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DIVERSIDADE ÉTNICO RACIAL DE GÊNERO-ETNIA E RAÇA

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23 
 
• Bolsa Família: é um benefício financeiro mensal para famílias em 
situação de vulnerabilidade social extrema, desde que as crianças e adolescentes 
em idade escolar (de 6 até 17 anos) sejam mantidos na escola. De acordo com o 
Ministério da Educação, há acompanhamento do rendimento escolar de cada um 
dos estudantes. 
 
• Acessível: esse programa procura inserir nas escolas públicas 
dispositivos e elementos que permitam aos estudantes com deficiência estudar, 
permanecer e circular na escola de forma facilitada, com foco em sua autonomia. 
Ele prevê desde rampas de acesso até salas multifuncionais com equipamentos e 
instrumentos especiais para pessoas com deficiência física, visual, auditiva, 
intelectual ou pessoas neuroatípicas. Pessoas com deficiência não 
necessariamente precisam de escolas e educação especial, a não ser que isso seja 
recomendado por médicos, em situações específicas. Elas podem (e isso é um 
direito seu) ser recebidas nas escolas públicas regulares. É dever do Estado 
providenciar os recursos necessários para que isso aconteça. 
 
6 ETNIA E RAÇA 
6.1 Distinção entre etnia e raça 
Somos todos iguais? Essa questão é muito complexa, e é sobre ela que 
vamos nos debruçar neste capítulo. Para iniciar a discussão, precisamos saber que, 
apesar de termos em comum a condição de humanidade, temos origens biológicas, 
territoriais e culturais diferentes, e isso faz com que tenhamos diferenças não só no 
modo de viver a vida, mas também em aspectos físicos. 
Segundo Neves (2006), as principais espécies hominídeas consideradas 
cruciais para a história da evolução humana datam de sete milhões de anos atrás. 
De lá para cá, o bipedismo, o consumo de proteína animal, a fabricação de 
ferramentas, o desenvolvimento do cérebro e a construção da vida em sociedade 
 
24 
 
permitiram que o homem chegasse aos dias atuais como o conhecemos. Entretanto, 
é importante considerar esse aspecto temporal e pensar nos processos biológicos 
pelos quais a nossa sociedade passou: 
O acaso na evolução biológica remete-se à existência ou não de variante 
numa população exatamente no momento em que essas variantes 
poderiam ser instadas à condição de solução adaptativa. A existência de 
variabilidade depende de mutações, que ocorrem de forma absolutamente 
imprevisível no genoma. A necessidade, por sua vez, remete-se ao desafio 
de sobrevivência imposto por uma nova situação ambiental, ambiente aqui 
entendido no seu sentido lato, que inclui também os competidores 
(NEVES, 2006, p. 81). 
Em essência, para sobreviver, cada sociedade passou por processos de 
adaptação em sua forma de alimentação, de vestimentas, de proteção das 
intempéries climáticas e de tantos outros aspectos. Estes interferiram não somente 
nas expressões culturais às quais se filiavam, mas também em aspectos biológicos 
que resultaram em mudanças físicas perceptíveis. Desse modo, a cor da pele, a cor 
do olho, a cor do cabelo, a altura, o tamanho, as formas corporais de partes do 
corpo são aspectos visíveis que diferenciam as sociedades e as culturas que 
conhecemos. 
Vamos compreender melhor como podemos analisar essas sociedades a 
partir da noção de raça e etnia. Carolus Linnaeus (1758) foi quem criou a taxonomia 
moderna e o termo Homo sapiens, reconhecendo quatro variedades do homem: o 
americano (Homo sapiens americanus), o europeu (Homo sapiens europaeus), o 
asiático (Homo sapiens asiaticus) e o africano (Homo sapiens afer). Essa situação 
difundiu a ideia de que há uma diferença entre grupos sociais a partir de cores: 
respectivamente, o vermelho, o branco, o amarelo e o preto. Para refletir o que a 
cor nos leva a pensar sobre raça, cabe lembra o que diz Guimarães (2008, p. 76–
77): “[...] cor é uma categoria racial, pois quando se classificam as pessoas como 
negros, mulatos ou pardos é a ideia de raça que orienta essa forma de classificação 
[...]”. 
Logo, a difusão desse conhecimento influenciou os estudos evolutivos no 
sentido de reforçar a ideia de que há divisão, de certa forma homogênea, entre os 
grupos sociais. Todavia, poderíamos dizer que Etnia e Raça são diferentes muitas 
 
