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GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS Discentes: Isabella do Socorro Neves Mergulhão e João Luiz Elias de Barros Plácido PANORAMA DOS SERVIÇOS DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL Toda atividade humana gera resíduo e com o crescimento desenfreado do consumo, impulsionado pelo desenvolvimento do capitalismo e da propaganda, a quantidade de lixo e de resíduos sólidos cresceram muito. Portanto, a gestão de resíduos sólidos tornou-se um assunto cada vez mais complexo ao redor do mundo ao longo da última década e passou a demandar mais atenção por parte de todos os envolvidos. No Brasil, tem-se a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei Federal nº 12.305/2010), a qual estabelece que quem gera resíduos sólidos é responsável pelo gerenciamento ambiental adequado deles. Entretanto, mesmo após 11 anos da existência dela, a população ainda utiliza pontos de descarte clandestinos e insalubres. Esse gerenciamento de resíduos sólidos trata-se de um conjunto de procedimentos de planejamento, implementação e gestão para reduzir a produção de resíduos e proporcionar coleta, armazenamento, tratamento, transporte e destino final adequado aos resíduos gerados, buscando garantir a preservação do meio ambiente e da saúde da população. Para isso, um instrumento que pode ser utilizado é o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, um documento que lista e descreve as ações de manejo dos resíduos sólidos, levando em conta as características e riscos deles (AMBSCIENCE, ca.2021). Outra importância do gerenciamento apresenta-se no fato de que o correto descarte dos resíduos pode gerar renda para uma cadeia produtiva ao invés de terminarem acumulados nos lixões e aterros sanitários espalhados pelas cidades e países causando problemas como a contaminação de lençóis freáticos. Conforme os dados disponíveis na 17ª edição do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2020, publicado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), foi registrado um considerável incremento na geração de Resíduos Sólidos Urbano (RSU), sendo o total no ano de 2010 igual a 67 milhões de toneladas, enquanto em 2019 houve um salto para 79 milhões de toneladas (ABRELPE, 2020). Neste período, a coleta dos RSU cresceu em todo o país, passando a coletar, em 2019, cerca de 72,7 toneladas dos resíduos produzidos, contudo, nem sempre para o destino final mais adequado. Em 2010, cerca de 43,2% dos RSU coletados não foram descartados em aterros controlados e lixões de forma apropriada e, por mais que este percentual tenha diminuído para 40,5% em 2019, o impacto à salubridade e ao ambiente não foram diminuídos o suficiente. (ABRELPE, 2020). Isto posto, faz-se necessário abordar a questão da coleta seletiva, que tem como fim a diminuição da produção exagerada de lixo e, por meio da separação dos tipos de resíduos gerados, reaproveitar o material descartado. Conforme a produção de RSU cresceu, os municípios com iniciativas de coleta seletiva também aumentaram, cerca de 56,6% dos municípios brasileiros possuíam este tipo de iniciativa e, em 2019, este percentual cresceu para 73,1% (ABRELPE, 2020), o que é um dado extremamente positivo mas que ainda precisa melhorar pois o ideal é todos os municípios possuírem esse serviço. No Brasil, a maior parte dos RSU coletados seguem para aterros sanitários, tendo registrado um aumento de 10 milhões de toneladas em uma década, passando de 33 milhões para 43 milhões de toneladas por ano. Por outro lado, a quantidade de resíduos que segue para unidades inadequadas (lixões e aterros controlados) também cresceu, passando de 25 milhões para pouco mais de 29 milhões de toneladas por ano (ABRELPE, 2020). Na região Norte, os estados com maior produção de RSU são Pará e Amazonas, respectivamente. O primeiro, em 2019, gerou, no total, 2.643.695 toneladas de resíduos sólidos, enquanto o segundo, 1.601.255. Quanto à coleta, o estado com a maior taxa é o Amapá, com 93,3%, enquanto Pará e Amazonas aparecem com 76,7% e 86,6%, respectivamente. Já em relação à coleta seletiva, 63,6% das