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1 Rafaela Pamplona Resumo I – Saúde da Mulher ANATOMIA GINECOLÓGICA .................................................................................................................................................................. 1 TUMORES BENIGNOS E MALIGNOS DO ENDOMETRIO E COLO UTERINO ..................................................................................... 5 FISIOLOGIA DO CICLO MENSTRUAL .................................................................................................................................................. 14 VULVOVAGINITES, CERVICITES E DIP ............................................................................................................................................... 18 ANATOMIA GINECOLÓGICA Aparelho genital feminino • Interno: vagina, útero, tubas e ovários • Externos Vulva: grandes lábios, pequenos lábios, vestíbulo, clítoris e monte púbico OBS.: baixa / alta (OCI) Pelves óssea • Protege o útero e os ovários • Formada por: púbis, ísquios e ílio • Avaliar as dimensões entre o promontório e as espinhas isquiáticas para avaliar a viabilidade do parto • Tipos Ginecoide: diâmetro ântero-posterior igual ao látero-lateral Platipeloide: diâmetro ântero-posterior menor que o látero- lateral Antropoide: diâmetro ântero-posterior é muito maior que o látero-lateral Androide (homem): formato triangular Parto normal apenas na ginecoide e platipeloide 2 Rafaela Pamplona Genital interna • Vagina Função/importância: modifica-se ao longo da vida, sendo hormônio-dependente. A extremidade inferior é o óstio da vagina e a superior é o óstio do útero Subdivisão - Pélvica - Perineal Camadas - Mucosa ~ Sofre maior influência dos hormônios ~ Boa elasticidade e promove atrito ~ Menopausa: perde a elasticidade, fica lisa - Muscular - Adventícia Tamanho: 7 a 8 cm • Útero Função/ importância - Responsável pela menstruação, gravidez e parto - Órgão musculoso e oco Localização - Cavidade pélvica, atras da bexiga e anteriormente ao reto - Porção superior se liga as tubas uterinas - Porção inferior se liga a vagina Tamanho e formato: pera invertida - Largura = 3 a 4cm - Comprimento = 6,5 a 7,5 cm Partes anatômicas - Corpo: região superior, chamada de fundo do útero - Istmo: segmento estreito entre o colo e o corpo - Colo ou cérvix: porção mais estreita que faz ligação com a vagina Camadas histológicas do corpo do útero - Perimétrio (túnica serosa): mais externa, constituída de tecido conjuntivo. Recobre a parte externa do útero - Miométrio (túnica muscular): intermediária, constituída de musculatura lisa. Camada que possibilita as contrações no parto - Endométrio (túnica mucosa): mais interna ou de revestimento, constituída de tecido epitelial altamente vascularizado. Camada que sofre alterações para que ocorra a gravidez ou menstruação. Todo mês é renovado Epitélio do Colo ou Cérvix - Epitélio glandular: característico da região endocervical - Epitélio escamoso estratificado não queratinizado: característico da região ectocervical - Epitélio escamoso (JEC): ponto de encontro entre epitélio glandular e escamoso. Ponto dinâmico, de localização variável, que se modifica em resposta a faixa etária, gravidez, paridade, menopausa, etc - Epitélio metaplásico: processo fisiológico de transformação do epitélio colunar em escamoso, que origina uma nova zona JEC - Zona de transição: o epitélio escamoso entremeado de coluna, orifícios glandulares e cistos de Naboth, resultante de metaplasia ~ Zona em que se localizam mais de 90% das lesões precursoras ou malignas 3 Rafaela Pamplona Histerectomia - Parcial: retira o corpo e preserva o colo - Total: retira o corpo e o colo - Pan-histerectomia: ovários, trompas, útero (tudo) Irrigação: ateria uterina (II) Drenagem: veia ilíaca interna e linfonodos (paraórticos, ilíacos I e E, e inguinais superficiais) • Tubas Função: região tubular que conecta o útero aos ovários, sendo responsável pela reprodução. Problemas nessa região geram infertilidade Localização: ao lado do útero Tamanho: 10cm Partes: infundíbulo, ampola, istmo, intramural (ou intersticial) Irrigação: arcadas vasculares = A. uterinas e A. ovarianas Drenagem - Venosa: veias uterinas e v. ovarianas - Linfática: linfonodos ilíacos internos e paraórticos Inervação: plexos pélvicos • Ovários Função: armazenamento do óvulo e dos hormônios sexuais (gametogênica a endócrina). Cada mulher possui cerca de 300 a 400 óvulos, determinando o tempo de menstruação Localização: cavidade pélvica, ao lado do útero Tamanho: 5 x 3 x 3cm Partes - Córtex: onde se localizam os folículos - Medula: rica em vasos, fornece células intersticiais que formam a teca dos folículos Irrigação: A. ovárica (da uterina) Drenagem - Venosa: O. direita – veia cava inferior O. esquerdo – veia renal esquerda - Linfática: linfonodos lombares Inervação: plexo ovárico • Ligamentos responsáveis por manter a posição do útero Ligamento largo: são formados por uma camada dupla de peritônio (membrana que reveste a cavidade abdominal e órgãos nela contidos), ligam o útero à cavidade pélvica por meio das margens laterais Ligamento redondo: são dois ligamentos que têm sua fixação na parte superior do útero, perto das tubas uterinas Ligamento útero-sacral: ligam o colo uterino ao osso do sacro Ligamentos cardinais: são disposto abaixo do lig. largo 4 Rafaela Pamplona CA de colo Paciente com 50 anos, prole definida, já está na menopausa, apresenta lesão de alto grau NIC III, conduta: Conização (retirada do colo uterino) Avaliar a profundidade da lesão para tomada de decisão - Se houver invasão de ligamento largo precisa