25 
 
vezes percebidas pelas cores que compõem a base para as sociedades que 
conhecemos hoje? Para isso, vamos estudar o próprio termo raça e problematizar 
os seus usos. 
O termo raça tem uma variedade de definições geralmente utilizadas para 
descrever um grupo de pessoas que compartilham certas características 
morfológicas. A maioria dos autores tem conhecimento de que raça é um 
termo não científico que somente pode ter significado biológico quando o 
ser se apresenta homogêneo, estritamente puro; como em algumas 
espécies de animais domésticos. Essas condições, no entanto, nunca são 
encontradas em seres humanos. (SANTOS et al., 2010, p. 122). 
A explicação sobre a diferença entre as sociedades por meio da divisão dos 
grupos sociais a partir das cores se torna sem fundamento, até mesmo porque é 
rara a existência de sociedades isoladas. Em geral, há grandes trocas culturais 
entre sociedades que vivem próximas os seus membros inclusive transitam por 
esses grupos sociais por meio de casamentos. 
Guimarães (2008, p. 64–65) destaca que é preciso esclarecer uma 
diferença importante para compreender esse termo de forma conceitual e mais 
aprofundada: 
O que é raça? Depende. Realmente depende se estamos falando em 
termos científicos ou de uma categoria do mundo real. Essa palavra “raça” 
tem pelo menos dois sentidos analíticos: um reivindicado pela biologia 
genética e outro pela sociologia. [...] A biologia e a antropologia física 
criaram a ideia de raças humanas, ou seja, a ideia de que a espécie 
humana poderia ser dividida em subespécies, tal como o mundo animal, e 
de que tal divisão estaria associada ao desenvolvimento diferencial de 
valores morais, de dotes psíquicos e intelectuais entre os seres humanos. 
Para ser sincero, isso foi ciência por certo tempo e só depois virou 
pseudociência. [....] Depois da tragédia da Segunda Guerra, assistimos a 
um esforço de todos os cientistas — biólogos, sociólogos, antropólogos — 
para sepultar a ideia de raça, desautorizando o seu uso como categoria 
científica [...]. Ou seja, as raças são, cientificamente, uma construção 
social e devem ser estudadas por um ramo próprio da sociologia ou das 
ciências sociais, que trata das identidades sociais. Estamos, assim, no 
campo da cultura, e da cultura simbólica. [...] As sociedades humanas 
constroem discursos sobre suas origens e sobre a transmissão de 
essências entre gerações. Esse é o terreno próprio às identidades sociais 
e o seu estudo trata desses discursos sobre origem. 
Cabe deixar de lado o termo raça usado pelas ciências biológicas e tão 
difundido nos séculos XVIII e XIX, que entendiam como pertinente a ideia de raças 
humanas para diferenciar os grupos sociais e até mesmo hierarquizá-los, para 
 
