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Responsabilidade civil nas relações de consumo

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Responsabilidade civil nas relações de consumo 
Brendha Ariadne Cruz – 6º Termo – Toledo Prudente 
06-09-2022 
Introdução 
O CDC é recente e baseia-se no fenômeno 
da constitucionalização do direito (trouxe o 
espírito da constituição federal no seu bojo, 
esse fenômeno olha para o direito 
infraconstitucional a partir das premissas da 
CF). 
O CDC tutela a pessoa, haja vista que o 
consumidor é vulnerável tecnicamente, 
economicamente e cientificamente. 
 
Diferença entre vulnerabilidade e 
hipossuficiência 
Está no fato de que a vulnerabilidade está 
ligada a direito material e a hipossuficiência 
está ligada ao direito procedimental e do 
processo. 
Pela lei, o simples fato do sujeito ser 
consumidor já o torna vulnerável, não 
interessando sua condição financeira. 
A hipossuficiência está ligada ao processo, 
assim um grande exemplo para atenuar a 
hipossuficiência é a inversão do ônus da 
prova. 
O instrumento para equalizar a 
vulnerabilidade é o reconhecimento da 
nulidade das cláusulas abusivas, 
 
Fundamento legal do CDC 
Art. 170 CF + art. 5, inciso 32 
 
Conceito de Direito do consumidor 
Segundo Cláudia de Lima Marques, direito do 
consumidor é uma disciplina transversal entre 
o direito público e o direito privado. Parte da 
premissa de que o sujeito pelo simples fato 
de ser consumidor já é considerado 
vulnerável frente ao fornecedor, que é o 
profissional que detém capacidade técnica, 
econômica e científica. 
 
Eficácia dos direitos fundamentais 
- Vertical: é a eficácia mais antiga, em um 
dos polos está o Estado e no outro o cidadão. 
Os direitos prestacionais são um exemplo 
dessa eficácia. Ex. Inviolabilidade de 
domicílio, direto à saúde. 
- Horizontal: em ambos os polos da relação 
existem particulares. 
- Diagonal: em ambos os polos existem 
particulares porem nessa relação existe 
desequilíbrio entre as partes. Ex. consumidor e 
fornecedor (desigualdade fática da 
relação).Os direitos fundamentais se aplicam 
na legislação consumerista. 
13-09-2022 
Constitucionalização 
A doutrina diz que o CDC inaugura o 
fenômeno da constitucionalização do direito. 
Esse fenômeno trata-se do olhar para o 
direito infraconstitucional sob o viés da 
constituição federal. 
Ganhou projeção com o CC de 2002. Mas, a 
doutrina aponta que esse fenômeno nasceu 
no CDC. 
O objetivo inicial do CDC está disposto no art. 
abaixo: 
Art. 1° O presente código estabelece normas 
de proteção e defesa do consumidor, de 
ordem pública e interesse social, nos termos 
dos arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da 
Constituição Federal e art. 48 de suas 
Disposições Transitórias. 
Objetivava-se regular o art. 170 da CF e art. 48 
das Disposições Transitórias. 
Além de regulamentar o direito do 
consumidor, regulamenta o processo 
constitucional. 
 
Princípio do Favor De Bilis e o CDC 
O CDC consagra o princípio do Favor De Bílis, 
ou seja, as normas devem ser interpretadas a 
partir da ótica daquele que possui 
debilidade (ou seja, vulnerável). 
Antes da entrada do CDC, buscava-se a 
responsabilidade civil nas relações de 
consumo com as disposições do CC, na 
forma de compra e venda tradicional. Assim, 
Responsabilidade civil nas relações de consumo 
Brendha Ariadne Cruz – 6º Termo – Toledo Prudente 
era necessário demonstrar dolo ou culpa 
para que houvesse a responsabilidade do 
fornecedor. 
Pós-CDC tudo mudou. O fornecedor, via de 
regra, responde objetivamente. Ademais, a 
inversão do ônus da prova é op legis (feita 
pela própria lei). 
 
Legados do CDC 
O primeiro legado trata-se da superação da 
dicotomia entre responsabilidade contratual 
e extracontratual, assim pouco importa a 
natureza da relação, se for relação de 
consumo haverá aplicação do CDC. 
O segundo legado é a responsabilidade 
direta do fornecedor de serviços. Por 
exemplo, imagine que “a” tem um mercado, 
em que vende-se alface. O consumidor 
compra o alface, ingere-o e juíza uma ação 
contra o mercado. O mercado defende-se 
que não fabricou o produto, todavia, se não 
era possível identificar o fabricante, deverá o 
fornecedor responder pelos danos. 
O terceiro legado é que a responsabilidade 
objetiva do fornecedor tem fundamento na 
teoria do risco do empreendimento, 
vinculado ao dever de segurança. 
Por exemplo, não afasta-se a 
responsabilidade daquele que produziu um 
capacete tecnológico na época, mas depois 
descobre-se que não era o ideal. Havia o 
dever de garantia desse produto, para 
garantir que cumpra sua função. 
 
Teoria do risco do empreendimento 
Encontra-se fundamento no art. 14 do CDC, 
abaixo disposto: 
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, 
independentemente da existência de culpa, 
pela reparação dos danos causados aos 
consumidores por defeitos relativos à 
prestação dos serviços, bem como por 
informações insuficientes ou inadequadas 
sobre sua fruição e riscos. 
Para a teoria do risco, o fornecedor de 
produtos ou serviços está vinculado desde a 
concepção do produto. 
Segundo Cavalierri, o risco do 
empreendimento é todo aquele que se 
disponha a exercer alguma atividade no 
mercado de consumo, tendo o dever de 
responder por eventuais vícios ou defeitos dos 
bens e serviços fornecidos, 
independentemente de culpa. 
Quanto ao produto antigo, questiona-se a 
possibilidade de isentar responsabilidade do 
fornecedor. Por exemplo, imagine um celular 
muito antigo está sendo vendido, caso der 
algum problema, teria ou não 
responsabilidade. 
O simples fato do produto ser antigo não 
isenta responsabilidade do fornecedor. 
Também não se afasta quando o 
conhecimento técnico na época ensejou a 
fabricação do produto, se posteriormente 
entender que é defeituoso, não será isentada 
a responsabilidade. 
 
Teorias quanto ao conceito de consumidor 
O conceito de consumidor está disposto 
abaixo: 
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou 
jurídica que adquire ou utiliza produto ou 
serviço como destinatário final. 
Assim, extraímos que consumidor é toda 
pessoa física ou jurídica que utiliza o produto 
ou serviço como destinatário final. 
Acercada expressão “destinatário final”, 
existem duas teorias: 
a. Teoria Finalista 
O consumidor trata-se do destinatário final 
(de forma ip literis). 
Não recolocando o produto na cadeia de 
consumo, nem de forma direta e nem 
indireta. 
Com base nessa teoria, a pessoa jurídica 
pode ser consumidora. Por exemplo, um 
salão compra um lustre para colocar no 
espaço e este veio com defeito. 
16-09-2022 
➔ Caso da clínica oncológica 
(agravo 1049 012 MG): 
aparelhos comprados vieram 
Responsabilidade civil nas relações de consumo 
Brendha Ariadne Cruz – 6º Termo – Toledo Prudente 
com problema, foi ajuizada 
uma ação e buscou a 
responsabilidade do fornecedor 
com base no CDC. O STJ 
entendeu pela não aplicação 
do CDC, haja vista que a clínica 
recolocava esses 
equipamentos (fazia dinheiro) 
no mercado. 
➔ Outro caso julgado pelo STJ foi o 
Resp. 1023 862, um dos 
condomínios queria 
indenização do condomínio 
pela pausa de fornecimento de 
agua, com base no CDC. O STJ 
entendeu que o condomínio 
não poderia ser considerado 
fornecedor, pois o simples fato 
de pagar uma taxa pela água, 
não faz o condomínio 
fornecedor de serviços de 
água. 
Isto posto, devemos concluir que para a 
teoria finalista, o consumidor é aquele 
destinatário final que além de retirar o produto 
e não reinserir no mercado (de modo direto 
ou indireto), utiliza-o em proveito próprio. 
 
b. Teoria Maximalista: 
Essa teoria leva em consideração o conceito 
de consumidor por meio de uma 
interpretação literal, assim consumidor é o 
destinatário final do produto, 
independentemente de recolocar no 
mercado. O simples fato de consumir já 
considera-se consumidor. 
Critica-se porque estende-se muito o 
conceito de consumidor, como por exemplo, 
toda compra e venda seria regida pelo CDC, 
inutilizando o CC.c. Quanto a teoria aplicada 
Dessa dualidade entre as teorias, é unânime 
que a teoria finalista é adotada pelo CDC. 
Todavia, a teoria finalista guarda com sigo um 
rigor que a jurisprudência vem abordando, de 
modo a relativizar a aplicação da teoria 
finalista, de modo a reconhecer que em 
situações de vulnerabilidade fática é 
possível aplicar o CDC mesmo para aquele 
que não e considerado destinatário final 
(consumidor) segundo conceito finalista. 
Por exemplo, “A” – taxista e de 80 anos e 
idade, compra um carro, na teoria finalista 
ele não é consumidor (não é destinatário 
final), mas é vulnerável. Neste caso, pode-se 
aplicar o CDC. 
 
