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PROPOSTA EXPERIMENTAL PARA DETERMINAÇÃO DA PERDA DE CARGA LOCALIZADA EM CONEXÕES DE CPVC EM SISTEMAS DE ÁGUA QUENTE RICARDO CALAZANS CASTRO RIO DE JANEIRO MARÇO DE 2018 i PROPOSTA EXPERIMENTAL PARA DETERMINAÇÃO DA PERDA DE CARGA LOCALIZADA EM CONEXÕES DE CPVC EM SISTEMAS DE ÁGUA QUENTE RICARDO CALAZANS CASTRO Projeto de Graduação apresentado ao curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientadora: Elaine Garrido Vazquez RIO DE JANEIRO MARÇO DE 2018 ii PROPOSTA EXPERIMENTAL PARA DETERMINAÇÃO DA PERDA DE CARGA LOCALIZADA EM CONEXÕES DE CPVC EM SISTEMAS DE ÁGUA QUENTE Ricardo Calazans Castro PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL. Examinada por: ____________________________________ Prof. Elaine Garrido Vazquez, D.Sc., (Orientadora) ____________________________________ Prof. Eduardo Linhares Qualharini, D.Sc., ____________________________________ Prof. Lais Amaral Alves, M.Sc. RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL MARÇO DE 2018 iii Castro, Ricardo Calazans Proposta experimental para determinação da perda de carga localizada em conexões de CPVC em sistemas de água quente/ Ricardo Calazans Castro. Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2018. ix, 72 p.: il.; 29,7 cm. Orientadora: Elaine Garrido Vazquez Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de Engenharia Civil, 2018. Referências Bibliográficas: p. 72. 1. Perda de carga. 2. Comprimentos equivalentes. 3. Protótipo. 4. Metodologia de ensaio. I. Vazquez, Elaine Garrido II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil III. Proposta experimental para determinação da perda de carga localizada em conexões de CPVC em sistemas de água quente. iv AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar agradeço a Deus pela oportunidade e direção de cursar engenharia civil, sem Ele nada disso seria possível ou faria sentido. Agradeço pela paciência, insistência e amor demonstrados ao longo de todos esses anos. Agradeço aos meus pais, Vanderlei de Castro e Marcia Castro, que me deram todas as condições financeiras e emocionais para que eu chegasse neste momento, me deram exemplo de caráter e me ensinaram coisas mais importantes que cálculos e físicas. Agradeço ao meu tio, Eduardo de Oliveira Castro, pelo apoio determinante no início do curso. Agradeço à minha esposa, Bárbara Castro, por todo incentivo, apoio, insistência, cuidado, carinho ao longo dessa jornada. Na faculdade aprendi muito sobre muitas coisas, mas com ela aprendi muito mais sobre o que realmente importa. Agradeço a todos os amigos e professores que pude conhecer ao longo desses anos e em especial à minha orientadora, Elaine Garrido Vazquez, por ser um exemplo de professora desde minha primeira aula de introdução à Engenharia Civil, prática e direta nas aulas de prediais 2, inspiradora nas aulas de Arquitetura, e totalmente dedicada e disponível até meu último trabalho na faculdade. v Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil. PROPOSTA EXPERIMENTAL PARA DETERMINAÇÃO DA PERDA DE CARGA LOCALIZADA EM CONEXÕES DE CPVC EM SISTEMAS DE ÁGUA QUENTE Ricardo Calazans Castro Março/2018 Orientadora: Elaine Garrido Vazquez Curso: Engenharia Civil Para o correto dimensionamento dos sistemas prediais de água quente é necessário se considerar as perdas de carga ao longo da rede. As perdas de carga localizadas ocorrem nas conexões utilizadas para as diferentes necessidades construtivas. Não existem fórmulas de análise teóricas definitivas para este tipo de perda de carga, dessa forma, a prática da engenharia se utiliza de tabelas com comprimentos equivalentes calculados empiricamente para o dimensionamento dos sistemas de água fria para o material de PVC. Para os sistemas de água fria existem dados tabelados para as principais conexões em diversos diâmetros de tubulação, porém, esses dados não são encontrados para o sistema de água quente. Diante deste contexto, este trabalho teve como objetivo estabelecer um embasamento teórico aprofundado, propor um protótipo de ensaio para ser construído, além de determinar uma metodologia de ensaio e análise dos dados que serão coletados para a organização das tabelas de parâmetros K e comprimentos equivalentes para as conexões mais utilizadas nas redes de CPVC de água quente. Palavras-chave: Perda de carga; Comprimentos equivalentes; conexões; CPVC; Protótipo; Metodologia de ensaio. vi Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Civil Engineer. EXPERIMENTAL PROPOSAL FOR DETERMINING MINOR LOSS IN CPVC CONNECTIONS IN HOT WATER SYSTEMS Ricardo Calazans Castro March/2018 Advisor: Elaine Garrido Vazquez Course: Civil Engineering For the accurate sizing of warm water installations in buildings it is necessary to consider the head losses along the pipe network. The minor losses happen in the connectors used for different constructive needs. There are no final theoretic analyses for this kind of head loss, therefore, practical engeneering makes use of equivalent lenght charts empirically calculated for the sizing of cold water installations using the PVC material. As for the cold water system, there are fixed data for the main connectors in many pipe diameters, yet, these data cannot be found for the warm water system. In light of this, this work aims to establish a deep theoretic foundation, proposing a prototype experiment yet to be build, besides determining a testing methodology and data analysis that will be collected to set the K parameter charts and equivalent lenght for the most used connectors in the warm water CPVC networks. Keywords: Head Loss; Equivalent length; connectors; CPVC; Prototype; Testing methodology vii SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1 1.1. APRESENTAÇÃO DO TEMA ........................................................................................... 