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Patologia do Sistema Digestório: intestino 1 Patologia do Sistema Digestório: intestino Enterites/colites/retocolites O que são: inflamações agudas ou crônicas da mucosa do intestino delgado e/ou grosso Principais causas: infecções, parasitoses, isquemia, autoimunidade Manifestações clínicas: dor, distensão abdominal, diarreia, constipação Enterite viral Principais agentes: norovírus, rotavírus, adenovírus Epidemiologia: classe mais comum de enterites Tipo de transmissão: oral Incubação: 1 a 3 dias Manifestações clínicas: febre, dor abdominal, vômitos, diarreia aquosa, pode ter infecção de vias aéreas Resolução: evento costuma ser agudo e autolimitado (até 2 semanas) Achados morfológicos inespecíficos: linfocitose intraepitelial, infiltrado linfocitário, achatamento das lâminas próprias, hiperplasia de criptas Enterocolite bacteriana Principais agentes: Campylobacter jejuni, Salmonella spp e Shiguella spp, alguns tipos de E. coli → as duas primeiras integram a microbiota intestinal de alguns animais Transmissão: fecal oral, contato direto ou indireto com animais domésticos, alimentos contaminados, pessoas infectadas Incubação: 1 a 10 dias Manifestações clínicas: febre alta, leucocitose, dor abdominal, diarreia aquosa/sanguinolenta Resolução: autolimitada, até 2 semanas (maioria) → pode ser letal Patogênese: adesão bacteriana, produção de toxinas lesionam o epitélio, favorecendo a invasão da mucosas Achados morfológicos inespecíficos: neutrófilos infiltrando o epitélio, sem distorção da arquitetura, erosão ou ulceração da mucosa Diagnóstico etiológico: requer cultura Enterocolite pseudomembranosa está relacionada com quais bactérias? Shigella spp., algumas cepas de E. coli → pode ocorrer por Clostridium difficile no contexto de terapia antibiótica em idosos hospitalizados Patologia do Sistema Digestório: intestino 2 Características da enterocolite pseudomembranosa: criptas dilatadas, exsudato fibrinopurulento, placas coalescentes (pseudomembranosas), aderidas a mucosa erodida Enterite/Colite isquêmica O que é: inflamação aguda ou crônica de um segmento intestinal, decorrente de má perfusão Idade: após 70 anos (maioria) Causas: aterosclerose, tromboembolismos, trombose venosa, vasculites, insuficiência cardíaca, choque, volvos e hérnias → doenças que comprometem a circulação mesentérica Alterações morfológicas: atrofia, fibrose da mucosa, ulceração, necrose transmural Riscos: perfuração, peritonite, sepse Manifestações clínicas: desconforto abdominal pós prandial e enterorragia no quadro agudo: dor de instalação súbita, sinais de peritonite, alta letalidade Doença celíaca O que é: enterite por agressão autoimune induzida pela exposição ao glúten em indivíduos pré dispostos Epidemiologia: 1% da população geral Manifestação principal: diarreia crônica (muitos casos são assintomáticos) Exemplos de alimentos ricos em glúten: a base de trigo, centeio e cevada, como os pães Outras manifestações: cutâneas, como dermatite herpetiforme, costumam ser pruriginosas, particularmente em superfícies extensoras Associação com outras condições imunes: diabetes 1, tireoidopatia autoimunes, lúpus eritematoso Associado ao riscos de quais malignidades: do intestino degado, linfoma e adenocarcinoma Fatores predisponentes: expressão do gene HLA-DQ2 ou HLA-DQ8 (sua ausência exclui o diagnóstico) Patogênese: Gliadina (subproduto não degradável da digestão do gluten) → induz a expressão da proteína MIC-A e a produção de IL-15 → proliferação e atividade linfócitos T intraepiteliais → atacam os enterócitos que expressam MIC-A; epitélio lesionado entra em contato com a gliadina → que interage com receptores HLADQ2 ou DQ8 expressos por dendrócitos e macrofagócitos → apresentam a linfócitos T locais → produzem IFN-y → aumenta permeabilidade do epitélio → lesão