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Erisipela e celulite/ Abscesso pulmonar e subfrênico- 09/09 Erisipela e celulite São frequentes e tem alta morbidade por conta das complicações. Elas compartilham a mesma fisiopatologia, mesmos germes. O que diferencia: Erisipela: quadro acomete apenas a derme Celulite: acometimento intenso de várias camadas (derme, epiderme). A celulite pode ser a evolução da erisipela. São quadros mais graves, maior comprometimento do quadro clinico do paciente com maiores complicações. Porque acontece: infecções bacterianas que rompem a barreira da pele (lesão/ infecção fungica/ varicela/ catapora). - Infecções cutâneas muito comuns que se desenvolvem devido à entrada de bactérias através da barreira da pele (causa) - Incidência: 200 casos a cada 100.000 pacientes/ano - Apresentam semiologia sutil - Apresentam alta morbidade e diagnósticos diferenciais potencialmente graves, que se não tratados adequadamente, podem evoluir com complicações. (Morbidades e complicações muito graves). Erisipela - Tipo de celulite cutânea superficial com comprometimento importante dos vasos linfáticos da derme. - Decorrente da infecção por Estreptococos beta hemolíticos do grupo A (SBHGA) e, raramente por Staphylococcus aureis Erisipela: uma celulite superficial. Causa por: estreptococos e staphylococcus (raro). Celulite - Infecção cutânea que compromete uma parte maior dos tecidos moles, estendendo-se profundamente através da derme e tecido subcutâneo. Pode se iniciar como erisipela. - Seus principais agentes são S. aureus e Estreptococos beta hemolíticos do grupo A (SBHGA). Celulite: alteração de um tecido mais profundo (derme/ subcutâneo). É a evolução da erisipela. Causa por: S. aureus e Estreptococos beta hemolíticos A. FATORES PREDISPONENTES - Rompimento da barreira cutânea devido a trauma (picada de inseto, abrasão, cortes) - Inflamação (eczema, radioterapia) - Infecção de pele preexistente (impetigo, tinea pedis) - Varicela - Insuficiência venosa - Obstruções linfáticas decorrentes de procedimentos cirúrgicos como safenectomia dissecção de nódulos axilares e pélvicos - Intertrigo (principal porta de entrada) Fatores predisponentes: aconteceu algo – rompeu a barreira, perdeu proteção da pele, paciente teve alguma infecção, picada de inseto, insuficiência venosa e intertrigo (principal). Bactéria entra e acomete o paciente. QUADRO CLÍNICO – erisipela e celulite - Inicialmente apresentam eritema, dor e calor local - Posteriormente podem apresentar sinais e sintomas sistêmicos: febre, mal-estar, confusão mental e leucocitose - Infecção pode se disseminar através dos vasos linfáticos causando linfangite e linfadenite supurativa podendo causar bacteremia - Áreas mais acometidas: membros inferiores e face. No início é possível ver sinais flogísticos (calor, rubor, edema). Paciente pode cursar com alterações sistêmicas, mas com evolução do quadro clinico mais a diante (confusão mental, febre). Infecção pode disseminar pelos vasos linfáticos de causar bacteremia e linfangite. QUADRO CLÍNICO- Erisipela - Início e evolução são rápidos - Placa eritematosa, edemaciada, infiltrada e dolorosa - Bordas bem delimitadas, que crescem centrifugamente que avançam sobre a pele circunvizinha - Presença de bolhas confere gravidade ao processo, podendo evoluir para necrose e ulceração posterior - Pode se estender mais profundamente para tecido subcutâneo e resultar em celulite Erisipela: mais rápido, paciente tem placa, edema, infiltrado e é doloroso. As bordas são bem delimitadas. As bolhas têm maior gravidade e pode evoluir para necrose e ulcerar e evoluir para celulite. QUADRO CLÍNICO- Celulite - Lesão extremamente dolorosa e infiltrativa - Bordas mal delimitadas, que se estendem para tecido subcutâneo - Demarcação com pele sà indistinguível e não cresce centrifugamente - Pode apresentar bolhas ou necrose, resultando em extensas áreas de descolamento epidérmico e erosões superficiais - Pode se localizar em partes moles com formação de abcesso dérmico e subcutâneo, ou fasceite necrosante - Pode evoluir para supuração profunda e septicemia. Celulite: quadro muito doloroso, infiltrativo, bordas mal delimitadas, agride o subcutâneo. Como não é possível delimitar a lesão a sensação é que o membro todo está comprometido. Pode ter bolha, necrose, abscesso e evoluir para fascite necrosante. Paciente pode perder o membro se não for feita abordagem adequado. Pode evoluir para sepse. DIAGNÓSTICO - Clínico - Principal forma de diferenciação entre elas: margens da lesão - Erisipela: borda elevada e bem delimitada - Celulite: bordas mal delimitadas, gradualmente se misturando com áreas de pele normal - Exames auxiliares: hemocultura, aspirados e biópsias, em casos toxicidade sistêmica e provas inflamatórias. - Radiografias para diagnóstico de exclusão na suspeita de abcessos e osteomielite - Diagnóstico definitivo confirmado através do resultado das culturas (não deve atrasar o início da terapia em pacientes com sinais e sintomas clássicos). Diagnostico: é clinico (difere olhando a lesão). A erisipela a borda é bem delimitada e elevada. Já a celulite é mal delimitada e mistura pele comprometida e não comprometida. Pode pedir exames, mas não pode retardar o tratamento esperando o resultado do exame. Os exames são mais uteis para casos mais avançados. Raio X é indicado somente para suspeita de osteomielite e abscessos ósseos. Definitivo é com a cultura. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL IMPETIGO CONTAGIOSO: muito frequente em criança (1° foto) Ectima gangrenoso: 2° foto Fasceite necrozante: muito grave Trombose venosa profunda. Tratamento dessas doenças são completamente diferentes, então é muito importante avaliar o diagnostico diferencial. TRATAMENTO NÃO MEDICAMENTOSO: - Repouso com elevação da área afetada - Manter a pele hidratada - Tratar fatores predisponentes: tinea pedis, linfedema e insuficiência venosa Muito importante: repouso não deixar em pé pois piora o edema, manter pele hidratada e se tiver fator pré disponente deve ser tratado. MEDICAMENTOSO: - Antibioticoterapia para ERISIPELA: 1) Penicilina G Procaina IM 600.000 UI 1 2x/dia 2) Amoxicilina 500 mg de 8/S horas 5 - 14 dias 3) Eritromicina 500 mg de 6/6 horas, para pacientes alérgicos à penicilina Terapia parenteral (casos mais graves de erisipela, manifestações clássicas e sistêmicas como febre e calafrios): 1) Ceftriaxone 1g IV 1x/d ou Cefazolina 1-2g IV 8/8h ou Penicilina Cristalina EV Antibiótico terapia para erisipela: penicilina G procaína IM, amoxicilina VO e eritromicina VO. A terapia pode ser ambulatorial, se tiver sinais de gravidade interna e faz o uso de medicamento EV (ceftriaxona, cefazolina ou penicilina cristalina). Quando estabiliza o paciente faz o esquema VO em casa. - Antibioticoterapia para CELULITE: Purulenta: empírico: 5 -10 dias, S. aureus resistentes à meticilina (MRSA) Clindamicina 300-450 mg VO de 8/8 horas Doxiciclina 100 mgVo de 12/12 horas Sulfametoxazol-trimetoprim 800/160 mg VO de 12/12 horas Linezolida 600 mg VO de 12/12 horas Tem secreção intensa, cultura mostra estafilo resistente. Não purulenta: empírico: 5 -10 dias, estreptococos beta - hemolíticos e S. aureus sensíveis a meticilina (MSSA) Oral: Dicloxacilina 500 mg VO de 6/6 hrs Cefalexina 500 mVO de 6/6 horas Clindamicina 300-450 mg VO a cada 6-8 h Endovenoso: Cefazolina 1-2g V de 8/8 hrs Oxacilina 2g EV de 4/4 horas Clindamicina 600-900 mg EV de 8/8 horas Nos quadros de celulite o paciente geralmente fica internado ate estabilização. PREVENÇÃO - Profilaxia secundáriacom antibioticoterapia está indicada em casos de recorrência - Penicilina Benzatina 1.200.000 UI IM a cada 4 semanas por tempo indeterminado - Dicloxacilina 250 mg dose diária para pacientes alérgicos a penicilina - Cuidados locais: - Água boricada - Bolhas: neomicina e bacitracina - Descolonização S.