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Características da Federação Brasileira
CARACTERÍSTICAS DA FEDERAÇÃO BRASILEIRA
i) Descentralização política: Os entes da federação possuem autonomia.
ii) Repartição de competência – garante a autonomia entre os entes federativos, e assim, o equilíbrio da federação.
iii) Constituição rígida como base jurídica: As competências dos entes da federação estão estabelecidas numa constituição rígida para garantir a distribuição de competências entre os entes autônomos, surgindo assim, uma verdadeira estabilidade institucional.
iv) Inexistência do direito de secessão: Não se permite o direito de retirada de algum ente da federação, tanto que a tentativa de retirada enseja a intervenção federal.
Conforme o princípio da indissolubilidade do vínculo federativo, a República Federativa do Brasil é formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal (art. 1º da CF).
A Constituição Federal estabelece no art. 34, I que a tentativa de retirada ensejará a decretação da intervenção federal no Estado rebelante.
Art. 34, I – CF:
A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:
I - manter a integridade nacional”.
A forma federativa de Estado é um dos limites materiais ao poder de emenda, não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir a forma federativa de estado (art. 60, §4º, I da CF).
v) Soberania do Estado Federal: A partir do momento que os Estados ingressam na Federação perdem a soberania. Enquanto os estados são autônomos entre si, nos termos da Constituição Federal, o País é soberano (art. 1, I – CF).
vi) Intervenção – diante de situações de crise, o processo interventivo serve para assegurar o equilíbrio federativo, e assim, a manutenção da federação.
vii) Auto-organização dos estados-membros: Os Estados organizam-se através da elaboração das constituições estaduais.
 
Art. 25 – CF:
“Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição”.
viii) Órgão representativo dos estados-membros: Senado.
 
Art. 46 – CF:
“O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário.
§ 1º - Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, com mandato de oito anos.
§ 2º - A representação de cada Estado e do Distrito Federal será renovada de quatro em quatro anos, alternadamente, por um e dois terços.
§ 3º - Cada Senador será eleito com dois suplentes”.
ix) Órgão guardião da Constituição: Supremo Tribunal Federal.
 Art. 102 – CF:
“Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição...”
x) Repartição de receitas: assegura o equilíbrio entre os entes federativos (arts. 157 a 159 - CF). 
REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIA DO ESTADO FEDERAL BRASILEIRO
A repartição de competências é um ponto fundamental na configuração do sistema federalista. A divisão segue o “princípio da predominância do interesse” (SILVA, 1999), segundo o qual competem à União as matérias de caráter mais geral, aos Estados, as de interesse mais regional e por fim, aos Municípios, os assuntos mais restritos, de cunho local. O Brasil adota uma divisão vertical de competências (HOLTHE, 2008), ou seja, a Constituição não determina todas as atribuições de forma exclusiva a um ente, havendo partilha de certas funções entre todos os envolvidos.
4.1 Competências administrativas 
Competências administrativas se referem às matérias sobre as quais certo ente terá força governamental. Podem ser exclusivas de um membro da federação (ou seja, excludente dos demais aos quais não são atribuídas essas funções) ou comuns a todos os entes.
As competências exclusivas da União são assim definidas por não haver a possibilidade de delegação. Estas estão enumeradas no artigo 21 da Lei Maior, podendo-se citar atividades de guerra (declarar guerra, promover a segurança nacional, permitir tropas estrangeiras em solo nacional, declarar estado de sítio, zelar pelo arsenal bélico); emissão de moeda, administração das reservas cambiais, fiscalização das atividades financeiras; promoção da organização territorial e do desenvolvimento socioeconômico; manutenção do serviço postal e do correio aéreo; exploração (e possíveis concessões ou permissões) dos serviços de telecomunicação, geração de energia elétrica e transporte (navegação aérea, aeroespacial, ferrovias, rodovias, marítimo, fluvial e lacustre); organização do Poder Judiciário, do Ministério Público (incluindo o do Distrito Federal e dos Territórios), da Defensoria Pública (incluindo o dos Territórios), das polícias (civil, militar, federal, rodoviária e ferroviária) e corpo de bombeiro do Distrito Federal, dos serviços oficiais de geografia, geologia e cartografia; organização do sistema nacional de empregos; sistemas de poupança, captação, consórcios e sorteios; seguridade social; diretrizes e bases da educação; registros públicos; atividades nucleares; normas de licitação para administração pública; propaganda comercial.
