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2007-tcc-rlastedile

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ 
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS 
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PESCA 
ACOMPANHAMENTO DO MANEJO ALIMENTAR DE TILÁPIA DO NILO 
Oreochromis niloticus (LINNAEUS, 1766) E PIRARUCU Arapaima gigas 
(CUVIER, 1817) CULTIVADOS NO CENTRO DE PESQUISAS EM 
AQÜICULTURA RODOLPHO VON IHERING, PENTECOSTE/CE 
RAPHAEL LUIZ AZEVEDO STEDILE 
Relatório de Estágio Supervisionado apresentado 
ao Departamento de Engenharia de Pesca, do 
Centro de Ciências Agrárias, da Universidade 
Federal do Ceará, como parte das exigências para 
obtenção do título de Engenheiro de Pesca. 
FORTALEZA - CEARÁ — BRASIL 
JANEIRO/2007 
COMISSÃO EXAMINADORA 
cr o,...„, 	 cs- 
Pror- Silvana Saker Sampaio, kl.D. 
Orientadora 
Vut, •Li; 	i 
Prof. Marcelo Carneiro de Freitas, M.Sc. 
Membro 
Alessandra Cristina da Silva, M.Sc. 
Membro 
ORIENTADOR TÉCNICO 
Antonio Roberto Barreto Matos, M.Sc. 
VISTO 
Prof. Moisés Almeida de Oliveira, D.Sc. 
Chefe do Departamento de Engenharia de Pesca 
ii 
Prof. Raimundo Nonato de Lima Conceição, D.Sc. 
Coordenador do Curso de Engenharia de Pesca 
Fernando
Retângulo
Fernando
Retângulo
Fernando
Retângulo
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação 
Universidade Federal do Ceará
Biblioteca Universitária
Gerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)
S824a Stedile, Raphael Luiz Azevedo.
 Acompanhamento do manejo alimentar de Tilápia do Nilo Oreochromis niloticus
(Linnaeus, 1766) e Pirarucu arapaima gigas (Cuvier, 1817) cultivados no Centro de
Pesquisas em Aqüicultura Rodolpho von Ihering, Pentecoste/Ce / Raphael Luiz Azevedo
Stedile. – 2007.
 28 f. : il. color.
 Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Centro
de Ciências Agrárias, Curso de Engenharia de Pesca, Fortaleza, 2007.
 Orientação: Prof. Dr. Silvana Saker Sampaio.
 Orientador Técnico: Bel. Antonio Roberto Barreto Matos.
 1. Tilápia do Nilo (Peixe) - Criação. 2. Pirarucu (Peixe) - Criação. 3. Engenharia de Pesca.
I. Título.
 CDD 639.2
iii 
AGRADECIMENTOS 
Primeiramente gostaria de agradecer a minha querida esposa pela paciência 
durante todos esses anos. 
Gostaria de agradecer aos meus pais e meus irmãos que sempre me 
apoiaram. 
Agradeço também aos meus grandes amigos e "irmãos": Charlys Cavalcante, 
Leonardo Santos e suas esposas. 
Queria agradecer aos meus amigos do IBAMA: Josué Neto; Sônia Maria 
Martins de Castro e Silva; Glaura Maria Leite Barros; minha querida amiga 
Dona Desterro que me aturou durante dois anos e a todos que compõem o 
Departamento da Pesca. 
É com satisfação que agradeço aos novos amigos que fiz no 
DNOCS/Pentecoste-CE: Ao meu orientador-técnico Antônio Roberto Barreto; 
ao Dr. Pedro Eymard Mesquita, sua esposa Dr' Maria do Socorro Chacon de 
Mesquita e ao Zé Elias. 
Gostaria de agradecer também a todos os meus amigos da SM Pescados: 
Antônio Cesar; Márcio Alves Bezerra e sua esposa Nadjane; Elenice Lima; 
Pedro Reis; Ricardo Hugo, Lituânia e a todos do setor administrativo. 
Agraceço também a minha querida professora e orientadora Silvana Saker 
Sampaio e a todos os Professores do Departamento de Engenharia de Pesca. 
Por fim quero agradecer ao Espiritismo e ao Jiu-Jitsu que me deram o equilíbrio 
necessário para enxergar a vida. 
"Nascer, crescer, morrer, renascer e evoluir sempre, tal é Lei" Alan Kardec. 
Obrigado! 