intensificada Observação: Linfócitos B são ativados, produzem anticorpos anti-gliadina, anti-endomísio e anti- transglutaminase tecidual; achar esses anticorpos corrobora com o diagnóstico, mas esse processo não parece participar da patogênese Achados patológicos: presença de linfócitos intraepiteliais, atrofia vilositária e hiperplasia de criptas Consequências: deficiências nutricionais por atrofia principalmente no duodeno e jejuno Diagnóstico: critérios morfopatológicos, laboratoriais e clínicos Intolerância a lactose Patologia do Sistema Digestório: intestino 3 O que é: deficiência da enzima lactase (hipo ou alactasia) nas microvilosidades dos enterócitos (nos ápices das vilosidades) Tipos: congênita (rara) ou adquirida → mais grave na forma congênita Achados morfológicos: não há achados morfológicos significativos Manifestações clínicas: diarreia, flatulência, distensão, dor Diagnóstico: praticamente clínico, pode ser corroborado por testes de tolerância e em alguns casos estudos genéticos Doença de Crohn O que é: doença inflamatória crônica, comprometimento do delgado principalmente, mas pode atingir qualquer segmento do TGI; Idade: 15 e 30 anos ou entre 60 e 80 anos (em geral) Manifestações: dor abdominal e diarreia mucossanguinolenta Manifestações extra intestinais: poliartralgia/artrite, espondilite, sacroileíte, uveíte Etiopatogênese: agressão imunoinflamatória fomentada pela microbiota intestinal defeitos na barreira epitelial → exposição a antígenos bacterianos luminais → enterócitos e células sentinelas são estimulados → linfócitos T são ativados → produzem citocinas pró inflamatórias → recrutamento de outros leucócitos → estimulam macrofagócitos → interação desregulada perpetua o processo → pode ter períodos livres de manifestações, pode reagudizar Aspectos morfológicos: inflamação transmural, ulcerações lineares longitudinais serpiginosas e profundas, potencialmente perfurantes; pode haver serosite, aderências, fístulas, estenoses, úlceras rasas (aftoides) Outras: abcessos e fístulas perianais são comuns na doença de Crohn Microscopia: infiltração linfocítica transmural; neutrófilos infiltram o epitélio das criptas (cripitite), pode formar microabcessos; ocorre distorção da microarquitetura; granulomas são sugestivos (35%) Retocolite ulcerativa O que é: doença inflamatória crônica que compromete o colo e reto (40-50% reto/retossigmóide, 10-20% todo o intestino grosso) Idade: 15 e 30 anos ou entre 60 e 80 anos Etiopatogênese: compartilhada com a doença de Crohn Manifestações: dor abdominal e diarreia mucossanguinolenta → inflamação restrita à mucosa/submucosa, que ulcera difusamente; atrofia e destruição da mucosa das paredes intestinais; úlceras rasas (aftóides) sugere doença incipiente Manifestações extra-intestinais: poliartralgia/artrite, espondilite, sacroileíte, uveíte Comportamento da doença: períodos livres de manifestações intercalados com fases de doença ativa Patologia do Sistema Digestório: intestino 4 Diferenças em relação a doença de Crohn: não há serosite, aderências ou fístulas, não se observa aspecto normal intercalados Apendicite aguda O que é: inflamação aguda do apêndice cecal Idade: mais comum em jovens Manifestações: náuseas, vômitos e dor na fossa ilíaca direita (IFI) Patogênese: obstrução luminal, em geral por massa fecal (fecálito/coprólito) → aumento da pressão intraluminal, gera congestão venosa e isquemia da mucosa; hipóxia gera inflamação e edema que piora o quadro → além disso, a estase de conteúdo favorece a proliferação bacteriana Características morfológicas: apêndice edematoso recoberto por exsudato fibrinopurulento; Microscopia: ulceração da mucosa e infiltração transmural maciça por neutrófilos Possíveis complicações: formação de abscesso e/ou perfuração e peritonite Diagnóstico: clínico, pode ser corroborado por achados laboratoriais (leucocitose com desvio à esquerda) e confirmado pelo exame anatomopatológico Divertículo de Meckel e Diverticulite O que é: expansão sacular congênita do íleo terminal, que exibe todas camadas histológicas (divertículo verdadeiro) Etiopatogênese: persistênciado segmento proximal do saco vitelino Morfologia: dimensão variável (1-8 cm), em geral junto à margem antimesentérica Manifestações: pode ter ulceração da mucosa (hemorragia, que se associa à presença do epitélio gástrico ectópico; obstruções podem levar à inflamação (diverticulite) → mecanismos similares a apendicite e complicações semelhantes Diverticulose (e diverticulite) cólica O que é: expansões saculares adquiridas, em geral no cólon sigmóide Pseudodiverticulos: herniações da mucosa/submucosa Idade: após 60 anos (50% da população) Aparecimento favorecido por: anatomia e elevada pressão intraluminal Características: geralmente são múltiplos, 0,5 a 1 cm Complicações: obstrução pode levar à inflamação (diverticulite), por mecanismos similares aos da apendicite (e com complicações semelhantes) Pólipo hiperplásico O que é: elevação nodular da mucosa decorrente de um processo desequilibrado de renovação do epitélio Patologia do Sistema Digestório: intestino 5 Epidemiologia: formação polipoide mais comum do intestino grosso Idade: mais frequente após os 50 anos Localização: maioria no colo descendente,/sigmoide e reto Características: múltiplos (maioria), sésseis, com até 0,5 cm Aspecto microscopia: serrilhado Pólipo adenomatoso (adenoma) O que é: proliferação neoplásica (benigna) do epitélio cólico, intraepitelial (limitada pela membrana basal) Epidemiologia: neoplasia mais comum do intestino grosso (em qualquer segmento) Idade: após os 50 anos (mais comum) Malignidade: potencial variável de evolução para malignidade; 5-10% evoluirão para adenocarcinoma lesões múltiplas e/ou maiores que 1 cm e/ou com displasia de alto grau e/ou com arquitetura vilosa ou serrilhada tem maior risco de malignização Características: em geral solitário, séssil ou pediculado, com até 1 cm (mas pode atingir vários centímetros); em geral baixo grau de displasia/atipias indicado acompanhamento endoscópico frequente menos que 3 anos Variantes histopatológicas: tubular, tubuloviloso, viloso e serrilhado Polipose adenomatosa familiar O que é: doença autossômica dominante, presença de múltiplos polipos adenomatosos colorretais; 75% dos casos são herdados Mutação de gene: APC Idade: maioria manifesta-se na adolescência Malignização: evolução para carcinoma colorretal em 100% dos casos até os 50 anos (maioria até os 30 anos) Localização: maioria dos pólipos colon e reto, mas podem haver em outras partes do tubo digestório Profilaxia: retocolectomia total profilática Adenocarcinoma colorretal Epidemiologia: neoplasia maligna mais frequente do intestino grosso; terceira malignidade mais comum no mundo e a segunda com maior mortalidade Idade: em torno dos 60 anos (maioria), mais comum no sexo masculino Fatores de risco: carnes vermelhas/processadas, obesidade, sedentarismo, elitismo, tabagismo Doenças associadas que somam risco: retocolite ulcerativa e doença de Crohn Manifestações: subclínicos, obstrução intestinal (mais comum à esquerda), hemorragia (franca ou oculta) e anemia Patologia do Sistema Digestório: intestino 6 Lesão precursora: 80% advém de adenoma, mediante o acúmulo de mutações malignizantes, num intervalo de 5-10 anos Síndrome de Lynch: genes MLH1, MSH2, MSH6 e/ou PMS2, de reparo do DNA, aumenta a susceptibilidade em até 70% Localização: maioria no colo sigmóide e reto; predileção pelo colo ascendente e transverso, na síndrome de Lynch Tipos: tumor polipoide/vegetante mais comum à direita, no ceco ou placa ulcerada, que pode ser estenosante (mais comum à esquerda, no sigmoide/reto) Nathália Farias
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