retirar (cirurgia de Wertheim-Meigs), dissecar ureter e a artéria uterina Genital externa • Vulva ou pudendo: constitui a parte externa dos órgãos genitais femininos Monte de vênus - Região triangular acima do púbis, abaixo do abdômen e entre as virilhas - Formado por tecido adiposo e pelos para a proteção Grandes lábios: glândulas sebáceas e pelos Pequenos lábios: formam clítoris Vestíbulo vulvar - É a região circundada pelos pequeno lábios - Localizados os óstios: vagina, uretra, glândulas de Bartholin e glândulas de Skene ~ Glândula de Bartholin: localizadas no terço interior dos grandes lábios. Elas são responsáveis por produzir um fluido mucoso, que serve para lubrificar e umidificar a vulva, principalmente durante a relação sexual ~ Glândula de Skene: localizadas do lado da uretra da mulher, perto da entrada da vagina, que são responsáveis por liberar um líquido esbranquiçado, ou transparente, que representa a ejaculação feminina durante o contato íntimo Clítoris - Composto por músculos cavernosos que durante o ato sexual o sangue flui, permitindo a ereção 5 Rafaela Pamplona TUMORES BENIGNOS E MALIGNOS DO ENDOMETRIO E COLO UTERINO Conceito • É um órgão móvel, com formato de pêra invertida, localizado na região pélvica entre a bexiga e o reto • Fixado na pélvis por 4 ligamentos: largo, redondo, cardinal e útero-sacro • Origem embrionária: invaginação do epitélio celômico que origina os ductos de Muller, que se fundem originando os órgãos genitais • Componentes epiteliais e mesenquimatosos • Anatomia • Perimétrio, miométrio e endométrio Tumores Benignos do Endométrio • Leiomioma ou Mioma Incidência: 95% dos tumores benignos do trato genital feminino Tumor benigno que surge no miométrio (camadaintermediaria) Originado de células musculares lisas com quantidade variável de tecido conjuntivo fibroso, sendo descritos de acordo com a localização Causas – teorias - Aumento dos níveis circulantes de estrogênio - Ação sinérgica do GH - Deficiência da 17-hidroxidesidrogenase - Aromatase – enzima que converte testosterona em estrogênio, fazendo o equilíbrio dos hormônio sexuais - Influência genética Fatores de risco - Raça negra – 3 a 9x mais que na raça branca - Nulíparas – gravidez é fator protetor - Menarca precoce - Hipertensas - Obesas - Predisposição familiar - Consumo de álcool Fatores protetores - Multiparidade - Tabagismo - Uso de anticoncepcional - Progestágenos Classificação - 1: Quanto ao volume: pequeno, médio ou grande - 2: Quanto à localização ~ Corporal ~ Ístmico ~ Cervical - 3: Quanto à camada ~ Subseroso (20%): cresce para fora. Logo abaixo da serosa (membrana que reveste externamente útero) e podem ter uma base ampla ou pedunculada e ser intraligamentares 6 Rafaela Pamplona ~ Intramural (75%): cresce dentro da musculatura. Desenvolvem-se dentro da parede uterina e podem ser grandes o suficiente a ponto de distorcer a cavidade uterina e a superfície serosa ~ Submucoso (5%): cresce para dentro do endométrio, para dentro da cavidade uterina. Localizados imediatamente abaixo do endométrio (tecido que reveste internamente útero) e frequentemente crescem para a cavidade uterina Manifestações clínicas - Mais de 50% são assintomáticos - Sintomas ~ Sangramento uterino anormal ~ Dor pélvica/ dismenorreia ~ Aumento do volume abdominal ~ Compressão geniturinária ~ Distúrbios intestinais ~ Infertilidade Subserosos tendem a causar compressão e distorção anatômica de órgãos adjacentes Intramurais causam sangramento e dismenorreia, enquanto os submucosos produzem frequentemente sangramentos irregulares e estão mais associados à disfunção reprodutiva Diagnóstico - Ultrassonografia pélvica transvaginal - Ultrassonografia abdominal - Tomografia computadorizada - Ressonância nuclear magnética Complicações - Degeneração hialina - Degeneração cística - Degeneração gordurosa - Degeneração vermelha/rubra - Calcificação - Degeneração sarcomatosa (0,5%) Diagnóstico diferencial - Hiperplasia endometrial - Adenomiose - Malformações uterinas - Gravidez - NTG - Neoplasias malignas - Tumores ovarianos 7 Rafaela Pamplona Tratamento - Assintomático: seguimento - Sintomático ~ Menacme (período em idade fértil) / sem prole: tratamento clínico ou miomectomia ~ Perimenopausa/ com prole: tratamento conservador, embolização e histerectomia ~ Tratamento clínico: anticoncepcional oral combinado, progestágenos contínuos e análogos do GnRH, Danazol e Gestrinona, DIU hormonal e implantes de progesterona GnRH – hormônio liberador de gonadotrofina, essencial para o desenvolvimento dos folículos ovarianos (FSH) e para a ovulação (LH) Tumor é hormônio dependente, ao administrar análogo de GnRH reduz o volume do mioma • Pólipo uterino ou Pólipo endometrial São projeções hiperplásicas formadas por componentes glandulares e estromais na superfície do endométrio ou colo uterino 75 a 80% mucosos Mais frequentes entre 40 e 50 anos Frequência de 1,5 a 10% Incidência: 2° tumor mais frequente do útero Classificação - Localização: endometrial e cervical - Morfologia: pediculado (Ip) ou séssil (Is) 8 Rafaela Pamplona Manifestações clínicas - Assintomático - Sintomáticos ~ Metrorragia (sangramento do útero, fora da época apropriada do ciclo menstrual) ~ Cólicas ~ Necrose do pedículo ~ Infecção ~ Dor pélvica ~ Secreção purulenta Diagnóstico - Ultrassonografia transvaginal - Histerossonografia - Histeroscopia - Exame especular para pólipo endocervical Tratamento - Pólipos endometriais ~ Polipectomia histeroscópica (padrão ouro) ~ Curetagem uterina - Pólipos endocervicais ~ Torção do pedículo ~ Exérese com bisturi Tumores Malignos do Endométrio • Hiperplasia endometrial É a proliferação