SUMÁRIO 
Página 
LISTA DE TABELAS 
LISTA DE FIGURAS 	 vi 
RESUMO 	 vii 
1. INTRODUÇÃO 	 1 
1.1. Tilápia do Nilo Oreochromis niloticus (Linnaeus, 1766) 	3 
1.2. Pirarucu Arapaima gigas (Cuvier, 1817) 	 4 
2. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO 	 6 
3. RAÇÕES UTILIZADAS NO MANEJO ALIMENTAR DE TILÁPIA 
DO NILO Oreochromis niloticus E PIRARUCU Arapaima gigas 	7 
4. MANEJO ALIMENTAR DA TILÁPIA DO NILO Oreochromis 
niloticus (LINNAEUS, 1766) 	 8 
4.1. Preparação e administração da ração para reversão sexual 	10 
4.2. Manejo alimentar de juvenis e adultos de tilápia 	 11 
4.3. Amostragem dos indivíduos 	 12 
4.4. Monitoramento das quantidades das rações e horário das 
refeições 	 12 
4.5. Tabelas de alimentação 
5. MANEJO ALIMENTAR DO PIRARUCU Arapaima gigas (CUVIER, 
1817) 	 15 
5.1. Obtenção do alimento natural 	 15 
5.2. Condicionamento alimentar 	 16 
5.3. Manejo alimentar de alevinos, juvenis e adultos 	 17 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 	 19 
7. REFERÊNCIAS 	 20 
iv 
LISTA DE TABELAS 
Página 
Tabela 1. Programa de arraçoamento de tilápias cultivadas em 
sistemas intensivos em tanques-rede, "raceways" ou 	13 
viveiros, utilizado no Centro de Pesquisas em Aqüicultura 
(DNOCS, Pentecoste-CE). 
Tabela 2. Programa de arraçoamento de tilápias cultivadas em 
sistemas intensivos em tanques-rede, "raceways" ou 	14 
viveiros, fornecido pelos fabricantes de ração. 
v 
LISTA DE FIGURAS 
Página 
Figura 1. Bandeja incubadora onde as larvas de tilápia do Nilo 
Oreochromis niloticus permanecem por três a quatro dias, 	8 
no Centro de Pesquisas em Aqüicultura Rodolpho von 
lhering, DNOCS, Pentecoste-CE. 
Figura 2. Calhas de alimentação de pós-larvas de tilápia do Nilo 
Oreochromis niloticus, no Centro de Pesquisas em 9 
Aqüicultura Rodolpho von lhering, DNOCS, Pentecoste-CE. 
Figura 3. Hapas de alimentação de pós-larvas de tilápia do Nilo 
Oreochromis niloticus, no Centro de Pesquisas em 10 
Aqüicultura Rodolpho von lhering, DNOCS, Pentecoste-CE. 
Figura 4. Preparação da ração contendo o hormônio 17-a- 
metiltestosterona para reversão sexual da tilápia do Nilo 	11 
Oreochromis niloticus, no Centro de Pesquisas em 
Aqüicultura Rodolpho von lhering, DNOCS, Pentecoste-CE. 
Figura 5. Obtenção do alimento natural para alimentação do pirarucu 
Arapaima gigas, no Centro de Pesquisas em Aqüicultura, 15 
DNOCS, Pentecoste-CE 
Figura 6. Copépodos no material planctônico coletado no Centro de 16 
Pesquisas em Aqüicultura, DNOCS, Pentecoste-CE. 
Figura 7. Ração para juvenis de pirarucu Arapaima gigas. 	 17 
Figura 8. Compactação da ração extrusada 014 C, utilizada na 18 
alimentação de adultos de pirarucu Arapaima gigas. 
vi 
vii 
RESUMO 
Este Relatório descreve as atividades de manejo alimentar da tilápia do 
Nilo Oreochromis niloticus (Linnaeus, 1766) e do pirarucu Arapaima gigas 
(Cuvier, 1817), acompanhadas durante o mês de agosto de 2006, no Centro de 
Pesquisas em Aqüicultura Rodolpho von Ihering (CPAq) do Departamento 
Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS). Foram acompanhadas diversas 
etapas referentes ao manejo alimentar da tilápia do Nilo Oreochromis niloticus 
(Linnaeus, 1766), dentre elas poderam ser observadas as etapas da colata de 
ovos na boca das fêmeas, incubação artificial dos ovos, banhos de 
desinfectantes nas larvas, preparação e administração da ração para a 
reversão sexual, amostragens dos indivíduos para determinação de seus pesos 
e monitoramento das quantidades das rações e horários das refeições. 
Também foram acompanhadas importantes etapas do manejo alimentar do 
pirarucu Arapaima gigas (Cuvier, 1817), onde poderam ser observadas as 
etapas de obtenção do alimento natural para alevinos, condicionamento 
alimentar, preparação de mistura de ração com carne de tilápia do Nilo 
Oreochromis niloticus (Linnaeus, 1766), amostragens dos indivíduos para 
determinação do crescimento e monitoramento das rações e horários das 
refeições. 
ACOMPANHAMENTO DO MANEJO ALIMENTAR DE TILÁPIA DO NILO 
Oreochromis niloticus (LINNAEUS, 1766) E PIRARUCU Arapaima gigas 
(CUVIER, 1817) CULTIVADOS NO CENTRO DE PESQUISAS EM 
AQÜICULTURA RODOLPHO VON IHERING, PENTECOSTE/CE 
RAPHAEL LUIZ AZEVEDO STEDILE 
1. INTRODUÇÃO 
Há poucas décadas, a forma mais comum de aqüicultura era o cultivo 
extensivo, sem a adição de alimento suplementar, em que apenas a produtividade 
natural sustentava uma baixa densidade de indivíduos, resultando em uma baixa 
eficiência de produção (TAKAHASHI, 2003). 
