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Yahanna Estrela Medicina – UFCG CARDIOLOGIA Síndrome Coronariana Aguda – IAMSSST e Angina Instável INTRODUÇÃO ✓ O infarto do miocárdio sem supradesnivelamento do segmento ST (IAMSSST) é um evento isquêmico agudo que cause necrose de miócitos; ✓ A AI é definida como isquemia miocárdica na ausência de necrose miocárdica, ou seja, com biomarcadores negativos; o A AI tem quadro clínico intermediário entre a angina estável e o IAM, podendo evoluir para o IAM; ✓ Durante o manejo inicial da SCA, frequentemente, é difícil diferenciar AI do IAMSSST com base apenas em critérios clínicos (antes que a dosagem de marcadores de necrose miocárdica esteja disponível), devendo ambas as entidades serem conduzidas de forma semelhante nessa fase. FISIOPATOLOGIA ✓ A principal característica fisiopatológica da SCA é a instabilização da placa aterosclerótica, envolvendo erosão ou ruptura e subsequente formação de trombo oclusivo ou suboclusivo. o Oclusivo: IAMCSST; o Suboclusivo: IAMSSST e AI; ✓ Esse trombo, por enquanto, é formado apenas por plaquetas; ✓ Há intensa atividade inflamatória no interior da placa, sendo a inflamação a responsável pelo “amolecimento” e “instabilização” da placa de ateroma; o Pacientes com placas mais “inflamadas” apresentam elevação nos níveis basais de proteína C-reativa → marcador útil na estimativa de risco de evento coronarianos; ✓ Os fatores que levam as placas a “inflamarem” não são completamente conhecidos → fatores de risco: tabagismo, dislipidemia, diabetes e HAS. ✓ Essa limitação de fluxo, no entanto, pode ocorrer por outros mecanismos como vasospasmo, embolia ou dissecção coronariana. ✓ Outros fatores podem estar envolvidos na fisiopatologia da SCA por alterar a oferta e/ou o consumo de oxigênio miocárdico, tais como anemia, hipertensão, taquicardia, cardiomiopatia hipertrófica, estenose aórtica, entre outras. ✓ O infarto sem supradesnível do segmento ST e angina instável têm como base a erosão endotelial. ✓ A erosão endotelial parece associada com aumento do estresse endotelial deflagrado por aumento da expressão de receptores toll-like 2 (TLR2), NETs (Neutrophyl Extracellular Traps), aumento do estresse hemodinâmico e isquemia. QUADRO CLÍNICO ✓ A sintomatologia da angina instável é semelhante à do IAMCST, mas não há supra de ST; ✓ Se o indivíduo evolui com elevação nos MNM, ele sofreu um IAMSST; ✓ O exame físico é normal, mas pode apresentar alterações quando há disfunção do VE ou sopro de insuficiência mitral; ✓ Equivalente anginoso é comum em mulheres, idosos e diabéticos: paciente não se queixa de dor, mas sente outros sintomas que equivalem à manifestação da sua doença → dispneia, fadiga, sensação de desmaio, sopro transitório, náuseas, vômitos, sudorese e palidez. DIAGNÓSTICO ✓ O diagnóstico é fundamentalmente clínico → Anamnese + exame físico. ✓ Exames complementares, como ECG e curva de MNM podem fornecer informações complementares. ANAMNESE ✓ Avaliar fatores de risco para síndrome coronariana aguda: o HAS; o Diabetes; o Dislipidemia; o Tabagismo; o Obesidade; o História familiar de DAC precoce; Antecedentes pessoais de DAC [angioplastia transluminal coronária (ATC) ou cirurgia de revascularização do miocárdio (CRM)]; o Idade avançada (maior de 60 anos); ✓ Avaliação das características da dor: o Tipo/localização: 1 ponto. ▪ Constritiva, em peso, em aperto queimação ou desconforto torácico não adequadamente caracterizado; ▪ Região precordial, retroesternal e/ou epigástrica (tomar cuidado para não confundir com doenças do TGI); o Irradiação/sintomas associados: 1 ponto. ▪ Irradiação: ombro direito, esquerdo ou ambos, mandíbula, cervical, andar superior do abdome, interescapular; ▪ Sintomas associados: náuseas ou vômitos e sudorese; o Fatores desencadeantes (piora/melhora): 1 ponto. ▪ Fatores desencadeantes: esforço ou estresse emocional, pós-refeição copiosa, esforço e/ou frio intenso; ▪ Fatores de atenuantes: uso de nitratos e repouso; ➢ Tipo A: definitivamente anginosa (3 pontos); ➢ Tipo B: provavelmente anginosa (2 pontos); ➢ Tipo C: provavelmente não anginosa (1 ponto); ➢ Tipo D: definitivamente não anginosa (0 ponto). EXAME FÍSICO ✓ O exame físico do paciente, geralmente, é normal, sendo pouco sensível para estabelecer diagnóstico. ✓ Deve-se pesquisar: o Bradicardia sinusal; o Taquicardia sinusal; o HAS ou Hipotensão; o B4; o Insuficiência do ventrículo esquerdo (IVE): dispneia, ortopneia, estertores pulmonares. ✓ Alterações do exame físico permitem o diagnóstico diferencial de SCA com outras causas de dor torácica: o Cardíacas: pericardite (atrito pericárdico), tamponamento cardíaco (pulso paradoxal), estenose aórtica (sopro sistólico aórtico), miocardiopatia hipertrófica (sopro sistólico ejetivo paraesternal que aumenta com manobra de Valsalva). o Não cardíacas: dissecção de aorta (divergência de pulso e pressão entre os braços e sopro diastólico de insuficiência aórtica), embolia pulmonar/infarto pulmonar (atrito pleural), pneumotórax (murmúrio vesicular diminuído e timpanismo à percussão), musculoesquelética (dor à palpação). ELETROCARDIOGRAMA ✓ Deve ser feito e avaliado em até 10 minutos após a chegada do paciente ao hospital; ✓ Cerca de 1% a 6% dos pacientes com SCASSST têm ECG normal, ou não diagnóstico, à admissão. o Nessa situação, o ECG deve ser repetido entre 15 e 30min, principalmente em indivíduos que seguem sintomáticos. o Um ECG normal ou não diagnóstico pode ocorrer mesmo na vigência da oclusão da artéria circunflexa ou da coronária direita. o Dessa forma, recomenda-se a realização adicional das derivações V3R, V4R, V7, V8 e V9 para aumentar a sensibilidade do método. ✓ Possíveis alterações encontradas (30-50%): o Onda T apiculada e simétrica; o Onda T invertida e simétrica; o Infra de ST. ✓ Alterações dinâmicas no segmento ST (depressão ou elevação do ST): o O supra de ST pode ocorrer de forma dinâmica, em geral por < 20 min, sugerindo superposição de espasmo coronariano; o Quando persistente, sugere IAMCSST. ✓ Alterações no ECG apenas durante a dor são sugestivas de isquemia miocárdica, devendo ter monitorização contínua. MARCADORES DE NECROSE MIOCÁRDICA ✓ Deve-se colher troponina na chegada ao hospital; ✓ Se for troponina ultrassensível e estiver discretamente elevada, deve-se dosar em 3h; o Se uma for + e a outra -, deve-se dosar novamente e pensar em causas de aumento sem ser necrose miocárdica. o Como: Embolia Pulmonar; Insuficiência Cardíaca; Insuficiência Renal; Sepse; Acidente Vascular Encefálico; Miocardite; Arritmias graves; Trauma cardíaco; Dissecção aórtica; Cardiomiopatia hipertrófica; Rabdomiólise; Hipotireoidismo; Queimaduras; Cardio- miopatia de Takotsubo; Doença Valvar aórtica; Crise hipertensiva. ✓ Na angina instável não há elevação de CK-MK ou toponinas; ✓ No IAMSSST há elevação. OUTROS EXAMES ✓ Raio X de tórax, na suspeita de congestão pulmonar; ✓ Lipidograma nas primeiras 24h de internação; o Após esse período, seus valores estarão falsamente “reduzidos” em 30-40%; o Colesterol tende a baixar. ✓ O ecocardiograma é um exame de rotina, pois avalia as regiões com isquemia, a função ventricular, as complicações mecânicas do IAM e faz o diagnóstico diferencial com doenças da aorta, do