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PSICOLOGIA
Sabine Heumann
Escola psicológica: 
teoria gestaltista
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Reconhecer a contribuição da escola gestaltista ao estudo do com-
portamento humano.
 � Relacionar os conceitos desenvolvidos pela Gestalt no que se refere 
à aprendizagem.
 � Identificar o processo de construção dessa escola da psicologia e a 
influência das leis gestálticas para a ciência humana.
Introdução
A teoria da Gestalt foi desenvolvida no início do século XX por Max 
Wertheimer, Kurt Koffka e Wolfgang Köhler a partir de ideias que se contra-
punham à psicologia tradicional da época, principalmente à psicanálise e 
ao behaviorismo. A escola da Gestalt apresenta importantes contribuições 
para o entendimento do ser humano e de sua subjetividade, sustentando 
uma nova forma de pensar e entender os fenômenos psicológicos.
Neste capítulo, você estudará sobre a relação entre escola gestaltista 
e estudo do comportamento humano, além de ler sobre os conceitos 
desenvolvidos pela Gestalt acerca da compreensão de aprendizagem 
e identificará o processo de construção da psicologia da Gestalt e a 
influência de suas leis para a ciência humana. 
1 Psicologia da Gestalt e estudo do 
comportamento humano
O termo Gestalt, oriundo da língua alemã, é utilizado globalmente por não ter 
um correspondente em outras línguas que o substitua de maneira adequada. 
Seu significado diz respeito à compreensão de configuração, forma, unidade. 
Assim, tratando-se da psicologia da Gestalt, pode-se entender que a teoria está 
relacionada à ideia de uma unidade de sentido, de uma organização (TENUTA; 
LEPESQUEUR, 2011).
A psicologia da Gestalt é uma linha de pensamento dentro da psicologia que 
surgiu no início do século XX e tem como foco inicial de estudo a compreensão 
dos princípios que regem o processo de percepção. O processo perceptivo, em 
linhas gerais, corresponde à atribuição de sentido a um fenômeno por uma 
consciência, envolvendo o processamento, a organização e a interpretação de 
um estímulo sensorial captado pelo organismo. Para que essa compreensão 
fique mais clara, comumente, diferencia-se a percepção da sensação: a sensação 
é entendida como o processo de detecção de estímulos oriundos do ambiente e 
da transmissão desses estímulos para o cérebro (ou seja, o contato mais inicial 
do organismo com o meio); e a percepção é configurada como um passo a 
mais, compreendida como a organização e a interpretação (ou atribuição de 
sentido) desses estímulos sensoriais (FELDMAN, 2015).
Sensação: captação de estímulos do ambiente e transmissão desses estímulos pelo 
cérebro. Por exemplo, ao provar um suco, através da sensação, sente-se um gosto cítrico.
Percepção: organização, processamento e interpretação de estímulos sensoriais. Por 
exemplo, ao provar um suco, sentindo o gosto cítrico, a pessoa identifica que aquele 
suco tem o sabor de laranja, ou seja, atribui um sentido àquele suco (FELDMAN, 2015). 
O principal nome da psicologia da Gestalt foi Max Wertheimer (1880–1943), 
psicólogo nascido em Praga, República Checa. Juntamente com Kurt Koffka e 
Wolfgang Köhler, ele desenvolveu os princípios da teoria na Escola de Psico-
logia de Berlim, Alemanha. Entre suas contribuições para o desenvolvimento 
do estudo do comportamento humano, está a visão gestaltista (ou gestáltica) 
dos fatos psicológicos, que propõe a compreensão de que a percepção do todo 
não é determinada pelos seus elementos constitutivos (ou suas partes). A partir 
dessa compreensão, Max Wertheimer desenvolveu uma visão que se opunha à 
dominante na época — essencialmente elementarista — e passou a utilizar uma 
visão holística. Assim, pode-se afirmar que uma das maiores contribuições da 
psicologia da Gestalt é o entendimento de que o todo é diferente da soma das 
suas partes e, para além dessa compreensão, que as características das partes 
Escola psicológica: teoria gestaltista2
são determinadas pelo todo, e não o oposto, como pregava a lógica da época. 