Nosúltimos anos, com o avanço e o desenvolvimento da aqüicultura, o 
conhecimento de novas técnicas estimulou a progressiva transformação dos 
cultivos extensivos em semi-intensivos ou intensivos. Essa evolução foi _essencial 
para garantir sua viabilização econômica, identificando falhas no processo, para 
que fosse possível aumentar a eficiência alimentar (LOGATO, 2000). 
Assim, para obtenção de resultados satisfatórios nos cultivos semi-intensivos 
ou intensivos, o conhecimento das técnicas de manejo alimentar é imprescindível. A 
utilização de rações deve ser empregada de forma criteriosa e responsável 
obedecendo às técnicas e legislações específicas, podendo dessa forma garantir a 
qualidade do produto, sem comprometer o manejo alimentar (LOGATO, 2000). 
É de fundamental importância que o piscicultor conheça alguns métodos que 
permitam avaliar a ração que será utilizada, através de dois critérios que são 
normalmente utilizados: conversão alimentar aparente e índice de rentabilidade 
(MESQUITA, 2002). 
A conversão alimentar aparente (CAaparente) é assim denominada, por não 
levar em consideração a quantidade de alimento que o animal não aproveitou, 
aquela parte que se perdeu na água, ou algum alimento natural que tenha sido 
consumido. Ela é calculada pela expressão a seguir: 
2 
quantidade de ração consumida (g) 
CA aparente --•= 	 ganho de peso (g) 
O índice de rentabilidade (IR) consiste em uma avaliação importante, pois 
permite verificar se a criação tem retorno econõmico. O IR é calculado por: 
IR - custo de produção do viveiro (R$) 
custo da ração utilizada (R$) 
No Brasil, principalmente no Nordeste, não existe um padrão quanto ao 
manejo na alimentação. Os grandes piscicultores utilizam tabelas de alimentação 
disponíveis na literatura ou oferecidas pelos fabricantes de ração ou alimentam os 
indivíduos até a saciedade. No caso dos pequenos produtores, sem recursos 
suficientes para adquirir uma ração de boa qualidade, há uma preferência por 
aproveitar material orgânico disponível como, por exemplo, cama de frango, milho, 
farinha de castanha e outros, para elaborar uma mistura e usá-la na alimentação 
dos peixes. Na conveniência de procurar alimento mais barato não consideram a 
qualidade, pois essa tem uma elevada participação nos custos (MESQUITA, 2002). 
Um dos aspectos mais importantes e decisivos para o sucesso das criações 
é o manejo alimentar. As quantidades das rações devem ser monitoradas, com 
base nos aumentos da biomassa e consumo alimentar. Excesso de alimento 
ocasiona poluição na água dos viveiros devido à decomposição da matéria 
orgânica, influindo diretamente no oxigênio dissolvido na água que é vital para os 
organismos aquáticos. Mesmo que não ocorra perda de ração, animais 
sobrealimentados não assimilam os nutrientes satisfatoriamente, tendo em vista 
que o alimento passa rapidamente pelo trato digestivo reduzindo sua digestão e, 
conseqüentemente, piorando a conversão alimentar. Além disso, ainda pode 
resultar em uma acumulação de gordura corporal (MESQUITA, 2002). 
O índice de ingestão alimentar e o aproveitamento de nutrientes pelos peixes 
estão diretamente relacionados ao horário de alimentação (BOUJARD; 
LEATHERLAND, 1992). Durante o ciclo circadiano, de 24 horas, os peixes 
apresentam variações na intensidade de procura por alimento (BOUJARD, 1995); 
na segurança de não encontrar predadores (GREENWOOD; METCALFE, 1998); 
nos picos de produção de enzimas digestivas (LÓPEZ-VÁSQUEZ, 2001); e na 
3 
digestibilidade e síntese de proteínas para formação do tecido muscular 
(GELINEAU et al., 1996). Essas variações circadianas ligadas à alimentação 
dependem também da espécie, da fase do ciclo de vida, época do ano e do 
convívio intra e interespecífico (BOUJARD, 1995). 
Existe uma recomendação simples de alimentar os peixes sempre no mesmo 
horário. Geralmente, os organismos aquáticos procuram o alimento nas primeiras 
horas da manhã, ao entardecer ou à noite. Quando a temperatura da água baixar 
muito, ou estiver chovendo, o arraçoamento deve ser suspenso. O alimento deve 
ser dividido em refeições e, normalmente, ele é fornecido de duas a quatro vezes 
por dia. Quanto menor o peixe, maior a freqüência de alimentação (MESQUITA, 
2002). 
