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TRANSTORNOS-DE-HUMOR-DA-ANSIEDADE-E-SOMATOFORMES

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TRANSTORNOS DE HUMOR, DA ANSIEDADE E 
SOMATOFORMES 
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SUMÁRIO 
 
NOSSA HISTÓRIA ................................................................................. 1 
Transtorno Depressivo Maior ........................................................... 4 
Mania ................................................................................................ 5 
Sintomas Mistos ............................................................................... 7 
Diagnóstico ....................................................................................... 8 
Transtornos de ansiedade .................................................................... 9 
Síndrome do Pânico ....................................................................... 13 
Fobia Simples: ................................................................................ 13 
Transtorno Obsessivo-Compulsivo: ................................................ 14 
Ansiedade causada por uma doença física ou drogas ................... 15 
Diagnóstico ..................................................................................... 17 
Transtornos somatoformes ................................................................ 19 
Transtorno Conversivo (F44.9) ....................................................... 26 
Transtorno dismórfico corporal (F45.2) ........................................... 31 
REFERÊNCIAS ..................................................................................... 38 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como 
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a 
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua 
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, 
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o 
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Os Transtornos do Humor 
 
 
É importante saber diferenciar depressão unipolar da bipolar, pois os 
tratamentos são diferentes.Os transtornos do humor são doenças psiquiátricas 
que representam um problema de saúde pública. Nas fases agudas 
caracterizam-se por uma desregulação de funções cerebrais psíquicas nas 
esferas do humor, da cognição, afetivas, comportamentais e de ritmos 
biológicos. Os principais são o Transtorno Depressivo Maior (TDM) e os 
Transtornos Bipolares (TB) tipo I (TBI) e tipo II (TBII). 
 Os sintomas depressivos do TDM (depressão maior — unipolar) e do TB 
(depressão bipolar) são indistinguíveis, quando avaliados em um corte 
transversal. Porém, o diagnóstico diferencial é crucial, uma vez que o tratamento 
com antidepressivos e estimulantes pode agravar uma depressão bipolar ou ela 
simplesmente pode nunca melhorar. O TDM é tratado com antidepressivos, 
enquanto o tratamento do TB prioriza estabilizadores do humor e, em geral, 
evitam-se os antidepressivos. Tratar inadequadamente uma depressão unipolar 
que, na realidade, é bipolar pode ter consequências irreversíveis. O transtorno 
bipolar é a doença psiquiátrica de maior risco de suicídio: 50% têm ideias de 
morte, 25% tentam o suicídio e em torno de 6% completam o ato (7,77% dos 
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homens, 4,78% das mulheres). Muitos pacientes sequer identificam os sintomas 
e os justificam pelos problemas da vida. 
Frente a isso, é preocupante o fato de que 78% das depressões bipolares 
são diagnosticadas erroneamente como unipolares na atenção primária. De fato, 
um diagnóstico diferencial precoce pode ser difícil e, por isso, este artigo 
apresenta informações clínico-epidemiológicas que auxiliam a diferenciar 
depressão maior do transtorno bipolar. 
 
Transtorno Depressivo Maior 
 
A prevalência-vida do TDM foi estimada em 15-18% da população geral, 
acometendo 2-3 vezes mais mulheres em idade fértil do que homens e tem idade 
média de início em torno dos 30 anos. De um terço a metade dos pacientes 
apresentará depressões recorrentes e necessitará de tratamento de 
manutenção. A depressão maior (DM) pode ter início espontâneo ou ser 
desencadeada por eventos traumáticos em pessoas biologicamente vulneráveis. 
A herdabilidade é de 40-50%. 
Os principais sintomas são humor depressivo ou apatia (pouco ou nada 
influenciáveis por estímulos externos), deficiência na capacidade de sentir prazer 
e falta de energia, ânimo, iniciativa e força de vontade. Movimentos e 
pensamentos podem se lentificar e existe uma dificuldade de concentração e 
memória. Ideias e sentimentos são negativos: baixa autoestima, vazio, 
desânimo, tédio, culpa, fracasso, incapacidade, falta de sentido na vida, 
desesperança, morte etc. Passado, presente e futuro são avaliados de modo 
pessimista. Aparecem sintomas físicos, como redução ou aumento de apetite 
e/ou peso, insônia ou aumento do sono (às vezes um torpor). Não adianta tentar 
convencer o deprimido de que está errado, de que isso vai passar, que basta ter 
força de vontade e reagir, porque as alterações são biologicamente 
determinadas e ele não tem controle sobre seus sintomas. 
Transtorno Bipolar 
 
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Existem vários tipos de transtorno bipolar, que compõem um espectro 
clínico que engloba o TBI e o TBII, além de formas subclínicas do TB e a 
ciclotimia. O TBI é a forma clássica, mais rara e grave, que acomete 1% da 
população geral, definida pela presença de pelo menos um episódio de mania 
durante a vida, independente do número de depressões ou hipomanias (formas 
leves da mania, sem prejuízo funcional). O TBII é mais comum (incidência 
superior a 5% da população geral) e cursa com episódios de hipomania e 
depressão. Alguns apresentam somente sintomas (hipo)maníacos e também 
recebem o diagnóstico de TB. A herdabilidade do TB é de 80%. Inicia-se em 
média 10 anos antes do TDM, em torno dos 20 anos de idade. Quando entram 
na faculdade de Medicina, ou logo nos primeiros anos, muitos estudantes com 
TB já desenvolveram um ou mais episódios de depressão e/ou (hipo)mania. 
 
Mania 
 
Episódios de mania duram pelo menos uma semana e podem ter início 
abrupto ou insidioso, diferenciando-se claramente do comportamento habitual. 
Causam consequências nos relacionamentos e/ou desgaste profissional, mas a 
pessoa não acha que está doente. O humor torna-se expansivo, irritável, com 
impaciência e pressa. Fica mais ativada, energizada, porém, disfuncional. Os 
pensamentos se aceleram, falta concentração, aumentam ideias e planos, 
geralmente mal administrados no tempo. Torna-se mais desinibida e falante, 
inadequada. Surgem sentimentos e pensamentos cunhados de positivismo: 
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grandiosidade, segurança, maior autoestima, senso de razão aumentado, 
destemor, otimismo exagerado, arrogância, cinismo etc. 
Pode haver persecutoriedade e aumento de religiosidade, fanatismo ou 
polemização. A impulsividade aumenta, por exemplo, para consumo de 
álcool/drogas, gastos/presentes, libido (comportamento sedutor, maior 
necessidade de sexo, falar mais sobre sexo etc.), uso de celular/eletrônicos ou 
mudanças no visual (mais tatuagens, piercings, maquiagem ou acessórios). 
Os horários de sono são reduzidos e erráticos. Surge
uma inquietação, 
uma busca por estímulos. Raramente aparecem delírios e alucinações. Aumenta 
a capacidade de argumentar, manipular ou coagir os outros e dificilmente a 
família consegue levar ao médico. Em crise, é difícil lidar com o paciente, pois 
se torna agressivo e provocativo. Os sintomas podem persistir em leve 
intensidade nos períodos intercríticos. 
 