Assim, na psicologia da Gestalt, entende-se que faz mais sentido compreender 
algo a partir da análise global, e não a partir da análise isolada de cada uma 
das partes que compõem o objeto a ser investigado (FELDMAN, 2015).
Max Wertheimer nasceu em uma família judia na cidade de Praga. Ele estudou direito 
e, posteriormente, interessou-se por psicologia, já na Universidade de Berlim. Por essa 
razão, sua tese abordou a pesquisa em psicologia sobre o depoimento no contexto 
de um tribunal. 
Viajando pela Áustria de trem em uma de suas férias, em 1910, algo chamou sua 
atenção. Observando a paisagem da janela do trem em movimento, percebeu que 
as árvores, os postes, as cercas, as montanhas, pareciam se movimentar do ponto de 
vista em que ele estava. Esse fenômeno o interessou, e ele começou a se perguntar: de 
onde vem esse movimento? A partir dessa questão, iniciou sua pesquisa, juntamente 
com Koffka e Köller. 
A partir de seus estudos, foi desenvolvida a compreensão de movimento aparente, 
a partir da mudança de posição, de maneira sistemática, de um estímulo (no caso do 
experimento do estudo, o estímulo utilizado foi a luz). A luz era trocada de posição em 
uma frequência exata e de maneira sistemática, o que fazia com que os observadores 
tivessem a percepção de movimento. Essa percepção de movimento (ou movimento 
aparente) foi chamada de fenômeno fi.
Pode-se dizer que o fenômeno fi é uma experiência psicológica que faz com que a 
pessoa tenha uma percepção de movimento a partir da união de diferentes elementos, 
de maneira combinada. Ele explicita a compreensão de que a percepção do todo 
ultrapassa a compreensão da soma das partes de maneira isolada (HOTHERSALL, 2019).
Para ver como o fenômeno fi funciona, assista ao vídeo “Max Wertheimer (1) - Fenô-
meno Fi e isomorfismo psiconeural | Psicologia da Gestalt”, do canal didatics no YouTube. 
Nesse vídeo, o experimento demonstra que o movimento aparente (ou percebido) da 
luz ultrapassa a percepção das luzes de maneira isolada, ou seja, à medida que a luz 
acesa troca de lugar, o observador tem uma percepção de movimento. 
A psicologia da Gestalt demonstra uma concepção holística, ou seja, con-
sidera os aspectos globais ou totalitários para a análise das partes e do todo. 
O holismo (totalidade sistêmica) é um movimento contrário ao elementarismo 
(que propõe a análise das partes de maneira isolada). Na compreensão holística, 
quando se analisa o comportamento do ser humano de maneira geral, não se 
busca por explicações lineares a causais — reduzindo o foco de atenção às 
partes isoladas —, mas pela análise do sistema como um todo, apreciando a 
3Escola psicológica: teoria gestaltista
totalidade/unidade de sentido e a interação entre as diferentes partes que a 
compõem. Dessa forma, está fortemente relacionado com o que a compreensão 
gestaltista propõe (OLIVEIRA, 2000). 
Uma das principais contribuições da psicologia da Gestalt para o estudo 
do comportamento humano diz respeito à afirmação de que o todo é diferente 
da soma das partes. Assim, entende-se que, quando se tem o objetivo de com-
preender algo, é necessário que se considere sua totalidade, e não o somatório 
de suas partes isoladas, ou seja, focando a concepção total, não as partes de 
maneira isolada (FELDMAN, 2015). 
