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APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL, COMPETÊNCIAS E GESTÃO DO CONHECIMENTO AULA 1 Prof.a Ana Paula Escorsin 2 CONVERSA INICIAL Em nossa primeira aula, vamos analisar algumas definições importantes sobre as competências no contexto organizacional. Com o processo de globalização, houve incremento da concorrência em um mercado competitivo, fez-se necessário maior nível de complexidade das arquiteturas das corporações, as relações comerciais se modificaram, aumentaram as exigências por produtos e serviços que tenham maior valor agregado. Para que você compreenda as competências como modelo de gestão para as organizações, a primeira aula terá a seguinte estrutura: Conceito de competências Competências organizacionais e individuais Entrega de competências Mapeamento de competências Avaliação e certificação de competências CONTEXTUALIZANDO Com base no material estudado, faça uma análise da empresa em que você trabalha. A partir dessa análise, identifique: quais seriam as competências organizacionais para a sua empresa? Para essa identificação, você pode utilizar um dos dois métodos sugeridos por Takahashi (2015, p. 49). O primeiro método se refere a consultar o planejamento estratégico da empresa (como site na internet, ver a missão, a visão, os objetivos) e o segundo método é realizar algumas conversas (entrevistas) com alguns outros funcionários; veja um exemplo de modelo de formulário em Takahashi (2015, p. 50). PESQUISE Para melhor embasar sua análise sobre a definição das competências organizacionais para a empresa que trabalha, consulte o material a seguir: TAKAHASHI, A. R. W. Competências, aprendizagem organizacional e gestão do conhecimento. Curitiba: Intersaberes, 2015. p. 48-50. 3 BRANDÃO, H. P.; GUIMARÃES, T. A. Gestão de competências e gestão de desempenho: tecnologias distintas ou instrumentos de um mesmo construto? Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rae/v41n1/v41n1a02.pdf TEMA 1 – CONCEITO DE COMPETÊNCIAS O conceito de competências passou por transformações ao longo dos tempos. Para Takahashi (2015, p. 16), os primeiros estudos foram realizados na década de 1970 por McClelland. Esse autor propôs substituir os testes de QI (quociente de inteligência) por abordagem de competências para seleção de pessoas. A partir disso, para a autora, estabelecem-se duas correntes de estudos: uma com ênfase em estratégia e análise organizacional e outra com ênfase no indivíduo e na gestão de pessoas em organizações, as quais serão abordadas no segundo tema desta aula. Competências, em linhas gerais, é uma forma de expressão do quão bem uma empresa desempenha as atividades necessárias para o seu sucesso (Takahashi, 2015, p. 23). Dutra (2004, p. 24), comentando Fleury (2000), diz que é o “saber agir responsável e reconhecido, que implica mobilizar, interligar, transferir conhecimentos, recursos, habilidades que agreguem valor econômico à organização e valor social ao indivíduo”. Para Takahashi (2015, p. 23), “a noção de competências está associada a ações, como: saber agir, mobilizar recursos, integrar saberes múltiplos e complexos, saber aprender, saber se engajar, assumir responsabilidades e ter visão estratégica”. Takahashi (2015, p. 23), comentando Bruno-Faria e Brandão (2003), aponta que “competências representam combinações sinérgicas de conhecimentos, habilidades e atitudes, expressos pelo desempenho profissional, dentro de determinado contexto organizacional”. A competência, segundo Dutra (2004, p. 23), “"pode ser atribuída a diferentes atores”. Para o autor, de um lado, está a organização, com um conjunto de competências que lhe é próprio, decorrente do processo de desenvolvimento da organização, concretizado em seu patrimônio de 4 conhecimentos, o qual establece vantagens competitivas à empresa no contexto em que está inserida. Diz o autor que, de outro lado, estão as pessoas, com seu conjunto de competências (Dutra, 2004, p. 23). Entre a organização e as pessoas se processa uma contínua troca de competências. A organização transfere suas competências às pessoas, preparando-as para enfrentar novos desafios profissionais e pessoais, tanto dentro da organização como fora dela. As pessoas, ao desenvolverem suas capacidades, transferem à organização seus aprendizados, capacitando-a a gerenciar os novos desafios do mercado em que está inserida (Dutra, 2004). Dessa forma, o conceito de competência, para Dutra (2004, p. 