Hipomania 
 
A hipomania apresenta os mesmos sintomas, porém em intensidade mais 
leve do que a mania e, por isso, pode passar despercebida ou ser vista como 
melhora de uma depressão, atrasando o diagnóstico correto. Não há sintomas 
psicóticos. O aumento da energia física e mental pode gerar maior produtividade. 
A pessoa fica mais obstinada por algum tema ou projeto, de modo a focar 
demasiadamente no assunto do momento. Predominam humor irritável e 
impaciência, pensar demais ou aceleração de pensamentos e distraibilidade. 
Para ele, os outros são lentos. A grandiosidade se expressa pelo uso de 
superlativos, maior senso de razão, amor próprio e segurança. A impulsividade 
aumenta, com consequências menos graves que na mania. Assim como na 
mania, existe uma distorção da realidade para o positivo ou desconfiança e maior 
reatividade aos estímulos positivos. Cada episódio pode durar de dias a anos em 
intensidade variável. 
O diagnóstico é difícil, especialmente transversalmente, sendo importante 
um olhar longitudinal retrospectivo para a história de vida do indivíduo. Os 
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sintomas sempre surgem em conjunto, o que diferencia a hipomania de estados 
isolados de euforia que podem ocorrer em situações normais. Ou seja, no TB, 
os sintomas compõem um quadro clínico característico e episódico. 
 
Sintomas Mistos 
 
De um terço a metade dos episódios de depressão maior (unipolar) ou 
bipolar e de (hipo)mania apresentam, concomitantemente, sintomas dos dois 
polos (maníaco e depressivo), sendo chamados sintomas mistos. De uma hora 
para outra o indivíduo em hipomania ou depressão pode desenvolver tais 
sintomas. São os estados de maior risco de suicídio, pois combinam sofrimento 
com aumento de energia psíquica. As principais queixas são de extrema 
“ansiedade” ou raiva, o que pode fazer os sintomas serem confundidos com 
quadros ansiosos, dificultando ainda mais o diagnóstico. O cansaço se superpõe 
ao pensar demais (turbilhão de ideias), mas catastroficamente, com humor 
deprimido. A ansiedade resultante é uma mescla de aflição, desespero, 
desassossego e angústia. Ansiedade ou depressão se associam a impulsividade 
para compras, abuso de álcool/drogas, cigarro, café, 
sedativos/hipnóticos/tranquilizantes/estimulantes, fome ou atividades sexuais 
compulsivas. Costuma piorar ao entardecer. A insônia é grave ou troca-se o dia 
pela noite. Nestas condições o risco de suicídio é real, quando os pensamentos 
correm para um beco sem saída: “nada vai melhorar”, “nunca vou conseguir”, 
“jamais vou dar certo”, com a certeza de ter razão. A aparência externa 
frequentemente engana, pois não exterioriza a agonia interior. É quando se 
comenta: “ah, mas ele estava tão bem!”. 
 
Ritmos Biológicos 
 
Atualmente se considera que o TB seja um problema associado a 
alterações dos ritmos biológicos. São muito variáveis os horários de sono, as 
atividades e o hábito alimentar. A privação de sono pode desencadear novos 
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episódios. Isto é grave para pacientes que varam noites seguidas em atividades 
e estudantes de Medicina ou médicos com rotina marcada por plantões, cujo TB 
nem foi detectado. Além da farmacoterapia indispensável, apropriada a cada 
caso, faz parte da “dieta” manter rotina de atividades e preservar o ciclo sono-
vigília, bem como evitar álcool, drogas, estimulantes, energéticos e 
antidepressivos (estes com ressalvas), que agravam os sintomas mistos e 
podem desencadear novos episódios. 
Os transtornos do humor são condições médicas crônicas, prevalentes, 
de início precoce e cujo prognóstico é tanto melhor quanto menor o tempo entre 
o início dos sintomas e o tratamento apropriado. 
 
Diagnóstico 
 
Antes de iniciar o tratamento com antidepressivos para todo paciente que 
procura atendimento com queixas depressivas, é de extrema importância 
indagar sobre sintomas prévios de (hipo)mania. Porém, muitos pacientes tendem 
a não os referir, seja por ausência de crítica, seja por esquecimento de episódios 
anteriores. Nesses casos, é importante investigar a história objetiva com 
familiares. 
Informações sobre preditores clínicos do TB devem ser colhidas já na 
primeira avaliação, pois auxiliam a diferenciar de imediato depressão pura de 
depressão bipolar. Dentre os itens listados na Tabela 1, a história familiar de TB 
é o mais importante, mas este dado costuma demorar a ser confirmado. Quanto 
mais elementos estiverem presentes na história, maior a probabilidade de se 
tratar de TB, caso família e paciente sejam incapazes de lembrar de períodos 
(hipo)maníacos passados. 
 
Fatores preditores de diagnóstico diferencial da depressão bipolar 
Carcterísticas clínicas 
 
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• Sintomas psicóticos 
• Sintomas atípicos (hipersonia, hiperfagia, 
“paralisia de chumbo” e reatividade do afeto a 
estímulos positivos) 
• Impulsividade, agressividade e hostilidade 
• Comorbidade com quadros ansiosos e 
abuso/dependência de substâncias 
• Presença de sintomas maniformes 
subclínicos (atuais ou durante o tratamento, o que 
requer rastreamento contínuo) 
• Prejuízo funcional importante 
 
Dados presentes na história 
 
• Primeiro episódio depressivo mais precoce 
(dez anos em média mais precoce que depressão 
unipolar), especialmente antes dos 25 anos 
• História familiar de TB 
• Episódios depressivos múltiplos e 
recorrentes 
• Resposta ausente ou inadequada 
(ciclagem para hipomania, mania ou com sintomas mistos, inquietação, 
agressividade, instabilidade do humor) com antidepressivos/estimulantes. 
 
Transtornos de ansiedade 
 
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A ansiedade é uma reação normal a uma ameaça ou a um estresse 
psicológico. A ansiedade normal tem sua raiz no medo e desempenha um 
importante papel na sobrevivência. Quando uma pessoa se vê perante uma 
situação perigosa, a ansiedade desencadeia uma resposta de luta ou fuga. Com 
essa resposta, entra em curso uma variedade de alterações físicas, como uma 
maior irrigação sanguínea para o coração e para os músculos para proporcionar 
ao corpo a energia e a força necessárias para enfrentar situações de risco à vida, 
como fugir de um animal agressivo ou enfrentar um agressor. 
No entanto, a ansiedade é considerada um transtorno quando: 
 Ocorre em momentos indevidos 
 Ocorre com frequência 
 É tão intensa e duradoura que interfere com as atividades normais 
da pessoa 
Os transtornos de ansiedade são o tipo mais frequente de transtorno de 
saúde mental e atingem aproximadamente 15% dos adultos nos Estados Unidos. 
A ansiedade significativa pode persistir vários anos e a pessoa com a ansiedade 
começa a acreditar que isso é normal. Por essa e outras razões, os transtornos 
de ansiedade muitas vezes não são diagnosticados ou tratados. 
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Os principais Transtornos de Ansiedade são: Síndrome do Pânico, Fobia 
Específica, Fobia Social, Estresse Pós-Traumático, Transtorno Obsessivo-
Compulsivo e Distúrbio de Ansiedade Generalizada. 
Os transtornos de ansiedade incluem: 
 Transtorno de ansiedade generalizada 
 Ataques de pânico e síndrome do pânico 
 Transtornos fóbicos específicos 
A angústia mental que ocorre imediatamente ou logo após vivenciar ou 
testemunhar um evento extremamente traumático não é mais classificada como 
um transtorno de ansiedade. Esses transtornos são atualmente denominados 
transtornos relacionados a trauma e a estresse e incluem o transtorno de 
estresse agudo (TEA) e o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). 
É comum que haja comorbidade e assim uma pessoa pode apresentar 
sintomas de mais de um
tipo de transtorno de ansiedade ao mesmo tempo ou 
ter ao mesmo tempo um Transtorno de Ansiedade e outro como depressão. 
No geral, os transtornos de ansiedade respondem muito bem ao 
tratamento psicológico especializado. 
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Estresse Pós Traumático: 
 
