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Responsabilidade civil nas relações de consumo Brendha Ariadne Cruz – 6º Termo – Toledo Prudente 06-09-2022 Introdução O CDC é recente e baseia-se no fenômeno da constitucionalização do direito (trouxe o espírito da constituição federal no seu bojo, esse fenômeno olha para o direito infraconstitucional a partir das premissas da CF). O CDC tutela a pessoa, haja vista que o consumidor é vulnerável tecnicamente, economicamente e cientificamente. Diferença entre vulnerabilidade e hipossuficiência Está no fato de que a vulnerabilidade está ligada a direito material e a hipossuficiência está ligada ao direito procedimental e do processo. Pela lei, o simples fato do sujeito ser consumidor já o torna vulnerável, não interessando sua condição financeira. A hipossuficiência está ligada ao processo, assim um grande exemplo para atenuar a hipossuficiência é a inversão do ônus da prova. O instrumento para equalizar a vulnerabilidade é o reconhecimento da nulidade das cláusulas abusivas, Fundamento legal do CDC Art. 170 CF + art. 5, inciso 32 Conceito de Direito do consumidor Segundo Cláudia de Lima Marques, direito do consumidor é uma disciplina transversal entre o direito público e o direito privado. Parte da premissa de que o sujeito pelo simples fato de ser consumidor já é considerado vulnerável frente ao fornecedor, que é o profissional que detém capacidade técnica, econômica e científica. Eficácia dos direitos fundamentais - Vertical: é a eficácia mais antiga, em um dos polos está o Estado e no outro o cidadão. Os direitos prestacionais são um exemplo dessa eficácia. Ex. Inviolabilidade de domicílio, direto à saúde. - Horizontal: em ambos os polos da relação existem particulares. - Diagonal: em ambos os polos existem particulares porem nessa relação existe desequilíbrio entre as partes. Ex. consumidor e fornecedor (desigualdade fática da relação).Os direitos fundamentais se aplicam na legislação consumerista. 13-09-2022 Constitucionalização A doutrina diz que o CDC inaugura o fenômeno da constitucionalização do direito. Esse fenômeno trata-se do olhar para o direito infraconstitucional sob o viés da constituição federal. Ganhou projeção com o CC de 2002. Mas, a doutrina aponta que esse fenômeno nasceu no CDC. O objetivo inicial do CDC está disposto no art. abaixo: Art. 1° O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias. Objetivava-se regular o art. 170 da CF e art. 48 das Disposições Transitórias. Além de regulamentar o direito do consumidor, regulamenta o processo constitucional. Princípio do Favor De Bilis e o CDC O CDC consagra o princípio do Favor De Bílis, ou seja, as normas devem ser interpretadas a partir da ótica daquele que possui debilidade (ou seja, vulnerável). Antes da entrada do CDC, buscava-se a responsabilidade civil nas relações de consumo com as disposições do CC, na forma de compra e venda tradicional. Assim, Responsabilidade civil nas relações de consumo Brendha Ariadne Cruz – 6º Termo – Toledo Prudente era necessário demonstrar dolo ou culpa para que houvesse a responsabilidade do fornecedor. Pós-CDC tudo mudou. O fornecedor, via de regra, responde objetivamente. Ademais, a inversão do ônus da prova é op legis (feita pela própria lei). Legados do CDC O primeiro legado trata-se da superação da dicotomia entre responsabilidade contratual e extracontratual, assim pouco importa a natureza da relação, se for relação de consumo haverá aplicação do CDC. O segundo legado é a responsabilidade direta do fornecedor de serviços. Por exemplo, imagine que “a” tem um mercado, em que vende-se alface. O consumidor compra o alface, ingere-o e juíza uma ação contra o mercado. O mercado defende-se que não fabricou o produto, todavia, se não era possível identificar o fabricante, deverá o fornecedor responder pelos danos. O terceiro legado é que a responsabilidade objetiva do fornecedor tem fundamento na teoria do risco do empreendimento, vinculado ao dever de segurança. Por exemplo, não afasta-se a responsabilidade daquele que produziu um capacete tecnológico na época, mas depois descobre-se que não era o ideal. Havia o dever de garantia desse produto, para garantir que cumpra sua função. Teoria do risco do empreendimento Encontra-se fundamento no art. 14 do CDC, abaixo disposto: Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. Para a teoria do risco, o fornecedor de produtos ou serviços está vinculado desde a concepção do produto. Segundo Cavalierri, o risco do empreendimento é todo aquele que se disponha a exercer alguma atividade no mercado de consumo, tendo o dever de responder por eventuais vícios ou defeitos dos bens e serviços fornecidos, independentemente de culpa. Quanto ao produto antigo, questiona-se a possibilidade de isentar responsabilidade do fornecedor. Por exemplo, imagine um celular muito antigo está sendo vendido, caso der algum problema, teria ou não responsabilidade. O simples fato do produto ser antigo não isenta responsabilidade do fornecedor. Também não se afasta quando o conhecimento técnico na época ensejou a fabricação do produto, se posteriormente entender que é defeituoso, não será isentada a responsabilidade. Teorias quanto ao conceito de consumidor O conceito de consumidor está disposto abaixo: Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Assim, extraímos que consumidor é toda pessoa física ou jurídica que utiliza o produto ou serviço como destinatário final. Acercada expressão “destinatário final”, existem duas teorias: a. Teoria Finalista O consumidor trata-se do destinatário final (de forma ip literis). Não recolocando o produto na cadeia de consumo, nem de forma direta e nem indireta. Com base nessa teoria, a pessoa jurídica pode ser consumidora. Por exemplo, um salão compra um lustre para colocar no espaço e este veio com defeito. 16-09-2022 ➔ Caso da clínica oncológica (agravo 1049 012 MG): aparelhos comprados vieram Responsabilidade civil nas relações de consumo Brendha Ariadne Cruz – 6º Termo – Toledo Prudente com problema, foi ajuizada uma ação e buscou a responsabilidade do fornecedor com base no CDC. O STJ entendeu pela não aplicação do CDC, haja vista que a clínica recolocava esses equipamentos (fazia dinheiro) no mercado. ➔ Outro caso julgado pelo STJ foi o Resp. 1023 862, um dos condomínios queria indenização do condomínio pela pausa de fornecimento de agua, com base no CDC. O STJ entendeu que o condomínio não poderia ser considerado fornecedor, pois o simples fato de pagar uma taxa pela água, não faz o condomínio fornecedor de serviços de água. Isto posto, devemos concluir que para a teoria finalista, o consumidor é aquele destinatário final que além de retirar o produto e não reinserir no mercado (de modo direto ou indireto), utiliza-o em proveito próprio. b. Teoria Maximalista: Essa teoria leva em consideração o conceito de consumidor por meio de uma interpretação literal, assim consumidor é o destinatário