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CICLO MENSTRUAL NORMAL 1)INTRODUÇÃO -O ciclo menstrual é o período entre o início de uma menstruação e o início da próxima menstruação, controlado por hormônios e com duração média de 20 a 45 dias (alguns autores consideram 26 a 36 dias), mas determinamos de 28 dias (maturação folicular/corpo lúteo). -Esse período tem duas fases, a primeira é folicular e a segunda é a luteica, separadas pela ovulação no 14° dia e descamação do endométrio no final da 2° fase. -Termos básicos: Menstruação: sangramento genital periódico decorrente da descamação do endométrio quando houve ovulação, mas não houve fecundação; Menarca: primeira menstruação, em média entre 10 e 13 anos de idade, mas possível entre 8 e 16 anos; Menacma (ou menacme): período da vida caracterizado pela ocorrência dos ciclos menstruais, representando o período fértil da vida da mulher; Menopausa: última menstruação por perda da função folicular ovariana, caracterizada retrospectivamente após um período de 12 meses de amenorreia. Em geral, entre 45 e 55 anos; Menopausa precoce ou insuficiência ovariana prematura: ocorrência espontânea da menopausa antes dos 40 anos, por perda da função folicular ovariana; Climatério: período de transição entre a menacma e o período pós-menopausa, de limites imprecisos, que se inicia com o declínio da atividade gonadal da mulher e compreende as fases de pré-menopausa, menopausa e pós- menopausa, caracterizando-se por hipoestrogênio progressivo; Perimenopausa: período antes, durante e depois da menopausa e que pode ser assintomático ou com sintomas significativos, de início insidioso ou abrupto, até 12 meses após a menopausa; Pós-menopausa: período que se inicia 12 meses após a menopausa e vai até o final da vida. -Tipos de sangramento: Oligomenorreia representa 3 a 6 ciclos/ano com intervalo superior a 36 dias; Amenorreia são menstruações com intervalos superiores a 90 dias (pode indicar problema); Hipermenorreia >7dias/80mL (ver quantidade de absorventes que usou nos dias); Polimenorreia ciclos curtos <23 dias; Metrorragia é sangramento uterino que ocorre fora do período menstrual; Hipomenorreia <3 dias/20mL; Spotting é o sangramento no meio do ciclo. Dismenorreia: cólica menstrual, dor pélvica. 2) DINÂMICA DA SECREÇÃO HORMONAL -A interação entre o hipotálamo, hipófise, ovário e endométrio que é responsável pelo ciclo menstrual, por mecanismos de feedback – liberação de GnRH pela primeira glândula até a próxima pelo sistema porta-hipofisário e estimulo os gonadotrofos para enviar as gonadotrofinas até o endométrio e ovário, com isso, o retrocontrole atual parando o envio. Esse controle ocorre em três níveis: alça longa, por meio dos hormônios ovarianos; alça curta, pelos hormônios hipofisários e alça ultracurta, na qual o GnRH age no hipotálamo, controlando sua própria produção. Hipotálamo (núcleos hipotalâmicos/núcleo mediobasal): libera hormônio de liberação das gonadotrofinas (GnRH), hormônio de liberação do hormônio do crescimento (GH), hormônio liberador da tireotrofina e fator de liberação de corticotrofina, além do fator inibidor da prolactina, que é a dopamina. Adeno-hipófise: hormônio folículo- estimulante (FSH), hormônio luteinizante (LH), h. tireoestimulante (TSH), hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), GH e prolactina. -As gonadotrofinas (FSH e LH) são responsáveis pela estimulação folicular, ovulação e regulação da esteroidogênese ovariana. Por outro lado, sua síntese e secreção dependem dos níveis de estrogênios, progesterona e inibina. -A secreção de GnRH acontece de forma pulsátil/ intermitente, estimulada por diversos fatores (noradrenalina, histamina, aminoácidos, neuropeptídios, adenosina, substância P, óxido nítrico e os próprios esteroides ovarianos) e varia em frequência e amplitude durante o ciclo menstrual, o que determina a produção do FSH ou LH – depende de ativ. física, exercícios, demandas emocionais, estresses, necessidades nutricionais, dieta, uso de psicotrópicos (influenciam na idade da menarca). -O aumento na frequência e na amplitude da secreção pulsátil do GnRH, na metade do ciclo, favorece o aumento do LH necessário à ovulação e início da fase lútea (segunda fase do ciclo menstrual. *Pulsos do GnRH: -Alças de retrocontrole (RC) é o controle voltando p hipófise e hipotálamo, quando estradiol no ovário aumenta, RC negativo atua sobre GnRH e/ou gonadotrofinas (pulsos de LH frequentes e de baixa amplitude). No RC positivo (250-400 pg /mL por 36 a 48h) promovendo pico de LH e FSH próximo da ovulação, para estimular o folículo a liberar o óvulo. -Há peptídeos produzidos pelas células da granulosa que exercem papel no feedback hipofisário: inibina B (na fase folicular) e inibina A (na fase lútea) que inibem a liberação do FSH. Outros: ativina e IGH-II. Obs.: endorfina inibe a liberação e GnRH, tem níveis máximos na fase lútea e mínimos durante a menstruação, ajudando no controle dos níveis de LH e FSH durante o ciclo, podem contribuir para a disforia feminina na TPM por abstinência de opioides endógenos. -Fase folicular (10 a 16 dias depende da quant. de folículos liberados naquele mês) /ovulação (1 dia) /fase lútea (14 dias) – conclui-se que se não tiver a fase folicular, não tem a fase lútea, pois nã teria um corpo lúteo. *Por que atualmente a menarca está cada vez mais precoce? Devido estimulo alimentar, hormonal, atividade física, ciclo de sono-vigília, estresse (influencia hipotálamo devido sua relação c/ sistema límbico e emoções). -A nível de ovários: na fase folicular aumenta estradiol (estrogênio), pouca produção de progesterona; na fase lútea aumenta progesterona antes da ovulação, pós-ovulação há predomínio de progesterona. Ex: Amenorreia por ...? na 1 fase, então damos progesterona. -Também atua sobre progesterona: RC negativo sobre gonadotrofinas diminui frequência de pulsos de LH e aumenta amplitude, o seu pico pré-ovulatório modula positivamente o estradiol sobre as gonadotrofinas. RESUMINDO: hipotálamo produz GnRH, hipófise produz FSH e LH, nos ovários estradiol e progesterona pro útero. Alças de retrocontrole controlam toda ciclagem hormonal. 3)FASE FOLICULAR/PROLIFERATIVA -Duração variável, depende de quando acontece a ovulação. Ex.: ciclo de 21 dias, a fase folicular dura 7 dias – logo, o que determina o comprimento do ciclo menstrual é a duração da fase folicular, que depende da quantidade de folículos. -Inclui os dias de menstruação, inicia no primeiro dia da menstruação e termina no dia da ovulação, caracteriza-se pela ação do FSH no recrutamento e amadurecimento folicular ovariano, como o nome já diz. Obs.: é chamada de proliferativa pois nessa fase ocorre proliferação endotelial. -Níveis de estrogênio crescem à medida que os folículos se desenvolvem, pois cada um dos folículos recrutados o secreta para amadurecer – até formar 1 folículo dominante e os outros entrarem em atresia (determinado pelo n° de receptores para FSH e fluxo sanguíneo preferencial). Isso auxilia a produzir o feedback negativo de FSH. Obs.: estradiol (E2) é um tipo de estrogênio. -Na fase folicular tardia, no meio do ciclo, em resposta ao aumento exponencial na secreção de estradiol pelos folículos ovarianos recrutados, ocorre aumento nos níveis de LH em 10 vezes ou mais, por um período de dois a três dias, enquanto os níveis de FSH aumentam em quatro vezes. Essa presença do LH no meio do ciclo é absolutamente requerida para o final da maturação do oócito e início da ruptura folicular — ovulação —, que geralmente ocorre 12 horas após seu pico máximo. Os estrogênios produzidos provocam crescimento do endométrio. -Seleção do folículo no 5-7° dia com assimetria da prod. de estradiol nos folículos (RC negativo sobre FSH) para que haja controle e atresia. Mecanismos de defesa do folículo dominante gera a diminuição de FSHdisponível, aumenta seu n° de receptores, promove maior ativ. de aromatase, aumenta a vascularização da teca e aumento da sensibilidade a gonadotr. – pra que continue se desenvolvendo enquanto outros atresiam – do 8 a 12° dia ocorre a dominância. 