As competências administrativas designadas aos Municípios se encontram descritas em alguns incisos do artigo 30 da CF, tais como:
 [...] III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;
 IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual;
 V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial;
 VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamental;
 VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da população;
 VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano;
 IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual. (BRASIL, 1988, não paginado).
Aos Estados-membros, são destinadas as chamadas competências residuais, ou seja, é atribuído aos Estados, segundo o artigo constitucional 25, § 1º, aquilo que não lhe é vedado pela Constituição; ou seja, aquilo já está estabelecido como função da União ou dos Municípios. Já ao Distrito Federal competem as tarefas tais quais as dos Estados-membros e dos Municípios, com exceção das matérias referentes a esse e determinadas como competências da União, segundo o artigo 21 da CF.
A Constituição ainda dita competências comuns a todos os componentes da federação. Sobre essas matérias, não há concorrências de administração, todos podem atuar de forma simultânea sobre as mesmas, que se encontram elencadas no artigo 23 da CF:
 Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
 I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar o patrimônio público;
 II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência;
 III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
 IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural;
 V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e à ciência;
 VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;
 VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
 VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar;
 IX - promover programasde construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico;
 X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a integração social dos setores desfavorecidos;
 XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios;
 XII - estabelecer e implantar política de educação para a segurança do trânsito. (BRASIL, 1988, não paginado).
4.2 Competências legislativas
As competências legislativas são aquelas referentes à produção de leis. Essa divisão, na Constituição, determina quais matérias podem ser alvo da legislação a ser produzida por determinado ente federativo. Primeiramente, o artigo 22 da CF fala das matérias privadas da União, ou seja, as competências não passíveis de delegação: legislar sobre Direito Civil, Comercial, Penal, Processual, Eleitoral, Agrário e do Trabalho, Espacial e Aeronáutico; desapropriação; águas, energia, informática, telecomunicação e radiodifusão; serviço postal; sistemas de medidas e monetário; regime de porto e navegação (lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial); comércio internacional; recursos minerais em geral; nacionalidade, cidadania e naturalização; população indígena; trânsito e transporte; emigração e imigração; sistema nacional de emprego e condições para exercício das profissões; organização do Judiciário, Ministério Público e Defensoria Pública (incluindo do Distrito Federal e dos Territórios); sistemas nacionais de cartografia, geologia e estatística; sistema de poupança e captação; normas sobre materiais bélicos, convocação e mobilização de policiais militares de corpo de bombeiros; competências das policiais federal, rodoviária federal e ferroviária federal; seguridade social; diretrizes e bases da educação nacional; atividades nucleares; normas de licitação e contratação (para a administração pública, autarquias e fundações dos entes federativos, além de empresas e sociedades de economia mista); defesa (territorial, aeroespacial, marítima e civil) e mobilização nacional; propaganda comercial. Como visto, grande parte dessas matérias coincidem com aquelas que são submissas à administração da União.
O artigo 24 da Constituição versa sobre as competências legislativas concorrentes entre União, Estados-membros e Distrito Federal: Direito Tributário, Financeiro, Penitenciário, Econômico e Urbanístico; orçamento; juntas comerciais; custas dos serviços forenses; produção e consumo; proteção do meio ambiente e controle da poluição (incluindo caça e pesca); responsabilidade à danos ambientais, ao consumidor, à bens artísticos, estéticos, históricos, turísticos e paisagísticos; educação, cultura, ensino e desportos; juizados especiais; procedimentos em matéria processual; previdência social, proteção à saúde; assistência jurídica e Defensoria Pública; proteção e integração dos portadores de deficiências; proteção à infância e à juventude; organização dos policiais civis. Essas competências consistem em uma repartição vertical, isto é, as normas mais gerais são de responsabilidade da União e as mais particulares cabem aos Estados-membros e ao Distrito Federal. Além desse caráter complementar, a competência dos Estados e do DF também pode ser suplementar, quando for omissa a atuação da União (artigo 24, inciso 2º).
