Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ACONSELHAMENTO PSICOLÓGICO Prof. Filipe Zeferino Inglês, 2022/2023 Filipe.zeferino5@hotmail.com S U M Á R I O • 1- Introdução • 2- Breve Histórico e Definição do Aconselhamento Psicológico • a) Origem • b) Principais Conceitos • c) Principais Teorias • d) Características 1- Introdução • O verbo “aconselhar” nos remete tanto aos sentidos de mostrar, indicar, sugerir, recomendar, orientar quanto ao de uma troca de ideias e opiniões, numa situação em que pessoas se reúnem para ponderar e decidir com prudência sobre algum assunto do seu interesse. • Rogers transforma o campo do aconselhamento introduzindo a teoria centrada no cliente: a prioridade conferida a abordagem psicométrica do problema passa a ser substituída pela focalização da pessoa do cliente, da relação cliente/conselheiro e do processo de aconselhamento. Breve Histórico e Definição do Aconselhamento Psicológico • ORIGEM • O Aconselhamento Psicológico encontrou espaço para o seu pleno desenvolvimento nas universidades dos Estados Unidos da América. Por volta de 1910 foram fundados nos EUA centros de Orientação infantil e juvenil. Em Boston, no mesmo período fundou-se o Serviço de Orientação Profissional, limitado apenas à orientações de carácter profissional. • O aconselhamento originou-se com Frank Parsons, em 1909, com o objectivo de promover ajuda aos jovens em processo de escolha da carreira e em face à emergência de novas profissões e ocupações devido à Revolução Industrial. O foco do aconselhamento era, portanto, conhecer as principais inclinações desses jovens para que eles pudessem ser encaminhados para ocupações consideradas adequadas a esses perfis profissionais Com o tempo, o campo do aconselhamento se ampliou, passando a designar uma relação de ajuda na qual a pessoa em busca de atendimento, buscava alívio para as suas tensões, esclarecimentos para as suas dúvidas ou acompanhamento terapêutico em face de problemáticas enfrentadas em diversos domínios da vida, como o educacional, o profissional e o emocional. PRINCIPAIS CONCEITOS • Genericamente, trata-se de uma experiência que visa a ajudar as pessoas a planear, tomar decisões, lidar com a rotina de pressões e crescer, com a finalidade de adquirir uma autoconfiança positiva. • Pode ser considerada uma relação de ajuda que envolve alguém que busca auxílio, alguém disposto a ajudar e apto para essa tarefa, em uma situação que possibilite esse dar e receber apoio. • Aconselhamento é o processo pelo qual se dá a oportunidade de os clientes explorarem preocupações pessoais, ampliando a capacidade de tomar consciência e das possibilidades de escolha. Principais Teorias - TEORIA TRAÇO – FATOR • Pressupostos Básicos - Cada pessoa representa um padrão único e organizado de capacidade e potencialidades, identificáveis através de testes objectivos, cientificamente construídos. Para a maioria dos indivíduos, essas capacidades são estáveis, após o período da adolescência, e quando é atingida a maturidade. • Actuação do Aconselhador: • O papel do aconselhador é comparável ao do educador e baseia-se na hipótese de que o aconselhando não é capaz de desenvolver completamente as suas potencialidades, por si próprio, sem certa assistência externa. - TEORIA DO ACONSELHAMENTO • CENTRADO NO CLIENTE • Pressupostos básicos Estreita ligação entre as teorias da personalidade e o aconselhamento, tendo como principal a teoria da personalidade de Rogers, que ocupa uma posição definida entre as teorias da personalidade como teoria do “self” (eu próprio), representativa do ponto de vista fenomenológico. • Todo individuo existe em um mundo de experiências, continuamente em mudança, do qual ele é o centro. Neste sentido, o organismo reage ao ambiente, ou ao campo onde se encontra, conforme esse for experienciado ou percebido, gerando necessidades, das quais o organismo tenta satisfazer através de um comportamento. CARACTERÍSTICAS • A técnica do Aconselhamento está relacionada à resolução de problemas, a tomada de decisões e ao auto-conhecimento, permite a pessoa trabalhar com os seus recursos em um curto espaço de tempo, além de possibilitar o atendimento e acolhimento de uma grande demanda. • Esse tipo de apoio tem acção educativa, preventiva e situacional voltada para soluções de problemas imediatos, é mais direccionada a acção do que a reflexão com sentido preventivo. ACONSELHEMENTO PSICOLÓGICO: DIFERENÇAS E SEMELHANÇAS COM A PSICOTERAPIA Diferenças • (a) tempo da intervenção, sendo o aconselhamento mais breve; • • (b) complexidade do caso e intensidade do atendimento, sendo a psicoterapia mais profunda; • • (c) demanda apresentada, sendo o aconselhamento mais voltado para situações contextuais e situacionais; • • (d) intervenções em aconselhamento focam a acção, mais do que a reflexão, e são mais centradas na prevenção do que no tratamento; • (e) o aconselhamento é mais focado na resolução dos problemas. Semelhanças • Pensando nas aproximações entre aconselhamento e psicoterapia, destaca que um mesmo