O gasto com ração é um dos itens que mais influenciam na lucratividade da 
piscicultura intensiva. O manejo alimentar correto pode proporcionar um índice de 
ingestão que melhore a relação entre a quantidade de alimento fornecida e a 
produção de biomassa e que, conseqüentemente, diminua o gasto com ração na 
produção de uma mesma biomassa de peixe, ou reduza o tempo de cultivo 
(CRESCÊNCIO, 2005). 
1.1. Tilápia do Nilo Oreochromis niloticus (Linnaeus, 1766) 
Entre os peixes mais cultivados no mundo encontra-se a tilápia do Nilo 
Oreochromis niloticus. Essa espécie apresenta maturidade sexual precoce (GALE 
et al., 1999), reproduzindo com 30-40 g de peso vivo (4 a 5 meses de idade), 
conseqüentemente ocasionando superpopulação nos viveiros de engorda, 
competição por alimento, diminuição da qualidade da água, ausência de 
uniformidade e redução da biomassa dos peixes (VARADARAJ; PANDIAN, 1987). 
Dessa forma, cultivos de populações monossexo de machos são de 
fundamental importância para a obtenção de produtividades elevadas e 
uniformidade no momento da despesca (VARADARAJ; PANDIAN, 1987), já que os 
machos dessa espécie apresentam taxa de crescimento mais elevada que a das 
fêmeas (FERNANDES, 1998). 
Uma das principais linhas de pesquisa com essa espécie é o 
desenvolvimento de populações monossexo masculinizadas, as quais podem ser 
obtidas pela administração de hormônios esteróides incorporados na ração, através 
4 
de banhos de imersão e através da manipulação genética (PANDIAN; SHEELA, 
1995). A técnica que tem levado a resultados mais satisfatórios consiste na 
administração de hormônios na ração (KOVÁSC, 1990; GALE et al., 1999). 
Entretanto, além de ter um custo relativamente elevado, essa técnica exige um alto 
grau de intervenção uma vez que é necessário manter os animais em regime 
alimentar constante e ambiente controlado após o início da alimentação (PANDIAN; 
SHEELA, 1995). 
1.2. Pirarucu Arapaima gigas (Cuvier, 1817) 
O pirarucu é um peixe que vem gerando grandes expectativas em torno de 
sua criação, em razão da qualidade e preço de sua carne e de seu crescimento 
rápido. Ele pode atingir 10 kg de peso médio, ao final de um ano (IMBIRIBA, 2001), 
e sua produção estimada é de 25 tha-1 por ano, quando alimentado com ração em 
sistema de criação intensiva (PEREIRA-FILHO et al., 2003). Essa espécie 
apresenta respiração aérea obrigatória, possibilitada por sua bexiga natatória 
modificada, que permite a tomada de oxigênio diretamente do ar atmosférico. Por 
não necessitar do oxigênio dissolvido na água, suporta elevadas densidades de 
estocagem em cultivo, por isso pode aumentar a produção por área e ser cultivado 
em locais não propícios a outras espécies aquáticas (ONO et al., 2004). 
GANDRA (2002) estudou a freqüência alimentar do pirarucu e concluiu que a 
alimentação duas vezes ao dia consistia na melhor estratégia para criação dessa 
espécie. Porém, pouco se conhece a respeito da preferência alimentar natural do 
pirarucu, o horário de alimentação ou o efeito de diferentes manejos alimentares 
sobre o desempenho zootécnico dessa espécie. 
A criação do pirarucu é dificultada por se tratar de um peixe carnívoro, que 
não aceita de maneira voluntária rações balanceadas. Outros peixes carnívoros, 
como o pintado Pseudoplatystoma coruscans e o tucunaré Cichla sp, enfrentam o 
mesmo problema, de modo que é necessário o desenvolvimento de estratégias de 
manejo alimentar para viabilizar a criação desses peixes em regime intensivo 
(LOPES et al., 1996; MOURA et al., 2000). 
O alimento vivo é uma estratégia alimentar usada para facilitar a aceitação 
de rações por parte dos peixes e, por ser um alimentonaturalmente consumido, 
5 
oferece a vantagem de dispensar o uso de atrativos e possibilitar o treinamento de 
peixes de tamanhos menores (KUBITZA, 1999). 
O objetivo do presente Relatório de Estágio Supervisionado, realizado no 
mês de agosto de 2006, consiste em descrever as atividades de manejo alimentar 
de tilápia do Nilo Oreochromis niloticus e do pirarucu Arapaima gigas, cultivados no 
Centro de Pesquisas em Aqüicultura Rodolpho von lhering (CPAq), do 
Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), em Pentecoste-CE. A 
duração do Estágio, parte da integralização curricular do Curso de Engenharia de 
Pesca/UFC, foi de 128 horas. 
