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Saúde da Mulher - João Vítor T. M. Coutinho Prevenção e Controle do Câncer do Colo Uterino Introdução • Estima-se que o CA de colo uterino é o terceiro câncer mais prevalente entre as mulheres em 2020; • Podemos ver que no Brasil a incidência do câncer do colo uterino varia dependendo de cada região. Basicamente, a resposta mais provável que justifique a mudança de incidência de um local ao outro é o rastreamento e tratamneto das lesões iniciais; • Regiões que o tenham um maior acesso ao exame de Rastreio, possuem incidência menores de câncer do colo uterino; Anatomia • No colo do útero teremos uma camada mais externa, chamada de ectocérvice, revestidno a parte externa do colo, e outra mais interna, a endocérvice, que vai revestir o canal cervical; • Entre essas duas teremos uma camada de transição, chamada de junção escamo colunar (JEC) • Os principais tipos celulares do colo uterino: 1. Células escamosas (Ectocérvice); 2. Células glandulares (Endocérvice); 3. Junção entre as células glandulares e escamosas (JEC); • Após a ativação do eixo HHO, quando a mulher entra no menacme, começando a produzir estrogênio no início do ciclo. O endométrio com a ação do Estrogênio vai se proliferar e muda um pouco a fisiologia do colo; • Ele vai realizar uma maior proliferação do epitélio da endocérvice, empurrando esse epitélio para fora, para a região do canal vaginal, só que ele não foi feito para ficar exposto no canal vaginal (ambiente ácido), então ele vai sofrer uma metaplasia escamosa; • A metaplasia escamosa - é a transformação do epitélio glandular em escamoso estratificado, sendo processo fisiológico; • A região que sofreu metaplasia pode ser chamada de zona de transformação ou terceira mucosa; Carcinogênese • A identificação da zona de transformação é de grande importância, visto que quase todas as manifestações do vírus HPV na carcinogênese cervical ocorrem nessa zona; • O HPV produz protéinas (E6 e E7) que desligam alguns genes supressores de tumores (p53 e pRb); • A infecção pelo HPV é o fator causador necessário para o câncer do colo uterino, entretanto podemos ter alguns cofatores que associados a infecção pelo HPV podem aumentar ainda mais a probalidade de câncer do colo uterino. Dentre esses cofatores temos: Tabagismo, coinfecção pelo HIV e imunossupressão, multiparidade; • Os tipos de HPV que podem desenvolver câncer, são os HPV de alto risco - 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58, 59 OBS: Os tipos 16 e 18 correspondem a 70% dos câncer de colo do útero e também estão relacionados a outros tipos de câncer, como o câncer anal (90%), câncer de vagina (60%) e o câncer de vulva (50%) • Já os HPV de baixo risco podem gerar as lesões benignas por HPV, sendo elas as verrugas na vagina e vulva, verrugas perianais, os chamados condilomas; • A evolução natural da lesão pelo HPV se transformando em câncer demora cerca de 10 a 12 anos; • Segunda a diretriz do INCA, o aumento do risco para a formação do câncer são: 1. Início precoce da atividade sexual e múltiplos parceiros; 2. Tabagismo (a doença está diretamente relacionada à quantidade de cigarros fumados); 3. Uso prolongado de pípulas anticoncepcionais (pelo fato de que mulheres que usam pípula por um longo período acabam esquecendo de usa os métodos de barreira, que vão impedir as ISTs) • Temos dois tipos histológicos de câncer mais comuns: 1. Carcinoma epidermoide (70 a 90% dos casos) - relacionado ao epitélio escamoso; 2. Adenocarcinoma (5 a 25% dos casos) - relacionado ao epitélio glandular; Diagnóstico • Os seguintes testes podem ser utilizados: 1. Exame pélvico e história clínica: exame da vagina, colo do útero, útero, ovário e reto através de avaliação com espéculo, Papanicolau, toque vaginal e toque retal; 2. Exame Preventivo (Papanicolau ou colpocitologia oncótica); 3. Colposcopia - exame que permite visualizar a vagina e o colo do útero com um aparelho chamado colposcópico, capaz de detectar lesões anormais nessas regiões; 4. Biópsia - se células anormais são detectadas no exame preventivo, é necessário realizar uma biópsia, com retirada de pequena amostra de tecido para análise no microscópico; • O início da coleta deve ser aos 25 anos de idade para as mulheres que já tiveram atividade sexual; • O intervalo entre os exames citopatológicos do colo