Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 PSICOPEDAGOGIA EMPRESARIAL 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 Sumário PSICOPEDAGOGIA EMPRESARIAL...................................................... 1 NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2 A PSICOPEDAGOGIA EMPRESARIAL .................................................. 5 A ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO NAS ORGANIZAÇÕES EMPRESARIAIS ............................................................................................. 6 INCLUSÃO: QUEBRA DE PARADIGMAS ......................................... 10 O QUE É PSICOPEDAGOGIA E COMO SURGIU? .............................. 12 CAMPO DE ATUAÇÃO ......................................................................... 15 CAMPO DE ATUAÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA .............................. 18 COMPETÊNCIA DO PSICOPEDAGOGO ......................................... 19 O QUE O PSICOPEDAGOGO OBSERVA NO INDIVÍDUO ............... 23 TRAJETÓRIA EMPRESARIAL X PSICOPEDAGOGIA, DANDO UM SALTO PARA A QUALIDADE DE VIDA NO MEIO EMPRESARIAL ................ 24 TRAJETÓRIA DAS ORGANIZAÇÕES ............................................... 24 MUDANÇAS ORGANIZACIONAIS ........................................................ 25 A APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL .............................................. 27 A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DO CONHECIMENTO NO DESENVOLVIMENTO DE PESSOAS ............................................................. 31 VISÃO DIAGNÓSTICA DOS PROBLEMAS INSTITUCIONAIS ............ 33 PSICOPEDAGOGIA E T&D NA EMPRESA .......................................... 37 TREINAMENTO CONCEITOS E IMPORTÂNCIA ................................. 37 PRÉ-REQUISITOS PARA O TREINAMENTO ................................... 38 FORMAS DE TREINAMENTO .............................................................. 38 MODELOS DE AVALIAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO ....................... 40 FERRAMENTAS ESTRATÉGICAS UTILIZADAS NO T&D ................... 41 RESULTADOS DO PÓS T&D ............................................................... 43 RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DE PESSOAL ................................... 44 file:///C:/Users/Cliente/Desktop/PSICOPEDAGODIA%20EMPRESARIAL.docx%23_Toc65165659 4 ETAPAS DE RECRUTAMENTO E SELEÇÃO .................................. 45 ABERTURA DE VAGA ................................................................... 45 RECRUTAMENTO ......................................................................... 45 SELEÇÃO ...................................................................................... 46 RECRUTAMENTO DE JOVEM APRENDIZ ...................................... 47 CONCLUSÃO ........................................................................................ 48 REFERÊNCIA ....................................................................................... 50 5 A PSICOPEDAGOGIA EMPRESARIAL A psicopedagogia empresarial existe de forma bem atuante em países como Argentina e Espanha, e é conhecida como “psicopedagogia laboral” – traduzindo-se para o português, chamar-se-ia “psicopedagogia do trabalho”. Comparada com a Argentina, um dos berços da psicopedagogia, a qual serviu de inspiração para sua criação no Brasil, a psicopedagogia empresaria é quase uma proscrita, pouco disseminada e estudada. O psicopedagogo tem ao seu dispor ferramentas e técnicas próprias, principalmente o olhar e a escuta psicopedagógica, fundamentados sobre aportes teóricos definidos, que serão utilizados no desenvolvimento de suas atividades, independentemente do ambiente institucional em que esteja atuando. A análise científica nessa área denota ser conveniente e merecedora de atenção e envolvimento cada vez mais profundos, devido à dinâmica que envolve o mundo atual, a sociedade e as empresas, uma vez que no Brasil os atuais cursos formam o profissional apto a atuar em psicopedagogia, e esta se mostra uma área abrangente, se comparada à Argentina, fazendo-se necessária e urgente a análise da eficácia desses cursos e sua efetiva condição de preparar o profissional para atuar nas organizações junto ao processo de aprendizagem. 6 O psicopedagogo empresarial, por sua vez, tem a função de observar e avaliar qual a verdadeira necessidade do funcionário e atender aos seus anseios, bem como buscar respostas e alternativas à questão do aprender, tanto no plano psíquico como no cognitivo, emocional e físico, criando um espaço multidisciplinar de sua epistemologia e fundamentação verificando junto ao projeto Politico da empresa, como a empresa conduz o processo ensino aprendizagem, como garante o sucesso de seus funcionários e como os lideres exerce o seu papel de parceria nesse processo. O trabalho do psicopedagogo empresarial tem um caráter preventivo no sentido de procurar apontar às principais habilidades e competências do funcionário. e ampliar formulações teóricas sobre a aprendizagem e questão do olhar humano para solução dos problemas. Considerando a empresa responsável por grande parte da formação do ser humano, o olhar do psicopedagogo empresarial constrói na busca permanente da reflexão teórica e através das vivencia e pesquisas cotidianas abertas aos novos paradigmas que apontam para a transdisciplinaridade e a complexidade, com esta finalidade e em decorrência do grande numero de pessoas com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios que englobam empresas e funcionários. A ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO NAS ORGANIZAÇÕES EMPRESARIAIS 7 O surgimento da Era da Informação data do começo da década de 1990, e a maior mudança que se pode perceber dessa aparição é, sem dúvida, a quebra de barreiras para expansão do conhecimento e a maior valorização do capital intelectual – um dos marcos desse fenômeno é a proliferação de tantos cursos superiores, tecnológicos e de pós-graduação. Com mudanças em ritmo acelerado, buscar novas formas de se diferenciar como vantagem competitiva no mercado parece ser a única saída para as organizações. O aprender é algo inerente ao homem, embora aconteça de forma imperceptível às vezes, e não é só a escola o local de educação. De certa forma, durante a inserção no mercado de trabalho é que se demonstram e são cobrados conhecimentos e atitudes provindas desta. No Brasil, ainda são poucos os estudos e pesquisas sobre a atuação do psicopedagogo nas organizações. Bossa (2011, p. 48) contextualiza: “Existe também uma proposta de atuação nas empresas, onde o objetivo seria favorecer a aprendizagem do sujeito para uma nova função, auxiliando-o para um desenvolvimento mais efetivo de suas atividades”. Essa proposta aindapossui campo limitado, uma vez que no Brasil os atuais cursos formam o profissional apto a atuar em psicopedagogia com foco mais nas áreas institucional escolar e hospitalar, quando comparado à Argentina. Faz-se necessária e urgente a análise da eficácia desses cursos e sua efetiva condição de preparar o profissional para atuar também nas organizações empresariais junto ao processo de aprendizagem. Ressalta-se que o profissional psicopedagogo nas organizações tem condições de atuar em pelo menos dois setores, ressalvada a peculiaridade de cada empresa: o departamento de Recursos Humanos e o departamento de Educação Corporativa ou de Treinamento e Desenvolvimento (T&D). O trabalho do psicopedagogo na empresa tem abrangência em todos os processos da gestão de pessoas listados por Chiavenato (1999, p. 12) – processo de agregar pessoas, processos de aplicar pessoas, processo de recompensar pessoas, processo de desenvolver pessoas, processo de manter pessoas e processo de monitorar pessoas – e utiliza métodos próprios e pertinentes ao seu arcabouço de estudos, a partir do olhar e da escuta psicopedagógicos. 8 Segundo Bossa (2011, p. 48), o psicopedagogo pode “realizar processos de orientação educacional, vocacional e ocupacional, tanto na forma individual quanto em grupo”. Sua atuação reside na análise dos fatores em que ocorre oaprendizado, bem como dos que podem dificultá-lo, para poder construir seu modelo de intervenção, seja ele individual ou grupal. Costa (2009, p. 19) ratifica a atuação desse profissional dentro do departamento de RH, ao afirmar que “o Psicopedagogo atua principalmente nas áreas de Treinamento e Desenvolvimento de pessoal e Avaliação de Desempenho [...] recrutamento e na seleção de pessoal [...]”. O psicopedagogo na empresa poderá intervir também em problemas de concentração (organizar tarefas do dia a dia, arquivos, eventos) e tarefas que requeiram atenção concentrada, nos erros que advêm da incorreta compreensão de uma orientação (intervir tanto com o colaborador que orienta como com o orientado), apresentações em grupo pertinentes à rotina do (grupo de) trabalho, dentre outras, conforme a dinâmica de ações que fazem parte da cultura organizacional da empresa. O papel do psicopedagogo na empresa desenha-se ainda como uma ponte, pois ele buscará estreitar os relacionamentos. Para isso, o profissional pode “organizar palestras, workshops, vídeos, debates, dinâmica, simulações de trabalho e momentos propícios à reflexão [...]” (COSTA, 2009). A atuação do psicopedagogo empresarial junto a uma equipe interdisciplinar, focalizar o processo de aprendizagem coletiva da empresa e o desenvolvimento das capacitações dos profissionais com um enfoque sistêmico. Outra inserção relevante refere-se às condições de inclusão na empresa, tendo em vista o trabalho que apresenta certas limitações de aprendizagem, necessitando de avaliações e criações de trabalho com adaptações. Todas as formas de atuações psicopedagógicas empresarial visam desenvolver aprendizagem e construções do conhecimento, com um olhar para o aprendiz trabalhador, levando conta a sua dinâmica global, para além do que se propunham os antigos “treinamentos” de profissionais. De forma bem resumida a psicopedagogia empresarial ressalto que as contribuições dizem respeito ao desenvolvimento psico- sócio educacional do trabalhador, em suas diferentes funções e papeis, tendo em vista os seguintes objetivos: A criação de diferentes condições de aprendizagem no trabalho. 