A.P.A- Fundamentos epistemológicos do ensino religioso

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UNIFATECIE- CENTRO UNIVERSITÁRIO 
 
 
 
TURMA 01- 2022/08 
 
 
 
 
Bacharelado em Teologia EAD- 8122 – INTRODUÇÃO A TEOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
Discente: Osvaldo Franco Peralta Junior 
 
 
 
OURINHOS-SP 
2022 
APA (ATIVIDADE PRÁTICA DE APRENDIZAGEM) 
 
Considere o texto a seguir: 
 
“O Estado se tornou laico, vale dizer tornou-se equidistante dos cultos religiosos em 
assumir um deles como religião oficial. A modernidade vai se distanciando cada vez mais 
do cujus regio, ejusreligio. A laicidade, ao condizer com a liberdade de expressão, de 
consciência e de culto, não pode conviver com um Estado portador de uma confissão. Por 
outro lado, o Estado laico não adota a religião da irreligião ou da antirreligiosidade. Ao 
respeitar todos os cultos e não adotar nenhum, o Estado libera as igrejas de um controle 
no que toca à especificidade do religioso e se libera do controle religioso. Isso quer dizer, 
ao mesmo tempo, o deslocamento do religioso do estatal para o privado e a assunção da 
laicidade como um conceito referido ao poder de Estado. (CURY, 2004, p. 183).” 
 
Fonte: SEPULVEDA, D. SEPULVEDA, J. A. A disciplina Ensino Religioso: história, 
legislação e práticas. Revista do Centro de Educação. v. 42, n. 1, p. 177-190, p.3, 2017. 
Disponível em: https://www.redalyc.org/jatsRepo/1171/117150748014/html/index.html. 
Acesso em: 01 set. 2021. 
 
Considerando o trecho citado acima e tudo que aprendemos na disciplina de 
Fundamentos epistemológicos do ensino religioso, discorra sobre como a laicidade 
do Estado pode beneficiar a educação por meio de uma disciplina de Ensino 
Religioso. 
 