Geralmente após um evento traumático a ansiedade diminui logo no 
primeiro mês sem maiores consequências. Porém, em alguns casos, os 
sintomas persistem por mais tempo ou reaparecem depois de um tempo, levando 
a um estado denominado como Estresse Pós Traumático. Há três grupos de 
sintomas mais comuns nos casos de Estresse Pós Traumático: 
(1) reexperiência traumática, 
(2) hiperexcitação ou hipoexcitação psíquica e 
(3) esquiva e distanciamento emocional. 
 
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Síndrome do Pânico 
 
A Síndrome do Pânico é caracterizada pela ocorrência de frequentes e 
inesperados ataques de pânico. Os ataques de pânico, ou crises, consistem em 
períodos de intensa ansiedade e são acompanhados de alguns sintomas 
específicos como taquicardia, perda do foco visual, dificuldade de respirar, 
sensação de irrealidade, etc. Saiba mais. 
 
Distúrbio de Ansiedade Generalizada: 
 
Estado de ansiedade e preocupação constante sobre diversas coisas da 
vida. Este estado aparece frequentemente e se acompanha de alguns dos 
seguintes sintomas: irritabilidade, dificuldade em concentrar-se, inquietação, 
fadiga e humor deprimido. 
 
Fobia Simples: 
 
Medo irracional relacionada a um objeto ou situação específico. Na 
presença do estímulo fóbico a pessoa apresenta uma forte reação de ansiedade, 
podendo chegar a ter um ataque de pânico. Por exemplo a pessoa pode ter fobia 
de sangue, de animais, de altura, de elevador, de lugares fechados ou abertos, 
fobia de dirigir, etc. Há muitas formas possíveis de fobia, visto que o estímulo 
fóbico assume um lugar substituto para os reais motivos de ansiedade da 
pessoa. O motivo original vai ser descoberto na terapia. 
 
 
 
Fobia Social: 
 
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Ansiedade intensa e persistente relacionada a uma situação social. Pode 
aparecer ligado a situações de desempenho em público ou em situações de 
interação social. A pessoa pode temer, por exemplo, que os outros percebam 
seu “nervosismo” pelo seu tremor, suor, rubor na face, alteração da voz, etc. 
Pode levar à evitação de situações sociais e um certo sofrimento antecipado. A 
pessoa pode também, por exemplo, evitar comer, beber ou escrever em público 
com medo de que percebam o tremor em suas mãos. Saiba mais. 
 
Transtorno Obsessivo-Compulsivo: 
 
Estado em que se apresentam obsessões ou compulsões repetidamente, 
causando grande sofrimento à pessoa. Obsessões são pensamentos, ideias ou 
imagens que invadem a consciência da pessoa. Há vários exemplos como 
dúvidas que sempre retornam (se fechou o gás, se fechou a porta, etc.), fantasias 
de querer fazer algo que considera errado (machucar alguém, xingar, etc.), entre 
vários outros. 
As compulsões são atos repetitivos que tem como função tentar aliviar a 
ansiedade trazida pelas obsessões. Assim, a pessoa pode lavar a mão muitas 
vezes para tentar aliviar uma ideia recorrente de que está sujo, ou verificar 
muitas vezes se uma porta está fechada, fazer contas para afastar algum 
pensamento, arrumar as coisas, repetir atos, etc. 
 
Causas 
 
As causas dos transtornos de ansiedade não são completamente 
conhecidas, mas pode haver o envolvimento dos seguintes fatores: 
 Fatores genéticos (incluindo histórico familiar de transtorno de 
ansiedade) 
 Ambiente (por exemplo, vivenciar um evento traumático ou 
estresse) 
 Constituição psicológica 
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 Uma doença física 
Um transtorno de ansiedade pode ser iniciado por estresses causados 
pelo meio, como o fim de um relacionamento importante ou a exposição a um 
desastre com risco à vida. 
Um transtorno de ansiedade pode se desenvolver quando situações 
estressantes provocam respostas inadequadas, ou quando a pessoa é 
subjugada pelos acontecimentos. Por exemplo, algumas pessoas entendem que 
discursar em público é uma atividade estimulante. Outras, no entanto, odeiam 
essa atividade e ficam ansiosas, tendo sintomas como sudorese, medo, aumento 
da frequência cardíaca e tremores. Pessoas sujeitas a essas reações podem 
evitar falar mesmo diante de um grupo pequeno. 
A ansiedade tende a ser hereditária. Os médicos acreditam que algumas 
dessas tendências podem ser hereditárias, mas algumas são provavelmente 
adquiridas pela convivência com pessoas ansiosas. 
 
Ansiedade causada por uma doença física ou drogas 
 
A ansiedade também pode ser causada por um problema de saúde geral 
ou pelo uso ou interrupção (abstinência) de um medicamento ou droga. 
Problemas de saúde geral que podem causar ansiedade incluem: 
 Doenças cardíacas, como insuficiência cardíaca e arritmias 
cardíacas (arritmias) 
 Doenças hormonais (endócrinas), como hiperatividade da glândula 
adrenal (hiperadrenocorticismo) ou tireoide (hipertireoidismo) ou um tumor com 
secreção hormonal denominado feocromocitoma 
 Doenças pulmonares (respiratórias), como asma e doença 
pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) 
 Mesmo febre pode causar ansiedade. 
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Pode ocorrer ansiedade em uma pessoa em estado terminal em 
decorrência de medo da morte, dores e dificuldades respiratórias ( Sintomas 
durante uma doença fatal : Depressão e ansiedade). 
As drogas ou medicamentos que podem desencadear ansiedade incluem 
os seguintes: 
 Álcool 
 Estimulantes (por exemplo, anfetaminas) 
 Cafeína 
 Cocaína 
Muitos medicamentos de venda sob receita médica, como 
corticosteroides 
Alguns produtos emagrecedores de venda livre, como os que contêm 
produtos fitoterápicos guaraná, cafeína ou ambos 
A abstinência de álcool ou de sedativos, como benzodiazepínicos (usados 
para tratar transtornos de ansiedade; consulte o item específico na tabela 
Medicamentos usados no tratamento dos transtornos de ansiedade) podem 
causar ansiedade e outros sintomas, como insônia e inquietude. 
 