9 O desenvolvimento de funções, papéis e capacidades criativas dos aprendizes trabalhadores. Ampliações de cursos e dinâmicas para a consciência sobre a atuação humana no trabalho, Adequações de informações e das comunicações nas relações interpessoais e intersetores. Esta é a função de um psicopedagogo empresarial, fomentar e avaliar ações quanto à aprendizagem do indivíduo no contexto grupal, facilitando a construção e o compartilhamento do conhecimento coletivo, incentivando novas formas de relacionamentos, criando harmonia entre gestores e colaboradores, podendo atuar junto ao profissional de RH, assumindo um papel importante, avaliando e controlando a aprendizagem, favorecendo a qualidade nos processos de recrutamento, seleção e organização de pessoal, bem como, levantando o diagnóstico organizacional, dando subsídios significativos e perfis específicos, estabelecendo princípios didáticos aos treinamentos. É utilizar possibilidades criativas e eficazes através da reflexão grupal e é assim, conseguir, uma real transformação do indivíduo, e isso é aprendizagem. No portal de Recursos humanos, na RH Central Noticias, aborda-se uma nova questão. Alguns estudiosos da área da psicopedagogia criaram a especialização em psicopedagogia empresarial, que é nova no Brasil. Neste portal afirma-se que os primeiros trabalhos nessa área surgiram há apenas cinco anos, no momento em que as empresas começaram a se abrir para as questões da qualidade de vida do trabalhador e para a importância do desenvolvimento das condições humanas, da criatividade e das questões emocionais que favorecem a produção. Para esses especialistas, o grande desafio no mundo contemporâneo é resgatar uma visão integrada do homem, enfraquecida em função do excesso de especializações, e um dos grandes desafios das organizações do futuro é o de saber usar o conhecimento de cada colaborador, saber somá-los e criar um ambiente completo que lhes garanta o sucesso (RH CENTRAL DE NOTICIAS, 2005). Psicopedagogia Empresarial exige do profissional um profundo conhecimento do funcionamento de grupos, do histórico e cultura da organização, como também, o desenvolvimento administrativo, bem como um equilíbrio emocional e um código de ética profissional muito bem elaborado e 10 digerido, pois trabalhar com grupos é estar permanentemente administrando conflitos. INCLUSÃO: QUEBRA DE PARADIGMAS Segundo Chiavenato (1999, p. 9): As pessoas constituem o principal ativo da organização. [...] As organizações bem sucedidas estão percebendo que somente podem crescer, prosperar e manter sua continuidade se forem capazes de otimizar o retorno sobre os investimentos de todos os parceiros principalmente, o dos empregados. Assim como a instituição escolar, a empresa é passível de receber pessoas com deficiência. Estas, através de políticas públicas e das garantias expressas na Constituição Federal de 1988, têm o direito a uma vida digna que inclui, dentre outros, o direito ao trabalho como possibilidade de exercer sua cidadania. O Brasil, como um Estado Democrático de Direito, fundamenta-se nos “valores sociais do trabalho e da livre iniciativa” (BRASIL, 1988, Art. 1º), os quais vêm responder a um de seus objetivos, que é o de “promover o bem de todos, sem preconceitos [...] e qualquer outra forma de discriminação” (BRASIL, 1988, Art. 2º). Dentre todos os objetivos que compõem a Carta Magna, o objetivo acima vai nos interessar sobremaneira neste trabalho, pois ele se relaciona com a premissa de acesso a todos em todos os setores da sociedade, viabilizada naLei nº 8213, de 24 de Julho de 1991, no seu artigo 89, que ratifica a inclusão da pessoa com deficiência no quadro de funcionários das empresas. A habilitação e a reabilitação profissional e social deverão proporcionar ao beneficiário incapacitado parcial ou totalmente para o trabalho, e às pessoas portadoras de deficiência, os meios para a (re)educação e de (re)adaptação profissional e social indicados para participar do mercado de trabalho e do contexto em que vive. (BRASIL, 1991). O Governo, no intuito de promover junto aos estados a inclusão das pessoas com deficiência nas organizações empresariais, além de reforçar a aplicabilidade da lei através de fiscalizações, lançou uma cartilha através do Ministériodo Trabalho (MT) que ratifica e orienta: 11 As empresas devem, assim, cumprir a lei em questão, esforçando-se em programas de formação profissional, flexibilizando as exigências genéricas para a composição de seus quadros, de modo a, objetivamente, abrir suas portas a esse grupo social em evidente estado de vulnerabilidade. (BRASIL, 2007, p. 10). Dessa forma, a inclusão também abre espaço dentro da organização para a atuação do psicopedagogo, que com seu conhecimento interdisciplinar pode orientar quanto às adaptações estruturais e situacionais, bem como favorecer o desenvolvimento de mudanças atitudinais, através de oficinas e workshops, a fim de promover uma “cultura de inclusão” na empresa junto aos colaboradores. Essa quebra do paradigma da inclusão, na verdade, deve nascer na família, ao oferecer à criança acesso ao mundo e às relações sociais juntamente com a escola (hoje, bem mais preparada), que acolhe, ensina e prepara esse jovem para ter as mesmas possibilidades de acesso ao emprego e assim exercer sua cidadania em cada momento de sua vida. A consciência da dificuldade de adaptação que o aprendiz com qualquer deficiência tem, seja na escola ou no trabalho, é o que vai balizar a presença desse profissional nas empresas, por sua preparação técnica e científica para oferecer soluções ideais para todos. Ademais, observa-se que algumas empresas recebem pessoas com deficiência, mas ainda não estão preparadas com o serviço de apoio psicopedagógico. Há desconhecimento, insegurança e preconceito sobre o assunto. A visão restrita dos tipos de deficiência e dos cuidados especiais com as pessoas gera incertezas e pode não tornar efetiva a participação do colaborador no seu trabalho, por não se sentir acolhido. A própria empresa, ao não se adequar, gera a vacância e um rodízio que pode ser evitado. A empresa que possui em seu quadro o profissional psicopedagogo consegue evitar tais transtornos, pois seu conhecimento dos diferentes tipos de deficiência, um dos pré-requisitos de seu trabalho, bem como seu acesso constante às entidades que abrangem essas pessoas a título de atualização ou pesquisa, faz dele um profissional capacitado e experiente, pronto para atuar com a devida eficácia no que proporciona à empresa efetividade e eficiência dos seus colaboradores. 12 O QUE É PSICOPEDAGOGIA E COMO SURGIU? No século XIX, quando consolida-se o capitalismo industrial, verificou-se uma preocupação com os problemas de aprendizagem. Com o decorrer do final do século muitos doutores e pesquisadores estudaram, debateram e discutiram formas e modelos de como trabalhar e readaptar as crianças com dificuldades na área de educação e em diversas patologias inerentes a cada situação. Foi então que, em 1946, na Cidade de Paris, na Europa, se iniciou os primeiros Centros Psicopedagógicos, unidos por J Boutonier e George Mauco, com direção médica e pedagógica, com conhecimentos da área de Psicologia, Psicanálise e Pedagogia, que tentavam readaptar crianças com comportamentos socialmente inadequados na escola ou no lar e atender crianças com dificuldades de aprendizagem apesar de serem inteligentes (BOSSA, 2000, p. 36 e 39). Esta corrente européia influenciou significativamente a Argentina. Conforme a psicopedagoga, Alicia Fernández, as propostas Psicopedagógicas surgiram na Argentina há mais de 30 anos, sendo quase tão antiga quanto a carreira da psicologia, criada em Buenos Aires, sendo a primeira cidade a oferecer o curso. Foi então que outros profissionais, como formação em filosofia, entre eles Sara Paím, viram a necessidade de discutirem a resolução de fracasso escolar, trabalhando a funções egóicas, memória, percepção, atenção motricidade e pensamento. Foi então que com estudos e pesquisas foi produzido uma metodologia sobre a chamada dificuldade de aprendizagem, dando origem à atual psicopedagogia (BOSSA, 2000, p. 40). Foi na década de 70 que surgiram, em Buenos Aires, os Centros de Saúde Mental, onde equipes de psicopedagogos atuavam fazendo diagnóstico e tratamento. Estes psicopedagogos perceberam, um ano após o tratamento, que os pacientes resolveram seus problemas de aprendizagem, mas desenvolveram distúrbios de personalidade como deslocamento de sintoma. Resolveram então incluir o olhar e a escuta clínica psicanalítica, perfil atual do psicopedagogo argentino (BOSSA, 2000, p. 41). Na Argentina, a psicopedagogia tem um caráter diferenciado da psicopedagogia no Brasil. São aplicados testes de uso corrente, “alguns dos 13 quais não sendo permitidos aos brasileiros...” (SAMPAIO, 