6 
2. CARACTERIZAÇAO DA ÁREA DE ESTUDO 
O Centro de Pesquisas em Aqüicultura Rodolpho von lhering (CPAq) 
pertence ao Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) e está 
localizado no município de Pentecoste, Ceará, distante de Fortaleza 
aproximadamente 80 km, com acesso fácil por via terrestre. 
O CPAq está dotado de laboratórios de Aqüicultura, Limnologia e Genética 
Molecular; salas de administração; dependências para acomodação de 
pesquisadores; alojamento; restaurante; auditório; sala de beneficiamento de 
pescado; estacionamentos; viveiros e tanques de cultivo de organismos aquáticos 
que compreendem 11,2 hectares de lâmina d'água; moradia para funcionários, 
museu. As instalações usadas nos cultivos (viveiros, tanques) foram construídas à 
jusante do Açude Pereira de Miranda. 
O CPAq tem como objetivo disponibilizar pacotes tecnológicos, realizar 
eventos, cursos e palestras para estudantes das Ciências Agrárias, aqüicultores e 
pessoas interessadas nos trabalhos que são desenvolvidos naquele Centro. 
7 
3. RAÇÕES UTILIZADAS NO MANEJO ALIMENTAR DE TILÁPIA DO NILO 
Oreochromis niloticus (Linnaeus, 1766) E PIRARUCU Arapaima gigas (Cuvier, 
1817) 
Como as espécies acompanhadas durante o Estágio Supervisionado no 
CPAq apresentam diferentes hábitos alimentares, diversos tipos de ração, 
compradas de diferentes fabricantes, foram utilizadas de acordo com o estágio de 
desenvolvimento dos indivíduos. 
A tilápia do Nilo, um peixe onívoro, era alimentada com as seguintes rações, 
de acordo com a fase de cultivo. As pós-larvas receberam ração 011 Inicial 
contendo 40% de proteína bruta (PB) indicada para pós-larvas e microalevinos de 
peixes onívoros e fabricada pela Nutron. Na primeira fase de crescimento, os 
alevinos receberam ração Fri-Acqua-32 fabricada pela Fri-Ribe, com 32% PB e 
péletes de 6 mm. Na fase de manutenção, a ração Fri-Acqua-28 com 28% PB e 
péletes de 8 mm, fabricada pela Fri-Ribe, era ofertada aos peixes. 
O pirarucu como é um peixe carnívoro recebia a ração 014C Proaqua com 
40% PB, com péletes de 6 a 8 mm, fabricada pela Nutron. 
8 
4. MANEJO ALIMENTAR DA TILÁPIA DO NILO Oreochromis niloticus 
(Linnaeus, 1766) 
Os ovos coletados na boca das fêmeas de tilápia do Nilo foram levados para 
incubação artificial, onde permaneceram por cerca de 24 a 72 horas. Essas 
incubadoras simulam as condições da incubação natural, sendo dotadas de um 
sistema de circulação de água constante. 
Após a eclosão dos ovos, as larvas foram submetidas a um banho de 
formalina durante trinta segundos, para eliminar possíveis patógenos. Por três a 
quatro dias, enquanto consumiam o vitelo, elas permaneceram nas bandejas 
incubadoras (Figura 1). Após a eclosão dos ovos, as larvas ainda não têm o trato 
digestivo definido e se nutrem do vitelo que possuem. Quando a reserva vitelínica 
se esgota, as pós-larvas procuram o alimento natural: algas, bactérias, rotíferos, 
cladóceros, começando então a diferenciação do hábito alimentar, momento em 
que a ração é administrada (MESQUITA, 2002). 
Figura 1. Bandejas incubadoras de larvas de tilápia do Nilo Oreochromis 
niloticus, no Centro de Pesquisas em Aqüicultura Rodolpho von 
lhering, DNOCS, Pentecoste-CE. 
Em seguida, as larvas foram transferidas para as calhas (Figura 2), onde 
permaneceram por dois dias, recebendo ração inicial 011 para peixes onívoros com 
40% PB, seis vezes ao dia. 
9 
Diariamente as calhas foram limpas por sifonamento com auxílio de uma 
mangueira para remover resíduos de ração e fezes. 
Figura 2. Calhas de alimentação de pós-larvas de tilápia do Nilo Oreochromis 
niloticus, no Centro de Pesquisas em Aqüicultura Rodolpho von 
lhering, DNOCS, Pentecoste-CE. 
Posteriormente, as pós-larvas foram transferidas para os hapas. Nessas 
estruturas, os indivíduos foram mantidos por um período de 21 dias, recebendo 
alimentação com hormônio, para haver a reversão sexual. Para cada 10.000 pós-
larvas, foram ofertadas seis refeições de 7 g cada, totalizando aproximadamente 
42 g por dia. O procedimento de alimentação foi realizado com o auxílio de um 
caiaque e de um anel de alimentação para não dispersar a ração em pó. (Figura 3). 
