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AMENORRÉIA 1)INTRODUÇÃO -Amenorreia é a ausência de menstruação por 6 meses ou pelo tempo correspondente a 3 ciclos consecutivos da paciente – é necessário avaliar o padrão habitual da paciente. Ex.: ciclo de 24 em 24 dias terá amenorreia se passar 2 meses e 12 dias sem menstruar OU há 6 meses. Pode ser: • Primária: sem menarca e caracteres sexuais secundários até 14 anos ou ausência de menarca aos 16 anos, independentes do desenv. dos caracteres – prevalência de 0,3%. A ausência de caracteres indica que ela nunca foi exposta ao estrogênio (ver pelo desenv. das mamas e útero). • Secundária: + comum, incide em 1-3% das mulheres púberes, são aquelas que pararam de menstruar após período de regularidade de 6 meses, correspondente a 3 ciclos ou 6 meses. 1° descarta gravidez. Obs.: ocorre muito em bailarinas, estudantes do 2° grau e atletas. Obs2.: o aumento da prolactina diminui os pulsos de GnRH, assim, diminui as gonadotrofinas e gera amenorreia. Drogas que aumentam a prolactina: Haldol, clozapina, fenotiazidas/metildopa, reserpina/ atividade estrogênica (digitálicos, maconha) / toxicidade ovariana. -Para ter ciclo regular, os ovários devem funcionar normalmente, útero com endométrio responsivo, trato de sápida de fluxo desobstruído e eixo HHO funcionante – investiga cada setor e diagnostica por exclusão. Ou seja, ver cunho hormonal ou anatômico. *ESQUEMA DE COMPARTIMENTOS SPEROFF: -Em alterações hormônios, deve-se definir se são hipogonadotróficas, eugonadotróficas ou hipergonadotróficas, de acordo com os níveis de gonadotrofinas – hormônio luteinizante (LH) e hormônio folículo-estimulante (FSH) – circulantes, a fim de definir a localização no eixo hipotalâmico- hipofisário-ovariano. Já o termo “gonadismo” diz respeito ao funcionamento do ovário – gônada. 2)DIAGNÓSTICO -A principal suspeita diagnóstica é a gestação, com isso, o pedido do beta-HCG (gonadotrofina coriônica humana) é o exame mandatório inicial. -Anamnese cuidadosa, buscando: 1. Estresse emocional 2. Exercício físico intenso 3. Distúrbios de nutrição crescimento e desenvolvimento 4. Presença de trato reprodutor normal 5. Doença ou acometimento do SNC – transtornos visuais, alterações olfatórias e cefaleia persistente. 6. História familiar de anomalias genéticas que podem causar alteração no ovário 7. Tabagismo e etilismo 8. Uso de medicamentos (antipsicóticos, antidepressivos, anti-hipertensivo, maconha e outros) 9. Mudança de hábitos de vida, como no ciclo sono- vigília 10. Fatores de tensão 11. História menstrual 12. Padrão menstrual prévio (pra considerar imaturidade do eixo nos primeiros meses após menarca) 13. Eventos ocorridos no início da amenorreia (como parto, história reprodutiva com contraceptivos e cirurgias) 14. Gestações e complicações 15. História médica geral – DUM, contracepção, atividade sexual. 16. Galactorreia 17. Doença grave atual ou pregressa (como hipotireoidismo, anemia, leucemia) 18. Radioterapia e quimioterapia prévia (destrói óvulos) 19. Doenças autoimunes 20. Anomalias congênitas 21. Endocrinopatias 22. Tuberculose pélvica (pode causar fibrose do endométrio) -Exame físico minucioso, detectar: 1. Anomalias anatômicas ou falha no desenv. dos caracteres sexuais secundários 2. Peso altura e IMC 3. Anomalias dos genitais, nódulos nas regiões inguino-crurais 4. Desenv. e cronologia dos caracteres sexuais secundários 5. Presença de pelos axilares e pubianos 6. Estigmas de digenesias gonadais 7. Obesidade, hirsutismo, acne, alopecia e hipertrofia do clitóris, oleosidade capilar – indicam hiperandrogenismo. 8. Ressecamento vaginal, dispareunia, muco cervical escasso, instabilidade vasomotora e emocional – indicam hipoestrogenismo. 