áureos: mupirocina Profilaxia secundaria: antibiótico terapia é indicada para paciente com recorrência, com 3 ou mais episódio ao ano. Paciente chega ao pronto socorro, já é quarto quadro de erisipela do ano, não tratou a causa (insuficiência venoso, alteração de retorno venoso, diabetes), então ele vai continuar com os quadros, então precisa prescrever a penicilina benzatina a cada 4 semanas enquanto durar o fator de risco. Paciente com alergia prescrever a dicloxacilina. Orientar os cuidados: agua boricada, bolhas (pomada), paciente com estafilococos passar tomada para descolonizar. Orientar higiene, tratamento de infecções. + 3 episódios já faz a prevenção. Referências Bibliográficas - Veronesi; Tratado de Infectologia. 5° edição; - Sampaio SAP, Rivitti E4. Piodermites e outras dermatoses por bactérias. In: Dermatologia. 2º. ed. - Isao H, Swart: MN, Weinberg AN, Johnson R4. Infecções de partes moles: erisipela, celulite e celulite gangrenosa - Pereira ALC, Leal E A-ulay DR, A-ulay RD. Infecções bacterianas da pele. In: Azulay RD. Dermatologia Abscesso pulmonar e subfrênico Abscesso pulmonar é bem mais comum. E o subfrenico sempre tem algum fator de risco. Abscesso Pulmonar - Coleção de tecido necrosado e supurativo localizado no parênquima pulmonar, causado por infecção microbiana. - Tem início 7 - 14 dias após inoculação microbiana. - Pode surgir por via hematogênica, como êmbolos sépticos de uma endocardite - Seu desenvolvimento reflete infecção por uma elevada carga de microorganismos c/ou déficit dos mecanismos de depuração do trato respiratório - A causa mais comum é a aspiração, quando há comprometimento dos mecanismos de proteção das vias aéreas inferiores do hospedeiro - Fatores predisponentes para aspiração: anestesia geral, intoxicações, disfunção bulbar, epilepsia, distúrbios de motilidade esofágica, doença periodontal, uso abusivo de drogas e alcoolismo, pacientes imunossuprimidos e vômitos. Abscesso pulmonar: é uma coleção de tecido necrosado e supurativo localizado no parênquima pulmonar por uma microbiota aeróbica e anaeróbica. Precisa ver o tempo da lesão, a flora que contribui para a formação. Quadros mais agudo geralmente são aeróbicos e quadros crônicos sugerem germes anaeróbios. Início de 7 a 14 dias após contato. Surgem por via hematogênica: embolos sépticos de uma endocardite ou pela disseminação, por via sanguínea. Como reflete a presença do abscesso: por carga de microrganismo circulando que é muito grande ou paciente tem déficit de mecanismo de depuração no trato respiratório. Paciente que broncoaspirou, apresentou anestesia geral, intoxicação, uso abusivo de drogas, distúrbios de motilidade ou quadros de epilepsia. Ou seja, por algum motivo comprometeu as vias aéreas e ele não conseguiu se proteger e o embolo permanece no pulmão. - Podem ser agudos ou crônicos (mais de 30 dias de evolução) - Podem ser únicos ou múltiplos: Únicos: mais comuns, geralmente secundários à aspiração; localizam-se nos segmentos posteriores. 1 lesão e é devido a quadros de aspiração. Estão nos lobos posteriores. Múltiplos: geralmente decorrentes de embolia séptica e denominados de pneumonia necrosante quando menores que 2 cm. Já são quadros de sepsemia, pneumonia necrosantes e tem vários focos no pulmão. - Podem ser primários ou secundários: Primários: provenientes de aspiração de material de orofaringe em indivíduos previamente saudáveis. Broncoaspirou algum material na orofaringe. Ou seja, o paciente é totalmente saudável. Secundários: obstrução brônquica por carcinoma broncogênico ou corpo estranho. Doenças sistêmicas que comprometem a imunidade como AIDS, transplante de órgãos ou quimioterapia. O paciente tem obstrução por câncer, alteração da imunidade (HIV, transplante). Etiologia Maioria dos abscessos pulmonares são causados por bactérias, comumente anaeróbias, refletindo a composição da flora gengival. Microrganismos mais frequentes: Staphylococcus aureus, Klebsiella pneumoniae, Pseudomonas aeruginaso, Streptococcus pyogenes, Anaeróbios (Peptostreptococcus, Prevotella, Bacteroides sp e Fusobacterium sp). Microrganismos menos frequentes: Escherichia coli, Haemophilus influenzae tipo B, Nocardia asteroides, Parogonimus westermani, Burkholderio pseudomallei, Burkholderia mallei, Espécies de Legionella, Mycobacterium tuberculosis, Fungos (imuno-comprometidos) e Parasitas (imuno-comprometidos). A maioria dos abscessos são bacterianos e reflete a nossa flora gengival (orofaringe). Germes: anaeróbios (+ frequente) e aeróbicos. Quadro clinico Manifestações Clínicas mais frequentes: dispneia, toracalgia, febre, tosse e expectoração muco- purulenta Manifestações Clínicas menos frequentes: fadiga, anorexia, emagrecimento, sudorese e hemoptises Quadro clinico é muito inespecífico. Febre, dor torácica, hemoptise, tosse. Diagnóstico - Clinica, identificação de condições predisponentes e alterações radiológicas - Quadro agudo mais exuberantes - caracteriza germe aeróbio - Quadro crônico, mais arrastado - caracteriza germe anaeróbio - Radiografia de tórax: Infiltrado, com ou sem cavitação - Lesão característica: lesão arredondada, em geral única, com nível líquido e localização em segmentos pulmonares posteriores - TC de tórax: define a localização do abcesso pulmonar, pode identificar outros processos relacionados (empiema e/ou infarto pulmonar) - Broncoscopia: para coleta de material - Exames microbiológicos: bacterioscopia e cultura de escarro Diagnostico: principalmente clinico e por alterações radiológicas. Solicita raio X: vê cavitações características nos segmentos posteriores. Quadros agudos são germes aeróbicos e os crônicos são flora mista anaeróbio. A TC é mais especifica e detalha mais. Broncoscopia colhe o material para fazer a bacterioscopia. Cultura de escarro faz o diagnostico diferencial. Tratamento - Melhora clínica de 3 a 5 dias após início da antibioticoterapia - Pode durar até 28 dias de antibioticoterapia - Drenagem percutânea, drenagem endoscópica - Fisioterapia respiratória Mínimo de 28 dias de tratamento, mas a melhora começa 3- 5 dias do antibiótico. Se tiver necessidade faz drenagem percutânea ou endoscopia. Fisioterapia respiratória reestabelece o pulmão. Terapia de primeira escolha: clindamicina em monoterapia ou associada a cefalosporina de 2° ou 3°geração. ABSCESSO SUBFRÊNICO (sudiafragmático) - Definido como coleção de pus, situada abaixo do diafragma e acima do cólon e mesocólon transversos, espaços subfrénicos - 60% dos abscessos subfrênicos desenvolvem-se após cirurgias que envolvem o duodeno, estômago, trato biliar ou apêndice - 20 - 40% dos abscessos desenvolvem-se após a ruptura de uma víscera oca (apendicite aguda ou úlcera péptica perfurada) - Pode se apresentar de forma aguda e severa ou processo crônico insidioso com febre intermitente, perda ponderal, anemia e sintomas inespecíficos Abscesso é uma coleção de