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Ana Laura Oliveira Complicações agudas do DM ● Caso clínico - cetoacidose diabética: ○ Muitas das vezes o médico só vai desconfiar do quadro de DM I quando o paciente entra no quadro já de cetoacidose diabética. ○ Hi: glicemia > 600 mg/dL. Não indica erro do aparelho, mas ele não lê valores acima disso. ■ Glicemia capilar não dá diagnóstico, mas por ser uma situação de emergência, não dá tempo de fazer uma glicemia plasmática. ○ Conduta: hidratação + insulina regular. ○ Assim que tiver estabilização do quadro do paciente, começar a pensar em outros exames que podem ser realizados: gasometria, eletrólitos, etc. ○ Cetoacidose: evolução aguda, grave. Paciente em 48h, se não for revertida a situação de hiperglicemia, evolui para cetoacidose. ■ Poliúria, polidipsia, glicemia elevada → suspeitar de DM I, podendo evoluir para cetoacidose. ■ Quando o tratamento é adequado, a resolução pode ser feita em até 48 horas. ● Acompanhamento ambulatorial: ○ HbA1C: 6,3%. ■ No quadro de DM I, devido à evolução rápida, não consegue dar tempo ainda de surgir a hemoglobina glicada, por isso pode-se encontrar em níveis inferiores àqueles conhecidos como diabéticos. ○ Função tireoidiana: está muito relacionada à DM I. ○ Anti-GAD: é um dos principais marcadores de autoimunidade. ○ Subtipo Ib: vem com autoanticorpos negativos, por isso é importante pedir peptídeo C. ■ Abaixo do limite inferior = insuficiência pancreática. CETOACIDOSE METABÓLICA - DM I ● Caracteriza-se por quadro de hiperglicemia, acidose metabólica, desidratação e cetose na vigência de deficiência profunda de insulina. Fonte: Google Imagens Ana Laura Oliveira ● Características principais: ○ Presente apenas nos quadros de DM I. ○ Bom prognóstico quando tratada de forma rápida e correta. ○ Mortalidade maior em idoso. ○ Importante identificar o fator precipitante: ■ Infecção: 30-39%. ■ Omissão do uso de insulina: 21-49%. ■ Álcool, cocaína, transtornos alimentares. ■ IAM, AVE, traumatismo, medicamentos (corticosteroides, fenitoína). ● Desvio glícidico/lipídico: ○ Aumento de glicogenólise, gliconeogênese, resistência insulínica → maior quadro de hiperglicemia, piorando a questão do paciente. ○ Lipólise: maior vilão. Utiliza como principal fonte de energia os ácidos graxos livres. ● Fisiopatologia: ○ Deficiência intensa de insulina + excesso de hormônios contra-reguladores + fator precipitante. ○ Lipólise (liberação de ácidos graxos livres), proteólise, glicogenólise (degradação de glicogênio), gliconeogênese (síntese de glicose a partir de lactato, alanina e glicerol). ○ Ácidos graxos livres são oxidados no fígado: o principal mecanismo para obtenção de energia é a oxidação de AGL em acetil-coA. ○ Produção excessiva de acetil-CoA ultrapassa a capacidade de utilização hepática → formação de corpos cetônicos. ■ Acetato. ■ Beta hidroxibutirato. ■ Acetona. ● Mecanismos corporais de neutralização de acidose: ○ Quando ultrapassa a capacidade do organismo de “compensar” essa acidose metabólica. ● Fatores precipitantes: todos aqueles que aumentam a demanda celular de glicose. ● Quadro clínico: ○ Polúira, polifagia, polidipsia. ○ Náuseas e vômitos. ○ Dor abdominal: quanto pior a acidose metabólica, maiores as queixas de dor abdominal. ■ CAD leve com bicarbonato > 15 → não tem dor abdominal. ○ Desidratação. ○ Cefaleia. ○ Mal-estar. ○ Coma: comprometimento neurológico é muito raro. ■ Casos graves correspondem a 10% → comprometimento do nível de consciência, confusões e sonolência. ○ Hálito cetônico (“maçã passada”). ○ Respiração de Kussmaul: respiração rápida e ampla, sem pausas. Ana Laura Oliveira Fonte: Google Imagens ● Investigação básica: ○ Glicemia capilar e plasmática. ○ Gasometria arterial ou venosa. ■ Acidose metabólica no paciente com CAD → valores muito parecidos na gasometria arterial ou venosa. ○ Hemograma, uréia e creatinina. ○ Ácido láctico: indicativo de hipoxemia tissular. ○ Reserva alcalina de eletrólitos: Na, K, Cl, Ca, P. ■ Quando INSULINIZA o paciente tende a DIMINUIR ainda mais o potássio (HIPOCALEMIA). Isso ocorre pois a insulina aumenta a entrada de K nas células, diminuindo sua concentração no sangue. ■ Uma vez que a acidose metabólica foi instalada e há desequilíbrio dos eletrólitos, é importante fazer hidratação + insulina e verificar se há necessidade de reposição de eletrólitos. ○ Medida da glicosúria e cetonúria com fitas reagentes específicas. Sumário de urina. ○ Osmolaridade sérica medida ou calculada: ■ Uma das características é a osmolaridade aumentada, indicando que o paciente está desidratado e aumenta as chances de manifestação neurológica. ■ Coma hiperosmolar: glicemias muito elevadas e por um período de tempo prolongado. ● Achados laboratoriais: ○ Glicemia > 250 mg/dL. ○ Acidose metabólica: pH < 7,3. ○ Bicarbonato: ■ Leve: de 15-18 mEq/L. ■ Moderada: de 10-14,9 mEq/L. ■ Grave < 10 mEq/L. ○ Cetonúria: positiva. ○ Cetonemia: positiva. ○ Osmolalidade plasmática (Posm): geralmente < 320 mOsm/Kg (normal-alta). ○ Ânion GAP: aumentado (> 12). ■ Ânion GAP = Na+ - (HCO3- + Cl-). ○ Status mental: ■ Leve: alerta. ■ Moderado: sonolento. ■ Grave: coma. Ana Laura Oliveira ○ Sódio: níveis normais ou baixos. ■ Níveis altos: maior grau de desidratação. ○ Potássio: níveis baixos. ○ Gasometria venosa. ○ Pesquisar fator precipitante: ■ Hemograma completo. ■ EAS. ■ ECG. ■ RX de tórax. ■ Hemocultura. ● Tratamento: ○ Objetivos: hidratação, redução da glicemia (gradual), correção dos distúrbios hidro-eletrolíticos, identificação e tratamento do fator precipitante. ○ Hidratação: ■ SF 0,9% (IV) 1-1,5L nas primeiras 2h depois 500-1L nas horas subsequentes. ● Se Na+ > 160 mEq/L → SF 0,45%. ● Glicemia < 250 mg/dL → adicionar SG 5% 150-250 mL até correção da acidose e normalização do ânion GAP. ○ Redução da glicemia - insulinoterapia: ■ Precisa ser gradual para evitar edema cerebral, hipoglicemia e outras complicações. ■ Insulina regular 1 U/kg/h. ■ Solução para bomba de infusão 25U de IR em 250 mL SF 0,9% (desprezar os 50 mL iniciais, permanecem ligados ao equipo de soro e não são realmente infundidos) = cada 10mL → 1U. ■ Diminuir a glicemia na primeira hora de 50-75 mg/dL. ■ Quando glicemia 200-250 mg/dL = diminuir a taxa de infusão de insulina para 0,02 a 0,05U. ■ Caso não disponibilizar de bomba de infusão = insulina ultra-rápida via SC = 0,2 U/kg como dose inicial seguida de 0,1 U/kg a cada 1h. ■ Se POTÁSSIO < 3,3 mEq/L → aguardar ficar maior que esse nível para iniciar a insulinização. ○ Reposição de potássio: ■ K+ sérico < 3,3 mEq/L → administrar 40 mEq/L. ■ K+ sérico > 5 mEq/L → não repor e dosar a cada 2h. ■ K+ sérico > 3,3 mEq/L e < 5 mEq/L → administrar 20-30 mEq/L em cada litro de SF 0,9%. ■ K+ sérico entre 