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Tema 8 – Trauma cranioencefálico e Hipertensão intracraniana Maria Laura Gonçalves Vieira – T XIV Suspeita clínica: qualquer paciente com queixa de cefaleia com sinais de alerta ou naqueles com alteração do nível de consciência. Sinais de alerta das cefaleias: • Cefaleia nova ou mudança do padrão da cefaleia primária previa • Caráter lento e progressivo • Pior cefaleia da vida • Dor forte e súbita • Dor que se inicia após esforço físico ou manobra de Valsalva • Alterações no exame neurológico • Sinais ou sintomas sistêmicos • Cefaleia nova em paciente imunossuprimido, HIV-positivo ou com neoplasia Fisiopatologia Em situações de rebaixamento de nível de consciência e/ou rebaixamento gerando aumento de PCO2 temos: • CO2 difundido rapidamente para bulbo e líquor • Atravessa a barreira HE • Sabe-se que o aumento do PCO2 causa uma vasodilatação cerebral → aumento do fluxo sanguíneo cerebral → aumento do volume intracraniano → piora do edema: aumento da PIC Se hiperventila: • Cai a concentração de CO2, vasoconstrição cerebral, leva redução do fluxo sanguíneo cerebral e redução do volume intracraniano e consequente redução da PIC. Evitar: PaCO2 > 45mmHg • Manter entre 35 e 40 Não realizar hiperventilação profilática Hipertensão intracraniana é definida como PIC acima de 20mmHg, que persiste por mais de 20 minutos em adultos. Etiologias • Lesões intracranianas com efeito de massa (hematomas, tumor, abscesso) • Alterações da circulação do LCR (hidrocefalia, aumento da produção) • Processos patológicos que afetam a cavidade intracraniana de maneira difusa • Aumento do volume tecidual (tumor, abcesso) • Aumento do volume sanguíneo (hipercapnia, hipóxia, oclusão do seio venoso) • Edema citotóxico (isquemia, trauma, toxinas, doenças metabólicas) • Edema vasogênico (infecções, tumores, estados hiperosmolares, inflamação) • Edema intersticial (hidrocefalia com fluxo transependimário) Classificação TCE LEVE: GLASGOW 14-15 Leve risco (assintomático): Observação clínica por horas, sem exames de imagem e alta TCE moderado risco : mecanismo de alta cinética. ECG de 13-15 • Paciente com cefaleia progressiva, convulsões, perda momentânea da consciência, lesão facial grave • Indicação de TC sem contraste (TC de entrada e de saída) e pelo menos 24h de observação Alto risco: mecanismo de trauma importante, morte no local, capotamente. Glasgow <15 até duas horas após o trauma. • TC de entrada e de saída. Observação por 24-48h • Suspeita de fratura exposta ou com afundamento, sinais de fratura de base de crânio, mais de dois episódios de vômitos ou idade ≥ 65 anos TCE MODERADO: ECG 9-12 Pacientes capazes de obedecer a comandos, mas se encontram sonolentos ou confusos e, em alguns casos, com déficits focais. TC de crânio para todos, avaliação por neurocirurgião e internação. TCE GRAVE: ECG < 8 Alteração importante do nível de consciência e não respondem a ordens simples mesmo após estabilização hemodinâmica. Internação hospitalar, avaliação sequenciada do estado neurológico com exames de imagem e consulta com neurocirurgião. TC de crânio Indicações: • Glasgow < 15 até 2 horas após o trauma • Suspeita de fratura exposta ou com afundamento • Qualquer sinal de fratura de base de crânio • Vômitos (>2 episódios) • Idade > 65 anos • Perda de consciência por mais de 5 minutos • Amnesia retrograda > 30 minutos • Mecanismo de trauma perigoso (atropelamento, ejeção do veículo, queda de altura > 1metro, etc.) Se anormalidade ou se paciente continuar sintomático ou com alguma alteração neurológica → consulta com neurocirurgião INTERPRETAÇÃO Hematoma de morfologia biconvexa: epidural (sangramento entre a dura-máter e o crânio). Hematoma com apenas uma concavidade: hematoma subdural (sangramento entre a aracnoide e a dura-máter) Idosos e etilistas crônicos → atrofia → quedas frequentes Avaliar (LUCAS): Linha médica, Unidade óssea, Cisterna, Assimetria de lobos, Sangramento Manifestações clínicas • Tríade de Cushing: hipertensão, bradicardia e alteração (irregularidade) respiratória. • Cefaleia (primeiro sintoma em 20% dos pacientes) – dilatação e tração das grandes artérias e veias, compressão e distensão de nervos cranianos e dura-máter por eles inervados. • Vômitos (em jato ou vômito cerebral) – tardio • Edema de papila – sinal mais característico da HIC • Alterações da personalidade e do nível de consciência • Crises convulsivas • Tonturas • Comprometimento de nervos cranianos (abducente, oculomotor e troclear) Intervalo lúcido: intervalo de tempo entre o trauma e o aparecimento dos sintomas neurológicos. SÍNDROMES DE HERNIAÇÃO INTRACRANIANA Aumento da PIC → deslocamento das estruturas encefálicas entre compartimentos intracranianos. Herniação do uncus do lobo temporal: • Pupila midriática e não reativa à luz e há abdução do olho, além de ptose palpebral. • Desorientação ou agitação • Com avanço: letargia, estupor e coma • Fenômeno de Kernohan • Padrão respiratório de Cheyne-Stokes Herniação central: • Alterações de atenção e comportamento • Sonolência, estupor e coma • Pupilas em miose e pouco reativas à luz Tratamento CLÍNICO Fluidos intravenosos (conforme necessidade para manter normovolemia) Hiperventilação (curto período de tempo) – normocapnia é preferível na maioria dos casos Anticonvulsivantes – apenas quando necessário Manitol – prevenir PIC elevada. Não administrar em hipotensos. Solução salina hipertônica – reduzir PIC em pacientes hipotensos Barbitúricos – reduzir PIC refratária a outras medidas, porém não podem ser utilizados com hipotensão ou hipovolemia MEDIDAS GERAIS DE CONTROLE DA HIC • Elevação da cabeceira em 30º • Temperatura menor que 38º • Glicemia: manter entre 80 e 160mg/dl • Sódio sério entre 145 e 155 mmol/k; osmolaridade sérica menor que 320 mOsm/kg • Hemoglobina acima de 8-9g/dl • SatO2 > 96% e PaO2 entre 80 e 120 mmHg • Normoventilação: PaCO2 entre 35 e 40 mmHg • Normovolemia: pressão venosa central (PVC) entre 7-11 mmHg • Normotensão: PAS > 90mmHg ou PPC entre 50-70 mmHg • Analgesia / sedação: midazolam ou propofol para sedação (reduzem PIC) e fentanil para analgesia TRATAMENTO DE PRIMEIRA LINHA Drenagem de LCR Terapia osmótica: manitol 0,5-1,0 g/kg em bolus ou solução salina hipertônica Aprofundar sedação TRATAMENTO DE SEGUNDA LINHA Hipotermia moderada Craniotomia descompressiva Coma barbitúrico
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