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CASOS CLÍNICOS FISIOTERAPIA EM NEUROLOGIA 1) Paciente J.C.S, sexo masculino, 39 anos de idade, administrador de empresas, sofreu um AVC na artéria cerebral média esquerda há seis meses. Chega ao setor de fisioterapia andando com auxilio de bengala de quatro apoios e com um cuidador dando apoio do lado direito, ao entrar na sala apresenta cansaço marcante devido ao esforço para percorrer 12 metros da recepção até a sala. Não faz uso de órtese durante a marcha é possível observar flexão plantar e inversão do pé direito, com risco de quedas. Apresenta-se inseguro e olha para o chão grande parte do tempo enquanto caminha. Paciente relata que a perna direita está “muito fraca” e que “não a sente direito”, ainda relatou que possui dor no ombro direito ao lentar elevar o braço. Paciente relatou que “fica triste ao perceber a mudança em sua rotina, pois agora é dependente” e que gostaria de voltar ao trabalho. Segundo as informações compostas no caso: a) Quais avaliações poderiam ser realizadas neste paciente? Pedir para ele realizar algumas atividades enquanto observamos, como por exemplo: sentar, realizar a marcha, segurar uma garrafa, pegar um objeto no chão, digitar em um teclado, segurar uma caneta, etc. Além disso, podemos aplicar a escala de Borg Modificada para avaliar seu nível de cansaço, aplicar o teste Time Up And Go (TUG) para avaliar equilíbrio dinâmico, aplicar o Teste de Caminhada de 10m para avaliar a velocidade da marcha, aplicar o teste de Marcha Estacionária de 2 minutos para avaliar a capacidade funcional e Teste de Sentar e Levantar da Cadeira em 30 seg para avaliar força de MMII. b) Cite três características clinicas de lesões na artéria cerebral média. Alteração de propriocepção, déficit perceptivo e hemiparesia contralateral. c) Cite 4 objetivos e suas respectivas condutas. OBJETIVO 1: Percorrer 12m andando sem sentir cansaço, em 4 semanas, com auxílio de muleta borboleta. Conduta 1: Melhorar condicionamento cardiorrespiratório. Bicicleta ergométrica. Conduta 2: Fortalecer MMII. Segurando no espaldar, apoiar um pé em cima do estepe enquanto o outro membro fica estendido no chão. Conduta 3: Melhorar sensibilidade de MMII. Pedir que o paciente caminhe por diferentes texturas (grama, pedras, areia, tatame, etc). Conduta 4: Melhorar mobilidade de tornozelo. Segurando no espaldar, apoiar um pé em cima do estepe enquanto o outro membro fica estendido no chão. Conduta 5: Melhorar equilíbrio dinâmico e estático. Subir e descer estepe segurando no espaldar. OBJETIVO 2: Caminhar 6m com segurança e sem olhar para o chão, em 2 semanas, com auxílio de uma bengala de um apoio. Conduta 1: Melhorar propriocepção. Sentar e levantar da cadeira. Conduta 2: Fortalecer MMII. Segurando no espaldar, apoiar um pé em cima do estepe enquanto o outro membro fica estendido no chão. Conduta 3: Melhorar equilíbrio estático e dinâmico. Subir e descer estepe segurando no espaldar. OBJETIVO 3: Conseguir realizar movimentos funcionais acima da cabeça, sem sentir dor no ombro, em 2 semanas. Conduta 1: Promover analgesia. Fortalecer musculatura de MMSS e tronco. Conduta 2: Fortalecer MMSS. Flexão e abdução ativa de ombro colocando objeto em uma prateleira acima da cabeça (aplicar carga conforme progredir). Realizar prostração e retração escapular. Conduta 3: Melhorar mobilidade de MMSS. Exercício pendular. Mobilização ativo-assistida com bastão. OBJETIVO 4: Caminhar 12m sem apoio do cuidador, em 2 semanas, com auxílio de uma bengala de um apoio. Conduta 1: Melhorar equilíbrio dinâmico e estático. Subir e descer estepe segurando no espaldar. Conduta 2: Fortalecer MMII. Segurando no espaldar, apoiar um pé em cima do estepe enquanto o outro membro fica estendido no chão. Conduta 3: Melhorar sensibilidade de MMII. Pedir que o paciente caminhe por diferentes texturas (grama, pedras, areia, tatame, etc). Conduta 4: Melhorar mobilidade de tornozelo. Segurando no espaldar, apoiar um pé em cima do estepe enquanto o outro membro fica estendido no chão. 2) Paciente P.S. sexo masculino, 40 anos de idade, motorista, hemiplégico a direita, sofreu um AVC na artéria cerebral média esquerda há 8 meses. Chega ao setor de fisioterapia deambulando apoiado na esposa e sem dispositivos auxiliares. Paciente relata que gostaria de voltar a caminhar sozinho na rua, pois só consegue sair com ajuda da esposa. Durante a avaliação, no hemicorpo direito, apresentou tônus +1 em isquiotibiais e tríceps sural e 2 em bíceps braquial, adutores de ombro e flexores do punho segundo a escala de Ashworth modificada. Ainda, o hemicorpo direito apresentou alterações aos testes de manobras deficitárias. Ao teste de força