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Exame de Abdome Beatriz Castello B. Liotto -Em 1º lugar: reconhecer os pontos anatômicos do abdome e sua divisão em regiões. Pontos de referência anatômicos: · Rebordas costais · Ângulo de Charpy · Cicatriz umbilical · Cristas e espinhas ilíacas anteriores · Ligamento inguinal · Sínfise púbica Regiões do abdome: -Limite superior da cavidade abdominal: linha circular que passa pela junção xifoesternal e pela apófise espinhosa da 7ª vértebra dorsal. -Limite inferior: entre cavidade abdominal e pélvis, corresponde externamente a uma linha circular que passa pela apófise espinhosa da 4ª vértebra lombar, cristas ilíacas, espinhas ilíacas anteriores, ligamentos inguinais (ligamentos de Poupart) e sínfise púbica. -Atenção especial para o Espaço de Traube: espaço em forma de lua crescente, circundado pela borda inferior do pulmão esquerdo, a borda anterior do baço, o rebordo costal esquerdo e a margem inferior do lobo esquerdo do fígado. -Divisão em 4 quadrantes: quadrante superior direito, quadrante superior esquerdo, quadrante inferior direito e quadrante inferior esquerdo. -Divisão em 9 regiões: Hipocôndrio direito: fígado, vesícula biliar, rim direito Epigástrio: estômago Hipocôndrio esquerdo: baço Flanco direito: polo inferior do rim, cólon ascendente Mesogástrio: estômago, cólon transverso, duodeno Flanco esquerdo: cólon descendente Fossa ilíaca direita: apêndice, ceco Hipogástrio: bexiga (só cheia), intestino delgado, sigmoide, útero aumentado. Fossa ilíaca esquerda: cólon ascendente, sigmoide. Etapas do exame clínico: 1. Inspeção 2. Ausculta 3. Percussão 4. Palpação Obs: É importante respeitar essa ordem, posto que a manipulação manual do abdome pode resultar em deslocamento de gases ou influenciar no peristaltismo natural, alterando os indícios que podem ser percebidos pela ausculta. INSPEÇÃO: análise visual -Premissas básicas: iluminação adequada, desnudamento dessa área corporal e conhecimento de suas características normais, especialmente a projeção dos órgãos na parede abdominal. -Paciente permanece sentado ou em decúbito dorsal com braços ao lado do corpo, e o médico sempre à direita. Obs: verificar se o paciente está com a bexiga vazia antes de iniciar o exame. -Analisar (GERAL): pele, continuidade da pele, presença de lesões, cicatrizes, manchas, circulação venosa aparente superficial colateral (cabeça de medusa), abaulamentos e retrações, movimentos- peristalse visível, respiração, pulsação da aorta; cicatriz umbilical, coloração da pele. -Exame para verificar presença de hérnias: Manobra de Valsalva- hérnias se tornam visíveis quando o paciente sopra com força sua própria mão, posicionada na boca para impedir a eliminação do ar. -Quanto ao abdome (ESPECÍFICO): forma e volume. · Atípico (normal), globoso ou protuberante, em ventre de batráquio, pendular ou ptótico, de avental e escavado (escafoide ou côncavo). Abdome em avental Abdome em ventre de batráquio -Abdome globoso: gravidez avançada, ascite, distensão gasosa, obesidade, pneumoperitônio, obstrução intestinal, grandes tumores policísticos do ovário e hepatoesplenomegalia volumosa. -Abdome em ventre de batráquio: ascite em fase de regressão como consequência da pressão exercida pelo líquido sobre as paredes laterais do abdome. -Abdome pendular: quando há uma protusão na parte inferior do abdome pelo pressionamento feito pelas vísceras, quando o paciente está em pé. Causa mais comum: flacidez abdominal puerperal. -Abdome escavado: parede abdominal retraída, desnutrição e neoplasias. Sinais que podem ser observados! · Sinal de Cullen: Equimose periumbilical, resultante de hemorragia retroperitoneal. Pode surgir na pancreatite aguda e na ruptura de gravidez ectópica. Imagem 1 · Sinal de Gray-Turner: Equimose dos flancos. Pode ocorrer na pancreatite necro-hemorrágica e indica grave comprometimento da víscera. Imagem 2 -Quais cicatrizes podem ser visualizadas? · Flanco direito: colecistectomia- vesícula biliar · Flanco esquerdo: colectomia- cólon · Fossa ilíaca direita: apendicectomia, herniorrafia · Fossa ilíaca esquerda: herniorrafia · Hipogástrio: histerectomia · Linha média: laparotomia · Região lombar: nefrectomia · Linha vertebral: laminectomia- remoção de lâminas vertebrais AUSCULTA -Em condições normais, ocorrem mais ou menos a cada 5 a 10 s ruídos de timbre agudo, de localização variável e de aparecimento imprevisível, decorrentes da movimentação dos líquidos e gases contidos no trato gastrointestinal. -Deve ouvir ruídos hidroaéreos, auscultando em média 2 a 5 min por quadrante abdominal. RHA ↑ = diarreia e obstrução/ oclusão intestinal= borborigmos RHA ↓ = íleo paralítico, desaparecimento do peristaltismo PERCUSSÃO -Pode-se observar: timpanismo, hipertimpanismo, submacicez e macicez. · Timpanismo: som de ar em víscera oca- em quase todo o abdome, porém é mais nítido na área de projeção do fundo do estômago (espaço de Traube livre). · Variações do timbre do som timpânico indicam diferentes quantidades de ar contido nos segmentos do trato digestivo. · + = Hipertimpanismo, como na gastrectasia, no meteorismo, na obstrução intestinal · Submaciço: Menor quantidade de ar ou superposição de uma víscera maciça sobre uma alça intestinal. · Maciço: ausência de ar. Fígado, baço e útero gravídico em condições normais. Em condições patológicas, ascite, tumores e cistos contendo líquido. Determinação do limite superior do fígado e da área de macicez hepática -Hepatimetria: de baixo para cima= quando o som se torna maciço e antes estava timpânico= limite inferior do fígado. -De cima para baixo= Percutese o hemitórax direito no nível da linha hemiclavicular direita desde sua origem na clavícula até o 4º ou 5º espaço intercostal; a partir daí, desviase para fora. · De início, obtém-se som claro pulmonar; em seguida, em condições normais, na altura do 5º ou 6º espaço intercostal, observa-se som submaciço= limite superior do fígado. · O limite superior do fígado estando abaixo do 5º ou 6º espaço intercostal direito significa ptose hepática ou diminuição do volume do fígado. Sinal de Jobert: hepatimetria com dor, desaparecimento da macicez hepática, dando lugar a timpanismo. Sinal do Piparote/ Pesquisa de ascite: mão esquerda posicionada na metade do abdome, dá um peteleco, ou outro estímulo, e é sentida a onda de líquido na mão que faz o anteparo. + macicez móvel. PALPAÇÃO -Regra geral: paciente em decúbito dorsal, mas pode alterar a posição conforme for necessário. -Em condições normais, não se consegue distinguir pela palpação todos os órgãos intra abdominais. -Palpação sistemática engloba: palpação superficial, palpação profunda, palpação do fígado, palpação do baço e de outros órgãos, além de manobras especiais. Palpação superficial -Com a mão espalmada ou 4 dedos, de forma suave, investiga sensibilidade, resistência e continuidade da parede abdominal, pulsações e reflexo cutâneo abdominal. -Pode-se observar também: massas ou hérnias proeminentes e pontos dolorosos. Manobra para sensibilidade: palpar de leve ou apenas roçar a parede abdominal com objeto pontiagudo. Dor= hiperestesia cutânea. -Resistência da parede abdominal: diferenciar contração voluntária (desviar atenção do paciente) de involuntária. Palpação profunda -Investiga-se órgãos palpáveis (ceco, transverso e sigmóide= IG), eventuais massas ou tumorações. -Ao encontrar massas e tumorações: analisar as seguintes características: localização, forma, volume, sensibilidade, consistência, mobilidade e pulsatilidade. Obs: em condições normais não consegue distinguir estômago, duodeno e todo o intestino delgado, vias biliares e cólons ascendente e descendente. Palpação do fígado -Palpar o hipocôndrio direito, o flanco direito e o epigástrio, partindo do umbigo até a reborda costal. Palpação do fígado Em seguida: palpação junto à reborda, coordenando com os movimentos respiratórios da seguinte maneira: durante a expiração, a(s) mão(s) do examinador ajusta(m)se à parede abdominal sem fazer compressão e sem se movimentar; à inspiração, a mão do examinador,ao mesmo tempo que comprime, é movimentada para cima, buscando detectar a borda hepática. -Por