pericárdio e da circulação pulmonar; ✓ O teste provocativo (TE ou eco-stress com dobutamina) deve ser feito em pacientes de baixo risco com angina instável 9-12h após a estabilidade clínica. Se houver isquemia induzida pelo esforço, o paciente é reclassificado como de alto risco; ✓ A cintilografia miocárdica de perfusão é uma alternativa ao teste provocativo. CONDUTA NA SCASSST AVALIAÇÃO PRECOCE DO RISCO ✓ Faz-se a classificação em três grupos: o Baixorisco: estratégias conservadoras. Estratégias invasivas aumenta o risco de complicações e o custo; o Médio risco: se beneficia de internação em unidade coronariana, com tratamento “agressivo” e estratégia invasiva precoce (coronariografia e revascularização); o Alto risco: se beneficia de internação em unidade coronariana, com tratamento “agressivo” e estratégia invasiva precoce (coronariografia e revascularização). ✓ A utilização dos escores e da estratificação permite racionalizar a estratégia terapêutica, selecionando a que melhor oferecerá benefícios ao paciente; ✓ Observa-se diversos parâmetros clínicos, eletrocardiográficos e laboratoriais. ESTRATÉGIA INVASIVA VS. CONSERVADORA ✓ Há várias formas de se decidir sobre a estratégia a ser implementada para o paciente (cateterismo x realização de testes não invasivos). ✓ Uma delas baseia-se na estratificação do risco do paciente pelos escores citados anteriormente. ✓ Mesmo que o paciente seja de alto risco, não se deve optar por estratégia invasiva se: o Houver reduzida expectativa de vida por outras comorbidades (ex.: câncer avançado com prognóstico reservado). o O paciente recusar a realização de métodos de revascularização (cirúrgica ou percutânea). TRATAMENTO PACIENTES DE BAIXO RISCO ✓ Enquanto permanecem monitorizados na unidade de dor torácica, fazer uso de AAS + Clopidogrel + Heparina + terapia anti-isquêmica. PACIENTES DE MÉDIO/ALTO RISCO ✓ Devem ser internados na unidade coronariana e fazer monitorização contínua de ECG e sinais vitais. ✓ Terapia: o Oxigenação, quando necessário; o Analgesia e Sedação; o Antiplaquetários; o IECA; o Antitrombóticos; o Antianginosos; o Intervenção. OXIGÊNIO ✓ Observar níveis de SaO2; ✓ Fornecer oxigenioterapia, 2-4L/min, em pacientes com risco intermediário e alto, na presença de SaO2 < 90% e/ou sinais clínicos de desconforto respiratório. ANALGESIA E SEDAÇÃO ✓ A dor precordial e a ansiedade costumeiramente associada, presentes nas SCA, geralmente levam à hiperatividade do sistema nervoso simpático. o Esse estado hiperadrenérgico, além de aumentar o consumo miocárdico de oxigênio, predispõe ao aparecimento de taquiarritmias atriais e ventriculares. ✓ A terapêutica antianginosa inicial deve ser realizada com betabloqueadores e nitratos, desde que não haja contraindicações, como choque cardiogênico e/ou hipotensão. ✓ O sulfato de morfina poderá ser utilizado em casos refratários ou com contraindicação aos nitratos ou betabloqueadores. o Posologia: 2 a 4 mg, IV, a cada 5-15 minutos até a dose máxima de 20-30mg; o A administração em pequenos incrementos tem por objetivo evitar efeitos adversos como hipotensão e depressão respiratória. o Deve-se evitar derivados da morfina, a não ser em casos de hipersensibilidade a esta, que, nessa situação (de hipersensibilidade), pode ser substituída pelo sulfato de meperidina em doses fracionadas de 20 a 50mg IV. ✓ Administrar benzodiazepínicos em pacientes com sinais e sintomas de ansiedade. ✓ Anti-inflamatórios não esteroides (AINE) não devem ser utilizados (com exceção do AAS) para controle da dor em pacientes com IAM, pois aumentam o risco de eventos cardiovasculares maiores. Se