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Problema 1 – “DOENÇA BACTERIANA” Em uma discussão de casos clínicos entre os alunos do quinto período, foram abordados dois casos clínicos distintos que as alunas Joana e Maria conheceram em um dia de atendimento no Hospital Municipal de Goianésia. Joana trouxe para a discussão o caso de Giovana, 10 anos, residente e procedente de Goianésia-GO e previamente hígida. Relata que há 1 mês vem apresentando quadro de febre vespertina com calafrios e sudorese de frequência irregular, associado à dispneia aos esforços e palpitações. Procurou assistência médica na UPA, de onde foi encaminhada para internação e investigação no Hospital Municipal. Dados registrados no prontuário da paciente mostravam que aos 7 anos de idade havia sido internada com queixa de febre diária associada à oligoartrite migratória de articulações de MMII. Desde então, estava fazendo profilaxia secundária com penicilina benzatina a cada 21 dias, mantendo acompanhamento ambulatorial irregular. Durante a infância, Giovana havia residido em barraco de 3 cômodos, junto com os pais e 6 irmãos, tendo apresentado diversos episódios de amigdalites. Giovana negava qualquer sintoma em orofaringe, referindo apenas a realização de um procedimento dentário há cerca de 35 dias. Ao exame clínico, mostrava-se levemente dispneica, febril (Tax = 39,1ºC), apresentando à ausculta cardíaca taquicardia com sopro sistólico e diastólico em foco mitral. Em exames complementares realizados após a internação, foram observados: Hb = 12,7 g/dL, Ht = 36%, Plaquetas = 230.000/mm3, Leucócitos = 12.000/mm3 (3% bastões e 53% segmentados) e VHS = 40 mm/1ª hora. Foi detectada também cardiomegalia global já observada em exames radiológicos anteriores. Foram colhidas 6 amostras de sangue para hemocultura em meio de ágar-sangue, tendo sido observado crescimento de cocos Gram positivos em cadeias, não-hemolítico, catalase negativos em 3 delas. À ecocardiografia transtorácica, além da dupla lesão mitral, foram observadas verrucosidades em base de folheto valvar posterior. O esquema de profilaxia secundária em curso foi suspenso, sendo introduzido antibioticoterapia combinada, dando-se preferência para antimicrobianos com atividade bactericida. O antibiograma realizado possibilitou a escolha de antibióticos com valores das concentrações inibitória mínima e bactericida mínima mais adequados para o caso. QUESTÕES DE APRENDIZAGEM: Cocos gram-positivos 1. Explicar a importância clínica dos cocos gram-positivos (estafilococos, estreptococos e enterococos), identificando os métodos para o diagnóstico etiológico (bacterioscopia e culturas, inclusive caracteres morfológicos e testes bioquímicos). Importância clínica dos cocos gram-positivos e os métodos para o diagnóstico etiológico Estafilococos Importância clínica: Doenças Mediadas por Toxinas Síndrome da pele escaldada: descamação disseminada do epitélio em crianças; bolhas sem micro-organismos ou leucócitos Intoxicação alimentar: após o consumo de alimento contaminado com a enterotoxina termoestável, início rápido com vômito severo, diarreia e espasmos abdominais, com resolução dentro de 24 horas Choque tóxico: intoxicação multissistêmica caracterizada inicialmente por febre, hipotensão e uma erupção eritematosa macular difusa; mortalidade elevada na ausência de terapia antimicrobiana e da eliminação do foco de infecção Infecções Supurativas Impetigo: infecção cutânea localizada caracterizada por vesículas preenchidas de pus sobre uma base eritematosa Foliculite: impetigo envolvendo os folículos pilosos Furúnculos ou pústulas: nódulos cutâneos grandes, doloridos e preenchidos de pus Carbúnculo: coalescência de furúnculos, que se estende para o tecido subcutâneo com evidência de doença sistêmica (febre, calafrios, bacteremia) Bacteremia e endocardite: disseminação da bactéria no sangue a partir de um foco de infecção; a endocardite é caracterizada pelo dano no revestimento endotelial do coração (Endocardite aguda causada por S. aureus é uma doença grave, com uma taxa de mortalidade de aproximadamente 