fim analisar a borda hepática sob os aspectos: espessura (fina ou romba), a superfície (lisa ou nodular), a consistência (diminuída, normal ou aumentada) e a sensibilidade (indolor ou dolorosa). -Aumento do volume hepático= hepatomegalia Palpação da vesícula biliar -Normalmente não identificada. -Condições patológicas: câncer vesicular, obstrução do ducto cístico (cálculo ou inflamação) ou colédoco. Palpação do baço -Mesma técnica da palpação do fígado.Palpação do baço -Posição de Schuster: decúbito lateral direito, perna direita a estendida e a coxa esquerda fletida sobre o abdome em ângulo de 90°; ombro esquerdo é elevado, colocando-se o braço sobre a cabeça. -Médico deve pousar a mão com certa pressão na região do baço, como se quisesse deslocá-lo para baixo. Enquanto isso, a mão direita executa a palpação, coordenando com os movimentos respiratórios do paciente, de tal modo que, durante a inspiração, o examinador avança sua mão no rumo da reborda costal (afundar a mão). -Pode ainda palpar: ceco, cólon transverso, sigmóide, rins. -Pontos dolorosos: · Ponto xifoidiano- cólica biliar e nas afecções do esôfago, do estômago e do duodeno. · Ponto epigástrico- processos inflamatórios do estômago (gastrite), nos processos ulcerosos e tumorais. · Ponto biliar/ cístico- no ângulo formado pela reborda costal direita e a borda externa do músculo reto abdominal. · Ponto apendicular ou McBurney- na extremidade dos dois terços da linha que une a espinha ilíaca ântero superior direita ao umbigo. Apendicite. · Ponto esplênico- abaixo da reborda costal esquerda no início do seu terço externo; o infarto esplênico (Baço). · Pontos ureterais- palpação deve ser feita com mãos superpostas comprimindose a parede com as polpas digitais dos dedos indicador, médio, anular e mínimo. Dor indica cólica renal com deslocamento dos cálculos renais pelos ureteres. Dor referida de afecções abdominais e torácicas. Sinais! São as respostas Sinal de Murphy- pedir para o paciente inspirar profundamente ao comprimir o ponto cístico+ região próxima= se doer na expiração é indicativo de Colecistite. Sinal de Rovsing- na suspeita de apendicite aguda, comprimir o ponto apendicular, fazendo pressão progressiva, lenta e contínua. Rodar o punho desde o cólon- ao deslocar fluidos hidroaéreos o apêndice infla e dói no lado oposto. Sinal de Blumberg- dor à descompressão brusca da parede abdominal, mais especificamente ponto apendicular/ McBurney. Apendicite, mais geral peritonite. Obs: a manobra de descompressão brusca pode ser realizada em outras regiões sempre indicando peritonite. Sinal de Giordano- utilizado na pesquisa de pielonefrite ou litíase renal. Para ser detectado, deve ser realizado uma percussão com a mão em forma de punho no dorso do paciente no nível da 11° e 12° costela, com uma mão realizando o amortecimento. “Soquinhos” nas costas. Sinal de Courvoisier- Terrier- Ocorre quando em um paciente ictérico, ao palparmos o hipocôndrio direito encontramos uma massa ovalada, que é a vesícula biliar distendida. MANOBRAS- o que é feito e apresenta ou não sinais como respostas PSOAS: dor no quadrante inferior ao rotacionar/ flexionar ativamente a perna flexionada ou hiperextensão passiva do membro inferior direito. O sinal positivo indica apendicite. Teste do obturador: dor no quadrante inferior com flexão passiva da perna sobre a coxa. Se sentir dor, indica apendicite. Palpação bimanual: quando perceber maior resistência em certa região enquanto uma das mãos palpa a região suspeita, a outra examina a região homóloga, com seguidos movimentos alternados, isto é, quando uma das mãos comprime a parede, a outra não o faz. Manobra do rechaço: palma da mão comprime a parede e os dedos provocam impulso rápido, retornando-se os dedos à posição inicial sem afrouxar a compressão da parede abdominal. Há rechaço quando, imediatamente após a impulsão, percebe-se um choque na mão que provocou o impulso. Descompressão súbita -Principal sintoma das doenças do peritônio e órgãos abdominais (sintoma capital): DOR
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