Consumidor por equiparação 
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a 
coletividade de pessoas, ainda que 
indetermináveis, que haja intervindo nas 
relações de consumo. 
O parágrafo único traz a figura do 
consumidor por equiparação. É aquele que 
não consumiu diretamente o produto, mas 
sofreu as consequências daquela relação de 
consumo. 
O consumidor não comprou, mas sofreu os 
efeitos do produto defeituoso pelo fato do 
produto ou vício do produto. Pode ferir a 
integridade do consumidor. 
Por exemplo, tem um caso julgado no STJ de 
uma criança com a botinha da XUXA e roupa 
vulgar, abordando a sexualidade. Essa 
propaganda gera um incomodo, sofreu os 
efeitos disso, logo considerada consumidor 
por equiparação. 
Outro exemplo, imagine que exista um sítio 
que tem poço artesiano e dejetos de esgoto 
chegaram próximos a propriedade. Esse 
sitiante pode ser considerado consumidor por 
equiparação, ele não paga a SABESP, mas 
sofreu os efeitos da relação viciada da 
SABESP com outros consumidores 
Mass, para aplicar esse instituto, o sujeito 
deve ser atingido diretamente ou em 
potencial 
 
Fornecedor 
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou 
jurídica, pública ou privada, nacional ou 
estrangeira, bem como os entes 
despersonalizados, que desenvolvem 
atividade de produção, montagem, criação, 
construção, transformação, importação, 
exportação, distribuição ou comercialização 
de produtos ou prestação de serviços. 
Responsabilidade civil nas relações de consumo 
Brendha Ariadne Cruz – 6º Termo – Toledo Prudente 
Temos o tipo misto alternativo no conceito de 
fornecedor, em que descreve-se o conceito 
deste das mais variadas formas. Assim, várias 
hipóteses podem qualificar a pessoa do 
fornecedor. 
Ademais, pode ser pessoa física ou pessoa 
jurídica (de direito público ou de direito 
privado) 
Assim, cumpre salientar que a administração 
pública é dividida em direta (união, estados, 
DF, municípios) ou indireta (autarquias, 
empresas públicas, sociedade de economia 
mista). 
Quando o legislador determina pessoa 
jurídica de direito público, temos que deve ser 
constituída de uma relação jurídica de direito 
privado para com terceiros, assim, por 
exemplo, deve prestar um serviço regido pelo 
direito privado. 
Para analisar o regime jurídico é público ou 
privado, dependerá da forma como o serviço 
é prestado e o tipo de relação jurídica que 
une o prestador e o beneficiário. 
Por exemplo, um individuo está com um 
problema em sua conta bancaria na Caixa 
Econômica Federal. Neste caso, aplica-se a 
disposição do CDC. 
Ao regime jurídico de direito público aplica-se 
as cláusulas exorbitantes e prerrogativas 
inerentes a administração pública 
(encampação, caducidade, etc.) Assim, 
temos regras próprias que dão supremacia a 
administrador em detrimento do privado. 
Ademais, o fornecedor pode ser nacional ou 
estrangeiro. 
O fornecedor será de produtos ou de serviços. 
Dito isso, devemos analisar essa questão 
conceitual: 
 § 1° Produto é qualquer bem, móvel ou 
imóvel, material ou imaterial. 
 § 2° Serviço é qualquer atividade 
fornecida no mercado de consumo, 
mediante remuneração, inclusive as de 
natureza bancária, financeira, de crédito e 
securitária, salvo as decorrentes das relações 
de caráter trabalhista. 
Por fim, o CDC permite que entes 
despersonalizados (aqueles que não estão no 
rol das pessoas jurídicas) sejam considerados 
fornecedor. 
 
Política Nacional das relações de consumo 
Quando o legislador estruturou o CDC, criou 
essa política, com o objetivo de que aquele 
bem jurídico tutelado no CDC passe a ser 
tutelado nos três níveis dos entes da 
federação e os três poderes em conjunto, 
Assim sendo uma política de Estado. 
Art. 4º A Política Nacional das Relações de 
Consumo tem por objetivo o atendimento das 
necessidades dos consumidores, o respeito à 
sua dignidade, saúde e segurança, a 
proteção de seus interesses econômicos, a 
melhoria da sua qualidade de vida, bem 
como a transparência e harmonia das 
relações de consumo, atendidos os seguintes 
princípios: (Redação dada pela Lei nº 
9.008, de 21.3.1995) 
 I - reconhecimento da vulnerabilidade 
do consumidor no mercado de consumo; 
 II - ação governamental no sentido de 
proteger efetivamente o consumidor: 
 a) por iniciativa direta; 
 b) por incentivos à criação e 
desenvolvimento de associações 
representativas; 
 c) pela presença do Estado no mercado 
de consumo; 
 d) pela garantia dos produtos e serviços 
com padrões adequados de qualidade, 
segurança, durabilidade e desempenho. 
Busca estruturar a relação de consumo 
como uma política de Estado. 
Todo consumidor é vulnerável, mas não 
necessariamente é hipossuficiente. 
O legislador começou a perceber que a 
política bancária, como a taxação de juros, 
estavam alinhadas com as práticas abusivas 
previstas no CDC. Assim, legislador 
desenvolveu a ler do superendividamento. 
Assim, as instituições financeiras sempre 
tiveram a prática de soltar crédito sabendo 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9008.htm#art7
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9008.htm#art7
Responsabilidade civil nas relações de consumo 
Brendha Ariadne Cruz – 6º Termo – Toledo Prudente 
que ele não tem condições de arcar. Assim, 
deve-se disponibilizar canais para 
negociação de dívida e frear essa 
concessão de créditos. 
Quando houver necessidade de tutelar direito 
do consumidor, será implementado na 
política nacional. Conforme disposto abaixo: 
Art. 4 IX - fomento de ações direcionadas à 
educação financeira e ambiental dos 
consumidores; 
Art. 5 - VI - instituição de mecanismos de 
prevenção e tratamento extrajudicial e 
judicial do superendividamento e de 
proteção do consumidor pessoa natural; 
Quanto a analise do art. 5, aborda-se a 
execução da política nacional, em que 
temos uma série de obrigações que o Estado 
deve cumprir: 
1) Disponibilização de assistência justiça 
gratuita; 
2) Promotorias irão tutelar as relações de 
consumo; 
3)No âmbito do poder executivo, temos o 
desenvolvimento de delegacias 
especializadas; 
4) Criação de juizados especiais para a tutela 
rápida dos direitos; 
5) No âmbito da administração indireta, o 
Estado deve incentivar associações que 
defendem direitos do consumidor; 
6) Mecanismos relacionados ao 
superendividamento; 
7) Núcleos de mediação e conciliação 
relacionados ao superendividamento. 
Art. 5° Para a execução da Política Nacional 
das Relações de Consumo, contará o poder 
público com os seguintes instrumentos, entre 
outros: 
 I - manutenção de assistência jurídica, 
integral e gratuita para o consumidor 
carente; 
 II - instituição de Promotorias de Justiça 
de Defesa do Consumidor, no âmbito do 
Ministério Público; 
 III - criação de delegacias de polícia 
especializadas no atendimento de 
consumidores vítimas de infrações penais de 
consumo; 
 IV - criação de Juizados Especiais de 
Pequenas Causas e Varas Especializadas 
para a solução de litígios de consumo; 
 V - concessão de estímulos à criação e 
desenvolvimento das Associações de Defesa 
do Consumidor. 
VI - instituição de mecanismos de 
prevençãoe tratamento extrajudicial e 
judicial do superendividamento e de 
proteção do consumidor pessoa 
natural; (Incluído pela Lei nº 14.181, de 
2021) 
VII - instituição de núcleos de 
conciliação e mediação de conflitos oriundos 
de superendividamento 
Princípios norteadores do CDC 
Os princípios são vetores que levam a 
interpretações. Sendo possível dois ou mais 
princípios serem aplicados a um caso. 
✓ Princípio da Vulnerabilidade 
O legislador parte da premissa que todo 
consumidor é vulnerável (condição ligada a 
direito material – técnica, econômica, 
cientifica). 
Seu fundamento jurídico encontra-se no art. 4, 
inciso I, CDC: I - reconhecimento da 
vulnerabilidade do consumidor no mercado 
de consumo. 
Não se confunde com hipossuficiência 
(ligada a direito processual e procedimental), 
sendo que o legislador trouxe instrumentos 
capazes de impedir a hipossuficiência, como 
a inversão do ônus da prova (retirar o ônus 
daquele que alega provar aquilo que ele 
fala). 
Pode ser ope legis (decorre da lei) ou ope 
iudicis (juiz concede). 
A regra do CPC é ope iudicis. Mas no CDC 
existem posicionamentos, assim cumpre 
analisarmos o artigo 6, CDC. 
Art. 6º São direitos básicos do consumidor: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14181.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14181.htm#art1
Responsabilidade civil nas relações de consumo 
Brendha Ariadne Cruz – 6º Termo – Toledo Prudente 
 VIII - a facilitação da defesa de seus 
direitos, inclusive com a inversão do ônus da 
prova, a seu favor, no processo civil, quando, 
a critério do juiz, for verossímil a alegação ou 
quando for ele hipossuficiente, segundo as 
regras ordinárias de experiências; 
Alguns entendem que o CDC se valeu da 
mesma regra do CPC – ope iudicis, conforme 
art. 6, inciso VIII, CPC. 
Mas, a segunda corrente diz que é ope legis, 
(sobretudo quando fato do produto ou vício 
do produto), com base nos dispositivos 
abaixo: 
Art. 13. O comerciante é igualmente 
responsável, nos termos do artigo anterior, 
quando: 
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, 
independentemente da existência de culpa, 
pela reparação dos danos causados aos 
consumidores por defeitos relativos à 
prestação dos serviços, bem como por 
informações insuficientes ou inadequadas 
sobre sua fruição e riscos. 
 § 3° O fornecedor de serviços só não será 
responsabilizado quando provar: 
 I - que, tendo prestado o serviço, o defeito 
inexiste; 
 II - a culpa exclusiva do consumidor ou 
de terceiro 
Então, quem deverá provar é o fornecedor e 
não o consumidor. Isto está previsto na 
própria lei. 
Na doutrina, a vertente majoritária entende 
pela segunda posição (ope legis). 
 