pus abaixo do diafragma, acima do colon e mesocolon no espaço subfrênico. Geralmente paciente tem histórico de cirurgia há 30/60 dias. Maior frequência de ruptura de alguma víscera. Pode ser agudo ou crônico. Febre de origem indeterminada, histórico de cirurgia abdominal há 30/60 dias sempre pensar em abscesso. - Paciente com febre de origem indeterminadaque tenha histórico de cirurgia abdominal (meses), deve ser levantada a suspeita de abscesso subfrênico - Picos de febre, dor, perda ponderal e sensibilidade abdominal (margem costal inferior) - Pode apresentar sintomas torácicos: tosse não produtiva, dor torácica, dispneia, dor no ombro. Percussão submaciça e múrmurio vesicular diminuído são encontrados quando ocorrem atelectasias basais, pneumonia ou derrame pleural. Os sintomas torácicos não são patognomônico. - Diagnóstico: Radiografia (derrame pleural), TC e USG - Tratamento: Drenagem percutânea (cateter) ou cirúrgica. OU Antibioticoterapia: Gentamicina e Metronidazol EV Diagnostico: raio X, TC e USG. Tratamento: drenagem e antibiótico terapia (gentamicina e metronidazol EV). Se tiver melhora recebe alta. Duração 28- 30 dias. Gastroenterocolites Síndrome Diarreica- 16/09 FISIOLOGIA Intestino delgado e cólon - Envolvidos na absorção e secreção dos fluidos e íons. - Pela grande capacidade absortiva, ocorre passagem de apenas 100ml de fluidos para as fezes, mesmo chegando 10 litros de líquido/dia nesses órgãos. - Qualquer fenômeno que interfira na fisiologia da absorção e/ou secreção dos fluidos fecais pode provocar diarreia. Absorção e secreção são alterados no intestino delgado e colón. Os dois são responsáveis pela absorção e secreção dos fluidos. Capacidade absortiva é limitada a 100ml de fluido nas fezes. Quando tem algum quadro infecioso pode alterar a secreção. DEFINIÇÃO- diarreia - Definição fisiopatológica: Excesso de água nas fezes (> 85% do peso fecal) que ocasiona aumento no peso fecal diário (> 200g/dia) - Definição clínica: Redução na consistência das fezes e elevação na frequência das evacuações ( > 3x/dia) Diarreia: 3 ou mais evacuações por dia e a consistência tem que ser aquosa. CLASSIFICAÇÃO – Temporal - Aguda: duração até 4 semanas. Causada por Staphylococcus aureus (intoxicação alimentar), Salmonella, Shigella, E. coli, Rotavirus. - Crônica: superior a 4 semanas. Causada por doenças que causam má absorção intestinal, DII, neoplasias, infecções e parasitoses. CLASSIFICAÇÃO - Anatômica/topográfica: ALTA (tipo delgado): - Frequência das evacuações é elevada, todas com eliminação de fezes liquefeita sem sangue - Pode apresentar esteatorreia (> 7g/d de gordura fecal) com fezes espumosas, oleosas e fétidas quando há comprometimento de má absorção - São não inflamatórias, causadas por infecções (S.aureus, Rotavirus), parasitoses (Giardiase), má absorção intestinal BAIXA (tipo colônica): - Numerosas dejeções (10-20 x/d) e na maioria das vezes evacua sangue - Presença de muco, sangue e até pus nas fezes (leucócitos positivos), tenesmo - São inflamatórias (leucócitos + nas fezes), causadas por bactérias invasivas (Salmonella, Shigella), DII, neoplasias ETIOLOGIA Quadro 2: as causas da diarreia. Quadro 3: medicações que causam diarreia ETIOPATOGENIA - Diarreias Não Inflamatórias Diarreias não inflamatórias subdividem-se em: osmóticas, secretoras e motoras 1) Diarreias OSMÓTICAS: - Caracteriza-se pela retenção de líquidos dentro do lúmen intestinal devido a presença de solutos pouco absorvíveis e osmoticamente ativos na luz intestinal - Causas: deficiência de dissacaridases (lactase), uso abusivo de laxativos, síndrome de má absorção - Sinais e sintomas: presença de flatulência (excesso de fermentação), distensão abdominal e meteorismo; melhora com jejum - Achados laboratoriais: Aumento da osmolalidade fecal Ausência de leucócitos fecais Mínima ou nenhuma quantidade de sangue nas fezes Esteatorreia em casos de má absorção intestinal 2) Diarreias secretoras - Aumento na secreção intestinal ou diminuição na absorção dos fluidos fecais - Diarreias volumosas, sem interferência da ingestão oral - Causas: bactérias produtoras de toxinas (Vibrio cholerae, E. coli, S. aureus, C. perfringens) ou outros patógenos que interferem no processo secretório normal do intestino delgado - Mecanismo é o mesmo da cólera do viajante resulta na grande perda de água e eletrólitos nas fezes - Achados laboratoriais: Gap osmótico normal Ausência de leucócitos fecais Mínima ou nenhuma quantidade de sangue nas fezes 3) Diarreias MOTORAS - Alterações motoras intestinais secundárias a doenças sistêmicas (ex. hipertireoidismo) ou intervenções cirúrgicas - Mudanças na velocidade do trânsito intestinal - diarreia por aceleração ou retardo - O retardo intestinal pode apresentar estase do conteúdo fecal e supercrescimento bacteriano. ETIOPATOGENIA - Diarreias Inflamatórias - Conhecida como exsudativa, disenteria ou invasora - Envolve o cólon (diarreia baixa/tipo colônica) - Causadas por organismos que interferem na barreira mucosa intestinal por ação direta (invasão da mucosa - Salmonella, Shigela), com ou sem elaboração de toxinas - Causa exsudação de células inflamatórias (pus= leucócitos + nas fezes), sangue, soro e muco para lúmen intestinal - Características clínicas: Evacuações em pequena quantidade com muco, pus e/ou sangue Cólicas no abdome inferior Urgência fecal e tenesmo (DOR) Febre e perda ponderal Sempre pensar em locais que tem chance de ter a contaminação. Pensar em viagens internacionais (viajante). DIARREIAS INFECCIOSAS - virais - Agentes: norovírus, rotavírus, adenovírus entérico e astrovírus - Afeta todas as faixas etárias, em todos os períodos do ano - Cenários de infecção variados, como asilos, creches, quartéis, cruzeiros etc. Risco: idoso e criança. - Clínica: vômitos, diarreia volumosa e febre - Diagnóstico: microscopia eletrônica, análise por PCR (caros); métodos imunológicos (mais usados). DIARREIAS INFECCIOSAS - Bacterianas - Agentes: Campylobacter jejuni, Salmonella sp., Shiegella sp., Clostridium dificile. Escheria coli, Vibrio cholarae - 2° causa de morte em < 5 anos - E. coli enterotoxigênica: mais comum; transmissão por água e alimentos - E. coli Entero- Hemorrágica: toxina Shiga like (carne bovina mal cozida e leite não pasteurizado) associado com SHU (anemia hemolítica + trombocitopenia +IRA) - Clostridium difficile - diarreias nosocomiais/institucionais, antibióticos (clindamicina, cefalosporinas, ampicilina) paciente toma antibiótico e começaram a ter diarreia. - Salmonella: alimentos origem animal contaminados (carne, leite, ovos e aves) - Shigella: principal causa de disenteria; alta infectividade; alimentos contaminados - V. cholarae: fecal oral, início súbito, diarreia aquosa intensa com desidratação e perda de eletrólitos, podendo ser fatal DIARREIAS INFECCIOSAS - Parasitárias - Mais comuns em regiões com más condições higiênico sanitárias - Agentes: Entamoeba histolytica, Giardia lamblia, Strongyloides stercoralis - Transmissão fecal oral - Amebíase: 90% são assintomáticos; se invasão de mucosa causa diarreia persistente com possível abscesso, peritonite e perfuração intestinal - Giardíase: resistente a cloração da água, clinica com perda ponderal e esteatorreia - Estrongiloidiase: nematódeo que vive no solo como forma livre; penetração da larva na pele; localização preferencial é TGI e duodeno - Diagnóstico: EPF 3 - 6 