50%. Embora os pacientes com endocardite por S. aureus possam, inicialmente, apresentar sintomas inespecíficos, semelhantes aos de uma gripe, sua condição se deteriora rapidamente, incluindo distúrbios do débito cardíaco e evidência de embolização séptica. O prognóstico do paciente é ruim, a não ser que intervenções médicas e cirúrgicas sejam instituídas de imediato. Uma exceção é a endocardite por S. aureus em usuários de droga parenteral, nos quais a doença normalmente envolve mais frequentemente o lado direito do coração (válvula tricúspide) que o esquerdo. Os sintomas iniciais podem ser brandos, mas febre, calafrios e dor pleurítica causada por embolia pulmonar quase sempre estão presentes. A cura clínica da endocardite é a regra, apesar de ser comum a ocorrência de complicações decorrentes da disseminação secundária da infecção para outros órgãos.) Pneumonia e empiema: consolidação e formação de abscesso nos pulmões; ocorrem em indivíduos muito jovens e em idosos, e em pacientes com doenças de base ou doença pulmonar recente; também é agora reconhecida uma forma grave de pneumonia necrosante com choque séptico e mortalidade elevada Osteomielite: destruição dos ossos, principalmente da região da metáfise de ossos longos Artrite séptica: articulação eritematosa dolorida com coleção de material purulento no espaço articular Espécies de Staphylococus Coagulase-negativos Endocardite: S. epidermidis, S. lugdunensis e espécies relacionadas de estafilococos coagulase-negativos podem infectar válvulas cardíacas protéticas e, menos comumente, nativas. Acredita-se que a infecção da válvula nativa resulte da inoculação de micro- organismos em uma válvula já danificada (p.ex., malformação congênita, dano resultante de doença cardíaca reumática). S. lugdunensis é a espécie de estafilococos mais associada à endocardite em válvula nativa; entretanto, essa doença é mais comumente causada por estreptococos. Por outro lado, os estafilococos são a principal causa de endocardite de válvulas artificiais. Os micro-organismos são introduzidos no momento da substituição das válvulas, e a infecção tem caracteristicamente um curso muito lento, em que os sinais clínicos e sintomas podem não ser percebidos por até 1 ano após o procedimento. Embora a válvula cardíaca possa estar infectada, a infecção ocorre mais comumente no local onde a válvula foi suturada ao tecido cardíaco. Assim, a infecção com formação de abscesso pode levar à separação da válvula na região da sutura e à insuficiência mecânica cardíaca. O prognóstico para esses pacientes é vigiado, sendo crítica a intervenção médica e cirúrgica imediata Infecções de feridas: caracterizadas por eritema e pus no local de uma ferida traumática ou cirúrgica; infecções com corpos estranhos podem ser causadas por S. aureus e por estafilococos coagulase-negativos Infecções do trato urinário: disúria e piúria em mulheres jovens sexualmente ativas (S. saprophyticus), em pacientes com cateteres urinários (outros estafilococos coagulase-negativos), ou após a contaminação do trato urinário por bacteremia (S. aureus) Infecções de cateteres e derivações: resposta inflamatória crônica às bactérias aderidas a um cateter ou derivação (mais comumente com estafilococos coagulase-negativos) Infecções de dispositivos protéticos: infecção crônica de dispositivo caracterizada por dor localizada e falha mecânica do dispositivo (mais comumente com estafilococos coagulase-negativos) Métodos diagnostico: Microscopia é útil para infecções piogênicas mas não para infecções hematológicas ou infecções mediadas por toxinas Os estafilococos crescem rapidamente quando cultivados em meiosnão seletivos Meios seletivos (p.ex., ágar de sal manitol) podem ser utilizados para recolher S. aureus em amostras contaminadas Testes de amplificação de ácidos nucleicos são úteis na triagem de pacientes para portadores de S. aureus de meticilina- sensíveis (MSSA) e MRSA S. aureus é identificado por ensaios bioquímicos (p.ex., coagulase), sondas moleculares, ou espectrometria de massa Estreptococos Importância clínica: Streptococcus pyogenes (Grupo A) Infecções Supurativas Faringite: faringe avermelhada, geralmente com presença de exsudato; pode ser proeminente uma linfadenopatia cervical Escarlatina: erupção eritematosa difusa, iniciando no tórax e se espalhando para as extremidades; complicação da faringite estreptocócica Piodermia: infecção localizada da pele com vesículas que progridem para pústulas; sem evidências de infecção sistêmica Erisipela: infecção localizada da pele com dor, inflamação, hipertrofia dos linfonodos e sintomas sistêmicos Celulite: infecção da pele que envolve o tecido subcutâneo Fascite necrosante: infecção profunda da pele que envolve destruição do músculo e das camadas de gordura Síndrome do choque tóxico estreptocócico: infecção sistêmica que atinge vários órgãos, semelhante à síndrome do choque tóxico estafilocócico; no entanto, a maioria dos pacientes apresenta evidências de bacteremia e fascite Outras infecções supurativas: é reconhecida uma variedade de infecções, incluindo sepse puerperal, linfangite e pneumonia Doenças Não Supurativas Febre reumática: caracterizada por alterações inflamatórias do coração (pancardite), articulações (artralgias e artrite), vasos sanguíneos e tecidos subcutâneos Glomerulonefrite aguda: inflamação aguda do glomérulo renal com edema, hipertensão e proteinúria Streptococcus agalactiae (Grupo B) Doença neonatal de início precoce: ocorre dentro de 7 dias após o nascimento, recém-nascidos infectados desenvolvem sinais e sintomas de pneumonia, meningite e sepse Doença neonatal de início tardio: ocorre em bebês com mais de 1 semana, que desenvolvem sinais e sintomas de bacteremia com meningite Infecções na mulher grávida: apresentam-se mais frequentemente como endometrite pós-parto, infecções de feridas e infecções do trato urinário; bacteremia e complicações disseminadas podem ocorrer Infecções em outros pacientes adultos: as doenças mais comuns incluem bacteremia, pneumonia, infecções em ossos e articulações e infecções da pele e de tecidos moles Outros Estreptococos β-Hemolíticos Formação de abscessos em tecidos profundos: associada ao grupo S. anginosus Faringite: associada a S. dysgalactiae; doença semelhante à causada por S. pyogenes; pode ser complicada por glomerulonefrite aguda Estreptococos Viridans Formação de abscessos em tecidos profundos: associada ao grupo S. anginosus Sepse em pacientes neutropênicos: associada ao grupo S. mitis Endocardite subaguda: associada aos grupos S. mitis e S. salivarius Cárie dentária: associada ao grupo S. mutans Malignidade do trato gastrointestinal: associada ao grupo S. bovis (S. gallolyticus subsp. gallolyticus) Meningite: associada a S. gallolyticus subsp. pasteurianus, S. suis e grupo S. mitis Streptococcus pneumoniae Pneumonia: início abrupto com calafrios intensos e febre persistente; tosse produtiva com escarro sanguinolento; consolidação lobar Meningite: infecção grave envolvendo as meninges, com dor de cabeça, febre e sepse; elevada taxa de mortalidade e sequelas neurológicas graves nos sobreviventes Bacteremia: mais comum em pacientes com meningite que com pneumonia, otite média ou sinusite; sepse preponderante em pacientes asplênicos Enterococcus faecalis e Enterococcus faecium Infecção do trato urinário: disúria e piúria são mais frequentes em pacientes hospitalizados com cateter urinário e usando cefalosporinas de amplo espectro Peritonite: distensão e dor abdominal após trauma ou cirurgia; os pacientes tipicamente apresentam quadro agudo, febre e hemoculturas positivas; caracteristicamente, infecções polimicrobianas Bacteremia: associada tanto a infecções localizadas como à endocardite Endocardite: infecção do endotélio ou das válvulas cardíacas; associada à bacteremia persistente; pode ser aguda ou crônica. Métodos diagnostico: Streptococcus pyogenes (Grupo A) Doenças • Responsável por doenças supurativas (faringite, infecções em tecidos moles, choque tóxico estreptocócico) e não supurativas (febre reumática, glomerunonefrite) • A microscopia é útil nas infecções em tecidos moles, mas não nas faringites e complicações não supurativas • Testes diretos de detecção do antígeno A são úteis para o diagnóstico da faringite estreptocócica • As cepas são identificadas pelo teste da catalase (negativa), reação de PYR positiva (L-pirrolidonil alrilamidase), suscetibilidade à bacitracina e presença do antígeno grupo-específico (antígeno de grupo A) • O teste da antiestreptolisina O é útil na confirmação de febre reumática ou glomerulonefrite associadas à faringite; o teste anti-DNase B deve ser realizado para o diagnóstico da glomerulonefrite associada à faringite ou infecções de tecidos moles Streptococcus agalactiae (Grupo B) Doenças • Responsável por doenças neonatais (doença de início precoce e de início tardio com meningite, pneumonia, bacteremia); infecções na mulher grávida (endometrite, infecções de feridas e do trato urinário); e em outros adultos (bacteremia, pneumonia, infecções de articulações e ossos e infecções da pele e de tecidos moles) • Microscopia é útil para meningite (líquido cefalorraquidiano), pneumonia (secreções do trato respiratório inferior) e infecções de feridas (exsudatos) • Testes com antígenos são menos sensíveis do que a microscopia e não devem ser usados • A cultura é o teste mais sensível; um caldo seletivo (i.e., LIM) é necessário para melhor detecção do estado de portador vaginal • Ensaios baseados na reação em cadeia da polimerase para detectar o estado de portador vaginal em mulheres grávidas estão comercialmente disponíveis; atualmente requer o uso de meio enriquecido para sensibilidade ótima • As cepas são identificadas pela demonstração do antígeno carboidrato-específico de parede celular ou teste positivo para amplificação de ácidos nucleicos Streptococcus pneumoniae Doenças: pneumonia, sinusite e otite media, meningite, bacteremia • Microscopia é altamente sensível, da mesma maneira que a cultura, exceto se o paciente estiver em tratamento com antimicrobianos • Testes com antígenos para o polissacarídeo C de pneumococos são sensíveis para líquido cefalorraquidiano (meningite), mas não para urina (meningite, pneumonia, outras infecções) • Testes baseados em ácidos nucleicos não são comumente utilizados em diagnóstico • A cultura requer o uso de meio nutricionalmente enriquecido (p.ex., ágar-sangue de carneiro); o micro-organismo é altamente sensível a muitos antimicrobianos, assim a cultura pode se mostrar negativa para pacientes em tratamento, mesmo parcial • As cepas são identificadas pelo teste da catalase (negativo), suscetibilidade à optoquina e solubilidade em bile Enterococos Importância clínica: Enterococos são patógenos importantes, especialmente em pacientes hospitalizados; de fato os enterococos são uma das causas mais frequentes de infecções adquiridas no hospital (infecções hospitalares). O trato urinário é o local mais comum de infecções enterocócicas, associadas com frequência à cateterização ou à instrumentação urinária. As infecções podem ser assintomáticas, cistite não complicada ou cistite associada à pielonefrite. Infecções do peritônio são tipicamente polimicrobianas (i.e., associadas a outras bactérias aeróbias ou anaeróbias) e relacionadascom o extravasamento de bactérias intestinais, seja por trauma ou devido a doenças que comprometam a integridade intestinal. Enterococos isolados no sangue podem ocorrer por disseminação de infecção localizada no trato urinário, peritônio ou um tecido, ou podem representar infecção primária do endocárdio (endocardite). Endocardite é uma infecção especialmente séria, porque muitos enterococos são resistentes aos antibióticos mais frequentemente usados Métodos diagnostico: • Cresce rapidamente em meios não seletivos comuns; diferenciado de organismos relacionados por testes simples (catalase-negativa, l-pirrolidonilo arilamidase positivas, resistentes à bile e à optoquina) Doenças • Doenças incluem infecções do trato urinário, peritonite (geralmente polimicrobiana), infecções de feridas e bacteremia, com ou sem endocardite Febre reumática e endocardite bacteriana 2. Compreender a fisiopatologia, quadro clínico, métodos diagnósticos e tratamento da febre reumática e