✓ Princípio do equilíbrio 
O legislador parte da premissa de que a 
função do CDC é equilibrar a relação de 
consumo. 
As normas do CDC devem proteger o 
consumidor, mas não pode perder de vista o 
fornecedor. Assim, equalizando os direitos do 
consumidor e do fornecedor. 
 
✓ Princípio da boa-fé 
Os negócios jurídicos devem ser norteados a 
partir da boa-fé. 
Veda o enriquecimento ilícito 
Existe um caso interessante: propaganda das 
Casas Bahia “quer pagar quanto”, alguém se 
valendo dessa propaganda ajuizou uma 
ação porque queria comprar uma geladeira 
por um real, de modo que a propaganda é 
enganosa. Foi entendido que a forma como 
o interlocutor divulgava o produto era com 
condições facilitadas, mas é impossível uma 
geladeira ter o valor de um real, ninguém 
acreditaria nisso. 
 
✓ Princípio da Transparência 
Todos os dados relacionados a oferta, 
qualidades e atribuições do produto devem 
ser claros, conforme art. 31. 
Art. 31. A oferta e apresentação de produtos 
ou serviços devem assegurar informações 
corretas, claras, precisas, ostensivas e em 
língua portuguesa sobre suas características, 
qualidades, quantidade, composição, preço, 
garantia, prazos de validade e origem, entre 
outros dados, bem como sobre os riscos que 
apresentam à saúde e segurança dos 
consumidores. 
Parágrafo único. As informações de que 
trata este artigo, nos produtos refrigerados 
oferecidos ao consumidor, serão gravadas de 
forma indelével. 
O PROCON tem normativas que disciplinam o 
art. 31. É muito comum o PROCON arbitrar 
multas na hipótese em que o mercado não 
informa que o produto está próximo da data 
de fornecimento. 
20-09-2022 
✓ Princípio da adequação 
Este princípio preconiza que todo produto ou 
serviço colocado a disposição do consumidor 
deve preencher as legítimas expectativas. 
Portanto, deve ser adequado para o fim ao 
qual se destina. 
 
Defeito no CDC 
Responsabilidade civil nas relações de consumo 
Brendha Ariadne Cruz – 6º Termo – Toledo Prudente 
O defeito trata-se da falta de capacidade do 
fornecedor e do fabricante de eliminar todos 
os riscos previstos ou previsíveis. 
Imagine que o sujeito compra um shampoo 
que o leva a cegueira. É previsto que o 
contato entre shampoo e olhos pode ocorrer, 
assim não há de se falar em culpa exclusiva 
da vítima. É totalmente previsível e factível 
que isso ocorra. 
No caso, do segundo exemplo da criança 
que coloca o líquido da caneta na boca, a 
finalidade para qual a caneta foi produzida, 
não é para que se coloque na boca. Já o 
segundo exemplo, não é previsível. 
Assim, temos duas espécies de defeito: 
1. fato do produto – art. 12, CDC. Neste caso, 
a cadeia de responsabilidade civil é mais 
ampla. Ademais, os defeitos oriundos do fato 
do produto lesa a saúde e a segurança do 
consumidor. 
2. vício do produto – art. 18, CDC. A cadeia 
de responsabilidade civil é restrita. No vício do 
produto, o defeito está relacionado a 
qualidade ou quantidade. 
OBS.: 
Segundo Benjamim, o CDC não estabelece 
um sistema de segurança absoluta para 
produtos e serviços. O que se espera é a 
existência de padrões mínimos que 
correspondam as expectativas do 
consumidor. 
Não se impõe a vítima a comprovação 
latente da existência do vício, bastando 
apenas a aparência deste. 
O CDC recepciona a Teoria do Dano Integral, 
assim o fornecedor de produto ou serviço 
responderá integralmente pelos defeitos 
gerados pelo produto ou serviço, sendo essa 
responsabilidade objetiva, via de regra. 
Abarca o fato do produto e o vício do 
produto. 
 
Fato do Produto 
Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, 
nacional ou estrangeiro, e o importador 
respondem, independentemente da 
existência de culpa, pela reparação dos 
danos causados aos consumidores por 
defeitos decorrentes de projeto, fabricação, 
construção, montagem, fórmulas, 
manipulação, apresentação ou 
acondicionamento de seus produtos, bem 
como por informações insuficientes ou 
inadequadas sobre sua utilização e riscos. 
 Haverá a responsabilidade integral do 
produtor, fornecedor e construtor, 
independentemente de culpa. No caput, 
nada se fala de comerciante. 
Pode apenas se ausentar ou eximir de 
responsabilidade, quando previsto as teses 
vinculadas ao dispositivo. 
§ 1° O produto é defeituoso quando não 
oferece a segurança que dele legitimamente 
se espera, levando-se em consideração as 
circunstâncias relevantes, entre as quais: 
 I - sua apresentação; 
 II - o uso e os riscos que razoavelmente 
dele se esperam; 
 III - a época em que foi colocado em 
circulação. 
 Conforme exposto acima, temos quando o 
produto é defeituoso. Já no dispositivo abaixo 
temos quando o produto não é considerado 
defeituoso. 
§ 2º O produto não é considerado defeituoso 
pelo fato de outro de melhor qualidade ter 
sido colocado no mercado. 
De modo a afastar a teoria do dano integral, 
a responsabilidade de pelo fato do produto 
nas hipóteses previstas abaixo: 
 § 3° O fabricante, o construtor, o produtor 
ou importador só não será responsabilizado 
quando provar: 
 I - que não colocou o produto no 
mercado;II - que, embora haja colocado o produto 
no mercado, o defeito inexiste; 
 III - a culpa exclusiva do consumidor ou 
de terceiro. 
Essas são as teses vinculadas: 
1. Negativa de autoria- não colocou o 
produto no mercado; 
Responsabilidade civil nas relações de consumo 
Brendha Ariadne Cruz – 6º Termo – Toledo Prudente 
2. Negativa de materialidade – embora 
tenha sido colocado o produto do 
mercado, o defeito inexiste. 
3. Culpa exclusiva da vítima ou de 
terceiro; 
Diante desse cenário, duas questões são 
estabelecidas na jurisprudência. 
A primeira situação é a responsabilização de 
bancos por assalto fora da instituição 
bancária. A tendência do STJ entende-se que 
crimes fora do estabelecimento bancário por 
si só gera a responsabilidade, salvo os 
contornos do caso concreto. Já dentro da 
agência, há responsabilidade. 
No caso do chupa cabra – cartão engolido – 
hoje entende-se que há culpa exclusiva da 
vítima. 
O art. 13 traz a palavra comerciante: 
Art. 13. O comerciante é igualmente 
responsável, nos termos do artigo anterior, 
quando: 
 I - o fabricante, o construtor, o produtor 
ou o importador não puderem ser 
identificados; 
 II - o produto for fornecido sem 
identificação clara do seu fabricante, 
produtor, construtor ou importador; 
 III - não conservar adequadamente os 
produtos perecíveis. 
 Parágrafo único. Aquele que efetivar o 
pagamento ao prejudicado poderá exercer 
o direito de regresso contra os demais 
responsáveis, segundo sua participação na 
causação do evento danoso. 
Assim, comerciante equipara-se ou não a 
fornecedor 
1. Apesar da expressão “quando”, 
estamos diante de um fato do produto, 
por ser defeito grave estaria 
equiparado. 
2. Há separação proposital, portanto 
separa-se fornecedor e comerciante. 
Majoritária. 
Hipóteses de responsabilização do 
comerciante: 
1. Será responsabilizado pelo produto 
anônimo (não se sabe quem produziu). 
Por exemplo, sujeito tem um 
supermercado e vários fornecedores. 
Mas um dos fornecedores, colocou 
muito agrotóxico, que gerou dano. Se 
não tiver como identificar esse 
fornecedor, responderá o 
comerciante. 
Art. 88. Na hipótese do art. 13, parágrafo 
único deste código, a ação de regresso 
poderá ser ajuizada em processo autônomo, 
facultada a possibilidade de prosseguir-se nos 
mesmos autos, vedada a denunciação da 
lide. 
Este dispositivo veda a denunciação à lide. 
Pode-se ter o direito de regresso em ação 
autônoma. Não se permite a denunciação 
devido a tumulto processual. 
2. Não houver informação sobre o 
fornecedor, fabricante, construtor. 
3. Produtos perecíveis não conservados 
adequadamente. 
Uma questão tormentosa na jurisprudência 
refere-se ao produto vencido, via de regra, a 
responsabilidade é do comerciante. 
 