Sintomas 
 
A ansiedade pode surgir subitamente, como se fosse uma crise de pânico, 
ou gradualmente no decurso de minutos, horas ou dias. A duração da ansiedade 
pode variar muito, de alguns segundos a vários anos. Pode haver variação de 
intensidade, desde uma angústia quase imperceptível até um ataque de pânico 
muito grave, durante o qual a pessoa pode sentir falta de ar, tontura, aumento 
da frequência cardíaca e agitações (tremor). 
Os transtornos de ansiedade podem ser muito angustiantes e interferir na 
vida da pessoa a ponto de causar depressão. É possível que a pessoa venha a 
ter um transtorno por uso de substâncias. A pessoa com transtornos de 
ansiedade (exceto no caso de fobias muito específicas, como o medo de aranha) 
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tem, no mínimo, duas vezes mais propensão a ter depressão que as pessoas 
que não têm transtornos de ansiedade. Algumas pessoas com depressão 
desenvolvem um transtorno de ansiedade. 
 
Diagnóstico 
 
Avaliação de um médico com base em critérios específicos 
Pode ser complicado decidir quando a ansiedade é grave o suficiente para 
ser considerada um transtorno. A capacidade de uma pessoa de suportar a 
ansiedade varia e pode ser difícil determinar o que deve ser considerado como 
grau anormal de ansiedade. Normalmente, os médicos usam os seguintes 
critérios específicos estabelecidos: 
 A ansiedade é muito angustiante. 
 A ansiedade interfere com o desempenho de atividades. 
 A ansiedade é duradoura ou fica voltando 
O médico procura por outros transtornos que podem estar causando a 
ansiedade, como depressão ou um distúrbio do sono. O médico também 
pergunta se a pessoa tem parentes que já tiveram sintomas semelhantes, porque 
os transtornos de ansiedade tendem a ser hereditários. 
Os médicos também realizam um exame físico. Exames de sangue e 
outros exames podem ser feitos para verificar a presença de problemas de saúde 
que podem
causar ansiedade. 
 
 
Tratamento 
 
 Tratamento da causa, caso seja adequado 
 Psicoterapia 
 Farmacoterapia 
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 Tratamento de outros distúrbios ativos 
O estabelecimento de um diagnóstico preciso é importante, uma vez que 
os tratamentos diferem de acordo com o tipo de transtorno de ansiedade. Além 
disso, os transtornos de ansiedade devem ser diferenciados da ansiedade que 
ocorre em muitos outros transtornos de saúde mental, que envolvem diferentes 
abordagens de tratamento. 
Se a causa for outro problema de saúde ou um medicamento ou droga, o 
médico tem por meta corrigir a causa em vez de tratar os sintomas de ansiedade. 
A ansiedade deve diminuir depois de a doença física ser tratada ou após o uso 
do medicamento ou droga ter sido interrompido por tempo suficiente para que 
todos os sintomas de abstinência tenham desaparecido. Se a ansiedade 
permanecer, podem ser utilizados medicamentos ansiolíticos ou psicoterapia 
(como terapia comportamental). 
No caso de pessoas que estão em estado terminal, determinados 
analgésicos fortes, como a morfina, podem melhorar tanto a dor como a 
ansiedade. 
Caso um transtorno de ansiedade seja diagnosticado, a farmacoterapia 
ou psicoterapia (por exemplo, a terapia comportamental), isoladamente ou 
combinadas, conseguem melhorar significativamente a angústia e a disfunção 
na maioria das pessoas. Os benzodiazepínicos (por exemplo, o diazepam) 
costumam ser receitados para tratar a ansiedade aguda. Os antidepressivos, 
como os inibidores seletivos de recaptação da serotonina (ISRSs), funcionam 
tão bem para transtornos de ansiedade quanto para a depressão para muitas 
pessoas. Os tratamentos específicos dependem de qual transtorno de ansiedade 
é diagnosticado. 
Todos os transtornos de ansiedade podem ocorrer juntamente com outros 
problemas psiquiátricos. Por exemplo, muitas vezes, os transtornos de 
ansiedade ocorrem juntamente com um transtorno por uso de álcool. É 
importante tratar todos esses problemas assim que possível. Tratar o transtorno 
por uso de álcool sem tratar a ansiedade provavelmente não será eficaz, uma 
vez que é possível que a pessoa esteja consumindo álcool para tratar a 
ansiedade. Por outro lado, tratar a ansiedade sem lidar com o transtorno 
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alcoólico possivelmente será uma abordagem malsucedida, porque mudanças 
diárias na concentração de álcool no sangue podem causar uma oscilação nos 
níveis de ansiedade. 
 
Transtornos somatoformes 
 
Os transtornos somatoformes constituem um grupo de transtornos que 
incluem sintomas físicos (por exemplo, dor, náuseas e tonturas) para os quais 
não pode ser encontrada uma explicação médica ou lesões anátomo-clínicas 
proporcionais, tornando- se um desafio diário para a prática clínica. Os sintomas 
e queixas somáticas são suficientemente sérios para causarem um sofrimento 
emocional ou prejuízo significativo à capacidade do paciente para exercer seus 
papéis sociais e ocupacionais. O diagnostico de um transtorno somatoforme 
reflete a avaliação do médico de que os fatores psicológicos são contribuintes 
decisivos para o inicio, a severidade e a duração dos sintomas. Os transtornos 
somatoformes não são resultados de simulação consciente ou transtornos 
factícios (KAPLAN, SADOCK e GREBB, 1997). 
São reconhecidos cinco transtornos somatoformes específicos: 
1- transtorno de somatização (F45.0), que se caracteriza por várias 
queixas físicas, afetando órgãos ou sistemas; 
2- transtorno conversivo ou dissociativo (F44.9), caracterizado por uma ou 
duas queixas neurológicas; 
3- hipocondria (F45.2), constituída fundamentalmente pela convicção do 
paciente de padecer de uma doença específica, sem focar muito em seus 
sintomas; 
4- transtorno dismórfico corporal (F45.2), caracterizado por uma 
percepção falsa ou exagerada de que uma parte do seu corpo é defeituosa; 
5- transtorno doloroso (F45.4), que compreende sintomas de dor que são 
somente relatados ou exacerbados de forma significativa por fatores 
psicológicos. 
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21 
 
 
 
 
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Transtorno de Somatização (F45.0). 
 
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De acordo com Bozeli (2007) o transtorno de somatização traduz-se em 
uma forma de comunicar sofrimento emocional, podendo ser desencadeada por 
inúmeros quadros psicopatológicos. Pode também estar presente onde não se 
verifica nenhuma alteração deste tipo, mas sim em casos de insatisfação, 
incapacidade, tristeza e dor. É uma manifestação de queixas somáticas, sem 
substrato orgânico, onde se verifica sofrimento psicológico e que leva à busca 
do médico. 
Lazzaro e Ávila (2004) citam que há transtorno de somatização quando 
se tem uma doença orgânica confirmada, não há uma explicação lógica para a 
natureza e muito menos para a intensidade das queixas referidas. Os sintomas 
não são produzidos de forma intencional e devem ter uma intensidade suficiente 
para provocar uma perturbação clinicamente significativa ou deterioração no 
desempenho social, no trabalho e na convivência familiar. Os pacientes têm 
dificuldades em aceitar a possibilidade de que sua doença física tenha uma 
origem psicológica. 
São várias as suas causas. O estresse, como medo de “não corresponder 
às expectativas”, dificuldades no trabalho ou econômicas, perdas, desavenças, 
doença ou morte, podem ser fatores desencadeantes. Lazzaro e Ávila (2004) 
citam que, para os pacientes, a somatização frequentemente é considerada 
expressão de “dor psíquica”, sob a forma de queixas corporais, principalmente 
em pessoas que não têm vocabulário para expressar seu sofrimento de outra 
forma. Os sintomas têm origem nas sensações corporais amplificadas e 
interpretadas erroneamente ou nas manifestações somáticas das emoções. 
Pessoas preocupadas com doença e que se sentem vulneráveis costumam 
procurar problemas no próprio corpo, detectando sensações que se identifiquem 
com sintomas de doença. 
No transtorno de somatização o paciente sente necessidade de estar 
doente, sendo este o principal fator de manutenção do distúrbio. O papel de 
doente proporciona um alívio de expectativas interpessoais estressantes e libera 
o sujeito de suas obrigações e, geralmente, proporciona o recebimento de 
atenção, cuidados e, em algumas situações, compensações financeiras. As 
queixas persistentes podem também ser um meio eficiente para expressar a 
24 
 