endocardite bacteriana. Febre reumática Fisiopatologia Quadro clínico Métodos diagnósticos Tratamento Introdução O objetivo do tratamento da FR aguda é suprimir o processo inflamatório, minimizando as repercussões clínicas sobre o coração, articulações e sistema nervoso central, além de erradicar o EBGA da orofaringe e promover o alívio dos principais sintomas. Medidas gerais Hospitalização: (IIa-C) diante de pacientes com suspeita de FR, primeiro surto ou recorrência, a necessidade de hospitalização varia de acordo com a gravidade da apresentação clínica. Indica-se internação hospitalar para os casos de cardite moderada ou grave, artrite incapacitante e coreia grave14. A hospitalização pode também ter como objetivo abreviar o tempo entre a suspeita clínica e o diagnóstico, bem como iniciar rapidamente o tratamento. Além disso, deve ser uma oportunidade para promover a educação do paciente e de sua família, no que se refere às informações sobre a doença e à necessidade de adesão à profilaxia secundária. O tempo de hospitalização dependerá do controle dos sintomas, principalmente do quadro de cardite. Repouso: (IIa-C) durante muitos anos, especialmente antes do surgimento da penicilina, alguns estudos mostraram que o repouso no leito estava associado a uma redução na duração e na intensidade da cardite48, bem como na redução do tempo do surto agudo49. Entretanto, até o momento, não há evidências decorrentes de estudo randomizado que comprovem os benefícios dessa conduta. Não há mais recomendação de repouso absoluto no leito para a maior parte dos pacientes com FR. Os pacientes com FR aguda deverão, entretanto, ficar em repouso relativo (domiciliar ou hospitalar) por um período inicial de duas semanas. Nos casos de cardite moderada ou grave, devese recomendar repouso relativo no leito por um período de 4 semanas50. O retorno às atividades habituais deverá ser gradual51, dependendo da melhora dos sintomas e da normalização ou redução acentuada das provas de atividade inflamatória (VHS e PCR). Controle da temperatura: quando a febre for baixa, não há necessidade de administração de medicamentos antitérmicos. Já nos casos de febre mais alta (igual ou superior a 37,8 ºC), recomenda-se utilizar o paracetamol, como primeira opção, ou dipirona, como segunda opção. Não é recomendável o uso de anti-inflamatórios não esteroides, inclusive o ácido acetilsalicílico, até que se confirme o diagnóstico de FR. Erradicação do estreptococo O tratamento da faringoamigdalite e a erradicação do estreptococo da orofaringe devem ser feitos na vigência da suspeita clínica da FR, independentemente do resultado da cultura de orofaringe. O objetivo é reduzir a exposição antigênica do paciente ao estreptococo e impedir a propagação de cepas reumatogênicas na comunidade. Nos casos de primeiro surto, o tratamento instituído corresponde ao início da profilaxia secundária2,4,52. Os esquemas terapêuticos para a erradicação do estreptococo estão discriminados no subtítulo Profilaxia. Tratamento da artrite De modo geral, o uso dos antiinflamatórios não esteroides (AINE) apresenta bons resultados no controle da artrite, levando ao desaparecimento dos sinais e sintomas entre 24-48 horas. O ácido acetilsalicílico (AAS) se mantém como a primeira opção para o tratamento do comprometimento articular há mais de 50 anos. Em crianças, a dose utilizada inicialmente é de 80-100 mg/kg/dia, dividida em 4 tomadas Endocardite bacteriana. Fisiopatologia Quadro clínico Métodos diagnósticos Tratamento Terapia antimicrobiana 3. Discutir os princípios da terapia antimicrobiana: antibioticoterapia X antibiótico profilaxia; atividade bactericida X atividade bacteriostática e indicações de antibioticoterapia combinada. 