Lesão no CDC x CC 
A lesão no CDC é analisada de modo 
objetivo, houve lesão terá responsabilidade. 
Em regra, o contrato será mantido desde que 
haja vontade do consumidor. Ademais, no 
caso de lesão, automaticamente haverá 
onerosidade excessiva. 
Já a lesão no CC é subjetiva. Aqui há 
invalidade do negócio jurídico. Necessário 
não apenas onerosidade excessiva, mas 
também com o a teoria da imprevisão. 
23-09-2022 
Vício do Produto 
Trata-se daquele vício menos grave, não 
ofende a saúde ou a segurança do 
consumidor. Na verdade, é um vício de 
quantidade ou qualidade, que via de regra, 
podem ser reparados. 
O art. 18 prevê o vício do produto: 
Art. 18. Os fornecedores de produtos de 
consumo duráveis ou não duráveis 
respondem solidariamente pelos vícios de 
Responsabilidade civil nas relações de consumo 
Brendha Ariadne Cruz – 6º Termo – Toledo Prudente 
qualidade ou quantidade que os tornem 
impróprios ou inadequados ao consumo a 
que se destinam ou lhes diminuam o valor, 
assim como por aqueles decorrentes da 
disparidade, com a indicações constantes do 
recipiente, da embalagem, rotulagem ou 
mensagem publicitária, respeitadas as 
variações decorrentes de sua natureza, 
podendo o consumidor exigir a substituição 
das partes viciadas. 
 O legislador diferenciou a responsabilidade 
pelo vício do serviço no art. 20 e a 
responsabilidade do vício do produto no art. 
18. 
Quanto ao vicio do produto, atingirá produtos 
duráveis ou não duráveis. 
Ademais, a responsabilidade entre os 
fornecedores é solidária quando for hipótese 
de vício do produto. 
Assim, havendo vício, temos que: 
 § 1° Não sendo o vício sanado no prazo 
máximo de trinta dias, pode o consumidor 
exigir, alternativamente e à sua escolha: 
 I - a substituição do produto por outro da 
mesma espécie, em perfeitas condições de 
uso; 
 II - a restituição imediata da quantia 
paga, monetariamente atualizada, sem 
prejuízo de eventuais perdas e danos; 
 III - o abatimento proporcional do preço. 
A corrente minoritária entende que deve-se 
observar a ordem crescente. Mas, a corrente 
majoritária diz que o consumidor pode optar 
pela mais conveniente. 
É dado o prazo de 30 dias para reparação. A 
natureza jurídica desse prazo é decadencial. 
Ademais, trata-se de um rol exemplificativo, 
mas, apenas pode-se somar direitos a estes 
previstos, não sendo possível subtrair direitos. 
Se caso o vício não for sanado em 30 dias, 
nasce o direito de: 
a. Exigir a substituição do produto 
(mesma espécie, qualidade e 
quantidade, sem qualquer ônus 
ao consumidor); 
b. Restituição dos valores pagos 
(atualizada monetariamente, 
contada da data da efetiva 
venda até a data da efetiva 
restituição; não isenta o 
consumidor de reclamar perdas 
e danos) 
c. Se o consumidor decide ficar 
com a coisa viciada, poderá 
exigir o abatimento 
proporcional do preço; 
Poderão as partes convencionar a redução 
ou ampliação do prazo de 30 dias, conforme 
parágrafo segundo: 
§ 2° Poderão as partes convencionar a 
redução ou ampliação do prazo previsto no 
parágrafo anterior, não podendo ser inferior a 
sete nem superior a cento e oitenta dias. Nos 
contratos de adesão, a cláusula de prazo 
deverá ser convencionada em separado, por 
meio de manifestação expressa do 
consumidor. 
Assim, se aumentarem o prazo não poderá ser 
superior a 180 dias, mas se diminuírem não 
poderá ser inferior a 7 dias. 
Não confunda com garantia! 
Ademais, o contrato de adesão é aquele de 
massa, não há convenção de disposição 
entre as partes. Neste caso, pode ser 
convencionado tal prazo, porém a existência 
desse prazo deve estar amplamente de fácil 
identificação ao consumidor. 
 
Vício do serviço 
Art. 20. O fornecedor de serviços responde 
pelos vícios de qualidade que os tornem 
impróprios ao consumo ou lhes diminuam o 
valor, assim como por aqueles decorrentes da 
disparidade com as indicações constantes 
da oferta ou mensagem publicitária, 
podendo o consumidor exigir, 
alternativamente e à sua escolha: 
Não prestado na mesma quantidade ou 
qualidade para qual foi ofertado. 
Ademais, diminui substancialmente o valor 
da coisa. 
O princípio da vinculação trata-se da 
vinculação do serviço prestado e aquilo que 
Responsabilidade civil nas relações de consumo 
Brendha Ariadne Cruz – 6º Termo – Toledo Prudente 
foi ofertado. Prevalecerá aquilo que foi 
ofertado. 
Temos as hipóteses exemplificativas, mas, 
apenas pode-se somar direitos a estes 
previstos, não sendo possível subtrair direitos. 
I - a reexecução dos serviços, sem custo 
adicional e quando cabível; 
II - a restituição imediata da quantia paga, 
monetariamente atualizada, sem prejuízo de 
eventuais perdas e danos; 
III - o abatimento proporcional do preço. 
 Quanto aos direitos, temos: 
a. Reexecução do serviço – poderá ser 
liberada ou confiada a terceiro, cuja 
responsabilidade será direta e 
exclusiva do fornecedor de serviço; 
b. Restituição imediata da quantia paga; 
c. Abatimento do preço; 
O desconhecimento do fornecedor não 
exime-o de responsabilidade(teoria do dano 
integral). 
Art. 23. A ignorância do fornecedor sobre os 
vícios de qualidade por inadequação dos 
produtos e serviços não o exime de 
responsabilidade 
Quanto ao art. 25, temos o dispositivo das 
cláusulas leoninas (favorece abusivamente 
uma das partes), todo contrato de relação 
de consumo não pode haver cláusulas que 
venham a desnaturar a incidência da 
responsabilidade do fato do produto ou vicio 
do produto 
Art. 25. É vedada a estipulação contratual de 
cláusula que impossibilite, exonere ou atenue 
a obrigação de indenizar prevista nesta e nas 
seções anteriores. 
 § 1° Havendo mais de um responsável 
pela causação do dano, todos responderão 
solidariamente pela reparação prevista nesta 
e nas seções anteriores. 
 § 2° Sendo o dano causado por 
componente ou peça incorporada ao 
produto ou serviço, são responsáveis solidários 
seu fabricante, construtor ou importador e o 
que realizou a incorporação. 
 