2005), por ser considerado de uso exclusivo dos psicólogos. “Os instrumentos empregados são mais variados, recorrendo o psicopedagogo argentino, em geral, a provas de inteligência, provas de nível de pensamento; avaliação do nível pedagógico; avaliação perceptomotora; testes projetivos; testes psicomotores; hora do jogo psicopedagógico”. (BOSSA, 2000, p. 42). A psicopedagogia chegou ao Brasil, na década de 70, onde surgiram os primeiros curso de psicopedagogia, para completar a formação dos psicólogos e de educadores, cujas dificuldades de aprendizagem nesta época eram associadas a uma disfunção neurológica denominada de disfunção cerebral mínima (DCM) que virou moda neste período, servindo para camuflar problemas sociopedagógicos. Foram feitos cursos de formação de especialistas em Psicopedagogia na Clínica Médico-Pedagógica de Porto Alegre, com a duração de dois anos, baseado num modelo médico de atuação (BOSSA, 2000, p. 42) Com a visão de uma formação independente, porém complementar, o Brasil recebeu contribuições, para o desenvolvimento da área psicopedagógica, de profissionais argentinos tais como: Sara Paín, Jacob Feldmann, Ana Maria Muniz, Jorge Visca, dentre outros. (SAMPAIO, 2005). Nessa mesma década surgiram, em nível institucional, cursos com enfoque psicopedagógico, antecedendo a criação dos cursos formais de especialização e aperfeiçoamento, tratavam de temas como: a criança problema numa classe comum, dificuldades escolares, pedagogia terapêutica, problemas de aprendizagem escolar. Eram oferecidos a psicólogos, pedagogos e profissionais de áreas afins, em busca de subsídios para atuar junto às crianças que não respondiam às solicitações das escolas (BOSSA, 2000, p. 55). O professor argentino Jorge Visca, como um dos maiores contribuintes da difusão psicopedagógica no Brasil, foi o criador da Epistemologia Convergente, linha teórica que propõe um trabalho com a aprendizagem utilizando-se da integração de três linhas da Psicologia: Escola de Genébra - Psicogenética de Jean Piaget (já que ninguém pode aprender além do que sua estrutura cognitiva permite), Escola Psicanalítica - Freud (já que dois sujeitos com igual nível cognitivo e distintos investimentos afetivos em relação a um objeto aprenderão de forma diferente) e a Escola de Psicologia Social de Enrique Pichon Rivière (pois se ocorresse uma paridade do cognitivo e afetivo em dois sujeitos de 14 distinta cultura, também suas aprendizagens em relação a um mesmo objeto seriam diferentes, devido as influências que sofreram por seus meios sócio- culturais) (VISCA, 1991, p. 66 apud SAMPAIO, 2005). Diante deste breve histórico, a psicopedagogia visa estudar o processo de aprendizagem e suas dificuldades, tendo, portanto, um caráter preventivo e terapêutico. Preventivamente deve atuar não só no âmbito escolar, mas também atuando no meio institucional alcançando o desenvolvimento do grupo numa organização, esclarecendo sobre os diferentes papéis, para que possam compreender e entender suas características, suas limitações, seu desempenho, evitando assim cobranças de atitudes ou pensamentos que não são próprios da pessoa. Terapeuticamente a psicopedagogia deve identificar, analisar, planejar, intervir atravésdas etapas de diagnóstico e tratamento. Nas empresas se trabalha as relações hierárquicas, a parceria, como as pessoas se comunicam, o que elas dizem, e o que querem dizer. O ser humano é desenvolvido, a sua relação consigo mesmo e com o mundo, visando a melhoria da empresa como parceira.. A função do psicopedagogo é divulgar o ser competitivo, ambicioso, sem ser grosseiro, ultrapassando os limites da honestidade e do bom senso. Pode ser o dono de uma empresa sem pisar em ninguém, pode ser melhor através de sua ética, de sua moral, da criatividade humana sem se exaltar para os outros trazendo uma concorrência negativa, em fim, é abrir a sua porta e tirar tudo aquilo que atrapalha a convivência e o relacionamento com as pessoas. O psicopedagogo tem em princípio as seguintes tarefas, descrita por Neide de Aquino Noffs (1995): administrar ansiedades e conflitos, trabalhar com grupos (grupo escolar é uma unidade em funcionamento), identificar sintomas de dificuldades no processo ensino-aprendizagem, organizar projetos de prevenção, clarear papéis e tarefas nos grupos, ocupar um papel no grupo, criar estratégias para o exercício da autonomia (aqui entendida segundo a teoria de Piaget: cooperação e respeito mútuo), fazer a mediação entre os subgrupos envolvidos na relação ensino-aprendizagem (pais, professores, alunos, funcionários), criar espaços de escuta, levantar hipóteses, observar, entrevistar e fazer devolutivas, utilizar-se de metodologia clínica e pedagógica, “olhar clínico”, estabelecer um vínculo psicopedagógico, não fazer avaliação 15 psicopedagógica clínica individual dentro da instituição escolar, porém, pode fazer sondagens, fazer encaminhamentos e orientações, compor a equipe técnica-pedagógica, para tanto, necessita de supervisão e formação pessoal. Na visão construtivista, constrói-se com o outro, você cresce, o outro cresce e nós crescemos juntos, tendo um crescimento ético e moral. Para um psicopedagogo atuar numa instituição empresarial, não vai ser diferente, ele não vai trabalhar com métodos, estratégias de ensino, e outras coisas mais, que é a função de um pedagogo, assim como os "distúrbios" serão trabalhadas pelo psicólogo, irá trabalhar a pessoa do gerente, que analisando na escola é a pessoa do professor, o que ele tem de melhor, o aqui e agora, é um trabalho de transformação, essa transformação deve fazer com que o gerente não veja que o seu subordinado quer pegar o seu lugar, mas que veja como parceiro, trabalhando em parceria. Como já vimos, a aprendizagem é o foco central da psicopedagogia, com ela vivemos, refletimos, pois trabalhamos com as diferenças. É o processo de construção da vida humana, que é infinito, ou melhor, só deixamos de aprender quando morremos. Por isso, o psicopedagogo também deve estar preparado para lidar com possíveis reações frente a algumas tarefas, tais como: resistências, bloqueios, sentimentos, lapsos etc. E não parar de buscar, de conhecer, de estudar, para compreender de forma mais completa, entender o grupo de forma geral, de como se formam, como se desenvolvem e se interagem, que é fundamental para o psicopedagogo institucional, algo que ajuda muito na compreensão da postura do psicopedagogo importante para o complemento do profissional, e que está na psicologia social. Para finalizar, a psicopedagogia tem como seu objeto de estudo, o ser que aprende, e a escuta é o instrumento de fundamental importância para sua atuação, e como diz Nádia Bossa, (...) perceber o interjogo entre o desejo de conhecer e o de ignorar. CAMPO DE ATUAÇÃO O campo de atuação está se ampliando, pois o que inicialmente caracterizava-se somente no aspecto clínico (Psicopedagogia Clínica), hoje pode ser aplicado no segmento escolar (Psicopedagogia Institucional) e ainda 16 em segmentos hospitalares, empresariais e em organizações que aconteçam a gestão de pessoas. O aspecto clínico é realizado em Centros de Atendimento ou Clínicas Psicopedagógicas e as atividades ocorrem geralmente de forma individual. O aspecto institucional, como já mencionado, acontecerá em escolas e organizações educacionais e está mais voltada para a prevenção dos insucessos relacionais e de aprendizagem, se bem que muitas vezes, deve-se considerar a prática terapêutica nas organizações como necessária. De acordo com Júlia Eugênia Gonçalves, Mestra em Educação e Psicopedagoga, “é preciso que seja feita uma ressalva quanto a maneira como a Psicopedagogia encara a aprendizagem humana, vista sempre como uma feição própria do indivíduo se relacionar com o Conhecimento gerado e armazenado pela Cultura e os problemas de aprendizagem como oriundos de fraturas ocorridas nessa relação, vínculos mal estabelecidos entre aprendentes e ensinantes, seja por fatores de natureza orgânica, cognitiva ou emocional." O trabalho psicopedagógico, portanto, não se apresenta como reeducativo, mas, sim, como terapêutico (uma terapia centrada na aprendizagem); não se dirige para um público específico, porque aprendentes somos todos nós, humanos: crianças, jovens, ou velhos que nos mantemos vivos e atuantes, enquanto aprendemos e ensinamos e podemos contribuir com a nossa marca para a evolução da humanidade. Ainda segundo Julia, “a atuação do psicopedagogo difere daquela do psicólogo, pois este não está preocupado especificamente com a aprendizagem, como aquele. Costumo dizer que o ser humano, em sua complexidade, sempre articula uma maneira de pedir ajuda, quando está em dificuldades de qualquer natureza. Seja a criança, apresentando uma dificuldade específica na Escola; seja o jovem, fazendo muitas vezes uma verdadeira negação da escolaridade e enveredando pela marginalidade; seja o idoso, entrando em depressão por se julgar incapaz de aprender e continuar contribuindo para sua comunidade. Quando esse pedido de ajuda se dá via aprendizagem, aí deve atuar o psicopedagogo, por ser o profissional cuja formação o habilita para compreender e atender tais solicitações. A Psicopedagogia aplicada a segmentos hospitalares e empresariais está voltada para a manutenção de um ambiente harmônico e à identificação e 17 prevenção dos insucessos interpessoais e de aprendizagem. Pode ser realizada de forma individual ou em grupo. É possível perceber que a Psicopedagogia também tem papel importante em um novo momento educacional que é a inserção e manutenção dos alunos com necessidades educativas especiais (NEE) no ensino regular, comumente chamada inclusão. Entende-se que colocar o aluno com NEE em sala de aula e não criar estratégias para a sua permanência e sucesso escolar inviabiliza todo o movimento nas escolas. Faz-se premente a necessidade de um acompanhamento e estimulação dos alunos com NEE para que as suas aprendizagens sejam efetivas. Poderão exercer a profissão de Psicopedagogo no Brasil os portadores de certificado de conclusão em curso de especialização em Psicopedagogia em nível de pós-graduação, expedido por instituições devidamente autorizadas nos termos da legislação pertinente. O Psicopedagogo: 1. Possibilita intervenção visando à solução dos problemas de aprendizagem tendo como enfoque o aprendiz ou a instituição de ensino público ou privado; 2. Realiza o diagnóstico e intervenção psicopedagógica, utilizando métodos, instrumentos e técnicas próprias da Psicopedagogia; 3. Atua na prevenção dos problemas de aprendizagem. 