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Resumo Patologia S. respiratório 1 Resumo Patologia S. respiratório Pneumonites/pneumonias: O que são: designam as inflamações agudas ou crônicas dos ácinos pulmonares; Principais causas: infecções virais, bacterianas ou fúngicas, autoimunidade, radiação; - manifestações clínicas incluem tosse, dispneia, dor ventilatório dependente (na vigência de pleurite). Pneumonia bacteriana: Epidemiologia: importante causa de morbimortalidade no mundo; Idade: extremos de idade estão mais sujeitos; Características: comumente sobreposta à infecção respiratória ("superior" ou "inferior") de natureza viral; evolução tipicamente aguda, com febre, tosse produtiva (escarro purulento) e dispneia. os agentes causais variam, em especial, conforme o ambiente de origem (comunitário ou nosocomial); Agente "comunitário" mais comum: S. pneumoniae; outros agentes comunitários: H. influenzae, Mycoplasma pneumoniae e Chlamydia spp.; agentes "hospitalares" :(a partir do 4º dia) incluem Klebsiella spp., Pseudomonas spp. e E. coli; observação: em cerca de 50% dos casos o agente etiopático não é identificável. Etiopatogênese: prejuízos aos mecanismos de defesa locais favorecem a infecção: disfunção da esteira mucociliar (infecções virais, tabagismo ou inalação de outros gases tóxicos, aspiração de irritantes); (tabagismo, etilismo, hipóxia); acúmulo de secreção brônquica (obstruções, fibrose cística); -- prejuízos à atuação bactericida de macrofagócitos alveolares supressão do reflexo da tosse (coma, distúrbios neuromusculares, medicamentos); congestão e edema pulmonares (insuficiência cardíaca). colonização das superfícies bronquiolo-alveolares (normalmente estéreis) deflagra resposta inflamatória tipicamente supurativa; exsudação resulta em edema pulmonar de extensão variável, com preenchimento alveolar- bronquiolar ("consolidação pulmonar") e prejuízos à ventilação e trocas gasosas; pode comprometer um ou múltiplos lobos, uni ou bilateralmente. pode haver comprometimento pleural (pleurite) de padrão fibrinopurulento, com possível formação de empiema; grandes áreas de necrose podem dar origem a abscessos; pode haver disseminação metastática (bacteremia), com colonização secundária de múltiplos sítios. Tuberculose O que é: doença infecciosa crônica que compromete prioritariamente os pulmões (gerando pneumonia crônica); Resumo Patologia S. respiratório 2 Agente mais comum: M. tuberculosis é o agente mais comumente implicado; Contágio em geral: pela exposição a indivíduos contaminados (tosse); Maior risco: infecção pelo HIV Manifestações: 5% das primo-infecções (tuberculose "primária"), tipicamente com tosse (>3 sem), febre vespertina e sudorese noturna; evolui para latência (portador assintomático) em 90% dos casos, podendo reativar-se após muitos anos (tuberculose "secundária"). Patogênese: mesmo engolfados por macrofagócitos alveolares, os bacilos inibem a formação de fagolisossomas e replicam-se no seu interior; linfócitos T (recrutados por macrofagócitos) são ativados (IL-12) por dendrócitos estimulados pelas micobactérias; os linfócitos T ativados produzem INF-y, que mobiliza a formação dos fagolisossomas nos macrofagócitos, além de induzir a produção de radicais livres e peptídeos antimicrobianos (defensinas); interação micobactéria-macrofagócito-linfócito T repercute na típica formação de granulomas que "sepultam" os bacilos, inativando ou desacelerando sua replicação (infecção latente); o "arrastado" combate ao bacilo acompanha-se de importantes danos teciduais, podendo formar-se áreas necróticas caseosas típicas (especialmente na tuberculose secundária). compromete tipicamente lobos superiores, com extensão para linfonodos regionais; a progressão da doença favorece a disseminação linfo-hemática do bacilo, com colonização de múltiplos órgãos em padrão "miliar"; pode haver comprometimento pleural, acompanhado de efusão Diagnóstico (idealmente) por meio da identificação do bacilo (baciloscopia e cultura do escarro). Bronquite crônica: O que é: doença inflamatória crônica das vias bronquicas e bronquiolares; Epidemiologia: importante causa de morbidade no mundo, sendo (em conjunto com o enfisema pulmonar) a terceira causa de mortes mundialmente; Diagnóstico em geral a partir dos 40 anos; Fatores de risco: incluem tabagismo (principal) e exposição a poluentes do ar; integra, junto ao enfisema pulmonar, a entidade clínica "doença pulmonar obstrutiva crônica" (coexistência é comum); Cerca de 90% dos bronquíticos crônicos são tabagistas. Manifestações clínicas: tosse produtiva persistente (>3 meses) e (mais tardiamente) dispneia com intolerância progressiva aos esforços. Patogênese: agressão química (componentes da fumaça do tabaco) induz aumento adaptativo na secreção de muco (hipertrofia/hiperplasia de glândulas/células mucossecretoras), favorecendo a obstrução, em especial, das vias de menor calibre; ação tóxica da fumaça, aliada aos efeitos da inflamação crônica, leva à destruição ciliar, prejudicando (ainda mais) a eficiência da esteira mucociliar (agravando a obstrução e favorecendo infecções). cronicamente, a obstrução é agravada pela fibrose das vias de menor calibre (<3 mm); - pode haver hipertensão pulmonar (mecanismos pouco esclarecidos) complicada com insuficiência cardíaca direita (cor pulmonale); Resumo Patologia S. respiratório 3 balanço pró-inflamatório sistêmico é típico ( TNF-a, IL-6, CXCL8), favorecendo uma maior incidência de eventos cardiovasculares. Microscopia: infiltrado inflamatório peribrônquico variável; áreas de metaplasia escamosa (precursora potencial do carcinoma escamocelular) são comuns. Enfisema pulmonar: O que é: alargamento irreversível dos espaços aéreos distais aos bronquíolos terminais (gr. emphysan, inflar) decorrente de destruição alveolar; Epidemiologia: importante causa de morbidade no mundo, sendo (em conjunto com a bronquite crônica (DPOC) a terceira causa de mortes mundialmente; Fatores de risco incluem tabagismo (principal) e exposição a poluentes do ar; Diagnóstico em geral a partir dos: 50 anos; coexistência com bronquite crônica é comum: Manifestações clínicas incluem dispneia com intolerância progressiva aos esforços e (mais tardiamente) tosse persistente. Cerca de 75% dos enfisematosos são tabagistas. Patogênese: complexa e parcialmente compreendida; ação tóxica da fumaça (sobrecarga oxidativa), aliada aos efeitos da inflamação crônica, leva à destruição progressiva dos alvéolos; proteases liberadas por células inflamatórias e epiteliócitos agredidos parecem especialmente importantes na destruição alveolar (deficiência de a₁-antitripsina aumenta em muito a incidência). destruição enfisematosa dos alvéolos resulta em prejuízos à retração elástica dos pulmões (expiração difícil); hipertrofia da musculatura peribronquiolar (estreitamento luminal) acaba por acentuar a dificuldade expiratória; pode haver hipertensão pulmonar (mecanismos pouco esclarecidos) complicada com insuficiência cardíaca direita (cor pulmonale); um balanço pró-inflamatório sistêmico é típico (↑ TNF-a, IL-6, CXCL8), favorecendo uma maior incidência de eventos cardiovasculares. pode predominar na região centroacinar (mais comum; típico nos ápices) ou comprometer o ácino como um todo (enfisema panacinar, típico nas bases); pulmões podem exibir aspecto "bolhoso" (enfisema subpleural; favorece o pneumotórax). Asma: O que é: doença inflamatória crônica caracterizada por hiper-reatividade brônquica e bronquiolar (espasmo, secreção) a estímulos tipicamente inócuos; Costuma ser diagnosticada: na infância (doença crônica mais comum) ou idade adulta (300 milhões de casos no mundo); Manifestações: crises de dispneia, sibilos e tosse são as principais manifestações (cianose e retração subcostal e/ou supraesternal/clavicular sinalizam gravidade); reversibilidade dos sintomas é marca registrada da doença; Resumo Patologia S. respiratório 4 Fator de risco para: enfisema/bronquite crônica. Etiopatogênese:contexto (genético) de susceptibilidade a reações de hipersensibilidade mediadas por IgE (atopia); Fatores desencadeantes: poluição ambiental, fumaça de cigarro, ar frio e ácaros são fatores desencadeantes comuns em indivíduos predispostos; Exacerbação da doença: infecções das vias aéreas favorecem exacerbações da doença. Patogênese: exposição a alergênios