intermédios, sobretudo estes últimos. Em nenhuma escritura existem signos 
que possam representá-los. Em troca, o tambor reproduz com fidelidade a 
linguagem tonal das línguas africanas. 
A linguagem do tambor é, portanto, a reprodução imediata e natural da 
língua: é uma “escritura” inteligível para qualquer pessoa que tenha a prática 
suficiente, só que, ao invés de se dirigir à vista, está destinada ao ouvido. O 
europeu jovem aprende a relacionar, na escola, os sinais óticos com os sentidos; 
 
 
do mesmo modo, o africano jovem tinha que aprender outrora a arte de captar 
os sinais acústicos do tambor. (OSUNBUNMI, s/d, s/p) 
 
 
 
5. A África Sob o Imperialismo Colonialista no Séc. XIX 
 
 
Fonte: Estudo Help6 
 
egundo Bergamini (2008, s/p) até fins do século XVIII, a expansão 
colonizadora da Europa derramou-se principalmente pelo continente 
americano. A colonização foi alimentada pela Revolução Comercial e teve, 
portanto, caráter mercantilista. Visava a enriquecer e fortalecer o Estado, 
mediante a obtenção de colônias: fontes de renda, pela exploração das suas 
riquezas e pelo regime do monopólio. O colonialismo europeu mercantilista 
procurava, sobretudo, metais preciosos (ouro, prata) e produtos tropicais, cuja 
 
6 Retirado em https://estudo-help.com.br/ 
S 
 
 
venda sustentava os exércitos das metrópoles e financiava as constantes e 
exaustivas guerras, provocadas pelas ambições nacionalistas na Europa. 
No século XIX– de par com a Revolução Industrial–surgiu um novo 
expansionismo europeu, de cunho imperialista, que se lançou à conquista dos 
demais continentes, com exceção da América (defendia pela doutrina Monroe). 
Este novo imperialismo europeu estendeu-se especialmente pela África e a 
Ásia. Não era apenas colonialista (do antigo tipo mercantilista): também era 
estratégico (militar)e econômico. Cobiçava novas fontes de matérias-primas; 
não ouro e especiarias, mas elementos indispensáveis à indústria. E 
ambicionava novos mercados. (BERGAMINI, 2008, s/p) 
Para Bergamini (2008, s/p) havia necessidade de novas fontes de 
matérias- primas, sobretudo ferro, cobre, petróleo, manganês, trigo, algodão e 
de novos mercados para o consumo dos produtos industriais das metrópoles; 
superpopulação da Europa e consequente necessidade de novas áreas para o 
excesso de habitantes. Os colonos continuariam a ser cidadãos e forneceriam 
contingentes humanos para os exércitos das metrópoles; necessidade de 
aplicação dos capitais excedentes; desejo da conquista de bases estratégicas 
(sobretudo para segurança do tráfico marítimo); espírito e ambições 
nacionalistas. (...) (BERGA-MINI, 2008, s/p) 
 
Colonização Francesa 
 
Segundo Bergamini (2008, s/p) em1830, sob o reinado de Carlos X, 
iniciou-se a conquista da Argélia. Terminou em 1857, sob o reinado de 
Napoleão III. 
 
 
 
 
Fonte: https://francesobjetivo.com.br/ 
 
 A Tunísia foi facilmente ocupada em 1881 (provocando o desagrado da 
Itália). A conquista do Marrocos (1900-1912) deu margens à “questão 
marroquina” franco-alemã. A oposição da Alemanha às atividades colonialistas 
da França, no Marrocos, provocou dois graves incidentes, que quase 
desencadearam a guerra: o de Tanger (1905) e o de Aghâdir (1911). A final após 
obter concessões territoriais no Congo (Camerun, hoje República de Cama-
rões), a Alemanha consentiu (1911) no protetorado francês sobre o Marrocos, o 
qual foi oficialmente estabelecido em 1912. De 1855 a 1900, a França 
conquistou o Sudão (África Ocidental Francesa): Saara, Senegal, Guiné, Costa 
do Marfim, Dahomey (Daomé) e os territórios do Niger. De 1875 a 1885 
apossou-se de imenso território à margem direita do Congo e do seu afluente 
Ubangui. (África Equatoriana Francesa). 
Em Madagáscar, a colonização francesa começou no século XVII. 
Mas a conquista de toda a ilha só se realizou numa campanha militar em 
fins do século XIX (1895-1896). A Somália francesa (em frente ao estreito de 
Babel Mandeb) foi conquistada em 1888. 
 