Para se falar da laicidade do Estado é interessante retomar a divisão do Estado e da 
Religião com o fim da Guerra dos Trinta anos (1618-1648) e a Paz de Westfália (1648). 
Anterior a esses acontecimentos, a Igreja Católica era vista como uma unidade suprema 
consolidada com poder soberanos, influenciando de uma maneira quase que governando 
reis, rainhas e imperadores. A Guerra dos 30 anos abarcou vários países na Europa 
Central, ela começou por causa da rebelião dos alemães contra o Imperador do Sacro 
Império Romano Germânico e contra o Papa porque todos os governantes da área 
germânica se submetiam a eles e buscavam autonomia, houve também conflito entre 
defensores católicos do imperador austríaco que estava aliado com a dinastia de 
Habsburgo contra a Casa Bourbon que era aliada aos protestantes de principados alemães. 
No fim da Guerra dos 30 anos, acabaram assinando 11 tratados que dão constituição e 
formalização a Paz de Westfália e assim há uma mudança na ordem internacional, criando 
e legitimando Estados soberanos dentro de suas fronteiras nacionais com autonomia para 
agirem de forma independente com seus próprios objetivos. 
Dito isto é importante apontar que apesar dessa separação há mais de 400 anos, existem 
diversos Estados que não são laicos, portanto tem a religião como grande parte da direção 
política, econômica e educacional. O Brasil por sua vez é laico e não exclui a liberdade 
de religião na Carta Magna é incluída como um direito fundamental, no artigo 5º, inciso 
VI e a proteção dessa liberdade abarca a liberdade de crença, de culto e de organização 
religiosa, o que dá plena garantia por si só e ainda existem mais garantias. A Constituição 
de 1988 também prevê a existência de uma separação entre Estado e Igreja. A laicidade 
como uma separação entre Estado e Igreja prevê uma neutralidade estatal nos assuntos 
religiosos. 
O Ensino Religioso no Brasil está vinculado com a origem da Ilha de Vera Cruz, mas o 
‘’ensino’’ na época era uma forma de doutrinação e principalmente de imposição das 
ideologias colonialistas que tinham seus próprios valores sociais cristãos e não levava em 
conta as religiões dos habitantes originários do Brasil. Em 1889 houve uma separação 
das questões religiosas da escola e assim o Ensino Religioso acaba traçando diferentes 
caminhos do que estava alinhado anteriormente no país. Em 1891 a Constituição 
evidenciou o Ensino Religioso Leigo, o que mostrava que o ensino religioso deve ser uma 
responsabilidade de cada instituição religiosa. Em 1930 houve pressão para que a igreja 
retomasse seu espaço sem maiores influências e no governo de Vargas a Igreja Católica 
acabou se aproximando do governo e por meio de um decreto a instrução religiosa voltava 
às escolas públicas de modo facultativo em estabelecimentos educacionais de nível 
primário, secundário e formal, o que mostrava desprezo com o conhecimento religioso. 
Em 1937 há uma ruptura radical entre Estado e Igreja com a Constituição onde o Ensino 
Religioso era contemplado como uma matéria do curso ordinário de escolas primárias, 
secundárias e no ensino normal mas que não tinha possibilidade de ser constituída como 
obrigatória de professores e nem de frequência compulsória por parte dos alunos. Em 
1961 foi promovida uma lei que delegou as diretrizes e bases da educação que afirmava 
que o Ensino Religioso era de matrícula facultativa e seria ministrado sem o ônus para os 
poderes públicos, de acordo com a confissão religiosa do aluno ou pelos seus 
representantes legais. 
No Regime Militar o Ensino Religioso também não teve grande espaço, tinha matrícula 
facultativa com horários normais de escolas oficiais no primeiro e segundo grau e tinha 
uma finalidade transparente de fazer com que o cidadão fosse capaz de cumprir com suas 
obrigações sem desrespeitar as autoridades e que pudesse viver com os valores da 
sociedade, onde a metodologia consistia em estimular a vivência de valores que fossem 
tanto espirituais quanto morais para assim combater toda e qualquer forma de subversão 
civil ou religiosa, sendo assim não tinha princípios acríticos e não proporcionavam 
qualquer emancipação dos sujeitos na educação, com visão limitada e restrita. 
Na redemocratização há a publicação de uma lei em que o Ensino Religioso passa a 
privilegiar a diversidade religiosa e cultural que se tem no Brasil, porque não existe 
apenas Catolicismo ou Cristianismo em um país de origem indígena e que recebeu 
milhares de africanos para compor a sociedade. Nessa lei o Ensino Religioso também era 
facultativo com horários normais das escolas públicas do ensino fundamental com 
respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil. Após realizar esse histórico do Ensino 
Religioso no Brasil irei entrar nos benefícios da laicidade do Estado brasileiro para 
beneficiar a educação. 
O Ensino Religioso é uma disciplina de educação básica no Brasil com o objetivo 
principal de colocar reflexões sobre fundamentos, valores e costumes de diversas 
religiões que existem na sociedade que busca compreender diferentes formas de religião, 
procurando explorar temas de interesse de forma interdisciplinar através de algumas 
atividades que estimulem o diálogo e o respeito entre diferentes religiões, muito 
necessário nos dias atuais, onde se vê estátuas religiosas de religiões de matriz africana e 
estátuas católicas sendo destruídas por intolerância religiosa. O Ensino Religioso pode 
ser ministrado de duas formas, a primeira é confessional (possibilitado pelo Supremo 
Tribunal Federal em 2017 mas com o caráter facultativo), com a ministração de 
informações que são exclusivas de uma religião determinada, a segunda é chamada de 
plurirreligiosa ou conhecida também como interconfessional, quando há ministração de 
informações sobre os grupos religiosos que são considerados principais. 
A escola é uma instituição pluralista dentro de uma democracia que permite visão crítica, 
ela visa o despertar da religiosidade dos alunos a partir da infância até a adolescência e 
somente um Estado laico com a separação entre Estado e Igreja pode atuar com 
neutralidade nos assuntos religiosos, promovendo assim consciência crítica sobre a 
história da Religião, promove também liberdade para o sujeito que pode expressar 
livremente suaconvicção de sentimentos e pode projetar sua visão pessoal de mundo, 
diferente de Estados ateístas que fazem supressão da liberdade religião em prol de dogmas 
estatais. Assim, somente a laicidade do Estado pode beneficiar verdadeiramente a 
educação das crianças e adolescentes sobre religiões, porque pela laicidade que há a 
liberdade religiosa, há também abertura para uma visão crítica da religiosidade, 
apresentar a história da religião sem pender para um único lado com doutrinação, ensinar 
as religiões mais conhecidas para que o aluno tenha a liberdade de escolher a ideologia 
que mais lhe satisfaz e a que mais faz sentido para ele ou então não escolher nenhuma e 
apenas entender como elas funcionam, promovendo assim o respeito necessário em todos 
os tempos, mas principalmente hoje com a intolerância que está ultrapassando os limites. 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
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reflexos nas colônias da América Latina. Disponível em: 
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SEFERJAN, T. R. Liberdade Religiosa e a laicidade do estado na Constituição de 
1988. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2134/tde-02042013-
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23 out. 2022. 
 
Significados. Significado de Ensino Religioso. Disponível em: 
https://www.significados.com.br/ensino-religioso/. Acesso em: 23 out. 2022. 
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https://www.significados.com.br/ensino-religioso/