cidades da região possuem iniciativas nesse sentido, a qual é uma porcentagem positiva mas está longe da ideal, tendo em vista que nos locais onde não existe, o descarte é feito de maneira incorreta. São 286 cidades que possuem contra 164 que não possuem, em 2019. Por último, em relação a disposição final dos RSU, por tipo de destinação (%) acontece conforme a Figura 1: Figura 1 - Disposição final dos RSU, por tipo de destinação (%) Fonte: ABRELPE, 2020. Adaptado pelos autores. Em Manaus, a Secretaria Municipal de Limpeza Urbana (SEMULSP) é a responsável pela gestão dos serviços de Limpeza Urbana de Manaus. Os serviços de Coleta, Transporte e Disposição Final dos Resíduos são realizados pela via da terceirização, enquanto os serviços de Limpeza Pública são realizados diretamente pela secretaria e também por uma empresa contratada por licitação. De acordo com o Relatório de Gestão 2013-2020 (SEMULSP, 2020) entre 2013 e 2019 a média de toneladas de RSU coletadas na cidade ficou em torno de 900 mil toneladas por ano. Ou seja, não ocorreu nenhuma redução considerável nesse longo período de tempo. Outro aspecto relevante e característico de Manaus são os igarapés que precisam constantemente passar por processos de limpeza. “O serviço consiste no recolhimento dos resíduos sólidos da superfície da água e das margens dos igarapés e orlas, e retirada de vegetação aquática para melhorar o escoamento da água.” (SEMULSP, 2020). Entre 2017 e 2019 a quantidade de toneladas recolhidas apenas cresceu, conforme a Figura 2, indicando que não há um manejo adequado dos resíduos por parte da população. Figura 2 - Indicadores de Limpeza de Igarapés - 2013 a 2020 Fonte: SEMULSP, 2020. Quanto à coleta seletiva, a cidade ainda engatinha nessa modalidade tendo em vista que de janeiro a dezembro de 2020 ela foi responsável pelo recolhimento de 7.250 toneladas de materiais recicláveis, atendendo uma população estimada em 397.844 habitantes em 13 bairros da cidade, o que representa uma taxa de cobertura de apenas 18,3% da população manauara. Entretanto, é possível observar melhoras nos últimos anos: a taxa de reciclagem saiu de 0,51% em 2013 para 2,20% em 2019 e entre outubro e novembro de 2020, 36 novos Pontos de Entrega Voluntária (PEV’s) foram inaugurados pela Prefeitura de Manaus em 14 grandes supermercados atuantes em Manaus, existindo atualmente 41 no total. Em suma, houve aumento de investimentos e de políticas públicas nos últimos anos relacionados ao gerenciamento de resíduos sólidos, contudo não é correto afirmar que foi o suficiente para compensar o crescimento da geração dos RSU. Em 2020, a Lei nº 14.026, de 14 de julho, mais conhecida como o Novo Marco Legal do Saneamento Básico foi aprovada, nela são determinados os novos princípios, diretrizes e orientações que nortearão o planejamento e a execução dos serviços públicos de saneamento básico, sendo considerado o condão que estimulará os avanços no setor e, como consequência, no destino dos resíduos sólidos. REFERÊNCIAS Bom Dia Brasil. Descarte Inadequado de Resíduos Sólidos. São Paulo: Rede Globo, 3 de agosto de 2020. Programa de TV. Disponível em: <https://www.facebook.com/watch/?v=714785429071674>. Acesso em: 12 de ago. de 2021. AMBSCIENCE Engenharia. O que é gerenciamento de resíduos sólidos e qual sua importância, ca 2021. Disponível em: <https://ambscience.com/o-que-e-gerenciamento-de-residuos-solidos/>. Acesso em: 12 de ago. de 2021. BRASIL. Lei nº 14.026, de 15 de julho de 2020.Brasília: Presidência da República do Brasil, 2020. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/lei/l14026.htm>. Acesso em: 12 de ago. de 2021. FILHO, R. V. S., et al. PANORAMA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL 2020. ABRELPE, dezembro de 2020. Disponível em: <https://abrelpe.org.br/panorama/>. Acesso em: 12 de ago. de 2021. SEMULSP - Secretaria Municipal de LimpezaUrbana de Manaus. Relatório de Gestão 2013-2020, novembro de 2020. Disponível em: <https://semulsp.manaus.am.gov.br/wp-content/uploads/2020/12/Relatorio-Semulsp- 2013-a-2020-parcial.pdf>. Acesso em: 13 de ago. de 2021.
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