24), transforma-se em instrumento de gestão, o qual busca: “integrar a gestão de pessoas às estratégias organizacionais. integrar as competências organizacionais às competências individuais” (Dutra, 2004, p. 24). Em sintese, a organização existe como um sistema de competências. Esse sistema define o desempenho da empresa e confere a ela vantagens competitivas, dependendo da forma como utiliza e articula seus recursos (Takahashi, 2015). Com essas ideias, finalizamos o conceito inicial de competências. O próximo tema abordará a relação entre as competências organizacionais e as individuais. Leitura Obrigatória TAKAHASHI, A. R. W. Competências, aprendizagem organizacional e gestão do conhecimento. Curitiba: Intersaberes, 2015. Capítulo 1, p. 15 a 24. Saiba Mais VIEIRA, A. E GARCIA, F. C. Gestão do Conhecimento e das Competências Gerenciais: um estudo de caso na indústria automobilística. RAE. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/raeel/v3n1/v3n1a07.pdf>. Acesso em: 12 set. 2016. Introdução, p. 3; 4. Assista ao vídeo do YouTube, o qual apresenta o modelo de gestão por competências implantado pelo TRE do Rio Grande do Norte. 5 Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=yV_0SRUg-4Y TEMA 2 – COMPETÊNCIAS ORGANIZACIONAIS E INDIVIDUAIS Vimos no primeiro tema que existem duas abordagens para as competências, uma com ênfase nas organizacionais e outra com ênfase nas individuais. A seguir, veremos essas duas abordagens. 1. Competências organizacionais As competências organizacionais se referem ao nível coletivo de uma empresa. Esse tipo de competência representa o valor que é agregado a uma organização resultante do trabalho realizado em conjunto, implica cooperação entre todas as pessoas (Takahashi, 2015). As competências organizacionais retratam o diferencial de uma empresa, apontam em quais aspectos essa organização quer ser reconhecida pelo mercado em que atua, sendo a base para definir suas ações. As competências organizacionais diferenciam uma corporação, constituem aquilo que ela faz bem e que é impossível de ser imitado pela concorrência, a curto prazo. Torna-se importante que as empresas identifiquem suas competências, para que melhor utilizem seus recursos a fim de atingir vantagens competitivas e visualizar novas oportunidades de mercado. 2. Competências individuais Para Dutra (2004, p. 30), há uma grande diversidade de conceitos sobre competências individuais, as quais se complementam. A escola americana entende como o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias para a pessoa exercer um cargo. A escola francesa entende como a entrega da pessoa para a organização. Vamos analisar as competências individuais como o somatório dessas duas linhas. As competências individuais (ou humanas ou profissionais) são as que expressam os conhecimentos, as habilidades e as atitudes dos indivíduos que trabalham em uma organização. Dessa ideia, originou-se a sigla CHA, em que o“C” significa conhecimento, o “H”, habilidade e o “A”, atitude. 6 Os conhecimentos, para Takahashi (2015), são as informações, o saber o quê e o porquê. As habilidades são as técnicas, a capacidade e o saber como fazer. As atitudes são o querer fazer, a identidade e a determinação. Essas competências se diferenciam conforme a complexidade do trabalho, manifestam-se pelas ações práticas realizadas pelos funcionários e se referem ao conjunto de atributos ou recursos de um indivíduo (Takahashi, 2015, p. 35). Dutra (2004, p. 30) aponta que a competência é colocar em prática o que se sabe em um determinado contexto, levando-se em conta as relações de trabalho, a cultura da empresa, imprevistos, limitações de tempo e de recursos. Pode-se falar de competência quando há ação, ou seja, é saber ser e mobilizar o repertório individual em diferentes momentos. Em uma organização, as competências individuais devem estar alinhadas às competências organizacionais para que as suas estratégias e os seus objetivos sejam alcançados. É preciso que haja convergência entre a visão da empresa com aquilo que ela e os funcionários desenvolvem. Após termos analisado esse segundo tema, vamos abordar o conceito de entrega, para isso, veja o nosso próximo assunto. Leitura Obrigatória TAKAHASHI, A. R. W. Competências, aprendizagem organizacional e gestão do conhecimento. Curitiba: Intersaberes, 2015. p. 25- 28; p. 35-43. Saiba Mais VIEIRA, A. E.; GARCIA, F. C. Gestão do conhecimento e das competências gerenciais: um estudo de caso na indústria automobilística. RAE. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/raeel/v3n1/v3n1a07.pdf TEMA 3 – ENTREGA DE COMPETÊNCIAS Para melhor compreendermos o conceito de entrega, pense na seguinte situação: um funcionário da área de compras de uma empresa que tem um adequado conjunto de conhecimentos conduz os processos de compras com experiência, rapidez e cordialidade para com os clientes internos e com os fornecedores, porém, por vezes, privilegia determinados fornecedores por 7 serem seus amigos, mesmo quando estes estão com preços mais elevados. Esse funcionário tem as competências para o cargo, no entanto, sua entrega, ou seja, o resultado do seu trabalho está desalinhado com os resultados requeridos pela empresa, portanto, sua entrega não agrega valor à organização, mas sim a alguns fornecedores. Nesse exemplo, podemos dizer que o funcionário é competente? O que você pensa sobre isso? Afinal, ele possui o conhecimento, a habilidade e até a atitude para o cargo de comprador. Mas e o seu resultado ou a sua entrega, como estão? Podemos dizer que estão desalinhados com os resultados organizacionais. A partir desse exemplo, podemos analisar que competência envolve o somatório de dois aspectos: a entrega e as características da pessoa, e essas características a ajudam a entregar com maior facilidade (Dutra, 2004). Takahashi (2015), citando Zarifian (2001), diz que competência é a tomada de iniciativa e responsabilidade do indivíduo em situações de trabalho. Como a competência se dá por meio de ação, é preciso que o indivíduo queira entregar essa ação por meio do seu trabalho de forma que agregue valor à organização. As competências individuais são combinações sinérgicas de conhecimentos, habilidades, atitudes e entregas expressas pelo desempenho profissional, que agrega valor à empresa e se dá no contexto do trabalho (Takahashi, 2015). Dutra (2004, p. 31) diz que “as pessoas atuam como agentes de transformação de conhecimentos, habilidades e atitudes em competência entregue para a organização. A competência entregue pode ser caracterizada como agregadora de valor ao patrimônio de conhecimento da organização”. O conceito de agregar valor fica claro para você? Que tal falarmos um pouco sobre isso? Agregar valor, para Dutra (2004), é como algo que a pessoa entrega para a organização de forma efetiva, ou seja, que fica mesmo quando o funcionário sai da empresa. Agregar valor não é atingir metas de faturamento ou de produção, mas melhorar processos ou desenvolver novas tecnologias. Vamos voltar ao nosso exemplo do início, o do funcionário do setor de compras. Como poderíamos pensar em um funcionário que tivesse as competências e que entregasse agregando valor à empresa? 8 Vejamos: caso o funcionário tivesse adequado conjunto de conhecimentos, conduzisse os processos de compras com experiência, rapidez e cordialidade, e, além disso, percebesse uma inadequação do processo, a qual permitisse que os funcionários da área de compras privilegiassem alguns fornecedores e, com essa percepção, fizesse um novo desenho para o fluxo de compras que protegesse a empresa desse tipo de situação, elaborasse um projeto, apresentando-o ao gestor e esse projeto fosse aprovado, você imaginaria que nessa situação o funcionário estaria sendo competente, entregando e agregando valor à organização? O conceito de competências individuais só estará completo se associarmos a ele estes dois outros aspectos: entrega e agregar valor. Como você poderia pensar nesse conceito para um profissional da área de RH de uma empresa? Vejamos um exemplo: um funcionário que atua na área de RH de uma empresa tem formação superior em RH, e, durante sua faculdade desenvolveu, na prática, todos os processos de RH, portanto, sabe como fazê-los, demostra facilidade de relacionamento, é inovador, tem iniciativa e desenvolve um novo processo de seleção de pessoas com base em competências. Podemos dizer que esse funcionário possui as competências requeridas para o cargo, que sua entrega agrega valor à empresa em que está trabalhando. Espero que esse conceito de entrega de competências tenha ficado claro para você. Em nosso próximo tema, vamos ver como são identificadas as competências organizacionais e as individuais, identificação chamada de mapeamento de competências. Leitura Obrigatória TAKAHASHI, A. R. W. Competências, aprendizagem organizacional e gestão do conhecimento. Curitiba: Intersaberes, 2015. p. 39-40. Saiba Mais