Podem-se detectar ainda competências exclusivas dos Estados-membros: criação, incorporação, fusão e desdobramento de Municípios (artigo 18, § 1º, da CF); exploração de gás; criação de aglomerados urbanos, regiões metropolitanas e microrregiões (§ 2º e 3º do artigo 25, da CF, respectivamente); iniciativa popular no processo legislativo estadual (artigo 27, § 1º, da CF); controle externo das Câmaras Municipais (artigo 31, § 1º, da CF); além de vários pontos do Direito Administrativo, Previdenciário e Tributário. Todas as competências privativas da União (artigo 22 da CF) podem ser delegadas aos Estados-membros, por meio de lei complementar e apenas para questões específicas. Por fim, ainda são atribuídas aos Estados-membros, assim como nas competências administrativas, aquelas competências que não forem por lei destinadas à União e aos Municípios.
Aos Municípios cabem as funções legislativas descritas nos incisos I e II do artigo 30 da Constituição. O inciso I fala que cabe aos Municípios “legislar sobre assuntos de interesse local;” (BRASIL, 1988, não paginado), caracterizando uma atribuição exclusiva a esse ente e coerente com sua função no sistema federalista. Já o inciso II versa da possibilidade dos Municípios em “suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;” (BRASIL, 1988, não paginado), configurando uma atribuição de caráter suplementar. O artigo 32, inciso 1º determina ao Distrito Federal legislar sobre as mesmas matérias definidas para os Estados-membros e aos Municípios, com a exceção daquilo que é referente ao DF, mas submisso à responsabilidade da União.
4.3 Intervenção 
A Constituição prevê casos excepcionais de intervenção entre os entes. A intervenção federal é a suspensão temporária, imposta pela União, da autonomia de algum dos demais entes, segundo as hipóteses apontadas no artigo 34 da Lei Maior:
 Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:
 I - manter a integridade nacional;
 II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;
 III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;
 IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação;
 V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:
 a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior;
 b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei;
 VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;
 VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:
 a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
 b) direitos da pessoa humana;
 c) autonomia municipal;
 d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.
 e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde. (BRASIL, 1988, não paginado).
A intervenção federal só ocorrerá por meio de decreto presidencial, contendo o prazo de duração e o interventor designado ao membro da federação, caso seja necessário. Já a intervenção do Estado em algum Município seu deve ser feita por decreto do governador, especificando a duração, os limites da medida e a nomeação de um interventor. O decreto deve ainda ser aprovado em vinte quarto horas pela Assembleia Legislativa. As hipóteses de intervenção dos Estados-membros em seus Municípios estão descritas no artigo 35 da Constituição:
 Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios localizados em Território Federal, exceto quando:
 I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida fundada;
 II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
 III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde;
 IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial. (BRASIL, 1988). 
5 CONSIDERAÇÕES SOBRE A DIVISÃO DE COMPETÊNCIAS 
A Constituição de 1988 representou um marco inovador no federalismo nacional principalmente para inserção dos Municípios entre as esferas de poder. A atuação municipal, segundo Paulo Bonavides (2004), representa uma concretização jurídica e política sem comparações nos sistemas de governohodiernos. Os Municípios, por ser a esfera de poder mais próxima do cidadão, torna-se peça essencial na construção de medidas mais eficazes e democráticas.
Ainda é perceptível, no entanto, um excesso de atribuições à União, o que de certo forma, dificulta a descentralização proposta pelo federalismo. Pode-se exemplificar isso pela competência descrita no inciso IX do artigo 21 da Constituição, que determina à União a elaboração e execução de planos nacionais e regionais de organização do território e desenvolvimento social e econômico. O âmbito regional se encontra mais próximo dos demais entes federativos, sendo mais coerente atribuir a eles tal função.
Sobre as competências comuns, que em tese deveriam guarda o estado de igualdade entre os membros da federação, é possível também observar um confronto com as competências destinadas unicamente à União. O inciso IX do artigo 23 define como atribuição comum aos entes a promoção de programas para construção de moradias e melhoria do saneamento básico. Esse dispositivo pode se confrontar com o inciso XX do artigo 21, que define como função administrativa exclusiva da União a definição de diretrizes para o desenvolvimento, incluindo habitação e saneamento básico. Esse e outros conflitos devem ser sanados segundo o texto do paragrafo único do artigo 23, “Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional.” (BRASIL, 1988, não paginado).