o paciente estiver em uso prévio de AINE, estes devem ser suspensos durante a internação. ANTIPLAQUETÁRIOS “AAS + OUTRO” (inibidores P2Y12) ✓ É recomendado o uso de um inibidor receptor P2Y12 em adição a AAS, exceto contraindicações ou elevado risco de sangramento. AAS ✓ Bloqueio irreversível da cicloxigenase 1, inibindo formação de TxA2 (vasoconstrictora e pró- trombótica); ✓ Dose de ataque: 200 mg VO, macerado; ✓ Dose de manutenção: 100mg/dia, VO; ✓ Usar em todos os pacientes suspeitos de SCASST, exceto se houver contraindicação; ✓ Efeito persiste por até 7-10 dias. TICAGRELOR ✓ Droga ativa; ✓ Promove bloqueio receptor P2Y12 de forma reversível; ✓ Atualmente é o de primeiro escolha (se disponível); ✓ É superior ao clopidrogel, pois se for suspenso 48-72h antes da cirurgia de revascularização miocárdica, não aumenta a incidência de sangramento pós operatório; ✓ Dose de ataque: 180mg, VO; ✓ Dose de manutenção: 90mg, VO, 12/12h. ✓ Contraindicações: alergia à medicação, passado de acidente vascular cerebral hemorrágico (AVCH), hemorragia ativa, plaquetopenia importante, hepatopatia moderada/grave, pacientes em diálise, pacientes em uso de inibidores potentes CPY3A4 (por exemplo: claritromicina, cetoconazol); ✓ Usar com cautela em pneumopatas (um dos efeitos colaterais da medicação é dispneia, a qual ocorre com mais frequência nesse grupo de pacientes) e em pacientes com risco aumentado de bradicardia [por exemplo: doença do nó sinusal sem marca-passo implantado, bloqueio atrioventricular (BAV) de segundo ou terceiro grau] por causa da incidência aumentada de pausas ventriculares. CLOPIDOGREL ✓ Bloqueio do receptor P2Y12 (irreversível) agindo como antagonista do ADP; ✓ Em pacientes alérgicos ao AAS; o Na diretriz diz que em pacientes alérgicos, faz- se monoterapia com inibidor da P2Y12, mas preferencialmente com ticagrelor ou prasugrel. ✓ Associado ao AAS em pacientes de risco intermediário e alto; ✓ No mínimo 30 dias a no máximo 9 meses; ✓ Dose de ataque: 300 mg; ✓ Dose de manutenção: 75 mg/dia. ✓ Em pacientes > 75 anos a dose de ataque deve ser omitida; ✓ Em pacientes que serão submetidos a angioplastia a dose de ataque deve ser maior (600 mg). PRASUGREL ✓ Bloqueio do receptor P2Y12 de forma irreversível; ✓ Ação em 30 minutos; ✓ Mostrou-se superior ao Clopidogrel, principalmente em diabéticos (pode ser usado no seu lugar para dupla antiagregação plaquetária); ✓ Dose de ataque: 60 mg VO; ✓ Dose de manutenção: 10 mg/dia VO; ✓ Não é utilizado no atendimento inicial; ✓ Evitar no caso de AVCI prévio, peso < 60 kg ou idade > 75 anos – por causa do risco aumentado de sangramento. INIBIDORES DA GLICOPROTEÍNA IIB/IIIA ✓ Proteína em maior abundância na superfície plaquetária; ✓ Bloqueio dos receptores da agregação plaquetária; ✓ Seu uso fica a critério do hemodinamicista, tendo maior benefício os pacientes com grande quantidade de trombos; ✓ Drogas: Abciximab e Tirofiban; ✓ Abciximab: o Dose inicial – 0,25 mg/kg, via endovenosa, em bólus. o Manutenção – 0,125 mcg/kg/min (máximo de 10 mcg/min), via endovenosa, por 12 horas. o É irreversível; ✓ Estudo ADMIRAL: abciximab administrado imediatamente antes do implante de stent em pacientes com supra. Houve redução do desfecho composto (óbito, infarto e necessidade de revascularização) em 30 dias e seis meses. ✓ Utilizados apenas em pacientes de alto risco submetidos à angioplastia: tripla antiagregação plaquetária; ✓ Cada vez mais o uso dos antagonistas dos receptores glicoproteicos IIb/IIIa tem sido iniciado apenas na sala de hemodinâmica em casos específicos. ✓ Os pacientes que apresentam maior benefício com esse