final do produto, independentemente de recolocar no mercado. O simples fato de consumir já considera-se consumidor. Critica-se porque estende-se muito o conceito de consumidor, como por exemplo, toda compra e venda seria regida pelo CDC, inutilizando o CC.c. Quanto a teoria aplicada Dessa dualidade entre as teorias, é unânime que a teoria finalista é adotada pelo CDC. Todavia, a teoria finalista guarda com sigo um rigor que a jurisprudência vem abordando, de modo a relativizar a aplicação da teoria finalista, de modo a reconhecer que em situações de vulnerabilidade fática é possível aplicar o CDC mesmo para aquele que não e considerado destinatário final (consumidor) segundo conceito finalista. Por exemplo, “A” – taxista e de 80 anos e idade, compra um carro, na teoria finalista ele não é consumidor (não é destinatário final), mas é vulnerável. Neste caso, pode-se aplicar o CDC. Consumidor por equiparação Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. O parágrafo único traz a figura do consumidor por equiparação. É aquele que não consumiu diretamente o produto, mas sofreu as consequências daquela relação de consumo. O consumidor não comprou, mas sofreu os efeitos do produto defeituoso pelo fato do produto ou vício do produto. Pode ferir a integridade do consumidor. Por exemplo, tem um caso julgado no STJ de uma criança com a botinha da XUXA e roupa vulgar, abordando a sexualidade. Essa propaganda gera um incomodo, sofreu os efeitos disso, logo considerada consumidor por equiparação. Outro exemplo, imagine que exista um sítio que tem poço artesiano e dejetos de esgoto chegaram próximos a propriedade. Esse sitiante pode ser considerado consumidor por equiparação, ele não paga a SABESP, mas sofreu os efeitos da relação viciada da SABESP com outros consumidores Mass, para aplicar esse instituto, o sujeito deve ser atingido diretamente ou em potencial Fornecedor Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. Responsabilidade civil nas relações de consumo Brendha Ariadne Cruz – 6º Termo – Toledo Prudente Temos o tipo misto alternativo no conceito de fornecedor, em que descreve-se o conceito deste das mais variadas formas. Assim, várias hipóteses podem qualificar a pessoa do fornecedor. Ademais, pode ser pessoa física ou pessoa jurídica (de direito público ou de direito privado) Assim, cumpre salientar que a administração pública é dividida em direta (união, estados, DF, municípios) ou indireta (autarquias, empresas públicas, sociedade de economia mista). Quando o legislador determina pessoa jurídica de direito público, temos que deve ser constituída de uma relação jurídica de direito privado para com terceiros, assim, por exemplo, deve prestar um serviço regido pelo direito privado. Para analisar o regime jurídico é público ou privado, dependerá da forma como o serviço é prestado e o tipo de relação jurídica que une o prestador e o beneficiário. Por exemplo, um individuo está com um problema em sua conta bancaria na Caixa Econômica Federal. Neste caso, aplica-se a disposição do CDC. Ao regime jurídico de direito público aplica-se as cláusulas exorbitantes e prerrogativas inerentes a administração pública (encampação, caducidade, etc.) Assim, temos regras próprias que dão supremacia a administrador em detrimento do privado. Ademais, o fornecedor pode ser nacional ou estrangeiro. O fornecedor será de produtos ou de serviços. Dito isso, devemos analisar essa questão conceitual: § 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. § 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. Por fim, o CDC permite que entes despersonalizados (aqueles que não estão no rol das pessoas jurídicas) sejam considerados fornecedor. Política Nacional das relações de consumo Quando o legislador estruturou o CDC, criou essa política, com o objetivo de que aquele bem jurídico tutelado no CDC passe a ser tutelado nos três níveis dos entes da federação e os três poderes em conjunto, Assim sendo uma política de Estado. Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: (Redação dada pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995) I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo; II - ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor: a) por iniciativa direta; b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas; c) pela presença do Estado no mercado de consumo; d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho. Busca estruturar a relação de consumo como uma política de Estado. Todo consumidor é vulnerável, mas não necessariamente é hipossuficiente. O legislador começou a perceber que a política bancária, como a taxação de juros, estavam alinhadas com as práticas abusivas previstas no CDC. Assim, legislador desenvolveu a ler do superendividamento. Assim, as instituições financeiras sempre tiveram a prática de soltar crédito sabendo http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9008.htm#art7 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9008.htm#art7 Responsabilidade civil nas relações de consumo Brendha Ariadne Cruz – 6º Termo – Toledo Prudente que ele não tem condições de arcar. Assim, deve-se disponibilizar canais para negociação de dívida e frear essa concessão de créditos. Quando houver necessidade de tutelar direito do consumidor, será implementado na política nacional. Conforme disposto abaixo: Art. 4 IX - fomento de ações direcionadas à educação financeira e ambiental dos consumidores; Art. 5 - VI - instituição de mecanismos de prevenção e tratamento extrajudicial e judicial do superendividamento e de proteção do consumidor pessoa natural; Quanto a analise do art. 5, aborda-se a execução da política nacional, em que temos uma série de obrigações que o Estado deve cumprir: 1) Disponibilização de assistência justiça gratuita; 2) Promotorias irão tutelar as relações de consumo; 3)No âmbito do poder executivo, temos o desenvolvimento de delegacias especializadas; 4) Criação de juizados especiais para a tutela rápida dos direitos; 5) No âmbito da administração indireta, o Estado deve incentivar associações que defendem direitos do consumidor; 6) Mecanismos relacionados ao superendividamento; 7) Núcleos de mediação e conciliação relacionados ao superendividamento. Art. 5° Para a execução da Política Nacional das Relações de Consumo, contará o poder público com os seguintes instrumentos, entre outros: I - manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita para o consumidor carente; II - instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor, no âmbito do Ministério Público; III - criação de delegacias de polícia especializadas no atendimento de consumidores vítimas de infrações penais de consumo; IV - criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas Especializadas para a solução de litígios de consumo; V - concessão de estímulos à criação e desenvolvimento das Associações de Defesa do Consumidor. VI - instituição de mecanismos de prevençãoe tratamento extrajudicial