amostras DIARREIA DOS VIAJANTES - Grupo de doenças resultante da ingestão de água e alimentos contaminados por agentes infecciosos, tem a diarreia como manifestação principal - Países como América Latina, África, Oriente médio e Ásia são destinos de maior risco associado - Bactérias são responsáveis por cerca de 80% dos casos: E. coli enterotixigénica, Shigella, Salmonella, Campylobacter- Intoxicações: toxinas produzidas por Staphylococeus aureus e Bacillus cereus - Vírus: adenovírus, astrovirus, rotavírus, calcivírus (navios) - Parasitas (diarreias prolongadas > 14 dias): Giardia lamblia, histolytica, Cryptosporidium DIAGNÓSTICO - Anamnese e exame físico são fundamentais; solicitação de exames laboratoriais não é custo- efetiva - Solicitação de exames laboratoriais se presente "sinais de alarme": Sinais de alarme: potencial para evoluir para mortalidade. História Clínica - Início e duração dos sintomas - Sintomas contínuos ou intermitentes (ex. DII os sintomas são intermitentes) - Fatores epidemiológicos (viagens, exposição a alimentos contaminados, acometimento de outras pessoas próximas) - Características das fezes (líquidas, sanguinolentas, gordurosas) - Ocorrência de incontinência fecal - Associação a dor abdominal ou emagrecimento - Existência de fatores agravantes ou de alívio - Medicações em uso (efeito colateral de drogas, laxativos) - Antecedentes patológicos clínicos e cirúrgicos (pós op, diabetes, vasculites...) Alguns dados da história clínica são úteis na definição do agente etiológico: - Febre é característica de bactérias invasivas: Shigella, Salmonella, Campylobacter - Vírus entéricos ou organismos citotóxicos com dano mucoso e inflamação: Clostridium difficile ou Entamoeba histolytica - Diarreia + vômitos - dentro de 6 h após exposição alimentar: ingestão de toxinas de Staphylococeus aureus ou Bacillus cereus - entre 6 - 14h após exposição alimentar: infecção entérica por Clostridium perfringens - > 14h de incubação + predominância de vômitos: suspeitar de infecções virais Favorecem suspeita de causa orgânica: - Duração inferior a 3 meses do início dos sintomas (mudança recente no hábito intestinal) - Diarreia noturna - Duração contínua - Início abrupto dos sintomas - Emagrecimento (perda ponderal >5 kg) - Anemia, hipoalbuminemia e peso fecal diário acima de 400gr - Estudo da amostra fecal: Pesquisa de Na e K, para cálculo do gap osmótico, pesquisa de leucócitos e gordura fecal; rastreamento do uso de laxativos, pesquisa de sangue oculto nas fezes - EPF: apenas em casos de diarreia persistente ou diarreia do viajante - Exames laboratoriais: Hemograma, provas de atividade inflamatória (VHS, PCR), eletrólitos, função renal, hormônios tireoideanos (TSH,T4), EAS, entre outros. - Estudo radiológico e endoscopia: Rx de abdome, enema opaco, TC de abdome, EDA. Somente se tiver indicação Tratamento - A maioria dos acometidos terá doença infecciosa, de caráter autolimitado - Principal: Terapia de reidratação oral e medidas de suporte, independente da etiologia - Antidiarreicos (loperamida) não devem ser administrados em casos de diarreia com sangue ou na suspeita de infecção por E. coli - risco de megacólon tóxico e síndrome hemolítico urêmica - Tratamento da diarreia crônica deve ser direcionado à causa - Indicação de antibióticos 1. Número evacuações: 6-10 evacuações diárias 2. Diarreia com sangue, muco ou pus 3. Pesquisa de polimorfonucleares positiva nas fezes 4. Dor abdominal intensa 5. Repercussões sistêmicas e/ou instabilidade hemodinâmica 6. Sintomas há mais de 48hs 7. Diarreia dos viajantes 8. Presença de metástases extraintestinais 9. Necessidade de internação hospitalar e/ou pacientes imunocomprometidos - Apenas 1-5% necessitam de antibióticos - Causas bacterianas: antibióticos da classe das quinolonas (ciprofloxacino) ou macrolídeo (azitromicina) - Ciprofloxacino 500mg 12/12h ou Azitromicina 500mg Ix/dia por 3 -5 dias - Casos de Giardíase: derivados imidazólicos (metronidazol, secnidazol) - Evitar Bactrim (sulfametoxazol + trimetroprina) por estar associado a casos de resistência bacteriana. É importante estatificar o paciente: A, B e C Hidratação oral e encaminhar para casa Hidratação assistida e depois alta. Ambiente hospitalar: hidratação e manutenção Antibiótico: diarreia com sangue, comprometimento estado geral ou cólera grave. Antiparasitário: amebíase e giardíase Zinco: coadjuvante. Renova flora do intestino. Doença do refluxo gastroesofágico – 23/09 DISPEPSIA - É a expressão clínica das doenças que acometem o estômago, caracterizada por sintomas relacionados ao aparelho digestivo alto - Grupo heterogêneo de sintomas como sensação de dor ou desconforto localizados no epigástrio - É a manifestação de diferentes doenças, principalmente doenças pépticas, DRGE, úlcera péptica gastroduodenal e dispepsia funcional - Sintomas: epigastralgia, desconforto pós- prandial, pirose retroesternal, azia, regurgitação, disfagia, odinofagia, eructação excessiva, náuseas e vômitos. Paciente faz todos os exames possíveis e não dá nada = dispepsia funcional. Consenso de Roma IV Classificação: Investigada-Propedeutica - Dispepsia orgânica: sintomas relacionados a uma doença orgânica (ex.: úlcera péptica, DRGE), metabólica ou sistêmica. - Dispepsia funcional: sintomas não relacionados a doenças de base orgânica - Dispepsia associada a h. pylori: melhoras após tratamento. - Não investigada Diagnóstico Dispepsia funcional: 1 ou + (recorrentes nos últimos 3 meses, com mínimo de 6 meses início: - Dor epigástrica - Pirose epigástrica - Plenitude pós prandial - Saciedade precoce DRGE - Afecção crônica decorrente do refluxo de parte do conteúdo gástrico (e por vezes gastroduodenal) para o esôfago e/ou órgãos adjacentes (faringe, laringe, brônquios). - Acarreta um espectro variável de sintomas e sinais esofágicos associados ou não a lesões teciduais (ex.: esofagite) EEI fica hipotônico, hérnia de hiato. EPIDEMIOLOGIA - Distúrbio muito comum, e provavelmente uma das doenças mais frequentes na humanidade - Prevalência: 10 - 20% da população - Todas as faixas etárias - Sexo masculino (3:1) - Raça branca - Infecção por H. pylori - Obesidade: eleva a pressão intra-abdominal - 10-15% evoluem com complicações: sangramento, estenose péptica, esôfago de Barret e adenocarcinoma - Pirose diária: 1/2500 por ano evoluem com câncer de esôfago secundário PATOGENESE Apresenta 3 mecanismos: 1) Relaxamento transitório frequente do esfíncter esofágico inferior (EEI), não relacionados à deglutição (+ comum) 2) EEI constantemente hipotônico 3) Desestruturação anatômica da junção esofagogástrica (hérnia de hiato) - fator contribuinte, mas não determinante 1) Relaxamento transitório frequente do EEI, não relacionado à deglutição: - Mediados por um reflexo vagovagal (n. vago faz aferência e eferência do reflexo) - Relaxamentos mais duradouros (>10 segundos) - Aperistalse esofagiana - Responsáveis por 60 - 70% dos episódios de refluxo na DRGE 2) EEI constantemente hipotônico: - Pressão média do EEI entre 10 - 30 mmHg - Pacientes com hipotonia de EEI (<5mmHg) - Geralmente sem fator desencadeante - Condições de base: esclerodermia (fibrose e atrofia), gestação (estrógeno e útero gravídico), lesão cirúrgica do EBI, tabagismo, uso de drogas com efeito anticolinérgico ou inibidores da musculatura lisa, esofagite, hormônios. 