4. Desenvolve pesquisas e estudos científicos relacionados ao processo de aprendizagem e seus problemas; 5. Oferece assessoria aos trabalhos realizados em espaços institucionais; 6. Orienta, coordena e supervisiona cursos de especialização de psicopedagogia, em nível de pós-graduação expedidos por instituições, devidamente autorizadas ou credenciadas nos termos da legislação vigente. O psicopedagogo, no Brasil, ocupa-se das seguintesatividades conforme Lino de Macedo: 18 1 - Orientação de estudos – organizando a vida escolar da criança quando esta não sabe fazê-lo espontaneamente como ler um texto, como escrever, como estudar, etc. 2 - Apropriação dos conteúdos escolares – propiciar o domínio de disciplinas escolares que a criança não vem atingindo bons resultados; 3 - Desenvolvimento do raciocínio – Os jogos são muito utilizados, criando um contexto de observação e diálogo sobre processos de pensar e de construir o conhecimento. 4 - Atendimento a criança – Atende a deficientes mentais, autistas, hiperativos ou com comportamentos orgânicos mais graves, podendo até substituir o trabalho da escola. Para Alicia Fernández, esse saber só é possível com uma formação que se oriente sobre três pilares: Prática clínica: em consultório individual, grupal e familiar; Construção teórica: permeada pela prática; Tratamento psicopedagógico-didático: construção do olhar e da escuta clínica. CAMPO DE ATUAÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA Historicamente tanto na prática preventiva como na clínica, o profissional deve estar embasado em referencial teórico na sua função preventiva, onde cabe ao psicopedagogo: Detectar possíveis perturbações no processo de aprendizagem; Participar da dinâmica das relações da comunidade educativa, a fim de favorecer processos de integração e troca; Promover orientações metodológicas de acordo com as características dos indivíduos e grupos; Realizar processos de orientação educacional, vocacional e ocupacional, tanto na forma individual quanto em grupo. 19 COMPETÊNCIA DO PSICOPEDAGOGO Competência é qualidade de quem é capaz de resolver certo assunto, fazer determinada coisa. Implica em capacidade, habilidade para o exercício de uma função. Competente não é só quem possui uma aptidão, mas quem tem suficiência, propriedade e adequação na tarefa que executa. Cumpre-nos analisar o que faz o psicopedagogo, qual é sua tarefa, a fim de que possamos avaliar as competências que dela derivam. O prefixo “psi “não é moderno. Deriva de “physis “, utilizado pelos pré- socráticos para definir a totalidade de tudo que é. Para ser, necessário se faz possuir as características da espécie humana. Fílon, de Alexandria, desvelava a condição humana dentro de um quatérnio: Basar, soma - dimensão corporal; Nephesh - dimensão psíquica; nNous - dimensão consciente, cognitiva; Pneuma- o sopro - dimensão espiritual. Sara Paín, utiliza também um quatérnio para explicar as vias pelas quais os seres humanos acedem ao “Conhecimento “. Estas quatro estruturas permitirão ao bebê captar o conhecimento, para reproduzir-se como humano, para ser. São elas: O organismo - substrato biológico; O corpo - lugar da identidade; estruturas cognitivas- inteligência; estrutura simbólica - função semiótica ( sinais, signos e símbolos) Podemos, então, concluir que psi- é um prefixo aplicável a seres humanos e que psicopedagogos trabalham com esta categoria. Ser humano é então, desde a antiguidade, ser diferente. Ser humano é ser aprende dente, recriando e criando conhecimentos. Ser humano é buscar a liberdade na obrigação da interpretação. Esta é sua dialética. Para realizar um trabalho “ psi “, necessário se faz, portanto, interpretar. O homem é o único animal hermenêutico. Ele é dotado de um pensamento reflexivo, que o capacita a fazer um juízo de valor sobre si mesmo, sobre os outros e sobre a realidade que o cerca. 20 Desde o início da História da humanidade, temos testemunhos do trabalho de alguns” psis quem nos apresenta a eles é Fílon, que assim denomina um grupo de homens de cultura helenística. Os terapeutas eram hermeneutas habilitados na arte da interpretação dos textos sagrados, dos sonhos e dos eventos da existência. Aqueles que Fílon de Alexandria chamava de terapeutas tinham uma maneira de viver bem diferente daquela que vivenciam os que hoje levam esse nome. O psicopedagogo será um terapeuta? Esta pergunta tanto atrai como amedronta. É a dialética de uma atividade ainda não totalmente especificada e regulamentada. Terapia é, sem dúvida nenhuma, “arte da interpretação “. Efeitos e afetos modificam-se em direção a um melhor ou a um pior, de acordo com o sentido que se dá a um sofrimento, um evento, um sonho ou um texto. Os acontecimentos são o que são, o que se faz deles depende do sentido que se lhes dá. A palavra therapeutes precisa ser melhor especificada. Ela pode apresentar dois sentidos principais a partir do verbo de que provém: Servir, cuidar, honrar; Tratar, sarar; Terapeuta é aquele que cuida, que se desvela em direção ao outro procurando aliviar-lhe os sofrimentos. É aquele que cuida, não o que cura. Ele está lá apenas para pôr o sujeito nas melhores condições possíveis, a fim de que este atue e venha a se curar. Terapeuta é também aquele que honra, e que, portanto, é responsável por uma ética subjacente à sua atividade. Neste sentido, os terapeutas são também filósofos, porque estão sempre em busca da verdade que se encontra por detrás das aparências. O homem é seu livro de estudos e ele ama o Homem e a sabedoria que dele se origina. Isso pode parecer uma utopia, para muitos, mas, utopia não é o irrealizável, mas o irrealizado! Deste modo, podemos fazer uma leitura da descrição dos terapeutas, como algo semelhante ao mito fundador, original, de todas as terapêuticas. A psicopedagogia é uma forma de terapia. Daí não haver a distinção, como lembra Alicia, entre psicopedagogia institucional e clínica. Todo trabalho psi é clínico seja realizado numa instituição ou entre as quatro paredes de um 21 consultório. Clínica é a nossa atitude de respeito pelas vivências do outro, de disponibilidade perante seus sofrimentos, de olhar e de escuta além das aparências que nos são expostas. O psicopedagogo é um terapeuta que trabalha com esta característica básica do ser humano que é a aprendizagem Fílon define os terapeutas como aqueles que cuidavam do corpo, das imagens e dos arquétipos que o animam, do desejo e do Outro. Vejamos o que eu penso que ele queria dizer com isto e como podemos estabelecer uma relação deste quatérnio, com a competência do psicopedagogo: Cuidar do corpo: não o corpo compreendido como organismo. Lembremo- nos de Sara Pain e da distinção que ela traça entre estas duas estruturas. O corpo de que cuidamos é aquele transversalizado pelo desejo, um corpo animado (ânima – aquilo que anima, que dá o movimento). Não um corpo objeto, mas um corpo sujeito, que “fala “. Cuidar do corpo é prestar atenção ao sopro que o anima e que possibilita a aprendizagem. É preciso um movimento para que ocorra aprendizagem. Caberá ao terapeuta a função de dialogar com este corpo, desatando os nós que se colocam como impelidos a vida e à inteligência criativa. Cuidar do Ser: uma escuta e um olhar dirigidos para aquele que É, ou seja, para aquilo que não se apresenta como doentio e mortal. Cuidar do ser é não estar voltado primeiramente para a doença ou para o doente, mas para aquilo que se acha fora do alcance da doença e que mantém o sujeito vivo. É olhar em primeiro lugar para aquilo que vai bem, para o ponto de luz que pode dissipar as trevas. É cuidar no homem aquilo que escapa ao homem, abrindo espaços para modificações, para mudanças, um espaço onde o homem possa se recolher e descansar, encontrando seus próprios caminhos para aprender. Não é ensinar, é possibilitar aprendizagens. Cuidar do desejo: uma palavra que ocorre muitas vezes na obra de Fílon é “Equilíbrio”. Cuidar do desejo é não percorrer um caminho de excessos, mas um caminho do meio. O desejo é o do Outro e o meu. No trabalho psicopedagógico não existe professor e aluno, mas ensinante e aprendente que interagem sem possuírem papéis fixos ou predeterminados.Não se trata de querer a todo custo fazer compreender, querer que o outro compartilhe as 22 nossas mais íntimas convicções. Isso de nada serve e denota uma vontade de poder. Melhor é respeitar o do outro como se respeita o seu próprio ritmo. Cuidar do desejo é atentar para as próprias necessidades, é procurar supervisão e terapia para a melhoria de nossa escuta e de nosso olhar, que