exagerada do endométrio Classificação - Simples (cística sem atipia): 1% de progressão para câncer - Complexa (adenomatosa sem atipia): 3% de progressão para câncer - Atípica ~ Simples: 8% de progressão para câncer ~ Complexa: 29% de progressão para câncer Manifestações clínicas - Sangramento uterino anormal - Aumento do fluxo menstrual - Sangramento em mulheres pós menopausadas Diagnóstico - Ultrassonografia transvaginal - Histeroscopia com biópsia dirigida - Curetagem uterina semiótica 9 Rafaela Pamplona Tratamento - Ablação endometrial - Curetagem uterina - Uso de progestágenos - Histerectomia • Adenomiose É o crescimento anormal do tecido endometrial penetrando no tecido miometrial uterino Considerado um tipo de endometriose - Endometriose: é uma inflamação crônica, na qual o tecido endometrial cresce em regiões e órgãos no exterior da cavidade uterina, como nos ovários, bexiga e no intestino. - Adenomiose: é a doença em que o tecido endometrial invade o miométrio, camada intermediária de revestimento do útero Sintomatologia - Hipermenorreia - Dismenorreia Tratamento - Clínico: progestágenos e anticoncepcionais orais - Cirúrgico: ablação endometrial e histerectomia • Câncer de endométrio Incidência: 4° causa mais comum de câncer em mulheres Estima-se que a cada ano sejam diagnosticados, no Brasil, 6.540 casos de câncer de endométrio 10 Rafaela Pamplona Classificação histológica - Adenocarcinoma clássico: 80% - Adenocarcinoma mucinoso: 5% - Adenocarcinoma seroso: 4% - Carcinoma de células claras: 5% - Carcinoma epidermoide, indiferenciado e misto: raros Classificação patogênica - Tipo I ~ Obesas, perimenopausadas (50-60 anos) ~ Excesso de estrógenos sem oposição de progestágenos ~ Hiperplasia endometrial precede o câncer ~ Melhor prognostico - Tipo 2 ~ Magras, idosas acima de 60 anos, pós menopausadas ~ Sem associação com hiperestrogenismo ou hiperplasia endometrial ~ Mutação p53 ~ Pior prognóstico Fatores de risco - Excesso de estrógenos - Anovulação crônica - Insuficiência hepática - Menarca precoce - Menopausa tardia - Tumores ovarianos - Hipotireoidismo - Obesidade/ hipertensão - Radioterapia - Fatores genéticos - Associação com outros cânceres Manifestações clínicas - 5% assintomáticos - Sintomas ~ Sangramento transvaginal perimenopausico ou pós- menopáusico, a depender do tipo patogênico Estadiamento – FIGO Vias de disseminação - Contiguidade: miométrio, bexiga, reto, cavidade peritônio - Continuidade: colo, paramétrios e vagina - Trompas: cavidade peritoneal - Via linfática (2,6%) - Via hematogênica (rara e tardia) - Fígado, pulmão, cérebro e ossos Tratamento - Dependerá do estadiamento clínico - Estadiamento l ~ Histerectomia total abdominal associada a salpingooforectomia bilateral - Estadiamento II ~ Histerectomia total alargada com linfadenectomia pélvica e retirada do terço superior da vagina (Wertheim- Meigs) ~ Radioterapia pélvica ou braquiterapia caso não seja possível a cirurgia - Estadiamento III ~ Radioterapia prévia seguida de laparotomia ou cirurgia prévia e irradiação pélvica e vaginal pós cirurgia - Estadiamento IV ~ Quimioterapia e hormonioterapia Prognóstico - Estadiamento l: Cirurgia 75%. Radioterapia 78% de cura- Estadiamento II: 60 a 70% de cura - Estadiamento III: 30% de cura - Estadiamento IV: 3 a 9% 11 Rafaela Pamplona Tumores benignos e malignos do colo uterino • Colo uterino É uma importante parte do útero, localizado na sua porção inferior, formado por pouco tecido muscular liso, predominantemente de tecido conjuntivo Mede entre 2 e 4 cm Divide-se em duas porções - Supra vaginal - Vaginal Histologia - Epitélio escamoso epidermoide ~ 4 camadas: basal, parabasal, intermediária e superficial - Epitélio colunar glandular Métodos de avaliação do colo uterino - Inspeção macroscópica ~ Avalia aspecto, forma, tamanho, secreção, coloração, aparência e lesões - Citologia cérvico-vaginal ~ Coleta, fixação, coloração e leitura (sensibilidade de 70% e falso negativo 30%) ~ A partir dos 25 anos e intervalo anual, ou a cada 3 anos A Espátula de Ayre no orifício externo do colo e rotação de 360° B Cito-brush – introdução da escova no canal endocervical e rotação de 360° C Raspagem do fundo de saco com a extremidade arredondada da espátula de Ayre D Raspagem do terço superior da parede lateral da vagina com a extremidade arredondada da espátula de Ayre - Colposcopia ~ Avaliação com ácido acético e lugol e realização do teste de Shiller ↳ Teste positivo: iodo negativo → existe alteração ou lesão no colo (coloração amarelo-mostarda) ↳ Teste negativo: iodo positivo → não há alteração no colo (coloração marrom-escuro) ~ Limitada pela presença de atrofia, infecções, radioterapia prévia e metaplasia escamosa ~ Pré-requisito para uma colposcopia bem-feita ↳ Visualização da JEC (junção escamo colunar) ~ Achados colposcópicos normais ↳ Epitélio escamoso original, JEC, epitélio colunar, ectopias, ZTN (orifícios glandulares e cistos de Naboth) ~ Achados colposcópicos anormais ↳ Epitélio acetobranco, mosaico, pontilhado e vasos atípicos ~ Achados sugestivos de câncer ↳ Lesões vegetantes, erosão, ulceração, epitélio acetobranco denso, pontilhado e mosaico irregulares e vasos atípicos ~ Miscelâneas: condiloma, ceratose, erosão por trauma, inflamação, atrofia, deciduose e pólipo 12 Rafaela Pamplona Classificação de Papanicolau I. Negativo para neoplasias Exame absolutamente normal, sem inflamações e sem alterações regenerativas, degenerativas ou alterações da maturação epitelial Classe desejável II. Negativo para neoplasias Presença de inflamação, ou de células metaplásicas, de regeneração, de inclusão virótica (herpes, adenovírus, citomegalovírus) e