Prescrição e Decadência 
Diferenças: 
1) Quanto àquilo que atinge 
- A prescrição atinge a pretensão. 
- A decadência atinge o direito. 
2) Quanto aos direitos 
- A prescrição está relacionada a direitos 
subjetivos patrimoniais. 
- A decadência está relacionada a direitos 
potestativos (o sujeito tem faculdade de agir). 
3) Quanto a definição do prazo 
- A prescrição é imposto pela lei. 
- A decadência é de disposição 
convencional pelas partes. 
4) Quanto àquilo que admite 
- A prescrição admite interrupção, suspensão 
e renúncia. 
- A decadência não admite interrupção, 
suspensão e renúncia. 
Isto posto, o art. 26 regulamenta a prescrição 
e a decadência: 
Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios 
aparentes ou de fácil constatação caduca 
em: 
 I - trinta dias, tratando-se de 
fornecimento de serviço e de produtos não 
duráveis; 
 II - noventa dias, tratando-se de 
fornecimento de serviço e de produtos 
duráveis. 
Trata-se de um prazo decadencial. 
30 dias – bem durável 
90 dias – não durável 
➔ O prazo pode ser convencionado: 
superior ao disposto no art. 
➔ Mas não poderá diminuir o prazo. 
O início da contagem do prazo é a entrega 
do produto ou término da execução. Mas, 
deve-se levar em consideração o 
conhecimento do vício (que de regra se dá 
Responsabilidade civil nas relações de consumo 
Brendha Ariadne Cruz – 6º Termo – Toledo Prudente 
na entrega ou término, mas pode-se 
considerar data diversa do conhecimento 
caso este seja conhecido apenas depois). 
§ 1° Inicia-se a contagem do prazo 
decadencial a partir da entrega efetiva do 
produto ou do término da execução dos 
serviços. 
Via de regra, o prazo de decadência não 
interrompe, suspende, etc. 
Mas a lei dispõe: 
§ 2° Obstam a decadência: 
 I - a reclamação comprovadamente 
formulada pelo consumidor perante o 
fornecedor de produtos e serviços até a 
resposta negativa correspondente, que deve 
ser transmitida de forma inequívoca; 
 II - (Vetado). 
 III - a instauração de inquérito civil, até 
seu encerramento. 
Obstar é interromper o prazo. Essa é a única 
hipótese de interrupção de prazo 
decadencial. Criou-se uma exceção para 
proteger o consumidor. 
Assim, devemos analisar as hipóteses que 
obstam a decadência: 
1. Reclamação comprovadamente 
formulada – ex. protocolo de pedido 
administrativo, engavetam a 
reclamação para poder alegar que 
passou o prazo para reclamação, 
assim interrompe-se até ser oferecida 
resposta; 
2. Instalação de inquérito civil – via de 
regra feito pelo MP, serve para 
investigar, assim até concluir-se o 
inquérito ficará interrompido o prazo. 
 § 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo 
decadencial inicia-se no momento em que 
ficar evidenciado o defeito. 
O art. 27 traz a prescrição (pretensão levada 
a juízo). Prescreve em 5 anos. 
Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão 
à reparação pelos danos causados por fato 
do produto ou do serviço prevista na Seção II 
deste Capítulo, iniciando-se a contagem do 
prazo a partir do conhecimento do dano e de 
sua autoria. 
 Parágrafo único. (Vetado). 
30-09-2022 
Responsabilidade Civil dos Profissionais 
Liberais 
A responsabilidade é subjetiva. 
§ 4° A responsabilidade pessoal dos 
profissionais liberais será apurada mediante a 
verificação de culpa 
 
a. Advogado 
A jurisprudência caminhava em reconhecer a 
aplicação do CDC. Mas, o STJ pacificou isso, 
dizendo que não se aplica às disposições do 
CDC. 
Por ser uma atividade meio e não uma 
atividade fim. 
Não está vinculado ao resultado e sim a 
prestação de serviços . 
A relação entre advogado e cliente é uma 
relação de mandato e de prestação de 
serviços. Assim, aplica-se as disposições do 
CC. 
Existe também uma discussão acerca da 
natureza jurídica da OAB, sendo decidido 
pelo Supremo que se trata de uma natureza 
sui generes. 
 
b. Médico 
Quanto a responsabilidade civil do médico, 
em tese, são aplicadas as disposições do 
CDC. Mas, o STJ tem um posicionamento não 
majoritário no sentido de afirmar que o 
profissional médico configura-se 
responsabilidade subjetiva, todavia, a 
sociedade médica (conglomerado médico) 
tem responsabilidade objetiva. Nestes casos, 
não há pessoalidade entre médico e 
paciente. 
Para imputação de responsabilidade ao 
médico, deve-se analisar se a função 
desempenhada pelo médico é uma 
obrigação de meio ou de fim. 
Nas hipóteses onde houver obrigação de fim 
pode-se presumir a responsabilidade 
objetiva. 
Responsabilidade civil nas relações de consumo 
Brendha Ariadne Cruz – 6º Termo – Toledo Prudente 
Por exemplo, cirurgião oncologista possui 
obrigação de meio. Quanto ao cirurgião 
plástico que coloca silicone, neste caso, 
temos obrigação de fim. 
A lei determinará se é obrigação de meio ou 
de fim. 
Além disso, as partes podem convencionar se 
a obrigação será de meio ou fim, mas nas 
hipóteses em que a propriedade material da 
obrigação ser de fim, não poderá ser 
pactuada de modo diverso. 
Por fim, se nada dispuser a lei ou as parte, 
deve-se analisar a natureza da relação no 
caso concreto – se o prestador está vinculado 
a execução do serviço ou a entrega da 
coisa. 
Quanto ao erro profissional, temos que trata-
se de quando a conduta médica é correta, 
mas a técnica empregada é incorreta. Por 
exemplo, ausência de diagnóstico 
compatível ou uso de técnica ultrapassada. 
Há imperícia médica quando a conduta é 
incorreta, mas a técnica é correta. 
A jurisprudência é resistente relacionada a 
configuração do erro médico, esse erro deve 
ser grosseiro ou previsível para ensejar a 
responsabilidade. 
Ademais, a jurisprudência tem aplicado a 
separação da responsabilidade civil da 
equipe médica e do médico anestesista. Isso 
funda-se no fato de que é possível 
individualizar a responsabilidade do 
anestesista em detrimento da 
responsabilidade da equipe médica. 
Por exemplo, o anestesista pode levar até a 
morte do paciente se não aplicar 
corretamente a anestesia. 
Quanto a eventual responsabilidade da 
equipe médica, é solidária e cabe direito de 
regresso. 
Quanto a responsabilidade do hospital, a 
jurisprudência impute responsabilidade. Há 
culpa na escolha dos profissionais - culpa in 
eligendo. 
 