se direciona tanto para o outro como para nós mesmos. Cuidar do outro: A verdade é a condição da alegria, e, por isso, é necessário, ver com clareza. Isso supões sair das projeções, que não nos deixam ver o que é. É preciso” por entre parêntesis”. Isso significa olhar para uma pessoa, um acontecimento e não projetar sobre isto nossos temores e desejos, todas as nossas lembranças. É deixar de lado o próprio ponto de vista e os seus condicionamentos, ver as coisas a partir delas mesmas, em sua “outridade. O olhar do terapeuta não deve ser claro apenas no sentido de lúcido, mas também no sentido de esclarecedor. Diante de um olhar assim, a pessoa não se sente julgada, nem menosprezada, mas aceita, e esta aceitação é a condição necessária para que se inicie o caminho de cura. Adquirir um olhar esclarecedor, para o terapeuta, é adquirir a humildade é relativizar o “eu “. A competência do psicopedagogo está, portanto, na difícil tarefa de pôr em articulação teoria e prática. Não existe psicopedagogo enquanto o “fazer “não se inicia. Não existe Psicopedagogia sem a busca da verdade que está inscrita no conhecimento de si e do outro e na criação de novos conhecimentos. É necessária uma integração também entre os saberes científicos, a fim de que a competência do psicopedagogo seja sentida: epistemológico - especificidades dos conhecimentos saberes científicos: metodológico -encontrar respostas pessoais aos conhecimentos em questão pedagógica - transmissão dos conhecimentos. Escolher a psicopedagogia como terapia, fazer-se terapeuta é assumir a responsabilidade por uma formação contínua e cada vez mais aprofundada nas questões humanas, é assumir a responsabilidade por uma atividade que implica um saber interdisciplinar e eclético, sem sectarismos de qualquer espécie, é estar aberto para as mudanças. 23 O QUE O PSICOPEDAGOGO OBSERVA NO INDIVÍDUO Coordenação motora ampla; Aspecto sensório motor; Dominância lateral; Desenvolvimento rítmico; Desenvolvimento motor fino; Criatividade; Evolução do traçado e do desenho; Percepção e discriminação visual e auditiva; Percepção espacial; Percepção Viso-motora; Orientação e relação espaço-temporal; Aquisição e articulação de sons; Aquisição de palavras novas; Elaboração e organização mental; Atenção e concentração; Expressão plástica; Aquisição de conceitos; Discriminação e correspondência de símbolos; Raciocínio lógico matemático. A Psicopedagogia há muito tempo é reconhecida, respeitada e regulamentada em países culturalmente desenvolvidos como: Argentina, Estados Unidos, França (onde surgiu em meados do sec. XIX). Neuropediatras, Psiquiatras e Educadores, começaram a estudar e trabalhar temas pertinentes a problemas relacionados com a conduta e o comportamento do indivíduo, principalmente com relação ao seu desenvolvimento cognitivo, afetivo, emocional, orgânico e motor. 24 TRAJETÓRIA EMPRESARIAL X PSICOPEDAGOGIA, DANDO UM SALTO PARA A QUALIDADE DE VIDA NO MEIO EMPRESARIAL TRAJETÓRIA DAS ORGANIZAÇÕES A teoria administrativa já percorreu no século XX várias mudanças e transformações, que pretendemos apresentar de forma sucinta e prática, mostrando a trajetória e abordagem administrativa até os dias atuais. Com as invenções e aplicações da máquina a vapor, surgiu uma nova concepção e forma de trabalho. Mudou-se toda a estrutura social, comercial, econômica e política, sendo a maior mudança já ocorrida em todo o milênio, o que trouxe uma revolta para os trabalhadores da época, ocorrendo, assim, a primeira Revolução Industrial, com as longas jornadas do trabalho nas minas, como também a Segunda Revolução Industrial, nas linhas de montagem. Com isso, deu-se início à ênfase nas tarefas (atividades executadas pelos operários em uma fábrica), através da administração científica de Taylor. Em seguida, a preocupação básica passou a ser a ênfase da estrutura com a teoria clássica de Fayol e com a teoria burocrática de Weber, que mais tarde tomou o rumo para a teoria Estruturalista. Com a ênfase que era dada às pessoas a reação humanística veio por meio da Teoria das Relações Humanas, que foi desenvolvida pela Teoria Comportamental e pela teoria de Desenvolvimento Organizacional, para o qual as necessidades das pessoas estavam se contrapondo aos resultados obtidos nas organizações. A ênfase no ambiente surgiu com a teoria dos Sistemas, que foi ajustada pela teoria da Contingência. Esta, que por sua vez, desenvolveu a ênfase na Tecnologia. (CHIAVENATO, 2000, p. 8). Observamos que as mudanças são freqüentes, sempre estamos em fase de transformação para o desenvolvimento da qualidade, por isso vários teóricos 25 desenvolvem fundamentos que viabilizam atividades, serviços em adequação ao ambiente e às tendências do mercado. MUDANÇAS ORGANIZACIONAIS O começo da década de 90 marca o surgimento da Era da Informação devido ao desenvolvimento tecnológico e à tecnologia da informação. Trata-se de um capital intelectual, do conhecimento. Diante dessa evidência no mercado competitivo verificamos a existência do mercado concorrente e a crescente formação do empreendedorismo, pois, a tendência tecnológica está desqualificando profissionais, que na época eram profissionais de ponta, e que hoje estão defasados. A partir disso, centraremos o nosso estudo na teoria comportamental, para a qual onde o foco são as pessoas numa organização onde a realidade e a tendência mundial estão voltadas à qualificação pessoal, qualidade de vida e inteligência emocional. Promover mudanças necessárias já é uma questão de sobrevivência. São novas necessidades, novas demandas, pois o perfil dos clientes também alterou, novos concorrentes, tudo pressionando por ajustes e mudanças. Já há alguns anos que existem investidores procurando empresas socialmente responsáveis, sustentáveis e rentáveis para aplicar seus recursos. Essas mudanças não se dão por modismos, mas por uma questão de sobrevivência, pois tudo em volta das organizações está em constante mudanças. Como afirma Jack Welch, ex- executivochefe da GE, Se o nível de mudança de uma organização é menor que o nível de mudança externo, o fim está à vista. (apud GESTÃO HOJE, 2003, 430). Para que esse aprimoramento resulte em uma boa qualidade deve haver uma transformação gradual, visto que pessoas não mudam de uma hora para outra. Com isso, vemos as dificuldades das empresas em qualificar estes profissionais, fazendo com que estes parceiros aprendam com rapidez, agilidade, eficiência e qualidade, na busca dos resultados, visto que são conhecimentos novos e desafios maiores, que ainda estão em fase de estruturação. Essa dificuldade na adaptação em relação aos funcionários dá-se, até mesmo, por questões como aceitar o medo de várias represarias, como, redução 26 do quadro de funcionários, medo falta de adaptação, mudança de cargo, pois tudo que é novo traz insegurança. Desta forma, uma empresa responsável deve assim fazer com clareza de regras e se propondo a inserção no mercado dos funcionários que serão desligados. No nível gerencial, os maiores efeitos são da ordem conceitual, pois o reposicionamento dos processos tende a gerar o sentimento de perda de poder ou de controle da situação. Em contra partida, existe aceitação natural, mas o difícil é aceitar discursos nos quais muitas coisas são faladas e poucas são cumpridas,ou se fala hoje e amanhã a informação muda. Isso desestrutura e acaba trazendo confusão e desorganização. Tantas mudanças, medos, inseguranças e incertezas afetam o rendimento do trabalho, e isso pode ser agravado se a empresa não estabelecer uma relação de clareza e honestidade tanto ao nível gerencial como operacional. A linguagem deve ser clara, posicionando onde a empresa quer chegar, mostrando seus propósitos e objetivos concretos. Para que a mudança ocorra é necessário que haja uma preparação e explicações claras, honestas e antecipadas, para que cada um conheça o seu papel, os processos que lhe cabem e as regras do jogo. O Primeiro passo para iniciar uma ação de mudança numa organização é demonstrar claramente o risco que a empresa pode correr; o segundo é mostrar a liderança que estará engajada no processo quanto à formação de equipes; o terceiro é deixar bastante claro o projeto e as atividades de mudança, bastante consistentes e o quarto é mobilizar um grupo para constituir o principal dispositivo de avanço das mudanças. 