4. Descrever o mecanismo de ação e efeitos colaterais dos betalactâmicos (penicilinas naturais, semisintéticas, cefalosporinas), quinolonas e aminoglicosídeos. Princípios da terapia antimicrobiana Antibioticoterapia X antibiótico profilaxia; Atividade bactericida X atividade bacteriostática Indicações de antibioticoterapia combinada. Betalactâmicos (penicilinas naturais, semisintéticas, cefalosporinas), quinilonas e Aminoglicosídeos Penicilinas naturais Mecanismo de ação: Efeitos colaterais: Semisintéticas Mecanismo de ação: Efeitos colaterais: Cefalosporinas Mecanismo de ação: Efeitos colaterais: Quinolonas Mecanismo de ação: Efeitos colaterais: Aminoglicosídeos. Mecanismo de ação: Efeitos colaterais: Irat- questões Questão 01 - O conhecimento da flora bacteriana dos diferentes ambientes (comunitário x nosocomial) e dos diferentes compartimentos do corpo humano é fundamental para guiar a antibioticoterapia. Em relação a este tema, julgue os itens: a) O teste da catalase é utilizado para diferenciar os estafilococos dos estreptococos. VERDADEIRO - Para estafilococos a prova é positiva, já para estreptococos é negativa b) O gênero Staphylococcus é considerado catalase positivo. VERDADEIRO - É o principal teste para identificação deste microrganismo c) O gênero Estreptococos é considerado catalase negativo. VERDADEIRO d) O S. aureus, reconhecido como um grande problema mundial, é responsável por infecções relacionadas à assistência à saúde e comunitárias. Pode provocar infecções de pele e tecidos moles, infecções relacionadas ao uso de próteses e cateteres venosos. VERDADEIRO - Pode provocar doenças que vão desde uma infecção simples, como espinhas e furúnculos, até as mais graves, como pneumonia, meningite, endocardite, síndrome do choque tóxico e septicemia, entre outras. Questão 02 - Em relação aos germes gram- positivos, julgue os itens: a) Os estafilococos estão entre os agentes mais frequentemente relacionados às enfermidades humanas. VERDADEIRO – estafilococos são os mais frequentes, principalmente pneumonia, endocardite b) Os estreptococos da família Streptococcaceae são caracterizados como cocos Gram-negativos, anaeróbios facultativos, não produtores de catalase e de citocromo- oxidase. FALSA- são gram positivos c) Todas as faixas etárias, gêneros e etnias humanas são susceptíveis às doenças por pneumococo. VERDADEIRA - d) A pneumonia é a mais frequente das doenças pneumocócicas, sendo considerada uma das doenças mais incidentes e graves que acometem o homem. VERDADEIRA- atinge todas faixas etárias, principalmente crianças e idosos Questão 03 - Em relação à Febre Reumática (FR), julgue os itens: a) A febre reumática e a cardiopatiareumática crônica são complicações não supurativas da faringoamigdalite causada pelo estreptococo beta-hemolítico do grupo A e decorrem de resposta imune tardia a esta infecção em populações geneticamente predispostas. VERDADEIRA b) Essa é uma doença que está frequentemente associada à pobreza e às más condições de vida. VERDADEIRA- Essa é uma doença que está frequentemente associada à pobreza e às más condições de vida. Assim, apesar da reconhecida redução da incidência da FR nas últimas décadas nos países desenvolvidos, a FR permanece como um grande problema de saúde pública, principalmente nos países em desenvolvimento c) O desenvolvimento da FR está associado à infecção de orofaringe pelo Estreptococo beta- hemolítico do grupo A, principalmente em idosos. FALSA- A FR afeta especialmente crianças e adultos jovens. É muito mais comum em pessoas menores de 18 anos, principalmente nas crianças. Nos adultos, é raro um surto novo, mas são comuns as sequelas (principalmente cicatrizes nas válvulas do coração). d) Na definição diagnóstica, os critérios menores abrangem características clínicas e laboratoriais inespecíficas que, em conjunto com as manifestações maiores e com a evidência de estreptococcia prévia, ajudam a estabelecer o diagnóstico de FR. VERDADEIRA- O diagnóstico da febre reumática é clínico, não existindo sinal patognomônico ou exame específico. Os exames laboratoriais, apesar de inespecíficos, sustentam o diagnóstico do processo inflamatório e da infecção estreptocócica. Os critérios de Jones, estabelecidos em 1944, tiveram a sua última modificação em 1992 e continuam sendo considerados o "padrão ouro" para o diagnóstico do primeiro surto da FR. A divisão dos critérios em maiores e menores é baseada na especificidade e não na frequência