MOREIRA, C. Vinculando competência à capacidade de entrega. Disponível em: http://www.rh.com.br/Portal/Desempenho/Artigo/7919/vinculando-competencia- a-capacidade-de-entrega.html 9 TEMA 4 – MAPEAMENTO DE COMPETÊNCIAS Para que uma empresa saiba quais são as competências organizacionais e as individuais que precisa para atingir seus resultados, faz-se necessário que haja um mapeamento ou uma identificação dessas competências. Takahashi (2015, p. 48) diz que o mapeamento “é realizado para identificar a lacuna (gap) entre as competências (organizacionais e individuais) existentes na organização e as competências desejadas por ela”. Existem técnicas e métodos para realizar o mapeamento de competências (Takahashi, 2015, p. 49). Vejamos quais são os principais passos para mapear competências. O primeiro passo é mapear as competências organizacionais. Estas podem ser mapeadas por meio do planejamento estratégico, com a definição da missão, da visão de futuro, dos objetivos, do estabelecimento de indicadores de desempenho e das metas organizacionais. Outra forma de mapeá-las se dá por meio de entrevistas com os funcionários que trabalham na empresa. Essas entrevistas podem ser individuais ou coletivas, em reuniões com áreas ou com cargos específicos; pode-se, inclusive, utilizar-se de um questionário para subsidiar as reuniões. Precisam ser conduzidas com cuidado para garantir a confiabilidade e o sigilo dos dados coletados. Com esse mapeamento feito,podem surgir competências que não são tão relevantes para atingir os objetivos organizacionais, por isso, faz-se necessário identificar as que estão, de fato, alinhadas com as estratégias da empresa. O segundo passo se refere a mapear as competências individuais, aquelas necessárias para que os colaboradores trabalhem alinhados com a organização. O método a ser seguido é o mesmo do mapeamento das organizacionais. O terceiro passo é certificar-se de que competências a empresa apresenta. Veremos esse passo no tema cinco desta aula. Com as competências mapeadas e certificadas, a empresa passa a ter sua gestão baseada em competências, o que requer da área de gestão de pessoas que alinhe seus processos de atração de pessoas, de treinamento e 10 desenvolvimento, de avaliação de desempenho e de recompensa às competências mapeadas. O mapeamento de competências deve ser feito periodicamente, pois a cada revisão do planejamento estratégico e de acordo com os resultados organizacionais novas competências são requeridas. É preciso, também, desenvolver as competências individuais, por meio dos programas de treinamento e da gestão do desempenho dos colaboradores. Leitura Obrigatória TAKAHASHI, A. R. W. Competências, aprendizagem organizacional e gestão do conhecimento. Curitiba: Intersaberes, 2015. p. 48-52. Saiba Mais BRANDÃO, H. P.; BABRY, C. P. Gestão por competências: métodos e técnicas para mapeamento de competências - mapeamento de competências (p. 4-11). Disponível em: http://seer.enap.gov.br/index.php/RSP/article/download/224/229 TEMA 5 – AVALIAÇÃO E CERTIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIAS Vimos a importância e como mapear as competências, mas a gestão por competências não para por aí, é preciso certificar e avaliar se as que foram mapeadas estão em sintonia com as diretrizes da empresa. Para Takahashi (2015, p. 66), “a certificação de competências é um processo de avaliação utilizada para reconhecê-las e atestá-las”. Esse processo visa comparar o resultado do desempenho com o que se espera de desempenho, segundo Takahashi (2015), citando Brandão e Guimarães (2001). 1. Avaliação das competências organizacionais Para avaliar as competências organizacionais, é preciso seguir um modelo. Takahashi (2015) sugere o modelo de Mills (2002), no qual se compara “o desempenho da organização com o dos concorrentes” (Takahashi, 2015, p. 66). Para essa avaliação, elabora-se um questionário para entrevistar os funcionários. Nesse questionário são avaliadas duas ou três competências 11 organizacionais identificadas no mapeamento, aquelas que a empresa considera essenciais. Os funcionários participantes devem ser orientados a responder, sempre, em relação aos concorrentes. Após obter os resultados individuais, é necessário compará-los com todos os resultados, para encontrar o consenso de respostas. Ao avaliar as competências organizacionais da empresa em relação ao concorrente, é possível identificar se o cenário de competências estabelecido para a organização está