Figura 3. Hapas de alimentação de pós-larvas de tilápia do Nilo Oreochromis 
nilotícus, no Centro de Pesquisas em Aqüicultura Rodolpho von 
Ihering, DNOCS, Pentecoste-CE. 
4.1. Preparação e administração da ração para reversão sexual 
No processo de reversão sexual da tilápia do Nilo, as pós-larvas ainda com 
sexo indefinido foram alimentadas com ração em pó com 40% PB adicionada de 
hormônio masculinizante 17-a-metiltestosterona. 
Para isso, uma solução-estoque a 0,6% (pN) foi preparada pela dissolução 
de 6 g do hormônio 17-a-metiltestosterona em 1 L de álcool etílico absoluto. Essa 
solução foi armazenada em vidro escuro e conservada em geladeira. Nessas 
condições, ela tem validade de até três meses. 
Inicialmente, 10 mL da solução-estoque foram suspensos em 500 mL de 
álcool etílico a 70%. Em seguida, acrescentou-se à ração previamente pesada 
(1 kg), mexendo sempre com as mãos até que a mistura estivesse bem 
homogeneizada. Para esse trabalho foi necessária a utilização de luvas e máscara 
para evitar o contato direto com o hormônio. Segundo Mesquita (2002), a dosagem 
recomendada de hormônio na ração é de 60 mg para cada 1 kg. Depois de 
efetuada a mistura e homogeneização, a ração contendo o hormônio foi levada 
para secar a sombra por um período de 24 horas, sendo espalhada em camadas 
finas, de até 5 cm de espessura (Figura 4). Após a secagem, a ração foi 
acondicionada em sacos escuros e conservada em refrigerador. Nessas condições 
10 
11 
ela pode permanecer por um período de até três meses. Sem resfriamento, esse 
período se limita a uma semana. 
Figura 4. Preparação da ração contendo o hormônio 17-a-metiltestosterona 
para reversão sexual da tilápia do Nilo Oreochromis niloticus, no 
Centro de Pesquisas em Aqüicultura Rodolpho von lhering. 
A- Preparação da diluição da solução-estoque; B- Adição da 
solução diluída sobre a ração; C- Homogeneização; e D- Secagem. 
4.2. Manejo alimentar de juvenis e adultos de tilápia do Nilo 
Os peixes com peso médio individual de 30 g foram alimentados com a 
ração inicial 011 contendo 40% PB, seis vezes ao dia, na proporção aproximada de 
7% a 10% da biomassa total. 
12 
Os adultos com peso médio individual inferior a 200 g foram alimentados 
com ração Fri-Acqua-32 contendo 32% PB, três vezes ao dia, na proporção de 
cerca de 3% a 5% da biomassa total. 
Adultos com peso médio individual superior a 200 g foram alimentados com 
ração Fri-Acqua-32 contendo 32%, duas vezes ao dia, na proporção de cerca de 
2% da biomassa total. 
Os planteis de reprodutores com peso médio individual acima de 800 g foram 
alimentados com ração Fri-Acqua-28, contendo 28%, duas vezes ao dia com cerca 
de 1,5% da biomassa total. 
4.3. Amostragem dos indivíduos 
As amostragens acompanhadas no CPAq foram realizadas quinzenalmente 
para não submeter os animais a níveis intensos de estresse. Essas amostragens 
foram procedidas periodicamente, a fim de avaliar o estado geral dos peixes e a 
necessidade de reajustar a quantidade de ração e de acompanhar o ganho de peso 
dos indivíduos. 
O manuseio dos peixes foi realizadocom luvas especiais e com bastante 
cuidado para evitar estresse e lesões, que podem afetar a saúde e, 
consequentemente, o bom desenvolvimento dos peixes. Eles foram colocados em 
recipientes com uma certa quantidade de cloreto de sódio (NaCf), para estimular a 
produção de muco. Em seguida, os peixes foram pesados e devolvidos aos tanques 
ou viveiros. 
4.4. Monitoramento das quantidades das rações e horário das refeições 
No CPAq, a quantidade de ração sempre é monitorada por funcionários do 
setor responsável. Durante o Estágio, a ração contendo o hormônio foi preparada 
duas vezes na semana, e essa constância se deveu ao fato de ela apresentar um 
prazo de validade menor que as demais. 
A ração comercial granulada pronta para o consumo sempre é revista pelos 
funcionários, que informam aos técnicos sobre a necessidade de compra. 
O horário das refeições era diferenciado e dependente do estágio de 
desenvolvimento do animal. As refeições das pós-larvas e alevinos até 30 g foram 
13 
ofertadas às 7, 9, 11, 13, 15 e 17 horas; alevinos de 30 g até adultos de 200 g 
foram alimentados às 9, 12 e 15 horas; e os adultos acima de 200 g foram 
alimentados às 9 e 15 horas. 