INTERVENÇÂO FEDERAL
	A nossa Constituição Federal tem como principio o Pacto Federativo (art. 18), onde os quatro Entes Federativos (União, Estados, Municípios e Distrito Federal) são autônomos, autogovernáveis, (podem escolher, por meio de eleição, seus chefes do Executivo e do legislativo) auto-organizáveis (expressa no poder de elaborar sua Constituição) e normas estaduais e autoadministráveis (têm competências administrativas e tributos próprios). Entretanto, esse principio, assim como os demais, não é absoluto. Há uma situação excepcional em que a autonomia dos Entes Federativos é temporariamente suprimida para que a ordem e o Estado Democrático de Direito.
Há um Capitulo especifico da Carta de 1988, o qual é chamado de “CAPÍTULO VI – DA INTERVENÇÃO”. Há um rol taxativo (numerus clausum) dos do que pode ensejar uma Intervenção Federal, como diz o artigo 34:
 Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:
 I – manter a integridade nacional;
 II – repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;
 III – pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;
 IV – garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação;
 V – reorganizar as finanças da unidade da Federação que:
 A) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior;
 b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei;
 VI – prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;
 VII – assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático; b) direitos da pessoa humana;
 c) autonomia municipal;
 d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.
Espécies de Intervenção federal:
Existem algumas espécies de Intervenção Federal: a espontânea, na qual o Presidente da República age por oficio e a provocada por solicitação, quando o impedimento recair sobre o legislativo.
A Intervenção espontânea pode ser feita a qualquer momento quando há algum dos motivos do art. 34, I, II, III e V, CF. Já a provocada dependerá de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder Executivo coacto ou impedido, como preconiza o art. 34, IV, combinado com o art. 36, I, primeira parte. Uma boa observação a ser quanto à Intervenção Provocada feita é que o Presidente pode agir arbitrariamente, por força conveniência e oportunidade de decretar o ato interventivo, tratando-se, assim, de um Poder Discricionário.
Há, ainda, a requisitada, que nas palavras de Uadi Lammêgo Bulos é “decretada pelo residente da República, que se limita a suspender a execução do ato impugnado, estabelecendo a duração e os parâmetros da medida interventiva. Essa espécie de intervenção inadmite controle politico por parte do Congresso Nacional, podendo ser requisitada: (i) pelo STF, nas hipóteses de garantia do próprio Poder Judiciário (, art.,, c/c o art.,, 211 parte); ou (ii) pelo STF, STJ ou TSE, para preservar a autoridade das ordens e decisões judiciais (, art.,, 211 parte, c/c o art.,). Na intervenção por requisição, o Presidente da República age de modo vinculado, ou seja, deverá, necessariamente, decretar o ato interventivo, exceto se for caso de suspensão da executoriedade do ato impugnado (, art.,). Desse modo, o Presidente da República simplesmente acata o resultado do veredito da Corte Excelsa, autorizando o ato interventivo simplesmente acata o resultado do veredito da Corte Excelsa, autorizando o ato interventivo.”.
Por fim temos a provocada, dependendo de provimento de representação, dita assim por Pedro Lenza: “a) art.,, combinado com o art.,, primeira parte no caso de ofensa aos princípios constitucionais sensíveis, previstos no art.,, da, a intervenção federal dependerá de provimento, pelo STF, de representação do Procurador-Geral da República, b) art. 34, VI, primeira parte, combinado com o art. 36, III, segunda parte para prover a execução de lei federal (pressupondo ter havido recusa à execução de lei federal), a intervenção dependerá de provimento de representação do Procurador-Geral da República pelo STF (EC n./2004 e trata-se, também, de representação interventiva, regulamentada pela Lei n. 12562/2011).”
Após o decreto expedido pelo Presidente da República, o Congresso fará o Controle Politico, aprovado ou rejeitando a Intervenção Federal. Mediante rejeição, o Presidente deverá cessá-lo imediatamente, sob pena de cometer crime de Responsabilidade, nos ditames do art. 85, II (atentado contra os Poderes constitucionais do Estado).
