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CF (Princípios Fundamentais) e Eficácia das normas

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Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 
(PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS)
Princípios fundamentais
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; (Vide Lei nº 13.874, de 2019).
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
Os princípios fundamentais da CF 88 estão previstos no art. 1º:
· Soberania: poder político supremo, independente internacio- nalmente e não limitado a nenhum outro na esfera interna. É o poder do país de editar e reger suas próprias normas e seu ordenamento jurídico.
· Cidadania: é a condição da pessoa pertencente a um Estado, dotada de direitos e deveres. O status de cidadão é inerente a todo jurisdicionado que tem direito de votar e ser votado.
· Dignidade da pessoa humana: é valor moral personalíssimo inerente à própria condição humana. Fundamento consistente no respeito pela vida e integridade do ser humano e na garantia de condições mínimas de existência com liberdade, autonomia e igualdade de direitos.
· Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa: pois é através do trabalho que o homem garante sua subsistência e contribui para com a sociedade. Por sua vez, a livre iniciativa é um princípio que defende a total liberdade para o exercício de atividades econômicas, sem qualquer interferência do Estado.
· Pluralismo político: decorre do Estado democrático de Direito e permite a coexistência de várias ideias políticas, consubstanciadas na existência multipartidária e não apenas dualista. O Brasil é um país de política plural, multipartidária e diversificada e não apenas pautada nos ideais dualistas de esquerda e direita ou democratas e republicanos.
· A união indissolúvel dos Estados, Municípios e do Distrito Federal é caracterizada pela impossibilidade de secessão, característica essencial do Federalismo, decorrente da impossibilidade de separação de seus entes federativos. O vínculo entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios é indissolúvel e nenhum deles pode abandonar o restante para se transformar em um novo país.
APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS. NORMAS DE EFICÁCIA PLENA, CONTIDA E LIMITADA. NORMAS PROGRAMÁTICAS
· A criação de uma norma constitucional não lhe dá eficácia e aplicabilidade automática. Portanto, as normas constitucionais podem ser: de eficácia plena, de eficácia contida e de eficácia limitada.
NORMA DE EFICÁCIA PLENA
· Aplicabilidade direta, imediata e integral.
· São aquelas normas da Constituição que, no momento entram em vigor, estão aptas a produzir todos os seus efeitos, independentemente de norma integrativa infraconstitucional.
NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA CONTIDA
· Têm aplicabilidade direta e imediata, mas não integral. 
· Embora tenham força de produzir todos os seus efeitos quando da promulgação, poderá haver a redução de sua abrangência e limitação ou restrição à eficácia e à aplicabilidade que pode se dar por decretação do estado de defesa ou de sítio, além de outras situações, por motivo de ordem pública, bons costumes e paz social.
NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA LIMITADA
· São aquelas normas que, de imediato, não têm o poder e a força de produzir todos os seus efeitos.
· Precisando de norma regulamentadora infraconstitucional a ser editada pelo poder, órgão ou autoridade competente, ou até mesmo de integração por meio de emenda constitucional. 
· São consideradas normas de aplicabilidade indireta, mediata e reduzida, ou ainda, diferida.
NORMAS PROGRAMÁTICAS
· São verdadeiras metas a serem atingidas pelo Estado e seus programas de governo na realização de seus fins sociais, trazem princípios para serem cumpridos em longo prazo. 
· A Constituição de 1988 é programática, pois traça metas e objetivos futuros.
CONSTITUCIONALISMO E NEOCONSTITU-CIONALISMO: CARACTERÍSTICAS E EVOLU- ÇÃO HISTÓRICA
· A Constituição é a norma suprema que rege a organização de um Estado Nacional.
· Por não haver na doutrina um consenso sobre o conceito de Constituição, faz-se importante o estudo das diversas concepções que o englobam. Então vejamos:
· Constituição Sociológica: 
· Idealizada por Ferdinand Lassalle, em 1862. 
· É aquela que deve traduzir a soma dos fatores reais de poder que rege determinada nação, sob pena de se tornar mera folha de papel escrita, que não corresponde à Constituição real.
· Constituição Política:
· Desenvolvida por Carl Schmitt, em 1928.
· É aquela que decorre de uma decisão política fundamental e se traduz na estrutura do Estado e dos Poderes e na presença de um rol de direitos fundamentais.
· As normas que não traduzirem a decisão política fundamental não serão Constituição propriamente dita, mas meras leis constitucionais.
· Constituição Jurídica:
· Fundada nas lições de Hans Kelsen, em 1934.