coerente. Caso seja identificada alguma inconsistência, é necessário fazer ajustes das competências organizacionais mapeadas. Takahashi (2015), na p. 66, traz o modelo de um quadro com um dos aspectos a serem pesquisados, como o desempenho da empresa. Vejamos o exemplo no Quadro 1. Quadro 1 - Exemplo de avaliação de competências Fonte: Takahashi (2015, p. 66), citando Mills (2002). Vejamos outro exemplo: uma empresa que ao mapear as competências organizacionais identificou “foco no cliente” como uma entre as três mais relevantes, após a pesquisa com modelo do quadro, identificou que foco no cliente é força de alta competência, e, com essa constatação, fixou-a como uma de suas competências. Portanto, esse modelo visa definir as principais competências organizacionais (entre duas a três competências). Porém, o processo de avaliação ainda não terminou, pois há mais uma etapa. Nessa última etapa, são definidos os recursos necessários para cada uma das competências. Takahashi (2015) diz que podem ser utilizadas duas metodologias ou visão baseada em recursos (VBR) ou a de Grant (1991), que classifica os recursos em seis diferentes tipos, como: humanos, financeiros, físicos, organizacionais, reputacionais e tecnológicos. Desempenho da empresa Força ou fraqueza Competência Muito abaixo da média do setor Fraqueza significativa Muito baixa Abaixo da média do setor Fraqueza Baixa Na média do setor Nem força nem fraqueza Média No mesmo nível que o melhor Força Alta Liderança inquestionável Força significativa Muito alta 12 Vamos retornar ao exemplo acima, o da empresa que definiu como uma de suas competências o “foco no cliente”. Após essa definição, é preciso que a empresa identifique de quais recursos vai necessitar para que essa competência seja efetiva. Por exemplo: pode identificar que precisa de recursos financeiros para melhorar sua área de atendimento ao cliente e para treinar seus colaboradores. Esses recursos avaliados terão de fazer parte de seu orçamento, de suas ações. É importante mencionar que a avaliação das competências organizacionais é um exercício, e não um julgamento (Takahashi, 2015, p. 71). Takahashi (2015, p. 66) diz que “a avaliação pode ser conduzida por uma pessoa, por uma equipe ou por um consultor especializado”. 2. Avaliação das competências individuais Segundo Takahashi (2015, p. 71), “as competências individuais podem ser atestadas por meio da certificação de competências, um processo de avaliação que reconhece se as pessoas estão de fato tendo o desempenho esperado, definido pela organização”. Cabe reforçar que as competências são dinâmicas e podem mudar, tanto para melhor como para pior, por isso, devem ser reavaliadas, frequentemente (Takahashi, 2015, p. 69). Leitura Obrigatória TAKAHASHI, A. R. W. Competências, aprendizagem organizacional e gestão do conhecimento. Curitiba: Intersaberes, 2015. p. 66-72. Saiba Mais ALMEIDA, L. F.; CATTO, F.; ROSA, E. A.; MONTEIRO, R. C. R. V.; HASSMANN, S. N. J. C. Certificação de competências organizacionais: protótipo de modelo de gestão por competências. Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional, 2014. Disponível em: http://www.rbgdr.net/revista/index.php/rbgdr/article/view/1618 TROCANDO IDEIAS Com base no material estudado, vamos fazer um fórum de debates! 13 Nesse fórum, vamos analisar a sua atuação enquanto profissional da área de recursos humanos. A partir dessa análise, mapeie as competências necessárias para o profissional de RH. Troque ideias com os colegas! Para auxiliá-los na definição das competências para o profissional de RH, consulte o artigo: ULRICH, D.; YOUNGER, J.; BROCKBANK, W.; ULRICH, M. As novas competências de RH: parceria de negócios de fora para dentro. Disponível em: http://rbl.net/pdfs/latam/newhr-port.pdf NA PRÁTICA Leia o caso abaixo: A empresa – Lojas Minha Casa – atua no ramo comercial de eletrodomésticos, e está implantando gestão por competências. Ao mapear as competências organizacionais, identificou as seguintes competências como essenciais para os resultados da empresa: Orientação para o cliente Foco na execução dos trabalhos com resultado Trabalho em equipe Você é um profissional que atua na área de RH das Lojas Minha Casa e foi convidado a fazer parte da equipe que realizará a certificação das competências organizacionais. Essa equipe irá utilizar o quadro modelo de avaliação de competências organizacionaisconforme proposto por Takahashi (2015, p. 66), seguindo o modelo Mills (2002). Para