cliente em sofrimento pode receber tratamentos diferentes a partir dessas duas formas de intervenção, ou seja, uma mesma problemática pode ser abordada de modos distintos a depender de como esse problema é compreendido pelo profissional. Sumário: • Tipos de Aconselhamento Psicológico • a) Aconselhamento não directivo • B) Aconselhamento Directivo • C) Aconselhamento Eclético Tipos de Aconselhamento Psicológico Aconselhamento não directivo • A orientação não-diretiva evita a centralização nos problemas e diagnósticos, pois se baseia no princípio de que o orientando deve ser encarado como pessoa e não como problema; • Finalidade: não é resolver certo problema, mas ajudar o indivíduo a obter integração, independência e amadurecimento; • As pessoas humanas tem o potencial para que elas próprias possam resolver suas dificuldades desde que haja oportunidade e atmosfera adequada; • Existem três aspectos importantes a se considerar sobre a postura do orientador: compreensão, aceitação e capacidade de comunicação; • • Aceitação envolve dois aspectos: • - Reconhecimento das diferenças individuais; • - Rejeição dos termos de comparação entre seres humanos, reconhecendo cada um como um todo único; • É muito importante que o orientador se sinta realmente interessado no orientando, pois esse sentimento irá aparecer para o orientando durante a entrevista; A aceitação não consiste na aprovação de um ou outro traço, mas na aceitação como um todo; • Compreensão • Trata-se de compreender com clareza aquilo que o cliente está tentando expressar; • Compreensão diz de um processo de compartilhamento das vivências expressas pelo orientando; • Não é suficiente que apenas se conheça os factos da vida do cliente, mas sim que se compreenda como ele reagiu a estes factos e quais atitudes resultaram disto; • É preciso adotar o centro de referências do orientando: exige alta capacidade de empatia • Capacidade de Comunicação • Ao comunicarmos a compreensão que adquirimos dos nosso clientes, devemos fazer reflexões do conteúdo emocional ao invés do conteúdo factual, por ex.; • “estou muito preocupada com a química. Tenho que me sair bem neste curso já que desejo fazer medicina. No entanto, não tenho conseguido. Estudo mais e mais ao longo do dia e quanto mais leio mais confusa fico.” • Interpretação factual: “química é a matéria que você tem mais dificuldade”; • Interpretação emocional: “isto a perturba, saber que todo o seu futuro depende de uma coisa que você não consegue fazer” Aconselhamento directivo • O aconselhamento directivo pode ser entendido como processo educativo e tem por princípios a interacção social, considerando que o indivíduo não deve ser afastado do seu meio e que o âmbito social em sua amplitude exerce influência sobre o mesmo. Aconselhamento Eclético • Faz uso de conceitos e técnicas dos diferentes métodos de acordo com a natureza do problema e a necessidade do cliente. Requer que o conselheiro dominevárias técnicas e reconheça as mais eficientes para a situação apresentada pelo cliente. SUMÁRIO: • - Abordagem Centrada na Pessoa • A) BIOGRAFIA DE CARL ROGERS - ORIGEM • B) FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Abordagem Centrada na Pessoa • BIOGRAFIA DE CARL ROGERS – ORIGEM • CARL RANSOM ROGERS, NASCEU A 8 DE JANEIRO DE 1902, EM OAK PARK, ILLINOIS, EUA E MORREU A 4 DE FEVEREIRO DE 1987, EM LA JOLLA, CALIFÓRNIA, EUA. • As ideias de Carl Rogers tomaram forma, a partir do seu revolucionário livro: "Counseling and Psychoterapy: newer concepts in practice (Boston; H. Mifflin, 1942). No livro, Rogers descreve a sua própria história e como se viu envolvido em métodos revolucionários no campo da Psicologia. • Por mais de trinta anos foi Conselheiro Pessoal ou Psicoterapeuta, tentando ajudar crianças, adolescentes e adultos, quer apresentassem problemas de estudos, de escolha de carreira, de vida matrimonial; quer fossem normais, neuróticos ou psicóticos. • Rogers teve a ideia de que os clientes, e só eles, é que realmente sabem o que os traumatiza, que direcções tomar, quais os problemas cruciais. Somente o cliente poderia, pois, oferecer a pista para o rumo a seguir. • Em 1942, com o seu mais famoso livro, Counseling and Psychotherapy, inicia-se grande divulgação das ideias e técnicas que vieram transformar profundamente os procedimentos até então vigentes, principalmente no campo da orientação e da psicoterapia. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA • ORIGEM • As ideias de Rogers têm as suas raízes em muitas e diferentes fontes, das quais a prática com clientes parece ser a mais significativa. Não obstante, e como ele próprio afirma, a terapia de Otto Rank, os trabalhos de Jessy Taft, de John Levy e de Frederic Allen são origens importantes. • Rogers declara que o desenvolvimento do seu trabalho não teria sido possível sem a apreciação dos impulsos inconscientes e dos complexos de natureza emocional que constituíram a contribuição de Freud. Embora o seu trabalho tenha se desenvolvido de algum modo diferente do pensamento psicanalítico. • Por outro lado, a psicologia da Gestalt teve, também, a sua participação e, assim, outras correntes, de forma que a terapia centrada no cliente foi influenciada pelas teorias e técnicas actuais do campo clínico, científico e filosófico. • O próprio Rogers descreve em 1942, os novos conceitos têm alvos completamente distintos dos anteriores. O indivíduo é o foco e não o problema. O objectivo é facilitar o “crescimento” do indivíduo e não resolver problemas específicos. • Não consiste em fazer-se alguma coisa para o indivíduo ou induzi-lo a fazer algo; consiste, apenas, em liberá-lo para o seu crescimento e desenvolvimento normal. • Os conselheiros ou terapeutas são apenas facilitadores desse crescimento. Do problema o que importa são os aspectos emocionais e não os intelectuais. Salienta-se mais a situação presente que a passada. • Ao contrário de muitas outras correntes, os alvos a atingir são os mesmos para todos os clientes, pouco significando se, trata-se de um jovem com dificuldades de escolha de carreira, de alguém com distúrbios psicossomáticos ou de pessoa com dificuldades matrimoniais. • Poder-se-ia afirmar que a técnica de Rogers foi bem aceita porque, de certa forma, libertou muitos psicólogos e orientadores da angústia gerada pelo facto de não saberem o que fazer com os clientes. • O carácter marcante do método é a clássica não-diretividade, embora muitos psicólogos questionem essa posição e a vejam como utopia ou algo inoperante. Em verdade, o não- diretivismo de Rogers não é tão inconciliável quanto parece com outros métodos. • O método rogeriano básico: • 1. O diagnóstico anterior ao tratamento é dispensável. O comportamento psicológico inadequado é caracterizado por tensões que dificultam respostas adaptativas. Reduzir as tensões para que o indivíduo manipule os seus recursos pessoais é a orientação básica, qualquer que seja o problema enfrentado pelo cliente. • 2. O indivíduo tem tendências pessoais, próprias, de auto-realização. O trabalho do terapeuta é libertar o indivíduo das barreiras psicológicas que impedem esse crescimento. Para tanto, deve criar uma atmosfera isenta de pressões, críticas ou direcção, na qual as forças construtivas são liberadas. • 3. Os conceitos e as imagens que o indivíduo faz de si e dos outros pautam-se pelo esquema fenomenológico. O mundo é, para ele, aquilo que ele sente. Durante o processo de tratamento, psicólogo e cliente tornam-se capazes de reconhecer o que representa para este o conceito de si mesmo e como se sente em face dessa imagem de si mesmo. No tratamento bem sucedido, essa imagem e os sentimentos que a acompanham são modificados; as percepções se tornam mais flexíveis; os sentimentos podem ser diferenciados e as experiências simbolizadas adequadamente. • 4. A tarefa do terapeuta concentra- se, principalmente, em atitudes. Veremos, mais adiante, como o próprio Rogers descreve essas atitudes básicas como condições para modificações construtivas da personalidade. • 5. O psicólogo não dá conselhos, informações ou apoio, nem interpreta. Como facilitador, reflecte e vivencia tanto quanto possível os sentimentos do cliente. Este deve sentir as relações entre os seus problemas e a sua experiência passada e presente. Estas experiências, sentidas e simbolizadas, assim como planos de acção e tentativas de ajustamento, emanam naturalmente do cliente, sem qualquer actuação directa, nesse sentido, por parte do psicólogo. O indivíduo recompõe as suas percepções e a vivência dos seus sentimentos. • PRINCIPAIS CONCEITOS • Não directividade • Aceitação – a noção de não directividade está ligado um principio incondicional, segundo Rogers, a noção de aceitação: trata-se de aceitar o sujeito tal como ele é, aceita-lo na sua globalidade, aceitar as suas palavras, o que as torna mais aceitáveis para o próprio sujeito. Aceitar o outro é também não fazer juízos de valor sobre a sua pessoa, respeita-la e não ser directivo. • Compreensão empática – O terapeuta deve ser empático, a sua função é estar presente e acessível à experiência do seu paciente. Deve confiar nas suas próprias sensações, naquilo que experimenta em cada momento de encontro com o paciente. • Deve ser sincero e autêntico, tentando aproximar- se e sentir o mais perto possível a experiência do sujeito. Pela sua escuta atenta, o terapeuta ajuda o paciente a reformular os diferentes dados da sua experiência, a integra-los e a tomar consciência deles. Relação interpessoal, positiva e construtiva • existe em cada um uma tendência natural de vida que é o desejo de pleno desenvolvimento: são essas forças construtivas que o terapeuta pôr em evidência para desenvolver as capacidades de expressão, melhorar as relações do sujeito e as suas comunicações interpessoais. O processo terapêutico, segundo C. Rogers, engloba uma libertação dos sentimentos com reconhecimento, vivido e percepção destes no decurso da terapia, bem como uma mudança no modo de experiência vivida que deverá conduzir a uma congruência consigo próprio. •OBRIGADO
Compartilhar