da manifestação. Outros sinais e sintomas, como epistaxe, dor abdominal, anorexia, fadiga, perda de peso e palidez podem estar presentes, mas não estão incluídos entre as manifestações menores dos critérios de Jones. Questão 04 - Em relação à endocardite bacteriana, julgue os itens: a) Estreptococos é o agente mais frequentemente encontrado. VERDADEIRO b) Os critérios de DUKE não têm importância no diagnóstico. FALSO c) As manifestações clínicas podem incluir: acometimento valvar, bacteremia intermitente, lesões de Janeway e nódulos de Osler VERDADEIRO- d) O tratamento cirúrgico é regra em pacientes com endocardite de valva protética. VERDADEIRO - Questão 05 - Paciente em tratamento para ITU, após 2 semanas do uso do antibiótico, desenvolveu uma ruptura do tendão de Aquiles. Qual deve ser o antibiótico que a paciente utilizou? a) Azitromicina FALSO b) Amoxicilina FALSO c) Ciprofloxacino VERDADEIRO d) Norfloxacino FALSO Questão 06 - Paciente do sexo feminino traz dois exames da urina mostrando leucocitúria intensa com cultura de urina colhida de forma asséptica, indicando crescimento bacteriano acima de 100.000 UFC/mL. A paciente nega disúria, calafrios, poliúria, febre ou dor abdominal. Em que circunstância está indicada antibioticoterapia em pacientes assintomáticos e com urocultura positiva? a) Quando a paciente é portadora de diabetes e hipertensão arterial sistêmica, esta paciente deve iniciar antibioticoterapia. b) Quando a paciente está na menopausa e é sexualmente ativa. c) Caso a paciente seja gestante. d) Caso a paciente for submetida à ureterorrenolitotripsia. Questão 07 - Em relação aos princípios da terapia antimicrobiana, julgue os itens: a) A antibioticoprofilaxia tem por objetivo tratar infecções bacterianas suspeitas e não confirmadas. b) A antibioticoprofilaxia está indicada quando existe o risco importante de adquirir uma infecção. c) Antibiótico bactericida provoca alterações incompatíveis com a sobrevida bacteriana. d) Antibiótico bacteriostático inibe o crescimento e a reprodução bacteriana sem provocar sua morte imediata. Questão 08 - Em relação aos antibióticos, julgue os itens: a) São indicações de antibioticoterapia combinada: infecções por MR; necessidade de cobertura polimicrobiana exs: abscessos; terapias empíricas para quadros infecciosos graves; associações de antibacterianos bacteriostáticos e bactericidas. b) O efeito bactericida ou bacteriostático pode ser relativo e está na dependência da concentração atingida pela droga no meio onde se situa o microrganismo e da sensibilidade deste. c) Quando se conceitua uma droga como bactericida ou bacteriostática não leva-se em consideração a concentração terapêutica média possível de ser utilizada e a média de germes sobre os quais ela atua. d) São exemplos de doenças em que é necessária a profilaxia antibiótica: febre reumática, ruptura prematura de membranas amnióticas e profilaxias em pacientes com HIV. Questão 09 - Em relação aos ß-lactâmicos, julgue os itens: a) O grupo de antimicrobianos classificados como ß-lactâmicos possui em comum no seu núcleo estrutural o anel ß-lactâmico, o qual confere atividade bactericida. b) Pertencem a este grupo: penicilinas; cefalosporinas; carbapenêmicos; quinolonas. c) A Piperacilina é um exemplo de penicilina de grande espectro de cobertura. d) A Piperacilina é ativa contra todas as cepas de S. aureus oxacilina sensível, estreptococos e enterococos. O tazobactam pode ser combinado a este antibiótico para aumentar a atividade da Piperacilina. Questão 10 - Em relação às quinolonas e os aminoglicosídeos, julgue os itens: a) São exemplos de quinolonas: ciprofloxacino, norfloxacino, gatifloxacina, moxifloxacina e gemifloxacina. b) Quinolonas são drogas relativamente seguras e os efeitos colaterais mais comuns envolvem o trato gastrintestinal. c) São exemplos de aminoglicosídeos: estreptomicina, gentamicina, tobramicina, amicacina, netilmicina, paramomicina e espectinomicina. d) Não existem mecanismos reconhecidos de resistência bacteriana aos Aminoglicosídeos.
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