e judicial do superendividamento e de proteção do consumidor pessoa natural; (Incluído pela Lei nº 14.181, de 2021) VII - instituição de núcleos de conciliação e mediação de conflitos oriundos de superendividamento Princípios norteadores do CDC Os princípios são vetores que levam a interpretações. Sendo possível dois ou mais princípios serem aplicados a um caso. ✓ Princípio da Vulnerabilidade O legislador parte da premissa que todo consumidor é vulnerável (condição ligada a direito material – técnica, econômica, cientifica). Seu fundamento jurídico encontra-se no art. 4, inciso I, CDC: I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo. Não se confunde com hipossuficiência (ligada a direito processual e procedimental), sendo que o legislador trouxe instrumentos capazes de impedir a hipossuficiência, como a inversão do ônus da prova (retirar o ônus daquele que alega provar aquilo que ele fala). Pode ser ope legis (decorre da lei) ou ope iudicis (juiz concede). A regra do CPC é ope iudicis. Mas no CDC existem posicionamentos, assim cumpre analisarmos o artigo 6, CDC. Art. 6º São direitos básicos do consumidor: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14181.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14181.htm#art1 Responsabilidade civil nas relações de consumo Brendha Ariadne Cruz – 6º Termo – Toledo Prudente VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências; Alguns entendem que o CDC se valeu da mesma regra do CPC – ope iudicis, conforme art. 6, inciso VIII, CPC. Mas, a segunda corrente diz que é ope legis, (sobretudo quando fato do produto ou vício do produto), com base nos dispositivos abaixo: Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando: Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. § 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar: I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro Então, quem deverá provar é o fornecedor e não o consumidor. Isto está previsto na própria lei. Na doutrina, a vertente majoritária entende pela segunda posição (ope legis). ✓ Princípio do equilíbrio O legislador parte da premissa de que a função do CDC é equilibrar a relação de consumo. As normas do CDC devem proteger o consumidor, mas não pode perder de vista o fornecedor. Assim, equalizando os direitos do consumidor e do fornecedor. ✓ Princípio da boa-fé Os negócios jurídicos devem ser norteados a partir da boa-fé. Veda o enriquecimento ilícito Existe um caso interessante: propaganda das Casas Bahia “quer pagar quanto”, alguém se valendo dessa propaganda ajuizou uma ação porque queria comprar uma geladeira por um real, de modo que a propaganda é enganosa. Foi entendido que a forma como o interlocutor divulgava o produto era com condições facilitadas, mas é impossível uma geladeira ter o valor de um real, ninguém acreditaria nisso. ✓ Princípio da Transparência Todos os dados relacionados a oferta, qualidades e atribuições do produto devem ser claros, conforme art. 31. Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores. Parágrafo único. As informações de que trata este artigo, nos produtos refrigerados oferecidos ao consumidor, serão gravadas de forma indelével. O PROCON tem normativas que disciplinam o art. 31. É muito comum o PROCON arbitrar multas na hipótese em que o mercado não informa que o produto está próximo da data de fornecimento. 20-09-2022 ✓ Princípio da adequação Este princípio preconiza que todo produto ou serviço colocado a disposição do consumidor deve preencher as legítimas expectativas. Portanto, deve ser adequado para o fim ao qual se destina. Defeito no CDC Responsabilidade civil nas relações de consumo Brendha Ariadne Cruz – 6º Termo – Toledo Prudente O defeito trata-se da falta de capacidade do fornecedor e do fabricante de eliminar todos os riscos previstos ou previsíveis. Imagine que o sujeito compra um shampoo que o leva a cegueira. É previsto que o contato entre shampoo e olhos pode ocorrer, assim não há de se falar em culpa exclusiva da vítima. É totalmente previsível e factível que isso ocorra. No caso, do segundo exemplo da criança que coloca o líquido da caneta na boca, a finalidade para qual a caneta foi produzida, não é para que se coloque na boca. Já o segundo exemplo, não é previsível. Assim, temos duas espécies de defeito: 1. fato do produto – art. 12, CDC. Neste caso, a cadeia de responsabilidade civil é mais ampla. Ademais, os defeitos oriundos do fato do produto lesa a saúde e a segurança do consumidor. 2. vício do produto – art. 18, CDC. A cadeia de responsabilidade civil é restrita. No vício do produto, o defeito está relacionado a qualidade ou quantidade. OBS.: Segundo Benjamim, o CDC não estabelece um sistema de segurança absoluta para produtos e serviços. O que se espera é a existência de padrões mínimos que correspondam as expectativas do consumidor. Não se impõe a vítima a comprovação latente da existência do vício, bastando apenas a aparência deste. O CDC recepciona a Teoria do Dano Integral, assim o fornecedor de produto ou serviço responderá integralmente pelos defeitos gerados pelo produto ou serviço, sendo essa responsabilidade objetiva, via de regra. Abarca o fato do produto e o vício do produto. Fato do Produto Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. Haverá a responsabilidade integral do produtor, fornecedor e construtor, independentemente de culpa. No caput, nada se fala de comerciante. Pode apenas se ausentar ou eximir de responsabilidade, quando previsto as teses vinculadas ao dispositivo. § 1° O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: I - sua apresentação; II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam; III - a época em que foi colocado em circulação. Conforme exposto acima, temos quando o produto é defeituoso. Já no dispositivo abaixo temos quando o produto não é considerado defeituoso. § 2º O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade ter sido colocado no mercado. De modo a afastar a teoria do dano integral, a responsabilidade de pelo fato do produto nas hipóteses previstas abaixo: § 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar: I - que não colocou o produto no mercado;II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste; III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. Essas são as teses vinculadas: 1. Negativa de autoria- não colocou o produto no mercado; Responsabilidade civil nas relações de consumo Brendha Ariadne Cruz – 6º Termo – Toledo Prudente 2. Negativa de materialidade – embora tenha sido colocado o produto do mercado, o defeito inexiste. 