infecção por HPV com ou sem discariose III. É a classificação das NICS IIIa. NIC I – displasia leve com ou sem HPV IIIb. NIC II – displasia moderada com ou sem HPV IIIc. NIC III – displasia acentuada com ou sem HPV IIId. NIC IV – atipias celulares suspeitas de malignidade IV. É a classe do carcinoma “in situ” NIC III com ou sem HPV V. É a classe positiva para células neoplásicas Carcinoma epidermoide, adenocarcinoma etc Classificação de Bethesda – 2001 1 - Negativo para lesão intraepitelial ou malignidade 2 - Alterações não neoplásicas (benignas): inflamação, radiação, DIU, células glandulares e pós histerectomia 3 - Infecções: fungos, protozoários, actinomyces, vaginose bacteriana, herpes 4 - Anomalias em células epiteliais 41. Nas células escamosas: células escamosas atípicas de significado indeterminado. (ASC-US/ ASC-H) 42. Lesão intraepitelial de baixo grau (LSIL). Com ou sem HPV 43. Lesão intraepitelial de alto grau (HSIL) 44. Atipias em células glandulares (AGUS) 45. Carcinoma epidermoide, adenocarcinoma, outros - Captura híbrida – pesquisa de DNA-HPV ~ Mulheres a partir de 30 anos, com intervalo de 5 anos entre as coletas - Vacinação do HPV ANTES A PARTIR DE 2017 Meninas de 9 a 13 anos Meninos de 12 e 13 anos e Meninas até 14 ESQUEMA VACINAL 2 doses com intervalo de 0 e 6 meses Mulheres de 9 a 26, vivendo com HIV/Aids Homens e mulheres de 9 a 26 anos, vivendo com HIV/Aids Transplantados de órgãos sólidos, de medula óssea ou pacientes oncológicos ESQUEMA VACINAL 3 doses com intervalo de 0, 2 e 6 meses • Doenças benignas mais comuns Pólipos Cervicites Leiomioma cervical Papiloma Tumores Endometriose • Câncer de colo uterino Incidência: 3ª causa de morte materna por câncer Tipo histológico mais comum - Carcinoma epidermoide – em torno de 95% Fatores de risco - HPV (98%): parasita intracelular que acelera a mitos, aumentando a chance de atipias ~ Subtipo 16 – carcinoma de células escamosas ~ Subtipo 18 – adenocarcinomas - Múltiplos parceiros - Tabagismo - Baixo nível socioeconômico - Má higiene - Coitarca precoce - Multiparidade - ISTs - Radioterapia - Agentes químicos Manifestações clínicas - Sinusiorragia – sangramento genital relacionado a atividade sexual - Infecção - Necrose Diagnóstico: colposcopia com biópsia dirigida Resumo de recomendações para conduta inicial frente aos resultados alterados de exames citopatológicos nas unidades de atenção básica 13 Rafaela Pamplona Estadiamento Tratamento Prognóstico - Citologia a cada 3 meses no primeiro ano e de 6 em 6 meses nos próximos 4 anos seguintes, com realização de exame pélvico, pesquisa de linfonodos, radiografia de tórax anualmente - O prognóstico depende do comprometimento linfonodal ~ Se forem negativos a sobrevida é de 85 a 90% ~ Se positivos, a sobrevida cai para aproximadamente 25% 14 Rafaela Pamplona FISIOLOGIA DO CICLO MENSTRUAL Conceito • Exteriorização periódica de sangue pela vagina, proveniente do útero, no período reprodutivo da mulher Menstruo = mensal (lunar) • Ciclo menstrual É o conjunto de eventos endócrinos interdependentes do sistema hipotálamo-hipófise-ovário com as modificações fisiológicas no organismo decorrentes destes eventos, visando a preparação para o coito e a gravidez Quando não ocorre a gravidez, o endométrio preparado para segurar o zigoto acaba descamando Características normais – Eumenorreica - Tempo: 2 a 8 dias - Volume: 20 a 80ml - Intervalo: 24 a 36 dias Principais processos reprodutivos - Maturação folicular por estímulo hormonal e liberação de um óvulo a partir dos ovários - Preparação do útero para receber o embrião, caso ocorra a fertilização • Por convenção, o 1º dia da menstruação é considerado o 1º dia do ciclo • Fases do ciclo ovariano: folicular, ovulatória e lútea • Fases do ciclo uterino: proliferativa, secretora e menstrual Características Fase folicular Fase lútea Inicio 1º dia do ciclo Com a ovulação Termino Com a ovulação Com o ultimo dia que antecede a menstruação Tempo Variável Fixo (14 dias) Hormônio ovariano dominante Estrogênio Progesterona (marcador de ovulação) Gonadotrofina dominante FHS LH Inibina Inibina Inibina A Dia do ciclo 1-5 6-14 15-28 Fase ovariana Folicular inicial Folicular Lútea Fase endometrial Menstrual Proliferativa Secretora Estrogênio/ progesterona Níveis baixos Estrogênio Progesterona Componentes funcionais do ciclo menstrual • Hipotálamo Localização: base do cérebro Função: liberar GnRH (núcleos arqueados) e produzir dopamina (PIF) • Hipófise Localização: sela túrcica Função - Síntese de FSH e LH (hipófise anterior para células gonadotróficas basofílicas) - Secreta prolactina (fator inibidor da liberação de prolactina PIF – hipotálamo) • Ovários Função: gametas/ secretar hormônios Unidade funcional básica: folículo de Graaf (folículo que se torna aptopara liberar um óvulo maduro para a fertilização) Hormônios secretados: estradiol, estrona, androstenediona, testosterona, progesterona, inibina • Fases do ciclo menstrual Folicular: antes da liberação do ovulo Ovulatória: liberação do ovulo Lútea: depois da liberação do ovulo • Sistema hormonal Hipotálamo ↓ Liberação de GnRH (gonadotrofina) Feedback - Hipófise ↓ Liberação do FSH e LH Ovários Liberação de estrogênio e progesterona • Eixo hipotálamo-hipófise, ovário e útero (retroalimentação) O hipotálamo sofre fatores extrínsecos e emocionais, por isso pode ocorrer sangramento importante fora do período menstrual ou menstruação interrompida (= menóstase) 15 Rafaela Pamplona Fisiologia do ciclo menstrual • O hipotálamo libera GnRH que estimula a hipófise anterior a liberar FSH (folículo estimulante, pega o óvulo e faz ele crescer) e o LH (luteinizante