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Ana Luiza Spiassi Sampaio Medicina UFSM – Turma 109 É uma síndrome álgica musculoesquelética crônica, de duração > 3 meses, generalizada; Distúrbio do processamento dos centros aferentes ➝ dor; Não autoimune e não inflamatória; Etiologia desconhecida; Características: dor muscular difusa e crônica (duração >3 meses), associadas frequentemente a queixas de fadiga, distúrbios do sono e baixa tolerância aos exercícios físicos; o Adormecimentos, pontadas, queimação e cãibras; o Edema de membros, tontura, palpitações, alterações cognitivas, ansiedade e humor deprimido; o Portadores de fibromialgia podem ter síndromes disfuncionais que acarretam dores localizadas ou em órgãos específicos ➝ dor de parede abdominal por cólon irritável; síndrome uretral feminina; cistite intersticial; É um dos distúrbios musculoesqueléticos mais prevalentes; Prevalência no sexo feminino (8:1); Entre 35 e 60 anos; Fibromialgia pode coexistir com outras doenças reumatológicas (artrite reumatóide, lúpus eritematoso sistêmico, espondilite anquilosante, osteoartrite, etc); Parentes de 1º grau de indivíduos afetados têm chances 8,5x maiores de desenvolver a doença do que parentes de 1º grau de portadores de AR; Não é bem conhecida; Causa multifatorial ➝ aspectos genéticos e psicológicos; Aspectos psicológicos: traços de personalidade (indivíduos perfeccionistas ou abnegados), indivíduos que catastrofizam e têm crenças negativas (a crença de que a dor não pode ser controlada), hipervigilantes, preocupação exagerada, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), depressão e ansiedade; Alterações do padrão do sono e da resposta neuroendócrina ao estresse e desregulação autonômica; Heranças genéticas: polimorfismos na enzima catecol-O-metiltransferase, em transportadores e receptores de serotonina e de genes dos receptores D4 da dopamina, de receptores opioides µ, transportadores de sódio voltagem-dependentes, GTP ciclohidrolase e em vias gabaérgicas; Fatores “gatilho”: traumas na infância, acidentes (especialmente os que envolveram o tronco), infecções virais (HCV e EBV), apneia do sono, inflamação articular crônica, eventos psicologicamente estressantes e transtorno do estresse pós-traumático. Sensibilização central ➝ portadores de fibromialgia sentem mais dor do que o esperado para certo estímulo nociceptivo; o Somatório temporal dos impulsos neurais; o Diminuição do limiar da dor; o Alteração do processamento da dor; o Prejuízo da via inibitória da dor; Alterações musculares: o Hipóxia crônica ➝ sensibilização das fibras não- mielinizadas; o Fragmentação do DNA; o Aumento da substância P; o Desregulação vascular; Alterações neuro-hormonais e autonômicas: o Altos níveis de ACTH; o Aumento do cortisol; Ana Luiza Spiassi Sampaio Medicina UFSM – Turma 109 o Inibição do GH ➝ ↑ACTH ➝ ↑somatostatina ➝ inibe GH; o Hiperreatividade do SNA; o Sono alfa-delta; Há inibição das vias descendentes inibitórias da dor (modulam a resposta medular aos estímulos dolorosos); ↑ACTH ➝ ↑somatostatina ➝ inibe GH; Aumento do tônus simpático durante o sono ➝ fragmentação do sono ➝ fadiga, rigidez matinal, distúrbios do sono, ansiedade e irritabilidade; Presença de sono alfa-delta; o Fisiologicamente: À medida que as fases do sono não-REM progridem, a frequência das ondas cerebrais diminui; Na vigília com olhos fechados, as ondas têm frequência entre 8Hz e 13Hz ➝ ondas alfa; Fase IV do sono não-REM é constituída majoritariamente por ondas delta (<4 Hz) ➝ fase responsável pelo sono reparador e recuperador; o Pacientes com fibromialgia: redução da eficiência do sono, com pequenos despertares noturnos frequentes, diminuição da duração de sono de ondas lentas e intrusão de ondas alfa nas fases do sono profundo ➝ padrão de sono alfa- delta; não é específico da fibromialgia; Tríade clássica: o Dor difusa crônica (bilateral, acima e abaixo do tronco e no esqueleto axial, duração >3 meses); o Fadiga ➝ piora após esforço físico; o Distúrbios do sono; Dor: generalizada, de intensidade variável ao longo dos dias e de caráter migratório; o Pode começar localizada, tornando-se difusa posteriormente; Exame físico normal, à exceção da presença de dor; Hipersensibilidade ➝ avaliada para a presença de alodinia (dor a um estímulo não doloroso em situações normais) ou hiperalgesia (dor extrema e desproporcional a um estímulo doloroso); Ana Luiza Spiassi Sampaio Medicina UFSM – Turma 109 Critérios de classificação da American College of Rheumatology de 1990: o Dor difusa (bilateral, acima e abaixo do tronco, acometendo esqueleto axial, por no mínimo 3 meses); o Detecção de onze pontos dolorosos à palpação (dentre 18) ➝ tender points; Tender points: 1) Na inserção dos músculos (mm.) subocciptais; 2) Na borda anterior dos espaços intertransversais das vértebras C5- C6; 3) No corpo da borda superior do m. trapézio; 4) Na origem do m. supraespinhal, acima da espinha da escápula; 5) Na segunda costela, junto à articulação costocondral; 6) 2cm distais ao epicôndilo lateral; 7) No quadrante súperolateral da região glútea; 8. imediatamente posterior ao trocânter maior do fêmur; 9. na interlinha medial do joelho. Critérios de 2010 da American College of Rheumatology ➝ inclui o índice de dor generalizada (IDG) e a escala de gravidade dos sintomas (EGS); o IDG: marcar as áreas em que o paciente sentiu dor nos últimos 7 dias: o EGS: marcar a gravidade (de 0 à 3) dos seguintes sintomas nos últimos 7 dias: Fadiga (cansaço ao executar atividades): (0) (1) (2) (3) Sono não reparador (acordar cansado): (0) (1) (2) (3) Sintomas cognitivos (dificuldade de memória, concentração): (0) (1) (2) (3) ➝ Sendo que: 0 = ausente; 1 = leve ou intermitente; 2 = moderado: intensidade moderada, sintoma geralmente presente; 3 = grave: sintoma persistente, contínuo, com prejuízo da qualidade de vida e funcionalidade; Subtotal:___________ (máximo de 9); ➝ Sintomas somáticos: Você apresentou um desses sintomas nos últimos 6 meses? Dor abdominal: Não (0) Sim (1) Cefaleia: Não (0) Sim (1) Depressão: Não (0) Sim (1) Total do EGS: _______ (máximo de 12) Total do IDG e EGS: ______(máximo de 18 pontos) ➝ Classifica-se como fibromialgia se as 3 condições estiverem presentes: IDG ≥ 7 e EGS ≥ 5, ou IDG 3-6 e EGS ≥ 9; Sintomas estáveis e presentes por pelo menos 3 meses; Não haver outra causa que explique os sintomas; Diagnósticos diferenciais: osteoartrite, artrite reumatoide, espondiloartrites, hipotireoidismo, deficiência de vitamina D/osteomalácia, polimialgia reumática, miopatias inflamatórias, distrofias musculares, parkinsonismo, hipopotassemia, uso de certos medicamentos (estatinas, bloqueadores de H2) ou drogas ilícitas (cocaína, cannabis); Exames complementares que auxiliam o diagnóstico diferencial: reagentes de fase aguda (VHS e PCR), função tireoideana, avaliação do metabolismo ósseo (cálcio, paratormônio e vit. D), potássio sérico (uso de diuréticos), dosagem sérica de enzimas musculares (CPK e aldolase), eletroforese de proteínas séricas e sorologias (HCV, HBV, HIV, citomegalovírus, toxoplasmose parvovirose); Reagentes de fase aguda: geralmente ausentes na fibromialgia e aumentados em condições inflamatórias (polimialgia reumática, miopatias inflamatórias e doenças articulares inflamatórias - artrite reumatoide e espondiloartrites); Ana Luiza Spiassi Sampaio Medicina UFSM – Turma 109 Fibromialgia não é uma condição inflamatória ➝ provas inflamatória não estão alteradas; Exames de autoanticorpos (fator anti-nuclear (FAN) e fator reumatoide (FR)) podem ajudara excluir lúpus eritematoso sistêmico e artrite reumatoide; Educação do paciente; o EULAR recomenda que o tratamento não medicamentoso seja a primeira tentativa do manejo da fibromialgia e, caso não haja melhora, sejam iniciadas terapias farmacológicas; Tratamento não medicamentoso: exercícios musculoesqueléticos (pelo menos 2x/semana); terapia cognitivo-comportamental; o Pilates, RPG, homeopatia e outras terapias alternativas não se mostraram eficazes.; Terapia medicamentosa: antidepressivos tricíclicos, relaxantes musculares, inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS’s), inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina (ISRSN’s), inibidor da monoamina oxidade (MAO), antagonista de serotonina, antiparkinsoniano e analgésicos simples e opiáceos leves; o Tricíclicos ➝ amitriptilina; nortriptilina; o Relaxantes musculares ➝ ciclobenzaprina; o ISRS’s ➝ fluoxetina em altas doses (acima de 40mg/dia) - em combinação com os tricíclicos, também está recomendada; o ISRSN’s ➝ duloxetina; milnaciprano; o Inibidor de MAO ➝ moclobemida; o Antiparkinsoniano ➝ pramipexol - especialmente na presença de distúrbios do sono; o Opióides leves ➝ tramadol; o Neuromoduladores ➝ gabapentina e pregabalina; Topiramato é contraindicado; o Zopiclona e o zolpidem podem ser utilizados para o tratamento dos distúrbios do sono; Corticoesteróides e anti-inflamatórios não esteroidais (AINE’s) não são recomendados; Ana Luiza Spiassi Sampaio Medicina UFSM – Turma 109
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