do útero deve ser de 3 anos, após 2 exames negativos, com intervalo anual, ou seja, 25 e 26 anos; • Os exames devem seguir até os 64 anos e serem interrompidos quando, após essa idade, as mulheres tiveram pelo menos dois exames negativos consecutivos nos últimos cinco anos; • Mulheres submetidas à histerectomia total por lesões benignas, sem história prévia de diagnóstico ou tratamento de lesões cervicais de alto grau, podem ser excluídas do rastreamento, desde que apresentem exames anteriores normais; • Mulheres imunossupremidas: intervalos semestrais no primeiro ano e, se normais, manter seguimento anual enquanto se mantiver o fator de imunossupressão; • Mulheres HIV positivas com CD4 abaixo de 200 células/mm3 devem ter o rastreamento citológico a cada 6 meses; • Gestantes: o rastreamento deve seguir as recomendações de periodicidade e faixa etária como para as demais mulheres, devendo sempre ser considerada uma oportunidade a procura ao serviço de saúde para realização de pré-natal; • Sem início da atividade sexual: não devem ser submetidas ao rastreamento do câncer do colo do útero; Colpocitologia oncótica: Interpretação do Laudo • Adequabilidade da amostra: satisfatória ou insatisfátoria 1. Material acelular ou hipocelular (<10% do esfregaço) 2. Leitura prejudicada (75% do esfregaço) por presença de sangue, piócitos, artefatos de dessecamento, contaminantes externos ou intensa superposição celular; OBS: Se insatsifatória: a mulher deve repetir o exame entre 6 e 12 semanas com correção, quando possível, do problema • Células presentes na amostra (ter, pelo menos, dois epitélios); 1. Células escamosas; 2. Células glandulares (não inclui o epitélio endometrial); 3. Células metaplásicas; OBS: Caso não haja a representação de dois epitélios repetir a coleta em 1 ano e em mulheres na pós menopausa só 1 epitélio já é consideravel satisfatório • Classificação Citológica Brasileira (INCA): OBS: ASC-US são células escamosas indeterminadas, já o ASC-H são células escamosas indeterminadas de um alto grau. • As recomendações para conduta inicial frente aos resultados alterados de exames citopatológicos nas unidades de Atenção Básica: • Conização - é uma cirurgia que retira um pedaço em forma de cone do colo uterino, podendo ser feita com bisturi a frio no centro cirúrgico, retirando toda a zona de transformação do colo do utero. A conização por se tratar de uma cirurgia agressiva, podendo atrapalhar a tentativa e manutenção da gravidez, não sendo recomentada para mulheres jovens em idade fertil. Vale lembrar que atualmente existem outros tipos de cirurgia para a retirada da lesão; Clínica e Tratamento • Nesse momento a paciente pode se queixar de: 1. Corrimento fétido 2. Sinusorragia 3. Dor pélvica • Em estados mais avançados, pode apresentar além das queixas anteriores: 1. Fístulas 2. Insuficiência renal (obstrução ureteral) 3. Metástase e Óbito • As vias de disseminação principais são por vias linfáticas e por contiguidade - tecido paracervical, vagina, paredes pélvicas (lateralmente), bexiga (anteriormente) e reto (posteriormente) • Estágios de até 2A podemos pensar em cirurgia - Histerectomia apenas ou com retirada da cúpula superior da vagina; • Estágios mais avançados - Radio e quimioterapia para impedir a progressão da doença apenas; HPV • Praticamente todas as pessoas com vida sexual ativa serão infectadas pelo HPV em algum momento da vida e algumas destas pessoas serão infectadas repetidas vezes; • O ponto máximo para infecção é logo após o início da vida sexual; • Mesmo aqueles que foram infectados pelo HPV o risco de desenvolver câncer é baixo, pois a infecção pelo HPV é um fator necessário, masnão suficiente para determinar câncer de colo do útero; • Podemos diminuir o risco de transmissão do HPV pelo uso de preservativo, evitar múltiplos parceiros sexuais e vacina contra o HPV; • Os tipos de vacinas que existem no Brasil e no mundo são: 1. Quadrivalente - HPV 6, 11, 16 e 18 2. Bivalente - HPV 16 e 18 • A faixa etária atual (2020) são meninas de 9 a 14 anos e meninos 11 a 14 anos, sendo no SUS administrada em 2 doses; • O objetivo da vacina é prevenir o câncer do colo do útero, a prevenção de outros tipos de câncer induzidos pelo HPV e verrugas genitais são considerados desfechos secundários. Última modificação: 04:24
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