· É aquela que se constitui em norma hipotética fundamental pura, que traz fundamento transcendental para sua própria existência (sentido lógico-jurídico).
· Por se constituir no conjunto de normas com mais alto grau de validade, deve servir de pressuposto para a criação das demais normas que compõem o ordenamento jurídico (sentido jurídico-positivo).
· Na concepção jurídico-positiva de Hans Kelsen, a Constituição ocupa o ápice da pirâmide normativa, servindo como paradigma máximo de validade para todas as demais normas do ordenamento jurídico.
· As leis e os atos infralegais são hierarquicamente inferiores à Constituição e, por isso, somente serão válidos se não contrariarem as suas normas.
· Normas Infraconstitucionais: Leis Complementares e Ordinárias;
· Normas Infralegais: Decretos, Portarias, Instruções Normativas, Resoluções, etc.
CONSTITUCIONALISMO
· É uma teoria (ou ideologia) que ergue o princípio do governo limitado indispensável à garantia dos direitos em dimensão estruturante da organização político-social de uma comunidade (Canotilho).
· Neste sentido, o constitucionalismo moderno representará uma técnica específica de limitação do poder com fins de garantias.
· Os textos constitucionais contêm regras de limitação ao poder autoritário e de prevalência dos direitos fundamentais, afastando-se a visão autoritária do antigo regime.
Poder Constituinte Originário, Derivado e Decorrente - Reforma
(Emendas e Revisão) e Mutação da Constituição
· Canotilho afirma que o poder constituinte tem suas raízes em uma força geral da Nação. Assim, tal força geral da Nação atribui ao povo o poder de dirigir a organização do Estado, o que se convencionou chamar de poder constituinte.
· Munido do poder constituinte, o povo atribui parcela deste a órgãos estatais especializados, que passam a ser denominados de Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário).
· O poder constituinte é de titularidade do povo, mas é o Estado, por meio de seus órgãos especializados, que o exerce.
· Poder Constituinte Originário:
· É aquele que cria a Constituição de um novo Estado, organizando e estabelecendo os poderes destinados a reger os interesses de uma sociedade. 
· Não deriva de nenhum outro poder, não sofre qualquer limitação na órbita jurídica e não se subordina a nenhuma condição.
· É considerado um poder de fato ou poder político.
· Poder Constituinte Derivado:
· Deriva do Poder Constituinte originário, encontrando na própria Constituição as limitações para o seu exercício, por isso, possui natureza jurídica de um poder jurídico.
· Poder Constituinte Derivado Decorrente:
· É a capacidade dos Estados, Distrito Federal e unidades da Federação elaborarem as suas próprias Constituições (Lei Orgânica), no intuito de se auto-organizarem. 
· O exercente deste Poder são as Assembleias Legislativas dos Estados e a Câmara Legislativa do Distrito Federal.
· Poder Constituinte Derivado Reformador:
· Pode editar emendas à Constituição. O exercentedeste Poder é o Congresso Nacional.
· Mutação da Constituição:
· A interpretação constitucional deverá levar em consideração todo o sistema. 
· Em caso de antinomia de normas, buscar-se-á a solução do aparente conflito através de uma interpretação sistemática, orientada pelos princípios constitucionais.
· Reforma Constitucional: seria a modificação do texto constitucional, através dos mecanismos definidos pelo poder constituinte originário (emendas), alterando, suprimindo ou acrescentando artigos ao texto original.
· Mutações Constitucionais: não seria alterações físicas, palpáveis, materialmente perceptíveis, mas sim alterações no significado e sentido interpretativo de um texto constitucional. A transformação não está no texto em si, mas na interpretação daquela regra enunciada. O texto permanece inalterado.
· As mutações constitucionais, portanto, exteriorizam o caráter dinâmico e de prospecção das normas jurídicas, através de processos informais. Informais no sentido de não serem previstos dentre aquelas mudanças formalmente estabelecidas no texto constitucional.
MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL
· A hermenêutica constitucional tem por objeto o estudo e a sistematização dos processos aplicáveis para determinar o sentido e o alcance das normas constitucionais.
· É a ciência que fornece a técnica e os princípios segundo os quais o operador do Direito poderá apreender o sentido social e jurídico da norma constitucional em exame, ao passo que a interpretação consiste em desvendar o real significado da norma. 
· A interpretação das normas constitucionais é realizada a partir da aplicação de um conjunto de métodos hermenêuticos desenvolvidos pela doutrina e pela jurisprudência. Vejamos cada um deles:
· Método Hermenêutico Clássico
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