Conforme discute Hothersall (2019), Wertheimer desenvolveu a psicologia 
da Gestalt a partir de quatro princípios. O primeiro princípio é o holismo, já 
discutido. O segundo princípio é a compreensão fenomenológica, que entende 
os fenômenos como o foco das ciências do comportamento. Nesse sentido, a 
psicologia precisa analisar os fenômenos psicológicos, de uma forma descri-
tiva, com base na experiência, buscando sua essência. O terceiro princípio da 
Gestalt é a metodologia, tendo como premissa a utilização de experimentos 
reais. Por fim, o quarto princípio é o isomorfismo, significando que as con-
cepções da psicologia da Gestalt também podem servirpara a compreensão 
dos processos biológicos. 
Escolas gestaltistas
Apesar de as contribuições de Wertheimer, Koffka e Köhler na Escola de 
Psicologia de Berlim terem sido de grande destaque para a psicologia da 
Gestalt, há ainda outra escola conhecida como gestaltista, a escola de Lei-
pzig, também na Alemanha. Assim, pode-se dividir a teoria da Gestalt em 
duas grandes frentes, a Gestaltqualität e a Ganzheitspsychologie, conforme 
apresenta Engelmann (2002). 
Escola de Berlim ou escola da Gestaltqualität ou qualidade gestáltica — 
Tem como principal contribuição para a ciência do comportamento a noção 
de que o todo é diferente da soma das partes. O termo “qualidade gestáltica”, 
nesse sentido, é utilizado para fazer referência a essa qualificação do todo, 
demonstrando sua compreensão diferente da soma das partes, ou seja, a ex-
pressão qualidade gestáltica expressa a categoria “todo”, considerado como 
maior do que a simples soma de suas partes. 
Escola de Leipzig ou escola da Ganzheitspsychologie ou psicologia da 
totalidade — Essa escola tem como principal nome Felix Kruger e compre-
Escola psicológica: teoria gestaltista4
ende a relação “todo e partes” da mesma maneira que a escola da qualidade 
gestáltica. Contudo, Kruger enfatiza a afetividade e os fenômenos psicológicos, 
o que diferencia essa escola da qualidade. Na escola da totalidade, destaca-se 
a relação entre figura e fundo (interação entre fatores internos e externos), 
considerando que a totalidade é fruto da combinação desses aspectos. Com 
essa compreensão, Kruger destaca que, quando se analisa um fato, deve-se 
também considerar o meio em que ele está inserido — compreendendo que 
figura corresponde ao objeto analisado (em foco), e fundo corresponde ao 
meio em que ele está inserido.
Assim, percebe-se que a psicologia da Gestalt, em ambas as escolas, apre-
senta uma nova forma de compreensão, diferente do que se havia pensado 
nas ciências do comportamento até então. A ciência preponderante na época 
buscava detalhar os acontecimentos (um a um), de maneira específica, não 
considerando a compreensão sistêmica e holística desenvolvida na psicologia 
da Gestalt. Destaca-se ainda que, de acordo com a teoria da Gestalt, esse 
entendimento holístico serve também para as ciências biológicas de maneira 
ampliada, não apenas para as ciências do comportamento humano. Assim, de 
acordo com a escola gestaltista, o todo deve ser analisado como primordial 
para a compreensão de um funcionamento, de uma questão, de um problema, 
de maneira geral (ENGELMANN, 2002).
Leis da Organização em Gestalt 
A psicologia da Gestalt dedicou-se bastante à compreensão dos processos 
perceptivos. Nesse sentido, uma importante contribuição para a ciência do 
comportamento dessa escola psicológica é a definição das Leis da Organização 
em Gestalt. Essas leis organizam um conjunto de princípios que demonstram 
como as informações captadas no ambiente são processadas e organizadas no 
processo de percepção, conforme apresenta a Figura 1 (FELDMAN, 2015). 
Figura 1. As Leis da Organização da Gestalt favorecem a compreensão dos processos básicos 
de percepção à luz da teoria da Gestalt. (a) Fechamento; (b) proximidade; (c) semelhança); 
(d) simplicidade.