Desconsideração da Personalidade Jurídica 
Em regra, o patrimônio a pessoa jurídica é 
distinto do patrimônio dos sócios. Em 
situações pontuais, poderá deixar de haver 
essa separação. A desconsideração pode ser 
direta ou inversa. 
Disposta no art. 50 do CC (recepciona a 
teoria maior – devem cumprir mais requisitos). 
No CDC, é regulamentada no art. abaixo: 
Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a 
personalidade jurídica da sociedade 
quando, em detrimento do consumidor, 
houver abuso de direito, excesso de poder, 
infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação 
dos estatutos ou contrato social. A 
desconsideração também será efetivada 
quando houver falência, estado de 
insolvência,encerramento ou inatividade da 
pessoa jurídica provocados por má 
administração. 
 § 1° (Vetado). 
 § 2° As sociedades integrantes dos 
grupos societários e as sociedades 
controladas, são subsidiariamente 
responsáveis pelas obrigações decorrentes 
deste código. 
 § 3° As sociedades consorciadas são 
solidariamente responsáveis pelas obrigações 
decorrentes deste código. 
 § 4° As sociedades coligadas só 
responderão por culpa. 
 § 5° Também poderá ser desconsiderada 
a pessoa jurídica sempre que sua 
personalidade for, de alguma forma, 
obstáculo ao ressarcimento de prejuízos 
causados aos consumidores. 
O CDC recepciona-se a teoria menor, que 
legitima a desconsideração quando a 
existência da pessoa jurídica criar obstáculos 
para o ressarcimento do consumidor. Por 
exemplo, por abuso de direito ou pelo simples 
fato de criar obstáculos. 
Enquanto isso na teoria maior deve-se 
preencher requisitos: 
1. Abuso de personalidade jurídica – 
pode ser caracterizado por duas 
Responsabilidade civil nas relações de consumo 
Brendha Ariadne Cruz – 6º Termo – Toledo Prudente 
formas: confusão patrimonial ou desvio 
de finalidade empresarial; 
04-10-2022 
Práticas abusivas 
Tem como intuito dar ao fornecedor um lucro 
desproporcional ou forçar o consumidor a 
consumir aquilo que não quer. 
Segundo Benjamin, prática abusiva em lato 
sensu é a desconformidade com padrões 
metodológicos de boa conduta ao 
consumidor, afetando seu bem estar. 
Quanto a natureza jurídica do art. 39, temos 
um rol meramente exemplificativo. 
 Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos 
ou serviços, dentre outras práticas 
abusivas: (Redação dada pela Lei nº 
8.884, de 11.6.1994) 
 I - condicionar o fornecimento de 
produto ou de serviço ao fornecimento de 
outro produto ou serviço, bem como, sem 
justa causa, a limites quantitativos; 
➔ Consumidor ser forçado a consumir 
produto acessório ao principal. Trata-
se da venda casada, em que o 
fornecedor condiciona o consumidor 
a adquirir um produto a outro. 
➔ Um grande exemplo é o caso do 
cinema que obriga a consumir os 
produtos do cinema, proibindo a 
entrada de produtos de outro lugar 
➔ No caso de limitação de produtos, a 
promoção seria uma justa causa ou 
não. Hoje, entende-se que a 
promoção é considerada uma justa 
causa – a promoção é para chamar as 
pessoas. 
➔ Outras hipóteses de limitação, temos: 
no caso de estado de crise, 
calamidade pública. 
➔ A justa causa deve estar amparada na 
legalidade. 
 II - recusar atendimento às demandas 
dos consumidores, na exata medida de suas 
disponibilidades de estoque, e, ainda, de 
conformidade com os usos e costumes; 
➔ O fornecedor recursa a prestação de 
determinada demanda ao 
consumidor. Por exemplo, A é fanático 
pela Hilux, sendo que todo ano 
compra uma caminhonete nova. Após 
ir a fazenda, deu problema na hilux. Ao 
ligar no fornecedor, nega-se a 
prestação do conserto, por interesse 
escuso (por exemplo, deseja vender 
outra caminhonete). 
 III - enviar ou entregar ao consumidor, 
sem solicitação prévia, qualquer produto, ou 
fornecer qualquer serviço; 
➔ Toda a qualquer prática em que 
direciona-se outro produto não 
solicitado ao consumidor. 
➔ Este será considerado amostra grátis. 
 IV - prevalecer-se da fraqueza ou 
ignorância do consumidor, tendo em vista 
sua idade, saúde, conhecimento ou 
condição social, para impingir-lhe seus 
produtos ou serviços; 
 V - exigir do consumidor vantagem 
manifestamente excessiva; 
➔ Os incisos IV e V – intuito de gerar 
ganho desproporcional ao fornecedor 
valendo-se da ignorância da 
vulnerabilidade do consumidor 
 VI - executar serviços sem a prévia 
elaboração de orçamento e autorização 
expressa do consumidor, ressalvadas as 
decorrentes de práticas anteriores entre as 
partes; 
➔ Fornecedor presta serviço sem dar 
orçamento prévio ao consumidor, 
salvo se a prática for recorrente. 
 VII - repassar informação depreciativa, 
referente a ato praticado pelo consumidor no 
exercício de seus direitos; 
 VIII - colocar, no mercado de consumo, 
qualquer produto ou serviço em desacordo 
com as normas expedidas pelos órgãos 
oficiais competentes ou, se normas 
específicas não existirem, pela Associação 
Brasileira de Normas Técnicas ou outra 
entidade credenciada pelo Conselho 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8884.htm#art39
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8884.htm#art39
Responsabilidade civil nas relações de consumo 
Brendha Ariadne Cruz – 6º Termo – Toledo Prudente 
Nacional de Metrologia, Normalização e 
Qualidade Industrial (Conmetro); 
➔ O fornecedor coloca o produto com 
metragem que não corresponde a 
realidade do produto. 
 IX - recusar a venda de bens ou a 
prestação de serviços, diretamente a quem 
se disponha a adquiri-los mediante pronto 
pagamento, ressalvados os casos de 
intermediação regulados em leis 
especiais; (Redação dada pela Lei nº 
8.884, de 11.6.1994) 
 X - elevar sem justa causa o preço de 
produtos ou serviços. (Incluído pela Lei 
nº 8.884, de 11.6.1994) 
 XI - Dispositivo incluído pela MPV nº 
1.890-67, de 22.10.1999, transformado em 
inciso XIII, quando da conversão na Lei nº 
9.870, de 23.11.1999 
 XII - deixar de estipular prazo para o 
cumprimento de sua obrigação ou deixar a 
fixação de seu termo inicial a seu exclusivo 
critério. (Incluído pela Lei nº 9.008, de 
21.3.1995) 
 XIII - aplicar fórmula ou índice de reajuste 
diverso do legal ou contratualmente 
estabelecido. (Incluído pela Lei nº 
9.870, de 23.11.1999) 
➔ Aplicação de índice de reajuste 
diverso do pactuado. 
 XIV - permitir o ingresso em 
estabelecimentos comerciais ou de serviços 
de um número maior de consumidores que o 
fixado pela autoridade administrativa como 
máximo. (Incluído pela Lei nº 
13.425, de 2017) 
➔ O fornecedor coloca maior número de 
pessoas que a locação máxima 
permitida. 
 Parágrafo único. Os serviços prestados e 
os produtos remetidos ou entregues ao 
consumidor, na hipótese prevista no inciso III, 
equiparam-se às amostras grátis, inexistindo 
obrigação de pagamento. 
Publicidade no CDC 
A propaganda influencia as pessoas. Assim, o 
CDC define no art. 37: 
 Art. 37. É proibida toda publicidade 
enganosa ou abusiva. 
 § 1° É enganosa qualquer modalidade 
de informação ou comunicação de caráter 
publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, 
por qualquer outro modo, mesmo por 
omissão, capaz de induzir em erro o 
consumidor a respeito da natureza, 
características, qualidade, quantidade, 
propriedades, origem, preço e quaisquer 
outros dados sobre produtos e serviços. 
 § 2° É abusiva, dentre outras a 
publicidade discriminatória de qualquer 
natureza, a que incite à violência, explore o 
medo ou a superstição, se aproveite da 
deficiência de julgamento e experiência da 
criança, desrespeita valores ambientais, ou 
que seja capaz de induzir o consumidor a se 
comportar de forma prejudicial ou perigosa à 
sua saúde ou segurança. 
O CDC divide a publicidade enganosa e a 
publicidade abusiva. A enganosa é aquela 
que não corresponde a realidade do produto 
(busca-se enganar em relação a origem, 
quantidade ou qualidade do produto). Já a 
abusiva, induz o consumidor a superstição, 
preconceito, práticas imorais. 
Quanto a alguns julgados do CONAR e do 
judiciário: 
1. Cerveja Devassa – foi condenada por 
propaganda que tratava-se de uma 
cerveja preta, em que foi colocado 
uma mulher morena com corpo 
padrão para entregar a cerveja ao 
homem barrigudo na praia. Dizia-se 
“uma boa morena se conhece pelo 
corpo”. O CONAR condenou essa 
exploração da sexualidade e do corpo 
feminino, atrelado a determinado 
produto. 
2. Universidade (concorrente da Toledo) 
– tinha uma propagandaque dizia 
“venha aqui e estude de graça”. 
Quando o sujeito ia fazer a matrícula, 
se deparava com uma cláusula 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8884.htm#art39
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8884.htm#art39
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8884.htm#art39
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8884.htm#art39
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/Antigas/1890-67.htm#art9
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/Antigas/1890-67.htm#art9
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9870.htm#art39xiii
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9870.htm#art39xiii
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9008.htm#art7
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9008.htm#art7
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9870.htm#art39xiii
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9870.htm#art39xiii
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13425.htm#art17
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13425.htm#art17
Responsabilidade civil nas relações de consumo 
Brendha Ariadne Cruz – 6º Termo – Toledo Prudente 
referente ao sujeito atingir médias 
consideráveis (altas) nas matérias não 
pagaria nada. Tem ações correndo 
até os dias de hoje quanto a isso, 
porque no final do curso chegava a 
conta (já que a universidade fazia fies 
para o aluno sem ele saber). 
3. Mc Donalds – veiculou propaganda 
polêmica relacionado seios de uma 
mãe e o big mac. 
07-10-2022 
Princípios da Publicidade 
a) Identificação (art. 36) 
Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de 
tal forma que o consumidor, fácil e 
imediatamente, a identifique como tal. 
Parágrafo único. O fornecedor, na 
publicidade de seus produtos ou serviços, 
manterá, em seu poder, para informação dos 
legítimos interessados, os dados fáticos, 
técnicos e científicos que dão sustentação à 
mensagem. 
A partir do disposto no art. acima, observa-se 
que toda a publicidade que envolve relação 
de consumo deve ser de fácil identificação 
ao consumidor 
Caso isso não ocorra, é possível ensejar a 
responsabilidade do fornecedor de serviços 
ou produtos. 
b) Vinculação contratual (art. 30 e 35) 
Art. 30. Toda informação ou publicidade, 
suficientemente precisa, veiculada por 
qualquer forma ou meio de comunicação 
com relação a produtos e serviços oferecidos 
ou apresentados, obriga o fornecedor que a 
fizer veicular ou dela se utilizar e integra o 
contrato que vier a ser celebrado. 
Pelo princípio disposto, tudo o que foi 
ofertado (colocado pelo fornecedor) nos 
veículos publicitários, vinculam o consumidor. 
Isto posto, se a publicidade dá atributos ao 
produto ou serviço e posteriormente, isto não 
representa a realidade, o consumidor estará 
vinculado a propaganda. 
Mas, deve-se analisar com base na boa-fé, 
sobretudo que a técnica publicitária utiliza-se 
de figuras de linguagem, sendo que tais 
figuras, muito das vezes, não contrariam o 
princípio da vinculação. 
Por exemplo, propaganda de carro que 
apresentava piloto automático, mas o 
consumidor ao conduzir o carro, deitou o 
banco e deixou o carro anda sozinho, assim 
ocorreu um acidente. 
c) Veracidade (art. 37, parágrafo 1) 
O produto ou serviço deve corresponder as 
extas expectativas colocadas no veículo 
publicitário. 
§ 1° É enganosa qualquer modalidade de 
informação ou comunicação de caráter 
publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, 
por qualquer outro modo, mesmo por 
omissão, capaz de induzir em erro o 
consumidor a respeito da natureza, 
características, qualidade, quantidade, 
propriedades, origem, preço e quaisquer 
outros dados sobre produtos e serviços. 
d) Correção do desvio (contra 
propaganda) 
Toda publicidade que se torna errônea, leva 
o consumidor a erro, desvia finalidade para 
qual foi concebida, enseja a 
responsabilidade civil 
O conteúdo da responsabilidade é a 
condenação por danos materiais e danos 
morais. Além da existência da 
contrapropaganda (trata-se do dever de 
resposta do fornecedor de produtos e 
serviços de fazer ao público afetado pela 
publicidade desviada. 
Jurisprudências quanto aos princípios: 
- Informativo 679, STJ: entendeu ser abusiva 
toda e qualquer publicidade que envolva 
alimentos e seja direcionada a criança e 
adolescente. Esta propaganda deve ser 
veiculada aos pais. Por exemplo, imagine 
propaganda do mc lanche feliz para as 
crianças, seria abusiva. 
Responsabilidade civil nas relações de consumo 
Brendha Ariadne Cruz – 6º Termo – Toledo Prudente 
- Informativo 663, STJ: trata-se do caso da 
passagem de Amsterdam. Num certo dia, um 
casal que mora em Brasília comprou 
passagem aérea para Amsterdam, por 1000 
reais ao total. Mas, horas depois, chegou um 
e-mail ao casal falando que foi colocado 
errado o preço e que a passagem foi 
cancelada. A defesa do casal baseava-se no 
princípio da veracidade e da identificação. 
Na primeira instância e TJ, reconheceu-se que 
o casal tinha direito as passagens. Já o STJ, 
entendeu que estes princípios não deveriam 
ser aplicados nesse caso, pois é 
imprescindível analisar a veracidade e a 
identificação com base na boa-fé, portanto, 
jamais uma passagem para Amsterdam teria 
um valor tão baixo. Ademais, apenas 
algumas horas depois da compra, o 
consumidor já foi informado. 
Assim, firmou-se que a ausência de preço ou 
o erro em sua quantificação, por si só, não 
enseja responsabilidade civil. 
 