4)OVULAÇÃO -É engatilhada pelo rápido aumento dos níveis circulantes de estradiol, provocando um feedback positivo no nível da pituitária anterior e do hipotálamo, resultando no pico LH no meio do ciclo necessário ao final da maturação do folículo, expulsão do oócito — ovulação — e formação do corpo lúteo. Ou seja, pico de LH é antecedido pelo pico de estradiol, permitido pelos níveis altos de FSH no início do ciclo menstrual. -Tem seu mecanismo próprio, determinado pelo pico de LH 28 a 32h antes e durante 48h; pico de progesterona 24 a 48 h, pico de FSH 24 a 36 h. -Estigma (local na parede): prod. local de PGE e F (estimulo de P), prod. de plasmina (estimulo de FSH e outros q n copiei). 5)FASE LÚTEA/SECRETORA -Tem duração fixa de 14 dias, inicia-se com a ovulação e termina com o ultimo dia que precede a menstruação, caracteriza-se pela produção de progesterona (sinal presuntivo que houve ovulação). -Ocorre o segundo aumento no estradiol, mantendo a secreção pulsátil do GnRH com maior amplitude, levando a maior liberação de LH, quando comparado com a fase folicular. Dessa forma, os níveis de progesterona aumentam subitamente após a ovulação e podem ser usados como sinal presuntivo de que houve ovulação. O pico de progesterona ocorre por volta do oitavo dia após o pico de LH. Obs.: as taxas de estradiol e presença de inibina A evitam aumento do FSH. -Forma o corpo lúteo, que permanece na superfície ovariana pelos 14 dias fixos, se não tem fecundação, corpo lúteo é reabsorvido (luteólise – mecanismos autócrinos e parácrinos), se tem, permanece até a formação da placenta. Ele que produz os hormônios dessa fase. -Chamado de corpo amarelo tb, tem pico máximo de progesterona no 7 ao 8 dia. -Com a luteólise, há queda nos níveis de progesterona, estradiol e inibina A, levando a descamação do endométrio e enfim a menstruação e fim do feedback negativo sobre o FSH, com seu consequente aumento e da frequência de pulsos de GnRH, iniciando um novo ciclo. 6)CICLO ENDOMETRIAL -Os dois terços superficiais do endométrio são a camada funcional — decídua funcional —, que se prolifera para receber o embrião e se descama, se não houver gravidez, e a camada basal — decídua basal — mais profunda e que não sofre proliferação significativa, mas é fonte de regeneração endometrial após a menstruação. -São as diferentes concentrações de estradiol e progesterona ao longo do ciclo menstrual que determinam as alterações endometriais. Na fase folicular, o endométrio cresce/prolifera de 0,5 a 15 mm e suas glândulas apresentam-se estreitas e tubulares, sob estimulo do estrogênio. Também há aumento de céls ciliadas e microvilosas, responsáveis pela mobilização e distribuição das secreções endometriais na segunda fase — secretora. Na fase lútea, após ovulação, há acúmulo de glicogênio no epitélio glandular, c/ gl. endometriais edemaciadas e tortuosas e arteríolas dilatadas e espiraladas. A progesterona leva a secreção de mucopolissacarídeos pelo endométrio para que ele se torne receptivo ao ovo fecundado. A terceira fase é a menstruação, por falta de esteroides sexuais, há profundo espasmo vascular da artéria espiral, causando isquemia endometrial e destruição do tecido aumentada pela ruptura dos lisossomas e liberação de enzimas proteolíticas. 7)MUCO CERVICAL -Na fase folicular, o nível de estradiol aumenta quantidade de muco, que também fica mais fluido e com maior filância. Já na fase lútea, a progesterona torna-o mais viscoso e espesso, com aspecto opaco. 