Fonte: Feldman (2015, p. 117). 
(a) (b) (c) (d)
5Escola psicológica: teoria gestaltista
As Leis da Organização da Gestalt apresentam uma compreensão do 
processo de percepção, demonstrando uma forma de organização de sentido 
a partir da noção do todo. Conforme discute Feldman (2015), esse processo 
pode ser representado como na Figura 1 e entendido da forma descrita a seguir.
 � Na Figura 1a, está representada a lei do fechamento ou boas Gestalten. 
Quando se observa uma imagem, essa lei diz respeito à tendência a 
fechá-la para produzir um todo com sentido. Quando alguém captura 
essa informação visual, a tendência é que se perceba um triângulo 
(feche a imagem), e não três formas isoladas. 
 � Na Figura 1b, apresenta-se a lei da proximidade. Esse princípio demons-
tra a tendência de identificação de pontos próximos (pares de pontos), 
devido à sua organização, e não uma linha contínua. 
 � Na Figura 1c, está representada a lei da semelhança. Esse princípio 
demonstra que, ao analisar um estímulo visual, a tendência é que se 
observe linhas compostas por quadrados e círculos (não colunas de 
círculos e quadrados). Assim, ao perceber um estímulo, há maior proba-
bilidade de que se organize a imagem de forma a agrupar os elementos 
semelhantes, produzindo um todo com sentido. 
 � Na Figura 1d, está representada a lei da simplicidade. Esse princípio 
demonstra a tendência à percepção da maneira mais simples possível. 
Assim, ao observar um estímulo visual, há maior probabilidade de 
que se descreva a imagem da maneira mais simples. No exemplo, a 
tendência é que se observe um quadrado com linhas dos lados, e não 
uma sobreposição das letras W e M (que seria uma compreensão mais 
elaborada). 
A psicologia da Gestalt apresenta uma compreensão inovadora para a 
psicologia da época, objetivando ser mais dinâmica e relevante, oferecendo 
um contraponto à psicanálise e ao behaviorismo. A Gestalt é considerada 
uma escola moderna da psicologia por trazer uma nova compreensão da 
subjetividade humana.
Escola psicológica: teoria gestaltista6
2 Principais conceitos gestaltistas sobre 
aprendizagem 
O primeiro ponto de interesse da psicologia da Gestalt foi o processo de 
percepção. Mais tarde, entretanto, seus interesses passaram também aos 
processos de aprendizagem e cognição, conforme discute Hothersall (2019), 
especialmente, com a concepção do insight. 
Feldman (2015) e Gazzaniga, Heatherton e Halpern (2018) discutem que a 
aprendizagem é conceituada, de modo geral, como uma mudança relativamente 
permanente no comportamento humano em decorrência de uma experiência. 
Em específico, na psicologia da Gestalt, o interesse pelos processos de aprendi-
zagem iniciou quando Köller foi enviado para a África Ocidental para estudar 
os processos de resolução de problemas e a inteligência de macacos chipanzés. 
Nessa experiência, Köller desenvolveu a compreensão do que denominou 
aprendizagem por insight. O método de aprendizagem por insight apresentava 
uma visão alternativa ao predominante na época, que enfatizava os processos 
de aprendizagem como resultado de tentativas e erros (HOTHERSALL, 2019).
Após alguns experimentos com cães e galinhas (na África), Köller começou 
a desenvolver experimentos mais complexos com chipanzés, quando surgiram 
suas principais conclusões. Em um desses experimentos, Köller colocou uma 
cesta com bananas no alto da gaiola dos chipanzés, de forma que eles não 
a alcançassem por meio do pulo (solução mais óbvia, forma que já estavam 
acostumados). Diante dessa dificuldade, os macacos teriam que chegar a uma 
outra forma de solucionar o problema. Rapidamente, Köller pôde observar 
que os macacos desenvolveram outras formas de alcançar as bananas. No 
estágio mais sofisticado do experimento, um dos macacos combinou o uso 
de dois bastões de ferro para alcançar o alimento, solucionando o problema e 
desenvolvendo a aprendizagem. 