26 
 
compreender que a única raça existente é a raça humana. Neves (2006) 
compreende que o termo raça só faz sentido se for utilizado no âmbito sociológico, 
no qual são levadas em consideração as origens do grupo, tanto pelos traços 
fisionômicos como pelos aspectos culturais, abarcando as suas complexidades 
históricas e a identidade dos seus membros. 
Silva e Soares (2011) destacam que esse “novo” uso do termo vem se 
consolidando; porém, em outros momentos, diferentes conceitos tentaram dar conta 
de identificar os grupos sociais de forma que considerassem a sua pluralidade sem 
hierarquizá-los, como explicam a seguir: 
Apesar dessas novas leituras conceituais e usos das palavras, o que 
confere uma mudança histórica altamente comum e saudável no campo 
das mentalidades, o conceito de “raça”, por muitas vezes foi deixado de 
lado em detrimento de outros, não completamente substituidores, mas que 
talvez fizessem o mesmo papel definidor e classificador dessas pessoas 
unidas por características, cultura e instituições semelhantese, num 
contexto de luta por igualdades, experiências parecidas de resistência e/ou 
percepção de todo um sistema insistentemente segregacionista. 
Atualmente, um desses outros conceitos seria o de “etnia”, que tem origem 
do grego ethnos, o que entendemos não só como um conjunto de pessoas 
da comunidade. É o pertencimento do grupo, independente dos laços 
consanguíneos e a construção de ações coletivas (SILVA; SOARES, 2011, 
p. 106). 
Assim, o termo etnia abrange a complexidade dos contextos sociais, 
políticos e econômicos dos grupos sociais, não só enquanto identificação de grupo, 
mas enquanto mobilização política para a sua existência em meio aos outros grupos 
sociais. Luvizotto (2009, p. 30) explica que “[...] a concepção de etnicidade está 
além da definição de culturas específicas e, portanto, é composta de mecanismos 
de diferenciação e identificação que são acionados conforme os interesses dos 
indivíduos em questão, assim como o momento histórico no qual estão inseridos 
[...]”. Logo, com essa discussão, temos um quadro panorâmico de como os 
conceitos de raça e etnia se inserem nas sociedades e nos debates atuais. 
6.2 Questões histórico-sociais dos conceitos de etnia e raça 
Para que você possa entender como esses conceitos foram utilizados 
diante das questões histórico-sociais, vamos enfatizar alguns momentos da história 
 
27 
 
mundial e até mesmo da história nacional pertinentes a essa compreensão. É 
importante perceber que alguns usos políticos dos conceitos de raça e etnia podem 
explicitar diferenças entre grupos sociais dispostas pelos poderes político e 
econômico ou mesmo pretendem invisibilizar aspectos específicos de culturas que 
vivem no mesmo espaço territorial, a partir de uma suposta de ideia de democracia 
racial. 
O primeiro destaque aconteceu durante a Segunda Guerra Mundial (1939–
1945). O plano alemão de conquista do mundo se valia da diferenciação dos grupos 
sociais para hierarquizar uns sobre os outros e valorizar a dita raça ariana: os 
descendentes de uma das três grandes sociedades humanas provenientes do 
Cáucaso (região da Europa Oriental e da Ásia Ocidental, entre o Mar Negro e o Mar 
Cáspio). Mazowe (2008) destaca que os nazistas optaram pelos velhos padrões 
coloniais europeus, tanto em termos geopolíticos como em termos de questões 
raciais, para impor as suas ideias imperiais, exterminar povos considerados 
diferentes dos seus e se apresentar como raça superior. 
Assim, essa era uma estratégia política de Adolf Hitler (político alemão que 
foi líder do Partido Nazista) para dividir os grupos sociais, mas também fazer com 
que os arianos apoiassem esse regime político por medo de morrer, como analisa 
Foucault (1996, p. 210): 
[...] o regime nazista não terá como único objetivo a destruição das outras 
raças. Este é apenas um de seus aspectos. O outro [aspecto] é o de expor 
a própria raça ao perigo absoluto e universal da morte. O risco de morrer, 
a exposição à destruição total é um princípio inscrito entre os deveres 
fundamentais da obediência nazista e entre os objetivos essenciais da 
política. 
Entretanto, em nome da construção da Alemanha somente por pessoas 
provenientes da raça ariana, inúmeras atrocidades foram cometidas, misturando 
nazismo com eugenia a seleção das pessoas com base em características 
genéticas. Umas das consequências desse pensamento político entre os 
governantes alemães da época foi o holocausto, que, segundo Katz (1994, p. 28), 
é descrito como “[...] fenomenologicamente único em virtude do fato de que nunca 
antes um Estado se fixara, como objetivo de princípio e como política Etnia e raça 
 