 
raiva e ou castigar os que são incapazes de satisfazer as necessidades 
emocionais dos que somatizam (LAZZARO e AVILA, 2004). 
O paciente não “finge” um sintoma, ou seja, ele não consiste numa 
simulação. O paciente não tem controle sobre o processo de doença e sofre. A 
possibilidade de ganhos psicossociais ou econômicos pode tornar-se um 
estímulo para desempenhar o “papel de doente” indefinidamente (LAZZARO e 
AVILA, 2004). 
A principal característica do transtorno de somatização são as múltiplas 
queixas somáticas recorrentes e clinicamente significativas com relatos longos e 
complicados, sendo muito mais comum nas mulheres. Geralmente os sintomas 
somáticos se iniciam na adolescência, sendo que nas mulheres queixas de 
dificuldades menstruais podem representar um dos sintomas mais precoces. O 
início de múltiplos sintomas físicos em um período tardio da vida é quase sempre 
devido a uma condição médica geral. Como a exclusão de causas orgânicas que 
justifiquem as queixas é obrigatória, o diagnóstico de transtorno de somatização 
não deve ser suspeitado de maneira prematura, sem que antes uma anamnese 
minuciosa e um exame físico detalhado tenham sido feitos. Uma queixa somática 
deve ser considerada clinicamente significativa se resultar em tratamento médico 
(tomar um remédio ou submeter-se a uma cirurgia) ou causar prejuízo 
significativo no funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas 
importantes da vida do indivíduo (NETO e MARCHETTI, 2009). 
Os pacientes com transtornos de somatização precisam
de um 
relacionamento empático e de longo prazo com um único clínico, já que, quanto 
mais médicos estão envolvidos, mais oportunidades esses pacientes têm para 
expressarem queixas somáticas. O medico da atenção básica deve ver o 
paciente durante consultas regularmente marcadas, geralmente, em intervalos 
mensais. As consultas devem ser relativamente breves; embora um exame físico 
parcial deva ser conduzido para responder a cada nova queixa do paciente. 
Procedimentos laboratoriais e diagnósticos adicionais devem, geralmente, ser 
evitados. Uma vez que o transtorno de somatização tenha sido diagnosticado, o 
médico deve escutar as queixas somáticas como expressões emocionais, ao 
invés de como queixas físicas. Entretanto, os pacientes com transtornos de 
somatização também podem apresentar doenças físicas genuínas; portanto, os 
25 
 
 
médicos devem sempre usar um julgamento criterioso acerca dos sintomas a 
serem abordados e a forma de fazê-lo. Uma estratégia razoável de longo prazo 
para um médico de atendimento primário que esteja tratando um paciente com 
transtorno de somatização é aumentar a conscientização do mesmo quanto à 
possibilidade de que fatores psicológicos estejam envolvidos nos sintomas, até 
que o paciente se disponha a procurar um profissional da saúde mental, 
especialmente um psiquiatra, em caráter regular (KAPLAN, SADOCK e GREBB, 
1997). 
De acordo com Lazzaro e Avila (2004), no começo do tratamento o médico 
deve avaliar a probabilidade de comorbidade com um transtorno depressivo ou 
de ansiedade e pensar numa tentativa de medicação antidepressiva, levando em 
consideração que o paciente possa ter hipersensibilidade à medicação ou efeitos 
colaterais. Prescrever antidepressivos requer cuidadosa preparação e 
orientação do paciente, baixas dosagens iniciais e ajuste lento da dose (que deve 
alcançar a dosagem recomendada), além de contínua tranquilização. Embora a 
farmacoterapia possa muitas vezes ser benéfica, não aborda os mecanismos da 
amplificação de sintomas e a “necessidade de estar doente” associada à 
somatização e, portanto, é apenas parte do tratamento. A consulta psiquiátrica 
pode ser útil (quando o paciente aceita o encaminhamento) para avaliar um 
transtorno de personalidade, a possibilidade de outras afecções psiquiátricas 
comórbidas e para recomendações relativas ao tratamento medicamentoso. Os 
pacientes podem se beneficiar muito com tratamento psicoterápico individual, 
grupal, familiar ou psicopedagógico. 
A psicoterapia, tanto individual quanto de grupo, diminui os gastos 
médicos dos pacientes com transtorno de somatização em até 50%, em parte 
pela diminuição de suas taxas de hospitalização. Nos contextos de psicoterapia, 
os pacientes são ajudados a lidar com seus sintomas, a expressar emoções 
subjacentes e a desenvolver estratégias alternativas para a expressão de seus 
sentimentos (KAPLAN, SADOCK e GREBB, 1997). Dentre as principais 
estratégias e condutas para a abordagem do paciente somatizador, destacam-
se: consultas curtas, marcadas regularmente a cada quatro a seis semanas, 
sempre com o mesmo médico (evitar consultas “conforme necessário”); realizar 
curto exame físico em cada consulta; dar aos sinais físicos, maior peso do que 
26 
 
 
aos sintomas relatados; evitar procedimentos e hospitalizações, a menos que 
claramente indicados; compreender que o desenvolvimento de sintomas é 
inconsciente. (LAZZARO e AVILA, 2004). 
 
Transtorno Conversivo (F44.9) 
 
O transtorno conversivo é uma alteração do funcionamento corporal que 
não se adequa aos conceitos atuais de anatomia e fisiologia do sistema nervoso 
central e periférico. Ocorre tipicamente em uma situação de estresse e produz 
redução considerável do desempenho (SADOCK e SADOCK, 2008; KAPLAN, 
SADOCK e GREBB, 1997) 
O manual diagnóstico e estatístico de Transtornos mentais define o 
transtorno conversivo como um transtorno caracterizado pela presença de um 
ou mais sintomas neurológicos (por exemplo, paralisia, cegueira e parestesias) 
que não podem ser explicados por um transtorno neurológico ou sistêmico 
conhecido. Além disso, o diagnóstico requer que fatores psicológicos estejam 
associados com o início ou a exacerbação dos sintomas. 
Fiszman (2007) cita que os transtornos conversivos estavam ligados 
historicamente ao conceito de histeria até 1980 e eram considerados pelo DSM-
II variantes de um transtorno único, a neurose histérica. Apesar de o papel das 
experiências traumáticas na gênese da histeria ser reconhecido desde os 
escritos de Janet, Freud e Breuer, somente na década de 80 ressurgiu o 
interesse na dissociação como uma resposta ao trauma. Nesta época, o DSM-
III criou uma categoria isolada para os transtornos dissociativos, separando-os 
dos conversivos, sendo estes incluídos na categoria geral de transtornos 
somatoformes. A partir da sua separação da neurose histérica, o seu 
“componente psíquico” (dissociação) vem ganhando destaque crescente nas 
investigações sobre trauma emocional e transtorno de estresse pós-traumático 
(TEPT), ao passo que o seu “componente físico/neurológico” (conversão) 
permanece pouco estudado. 
27 
 