A partir dessas observações, Köller foi descrevendo o processo de resolução 
de problemas dos macacos, que conseguiam, de diferentes formas, atingir o 
objetivo de alcançar o alimento. De acordo com o que ele observou, a solução 
do problema era precedida por um momento que poderia ser descrito com uma 
expressão como “ah, consegui” ou “aha” — como explicado por Arquime-
des — no momento em que o animal visualizava a solução. Assim, a solução 
aparece como algo instantâneo (algo que o macaco visualiza, percebe, chega 
a uma solução), não ocorrendo de maneira lenta e gradual, como no caso de 
tentativa e erro (HOTHERSALL, 2019). 
Para compreender melhor a aprendizagem por insight, pode-se dizer que 
esse processo ocorre de maneira encoberta, ou seja, não é possível que ele seja 
7Escola psicológica: teoriagestaltista
observado por outra pessoa, ocorre de maneira interna. Quando se estende 
esses achados para o funcionamento humano, pode-se identificar o processo de 
reflexão sobre um problema, quando alguém fica debruçado em uma questão 
e, de repente, chega à resposta ou — como se fala corriqueiramente — tem um 
insight (GAZZANIGA; HEATHERTON; HALPERN, 2018). No exemplo a 
seguir, você poderá entender um pouco mais sobre como esse processo ocorre. 
Para compreender o processo de aprendizagem por insight, imagine a seguinte situação: 
um arquiteto está projetando um apartamento. Mesmo que tenha estudado muito, 
que tenha bastante experiência, cada vez que ele fizer um novo apartamento, será 
de uma maneira diferenciada, buscando suprir as necessidades daquele cliente em 
específico, naquela planta, com base naquele momento.
Quando ele está produzindo, ele vai analisando a situação e pensando em formas 
de solucionar o seu problema (entende-se por problema, nesse caso, a necessidade de 
produzir o projeto). À medida que vai projetando, ele percebe uma forma de encaixar 
um móvel desejado pela família de uma maneira diferenciada. Esse processo de 
perceber a solução, ou visualizá-la de maneira antecipada, é conhecido como insight. 
Assim, destaca-se que as principais contribuições da psicologia da Gestalt 
na esfera da aprendizagem estão relacionadas aos estudos desenvolvidos por 
Köller na África Ocidental e à compreensão de insight. Esses conceitos, aliados 
ao entendimento de percepção, de todo/partes e de figura/fundo, contribuíram 
para a definição de uma outra teoria, considerada uma forma de aplicação da 
psicologia da Gestalt: a teoria de campo, de Kurt Lewin. Essa teoria, embasada 
na escola gestaltista, serviu, posteriormente, como base para a abordagem 
psicológica da Gestalt-terapia (HOTHERSALL, 2019). 
3 Construção da teoria gestaltista e influência 
das leis gestálticas nas ciências humanas
A psicologia da Gestalt foi construída a partir de uma inquietação de Max 
Wertheimer, junto com Köller e Kaffka, a partir de 1910. Posteriormente, por 
volta de 1918, Kurt Lewin interessou-se pela forma de pensar da psicologia da 
Gestalt, porém preconizando muito mais a aplicação desses conhecimentos 
Escola psicológica: teoria gestaltista8
do que seus fundadores. Lewin desenvolvia o que ele passou a chamar de 
pesquisa-ação, enfatizando seu aspecto prático e aplicável. Nas décadas de 
1920 e 1930, Lewin conseguiu mobilizar um grande quantitativo de alunos 
associados à pesquisa, incluindo muitos dos principais psicólogos sociais da 
época (HOTHERSALL, 2019).