3) Desestruturação anatômica da junção esofagogástrica (hérnia de hiato): - Musculatura diafragmática - Posição inapropriada do EI - menor pressão na cavidade torácica - Hérnia de hiato: permite o refluxo do material contido no saco herniário (deglutição) - Refluxo: peristalse primária (deglutição) e peristalse secundária (distensão da parede do esôfago) - Ácido gástrico (fator agressivo) - Com a agressão repetitiva da mucosa, a camada epitelialé destruída, surgindo erosões, inflamação e edema (esofagite erosiva) - Submucosa e muscular: úlceras, fibrose e estenose do esôfago - Cicatrização por metaplasia intestinal (epitélio escamaso epitélio colunar): endoscopia de controle após tratamento MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Pirose: 1 - 2x/dia de alguns minutos a 1 hr, melhora com antiácidos - Regurgitação - Dor subesternal - Sintomas extras ou supraesofágicos: 1) Faringe: faringite crônica, erosão do esmalte dentário 2) Laringe: rouquidão, granuloma de corda vocal 3) Cavidade nasal: sinusite crônica, otite média 4) Árvore traqueobrónquica: tosse crónica (3° causa + comum), pneumonite aspirativa, broncoespasmo (reflexo esofagopulmonar) - Anemia ferropriva e sangue oculto nas fezes (erosões e úlceras): sangramento de úlceras e erosões não exteriorizadas - Disfagia: sinal de alarme para CA - Leve (sólidos): inflamação intensa da parede esofagiana - Se insidiosa e não houver emagrecimento: estenose péptica - Se evolução rápida e emagrecimento: avaliar adenocarcinoma - Grave (sólidos e líquidos): desordem motora associada DIAGNÓSTICO DIFERENCIAIS - Esofagite infecciosa - Esofagite eosinofilica - Dispepsia não ulcerosa - Úlcera péptica gastroduodenal - Doença do trato biliar - Distúrbios motores esofágicos (acalasia atípica) - Doença coronariana DIAGNÓSTICO CLÍNICO - História clínica: pirose (1-2x/semana) por um período de 4-8 semanas - Teste confirmatório: redução sintomática > 50% após 1-2 semanas com uso de IBP - Teste terapêutico em pacientes com DRGE atípica Quando realizar exames complementares? - Presença de "sinais de alarme": disfagia, emagrecimento, odinofagia, sangramento gastrointestinal e anemia - Ausência de resposta ao tratamento empírico com IBP em dose dobrada Diagnostico é clinico: paciente com pirose 4-8 semanas. Confirma o diagnostico quando paciente melhorar após o uso de IBP 1-2 semanas. Somente pede exames antes da medicação se tiver sinais de alarme. Exames complementares Endoscopia Digestiva Alta - Diagnóstico de complicações (esofagite erosiva - 40%) - DRGE erosiva e não erosiva - Classificação de Los Angeles da esofagite de refluxo: Biópsia - Hiperplasia da camada basal do epitélio estratificado do esôfago, associado a papiplomatose - Histopatológica: aumento do espaço intercelular do epitélio estratificado - Esôfago de Barret pHmetria de 24h (padrão ouro): Indicações: - Sintomas típicos de refluxos refratários à terapia, com endoscopia normal ou duvidosa (DRGE não erosiva) - Sintomas atípicos de refluxo, incluindo sintomas respiratórios, otorrinolaringológicos e a dor subesternal, quando não houver resposta ao teste terapêutico com IBP em dose dobrado - Confirmação da existência de DRGE antes da cirurgia antirrefluxo DRGE: Identificada quando mais de 7% das medidas de pH encontra-se <4,0 Esofagomanometria - Cateter esofágico para medir a pressão em pontos específicos para avaliar estado motor do EEI e corpo do esôfago - Indicações: 1) DRGE com indicação cirúrgica (funcoscopia parcial) 2) Suspeita de distúrbios motores esofágicos associados 3) Localizar o EEI, antes da pHmetria Cintilografia esofagiana - Documentar o refluxo gastroesofágico principalmente em crianças menores Fluroscopia e Esofagografia baritada - Principal papel em diagnóstico de estenose esofagiana (benigna ou maligna) e hérnia do hiato Complicações 1) ESTENOSE PÉPTICA DE ESÔFAGO - Ocorre em média de 10% geralmente nos pacientes com esofagite grave, circunferencial ou associada à úlcera esofágica (cicatrização com fibrose) - Terço inferior e ascendente - Disfagia mecânica - Melhora da pirose - Tratamento: dilatação endoscópica, IBP, cirurgia antirrefluxo 2) ÚLCERA ESOFÁGICA - Úlceras superficiais (mais comum) e profundas (submucosa ou muscular), levando a manifestações de dor e hemorragias (úlcera de Barret). 3) SINTOMAS RESPIRATÓRIOS: - O refluxo pode produzir sintomas típicos de asma brônquica (asma relacionada ao refluxo). - 30-60% dos asmáticos apresentam refluxo patológico. - Asma de difícil controle, episódios de broncoespasmo pós-prandial, sintomas clássicos de refluxo (pirose, regurgitação). - Asma induzida por refluxo: Reflexo vagal esofagobrônquico Episódios de microaspiração de conteúdo ácido 4) EPITÉLIO COLUNAR: ESÔFAGO DE BARRET - Substituição do epitélio escamoso por colunar devido ao refluxo grave e de longa data fazendo lesões repetidas a mucosa (metaplasia intestinal) - 10-15% dos pacientes submetidos a EDA. - Predomínio em homens brancos, aumento da prevalência com a idade e pico entre 45- 60 anos. - Obesidade - O epitélio colunar pode diminuir os sintomas da DRGE. (25% do EB são insensíveis ao ácido) - Diagnóstico: áreas de coloração vermelho- salmão no terço inferior do esôfago. Confirmação com biopsia (células caliciformes). - Lesão precursora do adenocarcinoma de esôfago (40 vezes). Tratamento 1) Medidas Gerais: - Elevação da cabeceira do leito (15 - 20cm) - Reduzir ingestão: gorduras, cítricos, café, bebidas alcoólicas e gasosas, menta, hortelã, molho de tomate, chocolate, condimentos em excesso - Evitar deitar-se após as refeições, esperar de 2- 3h - Evitar refeições copiosas - Fracionar a dieta - Suspender fumo - Evitar líquidos durante as refeições - Evitar atitudes que aumentam a pressão intra- abdominal - Redução de peso - Evitar drogas que diminuem a pressão do EEI: bloqueadores do canal de cálcio, nitratos, derivados da morfina, anticolinérgicos, progesterona, diazepam, barbitúricos, teofilina 2) Farmacológico: A) Inibidores da bomba de prótons (IBPs): tratamento de escolha para DRGE - Omeprazol(20mg), pantoprazol(40mg), esomeprazol(40mg) (melhora de 5% a mais que os outros, mas é caro), lanzoprazol(30mg) - Eficaz na resolução dos sintomas, cicatrização da esofagite, baixa incidência de efeitos adversos - Melhor efeito quando administrado 30min antes das refeições - Tempo tratamento: 6 - 12 semanas - Efeitos colaterais: risco de osteoporose (redução da absorção intestinal de cálcio), interfere na absorção de vitamina B12, maior susceptibilidade a infecções entéricas como colite por Clostridium difficile. - Se tratamento interrompido ocorre recidiva em cerca de 80% dos casos em 6 meses B) Bloqueadores de H2: - Bloqueiam os receptores de H2 de histamina nas células parietais gástricas, reduzindo a produção gástrica - Ranitidina, Cimetidina, Famotidina - Duração mínima de tratamento: 8-12 semanas - Efeitos colaterais: vertigem, cefaleia, diarreia, alucinações e confusão mental C) Antiácidos: - Hidróxido de alumínio/magnésio - Sintomático; Alívio imediato da pirose D) Procinéticos: - Elevam a pressão do EEI, aumenta o esvaziamento gástrico e o clearence esofágico - Bromoprida, metoclopramida, domperidona (não cruza a barreira hematoencefálica), cisaprida - Adjuvantes na terapia da DRGE, de preferência utilizados 15-30min antes das refeições Hepatites virais – 23/09 A, B, C, D e E Temos as hepatites A, B, C, D e E. Tem muitos acometimentos em comum, mas