Aprovada a Intervenção, o Presidente nomeará um Interventor, afastando, até que volte para a normalidade, as autoridades envolvidas. Não havendo mais motivos para a intervenção, estes poderão ter seus cargos restabelecidos, salvo algum impedimento legal (art. 36, § 4.º).
ESTADO DE DEFESA E ESTADO CIDI
 ESTADO DE DEFESA
1.1 DEFINIÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO LEGAL
Estado de defesa é uma situação de emergência na qual o Presidente da República conta com poderes especiais para suspender algumas garantias individuais asseguradas pela Constituição cuja suspensão se justifica para restabelecer a ordem em situações de crise institucional e nas guerras.
Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza.
1.2 OBJETIVO E CONSEQUÊNCIAS
O objetivo principal do estado de defesa é preservar ou restabelecer a ordem e a paz social, mediante fatos como:
 a instabilidade institucional grave e imediata;
 calamidades de grandes proporções na natureza.
 As conseqüências durante o estado de defesa poderão ser:
 restrição aos direitos de reunião, sigilo de correspondência e comunicação telegráfica e telefônica;
 ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos( somente na hipótese de calamidade pública);
 prisão por crime contra o Estado, determinada diretamente pelo executor do estado de defesa.
Esta prisão não poderá ser superior a 10 dias e será imediatamente comunicada a juiz competente que a relaxará no caso de ilegalidade, sendo ainda vedada a incomunicabilidadedo preso.
1.3 CONTROLE DO ESTADO DE DEFESA
O estado de defesa dá-se a partir de decreto emitido pelo Presidente da República, sem necessidade de autorização anterior do Congresso. Ainda deve ouvir os Conselhos da República e da Defesa Nacional, sem estar obrigado a seguir o parecer dos mesmos.
Porém até 24 horas após de decretado o estado de defesa deve o Presidente apresentar a justificativa perante o Congresso que aí sim poderá confirmar ou revogar a medida.
1.4 DURAÇÃO E LIMITAÇÃO DO ESTADO DE DEFESA
A duração do estado de defesa deverá ser de no máximo 30 dias, sendo admitida apenas uma prorrogação, pelo mesmo período.
De acordo com o art. 136 CF/88 o estado de defesa limita-se aos "locais restritos e determinados" definidos pelo decreto presidencial.
2. ESTADO DE SÍTIO
2.1 DEFINIÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO LEGAL
Consiste na instauração de uma legalidade extraordinária, por determinado tempo e em certa área( que poderá ser o território nacional inteiro).
Art. 137. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, solicitar ao Congresso Nacional autorização para decretar o estado de sítio nos casos de:
I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa;
II - declaração de estado de guerra ou resposta à agressão armada estrangeira.
2.2 OBJETIVOS E CONSEQUÊNCIAS:
O estado de sítio é decretado objetivando preservar ou restaurar a normalidade constitucional, perturbada pelos seguintes fatos:
 comoção grave de repercussão nacional;
 ineficácia da medida tomada durante o estado de defesa;
 declaração de estado de guerra ou resposta à agressão armada estrangeira.
De acordo com o art. 139 CF/88 no estado de sítio decretado por comoção grave ou ineficácia do estado de defesa às conseqüências serão as seguintes:
 obrigação de permanência em localidade determinada;
 detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns;
 restrições relativas à inviolabilidade de correspondência, ao sigilo de comunicações, à prestação de informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão;
 suspensão da liberdade de reunião;
 busca e apreensão em domicílio;
 intervenção nas empresas de serviços públicos;
 requisição de bens.
Enquanto no estado de sítio decretado no estado de guerra ou resposta à agressão armada estrangeira todas as garantias constitucionais poderão ser suspensas.
2.3 CONTROLE DO ESTADO DE SÍTIO
No estado de sítio o Presidente necessita de prévia autorização do Congresso Nacional, além dos pareceres não-vinculados dos Conselhos da República e da Defesa Nacional. A instituição do estado de sítio também é feita por decreto.
2.4 DURAÇÃO E LIMITAÇÃO DO ESTADO DE SÍTIO
Em regra o estado de sítio deverá durar o mesmo tempo do estado de defesa – até 30 dias -, mas são admitidas prorrogações de até 30 dias de cada vez. No caso de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira, poderá ainda ser decretado pelo tempo que durarem tais situações.