4-5 mEq/L → nível que deverá ser mantido. ○ Reposição de bicarbonato: ■ Não é feita de acordo com os valores de HCO3, mas sim de acordo com os níveis de pH. ■ RESTRITO A POUCOS CASOS ■ Cuidados quanto a reposição: ● pH > 7 → não administrar. ● pH < 6,9 → administrar 100 mEq/L de NaHCO3. ● pH 6,9-7,0 → administrar 50 mEq/L de NaHCO3. ● As principais indicações de internamento em UTI no tratamento da cetoacidose são: ● Critérios para resolução da CAD: Ana Laura Oliveira ○ Glicemia < 200 mg/dL. ○ Bicarbonato sérico > 15 mEq/L. ○ pH venoso > 7,3. ○ Ânion GAP: < 12 mEq/L. ■ Os critérios acima permitem a transferência de insulina EV para insulina SC. ■ Ação EV da insulina regular: menos de 15 min, por isso é preconizado, na fase aguda da cetoacidose diabética, fazer a insulina EV. ■ Se estiver em um serviço com insulina ultra-rápida pode fazer SC. ● Complicações da cetoacidose diabética: ○ Hipoglicemia e hipocalemia: ■ Complicações mais comuns no tratamento de cetoacidose diabética. ■ Hipoglicemia: ● Sintomas: dor de cabeça, sudorese, confusão mental, tremor, palidez, etc. ● Valor: < 70 mg/dL. ○ Edema cerebral: ■ Associado a uma taxa de mortalidade de 20-40% (em crianças 57-87%). ■ Sintomas: cefaleia, deterioração gradual do nível de consciência, convulsões, incontinência esfincteriana,papiledema, bradicardia, hipertensão, parada respiratória, pupilas dilatadas. ■ Prevenção: evitar hidratação excessiva e redução rápida da Posm. ■ Diminuir a glicemia gradualmente. ■ Manter glicemia entre 250-300 mg/dL até que a Posm seja normalizada. ○ Outras complicações: síndrome da angústia respiratória aguda, trombose vascular, acidose hiperclorêmica, mucormicose. ESTADO HIPERGLICÊMICO HIPEROSMOLAR (EHH) - DM II ● Manifestação do DM II mal tratado ou complicado. ○ Paciente com DM II não faz cetoacidose diabética normalmente pois ainda possui uma pequena quantidade de secreção de insulina. ■ Não há formação de corpos cetônicos, portanto não haverá uma acidose metabólica. Ana Laura Oliveira ○ Paciente DM II mal tratado: alimentação desregulada, uso de medicamento de forma incorreta, etc. ■ Paciente vem mantendo glicemia > 600 mg/dL por vários dias. ■ Paciente em coma hiperosmolar chega em coma ou com comprometimento já bem importante do SNC. ● Coma hiperosmolar, coma hiperglicêmico hiperosmolar não-cetótico. ● Predomínio em idosos. ● Elevada taxa de mortalidade (> 15%). ● Pouca ou nenhuma cetose. ● Fatores precipitantes. ● Sintomas: ○ Hiperglicemia grave. ○ Desidratação. ○ Alterações neurológicas: derivado da hiperosmolaridade no SNC. ● Achados laboratoriais: ○ Glicemia > 600 mg/dL. ○ pH > 7,3. ○ Bicarbonato > 15 mEq/L. ○ Posm > 320 mOsm. ○ Cetonúria: negativa ou leve. ○ Cetonemia: negativa ou leve. ○ Status mental: coma. ○ Ânion GAP < 12 = normal. ○ Ureia e creatinina. ○ Exame de imagem ○ Hemograma completo. ○ ECG. ● Tratamento: ○ Mesmos princípios da CAD (hidratação, insulinoterapia, correção dos distúrbios hidroeletrolíticos), porém: ■ Sempre em Unidade de Terapia Intensiva. ■ Glicemia entre 250-300 mg/dL muda-se de reposição para SG 5% e SF 0,45%. ○ Resolução do estado hiperglicêmico hiperosmolar: ■ Posm normal. ■ Normalização do nível de consciência. Referências American Diabetes Association. Standards of Medical Care in Diabetes. Diabetes Care. 2013; 36(1 Supl):11-66.
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