possuem suas peculiaridades. HEPATITES VIRAIS - Inflamação do parênquima hepático: infiltrado inflamatório + necrose hepatocelular - Vírus hepatotrópicos: HAV, HBV, HCV, HDV e HEV Conceitos importantes: - Hepatite aguda (até 6 m): atividade inflamatória (aumento de TGO/TGP) - Hepatite crônica (>6 m): inflamação persistente (elevação de TGO/TGP + alterações graves da histologia hepática/fibrose) - Hepatitefulminante: falência hepática no curso da hepatite aguda (coagulopatia e encefalopatia hepática). Elas têm em comum a inflamação do parênquima hepático: infiltrado inflamatório + necrose hepatocelular. Os vírus tem um tropismo pelas células dos hepatócitos. Tem a hepatite aguda, até 6 meses, quando a TGO e TGP (células inflamatórias) estão estouradas Quando o paciente evolui para cronicidade, geralmente tem mais de 6 meses; tem uma inflamação, porém as enzimas inflamatórias não estão tão intensas. Há alterações graves da histologia, da anatomia das células que evolui para fibrose, para a perda da função. Na hepatite fulminante, o paciente evolui para uma encefalopatia hepática, coagulopatia. Se não for feita o transplante, o paciente vem a óbito. QUADRO CLÍNICO - Fase prodrômica (pré-ictérica) - Fase ictérica - Fase de convalescência 1) Fase prodrômica (pré-ictérica): - Viremia: aumento leve de transaminases - Sinais e sintomas constitucionais - Febre, cefaleia, vômitos, náuseas, mal-estar, anorexia, tosse - Hepatomegalia e esplenomegalia - Duração 1 - 3 semanas 2) Fase Ictérica: - Pico de TGO/TGP - Icterícia, colúria, acolia fecal, prurido; Sem febre - Hepatomegalia - Duração 1 - 2 semanas - Essa fase pode não estar presente 3) Fase de convalescência - Percepção de melhora e resolução dos sintomas - Fim dessa fase = fim da hepatite aguda - Duração de até 6 meses - Evolui para cura ou cronicidade (>6 meses) O quadro clínico normalmente é dividido em 3 fases: Prodrômica Ictérica Convalescência A fase prodrômica é o inicial, é o contato do vírus com o organismo. As enzimas inflamatórias (TGO e TGP) tem um aumento não muito intenso. Tem sinais e sintomas inespecíficos: náuseas, anorexia, febre, mal estar, tosse. Pode ter hepatoesplonomegalia e dura de 1 a 3 semanas. Na fase ictérica tem um pico de TGO e TGP, o paciente evolui com icterícia, colúria, acolia, prurido, NÃO tem febre. Tem hepatoesplonomegalia que dura de 1 a 2 semanas. Em alguns pacientes essa fase pode não existir. Na convalescência há a melhora de todos os sintomas com evolução para a fase de cronificação ou cura. Geralmente a duração é de 6 meses. Ou o paciente cura ou cronifica. As Hepatites tem clínicas muito semelhantes. O que vai diferir uma da outra é a história epidemiológica, a forma de transmissão, frequência, sorologias. Os exames são todos muito inespecíficos, mas muito importantes. São eles: coagulograma, provas inflamatórias, bilirrubina. HEPATITES VIRAIS - Clínicas semelhantes - Diagnóstico: História epidemiológica Inespecífico: transaminases, bilirrubinas, coagulograma Específico: Sorologias (HAV, HBV, HCV.) HEPATITE A - Vírus RNA (família picornaviridae) - Sorotipo único - confere imunidade permanente (primo-infecção ou pela vacinação) - imunoprevinível - Período de incubação: 15 - 45 dias - Transmissão fecal oral (água, alimentos contaminados, fômites, frutos do mar) - Surto mundial (relação HSH-sexual oral anal); - Condições sanitárias ruins - Vacina 2014 - Benigna e autolimitada, não cronifica CLÍNICA - Oligossintomática - Icterícia febril - Hepatomegalia - Crianças geralmente apresentam quadro mais leve com hepatomegalia DIAGNÓSTICO: - Inespecífico: TGO, TGO, bilirrubinas, coagulograma - Sorologia: Aguda: Anti-HAV IgM + Imune: IgG + TRATAMENTO - Suporte; - Transplante hepático se fulminante VACINAÇÃO (vírus vivo inativado) - A partir de 1 ano de idade, 2-3 doses, com intervalo de 6 meses - Segura, sem contraindicações - Indicada para viagens em áreas endêmicas - Hepatopatas crônicos - Viagens, HSH, HIV+ - Contato: até 2 semanas (vacina de bloqueio) HEPATITE A É um vírus de RNA, de sorotipo único. Confere imunidade permanente ou pela vacina (é uma doença inumoprevinível) ou pela infecção. O período de incubação pode ir até 45 dias. A transmissão é fecal oral (alimentos contaminados), sexual (sexo oral). A partir de 2004 foi preconizado a vacinação. É uma doença benigna auto limitada, não cronifica. O paciente evolui com poucos sintomas; pode ter icterícia, hepatoesplenomegalia; é muito comum em crianças. Os exames são muito importantes: provas inflamatórias, coagulogramas, função hepática, bilirrubina e a sorologia. Tem vacinação a partir de 1 ano, 2 a 3 doses. Pacientes hepatopatas, que realizarão viagens. Tem a vacinação de contado; até 2 semanas pode ser administrada a vacinação de bloqueio. HEPATITE B - DNA vírus (família hepaDNAviridae) - Imunoprevenível (vacina) - Complicações: cirrose e carcinoma hepatocelular - Envoltório externo contendo proteínas antigênicas = antigeno de superficie do HBV (HBsAg) - Core (HBcAg): contém o DNA, enzima DNA- polimerase e antígeno solúvel (HBeAg) - Período de incubação: 60 - 180 dias (média de 75 dias) - 90-95%: Hepatite aguda ictérica - 5 - 10% : Infecção crônica - 1%: Hepatite fulminante - 2 - 6 % dos cirróticos: Carcinoma hepatocelular - Vias de transmissão: - Sexual (DST) - Parenteral - Vertical - Horizontal/domiciliar MARCADORES SOROLÓGICOS - AgHbs(HbsAg): superfície vírus - AgHbe (HbeAg): replicação viral - Anti - Hbe total: contato com vírus IgM: agudo IgG: contato prévio - Anti - Hbs: cura / vacina - Anti - Hbe: parada de replicação viral Cronificação: persistência do Hbs- Ag por > 6 meses - Reativação vírus DNA: mutação do vírus (mutação precoce) ou por depressão imunológica do hospedeiro (uso de biológicos) - Rastreamento de carcinoma hepatocelular: USG e alfafeto proteína a cada 6 meses TRATAMENTO - Objetivos: carga viral negativa, normalização TGO/TGP, supressão viral, perda do AgHbe, perda de AgHbs; evitar CHC e Cirrose - Tenofovir: para não cirróticos, alta barreira genética; uso contínuo - Entecavir: cirróticos, nefropatas e osteoporose; uso contínuo - Interferon peguilhado: para não cirróticos; 48 semanas PREVENÇÃO - Vacinação: vacina de ag de superficie do vírus B; 3 doses (0,30dias e 6 meses) - Acidente com fonte HBV HEPATITE B É um vírus de DNA. É imunoprevinível, tem a vacina. Tem complicações: cirrose e carcinoma hepatocelular. Os marcadores de antígeno de superfície são importantes no diagnóstico. O período de incubação é longo: até 180 dias. 95% dos casos tem uma hepatite aguda ictérica. 