induz a ativação de linfócitos T, mediante apresentação (do antígeno alergênico) por dendrócitos; linfócitos T assim ativados (T2) produzem citocinas (IL-4, IL-5, IL- 13) que estimulam linfócitos B a sintetizar IgE, promovem a secreção de muco pelas glândulas brônquicas e ativam eosinófilos; mastócitos submucosos sensibilizados pela IgE liberam histamina e outros mediadores pró-inflamatórios (IL-1, TNF, prostaglandinas, leucotrienos) quando em contato com o alergênio; atividade dos mastócitos favorece edema brônquico, intensifica a secreção de muco, promove broncoespasmo (estimulação vagal) e o recrutamento de leucócitos (amplificando os processos já em curso); - mediadores quimiotáticos localmente produzidos (linfócitos T, mastócitos, epiteliócitos) exercem particular efeito sobre eosinófilos, cuja atividade (enzimas proteolíticas) favorece danos à mucosa. alergênicos → linfócito T → IL4, IL-5 e IL-13 → linfócito B → IgE → muco e eosinófilo e mastócito sensibilizado → mastócito libera histamina → histamina favorece edema → que favorece secreção de muco → que favorece broncoespasmo → recruta mais linfócito por mediadores quimiotáticos produzidos por mastócitos consequente redução (reversível) do calibre brônquico/bronquiolar prejudica a ventilação (dispneia) e favorece a hipoxemia; em longo prazo, observa-se espessamento fibrótico da parede brônquica, associado à hipertrofia muscular e glandular (remodelamento das vias aéreas, favorecendo prejuízos permanentes à ventilação). Pneumoconioses: O que são: doenças crônicas fibrosantes e restritivas associadas à inalação de partículas diversas, tipicamente poeiras de material inorgânico; Risco: mais comuns em trabalhadores expostos a poeira de mineração (sílica, asbesto/amianto, carvão); em geral se manifestam após pelo menos um década de exposição: Favorecidas pelo: tabagismo (mecanismos de remoção prejudicados); Manifestação clínica principal: dispneia progressiva Patogenicidade: variável conforme a partícula considerada (tamanho, toxicidade, eficiência dos mecanismos de remoção); → substâncias resistentes à degradação/remoção podem persistir por anos no interior dos pulmões; partículas com até 5 μm tendem a ser mais perigosas (fácil acesso às vias terminais). silicose Epidemiologia: pneumoconiose mais comum; principal doença ocupacional crônica no mundo; Causada pela exposição crônica de: dióxido de silício (sílica), que pode compor partículas de 0,1 a 100 μm. Principal componente de: areias e rochas e matéria-prima para o vidro e cimento. Resumo Patologia S. respiratório 5 Patogênese: fibrose progressiva (inflamação crônica) resulta em enovelados coalescentes de fibras colágenas, comprometendo o intersticio pulmonar e a pleura (inicialmente nos lobos sup.), distorcendo a arquitetura do órgão. asbestose: causada pela exposição crônica a silicatos de magnésio e ferro, que compõem o asbesto/amianto, matéria-prima para a confecção de milhares de produtos; asbesto é também considerado carcinogênico para humanos (IARC/OMS) e sua comercialização já foi banida em mais de 60 países (incluindo o Brasil, desde 2017). O asbesto é um mineral fibroso amplamente utilizado na fabricação de materiais para a construção civil. Patogênese: após inaladas, as partículas são englobadas por macrofagócitos, com o subsequente acionamento de inflamossomas (inflamação); fibrose progressiva compromete o intersticio pulmonar e a pleura; (que pode exibir importante calcificação), inicialmente nos lobos inf.; corpos asbestóticos, formados no interior de macrofagócitos, são comuns. Tromboembolismo pulmonar: Causado pela embolização de trombos venosos profundos, tipicamente originários dos membros inferiores (comumente subclínicos); importante causa de morbimortalidade; Favorecido pela: estase venosa (acamados/imobilizados) e condições de hipercoagulabilidade (gestação, contraceptivos, obesidade, tabagismo, trauma, câncer); Fatores de risco para o tromboembolismo pulmonar são diversos e frequentemente se sobrepõem. Manifestações clínicas: (nem sempre tem) dispneia, dor ventilatório-dependente, tosse, hemoptise. Repercussões: variam conforme a magnitude do evento (em geral