grupo de medicações são os que serão submetidos à angioplastia e que: o Possuem troponina alterada; e/ou o Possuem trombos evidenciados pela angiografia. ANTICOAGULANTES/ANTITROMBÓTICOS HEPARINA NÃO FRACIONADA ✓ Todos os pacientes com SCA sem supra de ST associado ao AAS; ✓ É necessário controle da coagulação do paciente; o Fazer TTPa (mede a ação da heparina não fracionada) de 6 em 6h até atingir valor alvo (50- 70 ou 60-80s, depende da referência); o Medido em segundos; ✓ Dose de ataque: 60U/Kg IV; ✓ Dose de manutenção: 12U/Kg/h em infusão contínua IV; ✓ Usar por 2 a 5 dias. HEPARINA DE BAIXO PESO MOLECULAR ✓ Enoxaparina é o de escolha; o Preferir a HNF se: ▪ Pacientes com clearance de creatinina < 20 ml/min e em pacientes dialíticos; ▪ Possibilidade de cirurgia de emergência (tempo de meia-vida menorque a enoxaparina, além de ser inteiramente revertida pelo uso da protamina). ✓ Tem efeito mais previsível, não necessitando de um controle rígido; ✓ Dose: 1mg/kg SC de 12/12h; o Se > 75 anos – 0,75 mg/kg, de 12/12h; o Se ClCr < 30 ml/min – 1 mg/kg, uma vez ao dia. ✓ Uso por 2-5 dias. Nadroparina: 0,1mL/Kg/dose 12/12h. FONDAPARINUX ✓ É um inibidor indireto do Fator Xa; ✓ Mais seletivo que heparina; ✓ Menos trombocitopenia (menor risco de hemor.); o Principalmente se terapia conservadora; ✓ Bolus 2,5 mg IV; ✓ Dose de manutenção: 2,5 mg SC 1x ao dia (8 dias). IECA ✓ Administrar inibidores da enzima de conversão da angiotensina (IECA) a pacientes de risco intermediário e alto com disfunção ventricular esquerda, hipertensão arterial ou diabetes melito; ✓ Administrar IECA a todos os pacientes de risco intermediário e alto. TERAPIA ANTIANGINOSA/ANTI-ISQUÊMICA NITRATOS ✓ Os benefícios terapêuticos dos nitratos estão relacionados aos seus efeitos na circulação periférica e coronária. ✓ O seu efeito venodilatador, diminuindo o retorno venoso ao coração e o volume diastólico final do ventrículo esquerdo, reduz o consumo de oxigênio pelo miocárdio. ✓ Adicionalmente, observam-se efeitos de vasodilatação de artérias coronárias, normais ou ateroscleróticas, redirecionamento de fluxo intercoronário, com aumento da circulação colateral e inibição da agregação plaquetária. ✓ Além do efeito sintomático, os nitratos agem reduzindo a congestão pulmonar, principalmente pela redução do retorno venoso sistêmico. ✓ O tratamento é iniciado na sala de emergência, administrando-se o nitrato por via sublingual (nitroglicerina, mononitrato ou dinitrato de isossorbida). o O uso sublingual de nitroglicerina, dinitrato de isossorbida ou mononitrato de isossorbida não deve ultrapassar 3 comprimidos, separadas as administrações por intervalos de 5 min. o Caso não haja alívio rápido da dor, esses pacientes podem se beneficiar com a administração intravenosa (nitroglicerina e mononitrato de isossorbida são os disponíveis em nosso meio); o É de se esperar o aparecimento de tolerância aos efeitos hemodinâmicos do medicamento após 24h de uso. ✓ Doses: o Nitroglicerina (Tridil ®): 10/200 microg/min; o Mononitrato de isossorbida (Monocordil®): 0,4 mg/Kg IV de 8/8h; ✓ Efeitos colaterais: cefaléia; hipotensão (PAS < 90 mmHg ou queda > 30 % em paciente hipertenso); ✓ Contraindicações: hipotensão (< 100 mmHg; Inibidores da PD5 (fosfodiesterase). BETABLOQUEADORES ✓ São potentes anti-isquêmicos; ✓ Junto com os nitratos, são considerados agentes de primeira escolha no tratamento das SCA na sala de emergência em pacientes sem contraindicação e sem risco para choque cardiogênico; ✓ Reduzem a incidência de infarto e arritmias; o Redução FC (reduzem o MVO2) ao mesmo tempo que aumenta o fluxo sanguíneo na