 
No agrupamento “transtornos dissociativos”, a APA (Associação de 
Psiquiatria Americana) optou por considerar o status dos sintomas 
“pseudoneurológicos‟ que afetem consciência, memória, identidade ou 
percepção do ambiente como diferenciado dos transtornos „somatoformes‟. Já 
os transtornos conversivos, que representam perdas de funções neurológicas 
periféricas sem justificativa médica, foram incluídos entre os „somatoformes‟. 
Curiosamente, é na descrição do transtorno conversivo que a APA deixa 
transparecer a maior tolerância no DSM quanto à etiologia „psicodinâmica‟, uma 
espécie de “fóssil vivo” de classificações anteriores em meio às novas 
categorias, mencionando explicitamente no critério B: “Fatores psicológicos são 
julgados como associados com o sintoma ou o déficit [de função motora ou 
sensorial voluntária], uma vez que o início ou a exacerbação do sintoma ou déficit 
é precedido por conflitos ou outros estressores” (APA, 2002). Para a OMS, o 
status dos quadros conversivos e dissociativos foi considerado semelhante, o 
que mantém a tradição histórica anterior de se referir a eles como tipos de 
histeria, respectivamente de conversão e de dissociação: ambos os quadros 
estão incluídos na categoria transtornos conversivos (dissociativos). No CID-10, 
o termo dissociativo ganha preponderância, mesmo em quadros classicamente 
nomeados como conversivos, por exemplo, afonia e surdez “psicogênicas‟ 
(OMS, 1993). 
De acordo com Neto e Marchetti (2009), o diagnóstico de conversão é 
complexo e muitas vezes só pode ser feito depois de excluir problemas 
neurológicos. Estudos são raros sobre o assunto. Uma ideia mais aproximada 
de prevalência pode ser obtida a partir de populações mais específicas, no 
ambiente clínico ou neurológico. Um exemplo é a prevalência de crises não 
epilépticas psicogênicas, em sua maioria de natureza conversiva/dissociativa, 
que se estima ocorram em até 5% dos pacientes em ambulatórios de epilepsia 
e em até 20% dos casos que são avaliados em centros de epilepsia de difícil 
controle. Um dos problemas principais com que estes pacientes se defrontam é 
o alto índice de iatrogenia, pelo tratamento indevido a que são submetidos em 
função de diagnóstico incorreto. 
Neto e Marchetti (2009) ressaltam que diversas condições neurológicas 
devem ser consideradas no diagnóstico diferencial de um sintoma conversivo. A 
28 
 
 
distinção entre um sintoma conversivo e a presença de uma condição 
neurológica pode ser trabalho árduo e, muitas vezes, complexo, mas de extrema 
importância. Decisões diagnósticas precipitadas ou baseadas em critérios 
subjetivos podem ocasionar erros graves. Desta maneira, a exatidão na 
investigação diagnóstica diferencial de problemas neurológicos deve
ser o 
objetivo primordial na presença de qualquer sintoma conversivo, evitando que 
doenças graves e potencialmente fatais passem despercebidas ou que o 
paciente seja submetido a tratamentos iatrogênicos na ausência de patologia 
orgânica. 
Os sintomas conversivos geralmente têm início abrupto e curso variado. 
O início das queixas está associado com eventos estressores significativos. A 
duração dos sintomas tende a ser curta, mas não sempre, com remissão 
ocorrendo dentro de 2 semanas após resolução do conflito ou da situação 
estressora desencadeante. Os sintomas conversivos geralmente mimetizam 
doenças neurológicas agudas e podem ter apresentações motoras ou sensitivas 
das mais variadas formas. Mais raramente podem se apresentar como sintomas 
viscerais ou autonômicos (NETO e MARCHETTI, 2009). 
 
 
 
 
Hipocondria (F45.2) 
 
29 
 
 
 
Ao longo da história, de forma semelhante à da histeria, a hipocondria 
passou por um processo gradual de distanciamento da causação “etimológica” 
e se transformou, ao longo do século XIX, primeiro numa doença “neurológica‟ 
e depois numa doença “mental‟. Mais do que isso, sua serventia como síndrome 
somática exclusiva foi sendo progressivamente substituída por uma miríade de 
quadros. A consequência disso é que a hipocondria significa, hoje em dia, 
exclusivamente uma preocupação excessiva – não psicótica – com a 
possibilidade de adoecimento físico (TOLOFI, 2004). 
De acordo com Campos et al (2010), caracteriza-se basicamente pela 
crença irreal ou medo (do indivíduo) de ser portador de uma doença grave. É´ 
resultado de uma interpretação errônea por parte do paciente acerca de 
sintomas ou funções orgânicas. O termo hipocondria vem do termo hipocôndrio 
(“abaixo das costelas”) e se refere às múltiplas queixas abdominais desses 
pacientes. Enquanto a preocupação do paciente ansioso é com os sintomas, a 
do paciente hipocondríaco é com a possibilidade de estar vitimado por algum 
mal, uma doença grave. 
Martins (2007) coloca que a característica essencial deste transtorno é 
uma preocupação com a presença eventual de um ou vários transtornos 
somáticos graves e progressivos. Os pacientes manifestam queixas somáticas 
persistentes ou uma preocupação duradoura com sua aparência física. 
Sensações e sinais físicos normais ou triviais são frequentemente interpretados 
30 
 
 
pelo sujeito como anormais ou perturbadores. Existe frequentemente grau 
importante de depressão e ansiedade associado, o que pode justificar um 
diagnóstico suplementar. 
Nos critérios diagnósticos para hipocondria, o manual diagnóstico e 
estatístico de Transtornos mentais observa que os sintomas refletem uma má 
interpretação de sinais e sintomas físicos. Um razoável volume de dados indica 
que os hipocondríacos aumentam e amplificam suas sensações somáticas; eles 
têm limiares de dor mais baixos que o habitual e uma menor tolerância ao 
desconforto físico. Por exemplo, o que um indivíduo percebe normalmente como 
pressão abdominal, o hipocondríaco percebe como dor abdominal. A pessoa 
hipocondríaca pode focalizar-se em sensações corporais, interpretá-las 
inadequadamente e alarmar-se em razão de um esquema cognitivo falho 
(SADOCK e SADOCK, 2008; SADOCK e SADOCK, 2007; KAPLAN, SADOCK e 
GREBB, 1997). 
Os critérios diagnósticos para hipocondria exigem que o paciente esteja 
preocupado com a falsa crença de ter uma doença séria e que a mesma esteja 
baseada em uma interpretação errônea de sinais ou sensações físicas. Os 
critérios diagnósticos exigem que o quadro dure pelo menos seis meses, apesar 
da ausência de achados patológicos em exames médicos e neurológicos. O 
diagnóstico de hipocondria também exige que a crença não possua a intensidade 
de um delírio nem esteja restrita a sofrimento acerca da aparência. Contudo, os 
sintomas da hipocondria precisam ter intensidade suficiente para causar 
sofrimento ou comprometer a capacidade do paciente para atuar em áreas 
importantes da vida. O médico pode especificar a presença de fraco insight se o 
paciente não reconhece conscientemente que suas preocupações sobre a 
doença são excessivas. 
Os pacientes hipocondríacos acreditam ter uma doença grave, ainda não 
detectada, e não podem ser persuadidos do contrário. Podem manter, também, 
uma crença de terem uma determinada doença ou, à medida que o tempo 
progride, podem mudar sua crença sobre a doença especifica. A convicção 
persiste apesar de resultados laboratoriais negativos, do curso benigno da 
suposta doença ao longo do tempo e de garantias médicas apropriadas. 
Contudo, a crença não é tão fixa a ponto de constituir um delírio. A hipocondria 
31 
 