da progesterona), além de induzir a produção de dopamina (fator inibidor da liberação de prolactina - PIF) • Quando baixa dopamina, prolactina sobe e o organismo entende que a mulher está grávida e entra em ausência de menstruação Muitas medicações mexem na dopamina e podem fazer a mulher ter ausência de menstruação e galactorréia (ansiolíticos, espironolactona, digitálicos, anti-hipertensivos) • FSH Eleva-se no período pré-menstrual e é responsável pelo crescimento folicular Cada folículo tem sensibilidade própria ao FSH, sendo que o mais sensível crescerá mais e será o folículo dominante, sintetizando inibina e estradiol em maiores concentrações Os demais folículos sofrem atresia e o dominante é conduzido a ovulação • LH Pico no meio do ciclo Na fase folicular as concentrações de LH são baixas e com a elevação do estradiol no meio do ciclo a incremento da liberação do hormônio luteotrófico, responsável direto pela ovulação Útero • Função Abrigar o concepto Menstruação • Composição Serosa – perimétrio (mais externa) Muscular – miométrio (m. liso) Mucosa – endométrio (estroma e glândula) - Gera a menstruação Útero – endométrio • Camadas do endométrio: na menstruação saem a camada média e superficial, a basal permanece para iniciar um novo ciclo Profunda ou basal Média ou esponjosa Superficial ou compacta • Irrigação: artérias retas e artérias espiraladas Na camada profunda arteríola reta e espiralada, que é quem reestabelecem o novo ciclo 16 Rafaela Pamplona OBS.: uma patologia, se a mulher precisou fazer uma curetagem e foi tirado a camada basal, a mulher não vai mais menstruar, não pode mais ter filho Síndrome de Asherman: é caracterizada pela presença de cicatrizes no endométrio (membrana que reveste a parede interna do útero). Elas são adesões entre a face anterior e posterior da cavidade uterina. E essas adesões podem limitar o tamanho da cavidade, o que, consequentemente, compromete a fertilidade No aborto pode deixar infecção do endométrio, causando uma sequela inflamatória, vai criar aderências e não terá mais o espaço natural para o concepto • Composição Glândulas: ciliadas e secretoras Estroma: fibras colágenas e elásticas Fases do ciclo menstrual • Folicular Do 1º dia da menstruação até o pico do LH, no meio do ciclo Crescimento folicular - Folículo primordial (oócito na prófase meiótica) ao folículo dominante – folículo pré-ovulatório Fase folicular / endométrio (maturação do folículo) - Estímulo: estrogênico - Reconstrução e crescimento do endométrio - Glândulas: estreitas e tubulares → alongadas e tortuosas - Estroma: edemacia - Artérias espiraladas: tornam-se finas (0,5mm – 3,5 a 5mm) - Dura em torno de 14 dias, começa no 1º dia da menstruação - FSH estimula o crescimento do óvulo e liberando estrogênio, que chegará ao seu nível máximo • Fase ovulatória Pico estradiol seguido pelo pico de LH - O pico do estrogênio estimula o pico de LH - O pico do LH estimula a ruptura do folículo e a ovulação Fase mais rápida, um óvulo dura em média 36h A presença de prostaglandinas E e F (plasmina) promovem o enfraquecimento da parede folicular e promovem a contração musculares mínimas no ovulo e a expulsão do oócito – ovulação A fase ovulatória termina após o ovulo ser liberado Depósito de ácido hialurônico (FSH/LH) envolta do oócito e na coroa radiada Contração das células musculares (E e F / LH) Extrusão do oócito (ovulação) • Fase secretora / lútea Aumento dos níveis de progesterona de forma aguda - Coincide com os maiores níveis estrogênicos e com a maior vascularização do endométrio Dura 14 dias Inicial - Corpo lúteo: LH contínuo, que resulta em síntese e secreção de estradiol e progesterona ~ Estrogênio aumenta a síntese de receptores para progesterona no endométrio ↳ A quantidade inadequada de receptores pode resultar em uma preparação inadequada do endométrio, sendo uma possível causa de abortamento precoce - Hipertrofia e vascularização (edema do estroma, endométrio de 8 a 9mm) - Aumento da progesterona (LDL) Tardia - Caso não ocorra a gravidez, ocorre a queda gradativa de LH leva a regressão do corpo lúteo - Reabsorção do edema endometrial - Vasoconstricção – isquemia - Liberação de enzimas proteolíticas - Desmoronamento do endométrio: menstruação 17 Rafaela Pamplona OBS: Artérias retas renovam o endométrio Perturbações do ciclo menstrual • Conceito Quando o padrão menstrual de uma mulher ultrapassa os limites da normalidade (estabelecidos para a população geral) ou quando não houver menstruação • Importância Fonte de preocupação Grande valor propedêutico • Variações da menstruação Hipermenorreia: > 8 dias Menorragia: > 80 ml Hipomenorreia: < 30ml ou < 3 dias Polimenorreias: ciclos < 24 dias Oligomenorreia: ciclos > 36 dias Menóstase: suspensão brusca Amenorreia: ausência por 3 ciclos Dismenorreia TPM / síndrome meio do ciclo Variações dos níveis de estrogênio e progesterona, podem afetar os níveis dos neurotransmissores, surgindo sintomas físicos, cognitivos, comportamentais e emocionais A síndrome intermenstrual, também designada como “Mittelschmerz” que significa “dor do meio”, é caracterizado pela presença de dor no meio do ciclo menstrual, a cerca de 14 dias antes do período menstrual consecutivo 18 Rafaela Pamplona VULVOVAGINITES, CERVICITES E DIP Ginecologista • Relação médico-paciente Impacto e expectativa Desejos Estabelecimento de vínculos Favorecer retornos Lida com o que há de mais intimo do ser O motivo mais importante da consulta pode não ser relatado na queixa principal Boa relação médico paciente Anamnese detalhada contemplando todos os itens Exame físico minucioso Principais síndromes • Síndrome do corrimento