Colonização Inglesa 
 
A Inglaterra apoderou-se, a pouco a pouco, das partes mais valiosas da 
África: 
Região leste: Em 1882, estabeleceu o protetorado britânico sobre o 
Egito. Mais tarde realizou novas conquistas, formando um bloco unido de 
 
 
possessões, no leste africano: África Ocidental Britânica, hoje Quênia (1884), 
Rodésia (1889), Uganda (1890), Sudão Anglo-Egípcio (1898). 
Região ocidental: Apoderou-se de Gâmbia, Serra Leoa, Costa de Ouro 
e Nigéria. 
Região sul: No sul, desde a guerra com Napoleão, possuía a colônia do 
Cabo (arrancada aos holandeses). Em 1885, descobriram-se minas de ouro em 
Johanesburgo (Transvaal). Pouco depois, a Inglaterra provocou a guerra contra 
os bôers, calvinistas de origem holandesa, agricultores, estabelecidos em duas 
pequenas repúblicas–Transvaal e Orange– as quais, após a vitória 
inglesa(1899-1902), foram ligadas às colônias do Cabo e de Natal. Todas elas, 
juntas, formaram em 1910 a União Sul-Africana. 
Transvaal foi uma das províncias da África do Sul entre 1910 e 1994, com 
capital em Pretória. A província como tal já não existe. Em 1994, o território do 
Transvaal foi dividido em quatro novas províncias: Gauteng, Noroeste, 
Limpopo e Mpumalanga. A lise encontra Wit-watersrand, o complexo 
industrial mais importante da África do Sul. No século XIX, Transvaal 
designava os territórios que se constituíram em uma república bôer 
denominada Zuid-Afrikaansche Republiek (República sul-africana), 
informalmente referida como República do Transvaal. Esses territórios 
ocupavam toda a parte norte da África do Sul, situados a montante do rio Vaal 
até ao rio Limpopo. Anexado pelos Britânicos em 1902, o Transvaal tornou-se, 
em1910, uma das quatro províncias sul-africanas. 
 
Colonização Alemã 
 
Tendo de realizar, primeiramente, a sua unidade nacional– a Alemanha 
apareceu tardiamente no cenário colonial africano. Mesmo assim, obteve o 
Camerun, hoje república dos Camarões (1884), e Togo (1885), no golfo da 
Guiné. Ainda em 1884 conquistou a África do Sudoeste, hoje fideicomisso da 
 
 
ONU. Em 1885 apoderou-se da África Oriental, hoje Tanzânia. A Alemanha 
perdeu todas as suas colônias africanas, após a Primeira Guerra Mundial. 
 
Colonização Italiana 
 
A Itália também entrou tardiamente na “corrida colonialista”. Obteve a 
Eritréia(1885), no Mar Vermelho, e a Somália italiana (1892), no Oceano 
Índico. Mas, ao tentar conquistar a Abissínia, sofreu a esmagadora derrota de 
Árdua (1896), às mãos dos soldados do “negus” MenelikII, o soberano etíope. 
Em 1911, arrebatou aos turcos a Tripolitânia e a Cirenaica, que foram reunidas 
sob o novo nome de Líbia. 
 
O Congo Belga 
 
O Congo é uma enorme e riquíssima região central da África. Foi, 
primeiramente (1885-1908), propriedade particular

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