4.5. Tabelas de alimentação 
O programa de arraçoamento de tilápias cultivadas em sistemas intensivos 
em tanques-rede, "raceways" ou viveiros, utilizado no CPAq está apresentado na 
Tabela 1. Durante o Estágio sobre o acompanhamento do manejo alimentar da 
tilápia do Nilo, pequenas diferenças foram observadas. Por exemplo, durante a 
alevinagem a ração fornecida foi a 011 da Nutron com 40% PB e durante a engorda 
(inicial e intermediária) foi utilizada apenas a ração Fri-Acqua-32 com 32% PB e 
péletes de 6 mm. 
Tabela 1. Programa de arraçoamento de tilápias cultivadas em sistemas 
intensivos em tanques-rede, "raceways" ou viveiros, utilizado no 
Centro de Pesquisas em Aqüicultura, DNOCS, Pentecoste-CE. 
% de 
proteína 
bruta na 
ração 
Fase de cultivo 
Peso médio do 
peixe (g) 
Quantidade diária 
recomendada (% 
da biomassa) 
Número de 
refeições 
Até 3 12,0 6 
45 Alevinagem 3 a 5 12,0 6 
5 a 10 10,0 4 
10 a 20 8,0 4 
36 Engorda inicial 
20 a 60 6,0 3 
60 a 120 5,0 3 
Engorda 120 a 200 4,0 3 
32 intermediária e 200 a 300 3,0 2 
final 300 a 400 2,5 2 
400 a 500 2,0 2 
28 Engorda final Acima de 500 1,0 2 
14 
Existe outro programa de arraçoamento de tilápia do Nilo, fornecido pelos 
fabricantes de ração, que não foi seguido durante o Estágio, mas está apresentado 
na Tabela 2. 
Tabela 2. 	Programa de arraçoamento de tilápias cultivadas em sistemas 
intensivos em tanques-rede, "raceways" ou viveiros, fornecido 
pelos fabricantes de ração. 
PRODUTO 
Granulometri 
a (mm) 
Fase de 
Cultivo 
Peso do Peixe (g) 
Semana 
Cultivo 
Refeição Diária 
(% da 
Biomassa) 
por Dia 
Quant. Diária 
Ração PI 1000 
ind. Kg 
N• 
 
Custo 
Ração 
R$ 
Consumo Ração 
por Fase para 1000 
ind. Kg De Até 
Nutripeixe AL55 Morda Alevinagem 
0,5 2 1 18,0 12 0,23 
12,21 4,7 
2 5 2 15,0 9 0,45 
Nutripeixe AL45 1- 2 Alevinagem 
5 10 3 7,0 9 0,45 
57,47 19 10 20 4 7,0 8 0,85 
20 30 5 7,0 7 1,41 
Nutripeixe TR36 3 - 4 
Recria 
Inicial 
30 50 6 4,0 5 1,29 
128,24 41 50 70 7 4,0 5 1,90 
70 100 8 4,0 5 2,68 
Nutripeixe TR32 4 - 5 Recria Final 
100 130 9 3,0 4 2,73 
225,29 73 130 160 10 3,0 4 3,41 
160 200 11 3,0 4 4,23 
Nutripeixe SI 
Crescimento 
8 - 9 Engorda 
200 240 12 2.0 3 3,45 
466,01 216 
240 280 13 2,0 3 4,07 
280 330 14 2,0 3 4,78 
330 370 15 2,0 3 5,43 
370 420 16 2,0 3 6,13 
420 480 17 2.0 3 6,98 
Nutripeixe SI 
Engorda 
8 - 9 
Engorda e 
Terminação 
480 530 18 2,0 2 7,83 
1305,19 757 
530 570 19 2,0 2 8,53 
570 620 20 2,0 2 9,23 
620 660 21 2,0 2 9,93 
660 700 22 2,0 2 10,55 
700 740 23 2,0 2 11,17 
740 780 24 2,0 2 11,79 
780 820 25 2,0 2 12,41 
820 860 26 2,0 2 13,03 
860 900 27 2.0 2 13.65 
Nutripeixe SI 
EngordaiTerminaç 
ão 
8 - 9 
Engorda e 
Terminação 
900 930 28 1,0 2 7,10 
1523,85 208 
930 960 29 1,0 2 7,33 
960 990 30 1,0 2 7,56 
990 1020 31 1,0 2 7.79 
1020 1050 32 1,0 2 8.03 
2123,44 572 
1050 1080 33 1,0 2 8.26 
1080 1120 34 1.0 2 8,53 
1120 1150 35 1,0 2 8,80 
1150 1180 36 1,0 2 9,04 
1180 1200 37 1,0 2 9,23 
Fonte: Purina 
15 
5. MANEJO ALIMENTAR DO PIRARUCU Arapaima gigas (CUVIER, 1817) 
5.1. Obtenção do alimento natural 
O plâncton utilizado na alimentação do pirarucu foi coletado com auxílio de 
uma rede com malha de 550 !_i, em um canal de abastecimento do CPAq entre o 
final da tarde e o começo da noite, quando os organismos planctônicos migram 
para a superfície, sendo capturados em maior quantidade. O plâncton coletado foi 
armazenado em um congelador até ser consumido (Figura 5). Amostras do material 
coletado foram analisadas no laboratório em um microscópio, tendo sido observada 
uma predominância de copépodos (Figura 6). 