genital • Síndrome do corrimento uretral • Síndrome das úlceras genitais • Síndrome das verrugas genitais Síndrome do corrimento do trato genital inferior (TGI) • Vulvovaginites Vulva, vagina e epitélio escamoso estratificado do colo uterino • Cervicites / uretrites Síndrome do corrimento do trato genital superior (TGS) • Doença inflamatória pélvica (DIP) Vulvovaginites e vaginoses infecciosas • Vaginose bacteriana • Candidíase • Tricomoníase • Vaginite descamativa • Causas Bactérias Fungos Protozoários Nem todo fluxo vaginal representa uma doença e nem toda doença é infeciosa Vulvovaginites e vaginoses NÃO infecciosas • Vulvovaginite inespecífica • Vulvovaginite atrófica • Vaginose citolítica• Causas Agentes físicos Agentes químicos Origem psicossomática Alérgicas Atrófica Citolítica Fatores predisponentes • Proximidade anatômica e revestimento mucoso • Flora dinâmica (ciclo menstrual, micção e ato sexual) • Mecanismos naturais de defesa e preceitos higiênicos • Tecidos em necrobiose • Temperatura local e mudança no pH Mecanismos de defesa do aparelho genital feminino • Barreiras anatômicas Vagina é estéril ao nascimento, colonizada 6h após o parto pela flora materna - Lactobacilos, bacilos coreniformes gram positivos, estafilococos, peptoestreptococos, clostridium perfrigens, bacilos gram negativos, bacilos anaeróbios Anaeróbios: transformam glicogênio em ácido láctico, produzindo peróxido de hidrogênio, que inibe outros microrganismos Conteúdo fisiológico vaginal - Muco cervical - Fatores imunológicos Orientação para abordagem do corrimento vaginal • História clínica • Exame ginecológico • Esfregaço a fresco • Teste de Whiff (teste das aminas) Adição de hidróxido de potássio a 10% na secreção coletada do fundo de saco vaginal, com aparecimento imediato de odor desagradável. Presença de clue cells (células-alvo) no exame microscópico a fresco da secreção vaginal • Bacterioscopia – gram • Cultura 19 Rafaela Pamplona Bactérias – vaginose bacteriana • Aspectos microbiológicos Bactérias de transmissão sexual - Neisseria gonorrhoeae - Chlamydia trachomatis - Mycoplasma hominis. - Ureaplasma urealyticum Bactérias pertencentes a flora endógena - Aeróbias - Anaeróbias • Causado por desequilíbrio da flora vaginal Gardnerella vaginalis Bacterioides sp Mobiluncus sp Mycoplasma hominis Peptoestreptococus Diminuição dos lactobacilos • Quadro clínico Metade é assintomática Corrimento genital caracterizado por odor “peixe podre” pela volatização das aminas (Putrescina/ Cadaverina /Trimetilamina) Corrimento branco acinzentado, homogêneo e fino que pode formar microbolhas, Se exacerba na menstruação e no coito Ausente dor, dispareunia e prurido • Diagnóstico – Critérios de Amsel (3/4) Teste das aminas (KOH 10%) positivo – (Wiffi teste) Visualização de Clue Cells (célula alvo, índice ou chave) no exame a fresco. Células do epitélio vaginal com contorno granuloso e irregular (presença de aderidas na membrana) PH alcalino > 4,5 Corrimento branco acinzentado, homogêneo, fino e com odor de peixe podre • Tratamento Pacientes sintomáticos Com confirmação no exame físico especial Gestantes Pacientes assintomáticos que serão submetidos a procedimentos cirúrgicos Via oral - Metronidazol 250mg, VO de 8/8h, por 7 dias ou 500mg VO, 12/12h, por 7 dias Não usar dose única porque predispõe a recorrência!!! - Clindamicina 300mg VO, 12/12hs, 7 dias - Tinidazol 1g, 2 cp, VO, dose única ou 1g, 2 cp, VO, 1x dia, por 2 dias - Secnidazol 1g, 2 cp VO, dose única ou 1g, 2 cp VO, 1x dia, por 2 dias Tópico (regime alternativo) - Metronidazol creme, via vaginal por 5 a 7 dias - Clindamicina creme 2%, via vaginal por 7 dias - Tinidazol creme, via vaginal por 7dias Evidências sinalizam eficácia semelhante ao tratamento oral Gestantes - Primeiro trimestre ~ Clindamicina 300mg VO, 12/12hs, 7 dias - Após o primeiro trimestre ~ Metronidazol 250 mg, VO de 8/8h ou 500mg VO, 12/12h, por 7 dias - Casos recorrentes ~ Metronidazol 250 mg, VO de 8/8 h ou 500mg VO, 12/12h, por 10 a 14 dias ~ Metronidazol creme vaginal, 10 dias, seguido tratamento supressivo – 2 aplicações por semana, por 4 a 8 semanas ~ Mesmo tratamento para puérpera e lactantes Não é IST - Não tratar o parceiro - Não tratar a paciente laudo citológico - Evitar o metronidazol dose única, associado a recidivas - Informar sobre o efeito antabuse ou dissulfiram like Fungos – candidíase • Incidência Incide em 75% das mulheres Existem várias espécies do gênero Cândida, sendo a Albicans a mais incidente (90%) Outras espécies também se mostram com relevância como: C. Albicans, Tropicallis, Glabrata, Krusei • Fatores predisponentes Estresse Gestação, obesidade, diabetes Anticoncepcional com alta dose estrogênica, antibioticoterapia, corticoides, hormonioterapia, imunossupressores, imunodeficiência Contato com alérgenos ou irritantes, hábitos de higiene e vestuário (roupas intimas sintéticas) 20 Rafaela Pamplona • Quadro clínico Leucorreia branca Grumosa, sem odor, aderida paredes vaginais; prurido, ardor e disúria, dispareunia, edema e hiperemia Irritação gênito-perineal e fissuras genitais Preferem pH Vaginal mais ácido Desenvolvem reação alérgica • Diagnóstico Exame Citológico de esfregaço cervico-vaginal à fresco Pseudo-hifas Exame Citológico cervico-vaginal-Papanicolaou Cultura em meios de Sabouraud, Progno-levine e Nickerson em casos de recidiva Imunológico – IgE para cândida em secreção vaginal, ELISA), Testes cutâneos • Tratamento Usar corticoide tópico para melhorar o desconforto genital Fazer abstinência sexual durante o tratamento para otimizar a eficácia da medicação Tratar apenas o parceiro sintomático; com medicação via oral • Tratamento – creme vaginal Miconazol / Nistatina Clotrimazol (Gino canesten / gyno clotrim) Tioconazol (Genérico Medley, creme Vaginal com tinidazol) Butoconazol (Gynazoli 1) Terconazol (Genérico EMS, creme Vaginal) Nitrato de Isoconazol (Genérico EMS, creme Vaginal) Nitrato de fenticonzol (Fentizol creme / óvulos) • Tratamento – oral Cetoconazol 200 mg, 2 cp VO, 1x dia, por 5 dias Fluconazol 150 mg, 1cp, VO, em dose única Itraconazol 100mg, 2 cp, VO, 2x dia, por 1 dia (4cp) Devem ser ingeridos junto com alimentos • Tratamento durante a gestação Tratamento realizado somente por via vaginal e tópica Tratamento oral está contraindicado na gestação e lactação • Tratamento de infecção recorrente Presença de 3 episódios em 1 ano Tratar parceiro sexual e Investigar imunodeficiência Tratamento oral - Fluconazol 150mg, VO dose única; semanal ou mensal - Itraconazol 100mg 2cp. VO, 2x dia, mensal por 3 a 6 meses Tratamento tópico - Creme vaginal / óvulo (3 a 6 meses) Protozoário – tricomoníase • Causada pela Trichomonas Vaginallis • Maior frequência em pacientes com baixo nível de higienização • PH alcalino ≥ 5 • Teste de Whiff – fracamente positivo (KOH 10%) • Frequentemente associada a outros microrganismos (gonococo) • Quadro clínico Corrimento purulento ou amarelo esverdeado com macro bolhas (flora anaeróbia), abundante e com mau cheiro; acompanhado de irritação leve Mucosa vaginal eritematosa e cérvice com pontos hemorrágicos “colo em framboesa ou morango” Fogacho vaginal Teste de Schiller malhado com aspecto tigróide ou pele de onça • Diagnóstico Clínico Laboratorial Exame Citológico de esfregaço cérvico-vaginal à fresco Exame Citológico cérvico-vaginal (Papanicolaou) PH maior ou igual a 5 • Tratamento oral Metronidazol 250 mg, VO de 8/8h ou 500mg VO, 12/12h, por 7 dias (MS, 2015) Metronidazol 400mg VO, 5cp. VO, dose única (2g) Tinidazol 1g, 2 cp, VO, dose única (2g) Clindamicina 300mg VO, 12/12hs, 7 dias Secnidazol 1g, 2cp VO, dose única (2g) • Tratamento tópico Não é recomendado porque o fármaco não atinge nível terapêutico nem na uretra nem na cérvice uterina Tratar Parceiro sexual • Tratamento gestante Recomenda Clindamicina (1º trimestre) e Metronidazol (após o 1º trimestre) 21 Rafaela Pamplona - Recomendação em contradição com evidências de várias fontes de renome que atestam a segurançado uso do Metronidazol no primeiro trimestre Primeiro trimestre - Clindamicina 300mg VO, 12/12hs, 7 dias Após o primeiro trimestre - Metronidazol 400mg, 5cp, VO, dose única - Metronidazol 250 mg, VO de 8/8 h ou 500mg VO, 12/12h, por 7 dias Vaginose citolítica • Ocorre devido à proliferação exacerbada de Lactobacillus, que estão presentes na flora vaginal normal. Assim como o estrógeno, essas bactérias são responsáveis por manter o pH vaginal mais ácido, próximo a 4-4,5 • Quadro clínico Leucorreia branco leitosa, fluida Prurido Disúria Dispareunia PH vaginal 3,5 a 4.5 • Diagnóstico Exame a fresco da secreção vaginal Aumento dos lactobacilos Ausência de patógenos e citólise Bacterioscopia (Gram) Ausência de microrganismo patogênicos Culturas de secreção vaginal – Negativas • Tratamento Objetivo - Diminuir o número de lactobacilos - Alcalinizar o pH vaginal - Ducha vaginal ~ Bicarbonato de sódio (30 a 60 g) em 1L de água ~ Usar 2 a 3 vezes/semana até a remissão do quadro Vaginite descamativa • Etiologia Vaginite purulenta Ausente processo inflamatório cervical ou do trato genital superior Prevalência aumentada na perimenopausa Em 70% da cultura da secreção vaginal revelam a presença de estreptococos beta-hemolítico do grupo B (Agalactae) O trato intestinal é um dos maiores reservatórios de estreptococos beta-hemolítico do grupo B • Quadro clínico Conteúdo vaginal purulento em grande quantidade PH vaginal alcalino Processo vaginal descamativo intenso na microscopia (Células profundas basais e parabasais) Flora vaginal tipo III com ausência de lactobacilos, este substituídos por cocos Gram-positivos Número elevado de polimorfonucleares • Tratamento Clindamicina creme vaginal, 1 aplicação ao dia, por 7 dias Estrogênio terapia tópica na pós menopausa Vaginite atrófica • Inflamação genital que surge em consequência da deficiente de estrogênio • Quadro clínico Queimação vaginal Diminuição da lubrificação Disúria, dispareunia Prurido vulvar intenso • Fatores que aumentam o risco Menopausa Radioterapia Quimioterapia Pós-parto Medicamentos (tamoxifeno, danazol, medroxiprogesterona) Ooforectomia: procedimento cirúrgico de remoção de um ou dos dois ovários (uni ou bilateral) • Diagnóstico Clínico Exame físico especial Hiperemia e fissuras em vulva Epitélio vaginal pálido, fino e liso Perda da elasticidade e turgor Estenose do introito vaginal Exame Citológico cérvico-vaginal (Papanicolaou) Colposcopia • Tratamento Estrogênio terapia Promestriene, estriol, estrógenos conjugados equíneos 22 Rafaela Pamplona Vulvodínia • Desconforto vulvar crônico tipo queimação • Provoca dispareunia • Causa dificuldade ou incapacidade para o ato sexual • Etiologia múltipla Infecção (HPV subclínico) Irritantes (sabão, sprays, agente) Terapêuticos (ATA) • Tratamento Tratar o agente etiológico, imunomoduladores e estrogênio terapia Cervicite/uretrite • Processo inflamatório do colo uterino Mucosa Glandular (Cervicite) Mucosa Glandular (Uretrite) Eptélio Escamoso (Cervicocolpite) Pólipo (Hiperplasia glandular reativa) Erosão, necrose, ulceração • Quadro clínico Assintomático Sinais inflamatórios Dor Secreção Dispareunia, disúria Sinusiorragia • Etiologia Vírus Fungos Protozoários Bactérias - Clamidia tracomatis - Neisséria gonorreia - Tuberculose - Sífilis • Diagnóstico laboratorial Uretrite – Gram - Diplococo gram negativo (intracelular) - Clamídia - Diplococo gram positivo (intracelular) – Gonococo Cervicite A distinção é tão complexa que muitas já fazemos o tratamento sindrômico que prover cobertura tanto para o Neisseria como para clamídia • Tratamento Protozoários/Fungos Gonococo - Ceftriaxona 500mg, IM, dose única - Ciprofloxacina 500mg, VO, dose única (Resistência) Clamídia - Azitromicina 1g, VO, dose única - Doxiciclina 100mg, VO, 12/12h, 7 dias (tem efeito colateral no trato gastrointestinal; a maioria não tolera) Gonococo disseminada - Ceftriaxona 500mg, IM, dia, manter por 48h ~ Quando poder ser trocado por Ciprofloxacina 500mg, VO, de 12/12h, por no mínimo 7 dias Menores de 18 anos e gestantes, a ciprofloxacina é contraindicada; sendo a Ceftriaxona a medicação de escolha • Tratamento na gestante Clamídia - Azitromicina 1g, VO, dose única - Amoxicilina 500mg de 8/8h, 7 dias - Estearato de eritromicina de 6/6h, 7 dias Gonococo - Ceftriaxona 500mg, IM, dose única - Espectinomicina 2g, IM, does única; se alérgica a cefalosporina Doença inflamatória pélvica – DIP • Definição Infecção aguda da mucosa endometrial que pode se estender para a cavidade pélvica e anexos Caracterizada por um conjunto de sinais e sintomas secundários à ascensão e à disseminação de patógenos no trato genital superior • Fatores predisponentes Restos ovulares Intervenções terapêuticas Intervenções semióticas Métodos contraceptivos (DIU) Uso de tampões vaginais • Etiologia Neisseria gonorreia Clamídia (Sorotipos de D a K) Mycoplasma Actinomyces Israelli (DIU) 23 Rafaela Pamplona Outros (Micoplasma, Ureaplasma, Escherichia coli, Estreptococus beta-hemolíticodo grupo A, Hemóphilus, Klebisiella) • Quadro clínico Dor pélvica Secreção purulenta com odor Quadro febril Dor à relação sexual e micção, lombalgia Sinais de peritonite • Critérios Maiores - Dor (hipogástrica, anexial, mobilização de colo) Menores ou adicionais: sinal de infecção clínica ou laboratorial - Temperatura > 38ºc - Secreção cervical e vaginal, massa pélvica - PCR ou VSH elevados, comprovação laboratorial de gonorreia, clamídia ou gonococo Elaborados ou definidos: vejo a doença - Presença de abcesso pélvico (USG, RNM) - Videolaparoscopia com evidência de DIP - Evidência histopatológica de endometrite Fechar diagnóstico com - 3 critérios maiores e 1 critério menor ou 1 critério elaborado • Diagnóstico Clínico Laboratorial Hemograma e cultura em Agar sangue/ chocolate/ meio específico Ultrassonografia Laparoscopia / Laparotomia Histopatológico • Tratamento de acordo com a classificação de Monif Ambulatorial - Estágio I: sem peritonite – com retorno em 48 a 72 horas Hospitalar - Estágio II: com peritonite - Estágio III: oclusão tubária ou abcesso tubo ovariano - Estágio IV: Abcesso maior que 10cm ou roto • Resumo do tratamento Ambulatorial → Monif (não complicada) Hospitalar → Monif > 1 - Gestantes imunodeprimidas - Sem melhora após 72h - Intolerância ou má adesão ao tratamento ambulatorial • Ambulatorial I Ceftriaxona 500mg IM, dose única Doxiciclina 100mg, VO, de 12/12h por 14 dias Com ou sem Metronidazol 500mg, VO de 12/12h, 14 dias (MS,2018) • Ambulatorial II Cefoxitina 2g IM, dose única e Probenecid 1g, VO, dose única Doxiciclina 100mg, VO, de 12/12h por 14 dias Com ou sem Metronidazol 500mg, VO de 12/12h, 14 dias • Hospitalar I Clindamicina 900mg IV, de 8/8h Gentamicina 2mg/kg IV, e manutenção de 1,5mg/kg de 8/8hs • Hospitalar II Cefoxitina 2g IV, de 6/6h Doxiciclina 100mg, VO, de 12/12h • Tratamento Ambulatorial Hospitalar Clínico: antibióticos / analgésicos / antitérmico Cirúrgico: laparoscopia, Laparotomia Drenagem por via transvaginal ou percutânea Retirada de DIU Curetagem uterina 24 Rafaela Pamplona • Complicações precoces Abcesso tubo ovariano Fase aguda da síndrome de Fitz-Hugh-Curtis- É a peri-hepatite, demonstrada pela dor do quadrante superior direito em uma mulher com diagnóstico clínico de DIP e nenhuma outra causa para essa dor, geralmente causando dor à palpação de quadrante superior direito de abdome, podendo ter envolvimento pleurítico e dor irradiada para ombro - Caracterizada pela presença de exsudato purulento na cápsula de Gilson Risco de morte (se não adequadamente tratada) • Complicações tardias – mnemônico D – dispareunia D – dor pélvica crônica I – infertilidade P – prenhez ectópica (gravidez ectópica) Fase crônica da síndrome de Fitz-Hugh-Curtis - Aderências tipo “corda de violino” entre a superfície hepática e a parede abdominal anterior Vulvovaginite na infância • Importante Anamnese detalhada com investigação sutil para indícios de abuso sexual Exame físico minucioso (diferenciado) Destacar conteúdo vaginal fisiológico (infância/ adolescência) • Fatores predisponentes anatômicos Vulva mais anteriorizada Grandes lábios sem coxins Ninfas não desenvolvidas Períneo não desenvolvido • Fatores predisponentes fisiológicos Epitélio vaginal glicogênio Vagina sem glicogênio Vagina sem bacilos Duoderlein PH Neutro Falta lisozima • Fatores descendentes Má higiene do períneo Manipulação Masturbação Higiene anal e vulvar Corpo estranho Intimidade com adultos Abuso sexual • Etiologia Tricomonas Gardnerella Fungos Neisseria gonorreia Clamídia trachomatis MEMORIZE JÁ!!! Tem preferência por pH < 4,5 (ácido) → Candidíase Está associada a clue cells → Vaginose/ Gerdnerella Tem associação com pseudo-hifas → Candidíase Tem protozoário móvel e sempre tem que tratar o parceiro → Tricomoníase Na maioria das vezes assintomática e tem odor de “peixe podre” → Vaginose/ Gerdnerella Qual a mais frequente em crianças → inespecífica
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