8)ESTEROIDOGÊNESE OVARIANA -Produção dos hormônios femininos pelos ovários e suprarrenal possui como molécula-chave o colesterol LDL, absorvido da circulação periférica, que participa de duas vias principais para esse processo: delta 4 e delta 5. -Nos ovários, o mecanismo envolve sua TECA e granulosa para produção de estrogênios e progesterona pela via delta 5 o FSH encontra seus receptores na camada granulosa dos ovários e estimula o desenv folicular e dominância; o LH alcança os receptores da TECA para promover o amadurecimento final, estimulo a ovulação, luteinização de suas células e funcionamento do corpo lúteo. próprio FSH é responsável pela indução do aparecimento de seus receptores na camada granulosa e dos receptores de LH na camada da teca. -As células da teca, sob o estímulo do LH, produzem os substratos androgênicos, testosterona e androstenediona, que se difundem para a camada das células da granulosa, onde sofrem ação da aromatase sob estímulo do FSH, formando estradiol e estrona. A testosterona se converte em estradiol nas células da teca e a androstenediona em estrona. -O LH estimula a produção de receptores de membrana para o colesterol LDL no corpo lúteo, que funciona como substrato para a produção de estradiol e progesterona. -Resumindo, a endocrinologia ovariana envolve duas células foliculares, teca e granulosa, e duas gonadotrofinas, FSH e LH. O LH age sobre as células da teca convertendo o colesterol em androgênios. O FSH age sobre as células da granulosa produzindo a enzima aromatase. Esta enzima converte os androgênios em estrogênios. A primeira fase do ciclo menstrual é marcada pela ação do estrogênio. Ele prolifera o endométrio, produz um pico no final da fase folicular (ou proliferativa) que deflagra o pico de LH. A segunda fase (lútea ou secretora) é marcada pela ação da progesterona, que torna o endométrio secretor. A luteólise ao final da segunda fase leva à queda nos níveis séricos de estrogênio e progesterona, desencadeando a menstruação. RESUMO: *o desenvolvimento até a fase de folículo primordial independe dos níveis de gonadotrofinas, só depois da formação do folículo pré-antral o hormônio folículoestimulante (FSH) se torna importante. O desencadeante da dependência folicular às gonadotrofinas não é conhecido, mas parece se completar juntamente com o início da formação do antro. As únicas células que possuem receptores para o FSH são as da granulosa. *Na fase pré-antral o oócito cresce e aumenta o n° de células da granulosa. O estroma se diferencia em teca interna e teca externa, que é limitada pelo estroma circundante. Só depois da formação do folículo pré- antral é que o FSH se torna importante. O desencadeante da dependência folicular às gonadotrofinas não é conhecido, mas parece se completar juntamente com o início da formação do antro. As únicas células que possuem receptores para o FSH são as da granulosa. *Na estrutura folicular pré-antral e antral, as células da teca apresentam os receptores de hormônio luteinizante (LH) enquanto as células da granulosa apresentam os receptores de FSH. Em tal situação, o LH estimula a produção de androgênio e o FSH induz a sua aromatização em estrogênio. O folículo com maior número de receptores de FSH irá se desenvolver e os demais entrarão em atresia. Esta ocorre pela diminuição nos níveis de FSH consequente ao aumento dos níveis de estrogênios — feedback negativo. *Na fase pré-ovulatória há um aumento na produção de estrogênio, que, em níveis elevados, determina a elevação e pico de LH. O aumento desse hormônio inicia a luteinização da granulosa, que começa a produzir progesterona em baixos níveis, além de induzir o aumento na síntese de FSH para formação de mais receptores do próprio LH e aumentar a libido devido à maior produção de androgênios pelos folículos atresiados. *Há uma distensão do colágeno da parede do folículo devido à ação de enzimas proteolíticas, que, além disso, são responsáveis pela digestão no estigma folicular, o que culmina na ovulação. Os níveis de estradiol caem bastante quando o pico de LH se aproxima,devido aos feedbacks negativos promovidos tanto pela alta concentração de LH quanto de progesterona. Os níveis de FSH que sobem, devido ao estímulo da progesterona, ajudam a liberar o oócito das aderências foliculares, com a conversão de enzimas proteolíticas. Os altos níveis de FSH ainda garantem um bom número de receptores de LH no folículo, permitindo, assim, que a fase lútea seja adequada.
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