rede de colaterais e no subendocárdio; ✓ Os betabloqueadores inibem competitivamente os efeitos das catecolaminas circulantes; ✓ Na AI, seus benefícios estão relacionados com sua ação nos receptores beta-1; o Diminuem a frequência cardíaca, a pressão arterial e a contratilidade miocárdica, provocando redução do consumo de oxigênio pelo miocárdio. ✓ Caso o paciente apresente dor isquêmica persistente e/ ou taquicardia (não compensatória de um quadro de insuficiência cardíaca), pode-se utilizar a formulação venosa; o Durante a administração intravenosa, deverão ser monitorados, cuidadosamente, a frequência cardíaca, a pressão arterial, o ECG e a ausculta pulmonar. ✓ Não existem evidências de superioridade de um betabloqueador sobre outro; ✓ Contraindicações: o Betabloqueadores não devem ser utilizados em pacientes com sintomas relacionados a vasospasmo por uso de cocaína durante intoxicação aguda. o FC < 60, PAS < 100, PR > 240 ms, bloqueio atrioventricular (BAV) de segundo ou terceiro grau, história de asma ou doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC – relativa), doença vascular periférica grave, disfunção ventricular grave, Killip II-IV. o A história pregressa de broncospasmo ou doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) não é contraindicação absoluta ao betabloqueador. Nesses casos, pode-se optar por um agente beta-1 seletivo em doses menores que as habituais e observar a reação do paciente com a medicação (por exemplo: metoprolol 12,5 mg, VO, de 12/12h). BLOQUEADORES DOS CANAIS DE CÁLCIO ✓ Utilizados quando há contraindicação para o uso de betabloqueador, angina refratária ou hipertensão refratária; ✓ A ação anti-isquêmica desses fármacos se deve à redução do influxo de cálcio pela membrana celular, reduzindo a contratilidade miocárdica e o tônus vascular, a velocidade de condução atrioventricular (AV) e a atividade do nó sinusal. ✓ Os efeitos benéficos nas SCASSST se devem a uma combinação das suas ações, diminuindo o consumo miocárdico de oxigênio, a pós-carga, a contratilidade miocárdica e a FC, além de aumentarem a oferta de oxigênio ao miocárdio, pela vasodilatação coronária que promovem; ✓ A vasodilatação coronária é semelhante e independe do agente usado; ✓ Para controlar os sintomas, os antagonistas dos canais de cálcio são tão eficientes quanto os betabloqueadores; entretanto, não reduzem a incidência de angina refratária, infarto ou óbito – ao contrário, parecem acentuar a incidência dessas complicações, como sugerido por metanálise. ✓ Drogas preferenciais: verapamil e diltiazem; ✓ Doses: o Diltiazem: dose inicial – 30 mg, VO, de 8/8h; o Verapamil: dose inicial – 80 mg, VO, de 8/8h. ✓ Contraindicações: PR > 0,24s, BAV de segundo ou terceiro grau sem marca-passo implantado, FC < 50 bpm, PAS < 90 mmHg, sinais de disfunção de ventrículo esquerdo. ESTATINAS ✓ Iniciar tratamento precoce com dose alta de estatina em todos os pacientes, independentemente dos níveis de LDL, desde que não existam contraindicações; ✓ Associar ezetimiba em pacientes em uso de dose máxima tolerada de estatina se os níveis de LDL não atingirem as metas estabelecidas; ✓ Melhora função vasomotora; menor inflamação; redução dos fatores pró-trombóticos. ✓ Drogas: o Atorvastatina – 10 a 80 mg ao dia. o Sinvastatina – 10 a 40 mg ao dia. o Rosuvastatina – 5mg equivale a 10mg de atorvastatina e a 20mg de sinvastatina. ✓ Contraindicações: hepatopatia descompensada, alergia à medicação, gestação, amamentação. TRATAMENTO INTERVENCIONISTA Cateterismo + Angioplastia Transluminal Coronária (ATC)/Cirurgia de Revascularização Miocárdica (CRM) ✓ A diferença