10% pode cronificar e 1% pode ser fulminante. As vias de transmissão são a sexual (é considerada uma DST), parenteral, vertical, horizontal, domiciliar, manicure e pedicura. OS MARCADORES SOROLÓGICOS O HBsAg é o marcador que está na superfície do vírus. Quando é detectado o anti-HBsAg ou o paciente já teve a cura ou já foi vacinado. HBe é replicação: ou no paciente está ocorrendo a replicação viral ou ela já foi realizada O Anti-HBc é o córion, está lá dentro do vírus, é o contato com o vírus. Se for IgM é agudo de for IgG é contato prévio. Depois de 6 meses de AntiHBs positivo, o paciente evolui com cronificação. Interpretação sorológica: A hepatite B pode ter uma mutação do vírus ou uma depressão do sistema imune do hospedeiro. O que pode ser avaliado como complicação nos hospedeiros é o desenvolvimento do carcinoma hepatocelular. Deve ser solicitado a ultrasson e alfafetoproteína para o paciente a cada 6 meses para investigação das complicações. O objetivo do tratamento da hepatite B é negativar a carga viral, normalizar as enzimas hepáticas, suprimir o vírus, evitar o carcinoma e a cirrose. Tem vários tipos de drogas na utilizadas na hepatite B: Tenofovir entecavir Interferon peguilhado Quem indica geralmente é o infectoou hepatologista. Vacinação + imunoglobulina a depender da situação HEPATITE C - RNA vírus (família flaviridade) - Período de incubação: até 6 meses - Não existe vacina/ imunoglobulina - Variação genômica (7genótipos) - Mais de 80%: cronificação (cirrose/CHC) EPIDEMIOLOGIA/TRANSMISSÃO: - Usuários de drogas endovenosas - Hemotrans fusões e fluidos corporais - Transmissão sexual - Acidente com material perfurocortante - Gestação CLÍNICA - Maioria oligossintomática - Forma aguda ictérica: rara - Manifestações extra-hepáticas: distúrbios da tireoide, crioglobulinemia, líquen plano, gamopatias, fibromialgia - Hepatite aguda: 20% curam 80% cronificam (doença progressiva-> cirrose/ CHC) INVESTIGAÇÃO/DIAGNÓSTICO - Anti-HCV: marcador de triagem; indica contato prévio com o vírus, mas não define se a infeção é aguda, crônica ou se já foi curada (detectado pelo exames sorologia elisa) - HCV-RNA: primeiro marcador a aparecer entre as 2 primeiras semanas. Para confirmar infecção de casos crônicos e monitorar resposta ao tratamento (detectado pelo PCR) - Sorologia (Elisa) - triagem: detecção de anticorpos Anti-HCV Se sorologia (elisa) reagente -> solicitar PCR (RNA) - Marcador que define cronicidade na HCV: PCR positivo para HCV - Investigar todas as outras hepatites e doenças sexualmente transmissíveis PROFILAXIA - Não existe profilaxia após acidente biológico/perfurocortante - Seguimento até 6 meses e colher sorologias TRATAMENTO - Até 2013: apenas Interferon (pouco efetivo com mútltiplos efeitos colaterais) e indicação apenas para casos graves - Hoje: tratamento para todos com viremia positiva, independente da gravidade: - Combinação de drogas de ação direta (DAA), conforme o genótipo viral - Menor tempo de resposta (12 semanas) - Maior taxa de cura (>95%) - Eventos adversos mínimos - Custo alto (dispensados pelo SUS) - Daclarasvir, sofosbuvir, simeprevir HEPATITE C É um vírus de RNA. Tem um período de incubação de até 6 meses. Não existe vacina, nem imunoglobulina. Tem uma variação genômica muito grande: 7 sorotipos. + de 80% cronifica. O problema da hepatite C é a cronificação: evolui para cirrose e carcinoma hepatocelular. Transmissão: usuários de drogas, transfusão, transmissão sexual, acidente, gestação. A maioria tem manifestações clínicas com poucos sintomas. Tem a forma ictérica, mas é bem rara e a forma extra- hepática: distúrbio de tireoide, alterações além dos hepatócitos. A hepatite aguda 20% cura e 80% cronifica. O marcador dela é o antiHCb Não existe profilaxia. O Tratamento depende do genótipo viral HEPATITE D - RNA vírus / vírus Delta/defectivo - Depende do HBV para penetrar na célula e se multiplicar - Infecção HDV sempre está associada à infecção pelo HBV - Envoltório do vírus é constituído pelo HBsAg, HBV empresta partículas de HBsAg, que servirão como invólucro ao VHD, protegendo sua integridade - Período de incubação: 30 - 180 dias - Transmissão (= HBV): sexual, parenteral, percutânea, vertical - Ação citopática direta do VHD , destruição celular Coinfecção (infecção simultânea do HBV e HDV): - Maioria dos casos evolui com hepatite aguda benigna - Prognóstico benigno, baixo risco de infecção crônica Superinfecção (infecção do HDV em paciente com hepatite B crônica) - Prognóstico mais grave - Alto risco de doença crônica severa - Período de progressão para cronicidade: 2 a 6 meses DIAGNÓSTICO - Marcador sorológico: Anti-HDV - Superinfecção - infecção pelo vírus delta em um portador crônico do HBV; - Co-infecção - infecção simultânea pelo HBV e Delta em indivíduo susceptível. TRATAMENTO Similar ao HBV (interferon, tenofovir, entecavir) e alfapeginferona. HEPATITE D É um vírus delta defectivo. Ele precisa de outro vírus para entrar no hospedeiro humano. O outro vírus é o da hepatite B. geralmente o vírus da hepatite B empresta seu capsídeo (HBsAg) para envolver o vírus da hepatite D. O período de incubação é 180 dias. Pode ser que o paciente contraia o vírus da hepatite B e D ao mesmo tempo Pode ser que o paciente contrai o vírus da hepatite B e evolua para uma hepatite D. esse tem um prognóstico ruim e uma cronicidade maior. O marcador sorológico é o antiHGb, O tratamento é o mesmo da hepatite B. HEPATITE E - RNA (calicivírus) - Período de incubação: 28 - 48 dias - Transmissão: fecal-oral, contato pessoal, uso coletivo de copos e fômites, alimentos e água contaminados - Aguda e auto-limitada - Não cronifica - Não imunoprevenível (sem vacina) - Grave em gestantes no fim da gravidez (hepatite fulminante) DIAGNÓSTICO Anti - HEV IgM ou Anti - HEV total TRATAMENTO Suporte HEPATITE E É um vírus de RNA, de 48 dias de incubação. A transmissão tbm é fecal oral. Não cronifica, não tem vacina. É mais graves em gestantes por conta do risco de hepatite fulminante. O diagnóstico é pela sorologia IgM total e o tratamento é suporte. Lorena: Como interpretar marcadores sorológicos? Como se descobre uma infecção? Através da busca do antígeno ou do anticorpo. O anticorpo IgM sempre dará um sinal de doença aguda, que a doença está acontecendo. É o primeiro anticorpo a surgir diante de um antígeno. É um anticorpo marcador de infecção aguda. O anticorpo IgG é um anticorpo de memória e que estará no organismo durante anos. Ele confere a memória imunológica para próximos encontros com o antígeno. Ele é um marcador de doença crônica ou um marcador de memória (vacinação). HEPATITE A Temos marcadores sorológicos específicos para a hepatite A. Os anticorpos marcadores da hepatite A são chamados de Anti-HAV IgM, Anti-HAV IgG e Anti-HAV Total. Anti-HAV IgM = Anticorpo do vírus da hepatite A imunoglobulina M (fase aguda) Anti-HAV IgG = Anticorpo do vírus da hepatite A Imunoglobulina G (memória imunológica, fase crônica) O IgM logo desaparece e o IgG fica por anos. IgM positivo = naquele momento o paciente tem a hepatite A em curso. IgG positivo = em algum momento o paciente entrou em contato com o vírus e desenvolveu a imunoglobulina, conferindo-lhe a memória imunológica. No Anti-HAV Total é dosado a IgM e a IgG. Determina a presença de anticorpos tanto da classe IgM quanto da classe IgG. Um Anti-HAV Total reagente = é importante solicitar o Anti-HAV IgM para definir se o indivíduo se encontra na fase aguda da doença. HEPATITE B O vírus da hepatite B tem 3 antígenos: HBsAg, HBcAg e HBeAg. Com isso, o organismo produz 3 anticorpos: Anti HBcAg IgM Anti HBcAg IgG Anti HBeAg Anti HBs Para hepatite B podem ser pesquisados 3 antígenos e 3 anticorpos HBsAg O “s” quer dizer que é de superfície. É um antígeno de superfície. Se ele for encontrado no sangue quer dizer que se tem uma infecção em curso, pois foi possível detectar o antígeno na amostra do paciente. Anti HBs O anticorpo Anti HBs é estimulado após a vacinação ou após o contato do paciente com o vírus. Quando ele está alto quer dizer que o paciente foi curado. O paciente desenvolveu uma resposta imune contra o vírus. Ele é um marcador de cura. HBcAg É o antígeno central da hepatite B de Core. É