muscular o paciente apresentou pontuação 3 em abdutores de ombro e extensores dos dedos de MSD, pontuação 3 em abdominais, glúteos, iliopsoas quadríceps e gastrocnêmico de MID, sem alterações de tônus e força muscular em MSE e MIE. P.S. não conseguiu finalizar os testes de equilíbrio estático e dinâmico, pois apresentou oscilação de tronco exacerbada. Ao teste marcha, apresentou padrão característico de pacientes pós AVE na fase crônica, o terapeuta precisou se posicionar ao lado do paciente, pois o mesmo apresentando-se instável e assimétrico durante o teste. A partir do caso responda: 1) Para mais informações acerca da condição clínica funcional do paciente, cite e explique três outras avaliações que poderiam ser aplicadas e explique por que as avaliações que você citou são importantes neste caso. Avaliar a sensibilidade porque pacientes com o AVC na artéria cerebral média podem ter alterações relacionadas a sensibilidade. Avaliar ADM para verificar se a amplitude de movimento está reduzida, uma vez que a força está reduzida, provavelmente também há restrição de movimento. Aplicar a Escala de Qualidade de Vida Específica para AVE (EQVE- AVE), uma vez que pacientes pós AVC normalmente apresentam alterações na qualidade de vida. 2) Cite qual é e descreva o provável padrão de marcha do paciente do caso. Ele apresenta padrão de marcha ceifante, tendo como características: Membro Superior: apresenta adução de ombro, flexão de punho e de dedos. Membro Inferior: apresenta menor flexão de quadril, hiperextensão de joelho na fase de apoio, fazem abdução de quadril e não faz plantiflexão e dorsiflexão adequada (inicia o movimento no médio pé). 3) Baseado na CIF, determine participação, atividade e estrutura do paciente do caso apresentado. a) Cite uma habilidade e uma dificuldade do paciente. Habilidade: deambula sem dispositivos auxiliares. Dificuldade: caminhar sozinho na rua. b) Escreva um objetivo funcional a curto, médio e longo prazo. Curto: caminhar 10 metros em 2 semanas. Médio: caminhar 20 metros em 4 semanas. Longo: caminhar 30 metros em 6 semanas. c) Escreva um plano de tratamento (objetivos e condutas) de dois atendimentos do paciente. ATENDIMENTO 1 OBJETIVO 1: caminhar 10 metros sozinho na rua, com segurança, sem auxílio da esposa, em 2 semanas. Conduta 1: Melhorar equilíbrio estático e dinâmico. Subir e descer estepe segurando no espaldar. Conduta 2: Fortalecer MMII. Segurando no espaldar, apoiar um pé em cima do estepe enquanto o outro membro fica estendido no chão. Conduta 3: Melhorar propriocepção. Sentar e levantar da cadeira. Conduta 4: Melhorar mobilidade de tornozelo. Segurando no espaldar, apoiar um pé em cima do estepe enquanto o outro membro fica estendido no chão. OBJETIVO 2: conseguir manusear (pegar e soltar) objetos com MSD em 2 meses. Conduta 1: Fortalecer músculos extensores de MMSS. Bater palmas no ritmo da música “Parabéns pra você”. Folhar um livro. Conduta 2: Liberar tecidos de MMSS. Liberação miofascial. Conduta 3: Melhorar a mobilidade de MMSS. Simular o movimento de lavar o carro. ATENDIMENTO2 OBJETIVO 1: caminhar 10 metros sozinho na rua, com segurança, sem auxílio da esposa, em 2 semanas. Conduta 1: Melhorar equilíbrio estático e dinâmico. Caminhar dando os passos por cima de cones posicionados em linha reta a 40cm um do outro. Conduta 2: Fortalecer MMII. Em pé, segurando no espaldar, apoiar um dos pés no primeiro degrau do espaldar e voltar o pé no chão (em seguida, realizar o mesmo com o outro pé). Bicicleta ergométrica (simulando o movimento de acelerar, frear e apertar a embreagem do carro). Conduta 3: Melhorar propriocepção. Em pé, com escada de agilidade no chão, paciente deve dar passos em zigue-zague, pisando fora e dentro da escada (juntando os pés conforme se posiciona nos espaços). Conduta 4: Melhorar mobilidade de tornozelo. Sentado em uma cadeira e com uma toalha em baixo do pé, paciente irá deslizar o pé para frente e para trás. OBJETIVO 2: conseguir manusear (pegar e soltar) objetos com MSD em 2 meses. Conduta 1: Fortalecer músculos extensores de MMSS. Paciente deve pegar um copo, leva-lo até a boca e então soltá-lo novamente na mesa. Conduta 3: Melhorar a mobilidade de MMSS. Em pé, de frente para a parede, com as palmas das mãos em contato com a parede, havendo papéis coloridos colados em diferentes alturas/posições, paciente deve escorregar a mão pela parede e pegar os papéis. d) Prescreva orientações domiciliares aos pacientes e familiares. Paciente: tentar realizar as AVD´s de forma independente (caminhar, tomar banho, levantar da cama e da cadeira, etc.). Familiares: incentivar o paciente a fazer as coisas sem auxílio.
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