entre o tratamento da AI e do IAMSSST em relação à DAC crônica é a decisão rápida da indicação de revascularização, evitando assim complicações cardiovasculares; ✓ A estratificação de risco é fundamental para a escolha adequada do tratamento conservador ou invasivo. Os escores mais usados são o TIMI e GRACE; ✓ Na escolha do tratamento, a angiografia coronária determina a estratégia anatômica, cuja revascularização deve ser imediata nos casos de angina refratária e instabilidade elétrica ou hemodinâmica; ✓ Duas estratégias referentes à indicação da coronariografia podem ser adotadas em pacientes com SCASSST. o Estratégia invasiva: consiste na indicação rotineira da angiografia coronária com o intuito planejado de revascularização miocárdica percutânea ou cirúrgica, caso esta esteja indicada. o Estratégia conservadora (invasiva seletiva): fundamenta-se, primeiramente, no acompanhamento clínico evolutivo dos pacientes e na indicação de testes funcionais para a detecção de isquemia miocárdica residual; a coronariografia é reservada aos pacientes que experimentam recorrência de sintomas - a despeito do tratamento farmacológico - ou que apresentam isquemia residual em métodos não-invasivos (teste ergométrico, ecocardiograma de estresse, cintilografia miocárdica etc.). ✓ As abordagens maisprecoces têm desfechos favoráveis e estão indicadas nos pacientes de alto risco; o Em pacientes de médio/alto risco, a estratégia invasiva é superior à estrat´geia conservadora, proporcionando menores taxas de óbito e IAM em curto prazo; o Por outro lado, em pacientes de baixo risco, não há diferença no resultado clínico entre as duas estratégicas, por isso não se indica, a princípio, a estratégia invasiva precoce. ✓ As estratégias invasivas incluem a angioplastia ou a cirurgia de revascularização miocárdica. Lembrar que não se deve administrar trombolíticos nos pacientes com SCASSST. EXEMPLO DE PRESCRIÇÃO - CARDIOPAPERS Paciente de 54 anos, 60 kg, hipertenso, diabético e dislipidêmico, chega ao pronto-socorro com quadro de dor precordial há 30 minutos, presente na admissão. Pressão arterial de 160 x 100 mmHg, sem sinais de congestão. Troponina inicial de 3,5 (normal até 1). Função renal normal. Vinha em uso de atorvastatina 40 mg ao dia, mas, mesmo assim, o LDL inicial veio de 80 mg/dl. Apresentou alívio da dor com o uso de nitrato sublingual. Optou-se por soli citar cateterismo cardíaco como estratégia de estratificação Dieta VO hipossódica para diabético. Jejum de 6 horas antes do cateterismo. 1. Tridil 50 mg + SG a 5% 240 ml, IV, em bomba de infusão – iniciar com 5 ml/h. Hidratação com soro fisiológico – iniciar 60 ml/h durante 12 horas antes do cateterismo e manter até 12 horas após o término do exame. 2. AAS 200 mg, VO, macerado agora. 3. Ataque: ticagrelor 180 mg, VO, ou clopidogrel 300 mg, VO, agora. 4. Manutenção: ticagrelor 90 mg, de 12/12h, ou clopidogrel 75 mg, uma vez ao dia. 5. Enoxaparina 60 mg, SC, de 12/12h, ou Fondaparinoux 2,5 mg, SC, uma vez ao dia. 6. Captopril 12,5 mg, VO, de 8/8h. 7. Propranolol 10 mg, VO, de 12/12h. 8. Atorvastatina 80 mg, VO, às 22h. Ranitidina 150 mg, VO, de 12/12h. 9. Dinitrato de isossorbida 5 mg, SL ACM; 10. Morfina 2 mg, IV, ACM. 11. Dextro de 6/6h e Insulina R SC conforme dextro. 12. Cateter de O2 2-4 l/min se saturação de O2 < 90%. 13. Repouso absoluto no leito. 14. Monitorização eletrocardiográfica contínua. PRESCRIÇÃO a) Nitrato; b) Anti-plaquetário (AAS + outro); c) Anticoagulante; d) IECA; e) Betabloqueador; f) Estatina; g) Morfina; h) O2; i) Repouso e monitorização.
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