Conforme apresenta Hothersall (2019), uma das principais contribuições 
da psicologia da Gestalt desenvolvida por Lewin para as ciências humanas 
foi a noção da teoria de campo. Essa teoria compreende o entendimento do 
fenômeno como parte de um campo total, amplo, ou seja, para que se com-
preenda um fenômeno, não se deve analisá-lo de forma isolada. Por exemplo, 
entende-se que a análise de uma pessoa deva considerar o ambiente em que 
ela está inserida. Assim, Lewin afirmava que o comportamento acontece em 
função da pessoa e do seu ambiente. 
Essa compreensão pode ser descrita com a fórmula a seguir, que representa 
a maneira como Lewin concebia o campo, entendendo que o comportamento 
(C) é função de uma pessoa (P) interagindo com o seu ambiente (A): 
C = f(P, A)
Entende-se que o que ocorre no campo afeta o todo, ou seja, as partes 
estão interligadas e reagem umas às outras. O que acontece em uma, impacta 
nas demais. Assim, percebe-se na teoria de campo a compreensão gestáltica 
da relação entre o todo e as partes. Além disso, para Lewin, cada pessoa é 
constituída como um campo, e o campo psicológico é chamado de espaço 
vital (HOTHERSALL, 2019; YONTEF, 1998).
Diferenças entre psicologia da Gestalt e Gestalt-terapia 
A relação entre a Gestalt-terapia (GT) e a psicologia da Gestalt é bastante 
tênue, e há quem diga que é apenas referente à utilização do mesmo termo. 
A expressão Gestalt-terapia foi utilizada pela primeira vez na publicação 
do livro Gestalttherapy: excitement and growth in the human personality, 
escrito por Perls, Hefferline e Goodman em 1951. A publicação do livro é 
considerada o marco inicial da GT e propõe uma nova teoria psicológica 
(HOTHERSALL, 2019).
Para Perls (considerado o pai da GT), o objetivo da psicoterapia é tornar a 
pessoa viva para experimentar a vida no presente (PERLS; HEFFERLINE; 
GOODMAN, 1951). A GT substitui o tradicional “Por quê?” da psicanálise, 
dando espaço para o “O que?” e para o “Como?” como perguntas fundamentais 
9Escola psicológica: teoria gestaltista
na investigação psicológica. Nessa abordagem, não se busca a explicação 
dos comportamentos, mas a experimentação e a improvisação, com foco no 
desenvolvimento presente (GINGER; GINGER, 1995).
A GT tem como um de seus embasamentos teóricos a teoria de campo, 
elaborada por Kurt Lewin com base na psicologia da Gestalt. Essa teoria 
compreende que o fenômeno é parte de um campo total, amplo, não devendo 
ser analisado de forma isolada. Assim, pressupõe-se que o que ocorre no 
campo afeta o todo, ou seja, a teoria de campo afirma que as partes estão 
interligadas e reagem umas às outras, o que se assemelha à compreensão da 
relação todo/partes da teoria da Gestalt (YONTEFF, 1998).
Outras sustentações teóricas da GT são o humanismo, existencialismo 
e fenomenologia. O humanismo compreende que o mundo e a existência 
têm como elemento central o ser humano, que possui potencial e é capaz de 
buscar suas próprias soluções para os seus problemas. Já o existencialismo, 
em síntese, compreende que cada ser humano é um ser singular, diferente dos 
demais, único. A fenomenologia é utilizada na GT como um método (descrição 
sistemática da experiência) e como uma filosofia, que busca discutir e explorar 
a compreensão do fenômeno em si, sua essência, sua pureza (RIBEIRO, 1985; 
YONTEF, 1998).
A teoria da Gestalt e a GT têm pontos de aproximação, e as compreensões 
da psicologia da Gestalt caracterizam-se como algumas das concepções que 
deram sustentação para o que, posteriormente, configurou-se como Gestalt-
-terapia. Além disso, ambas têm como foco de interesse a experiência consciente 
e a percepção, além de apresentarem uma compreensão divergente do que era 
visto nas teorias clássicas da psicologia. Entretanto, é importante entender 
que teoria da Gestalt e GT são diferentes. 