subclínico), podendo cursar com distúrbios respiratórios (infarto pulmonar) e hemodinâmicos (cor pulmonale, choque obstrutivo) potencialmente letais. infarto pulmonar (observado em 10% dos casos) em geral compromete lobos inferiores, podendo ser multifocal; extensão do infarto à periferia (pleura) é comum (exsudação fibrinosa); infartos não letais evoluem com cicatrização, resultando em área de retração pulmonar. Neoplasias malignas: Representadas especialmente pelo adenocarcinoma, carcinoma escamocelular e carcinoma (neuroendócrino) de pequenas células; Principal fatore de risco: consumo do tabaco (ativa ou passivamente) (80% dos casos são observados em fumantes ou ex-fumantes). O consumo médio de dois maços de cigarro por dia durante 20 anos aumenta em 60 vezes o risco de câncer nos pulmões. Etiopatogênese: agentes iniciadores e promotores oriundos da queima do tabaco, corroborados pela inflamação crônica das vias aéreas; agentes menos comuns incluem radiações e asbesto; Alterações nos genes: FGFR1, KRAS, MYC, TP53, RB1 e CDKN2A; Manifestações clínicas: tosse, hemoptise, dispneia, dor torácica. Resumo Patologia S. respiratório 6 Adenocarcinoma: O que é: neoplasia maligna primária mais comum nos pulmões (40% dos casos); tipo histopatológico mais comum tanto em fumantes quanto em não fumantes; Idade: em geral a partir dos 50 anos; Prognóstico: sobrevida geral (em 5 anos) em torno de 15%. Origem atribuível à: transformação maligna de diversos tipos celulares, em especial do epitélio bronquiolo-alveolar; nódulo tipicamente solitário e periférico (subpleural), em geral nos lobos superiores, com menos de 4 cm e centro necro-hemorrágico; Localizações mais comum das metástases: cerebrais e ósseas são as mais comuns. Carcinoma escamocelular: Epidemiologia: segunda neoplasia maligna primária mais comum nos pulmões (20% dos casos); mais frequente em homens, em geral a partir dos 40 anos; Prognóstico: sobrevida geral (em 5 anos) em torno de 15%. Origem atribuível à transformação maligna do: epitélio brônquico; Lesão potecialmente precursora: metaplasia escamosa ; Localização típica do nódulo: tipicamente central (hilar/peri-hilar) características: com menos de 4 cm e centro necro-hemorrágico, comprometendo brônquios de maior calibre; pode causar obstrução por quê? crescimento endobrônquico Disseminação costuma ser: locorregional (intratorácica). Carcinoma (neuroendocrino) de pequenas células: Epidemiologia: terceira neoplasia maligna primária mais comum nos pulmões (15% dos casos); mais frequente em homens, em geral a partir dos 60 anos; Fatore de risco: muito fortemente associado ao tabagismo (99% em fumantes); Tipo histopatológico: mais comumente associado a síndromes paraneoplásicas (ACTH, ADH); Comportamento: câncer pulmonar mais agressivo conhecido: frequentemente metastático e quase sempre letal. Originário: das células neuroendócrinas que permeiam o epitélio respiratório (especialmente o brônquico); Características: massa tipicamente central (hilar/peri-hilar), permeada por áreas necróticas; Microscopia, blocos celulares sólidos com mitoses frequentes (agressividade) são característicos. Mesotelioma pleural: O que é: mais comum neoplasia maligna da pleura; Epidemiologia: maioria homens, em geral em torno dos 60 anos; Resumo Patologia S. respiratório 7 Fator de risco: 90% dos casos estão associados à exposição ao asbesto (pode ou não haver asbestoseassociada); Manifestações: dispneia, efusões pleurais e dor torácica; Prognóstico: 50% dos pacientes vão a óbito no primeiro ano após o diagnóstico, e a maioria dos demais, no ano seguinte. Etiopatogênse: envolve os efeitos nocivos diretos e/ou indiretos (estresse oxidativo, inflamação crônica) do acúmulo de fibras de asbesto na pleura; após inaladas, as partículas são englobadas por macrofagócitos com subsequente ativação de inflamossomas e síntese de citocinas pró inflamatórias; Macroscopia: nódulos tumorais coalescentes formam placas espessas que podem englobar todo o pulmão; Disseminação: invasão da parede torácica é característica, além de extensão transdiafragmática à cavidade peritoneal.
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