Cobrança vexatória 
Art. 42. Na cobrança de débitos, o 
consumidor inadimplente não será exposto a 
ridículo, nem será submetido a qualquer tipo 
de constrangimento ou ameaça. 
 Parágrafo único. O consumidor cobrado 
em quantia indevida tem direito à repetição 
do indébito, por valor igual ao dobro do que 
pagou em excesso, acrescido de correção 
monetária e juros legais, salvo hipótese de 
engano justificável. 
O consumidor não pode ser exposto ao 
ridículo. 
O STJ reconhece que se enquadra nesse caso 
é o cadastro de inadimplentes em lojas. Era 
comum expor bons pagadores e maus 
pagadores. 
O parágrafo único traz a repetição indébita, 
assim toda cobrança que for errônea, 
indevida ou abusiva, terá o consumidor, o 
direito ao dobro daquilo que foi pago. Mas, 
essa repetição se torna mitigada em caso de 
equívoco plausível. 
Banco de cadastro dos consumidores 
É lícita a existência de banco de cadastro de 
devedores no SERASA e SPC. 
Mas, todas as vezes, que ira inscrever alguém 
nos órgãos de proteção ao crédito, é 
imprescindível que antes haja a notificação 
do consumidor, que oportunize o pagamento 
o débito. Caso não houver notificação, 
haverá dano moral. 
Essa inscrição os órgãos de proteção ao 
crédito não é eterna, assim, o prazo 
estipulado é de cinco anos. 
Dito isso, deve-se analisar a súmula: 
S. 385 – STJ - Da anotação irregular em 
cadastro de proteção ao crédito, não cabe 
indenização por dano moral, quando 
preexistente legítima inscrição, ressalvado o 
direito ao cancelamento. 
Como regra, a inscrição indevida por si só 
gera dano moral. Mas, quando houver a 
anotação irregular em cadastro, mas houver 
preexistente legítima inscrição, não enseja 
dano moral. 
Por exemplo, X vende produto para Y. Y não 
paga X. Mas antes da dívida vencer, X 
inscreve o nome no SPC (inscrição ilegítima 
porque não havia inadimplemento ainda). 
Ocorre que antes dessa inscrição, existia 
outra inscrição no Serasa de X legítima, nesse 
caso não tem dano moral. 
Ademais, quanto a súmula 323: 
A inscrição do nome do devedor pode ser 
mantida nos serviços de proteção ao crédito 
até o prazo máximo de cinco anos, 
independentemente da prescrição da 
execução. 
Quanto ao informativo do STJ, todas as vezes 
que o SPC ou SERASA inserir o nome de 
alguém neste cadastro, deve também inserir 
a data do vencimento da dívida. 
Por fim, a sumula 548 do STJ: Incube ao 
credor a exclusão do registro da dívida em 
nome do devedor no cadastro de 
inadimplentes no prazo de cinco diasúteis, a 
partir do pagamento integral e efetivo do 
débito. Caso contrário, ensejará dano moral 
in re ipsa. 
 