 
frequentemente é acompanhada por sintomas de depressão e ansiedade e 
geralmente coexiste com um transtorno depressivo ou de ansiedade. 
Os pacientes hipocondríacos geralmente resistem ao tratamento 
psiquiátrico. Alguns o aceitam se este ocorre em um contexto médico e focaliza 
a redução do estresse e educação sobre o manejo da doença crônica. Entre 
esses pacientes, a psicoterapia de grupo é a modalidade de escolha, em parte 
porque oferece o apoio social e a interação social que parece reduzir sua 
ansiedade. A terapia individual orientada para o insight pode ser útil, mas 
geralmente não tem sucesso. 
A farmacoterapia alivia os sintomas hipocondríacos apenas quando há 
uma condição subjacente que responde a drogas, como um transtorno de 
ansiedade ou transtorno depressivo maior. Quando a hipocondria é secundária 
a algum outro transtorno mental primário, este transtorno deve ser tratado. 
Quando a hipocondria representa uma reação situacional transitória, o médico 
deve ajudar o paciente a conviver com o estresse, sem reforçar o comportamento 
de doente e o uso do papel de enfermo como uma solução para os seus 
problemas. 
 
 
 
 
Transtorno dismórfico corporal (F45.2) 
 
Pessoas que padecem de transtorno dismórfico corporal apresentam uma 
sensação subjetiva de serem muito feios em determinado segmento da sua 
imagem, mesmo sendo normais ou quase normais. Ele se julga pouco atraente 
ou até repulsivo. O transtorno dismórfico corporal é uma preocupação com um 
defeito corporal imaginário (por ex., nariz malformado) ou uma distorção 
exagerada de um defeito mínimo ou sem importância. Esse medo é raramente 
minimizado pelo reassegurar sua normalidade ou por elogios, ainda que o 
32 
 
 
paciente típico tenha aparência normal. Para que esta preocupação seja 
considerada um transtorno mental, é preciso haver sofrimento significativo ou a 
preocupação precisa estar associada com prejuízo na vida pessoal, social ou 
ocupacional do paciente (SADOCK e SADOCK, 2008; KAPLAN, SADOCK e 
GREBB, 1997). 
O transtorno dismórfico corporal é uma condição mal estudada, em parte 
porque os pacientes procuram mais frequentemente a dermatologistas, 
internistas ou cirurgiões plásticos do que a psiquiatras. A idade de início mais 
comum é entre 15 a 30 anos e as mulheres são afetadas com mais frequência 
do que os homens. Os pacientes mais frequentemente são solteiros. 
Sua causa é desconhecida. A alta comorbidade com transtornos 
depressivos, a ocorrência familiar de transtorno do humor e transtorno obsessivo 
compulsivo maior do que a esperada, assim como sua característica responsiva 
a medicamentos específicos para recaptação de serotonina indicam que, pelo 
menos em alguns pacientes, sua fisiopatologia pode estar relacionada à 
serotonina, associando-se a outros transtornos mentais. Conceitos 
estereotipados de beleza podem afetar significativamente os pacientes com 
transtorno dismórfico corporal. Em modelos psicodinâmicos, ele é visto como 
reflexo de um deslocamento de conflitos sexuais ou emocionais para partes não 
correlatas do corpo. Essa associação ocorre por meio dos mecanismos de 
defesa de repressão, dissociação, distorção, simbolização e projeção. 
Os critérios de diagnósticos do manual diagnóstico
e estatístico de 
Transtornos mentais para transtorno dismórfico corporal estipulam preocupação 
com um defeito imaginário na aparência ou ênfase excessiva em um defeito 
mínimo. A preocupação causa sofrimento emocional significativo ou compromete 
de forma marcante a capacidade de desempenho em áreas importantes. 
As preocupações mais importantes envolvem as imperfeições faciais, 
particularmente as relacionadas a partes específicas (p. ex., o nariz). Por vezes, 
a preocupação é vaga e difícil de compreender, como a de uma preocupação 
extrema com um queixo “amassado”. Sintomas recorrentes associados incluem 
ideias ou delírios francos de referência, tanto verificação excessiva em espelhos 
ou evitação de superfícies refletidas, e tentativas de ocultar a deformidade 
33 
 
 
presumida. Os efeitos sobre a vida do indivíduo podem ser significativos; quase 
todos evitam a exposição social e ocupacional. Cerca de um terço deles evita 
sair da sua casa por medo de ser ridicularizado, e até um quinto tenta o suicídio. 
Como já mencionado, a concomitância de transtorno depressivo e transtorno de 
ansiedade são comuns, e os pacientes ainda podem apresentar traços de 
transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva, esquizóide e narcisista. 
O tratamento de pacientes com transtorno dismórfico corporal com 
procedimentos cirúrgicos, dermatológicos, dentários ou outras intervenções 
médicas para resolver os defeitos alegados é quase invariavelmente mal 
sucedido. Embora os medicamentos tricíclicos, os inibidores da 
monoaminoxidase e a pimozida (Orap®), conforme Sadock e Sadock (2008) 
relatam, tenham sido úteis em casos individuais, um número maior de dados 
indica que os medicamentos específicos para a serotonina – por exemplo, a 
clomipramina e fluoxetina – reduzem os sintomas em pelo menos 50% dos 
casos. Em qualquer paciente com um transtorno mental coexistente, como um 
transtorno depressivo ou um transtorno de ansiedade, este deve ser tratado com 
a farmacoterapia e a psicoterapia apropriadas. Não se sabe por quanto tempo o 
tratamento deve ser continuado após a remissão dos sintomas do transtorno 
dismórfico corporal. 
O início de um transtorno dismórfico corporal costuma ser gradativo. Um 
indivíduo pode se tornar cada vez mais preocupado com uma parte particular do 
corpo até que perceba que seu desempenho está sendo afetado. A seguir pode 
procurar assistência médica ou cirúrgica para resolver o problema presumido. O 
nível de preocupação pode ir e vir com o tempo, embora o transtorno em geral 
seja crônico se não for tratado. 
 