O estado de sítio poderá atingir todo o território nacional.
FORÇAS ARMADAS NA SEGURANÇA PUBLICA
Recentemente, regulamentou-se mediante legislação infraconstitucional a utilização das Forças Armadas na segurança pública, apesar de a Constituição da República Federativa do Brasil determinar que as funções desse ramo do aparelho estatal se destinam eminentemente à segurança da Pátria[1].
É evidente que não se pode excluir das funções constitucionalmente delegadas ao Exército aquela de defesa da lei e da ordem, por iniciativa de qualquer dos poderes constitucionais. Contudo, a garantia a que se refere a Carta Magna nem sempre legitima a atuação na segurança pública, como vem freqüentemente ocorrendo em Estados como São Paulo e Rio de Janeiro, em época de rebeliões ou disputa entre “facções criminosas”. Trata-se, na verdade, do patrulhamento subsidiário na faixa de fronteira, evitando delitos transfronteiriços (imigração ilegal, contrabando e tráfico, por exemplo) e ambientais[2]. Em casos como esses, a simples presença de militares contribui ao inibir a ação de possíveis malfeitores.
Nas situações em que o caos já se instaurou, todavia, a adequação do emprego militar passa a ser ao menos questionável. O armamento utilizado pelo Exército possui um poder de fogo muito maior que o exigido (e tolerado) em áreas urbanas. Deve-se tomar imenso cuidado quando se age em locais de passagem e habitação de civis e é justamente por esse motivo que as polícias civil, militar e federal recebem treinamento especificamente voltado para essas situações.
O Exército Nacional representa a totalidade das Forças Armadas de terra, formando uma unidade organizada e distinta dos demais órgãos do Estado. Constitucionalmente falando, insere-se no contexto de Estado Social e Democrático de Direito, visando à estabilidade das instituições e ao equilíbrio do pacto federativo. Deve contribuir ainda nas relações internacionais, afirmando os ideais pacifistas ou travando batalhas em nome do país.
Responsável pelo caráter democrático e participativo do Exército Brasileiro é o Serviço Militar (obrigatório), que engaja todos os estratos sociais que integram o País, em sua defesa. [3]
Entretanto, o que se tem observado na atual situação brasileira é um Exército desprestigiado em razão dos fatos ocorridos durante a Ditadura Militar e, ainda mais, cumprindo funções que não lhe são características. isernacionais, afirmando os ideais pacifistas ou travando batalhas em nome do nosso pa
Sobre o tema, Celso Castro e Maria Celina D’Araújo, em sua obra Militares e política na Nova República, asseveram:
“Isto, posto, parecem-nos evidentes a menor presença militar no cenário político nacional durante a Nova República e a crescente aceitação, pelos militares, de um no padrão nas relações civis-militares. Acreditamos, como Hunter (1997) e Oliveira e Soares (2000), que os militares tenham de fato perdido força e influência na nova ordem política brasileira. [...]
Em primeiro lugar, como foi enfatizado por Hunter, um dos principais fatores a diminuir a influência política dos militares foi o próprio funcionamento da democracia – e a percepção, pelos militares, dessa situação. No entanto, é interessante pensar na sugestão de Ferraz (1999:181) de que, em vez de uma “erosão” do poder militar, tenha sido desencadeada uma “retirada” militar, em face da “combinação das investidas bem-sucedidas dos políticos civis em suas possessões e prerrogativas políticas, das dificuldades e perigos da cizânia no seio da tropa e do peso de uma auto-estima institucional seriamente comprometida pelo passado recente”. Outros elementos, portanto, devem ser mencionados, como as influências externas derivadas do cenário internacional.”[4]
Infere-se, assim, que inúmeros são os fatores determinantes para o enfraquecimento do Exército Nacional, mas dentre eles certamente se encontra o desvio das funções historicamente determinadas à Instituição.