a resolução do caso você deve: a) Compreender o caso citado acima. b) Elaborar o modelo de avaliação contendo três quadros (um para cada competência organizacional). c) Para auxiliá-lo na elaboração do modelo com os três quadros, você pode retornar ao tema 5 desta aula – Avaliação e certificação de competências –, além de consultar o capítulo 3, p. 66, do livro: TAKAHASHI, A. R. W. 14 Competências, aprendizagem organizacional e gestão do conhecimento. Curitiba: Intersaberes, 2015. d) Você deve simular um resultado para a empresa Lojas Minha Casa em relação às três competências organizacionais, fazendo um relato sobre os resultados encontrados. Apresentação da solução do caso para a empresa Lojas Minha Casa: O modelo de avaliação das competências organizacionais com os três quadros: Quadro com a primeira competência organizacional “orientação para o cliente”. Quadro com a segunda competência “foco na execução dos trabalhos com resultado” Quadro com a terceira competência “trabalho em equipe” Orientação para o cliente Força ou fraqueza Competência Muito abaixo da média do setor Fraqueza significativa Muito baixa Abaixo da média do setor Fraqueza Baixa Na média do setor Nem força nem fraqueza Média No mesmo nível que o melhor Força Alta Liderança inquestionável Força significativa Muito alta Foco na execução dos trabalhos com resultado Força ou fraqueza Competência Muito abaixo da média do setor Fraqueza significativa Muito baixa Abaixo da média do setor Fraqueza Baixa Na média do setor Nem força nem fraqueza Média No mesmo nível que o melhor Força Alta Liderança inquestionável Força significativa Muito alta Trabalho em equipe Força ou fraqueza Competência Muito abaixo da média do setor Fraqueza significativa Muito baixa Abaixo da média do setor Fraqueza Baixa Na média do setor Nem força nem fraqueza Média No mesmo nível que o melhor Força Alta Liderança inquestionável Força significativa Muito alta 15 Simulação do resultado para a empresa Lojas Minha Casa em relação às três competências organizacionais. O aluno pode encontrar um resultado como o do exemplo abaixo; para tal resultado, pode fazer o seguinte relato: A competência organizacional orientação para o cliente se encontra no mesmo nível da dos melhores concorrentes, portanto é uma força alta. A competência organizacional foco na execução dos trabalhos com resultado se encontra na média das empresas do mesmo setor, portanto não é força e nem fraqueza. A empresa está em uma faixa média em relação a essa competência, portanto, requer que seja desenvolvida. Em relação à competência organizacional trabalho em equipe, a empresa é uma liderança inquestionável, portanto a competência é muito alta. Essa competência, também, requer atenção, por ser valorizada em demasia pelos funcionários. FINALIZANDO Nesta primeira aula, analisaram-se os conceitos introdutórios de competências, para que, com base nessas ideias iniciais, possamos compreender o funcionamento da gestão por competências e o quanto essa se mostra como fator de sucesso para as organizações contemporâneas, pois possibilita alinhar as estratégias organizacionais aos resultados e às entregas individuais, de forma a agregar valor tanto para a organização como para o indivíduo e o meio social no qual a empresa está inserida. Compreendemos que as competências se dividem em: organizacionais e individuais. As organizacionais são aquelas gerais, relativas à empresa e que todos os colaboradores devem ter. As individuais são as relativas às pessoas ou aos profissionais, as quais são utilizadas para a realização das atividades diárias. Vimos que ao conceito de competências se vincula o conceito de entrega, pois as ações realizadas pelos colaboradores nos exercícios de suas atividades precisam agregar valor à organização. As competências precisam ser mapeadas com a participação dos colaboradores e observando o planejamento estratégico da empresa. Para a garantia de sua adequação ao cenário atual da empresa, após mapeadas, as 16 competências precisam ser certificadas por meio de criterioso processo de avaliação. Como as competências são dinâmicas e podem mudar, precisam ser reavaliadas, periodicamente. REFERÊNCIAS DUTRA, J. S. Competências: conceitos e instrumentos para a gestão de pessoas na empresa moderna. São Paulo: Atlas, 2004. TAKAHASHI, A. R. W. Competências, aprendizagem organizacional e gestão do conhecimento. Curitiba: Intersaberes, 2015.
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