27 A APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL A aprendizagem é, inegavelmente, um fator positivo para o desenvolvimento humano, pois através dela que o conhecimento pode ser ampliado. Para Scorsolini-comin, Inocente e Miura (2011, p. 230): Quando o indivíduo aprende, transfere à empresa seus conhecimentos, tornando-a um repositório dinâmico de novos saberes, com maior capacidade de gerar conteúdos de aprendizagem de qualidade aos demais colaboradores, criando-se, assim, o ciclo da aprendizagem organizacional. A aprendizagem, como um processo, deve ter um caráter contínuo e formativo, objetivando o desenvolvimento de habilidades nas relações individuais e interpessoais. A exemplo disso temos as escolas, as universidades e outros centros formativos que valorizam a aprendizagem como um todo. Segundo Marques (2017), “aprendizagem organizacional pode ser entendida como o alcance de novos, múltiplos e contínuos conhecimentos sobre as dinâmicas e demandas corporativas, seja de maneira direta e/ou indireta, dentro e fora da empresa”. No contexto das organizações é importante destacarmos a aprendizagem como um fator altamente competitivo, no sentido em que estabelece com as 28 demais empresas atuantes no mercado uma relação horizontal de igualdade, e estratégico, se considerarmos a relevância do conhecimento nas organizações do século XXI, e mais especificamente, numa era em que as empresas utilizam a tecnologia e o conhecimento como diferenciais mercadológicos. Para que se mantenham no mercado, as empresas buscam aprimorar todo o seu processo produtivo desde a concepção do serviço/produto até a pós- produção. Ao longo da história, muitas empresas fecharam suas portas, pois não foram capazes de se adaptarem conforme as demandas mercadológicas. Antes da entrada massiva de recursos tecnológicos que alteraram as relações mercadológicas, as empresas se mantinham com o suporte de seus colaboradores, especificamente de alguns colaboradores, que detinham um considerável conhecimento sobre o negócio e estavam alocados em determinados postos de trabalhos. A Gestão do Conhecimento está, intrinsecamente, ligada à capacidade das empresas em utilizarem e combinarem as várias fontes e tipos de conhecimento organizacional para desenvolverem competências específicas e capacidade inovadora que se traduzem, permanentemente, em novos produtos, processos, sistemas gerenciais e liderança de mercado. (TERRA; 2001, p.82). Para Nonaka e Takeuchi, (1997), a aplicação da gestão do conhecimento gera novas possibilidades e isto está totalmente associado à troca entre o conhecimento tácito, sendo este mais individual e subjetivo, e o conhecimento explícito, mais geral e mais fácil de ser compartilhado. A internet possibilitou um grande aumento da intervenção popular no comportamento das empresas e organizações através das páginas das próprias empresas nas redes sociais. O fácil acesso à conexão e novas tecnologias, permitiu que as interações pessoais acontecessem de forma mais ágil e eficaz, além de ter aumentado o uso das redes sociais, uma tendência capaz de difundir opiniões e influenciar no comportamento das pessoas. Sendo assim, seu uso deve ser moderado e sensato, seja você apenas um usuário ou uma empresa. (MARQUES, 2016) Ao abrir esse espaço, as empresas têm procurado estabelecer uma comunicação maisobjetiva e eficaz com seu público-alvo a fim de gerar uma 29 experiência mais qualitativa, embora não deixe de lado seu principal objetivo, que é a lucratividade. É de grande relevância que as organizações atentas a essas demandas sociais fomentem a valorização da aprendizagem organizacional por todos os seus colaboradores, pois ao tê-la como um de seus valores passam a definir seu posicionamento perante a sociedade e aos seus colaboradores. Organizações que não estabelecem a aprendizagem organizacional como um diferencial podem estar fadadas ao baixo desempenho de seus colaboradores, refletindo, portanto, na recepção de seus produtos ou serviços pelos clientes e afetando seus resultados. A fim de evitar a situação supracitada, Pereira (2005, p.40) nos revela que: O que se verifica, ao longo dos últimos anos, é que as empresas perceberam a importância de valorizar o capital humano presente internamente nas suas organizações, sendo este um elemento fundamental para a competitividade empresarial. Surgiu, então, a necessidade das empresas gerenciarem e medirem o conhecimento presente e gerado internamente, e o conceito de “Gestão do Conhecimento” tornou-se a nova estratégia das empresas na busca de vantagem competitiva para o futuro. A aprendizagem organizacional possibilita aos colaboradores uma boa apropriação a respeito do que a empresa, da qual fazem parte, entrega ao público. Ao conhecer os processos de negócios os colaboradores entendem a sua participação neles e, consequentemente, serão motivados a, cada vez mais, conhecerem a organização na qual trabalham. Ao utilizar a aprendizagem organizacional como um diferencial frente aos desafios mercadológicos, as organizações precisam estar cientes das mudanças que podem ocorrer no direcionamento de suas ações perante seus colaboradores e público-alvo. Essa aprendizagem é um processo que pode gerar um desconforto inicial, principalmente nos colaboradores mais antigos e conservadores, justamente porque esses indivíduos, na maioria das vezes, carregam consigo a ideia de que suas ações e atividades referentes às suas atribuições sempre deram certo e que por este motivo não necessitam rever suas práticas dentro das organizações. 30 A abordagem de aprendizagem adequada é aquela que atende às especificidades de cada negócio. Há pontos em comum nesse processo que devem fazer parte de qualquer aplicação do conceito de aprendizagem institucional: a proatividade, fazendo com que os colaboradores sejam indivíduos ativos em seus processos de aprendizagem, levando em conta seu posicionamento na organização, seus próprios questionamentos, levando-os a refletir sobre suas ações cotidianas, suas atribuições, o produto ou serviço oferecido pela empresa; o autoconhecimento, demonstrando aos seus colaboradores a importância da aprendizagem, nãosomente no contexto interno e específico da organização, mas também em seu desenvolvimento enquanto um ser reflexivo e atuante na sociedade (MORAN, 2015). Um indivíduo que não reflete sobre suas ações, sobre o espaço em que está inserido, sobre as relações de poder existentes, não exerce plenamente todas as suas funções enquanto cidadão e ser social. Por isso é importante que as empresas despertem esse interesse pela aprendizagem e conhecimento em seus colaboradores, pois além de ser benéfico para as organizações, é transformador para os colaboradores.As práticas contemporâneas têm convergido nesse sentido de utilizar o conceito de aprendizagem organizacional como estratégia competitiva (SCORSOLINI-COMIN, INOCENTE E MIURA, 2011). Uma empresa que não foque suas ações internamente no desenvolvimento de seus colaboradores dificilmente manterá sua posição no mercado. É importante salientar que a área de treinamento e desenvolvimento deve ser capaz de atender a todos os setores e áreas das organizações. Ribeiro Junior e Stano (2010) destacam a relevância da gestão do conhecimento como vantagem competitiva, principalmente porque suas ações estão diretamente relacionadas às pessoas que atuam nas áreas de Treinamento e Desenvolvimento. Considerando que somente através da aprendizagem eficaz as práticas individuais e coletivas podem ser melhor desenvolvidas, cabe aos setores responsáveis o levantamento das demandas de seus colaboradores. Este levantamento deve levar em consideração as necessidades dos colaboradores, as demandas externas relacionadas ao público-alvo, as demandas internas como processos, atribuições específicas de cada cargo, entre outros. 31 Depois de levantadas todas essas informações é necessário que se faça uma filtragem a fim de separar as informações relevantes e necessárias, não só para a execução das funções, mas também para o conhecimento total do produto ou serviço oferecido pela organização. Outro ponto relevante é que esses processos de levantamento e de filtragem sejam contínuos e sempre voltados à busca de soluções e ao aprimoramento de técnicas, contando sempre com o feedback dos colaboradores. Assim, as organizações que fundamentam sua cultura interna na aprendizagem de seus colaboradores ganham um diferencial de extrema importância perante o contexto mercadológico, e seus colaboradores tornam-se mais e melhor preparados para lidar com as situações imprevistas. Os colaboradores ganham em autoestima, fazendo com que percebam o quanto são importantes dentro da organização na qual desempenham suas funções. A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DO CONHECIMENTO NO DESENVOLVIMENTO DE PESSOAS Ao longo dos últimos anos, o processo de aprendizagem tem ganhado um status bastante relevante na manutenção das empresas perante o mercado. Isso se deve e muito ao entendimento de que é por meio do conhecimento e das aprendizagens que ocorre a evolução dos processos, atividades, além das melhorias nas relações “organização x colaborador x público-alvo”. O termo “Gestão do Conhecimento” provém do inglês “Knowledge Management” (KM), e trata-se de uma área de atuação transversal entre as diversas disciplinas relacionadas, sobretudo, à gestão estratégica, teoria das organizações, sistema de informação, gestão da tecnologia, e às áreas mais tradicionais como a economia, sociologia, psicologia, marketing, entre outras. (REBOUÇAS, 2014) Uma organização atenta às mudanças no mercado deve possibilitar aos seus funcionários acesso a cursos e treinamentos internos ou externos, fomentando em seu corpo colaborativo o desenvolvimento pessoal, pois, por meio disso, o funcionário pode assimilar com maior facilidade suas funções dentro da organização e, caso alguma dificuldade de aprendizagem seja 32 identificada, a intervenção psicopedagógica pode buscar soluções alternativas para o desenvolvimento deste colaborador. Além disso, a implementação da gestão do conhecimento pode reduzir os erros durantes os processos, evitando acidentes de trabalho causados por imperícia e até mesmo falta de conhecimento sobre suas tarefas, possibilitando um aumento na qualidade das suas atividades. Todos os envolvidos são beneficiados por uma gestão voltada para o desenvolvimento através do conhecimento. Essa política organizacional deve abranger todo o quadro de funcionários. Com o aumento quantitativo e qualitativo dos recursos tecnológicos, de certo modo, as possibilidades de atuação das organizações no processo de desenvolvimento e gestão do conhecimento foram ampliadas. O primeiro ponto que deve ser levado em consideração