28 
 
de fato, a tarefa de aniquilar fisicamente cada um dos homens, mulheres e crianças 
pertencentes a um povo determinado [...]”. 
Diante desses números, percebemos como determinado uso da ideia de 
raça pode ter consequências perversas e aterrorizantes. Um segundo destaque 
para pensar nos conceitos estudados neste capítulo é em relação à difusão de uma 
suposta democracia racial no Brasil do século XIX. Assim como o nosso primeiro 
exemplo, essa proposta também tem implicações políticas de modo a invisibilizar 
as disputas raciais da constituição do povo brasileiro. 
Freyre (1995) apresenta uma convivência quase harmoniosa entre brancos, 
indígenas e negros desde a colonização do Brasil, trazendo a ideia de que não havia 
disputas raciais, imposições culturais ou mesmo resistência por parte dos povos 
colonizados. A sua perspectiva era de evidenciar traços de diferentes culturas que 
formaram o que hoje conhecemos como a cultura brasileira, mas essa leitura foi 
apropriada politicamente pelos governantes da época para dizer que havia no Brasil 
uma democracia racial. No entanto, apesar de esse ter sido um discurso oficial por 
muito tempo, os cidadãos reconhecem no cotidiano das cidades brasileiras que isso 
é um mito, como explicita Hasenbalg (1979, p. 239): 
[...] as pessoas não se iludem com relação ao racismo no Brasil; sejam 
brancas, negras ou mestiças, elas sabem que existe preconceito e 
discriminação racial. O que o mito racial no brasileiro faz é dar sustentação 
a uma etiqueta e regra implícita de convívio social, pela qual se deve evitar 
falar em racismo, já que essa fala se contrapõe a uma imagem enraizada 
do Brasil como nação. Transgredir essa regra cultural não explicitada 
significa cancelar ou suspender, mesmo que temporariamente, um dos 
pressupostos básicos que regulam a interação social do cotidiano, que é a 
crença na convivência não conflituosa dos grupos raciais. 
Sabe-se que houve, no começo do século XIX, políticas de branqueamento 
que buscavam atrair populações da Europa ao Brasil, a partir de vantagens para a 
fixação desses povos no território brasileiro. Silva (2017, p. 594) explica como se 
deu essa articulação: 
[...] para o entendimento da democracia racial como dispositivo biopolítico 
assentado na miscigenação e no chamado “projeto” de branqueamento da 
nação, nomeadamente a partir dos anos 1930, quando a miscigenação e 
a negação oficial do racismo passaram a ser emblemáticos nas narrativas 
identitárias da nação. [...] É neste contexto que defendo a ideia de que a 
população negra acaba por ser constituída como saber, pois, incluída nas 
 
29 
 
narrativas nacionais pelo viés da miscigenação é excluída pelo seu virtual 
desaparecimento, uma vez que o branqueamento é concebido mediante a 
própria ideia de miscigenação. 
Mesmo evidenciando os motivos e as consequência do mito da democracia 
racial, Munanga (1999, p. 125–126) explica que essas ideias influenciam até mesmo 
a maneira como a nossa sociedade é constituída hoje: 
Apesar do esforço dos movimentos negros em redefinir o negro, dando-lhe 
uma consciência política e uma identidade étnica mobilizadoras, 
contrariando a ideologia de democracia racial construída a partir de um 
racismo universal, assimilacionista, integracionista — o universalismo — 
aqui, concordamos com Peter Fry — essa ideologia continua forte no 
Brasil, na sua constituição e na ideia da democracia racial, mesmo se há 
sinais [...] de uma crescente polarização. Se a mestiçagem representou o 
caminho para nivelar todas as diferenças étnicas, raciais e culturais que 
prejudicavam a construção do povo brasileiro, se ela pavimentou o 
caminho não acabado do branquecimento, ela ficou e marcou 
significativamente o inconsciente e o imaginário coletivo do povo brasileiro. 
Chamando atenção para essas situações que envolvem a discussão de 
raça e etnia, pretendemos enfatizar a relevância das conceituações apresentadas 
e a necessidade de um olhar crítico para a proposição de diferença dos grupos 
sociais. Longe de resolver a questão, o objetivo é ampliar a percepção de como 
esses conceitos estão atrelados às discussões políticas e econômicas, não só na 
nossa história, mas também nos dias atuais. 
 
7 REPENSANDO O PRECONCEITO RACIAL 
A partir dos exemplos emblemáticos enfatizados,devemos lembrar que o 
preconceito racial ainda é velado nos dias de hoje. Talvez não tão explícito como 
no holocausto, na escravidão ou mesmo nas políticas de branqueamento 
anteriormente citadas, o olhar com desdém para alguém de etnia diferente ou 
mesmo a exclusão de um currículo por conta da cor da pele são considerados 
formas de preconceito racial. 
Para Blumer (1965), quatro aspectos permitem evidenciar as formas de 
preconceito racial por um grupo dominante: (a) de superioridade; (b) de que a raça

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