9. Síndrome de Kalman: amenorreia primaria e anosmia (perda do olfato) 10. Descartar gravidez 11. Palpar mamas (descarga papilar) e tireoide 12. Observar estrias -Na SOP, há ovulação 2 ou 3 vezes ao ano, pois não produz progesterona em quantidade suficiente (?) -Exames complementares direcionados pelos dois primeiros. Em amenorreia primária faz: dosagem FSH/LH, USG pelve via trans abdominal, cariótipo e RM crânio em casos específicos. Em amenorreia secundária faz: BHCG, TSH, prolactina, perfil androgênico, teste da progesterona e teste do estrogênio- progesterona, RM de crânio. *clonidina, haldol, estresse inibe altera os pulsos de GnRH *Anemia, leucemia, hipotireoidismo, neoplasia, aumento de prolactina 3)ETIOLOGIAS • Útero e Vagina -Primária: hímen imperfurado (criptomenorreia, dor pélvica cíclica, pode ter aumento do volume abdominal); malformações mullerianas – síndrome de Rokitanshy (agenesia do útero, colo, tubas e 1/3 superior da vagina; XX); síndrome de Morris (insensibilidade androgênica, ausência do útero e ovários, aumento da testosterona, mas não consegue atuar, é XY, tem mamas). -Secundária: síndrome de Asherman (sinéquias uterinas causam desenv. inadequado do endométrio, amenorreia, infertilidade – as vezes causado por curetagem) • Ovários -Primária: síndrome de Turner (45,X0, tem disgenesia gonadal – gônada não se desenvolve corretamente, gera baixa estatura, pescoço alado, puberdade tardia, faz reposição hormonal); síndrome de Savage (ovários resistentes às gonadotrofinas, não são receptivos). -Secundária: SOP (ciclos anovulatórios), insuficiência ovariana precoce (por cromossomopatias, RDT, quimioterapia, cirurgias, tabagismo) • Hipófise anterior (Adenohipófise) -Primária: hipoplasia hipofisária. -Secundária: hipotireoidismo, hiperprolactinemia (prolactina produzida pela hipófise, nesse caso altera pulsos GnRH e secreção LH/FSH, podendo gerar galactorreia), tumores hipofisários e infecções interferem na secreção de FSH e LH; síndrome de Sheehan (associado a um sangramento importante no pós-parto, que leva a necrose hipofisária anterior por grave hipotensão pós-parto). • Hipotálamo -Primária: síndrome de Kallmann (incapacidade de produção de GnRH + anosmia – deficiência no bulbo olfatório embriológica). -Secundária: amenorreia hipotalâmica funcional (por estresse, distúrbios alimentares como anorexia, atividade física excessiva). 4)CLASSIFICAÇÃO DAS AMENORREIAS • Hipogonadismo HIPOgonadotrófico -Mau funcionamento das gônadas + diminuição das gonadotrofinas (FSH e LH). Problema no hipotálamo ou na hipófise. -A1: atraso constitucional, deficiência do GnRH, doenças do SNC, doença hipofisária, transtornos alimentares, estresse, excesso de exercícios. -A2 (FSH baixo ou normal): transtornos alimentares, estresse, exercícios, distúrbios hipotalâmicos inespecíficos, SOP, hipotireoidismo, S. Cushing, tumor hipofisário/sela vazia ou síndrome de Sheehan. • Hipogonadismo HIPERgonadotrófico - Mau funcionamento das gônadas + aumento de FSH e LH, porém ovários não respondem. Problema nos ovários. A1: 45, X0; 46, XX e 46, XY. A2: 46, XX; cariótipo anormal, falência ovariana precoce, níveis elevados de prolactina. • Eugonadotrófica -FSH e LH normais, problema provável no útero e canal vaginal. -A1: agenesia mulleriana, hímen imperfurado, doença de Cushing, SOP, septo vaginal, síndrome da insensibilidade androgênica, hiperplasia da suprarrenal congênita e doença da tireoide. 5)CONDUTAS FASE 1: afastar hipótese de gravidez. FASE 2: descartar outros casos, medindo prolactina e TSH – se tiver galactorreia, deve solicitar os dois sempre. -A produção de prolactina ocorre no mesmo local que TSH, por isso pede o exame pra descartar risco de adenoma hipofisário, confirmado por raio-x de sela túrcica ou TC ou RM da hipófise anterior prolactinoma. -TSH alto hipotireoidismo. Queda do T3 e T4 gera queda da dopamina que aumenta prolactina. -Fazer teste de progesterona: Simula a 2ª fase do ciclo menstruada, administrada por 7 a 10 dias, pode ser parenteral 200mg, micronizada VO 300mg ouna forma de acetato de medroxiprogesterona 10mg VO por 5 dias. Se menstruou (2 a 7 dias após o uso) positivo! Significa que havia estrogênio circulante, trato genital é pérvio, mas a paciente não estava ovulando. HD: anovulação crônica. Perfil androgênico. Se não menstruar negativo! Pergunta-se se há falta de estrogênio circulante, se o trato é impérvio. Com isso, parte para o segundo teste (E + P). -Ou seja, esse teste serve para ver se endométrio está espessando e descamando corretamente mediante fornecimento e retirada do hormônio, como uma pseudo-menstruação. Se aparecer fluxo, o teste de progestogênio é positivo e quer dizer que já tinha estrogênio lá na primeira fase do ciclo – anovulação. se não, então deve tratar com reposição de E+P. Obs.: tem que tratar anovulação pra evitar hiperplasia endometrial (evitar câncer de endométrio), indica uso de progesterona acetato de medroxiprogesterona 10mg VO por 10 primeiros dias do mês. -Se for um microadenoma: Tto conservador (agente dopaminérgico carbegolina 0,5mg); se for macroadenomia: Tto cirúrgico. FASE 3: teste do estrogênio + progesterona: Administrar estrogênio (1ª fase) e depois progesterona (2ª fase) Menstruou positivo! Significa que havia pouco estrogênio e cavidade endometrial normal. Se dosar FSH/LH e der normal/alto, pode indicar insuficiência ovariana; se der baixo, o problema é mais superior. Não menstruou negativo! Cavidade endometrial comprometida, por ex. sinequias e outras alterações anatômicas (ver por histeroscopia). -Indica E+P (via anticoncepcional) por alguns meses, se quando parar, há fluxo, é positivo. Então o problema é mais em cima. Se negativo, o problema é mais embaixo na via de saída (útero normal, infecção no colo, cauterização, caroço na vagina, neoplasia). FASE 4: dosagem de LH e FSH, se tiver elevado, indica falência ovariana prematura (como na menopausa), já que os níveis altos de gonadotrofinas indicam que não há feedback negativo pelo ovário – por quimioterapia, laqueadura e outros. Se for isso, deve ter reposição hormonal pra evitar sintomas de menopausa precoce por até 5 anos. AMENORREIA HIPOESTROGÊNICA. *Normal FSH/LH: 5-20 UI/l -Se der normal ou diminuído: tem que fazer TC ou RNM da sela túrcica para descartar causa hipotalâmica. -Tem casos em que gonadotrofinas estão altas, mas os ovários ainda tem folículos: tumor produtor de gonadotrofinas, adenoma da hipófise produtor de gonadotrofina, perimenopausa, síndrome da resistência ovariana, falência prematura ovariana autoimune (FPO), galactosemia e deficiência de 17- hidroxilase. Cariótipo – mulheres <30 anos com FPO. Doença caracteriza-se por dosagens repetidas de FSH/LH altas, difícil engravidar, há descordes auto-imune e aceleração da atresia folicular necessita + acompanhamento. ESQUEMAS ADICIONAIS: 6)TRATAMENTO -Hímen imperfurado: escoar fluxo por himenotomia. -Síndrome de Rokitansky: continua em amenorreia, investiga trato urinário com exame de imagem. Deve avaliar comprimento vaginal. -Síndrome de Morris: remoção dos testículos, continua em amenorreia, faz TRH (terapia de reposição hormonal) após. Avalia comprimento vaginal. -Insuficiência ovariana primária: menopausa precoce, faz TRH (E+P). 10-20% voltam a função normal. -Síndrome de Turner: TRH (E+P) para desenvolver caracteres sexuais secundários. -SOP: mudanças de estilo de vida, avaliar as queixas. -Hipotireoidismo: uso de levotiroxina. A escassez dos hormônios T3 e T4 leva ao aumento do TSH, cuja elevação é acompanhada de aumento do seu hormônio liberador no hipotálamo (TRH). O excesso do TRH leva à diminuição na pulsatilidade do GnRH. -Hiperprolactinemia: corrigir a causa (adenoma, medicação). Usa um agonista da dopamina, a droga de escolha é a CARBEGOLINA, pois a dopamina tem ação inibitória sobre a prolactina. Por isso, antagonistas dos receptores de dopamina (metoclopramida, haloperidol e clorpromazina) induzem a liberação rápida de prolactina. -Síndrome de Asherman: histeroscopia cirúrgica com lise das sinequias -Síndrome de Sheehah: TRH + reposição de outros hormônios em déficit -Síndrome de Kallmann: TRH -Amenorreia hipotalâmica: corrigir a causa (dieta, ativ. física ou estresse).
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