3. Culpa exclusiva da vítima ou de terceiro; Diante desse cenário, duas questões são estabelecidas na jurisprudência. A primeira situação é a responsabilização de bancos por assalto fora da instituição bancária. A tendência do STJ entende-se que crimes fora do estabelecimento bancário por si só gera a responsabilidade, salvo os contornos do caso concreto. Já dentro da agência, há responsabilidade. No caso do chupa cabra – cartão engolido – hoje entende-se que há culpa exclusiva da vítima. O art. 13 traz a palavra comerciante: Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando: I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados; II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador; III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis. Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação do evento danoso. Assim, comerciante equipara-se ou não a fornecedor 1. Apesar da expressão “quando”, estamos diante de um fato do produto, por ser defeito grave estaria equiparado. 2. Há separação proposital, portanto separa-se fornecedor e comerciante. Majoritária. Hipóteses de responsabilização do comerciante: 1. Será responsabilizado pelo produto anônimo (não se sabe quem produziu). Por exemplo, sujeito tem um supermercado e vários fornecedores. Mas um dos fornecedores, colocou muito agrotóxico, que gerou dano. Se não tiver como identificar esse fornecedor, responderá o comerciante. Art. 88. Na hipótese do art. 13, parágrafo único deste código, a ação de regresso poderá ser ajuizada em processo autônomo, facultada a possibilidade de prosseguir-se nos mesmos autos, vedada a denunciação da lide. Este dispositivo veda a denunciação à lide. Pode-se ter o direito de regresso em ação autônoma. Não se permite a denunciação devido a tumulto processual. 2. Não houver informação sobre o fornecedor, fabricante, construtor. 3. Produtos perecíveis não conservados adequadamente. Uma questão tormentosa na jurisprudência refere-se ao produto vencido, via de regra, a responsabilidade é do comerciante. Lesão no CDC x CC A lesão no CDC é analisada de modo objetivo, houve lesão terá responsabilidade. Em regra, o contrato será mantido desde que haja vontade do consumidor. Ademais, no caso de lesão, automaticamente haverá onerosidade excessiva. Já a lesão no CC é subjetiva. Aqui há invalidade do negócio jurídico. Necessário não apenas onerosidade excessiva, mas também com o a teoria da imprevisão. 23-09-2022 Vício do Produto Trata-se daquele vício menos grave, não ofende a saúde ou a segurança do consumidor. Na verdade, é um vício de quantidade ou qualidade, que via de regra, podem ser reparados. O art. 18 prevê o vício do produto: Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de Responsabilidade civil nas relações de consumo Brendha Ariadne Cruz – 6º Termo – Toledo Prudente qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas. O legislador diferenciou a responsabilidade pelo vício do serviço no art. 20 e a responsabilidade do vício do produto no art. 18. Quanto ao vicio do produto, atingirá produtos duráveis ou não duráveis. Ademais, a responsabilidade entre os fornecedores é solidária quando for hipótese de vício do produto. Assim, havendo vício, temos que: § 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso; II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; III - o abatimento proporcional do preço. A corrente minoritária entende que deve-se observar a ordem crescente. Mas, a corrente majoritária diz que o consumidor pode optar pela mais conveniente. É dado o prazo de 30 dias para reparação. A natureza jurídica desse prazo é decadencial. Ademais, trata-se de um rol exemplificativo, mas, apenas pode-se somar direitos a estes previstos, não sendo possível subtrair direitos. Se caso o vício não for sanado em 30 dias, nasce o direito de: a. Exigir a substituição do produto (mesma espécie, qualidade e quantidade, sem qualquer ônus ao consumidor); b. Restituição dos valores pagos (atualizada monetariamente, contada da data da efetiva venda até a data da efetiva restituição; não isenta o consumidor de reclamar perdas e danos) c. Se o consumidor decide ficar com a coisa viciada, poderá exigir o abatimento proporcional do preço; Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do prazo de 30 dias, conforme parágrafo segundo: § 2° Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do prazo previsto no parágrafo anterior, não podendo ser inferior a sete nem superior a cento e oitenta dias. Nos contratos de adesão, a cláusula de prazo deverá ser convencionada em separado, por meio de manifestação expressa do consumidor. Assim, se aumentarem o prazo não poderá ser superior a 180 dias, mas se diminuírem não poderá ser inferior a 7 dias. Não confunda com garantia! Ademais, o contrato de adesão é aquele de massa, não há convenção de disposição entre as partes. Neste caso, pode ser convencionado tal prazo, porém a existência desse prazo deve estar amplamente de fácil identificação ao consumidor. Vício do serviço Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: Não prestado na mesma quantidade ou qualidade para qual foi ofertado. Ademais, diminui substancialmente o valor da coisa. O princípio da vinculação trata-se da vinculação do serviço prestado e aquilo que Responsabilidade civil nas relações de consumo Brendha Ariadne Cruz – 6º Termo – Toledo Prudente foi ofertado. Prevalecerá aquilo que foi ofertado. Temos as hipóteses exemplificativas, mas, apenas pode-se somar direitos a estes previstos, não sendo possível subtrair direitos. I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível; II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; III - o abatimento proporcional do preço. Quanto aos direitos, temos: a. Reexecução do serviço – poderá ser liberada ou confiada a terceiro, cuja responsabilidade será direta e exclusiva do fornecedor de serviço; b. Restituição imediata da quantia paga; c. Abatimento do preço; O desconhecimento do fornecedor não exime-o de responsabilidade(teoria do dano integral). Art. 23. A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação dos produtos e serviços não o exime de responsabilidade Quanto ao art. 25, temos o dispositivo das cláusulas leoninas (favorece abusivamente uma das partes), todo contrato de relação de consumo não pode haver cláusulas que venham a desnaturar a incidência da responsabilidade do fato do produto ou vicio do produto Art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula que impossibilite, exonere ou atenue a obrigação de indenizar prevista nesta e nas seções anteriores. § 1° Havendo mais de um responsável pela causação do dano, todos responderão solidariamente pela reparação prevista nesta e nas seções anteriores. § 2° Sendo o dano causado por componente ou peça incorporada ao produto ou serviço, são responsáveis solidários seu fabricante, construtor ou importador e o que realizou a incorporação. Prescrição e Decadência Diferenças: 1) Quanto àquilo que atinge - A prescrição atinge a pretensão. - A decadência atinge o direito. 2) Quanto aos direitos - A prescrição está relacionada a direitos subjetivos patrimoniais. - A decadência está relacionada a direitos potestativos (o sujeito tem faculdade de agir). 3) Quanto a definição do prazo - A prescrição é imposto pela lei. - A decadência é de disposição convencional pelas partes. 