Vale destacar que tanto a teoria de campo quanto a psicologia da Gestalt 
não receberam a mesma atenção da psicanálise nas ciências humanas. Em 
geral, observa-se que a psicologia da Gestalt é bastante vinculada à compre-
ensão dos fenômenos da percepção e pouco reconhecida como uma escola da 
aprendizagem (ainda que Köller tenha se dedicado a esse tema) ou da cognição 
(tema também estudado por Wertheimer). Entretanto, recentemente, com o 
desenvolvimento das pesquisas em psicologia cognitiva, a psicologia da Gestalt 
vem ganhando força outra vez, servindo como base teórica para essa forma 
de pensar (HOTHERSALL, 2019). 
Para finalizar, destaca-se um trecho de Engelmann (2002), que sintetiza bem 
as principais contribuições do pensamento gestáltico para as ciências humanas:
Escola psicológica: teoria gestaltista10
Para mim […] os seres humanos estão sempre se transformando. Entretanto, 
são no entanto sempre os mesmos. O importante é a Gestalt total do organis-
mo e não as suas partes constituintes. Quando se observam moléculas, são 
moléculas como um todo e não suas partes atômicas. Quando se observam 
órgãos do corpo, são os órgãos como um todo e não seus átomos constituin-
tes. E quando se observam pessoas, são pessoas como um todo e não os seus 
incontáveis números de átomos. São as pessoas que permanecem através do 
tempo (ENGELMANN, 2002, documento on-line). 
A psicologia da Gestalt propôs uma visão mais leve, dinâmica e relevante da 
psicologia, configurando uma importante escola psicológica. É necessário que 
se faça a distinçãoentre psicologia da Gestalt, de Wertheimer e colaboradores, 
e Gestalt-terapia, de Fritz Pearls e colaboradores. Ainda que a segunda tenha 
embasamento na primeira, essa diferença ocorre de maneira bastante tênue, 
causando confusões bastante frequentes. 
ENGELMANN, A. A psicologia da gestalt e a ciência empírica contemporânea. Psicologia: 
Teoria e Pesquisa, v. 18, n. 1, p. 1–16, 2002. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/
ptp/v18n1/a02v18n1.pdf. Acesso em: 14 ago. 2020. 
FELDMAN, R. S. Introdução à psicologia. 10. ed. Porto Alegre: AMGH, 2015.
GAZZANIGA, M.; HEATHERTON, T.; HALPERN, D. Ciência psicológica. 5. ed. Porto Alegre: 
Artmed, 2018. 
GINGER, S.; GINGER, A. Gestalt: uma terapia do contato. São Paulo: Summus, 1995.
HOTHERSALL, D. História da psicologia. 4. ed. Porto Alegre: AMGH, 2019.
OLIVEIRA, C. C. Holismo: aprender e educar. In: CARVALHO, A. D. (coord.). Diversidade 
e identidade. Porto: Universidade do Porto.Faculdade de Letras.Instituto de filosofia, 
2000. p. 287–292. Anais da 1ª Conferência Internacional de Filosofia da Educação.
PERLS, F.; HEFFERLINE, G.; GOODMAN, P. Gestalt therapy. New York: Julian, 1951.
RIBEIRO, J. P. Gestalt-terapia: refazendo um caminho. São Paulo: Summus, 1985. 
TENUTA, A. M.; LEPESQUEUR, M. Aspectos da afiliação epistemológica da Linguística 
Cognitiva à Psicologia da Gestalt: percepção e linguagem. Ciências & Cognição, v. 16, 
n. 2, 2011.
YONTEF, G. M. Processo, diálogo e awareness: ensaios em gestalt-terapia. São Paulo: 
Summus, 1998.
11Escola psicológica: teoria gestaltista
Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a 
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de 
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade 
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
Escola psicológica: teoria gestaltista12

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