As Forças Armadas, conceituadas no artigo 142 da Constituição Federal de 1988, indicam as instituições nacionais permanentes e regulares, constituídas pelo Exército, pela Aeronáutica e pela Marinha, organizadas com base na hierarquia e na disciplina e destinadas à garantia dos poderes constitucionais, da lei e da ordem. [5]
Conforme estabelece José Afonso da Silva, as Forças Armadas
“[...] constituem, assim, elemento fundamental da organização coercitiva a serviço do Direito e da paz social. Esta nelas repousa pela afirmação da ordem na órbita interna e do prestígio estatal na sociedade das nações. São, portanto, os garantes materiais da subsistência do Estado e da perfeita realização de seus fins. Em função da consciência que tenham da sua missão está a tranqüilidade interna pela estabilidade das instituições. É em função de seu poderio que se afirmam, nos momentos críticos da vida internacional, o prestígio do Estado e a sua própria soberania.” [6]
De acordo com o mesmo autor, a Constituiçãoestabelece que as Forças Armadas devem defender o país contra agressões estrangeiras em caso de guerra externa, mas também as instituições democráticas, visando à garantia dos poderes constitucionais emanantes do povo. [7]
As funções precípuas da Instituição são, pois, a defesa da Pátria, a garantia dos poderes constitucionais e da lei e da ordem.
As normas gerais a serem adotadas na organização, no preparo e no emprego das Forças Armadas são estabelecidas por Lei Complementar e, nesse sentido, devemos citar o Decreto n° 88.777, de 30 de setembro de 1983, que aprova o regulamento para as polícias militares e corpos de bombeiros militares (R-200), a Lei Complementar n° 97, de 9 de junho de 1999, alterada pela Lei Complementar n° 117, de 02 de setembro de 2004, que dispõe sobre as normas gerais para a organização, o preparo e o emprego das Forças Armadas, e o Decreto n° 3.897, de 24 de agosto de 2001, que fixa as diretrizes para o emprego das Forças Armadas na garantia da lei e da ordem.
O conteúdo dos arts. 15 e 16 da Lei Complementar n° 97/99 deve ser ressaltado, in verbis:
“Art. 15. O emprego das Forças Armadas na defesa da Pátria e na garantia dos poderes constitucionais, da lei e da ordem, e na participação em operações de paz, é de responsabilidade do Presidente da República, que determinará ao Ministro de Estado da Defesa a ativação de órgãos operacionais [...]
Art. 16. Cabe às Forças Armadas, como atribuição subsidiária geral, cooperar com o desenvolvimento nacional e a defesa civil, na forma determinada pelo Presidente da República.” [8]
Percebe-se assim que a atuação, subsidiariamente legalizada, das Forças Armadas na Segurança Pública, suprindo lacunas deixadas pelas Polícias Militar, Civil e Federal, deve ser sempre autorizada pelo Chefe de Estado e oficialmente comunicada ao Ministro da Defesa.
Faz-se mister ainda diferenciar a atuação militar em situações de normalidade, como nos casos de “defesa interna”, ou seja, manutenção da segurança pública, das situações de não normalidade, como as caracterizadas no Estado de Defesa e no Estado de Sítio, previstos nos arts. 136 e 137 da atual Carta Magna, in verbis:
“Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza. [...]
Art. 137. O presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, solicitar ao Congresso Nacional autorização para decretar o estado de sítio nos casos de:
I – comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa;
II – declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira”. [9]
A ocorrência de fatos de “não normalidade” é um pré-requisito para o emprego das tropas federais, situação em que um dos poderes constitucionais está ameaçado e as atividades normais dos órgãos responsáveis pela sua manutenção não são capazes de controlar essa conjuntura. As Forças Armadas agem, assim, no intuito de auxiliar essas instituições, suprindo lacunas que, nem mesmo com políticas ou aparelhamento e treinamento, as polícias civis, militares e federais poderiam solucionar. São casos certamente diferenciados pela origem do problema e também pela sua repercussão na sociedade em geral.
Fora desses casos, as Forças Armadas estão constitucionalmente designadas para defender a lei e a ordem, o que pode ser interpretado como uma autorização legal para atuar na “defesa interna”.
Quanto à atuação em situações de normalidade, os requisitos foram estabelecidos em legislação infraconstitucional. O Decreto 3.897/01 fixou, no seu artigo segundo, a competência exclusiva do Chefe se Estado para determinar o envio das Forças para as áreas de conflito.