4) Quanto àquilo que admite - A prescrição admite interrupção, suspensão e renúncia. - A decadência não admite interrupção, suspensão e renúncia. Isto posto, o art. 26 regulamenta a prescrição e a decadência: Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em: I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis; II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis. Trata-se de um prazo decadencial. 30 dias – bem durável 90 dias – não durável ➔ O prazo pode ser convencionado: superior ao disposto no art. ➔ Mas não poderá diminuir o prazo. O início da contagem do prazo é a entrega do produto ou término da execução. Mas, deve-se levar em consideração o conhecimento do vício (que de regra se dá Responsabilidade civil nas relações de consumo Brendha Ariadne Cruz – 6º Termo – Toledo Prudente na entrega ou término, mas pode-se considerar data diversa do conhecimento caso este seja conhecido apenas depois). § 1° Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução dos serviços. Via de regra, o prazo de decadência não interrompe, suspende, etc. Mas a lei dispõe: § 2° Obstam a decadência: I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca; II - (Vetado). III - a instauração de inquérito civil, até seu encerramento. Obstar é interromper o prazo. Essa é a única hipótese de interrupção de prazo decadencial. Criou-se uma exceção para proteger o consumidor. Assim, devemos analisar as hipóteses que obstam a decadência: 1. Reclamação comprovadamente formulada – ex. protocolo de pedido administrativo, engavetam a reclamação para poder alegar que passou o prazo para reclamação, assim interrompe-se até ser oferecida resposta; 2. Instalação de inquérito civil – via de regra feito pelo MP, serve para investigar, assim até concluir-se o inquérito ficará interrompido o prazo. § 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito. O art. 27 traz a prescrição (pretensão levada a juízo). Prescreve em 5 anos. Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria. Parágrafo único. (Vetado). 30-09-2022 Responsabilidade Civil dos Profissionais Liberais A responsabilidade é subjetiva. § 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa a. Advogado A jurisprudência caminhava em reconhecer a aplicação do CDC. Mas, o STJ pacificou isso, dizendo que não se aplica às disposições do CDC. Por ser uma atividade meio e não uma atividade fim. Não está vinculado ao resultado e sim a prestação de serviços . A relação entre advogado e cliente é uma relação de mandato e de prestação de serviços. Assim, aplica-se as disposições do CC. Existe também uma discussão acerca da natureza jurídica da OAB, sendo decidido pelo Supremo que se trata de uma natureza sui generes. b. Médico Quanto a responsabilidade civil do médico, em tese, são aplicadas as disposições do CDC. Mas, o STJ tem um posicionamento não majoritário no sentido de afirmar que o profissional médico configura-se responsabilidade subjetiva, todavia, a sociedade médica (conglomerado médico) tem responsabilidade objetiva. Nestes casos, não há pessoalidade entre médico e paciente. Para imputação de responsabilidade ao médico, deve-se analisar se a função desempenhada pelo médico é uma obrigação de meio ou de fim. Nas hipóteses onde houver obrigação de fim pode-se presumir a responsabilidade objetiva. Responsabilidade civil nas relações de consumo Brendha Ariadne Cruz – 6º Termo – Toledo Prudente Por exemplo, cirurgião oncologista possui obrigação de meio. Quanto ao cirurgião plástico que coloca silicone, neste caso, temos obrigação de fim. A lei determinará se é obrigação de meio ou de fim. Além disso, as partes podem convencionar se a obrigação será de meio ou fim, mas nas hipóteses em que a propriedade material da obrigação ser de fim, não poderá ser pactuada de modo diverso. Por fim, se nada dispuser a lei ou as parte, deve-se analisar a natureza da relação no caso concreto – se o prestador está vinculado a execução do serviço ou a entrega da coisa. Quanto ao erro profissional, temos que trata- se de quando a conduta médica é correta, mas a técnica empregada é incorreta. Por exemplo, ausência de diagnóstico compatível ou uso de técnica ultrapassada. Há imperícia médica quando a conduta é incorreta, mas a técnica é correta. A jurisprudência é resistente relacionada a configuração do erro médico, esse erro deve ser grosseiro ou previsível para ensejar a responsabilidade. Ademais, a jurisprudência tem aplicado a separação da responsabilidade civil da equipe médica e do médico anestesista. Isso funda-se no fato de que é possível individualizar a responsabilidade do anestesista em detrimento da responsabilidade da equipe médica. Por exemplo, o anestesista pode levar até a morte do paciente se não aplicar corretamente a anestesia. Quanto a eventual responsabilidade da equipe médica, é solidária e cabe direito de regresso. Quanto a responsabilidade do hospital, a jurisprudência impute responsabilidade. Há culpa na escolha dos profissionais - culpa in eligendo. Desconsideração da Personalidade Jurídica Em regra, o patrimônio a pessoa jurídica é distinto do patrimônio dos sócios. Em situações pontuais, poderá deixar de haver essa separação. A desconsideração pode ser direta ou inversa. Disposta no art. 50 do CC (recepciona a teoria maior – devem cumprir mais requisitos). No CDC, é regulamentada no art. abaixo: Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência,encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração. § 1° (Vetado). § 2° As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades controladas, são subsidiariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código. § 3° As sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código. § 4° As sociedades coligadas só responderão por culpa. § 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. O CDC recepciona-se a teoria menor, que legitima a desconsideração quando a existência da pessoa jurídica criar obstáculos para o ressarcimento do consumidor. Por exemplo, por abuso de direito ou pelo simples fato de criar obstáculos. Enquanto isso na teoria maior deve-se preencher requisitos: 1. Abuso de personalidade jurídica – pode ser caracterizado por duas Responsabilidade civil nas relações de consumo Brendha Ariadne Cruz – 6º Termo – Toledo Prudente formas: confusão patrimonial ou desvio de finalidade empresarial; 04-10-2022 Práticas abusivas Tem como intuito dar ao fornecedor um lucro desproporcional ou forçar o consumidor a consumir aquilo que não quer. Segundo Benjamin, prática abusiva em lato sensu é a desconformidade com padrões metodológicos de boa conduta ao consumidor, afetando seu bem estar. Quanto a natureza jurídica do art. 39, temos um rol meramente exemplificativo. Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: (Redação dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994) I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos; ➔ Consumidor ser forçado a consumir produto acessório ao principal. Trata- se da venda casada, em que o fornecedor condiciona o consumidor a adquirir um produto a outro. ➔ Um grande exemplo é o caso do cinema que obriga a consumir os produtos do cinema, proibindo a entrada de produtos de outro lugar ➔ No caso de limitação de produtos, a promoção seria uma justa causa ou não. Hoje, entende-se que a promoção é considerada uma justa causa – a promoção é para chamar as pessoas. ➔ Outras hipóteses de limitação, temos: no caso de estado de crise, calamidade pública. ➔ A justa causa deve estar amparada na legalidade. II - recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes; ➔ O fornecedor recursa a prestação de determinada demanda ao consumidor. Por exemplo, A é fanático pela Hilux, sendo que todo ano compra uma caminhonete nova. Após ir a fazenda, deu problema na hilux. Ao ligar no fornecedor, nega-se a prestação do conserto, por interesse escuso (por exemplo, deseja vender outra caminhonete). III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço; ➔ Toda a qualquer prática em que direciona-se outro produto não solicitado ao consumidor. ➔ Este será considerado amostra grátis. IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços; V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva; ➔ Os incisos IV e V – intuito de gerar ganho desproporcional ao fornecedor valendo-se da ignorância da vulnerabilidade do consumidor VI - executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as partes; ➔ Fornecedor presta serviço sem dar orçamento prévio ao consumidor, salvo se a prática for recorrente. VII - repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo consumidor no exercício de seus direitos; VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas não existirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8884.htm#art39 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8884.htm#art39 Responsabilidade civil nas relações de consumo Brendha Ariadne Cruz – 6º Termo – Toledo Prudente Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro); ➔ O fornecedor coloca o produto com metragem que não corresponde a realidade do produto. IX - recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de intermediação regulados em leis especiais; (Redação dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994) X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços. (Incluído pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994) XI - Dispositivo incluído pela MPV nº 1.890-67, de 22.10.1999, transformado em inciso XIII, quando da conversão na Lei nº 9.870, de 23.11.1999 XII - deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou deixar a fixação de seu termo inicial a seu exclusivo critério. (Incluído pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995) XIII - aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente estabelecido. (Incluído pela Lei nº 9.870, de 23.11.1999) ➔ Aplicação de índice de reajuste diverso do pactuado. XIV - permitir o ingresso em estabelecimentos comerciais ou de serviços de um número maior de consumidores que o fixado pela autoridade administrativa como máximo. (Incluído pela Lei nº 13.425, de 2017) ➔ O fornecedor coloca maior número de pessoas que a locação máxima permitida. Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues ao consumidor, na hipótese prevista no inciso III, equiparam-se às amostras grátis, inexistindo obrigação de pagamento. Publicidade no CDC A propaganda influencia as pessoas. Assim, o CDC define no art. 37: Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva. § 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços. § 2° É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança. O CDC divide a publicidade enganosa e a publicidade abusiva. A enganosa é aquela que não corresponde a realidade do produto (busca-se enganar em relação a origem, quantidade ou qualidade do produto). Já a abusiva, induz o consumidor a superstição, preconceito, práticas imorais. Quanto a alguns julgados do CONAR e do judiciário: 1. Cerveja Devassa – foi condenada por propaganda que tratava-se de uma cerveja preta, em que foi colocado uma mulher morena com corpo padrão para entregar a cerveja ao homem barrigudo na praia. Dizia-se “uma boa morena se conhece pelo corpo”. O CONAR condenou essa exploração da sexualidade e do corpo feminino, atrelado a determinado produto. 2. Universidade (concorrente da Toledo) – tinha uma propagandaque dizia “venha aqui e estude de graça”. Quando o sujeito ia fazer a matrícula, se deparava com uma cláusula http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8884.htm#art39 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8884.htm#art39 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8884.htm#art39 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8884.htm#art39 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/Antigas/1890-67.htm#art9 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/Antigas/1890-67.htm#art9 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9870.htm#art39xiii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9870.htm#art39xiii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9008.htm#art7 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9008.htm#art7 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9870.htm#art39xiii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9870.htm#art39xiii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13425.htm#art17 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13425.htm#art17 Responsabilidade civil nas relações de consumo Brendha Ariadne Cruz – 6º Termo – Toledo Prudente referente ao sujeito atingir médias consideráveis (altas) nas matérias não pagaria nada. Tem ações correndo até os dias de hoje quanto a isso, porque no final do curso chegava a conta (já que a universidade fazia fies para o aluno sem ele saber). 3. Mc Donalds – veiculou propaganda polêmica relacionado seios de uma mãe e o big mac. 07-10-2022 Princípios da Publicidade a) Identificação (art. 36) Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente, a identifique como tal. Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de seus produtos ou serviços, manterá, em seu poder, para informação dos legítimos interessados, os dados fáticos, técnicos e científicos que dão sustentação à mensagem. A partir do disposto no art. acima, observa-se que toda a publicidade que envolve relação de consumo deve ser de fácil identificação ao consumidor Caso isso não ocorra, é possível ensejar a responsabilidade do fornecedor de serviços ou produtos. b) Vinculação contratual (art. 30 e 35) Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado. Pelo princípio disposto, tudo o que foi ofertado (colocado pelo fornecedor) nos veículos publicitários, vinculam o consumidor. Isto posto, se a publicidade dá atributos ao produto ou serviço e posteriormente, isto não representa a realidade, o consumidor estará vinculado a propaganda. Mas, deve-se analisar com base na boa-fé, sobretudo que a técnica publicitária utiliza-se de figuras de linguagem, sendo que tais figuras, muito das vezes, não contrariam o princípio da vinculação. Por exemplo, propaganda de carro que apresentava piloto automático, mas o consumidor ao conduzir o carro, deitou o banco e deixou o carro anda sozinho, assim ocorreu um acidente. c) Veracidade (art. 37, parágrafo 1) O produto ou serviço deve corresponder as extas expectativas colocadas no veículo publicitário. § 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços. d) Correção do desvio (contra propaganda) Toda publicidade que se torna errônea, leva o consumidor a erro, desvia finalidade para qual foi concebida, enseja a responsabilidade civil O conteúdo da responsabilidade é a condenação por danos materiais e danos morais. Além da existência da contrapropaganda (trata-se do dever de resposta do fornecedor de produtos e serviços de fazer ao público afetado pela publicidade desviada. Jurisprudências quanto aos princípios: - Informativo 679, STJ: entendeu ser abusiva toda e qualquer publicidade que envolva alimentos e seja direcionada a criança e adolescente. Esta propaganda deve ser veiculada aos pais. Por exemplo, imagine propaganda do mc lanche feliz para as crianças, seria abusiva. Responsabilidade civil nas relações de consumo Brendha Ariadne Cruz – 6º Termo – Toledo Prudente - Informativo 663, STJ: trata-se do caso da passagem de Amsterdam. Num certo dia, um casal que mora em Brasília comprou passagem aérea para Amsterdam, por 1000 reais ao total. Mas, horas depois, chegou um e-mail ao casal falando que foi colocado errado o preço e que a passagem foi cancelada. A defesa do casal baseava-se no princípio da veracidade e da identificação. Na primeira instância e TJ, reconheceu-se que o casal tinha direito as passagens. Já o STJ, entendeu que estes princípios não deveriam ser aplicados nesse caso, pois é imprescindível analisar a veracidade e a identificação com base na boa-fé, portanto, jamais uma passagem para Amsterdam teria um valor tão baixo. Ademais, apenas algumas horas depois da compra, o consumidor já foi informado. Assim, firmou-se que a ausência de preço ou o erro em sua quantificação, por si só, não enseja responsabilidade civil. Cobrança vexatória Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça. Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável. O consumidor não pode ser exposto ao ridículo. O STJ reconhece que se enquadra nesse caso é o cadastro de inadimplentes em lojas. Era comum expor bons pagadores e maus pagadores. O parágrafo único traz a repetição indébita, assim toda cobrança que for errônea, indevida ou abusiva, terá o consumidor, o direito ao dobro daquilo que foi pago. Mas, essa repetição se torna mitigada em caso de equívoco plausível. Banco de cadastro dos consumidores É lícita a existência de banco de cadastro de devedores no SERASA e SPC. Mas, todas as vezes, que ira inscrever alguém nos órgãos de proteção ao crédito, é imprescindível que antes haja a notificação do consumidor, que oportunize o pagamento o débito. Caso não houver notificação, haverá dano moral. Essa inscrição os órgãos de proteção ao crédito não é eterna, assim, o prazo estipulado é de cinco anos. Dito isso, deve-se analisar a súmula: S. 385 – STJ - Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não cabe indenização por dano moral, quando preexistente legítima inscrição, ressalvado o direito ao cancelamento. Como regra, a inscrição indevida por si só gera dano moral. Mas, quando houver a anotação irregular em cadastro, mas houver preexistente legítima inscrição, não enseja dano moral. Por exemplo, X vende produto para Y. Y não paga X. Mas antes da dívida vencer, X inscreve o nome no SPC (inscrição ilegítima porque não havia inadimplemento ainda). Ocorre que antes dessa inscrição, existia outra inscrição no Serasa de X legítima, nesse caso não tem dano moral. Ademais, quanto a súmula 323: A inscrição do nome do devedor pode ser mantida nos serviços de proteção ao crédito até o prazo máximo de cinco anos, independentemente da prescrição da execução. Quanto ao informativo do STJ, todas as vezes que o SPC ou SERASA inserir o nome de alguém neste cadastro, deve também inserir a data do vencimento da dívida. Por fim, a sumula 548 do STJ: Incube ao credor a exclusão do registro da dívida em nome do devedor no cadastro de inadimplentes no prazo de cinco diasúteis, a partir do pagamento integral e efetivo do débito. Caso contrário, ensejará dano moral in re ipsa. Responsabilidade civil nas relações de consumo Brendha Ariadne Cruz – 6º Termo – Toledo Prudente 11-10-2022 Lei 14.181 de 2021 (Lei do Superendividamento) Trata-se de lei de combate ao superendividamento. Veio para o ordenamento jurídico no ano de 2021, no “começo do fim da pandemia”. Basicamente, seu intuito é criar dispositivos para proibir e punir práticas que geram superendividamento ao consumidor. Para responder o que é o superendividamento, deve-se analisar o art. 54-A, parágrafo primeiro. § 1º Entende-se por superendividamento a impossibilidade manifesta de o consumidor pessoa natural, de boa-fé, pagar a totalidade de suas dívidas de consumo, exigíveis e vincendas, sem comprometer seu mínimo existencial, nos termos da regulamentação Alguns pressupostos do conceito: 1. Consumidor pessoa natural: apenas a pessoa física pode ser alvo do superendividamento. 2. Dívida contraída com boa-fé: significa que a lei não se aplica às dívidas adquiridas com traços de má-fé ou para a prática de atos criminosos. 3. Dívida que ataca o mínimo existencial: via de regra, a teoria da reserva do possível nasceu na Alemanha e ganhou forças nos EUA. Está relacionada a direitos mínimos para a dignidade humana (alimentação, moradia, vestimenta digna, etc.). Se a dívida prejudicar esse mínimo, poderá configurar o superendividamento. Essa lei veio com o escopo de impedir práticas bancárias de concessão de crédito sem que o consumidor tenha condições de criticar esse compromisso assumido. Uma das exceções de impenhorabilidade de bem de família é o caso de alienação fiduciária. Portanto, o banco nunca sairá perdendo. Temos hipóteses em que não se aplica o superendividamento, sendo: 1. Dívidas adquiridas mediante fraude ou má-fé; 2. Dívidas adquiridas mediante dolo; 3. Dívidas cujo objeto é de alto valor ou de luxo. A lei busca prestigiar aquele consumidor que de boa-fé contraiu uma dívida que prejudica sua subsistência. Por esta razão, o consumidor precisa estar de boa-fé. Ademais, o art. 54-B, é imprescindível que o fornecedor dê descrição detalhada a respeito do crédito a ser concedido, as formas de amortização e liquidação das dívidas, bem como os índices de correção inflacionária. ‘Art. 54-B. No fornecimento de crédito e na venda a prazo, além das informações obrigatórias previstas no art. 52 deste Código e na legislação aplicável à matéria, o fornecedor ou o intermediário deverá informar o consumidor, prévia e adequadamente, no momento da oferta, sobre: I - o custo efetivo total e a descrição dos elementos que o compõem; II - a taxa efetiva mensal de juros, bem como a taxa dos juros de mora e o total de encargos, de qualquer natureza, previstos para o atraso no pagamento; III - o montante das prestações e o prazo de validade da oferta, que deve ser, no mínimo, de 2 (dois) dias; IV - o nome e o endereço, inclusive o eletrônico, do fornecedor; V - o direito do consumidor à liquidação antecipada e não onerosa do débito, nos termos do § 2º do art. 52 deste Código e da regulamentação em vigor. Mas, se o fornecedor não cumprir com o art. acima disposto, poderá gerar multa administrativa junto ao PROCON ou de forma judicial ser esta concessão de crédito considerada prática abusiva ou cláusula abusiva. Ademais, conforme art. 104-A, a lei trouxe uma obrigação dos fornecedores de crédito em criar mecanismos de conciliação e solução extrajudicial de conflitos. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8078.htm#art54b Responsabilidade civil nas relações de consumo Brendha Ariadne Cruz – 6º Termo – Toledo Prudente Cláusulas abusivas Não se confunde com prática abusiva (esta não está prevista no contrato). Já, a cláusula abusiva está prevista no contrato – sendo cláusulas leoninas ou predatórias – ou seja, aquelas que tem por objetivo prejudicar o consumidor, levado ao desequilíbrio. A natureza jurídica trata-se de rol exemplificativo, sendo possível a existência de outras cláusulas. Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos. Nas relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a indenização poderá ser limitada, em situações justificáveis; ➔ Toda e qualquer cláusula contratual que limite, atenue ou condicione a responsabilidade do fornecedor. Imagine que a Lara vai até o supermercado estaciona seu carro no estacionamento gratuito em que tem uma placa falando que o mercado não se responsabiliza. Essa placa não é válida e a responsabilidade existe, pois embora ele não pague de forma indireta o estacionamento é cobrando por meio dos produtos. Assim todo e qualquer oportuno que ocorre em estabelecimento comercial mesmo que gratuito existe a responsabilidade civil no estabelecimento- STJ. Agora imagine que a Lara foi no MC no drive e é assaltada. O STJ entendeu que há a responsabilidade do estabelecimento do drive pois quando o fornecedor disponibiliza este serviço automaticamente assumisse um risco. O MC se vincula ao que está fora das dependências. O mesmo STJ decidiu que não tinha responsabilidade da empresa de ônibus em que a passageira foi estuprada dentro das dependências, pois a empresa não teria controle de todos e não poderia discriminar as pessoas. Se vincula apenas a prestação de serviços, ocorrendo uma quebra do nexo por questão alheia a prestação do serviço. II - subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos casos previstos neste código; ➔ Toda e qualquer cláusula que afasta o reembolso será nula. III - transfiram responsabilidades a terceiros; ➔ Aquela que transfere responsabilidade a terceiros. IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a eqüidade; ➔ Inciso genérico – toda e qualquer cláusula que coloque em desvantagem. V - (Vetado); VI - estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor; VII - determinem a utilização compulsória de arbitragem; ➔ Contrato de consumo pode trazer essa cláusula. Mas, não pode ser compulsória porque afasta o princípio da inafastabilidade da jurisdição. VIII - imponham representante para concluir ou realizar outro negócio jurídico pelo consumidor; ➔ Nula aquela que impõe representante para concluir o negócio jurídico. IX - deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato, embora obrigando o consumidor; ➔ Aquela cláusula que autoriza rescisão unilateral do contrato ao fornecedor, não dando mesmo direito ao consumidor. X - permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação do preço de maneira unilateral; XI - autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual direito seja conferido ao consumidor; Responsabilidade civil nas relações de consumo Brendha Ariadne Cruz – 6º Termo – Toledo Prudente XII - obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua obrigação, sem que igual direito lhe seja conferido contra o fornecedor; XIII - autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou a qualidade do contrato, após sua celebração; XIV - infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais; XV - estejam em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor; XVI - possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias necessárias. XVII - condicionem ou limitem de qualquer forma o acesso aos órgãos doPoder Judiciário; (Incluído pela Lei nº 14.181, de 2021) XVIII - estabeleçam prazos de carência em caso de impontualidade das prestações mensais ou impeçam o restabelecimento integral dos direitos do consumidor e de seus meios de pagamento a partir da purgação da mora ou do acordo com os credores; (Incluído pela Lei nº 14.181, de 2021) XIX - (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.181, de 2021) § 1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem que: São as cláusulas exageradas. As cláusulas abusivas atacam os requisitos de existência e validade do negócio jurídico, ou seja, são hipóteses de nulidade absoluta/ é nula de pleno direito. Já as cláusulas exageras atacam a eficácia do Negócio J., portanto ela pode convalescer e aquele que alega deve constituir prova do exagero. I - ofende os princípios fundamentais do sistema jurídico a que pertence; II - restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza do contrato, de tal modo a ameaçar seu objeto ou equilíbrio contratual; III - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza e conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao caso. Configurando nestas 3 hipóteses, que são genéricas pode se ter essa cláusula exagerada. 14-10-2022 Direito de arrependimento – Compra e venda fora do estabelecimento comercial O art. 49 trouxe o direito de arrependimento, que é discricionário do consumidor, desde que preenchidas as hipóteses do art. 49. Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio. Parágrafo único. Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo, os valores eventualmente pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão, serão devolvidos, de imediato, monetariamente atualizados. Os requisitos são: 1. Compra feita fora do estabelecimento comercial: Quando o consumidor não tem contato com o produto, poderá se arrepender. 2. Prazo de 7 dias contados da data do recebimento do produto. A natureza jurídica desse prazo é decadencial (contado em dias corridos). 3. Somente se aplica o direito de arrependimento para aquela compra feita fora do estabelecimento comercial, assim não se aplica a compra feita em loja física.
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