Prévia do material em texto
2 BULHA CARDÍACA INTENSIDADE A intensidade da 2 bulha deve ser analisada nas áreas da base (aórtica e pulmonar), porque o principal componente na formação desta bulha é o fechamento das valvas sigmoides aórtica e pulmonar. Influem na intensidade desta bulha a posição das valvas no início de seu fechamento, suas condições anatômicas, os níveis tensionais na circulação sistêmica e na circulação pulmonar e as condições relacionadas com a transmissão do ruído. A posição das valvas no início do seu fechamento constitui o fator principal. Quanto maior a distância percorrida por elas, mais intenso será o ruído. Quando decresce o débito ventricular, as valvas sigmoides se mantêm próximas umas das outras no momento em que seu fechamento inicia, e o ruído resultante terá menor intensidade. É o que ocorre nas extrassístoles, na estenose aórtica, na estenose pulmonar e nas miocardiopatias. Ao contrário, nas condições em que há aumento do débito cardíaco, como persistência do canal arterial e comunicação interatrial, pode ocorrer hiperfonese da 2 bulha na área pulmonar CONDIÇÕES ANATÔMICAS DAS VALVAS Valvas calcificadas produzem ruído de pequena intensidade pelo fato de se movimentarem muito pouco. Assim, na estenose aórtica calcificada, o componente aórtico da 2 bulha torna- se praticamente inaudível Na criança, a 2 bulha é mais intensa na área pulmonar, enquanto nos indivíduos adultos, ela tem maior intensidade na área aórtica; na adolescência e nos adultos jovens, a intensidade nos focos da base é mais ou menos a mesma; nas pessoas idosas, a 2 a bulha torna-se mais intensa na área aórtica NÍVEIS TENSIONAIS DA CIRCULAÇÃO SISTÊMICA OU PULMONAR Quando ocorre aumento da pressão na aorta ou na pulmonar, as cúspides correspondentes se fecham com mais força, provocando hiperfonese de 2 bulha na área correspondente. Por este motivo, na hipertensão arterial sistêmica, há hiperfonese da 2 bulha na área aórtica, e na hipertensão pulmonar, ocorre um fato semelhante na área pulmonar. BULHAS, FONESES E DESDOBRAMENTOS Nos indivíduos com tórax delgado, a 2 a bulha é mais intensa. O contrário se observa no caso de obesidade, massas musculares desenvolvidas, mamas volumosas e enfisema pulmonar. Tais condições dificultam a transmissão do ruído, e a bulha torna- se de menor intensidade. DESDOBRAMENTO Estuda-se o desdobramento da 2 a bulha na área pulmonar porque ali se ouvem os componentes aórtico e pulmonar O desdobramento constante da 2 bulha pode ser de origem mecânica ou elétrica. Em vez do TUM-TA-TUM-TA–TUM- TA, o que se ouve é algo que se pode imitar dizendo TUM-TLA–TUM- TLA–TUM-TLA O distúrbio na condução faz com que o estímulo chegue atrasado ao lado direito em comparação ao esquerdo, provocando um assincronismo eletromecânico na contração dos ventrículos. Em consequência, o fechamento da valva pulmonar se retarda, fenômeno que é traduzido esteto-acusticamente pelo desdobramento constante da 2 a bulha, o qual se acentua na inspiração profunda. Quando ocorre aumento de fluxo do sangue para o ventrículo direito, como acontece na comunicação interatrial, esta câmara vai despender mais tempo para se esvaziar. Como consequência, as sigmoides pulmonares se fecham após as sigmoides aórticas e o componente pulmonar se atrasa. Constitui característica de valor clínico a duração “fixa” das distâncias entre os dois componentes, independentemente da fase da respiração; daí a designação de desdobramento fixo. Neste caso, durante a inspiração, ocorre aumento do retorno venoso para o coração direito, o que atrasa o componente pulmonar da 2 bulha e diminui a passagem de sangue do átrio esquerdo para o direito. Na expiração, diminui o retorno venoso ao coração direito; em compensação, há aumento da passagem de sangue do átrio esquerdo para o direito pela comunicação interatrial, o que novamente atrasa o fechamento da valva pulmonar. Assim, ocorre o desdobramento da 2 bulha nos dois tempos respiratórios e sua irreversibilidade, ou seja, desdobramento fixo. Outra causa é a estenose pulmonar. Nesta valvopatia, a sístole ventricular direita se prolonga em decorrência da dificuldade de esvaziamento desta câmara, acarretando retardo do Quando fisiológico Ocorre na Inspiração e na Expiração componente pulmonar, como no bloqueio do ramo direito. O desdobramento invertido, antigamente denominado “paradoxal”, em contraposição ao desdobramento fisiológico, pode ser observado no bloqueio do ramo esquerdo do feixe de His. Aparece durante a expiração, enquanto o desdobramento fisiológico ocorre na inspiração profunda. É explicado da seguinte maneira: em condições normais, o componente aórtico precede o pulmonar porque o estímulo despolariza o ventrículo esquerdo alguns centésimos de segundo antes de despolarizar o direito. No bloqueio do ramo esquerdo, o estímulo alcança o miocárdio ventricular esquerdo depois de já ter havido a ativação ventricular. Como resultado, a contração do ventrículo direito é feita antes da do ventrículo esquerdo, e o componente aórtico da 2 bulha passa a situar-se depois do componente pulmonar. O inverso, portanto, da situação normal. A influência da respiração se faz do seguinte modo: na inspiração profunda, ocorre maior aporte de sangue ao ventrículo direito, retardando sua sístole e determinando o fechamento da valva aórtica. Dessa maneira, o ruído correspondente à 2 a bulha é único. Na expiração, diminuindo-se o retorno venoso, o componente pulmonar se adianta e a 2 bulha torna-se desdobrada “paradoxalmente” – é o desdobramento invertido. Tal desdobramento pode ocorrer também na estenose aórtica acentuada; neste caso, pelo atraso mecânico no fechamento da valva aórtica 3 E 4 BULHAS 3 BULHA Situada no início da diástole ventricular, após B2 Corresponde ao choque do sangue nas paredes ventriculares durante a fase de enchimento ventricular rápido, de forma a ser relacionada com sobrecarga de volume Convém lembrar que, em crianças, em adultos jovens, e gestantes, a 3 a bulha aparece com frequência sem que sua ocorrência indique qualquer anormalidade. Em algumas cardiopatias, insuficiência mitral, miocardiopatia ou miocardite, defeitos congênitos que apresentam shunt da esquerda para a direita, ou seja, comunicação interatrial (CIA), comunicação interventricular (CIV) e persistência do canal arterial (PCA), existem alterações hemodinâmicas ou da própria estrutura da parede ventricular que dão origem a uma 3 bulha patológica. OBS: Não há diferenças estetoacústicas entre a 3 a bulha fisiológica e a patológica. O reconhecimento da condição patológica depende de outras alterações indicativas de lesão cardíaca, tais como cardiomegalia, sopros e sinais de insuficiência cardíaca. 4 BULHA Situada no final da diástole ventricular, antes de B1 É corresponde à sístole atrial A 4 bulha cardíaca pode ser encontrada em crianças normais; Entretanto, sua ocorrência exige cuidado maior para afastar condições anormais. As condições que originam uma 4 bulha patológica são as lesões estenóticas das valvas semilunares (aórtica e pulmonar), a hipertensão arterial, a doença arterial coronariana e as miocardiopatias hipertróficas, ou seja, todas as situações em que há sobrecarga de pressão OBS: Não é o som da contração atrial RITMO DE GALOPE OBS: Galope Ventricular é sempre patológico Highlight