nesta ampliação é a utilização da modalidade de educação à distância (EAD) como ferramenta nos processos de aprendizagem, principalmente no que tange aos cursos formativos específicos de cada função dentro da organização. Com esta possibilidade, as empresas podem reduzir custos com passagens, hospedagens, entre outros, pois os cursos são produzidos e executados através de plataformas online e offline, como a intranet. Isso é considerado um grande avanço, pois os recursos destinados à logística de funcionários e palestrantes de cursos/treinamentos são drasticamente reduzidos, podendo ser reaplicados dentro da organização através de benefícios voltados para os próprios funcionários e para o negócio em si. Além de reduzir gastos com deslocamentos e com o tempo de formação, permite aos colaboradores o uso e contato frequente com os recursos mais modernos e tecnológicos disponíveis no mercado atual. A tendência é que esse ensino através das novas tecnologias cresça de forma quantitativa e qualitativa, pois o retorno trazido às empresas e aos colaboradores é bastante significativo. O psicopedagogo desenvolve sua função através da intervenção na aprendizagem organizacional, tanto individualmente quanto coletivamente. Este profissional deve estar aberto para receber os feedbacks dos colaboradores e das organizações, pois ele serve como mediador dessas relações, ele necessita buscar um equilíbrio entre os interesses da empresa e dos funcionários. 33 Para alcançar este objetivo, é necessário que o profissional ou a equipe de psicopedagogos que exercem suas funções dentro das organizações tenham um relacionamento positivo com todos. Essa interação é positiva pelo simples fato de estar relacionada à complexidade e imprevisibilidade das relações humanas. VISÃO DIAGNÓSTICA DOS PROBLEMAS INSTITUCIONAIS Para exemplificar de forma clara e didática, o processo de ensino e aprendizagem, trouxemos algumas falas de funcionários desta empresa B, onde entregamos um questionário e observamos todo o andamento de suas atividades e relacionamento entre eles no convívio social, e com isso descreveremos a parte prática, pesquisada, e como procederemos no diagnóstico, sabendo que estas informações não estão legalizadas pela organização de psicopedagogia. Lembrando, também, que o profissional não deve atuar sozinho, por si só, e sim interdicisciplinarmente. Etapas: É relatado ao profissional, psicopedagogo, que existe uma queixa, uma deficiência, que fora identificado no grupo. O profissional verifica e passa a conhecer o histórico, objetivos, missão, e toda a identificação, tanto do layout quanto ao organograma, para o prévio conhecimento da organização. Verbalizar para a equipe de funcionários sobre a atividade que será realizada e sobre a importância desse trabalho para o levantamento de ações, comportamentos, atitudes, que servirão de base para proporcionar a melhoria da qualidade de vida de cada um dando importância ao desenvolvimento das condições humanas, da criatividade e das questões emocionais que favorecem a produção das atividades. O profissional inicia o processo, através da entrevista, com os funcionários. Neste nosso exemplo, como esta pesquisa é, a nível de, 34 estudo, não nos aprofundamos nas técnicas que a psicopedagogia proporciona, pois nossa técnica foi a observação e entrevista, mas em outros casos podemos utilizar as dinâmicas de participação entre os funcionários como técnica para levantamento de dados para um diagnóstico mais completo, sabendo que o sucesso de um diagnóstico não reside no grande número de instrumentos utilizados e sim na competência e sensibilidade do profissional. Segue abaixo falas dos funcionários da empresa B, seguido de seus respectivoscargos para analisarmos, sabendo que os funcionários não evitaram se expressar através da escrita e isso é bom, pois podemos dizer que os funcionários querem mudança, e esse é o ponto de partida. Auxiliar 1 – “O que impede de meu trabalho fluir melhor é o salário que ganho e a distância da minha casa”. Auxiliar 2 – “Todos fazem a mesma coisa e ganho menos do que alguns”. Auxiliar 3 – “Quem está na liderança da empresa, o diretor, não enxerga as qualidades dos funcionários, só vê e diz os defeitos. Por isso que não há motivação”. Auxiliar 4 – “Eu não tenho líder, pois ela faz o mesmo que eu, e quando pergunto nunca sabe responder”. Auxiliar 5 – “O maior problema é a falta de reconhecimento profissional, falta de respeito em não ouvir, não acompanhar, não conhece meu trabalho”. Auxiliar 6 – “Não acredito em mais nada nesta empresa”. Auxiliar 7 – “A diretoria só pensa em consertar algo que ela mesma desconsertou, nada mais que isso”. Auxiliar 8 – O que deveria ser melhorado seria um plano de carreira e um trabalho motivacional (não só salarial, mas bate-papo, jogos, etc). Auxiliar 9 – “Meu líder não luta pela sua equipe e faz promessas e não cumpre, principalmente em relação aos diretos dos funcionários”. Auxiliar 9 – “Meu maior objetivo nesta empresa é adquirir conhecimento”. Auxiliar 9 – “Apesar de não ser reconhecida me relaciono muito bem com meus colegas e meu líder direto”. 35 Supervisor 1 – “Preciso ser reconhecido na área que atuo”. Supervisor 2 – “É muito cansativo ouvir, constantemente, sobre as lamúrias, justificando sua falta de profissionalismo em sua não motivação”. Supervisor 3 – “Os funcionários precisam de melhorias e treinamentos, para sua qualificação”. Lembrando que nesta fase, do momento do questionário, a intervenção já ocorre, pois os questionamentos já trazem a reflexão das condições do trabalho, procurando ampliar o conhecimento a cerca da situação da empresa em pontos positivos que antes só visualizava como negativos e vice-versa e estimulando o trabalho em grupo e a cooperação das tarefas. No levantamento das hipóteses iremos analisar sobre a entrevista e as observações que foram feitas. Observamos que na maioria das falas, tanto dos auxiliares quanto dos supervisores, predominam o não reconhecimento profissional, por parte da diretoria. O problema sempre está no meio externo, o salário, o incentivo. Todas as ações são voltadas para o de fora para dentro e quase nunca o que você pode oferecer, de dentro para fora. A obtenção dos dados relacionados aos dois grandes eixos, o vertical (se volta ao passado, sua origem) e o horizontal (a busca centrada no “aqui e agora”, no seu hoje, interagindo com o outro) influenciam sua capacidade de reflexão, quanto à aprendizagem, da criatividade, autoridade, e conquista de sua evolução e construção, trazida da história do passado com a sua atualidade. Como unanimidade, os funcionários comentaram sobre a falta de incentivo e reconhecimento profissional e isso é algo a ser analisado e passado posteriormente em reunião com a diretoria da empresa. Essas atitudes, muitas vezes não são percebidas sem que haja uma atividade de reflexão ou interação entre um grupo. 36 Depois que levantamos nossas hipóteses, que discutimos e analisamos a questão, damos início à elaboração do informe e devolução à diretoria. Verificamos que seria interessante à empresa transferir às pessoas o autodesenvolvimento e o autogerenciamento para que elas possam assumir o controle de suas carreiras e gerenciar seus próprios conflitos pessoais e profissionais, sendo mais uma competência adquirida e necessária para deslanchar nesse ambiente,contribuindo e fornecendo novos motivos internos e externos. Desenvolver uma política de Recursos Humanos como: Avaliação de Desempenho x Avaliação de Cargos e Salários, colaborando com o crescimento do funcionário ou até mesmo o remanejamento daquele para outra área da empresa, emergindo assim seu verdadeiro talento. A necessidade de formar liderança capaz de enxergar o novo, onde os funcionários estão vivenciando, instalando a "atividade" suficiente neles, disparando assim a autoridade (autoria / autonomia) a criatividade, e a liberdade, princípios esses que alimentam a Construção do Ser e do Saber, desenvolver e identificar o potencial das pessoas, pois o segredo do sucesso estará cada vez mais nas pessoas. Levar á diretoria a reflexão do novo foco nas organizações atuais quanto ao perfil dos funcionários. A manutenção de uma carteira diversificada de qualificações profissionais será o novo diferencial. A empregabilidade (capacidade de conquistar e manter um emprego) deixa de ser vitalícia e fixa para ser temporária e flexível. A segurança no emprego será substituída pela aprendizagem. A organização deixará de ser empregadora para ser cliente. As pessoas deixarão de ser empregados para se tornarem fornecedores de conhecimento para uma ou várias organizações. O velho conceito de emprego passa a ser substituído pelo novo conceito de parceiros ou fornecedores de conhecimento. (CHIAVENATO, 2000) A partir do momento que é coletado todas as hipóteses e materiais inerentes à conclusão o profissional de RH, que conjuntamente pode 37 trabalhar com o psicopedagogo, apresenta os resultados da avaliação à diretoria da empresa. PSICOPEDAGOGIA E T&D NA EMPRESA Treinamento e desenvolvimento não são processos iguais, embora em ambos possam ser utilizados técnicas similares, os objetivos de cada um são diferentes. O treinamento prepara o indivíduo para a realização de tarefas específicas, enquanto o desenvolvimento oferece ao treinado uma visão maior, com resultados de médio a longo prazo. As organizações estão percebendo a necessidade de estimular e apoiar o contínuo desenvolvimento das pessoas. Para Chiavento (2004) os processos de desenvolvimento de pessoas envolve atividades