encontrado quando a partícula viral é desintegrada no plasma. Gera 2 anticorpos. Anti HBcAg IgM = aparece logo após a detecção do HBcAg, indica infecção aguda Anti HBcAg IgG = aumenta na fase de recuperação, é um antígeno de memória HBeAg O HBeAg é o antígeno mais interiorizado ao vírus. É o último antígeno a ser procurado. Quando positivo significa que se tem uma alta replicação viral e um alto poder de infectividadepq o sistema imune ainda não foi suficiente para a defesa. HBeAg positivo = alta carga viral, super replicação, fase aguda intensa, alta infectividade Anti HBe É o anticorpo que indica a interrupção da replicação viral. Isso é ótimo! O IgM é rapidamente produzido e rapidamente degradado para a produção do IgG. HEPATITE C Na hepatite C é pesquisado apenas o anticorpo. Não se pesquisa antígeno! O anticorpo detectado é o Anti-HCV. Anti-HCV positivo = infectado com hepatite C Anti-HCV negativo = ausência de infecção por hepatite C Coqueluche- 07/10 • Doença infecciosa aguda do trato respiratório inferior • Distribuição universal, altamente contagiosa • Caracterizada por • Ocorre sob as formas endêmica e epidêmica, acometendo pessoas de qualquer faixa etária. • Em lactentes, pode resultar em número elevado de complicações e até morte EPIDEMIOLOGIA • De 1990 a 2010 houve queda do número de casos pelo aumento da cobertura vacinal • Porém entre 2011 e 2014 houve um aumento do número de casos • Causada por Bordetella pertussis •Cocobacilo gram-negativo • Homem é o único hospedeiro • Sobrevive poucas horas no ambiente CICLO DA DOENÇA • Período de incubação: 7 - 10 dias •Transmissibilidade: 7 - 10 dias após o contágio, até 3 semanas da tosse •Suscetibilidade geral •Transmissão: gotículas (contato) e superfícies (raro) FISIOPATOLOGIA • Proteínas da bactéria ancoram no epitélio do trato respiratório, prejudicando a atividade ciliar (clearance) • Liberação de toxinas que impede o processo inflamatório evitando ação de fagocitose dos macrofagos • Causa lesão do epitélio respiratório, com edema de mucosa e aumento de exsudato CLÍNICA Estágio 1 (Fase catarral): 1 - 2 semanas de duração Muito contagioso Sintomas: coriza, febre baixa, tosse esporádica Estágio 2 (Paroxísmo) 1-6 semanas de duração; mais comum no adulto Sintomas: tosse seguida de chiado, vômitos após crises de tosse Estágio 3 (Convalescença) 2 - 3 semanas de duração Suscetível a outras infecções respiratórias Recuperação gradual, pode apresentar tosse ADULTOS X CRIANÇAS • Fase inicial catarral Cultura de nasofaringe • Fase paroxística (2- 6 semanas) Método molecular (PCR) • Fase convalescente Sorologia (IgM e IgG) EXAMES COMPLEMENTARES 1) Leucograma • Período catarral: Linfocitose geralmente acima de 10 mil linfócitos/mm* Leucócitos totais no final desta fase atingem um valor, em geral, superior a 20 mil leucócitos/mm3 • Período paroxístico, Leucócitos pode elevar-se para 30 mil ou 40 mil/mm', associado a uma linfocitose de 60% a 80% 2) Raio X de tórax • Recomenda-se em menores de 4 anos, para auxiliar no diagnóstico diferencial e/ou presença de complicações. • É característica a imagem de "coração borrado" ou "franjado", porque as bordas da imagem cardíaca não são nítidas, devido aos infiltrados pulmonares GRUPOS DE RISCO • Asmáticos • Crianças <6 meses • Idosos > 65 anos (imunosenescência) • Tabagista COMPLICAÇÕES • Otite • Pneumonia • Pneumotórax • Cianos TRATAMENTO Precoce (catarral): 1) l° escolha: Macrolídeo - Azitromicina 500mg/d por 5 dias ou claritromicina, eritromicina 2) Se alergia: Bactrim (sulfametoxazol/trimetoprim) por 14 dias PREVENÇÃO •Vacina (DTP): 24 e 6 meses Reforço: 15 meses e 4 anos •Tratar fatores e grupos de risco Bibliografia: VERONEI; Tratado de infectologia 5ª ed. Coqueluche causas, sintomas , diagnóstico e terapêutica MS Malária- 07/10 • Doença febril aguda causada por protozoário gênero Plasmodium • Picada da fêmea do mosquito do gênero Anopheles • Gravidade: primo-infecção, falciparum, maior parasitemia • Sem vacina disponível • Profilaxia controversa (Não tem consenso) Epidemiologia • >1 milhão de mortes • 500 milhões de casos de infecções agudas • 50.000 casos com danos neurológicos • 400 mil episódios de anemias graves em gestantes • 40% da população mundial em áreas de risco • África, Ásia • Brasil: região norte (esparsos no centro oeste) •Amazônia legal corresponde a 99% dos casos de malária no brasil VETOR • Gênero Anopheles darlingi, fêmea do mosquito • Antropofílico, bem adaptado transmite o protozoário • Permanece infectante durante toda a sua existência • Vetores mais abundantes nos horários crepusculares • Homem é o único reservatório do protozoário AGENTE • Gênero Plasmodium • 4 espécies parasitam o homem: P. vivax, P. falciparum, P. malarie, P. ovale Ciclo de vida - fígado 1. Ao picar o indivíduo suscetível, os mosquitos introduzem na corrente sanguínea os esporozoítos, junto com a saliva. 2. Alguns são fagocitados e outros penetram nos hepatócitos, onde multiplicam-se (esquizogonia). originando os esquizontes teciduais hepáticos 3. Nos hepatócitos, os esquizontes teciduais dão origem aos merozoítos que vão parasitar as hemácias 4. Alguns esquizontes ficam latentes como Hipnozoítos ("dormência'') por meses podem, depois, transformarem-se em Esquizontes teciduais, produzindo então recaídas da doença, meses após a infecção da malária vivax. Fatores de risco Viajantes Pacientes jovens CLÍNICA • Período de incubação: 7 - 14 dias • Crise: calafrios, febre, sudorese, duração de 6 - 12 h • Após paroxismos: febre intermitente • Pode ser leve, moderado ou grave Gravidade: • Depende da espécie do parasito, tempo de doença até o diagnóstico, primo-infecção, gestantes e crianças Formas Clínicas: 1) Não complicada 2) Complicada: Grave e Não grave FORMA GRAVE • Causada pelo Plasmodium falciparum (maior parasitemia > adesão endotelial) • Clínica com sinais de alerta • Internação imediata, UTI • Drogas de ação rápida • Atraso no dx: elevada morbimortalidade Diagnóstico Microscópico › Gota espessa: • Identifica o protozoário (género e espécie) • Nível de parasitemia • Controle de tratamento • Necessidade de equipe com experiência Testes rápidos imunocromatográficos: • Kit com antígenos • Não diferencia espécie • Custo alto TRATAMENTO Objetivos: • Interrupção da esquizogonia sanguínea (patogenia e manifestações clínicas da infecção) • Destruição de formas latentes do parasito no ciclo tecidual (hipnozoítos) das espécies P. vivax (evitar recaidas tardias) • Interrupção da transmissão do parasito Malária por P. vivar - Não complicada: • Esquizonticida eritrocitário = Cloroquina • Esquizonticida tecidual / gametocitocida = Primaquina • Cloroquina 3 dias + Primaquina 7-14 dias Malária por P. falciparum - Não grave: Esquizonticida eritrocitário = Artesunato + mefloquina ou Artemeter + lumefantrina Malária por P. falciparum - Grave: •Derivados da Artemisina, Artesunato ou Artemeter + Clindamicina ou Doxiciclina ou Mefloquina por 5 dias PROFILAXIA • Permanecer no interior da habitação do anoitecer ao amanhecer • Usar mosquiteiro • Usar roupas de mangas compridas e calças compridas • Usar repelentes de insetos nas áreas de pele exposta • Quimioprofilaxia pré exposição não tem indicação no Brasil • Não há vacina Lopes, A.C.; Trado de clínica médica 3ª ed Salomão R; Infectologia bases clínicas e tratamento 207
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