Figura 5. Obtenção do alimento natural para alimentação do pirarucu Arapaima 
gigas, no Centro de Pesquisas em Aqüicultura, DNOCS, Pentecoste-
CE. A- Coleta do plâncton no canal de abastecimento; B e C- Plâncton 
coletado na rede; e D- Embalagem do plâncton para conservação sob 
congelamento. 
Figura 6. Copépodos no material planctônico coletado no Centro de 
Pesquisas em Aqüicultura, DNOCS, Pentecoste-CE. 
5.2. Condicionamento alimentar 
No CPAq, os alevinos foram separados por peso e colocados em quatro 
caixas de fibra de 1.000 L, contendo aproximadamente 350 L de água. Em cada 
caixa foram colocados 100 alevinos que eram alimentados oito vezes ao dia, de 
três em três horas. Inicialmente, os indivíduos foram alimentados com alimento 
natural (plâncton), de três em três horas. No segundo dia foi administrado ração 
seca e triturada (014C da Nutron com 40% PB para peixes carnívoros) com uma 
mistura de carne de tilápia sem nenhuma proporção. No término de 40 dias a carne 
da tilápia e o zooplâncton foram retirados terminando assim a dependência pelo 
alimento natural. 
Na natureza, os juvenis de pirarucu apresentam preferência alimentar pelo 
período noturno, principalmente no início da noite (CRESCÊNCIO, 2001). Essa 
preferência tem que ser modificada no período em que os indivíduos estão sendo 
submetidos ao condicionamento alimentar. 
No CPAq, a freqüência de alimentação que no início do cultivo era de três 
em três horas foi sendo diminuída pela suspensão das refeições noturnas. Em uma 
criação intensiva, é mais indicado proceder à alimentação durante o período diurno, 
16 
17 
tendo em vista que para o manejo noturno é preciso destinar pessoal em turnos 
para atender as necessidades do animal o que pode ser considerado uma grande 
desvantagem. 
5.3. Manejo alimentar de alevinos, juvenis e adultos 
Os alevinos foram alimentados com ração extrusada 014C moída, misturada 
com carne de tilápia, na proporção de 25% a 30% da biomassa total e oferecida 
oito vezes ao dia de três em três horas. 
Os juvenis foram alimentados com ração extrusada 014C, na proporção de 
aproximadamente 2% da biomassa total e oferecida duas vezes ao dia através de 
lançamentos ao viveiro (Figura 7). 
Figura 7. Ração para juvenis de pirarucu Arapaima gigas, no Centro de 
Pesquisas em Aqüicultura, DNOCS, Pentecoste-CE. 
A mesma ração usada para alevinos e juvenis, foi umedecida e compactada 
em forma de bola até adquirir um tamanho adequado (Figura 8). Essa preparação 
foi armazenada em refrigeradores e oferecida duas vezes ao dia aos reprodutores 
na proporção de cerca de 1% da biomassa total. 
18 
Figura 8. Compactação da ração extrusada 014 C, utilizada na alimentação 
de adultos de pirarucu Arapaima gigas, no Centro de Pesquisas em 
Aqüicultura, DNOCS, Pentecoste-CE. A e B- Em preparação; e C-
Preparada. 
19 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Durante o Estágio Supervisionado realizado no CPAq, foi possível observar 
que a alimentação é um fator de extrema importância para o cultivo de peixes, seja 
em viveiros escavados, seja em tanques-rede. 
Para quehaja sucesso no ganho de peso dos indivíduos de tilápia do Nilo é 
de suma importância que os alevinos sejam sexualmente revertidos a uma taxa 
superior a 95%, como acontece no CPAq. 
O condicionamento alimentar do pirarucu é laborioso e requer uma enorme 
dedicação. Os juvenis preferem se alimentar no início da noite, mas esse hábito vai 
sendo alterado aos poucos. Em uma criação intensiva, é mais indicado proceder à 
alimentação dos peixes durante o dia, por razões óbvias. 
Também é muito importante que as amostragens sejam feitas em intervalos 
de quinze dias, como ocorre no CPAq, a fim de evitar níveis intensos de estresse 
nos animais e, conseqüentemente, garantir o crescimento em peso dos indivíduos. 
A tilápia do Nilo é uma espécie particularmente resistente ao manejo, mas o 
pirarucu é extremamente sensível, parando de se alimentar quando é manejado e 
só voltando ao normal quando as condições forem novamente favoráveis. 
Esse Estágio revestiu-se de grande importância na complementação da 
formação profissional, tendo em vista que representou mais uma oportunidade de 
associação entre conhecimentos teóricos e práticos. 
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