Transtorno doloroso (F45.4) 
 
34 
 
 
 
Segundo Martins (2007), no transtorno doloroso, o paciente se refere a 
uma dor persistente, intensa e angustiante, não inteiramente explicável por um 
processo fisiológico ou um transtorno físico. Ocorre num contexto de conflitos 
emocionais e de problemas psicossociais suficientemente importantes para 
permitir a conclusão de que os mesmos sejam a causa essencial do transtorno. 
O resultado é, em geral, uma maior atenção em suporte e assistência pessoal e 
médica. Uma dor considerada como psicogênica, mas ocorrendo no curso de um 
transtorno depressivo ou de uma esquizofrenia, não deve ser aqui classificada. 
A dor é talvez a queixa mais frequente na prática médica e síndromes de 
dor intratável são comuns. A dor lombar incapacita cerca de 7 milhões de 
pessoas nos Estados Unidos e é responsável por mais de 8 milhões de consultas 
médicas todos os anos. 
Os pacientes que experimentam dores corporais sem causas físicas 
adequadas identificáveis podem estar expressando simbolicamente com elas um 
conflito intrapsíquico. Alguns pacientes sofrem de alexitimia, uma condição na 
qual são incapazes de expressar seus sentimentos internos por palavras e o 
fazem com o corpo. Outros pacientes podem, inconscientemente, considerar o 
sofrimento emocional como sinal de fraqueza e, consequentemente, sem 
legitimidade. Deslocando o problema para o corpo, eles podem sentir-se 
legitimamente justificados para satisfazer suas necessidades de dependência. O 
35 
 
 
significado simbólico das perturbações corporais também pode relacionar-se à 
expiação de culpa ou agressão suprimida. Muitos têm dor intratável, que não 
responde ao tratamento em virtude de sua crença de merecer o sofrimento por 
sua tendência má e pecadora. 
A dor pode funcionar como um método para a obtenção de amor, punição 
por erros cometidos e um modo de expiar a culpa e compensação de um 
sentimento íntimo de ser mau. Entre os mecanismos de defesa usados pelos 
pacientes com transtorno doloroso estão o deslocamento, a substituição e a 
repressão. A identificação está envolvida, quando o paciente assume o papel do 
objeto de amor ambivalente, que também tem dor, como um dos seus pais. 
Os comportamentos ligados à dor são reforçados, quando 
recompensados, e inibidos, quando ignorados ou punidos. Por exemplo, 
sintomas moderados de dor podem tornar-se intensos quando acompanhados 
pelo comportamento solícito e atencioso de outros, por ganho monetário ou pela 
esquiva bem-sucedida a atividades desagradáveis. 
 Os critérios diagnósticos do manual diagnóstico e estatístico de 
Transtornos mentais para o transtorno doloroso exigem a presença de queixas 
de dor clinicamente significativas. Essas queixas de dor devem ser consideradas 
significativas se afetadas por fatores psicológicos e se resultarem em sofrimento 
emocional significativo ou prejuízo funcional (por ex., social ou ocupacional) do 
paciente. O diagnóstico exige que o transtorno doloroso seja relacionado tanto a 
um fator psicológico quanto a uma condição médica sistêmica. Se o transtorno 
doloroso estiver associado unicamente a uma condição médica sistêmica deve 
ser diagnosticado como uma condição do Eixo III. 
Os pacientes com transtorno doloroso não constituem um grupo 
uniforme, mas um misto de pacientes heterogêneos com variadas dores, tais 
como dor lombar inferior, cefaleia, dor facial atípica e dor pélvica crônica. A dor 
dos pacientes pode ser pós- traumática, neuropática, neurológica, iatrogênica ou 
musculoesquelético. Entretanto, para satisfazer um diagnóstico de transtorno 
doloroso, deve haver um fator psicológico considerado significativamente 
envolvido nos sintomas de dor e suas ramificações. 
36 
 
 
Os pacientes, muitas vezes, têm longas histórias de cuidados médicos e 
cirúrgicos, consultas a muitos médicos e solicitação de muitos medicamentos. 
Eles podem ser especialmente insistentes em seu desejo por cirurgia. Na 
verdade, essas pessoas podem estar completamente envolvidas com sua dor, 
citando-a como uma fonte de todo o seu sofrimento. Esses pacientes 
frequentemente negam quaisquer outras fontes de sofrimento emocional e 
sustentam que suas vidas são plenas de felicidade, exceto pela dor. Os 
pacientes com transtorno doloroso podem ter seu quadro clínico complicado por 
transtornos relacionados ao uso de álcool e outras substâncias , usadas com o 
intuito de minimizar a sua dor. 
Como talvez não seja possível reduzir a dor, o enfoque terapêutico deve 
abordar a reabilitação. O medico deve discutir a questão dos fatores psicológicos 
desde a fase inicial do tratamento, dizendo francamente aos pacientes que os 
mesmos são importantes como causa e consequência tanto da dor física quanto 
da psicogênica. O terapeuta deve também explicar como os vários circuitos 
cerebrais (tais como o sistema límbico) podem influenciar os trajetos sensoriais 
da dor. Um exemplo é o de que bater com a cabeça enquanto está se divertindo 
parece doer menos do que quando se está zangado ou trabalhando. Entretanto, 
o terapeuta deve ter plena compreensão de que a dor do paciente é real. Os 
medicamentos analgésicos não são úteis para o tratamento do transtorno 
doloroso, na maioria dos casos. Além disso, abuso e dependência de 
substâncias são, frequentemente, problemas importantes
para os pacientes que 
recebem tratamento prolongado com analgésicos. Agentes sedativos e 
ansiolíticos não são especialmente benéficos e, muitas vezes, tornam-se 
problema devido ao frequente abuso, uso incorreto e efeito colaterais. Os 
antidepressivos como os tricíclicos e os inibidores seletivos da recaptação de 
serotonina (ISRSs) são os mais eficazes no tratamento medicamentoso do 
transtorno doloroso. 
Alguns dados sobre resultados terapêuticos indicam que a psicoterapia 
psicodinâmica é útil para pacientes com transtorno doloroso. O primeiro passo 
na psicoterapia consiste em desenvolver uma sólida aliança terapêutica, 
demonstrando solidariedade pelo sofrimento do paciente. Os clínicos não devem 
contestar os pacientes com comentários como “tudo isso está na sua cabeça”. 
37 
 
 
Para o paciente a dor é real e o clinico deve reconhecer sua realidade, embora 
suspeite de sua origem basicamente intrapsíquica. Um ponto inicial útil para a 
abordagem dos aspectos emocionais da dor consiste em examinar as 
ramificações interpessoais relacionadas à dor na vida do paciente. Na terapia de 
casais, por exemplo, o psicoterapeuta pode ter acesso à fonte da dor psicológica 
do paciente e à função das queixas físicas em relacionamentos significativos. 
A dor no transtorno doloroso, em geral, começa abruptamente e aumenta 
em severidade durante as próximas semanas ou meses. O prognóstico para os 
pacientes com transtorno doloroso varia, embora o mesmo, muitas vezes, possa 
ser crônico, angustiante e completamente incapacitante. Quando os fatores 
psicológicos predominam no transtorno doloroso, a dor pode ceder com o 
tratamento ou após a eliminação do reforço externo. Os pacientes de pior 
prognóstico, com ou sem tratamento, são os que têm problemas 
caracterológicos preexistentes, especialmente passividade pronunciada; estão 
envolvidos em litígios ou recebem compensações financeiras; usam substâncias 
aditivas e têm longas histórias de dor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
38 
 
 
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