O artigo terceiro do mesmo Decreto determina que tal emprego ocorrerá apenas quando esgotados os instrumentos previstos no art. 144 da Constituição (Polícias Civil, Militar e Federal).[10] Para o legislador, consideram-se esgotados quando indisponíveis, inexistentes ou insuficientes ao desempenho regular de sua missão.
Outro requisito é que a atuação deve ser episódica, em área previamente definida e com a maior celeridade possível. Exceto a definição prévia da área, o art. 5º também não é suficientemente objetivo, pois não se sabe quão episódico deve ser o emprego, nem qual a duração necessária para caracterizar a celeridade.
Além das dificuldades com as quais se depara para decidir a conveniência e a adequação das Forças Armadas na segurança pública, afigura-se o problema de comando, pois a operação envolverá diversas instituições dotadas de poder de polícia. Sobre o tema, o art. 15 da Lei Complementar nº 97/99, em seu §5º:
“§5º Determinado o emprego das Forças Armadas na garantia da lei e da ordem, caberá à autoridade competente, mediante ato formal, transferir o controle operacional dos órgãos de segurança pública necessários ao desenvolvimento das ações para a autoridade encarregada das operações, a qual deverá constituir um centro de coordenação de operações, composto por representantes dos órgãos públicos sob seu controle operacional ou com interesses afins.” (Incluído pela Lei Complementar nº 117/04) [11]
Deve-se atentar ao cumprimento de todos os requisitos legais, a fim de que a Instituição não perca a legitimidade e seus membros não passem a ser pessoalmente responsáveis por seus atos, não mais investidos do poder de polícia ou corroborados por ordem do Presidente da República.
A Lei Complementar n° 97/99 prevê como atribuição subsidiária geral a cooperação com o desenvolvimento nacional e a defesa civil. [12] Assim, compete a todos os ramos das Forças Armadas a repressão aos delitos de grande repercussão, o que deveria ser competência exclusiva da polícia judiciária, treinada a combater crimes após sua eclosão.
Sobre o deferimento de poder de polícia ao Exército, o professor de Direito da Universidade Católica de Brasília, Luiz Otavio O. Amaral, argumenta da seguinte maneira:
“Fala-se nesses dias de sobressaltos de um cogitado “deferimento de poder de polícia ao Exército”. Com efeito, tal poder, já no âmbito preventivo e até mesmo no repressivo, as Forças Armadas sempre tiveram, até porque são nesse setor a polícia das polícias, a última polícia na garantia da ordem interna. Ora, as Forças Armadas quando empenhadas na segurança pública (substituta eventual das polícias tradicionais) possuem o mesmo poder de polícia que a PM. O problema não é de poder de polícia, mas sim de exercício excepcional das funções de autoridade policial para fins judiciais (ou seja, processualmente falando-se) que, em princípio, é competência das polícias civis (estaduais e Federal) consoante nosso mais que ultrapassado Código de Processo Penal de 1942”. [13]
Em treinamento oferecido aos militares, o Exército assim se manifestou quanto ao tema:
“Em meio à insegurança pública crescente, com paralisação das atividades inadiáveis de policiais civis e militares, as Forças Armadas vêm de assumir o poder de polícia exercido das Polícias civis e PMs. Esse poder de polícia que ora fala-se em conceder às Forças Armadas é deferido, também, a muitos outros segmentos da Administração Pública [...] As Forças Armadas, aliás, sempre detiveram poder de polícia (restringir direitos/liberdades) no âmbito da defesa interna no que tange à garantia da lei e da ordem (arts. 177/CF/1946; 91/CF/69; 92, § 1º/CF/67 e 142/CF/88); antes livre de qualquer solicitação, agora condicionada a requerimento de qualquer dos Poderes estatais.” [14]
Sob inúmeros argumentos, já mencionados, seria possível opor-se à referida atuação. Deve-se, contudo, vislumbrar a situação com que muitas vezes se depara o nosso país e ter em vista que as medidas que poderiam solucionar alguns problemas só apresentariamresultados em longo prazo. Assim, não havendo outros recursos disponíveis, não seria correto que a população fosse prejudicada pela falta de planejamento e investimento do governo.
Destarte, pode-se concluir que, não obstante as funções precípuas das Forças Armadas não açambarquem a defesa interna, referida atuação é legal, desde que cumpridos todos os requisitos estabelecidos na legislação infraconstitucional.

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