de treinamento e desenvolvimento tanto de pessoas como organizacional. TREINAMENTO CONCEITOS E IMPORTÂNCIA O mercado atual vive em constantes mudanças, e está cada vez mais competitivo. Torna-se necessário que as organizações estimulem o conhecimento em seus profissionais para um melhor aproveitamento de suas capacidades, visando melhores resultados em seu desempenho no cargo e relacionamento com os colegas. “Treinamento é o processo educacional, aplicado de maneira sistêmica, através do qual as pessoas aprendem conhecimentos, atitudes e habilidades em função de objetivos definidos” (Chiavenato, 1985, p.288). Marras 2009, p. 145 diz que “treinamento é um processo de assimilação cultural em curto prazo que recicla esses conhecimentos, habilidades e atitudes relacionadas diretamente à execução de tarefas ou à sua otimização no trabalho”. Já Marcelo Galvão ainda sobre a mesma questão, defende que, Treinamento, como qualquer processo educacional, é resultado de um processo de aquisição de conhecimento com um consequente desenvolvimento, por parte do indivíduo, das tais atitudes e 38 habilidades, a fim de se comportar em determinado papel ou situação. (Marcelo Galvão 2006, p. 44). Com base na definição do autor, podemos analisar que o treinamento éum processo educacional desenvolvido pela empresa, para suprir sua própria necessidade de mão de obra qualificada em curto prazo, onde ele também aprende a importância do aprendizado e busque por conta própria o conhecimento e a formação que almeja para si dentro da organização. PRÉ-REQUISITOS PARA O TREINAMENTO Para Chiavenato (2004, p.340/342) é necessário analisar e realizar algumas etapas fundamentais, para que o treinamento atinja seu objetivo, entre elas temos: Diagnostico é onde o processo pode se iniciar a partir de uma avaliação de desempenho na organizaçãorealizado em um setor, cargo ou empregado específico, onde são levantadas as necessidades e o público-alvo do treinamento. Também é preciso avaliar o perfil da empresa e seus recursos, política, missão, visão e valores. Já o desenho é a elaboração do treinamento, como será aplicado e quais os métodos utilizados para atender as necessidades diagnosticadas, também auxiliará o instrutor durante o processo de implementação. A implementação é a fase onde o treinamento é aplicado, um profissional capacitado deve conduzir, e precisa estar atento a todos os sinais apresentados pelos colaboradores durante o processo. E no fim do próprio treinamento sempre é importante a avaliação do mesmo, passar um feedback aos colaboradores ajudará a identificar os erros e acertos da equipe. FORMAS DE TREINAMENTO Existem diversas formas de aplicar um treinamento na empresa segundo Santos (2011) alguns dos métodos são: 39 Treinamento Presencial: O treinamento é realizado com a presença física do instrutor e dos alunos, pode ser aplicado em salas de aula, ou instalações no próprio ambiente de trabalho. Treinamento à distância: O instrutor aplica o treinamento a distância, um exemplo são os treinamentos on-line. Treinamento em serviço: É realizado no próprio ambiente de trabalho do funcionário, destinado a aprendizagem de conhecimentos na prática. Entre eles tem o rodízio que é quando os colaboradores são remanejados para outros setores, visando prepará-los para uma nova função. Já o estágio é a realização de atividades pertinentes à ocupação profissional no ambiente de trabalho. Enquanto a Visita Técnica são visitas a outros setores dentro da própria empresa ou em outra. Reuniões informativas: são realizadas conforme as necessidades da empresa para atualizar os colaboradores sobre assuntos pertinentes a área. Os encontros de disseminação de treinamentos são considerados a divulgação de conhecimentos através de materiais impressos disponíveis aos interessados no setor de recursos humanos. Palestras: é uma apresentação de um assunto dirigida por um funcionário da empresa ou contratado, que pode ser para tirar dúvidas ou implementar novidades. Workshops: É uma apresentação resumida de um assunto, utilizando técnicas expositivas, sendo mais “visual” do que “auditiva”. Seminários: são especialistas de uma ou mais áreas de conhecimento que se reúnem com o objetivo de promover um debate sobre um tema especifico, com a participação de todos, bem como, as empresas promovem congressos e ou conferências a partir de temas específicos da área que envolve cursos, palestras, workshop, mesas redondas e etc. Segundo Boog (1980, p.161/169) os treinamentos também podem ser realizados com jogos onde é feita uma simulação de problemas cotidianos e os colaboradores podem sugerir ideias para resolver as mais diversas situações. O autor também destaca o uso de jogos cooperativos e não competitivos, pois as pessoas devem ter em mente o trabalho em conjunto Ainda o mesmo autor enfatiza que as dinâmicas de grupo também são uma boa forma de facilitar o aprendizado, se realizadas de forma descontraída 40 e correta pode motivar e incentivar as relações interpessoais, o facilitador pode usar recursos como músicas, vídeos, slides, filmes e etc. MODELOS DE AVALIAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO Os modelos de avaliação de desenvolvimento são de, reação e satisfação, autoavaliação, competências, mudanças de comportamento, resultados, processos e performance segundo o autor Pacheco Temos vários tipos de modelos de avaliação de aprendizagens que são avaliação de reação e satisfação, auto avaliação, avaliação por competências, avaliação de mudança de comportamento, avaliação de resultados, avaliação de processos, avaliação de performance. [...] cada modelo de avaliação de aprendizagem apresenta uma relação de indicadores e alguns critérios específicos [...]. (Pacheco et al 2005, p.60) De acordo com o autor cada avaliação tem seu objetivo específico, as definições são: Avaliação de reação de satisfação: Seu objetivo é identificar a percepção dos participantes em relação ao conteúdo e sua relevância para o desenvolvimento pessoal e profissional, sua satisfação define o grau de envolvimento com os temas abordados. Auto Avaliação: Pode ser aplicada no final de um programa ou etapa de trabalho, o colaborador faz uma autoavaliação e com isso desenvolve compreensão e maturidade. Avaliação por competências: É a avaliação pelas competências técnicas individuais do colaborador. Avaliação de mudança de comportamento: Esse é o modelo mais complexo, pois essa avaliação tem dois fatores, o psicológico, que é a maturidade, o interesse e a motivação, e o sociocultural que é as experiências anteriores. Avaliação de resultados: É realizada uma comparação dos resultadosantes e após o desenvolvimento para diagnosticar os resultados obtidos com o programa. 41 Avaliação de processos: É a avaliação da rotina organizacional buscando melhorias nos processos. Avaliação de performance: É realizada analisando o comportamento profissional através do feedback. FERRAMENTAS ESTRATÉGICAS UTILIZADAS NO T&D O planejamento estratégico é um conceito comum utilizado no meio da administração, é uma forma estratégica que facilita a gestão de uma empresa através de ferramentas que auxiliam no alcance dos objetivos. Como discutido anteriormente, existem diversas etapas para montar um treinamento ou desenvolvimento, e o uso de ferramentas de gestão auxilia e facilita esse processo. Uma das ferramentas que pode ser aplicada nos T&D é a 5W2H, que ébasicamente um checklist para mapear todas as etapas principais. 42 É uma ferramenta simples de se usar e elimina qualquer dúvida sobre como realizar o processo, basta analisar e responder todas as questões. Pode ser montada em tabela no Excel, e dependendo do objetivo pode ser adicionados mais campos para um maior detalhamento das atividades. A ferramenta chamada Análise SWOT, começa de dentro para fora, identificando a priori as forças e fraquezas internas da empresa, e depois as externas, também pode ser montada em formato de tabela, como no exemplo abaixo: O PDCA é uma das ferramentas mais utilizadas no mundo para resolução de problemas, ela funciona como um ciclo, sempre se renovando para garantir melhorias suas etapas são: 43 RESULTADOS DO PÓS T&D O investimento em treinamento e desenvolvimento traz melhorias para a empresa, o impacto maior e de médio em longo prazo, segundo Marques. Esse processo deve ser estimulado pelos líderes, pois os gastos com treinamentos e no desenvolvimento de pessoas, de forma sistêmica, significam investir em melhorias para a empresa como um todo, sendo fundamental para o sucesso da organização, principalmente a médio e longo prazo. (MARQUES, 2016). Os principais fatores de melhorias são uma equipe mais qualificada, quando maior o conhecimento da equipe, melhor será a qualidade e agilidade no serviço prestado. Ocorrerá também um aumento da motivação dos colaboradores ao ver que a empresa investe e se preocupação com a qualificação dos funcionários, faz com que se sintam reconhecidos, motivados e seguros. 44 Com isso a empresa terá maior facilidade na retenção de talentos, ao criar um elo com os colaboradores, eles se sentirão mais seguros e satisfeitos impedindo a rotatividade e saída de talentos. Todos os fatores anteriores influenciam no fator mais importante para a empresa, que é o aumento da produtividade e a redução do absenteísmo. RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DE PESSOAL Nos últimos anos, surgiram temas envolvendo o processo de Recrutamento e Seleção (R & S) para facilitar o desafio de encontrar os melhores profissionais. O desenvolvimento
Compartilhar