Responsabilidade civil nas relações de consumo 
Brendha Ariadne Cruz – 6º Termo – Toledo Prudente 
11-10-2022 
Lei 14.181 de 2021 (Lei do 
Superendividamento) 
Trata-se de lei de combate ao 
superendividamento. Veio para o 
ordenamento jurídico no ano de 2021, no 
“começo do fim da pandemia”. 
Basicamente, seu intuito é criar dispositivos 
para proibir e punir práticas que geram 
superendividamento ao consumidor. 
Para responder o que é o 
superendividamento, deve-se analisar o art. 
54-A, parágrafo primeiro. 
§ 1º Entende-se por superendividamento a 
impossibilidade manifesta de o consumidor 
pessoa natural, de boa-fé, pagar a totalidade 
de suas dívidas de consumo, exigíveis e 
vincendas, sem comprometer seu mínimo 
existencial, nos termos da regulamentação 
Alguns pressupostos do conceito: 
1. Consumidor pessoa natural: apenas a 
pessoa física pode ser alvo do 
superendividamento. 
2. Dívida contraída com boa-fé: significa 
que a lei não se aplica às dívidas 
adquiridas com traços de má-fé ou 
para a prática de atos criminosos. 
3. Dívida que ataca o mínimo existencial: 
via de regra, a teoria da reserva do 
possível nasceu na Alemanha e 
ganhou forças nos EUA. Está 
relacionada a direitos mínimos para a 
dignidade humana (alimentação, 
moradia, vestimenta digna, etc.). 
Se a dívida prejudicar esse mínimo, 
poderá configurar o 
superendividamento. 
Essa lei veio com o escopo de impedir 
práticas bancárias de concessão de crédito 
sem que o consumidor tenha condições de 
criticar esse compromisso assumido. 
Uma das exceções de impenhorabilidade de 
bem de família é o caso de alienação 
fiduciária. Portanto, o banco nunca sairá 
perdendo. 
Temos hipóteses em que não se aplica o 
superendividamento, sendo: 
1. Dívidas adquiridas mediante fraude ou 
má-fé; 
2. Dívidas adquiridas mediante dolo; 
3. Dívidas cujo objeto é de alto valor ou 
de luxo. 
A lei busca prestigiar aquele consumidor que 
de boa-fé contraiu uma dívida que prejudica 
sua subsistência. Por esta razão, o consumidor 
precisa estar de boa-fé. 
Ademais, o art. 54-B, é imprescindível que o 
fornecedor dê descrição detalhada a 
respeito do crédito a ser concedido, as formas 
de amortização e liquidação das dívidas, 
bem como os índices de correção 
inflacionária. 
‘Art. 54-B. No fornecimento de crédito e na 
venda a prazo, além das informações 
obrigatórias previstas no art. 52 deste Código 
e na legislação aplicável à matéria, o 
fornecedor ou o intermediário deverá 
informar o consumidor, prévia e 
adequadamente, no momento da oferta, 
sobre: 
I - o custo efetivo total e a descrição dos 
elementos que o compõem; 
II - a taxa efetiva mensal de juros, bem 
como a taxa dos juros de mora e o total de 
encargos, de qualquer natureza, previstos 
para o atraso no pagamento; 
III - o montante das prestações e o prazo 
de validade da oferta, que deve ser, no 
mínimo, de 2 (dois) dias; 
IV - o nome e o endereço, inclusive o 
eletrônico, do fornecedor; 
V - o direito do consumidor à liquidação 
antecipada e não onerosa do débito, nos 
termos do § 2º do art. 52 deste Código e da 
regulamentação em vigor. 
Mas, se o fornecedor não cumprir com o art. 
acima disposto, poderá gerar multa 
administrativa junto ao PROCON ou de forma 
judicial ser esta concessão de crédito 
considerada prática abusiva ou cláusula 
abusiva. 
Ademais, conforme art. 104-A, a lei trouxe 
uma obrigação dos fornecedores de crédito 
em criar mecanismos de conciliação e 
solução extrajudicial de conflitos. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8078.htm#art54b
Responsabilidade civil nas relações de consumo 
Brendha Ariadne Cruz – 6º Termo – Toledo Prudente 
Cláusulas abusivas 
Não se confunde com prática abusiva (esta 
não está prevista no contrato). Já, a cláusula 
abusiva está prevista no contrato – sendo 
cláusulas leoninas ou predatórias – ou seja, 
aquelas que tem por objetivo prejudicar o 
consumidor, levado ao desequilíbrio. 
A natureza jurídica trata-se de rol 
exemplificativo, sendo possível a existência 
de outras cláusulas. 
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre 
outras, as cláusulas contratuais relativas ao 
fornecimento de produtos e serviços que: 
I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a 
responsabilidade do fornecedor por vícios de 
qualquer natureza dos produtos e serviços ou 
impliquem renúncia ou disposição de direitos. 
Nas relações de consumo entre o fornecedor 
e o consumidor pessoa jurídica, a 
indenização poderá ser limitada, em 
situações justificáveis; 
➔ Toda e qualquer cláusula contratual 
que limite, atenue ou condicione a 
responsabilidade do fornecedor. 
Imagine que a Lara vai até o supermercado 
estaciona seu carro no estacionamento 
gratuito em que tem uma placa falando que 
o mercado não se responsabiliza. Essa placa 
não é válida e a responsabilidade existe, pois 
embora ele não pague de forma indireta o 
estacionamento é cobrando por meio dos 
produtos. Assim todo e qualquer oportuno 
que ocorre em estabelecimento comercial 
mesmo que gratuito existe a responsabilidade 
civil no estabelecimento- STJ. 
Agora imagine que a Lara foi no MC no drive 
e é assaltada. O STJ entendeu que há a 
responsabilidade do estabelecimento do 
drive pois quando o fornecedor disponibiliza 
este serviço automaticamente assumisse um 
risco. O MC se vincula ao que está fora das 
dependências. 
O mesmo STJ decidiu que não tinha 
responsabilidade da empresa de ônibus em 
que a passageira foi estuprada dentro das 
dependências, pois a empresa não teria 
controle de todos e não poderia discriminar 
as pessoas. Se vincula apenas a prestação de 
serviços, ocorrendo uma quebra do nexo por 
questão alheia a prestação do serviço. 
 
II - subtraiam ao consumidor a opção de 
reembolso da quantia já paga, nos casos 
previstos neste código; 
➔ Toda e qualquer cláusula que afasta o 
reembolso será nula. 
III - transfiram responsabilidades a 
terceiros; 
➔ Aquela que transfere responsabilidade 
a terceiros. 
IV - estabeleçam obrigações 
consideradas iníquas, abusivas, que 
coloquem o consumidor em 
desvantagem exagerada, ou sejam 
incompatíveis com a boa-fé ou a 
eqüidade; 
➔ Inciso genérico – toda e qualquer 
cláusula que coloque em 
desvantagem. 
V - (Vetado); 
VI - estabeleçam inversão do ônus da 
prova em prejuízo do consumidor; 
VII - determinem a utilização compulsória 
de arbitragem; 
➔ Contrato de consumo pode trazer essa 
cláusula. Mas, não pode ser 
compulsória porque afasta o princípio 
da inafastabilidade da jurisdição. 
VIII - imponham representante para 
concluir ou realizar outro negócio jurídico 
pelo consumidor; 
➔ Nula aquela que impõe representante 
para concluir o negócio jurídico. 
IX - deixem ao fornecedor a opção de 
concluir ou não o contrato, embora 
obrigando o consumidor; 
➔ Aquela cláusula que autoriza rescisão 
unilateral do contrato ao fornecedor, 
não dando mesmo direito ao 
consumidor. 
X - permitam ao fornecedor, direta ou 
indiretamente, variação do preço de 
maneira unilateral; 
XI - autorizem o fornecedor a cancelar o 
contrato unilateralmente, sem que igual 
direito seja conferido ao consumidor; 
Responsabilidade civil nas relações de consumo 
Brendha Ariadne Cruz – 6º Termo – Toledo Prudente 
XII - obriguem o consumidor a ressarcir os 
custos de cobrança de sua obrigação, 
sem que igual direito lhe seja conferido 
contra o fornecedor; 
XIII - autorizem o fornecedor a modificar 
unilateralmente o conteúdo ou a 
qualidade do contrato, após sua 
celebração; 
XIV - infrinjam ou possibilitem a violação 
de normas ambientais; 
XV - estejam em desacordo com o sistema 
de proteção ao consumidor; 
XVI - possibilitem a renúncia do direito de 
indenização por benfeitorias necessárias. 
XVII - condicionem ou limitem de 
qualquer forma o acesso aos órgãos doPoder Judiciário; (Incluído pela Lei nº 
14.181, de 2021) 
XVIII - estabeleçam prazos de carência 
em caso de impontualidade das 
prestações mensais ou impeçam o 
restabelecimento integral dos direitos do 
consumidor e de seus meios de 
pagamento a partir da purgação da 
mora ou do acordo com os credores; 
(Incluído pela Lei nº 14.181, de 2021) 
XIX - (VETADO). (Incluído pela Lei nº 
14.181, de 2021) 
 
§ 1º Presume-se exagerada, entre outros 
casos, a vantagem que: 
 São as cláusulas exageradas. 
 As cláusulas abusivas atacam os requisitos 
de existência e validade do negócio jurídico, 
ou seja, são hipóteses de nulidade absoluta/ 
é nula de pleno direito. Já as cláusulas 
exageras atacam a eficácia do Negócio J., 
portanto ela pode convalescer e aquele que 
alega deve constituir prova do exagero. 
I - ofende os princípios fundamentais do 
sistema jurídico a que pertence; 
II - restringe direitos ou obrigações 
fundamentais inerentes à natureza do 
contrato, de tal modo a ameaçar seu objeto 
ou equilíbrio contratual; 
III - se mostra excessivamente onerosa para o 
consumidor, considerando-se a natureza e 
conteúdo do contrato, o interesse das partes 
e outras circunstâncias peculiares ao caso. 
 Configurando nestas 3 hipóteses, que são 
genéricas pode se ter essa cláusula 
exagerada. 
 
14-10-2022 
Direito de arrependimento – Compra e venda 
fora do estabelecimento comercial 
O art. 49 trouxe o direito de arrependimento, 
que é discricionário do consumidor, desde 
que preenchidas as hipóteses do art. 49. 
Art. 49. O consumidor pode desistir do 
contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua 
assinatura ou do ato de recebimento do 
produto ou serviço, sempre que a 
contratação de fornecimento de produtos e 
serviços ocorrer fora do estabelecimento 
comercial, especialmente por telefone ou a 
domicílio. 
 Parágrafo único. Se o consumidor 
exercitar o direito de arrependimento previsto 
neste artigo, os valores eventualmente pagos, 
a qualquer título, durante o prazo de reflexão, 
serão devolvidos, de imediato, 
monetariamente atualizados. 
Os requisitos são: 
1. Compra feita fora do estabelecimento 
comercial: Quando o consumidor não 
tem contato com o produto, poderá se 
arrepender. 
2. Prazo de 7 dias contados da data do 
recebimento do produto. A natureza 
jurídica desse prazo é decadencial 
(contado em dias corridos). 
3. Somente se aplica o direito de 
arrependimento para aquela compra 
feita fora do estabelecimento 
comercial, assim não se aplica a 
compra feita em loja física.

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