1 1.2. OBJETIVO ......................................................................................................................... 2 1.3. JUSTIFICATIVA ................................................................................................................ 2 1.4. METODOLOGIA ................................................................................................................ 3 1.5. DESCRIÇÃO DOS CAPÍTULOS ....................................................................................... 3 2. REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................................ 5 2.1. TIPOS DE ESCOAMENTO ............................................................................................... 5 2.1.1. ESCOAMENTO LAMINAR ................................................................................................ 5 2.1.2. ESCOAMENTO TURBULENTO ....................................................................................... 5 2.1.3. ESCOAMENTO COMPRESSÍVEL ...................................................................................6 2.1.4. ESCOAMENTO INCOMPRESSÍVEL ................................................................................ 6 2.1.5. ESCOAMENTO UNI, BI E TRIDIMENSIONAL ................................................................. 6 2.2. EQUAÇÕES GERAIS DO MOVIMENTO .......................................................................... 7 2.3. EQUAÇÃO DA CONTINUIDADE ...................................................................................... 9 2.4. ENERGIA MECÂNICA .................................................................................................... 11 2.5. EQUAÇÃO DE BERNOULLI ........................................................................................... 12 2.6. EQUAÇÃO UNIVERSAL OU DE DARCY-WEISBACH .................................................. 15 2.7. EQUAÇÃO DE HAZEN-WILLIANS ................................................................................. 17 2.8. REGIMES DE ESCOAMENTO ....................................................................................... 18 2.8.1. NÚMERO DE REYNOLDS .............................................................................................. 20 2.8.2. REGIME LAMINAR ......................................................................................................... 21 2.8.3. REGIME TURBULENTO ................................................................................................. 22 2.9. ESCOAMENTO EM TUBOS ........................................................................................... 23 2.10. FATOR DE ATRITO ........................................................................................................ 25 2.10.1. FATOR DE ATRITO NO REGIME LAMINAR ................................................................. 25 2.10.2. FATOR DE ATRITO NO REGIME TURBULENTO ......................................................... 26 2.10.3. EXPERIMENTO DE NIKURADSE .................................................................................. 27 viii 2.10.4. DETERMINAÇÃO DO FATOR DE ATRITO PARA O REGIME TURBULENTO ............ 29 2.10.4.1. TUBOS LISOS ......................................................................................................... 29 2.10.4.2. TUBOS RUGOSOS ................................................................................................. 30 2.10.4.3. TUBOS MISTOS ..................................................................................................... 31 2.11. PERDA DE CARGA ........................................................................................................ 33 2.11.1. PERDA CONTÍNUA ........................................................................................................ 34 2.11.2. PERDA LOCALIZADA ..................................................................................................... 37 2.11.2.1. EXPRESSÃO GERAL DAS PERDAS LOCALIZADAS ........................................... 38 2.11.2.2. MÉTODO DOS COMPRIMENTOS EQUIVALENTES ............................................ 39 3. PROPOSTA DE SISTEMA E METODOLOGIA DE ENSAIO.......................................... 41 3.1. CONSTRUÇÃO DO PROTÓTIPO DE ENSAIO EXPERIMENTAL ................................ 42 3.1.1. MÓDULOS DE ENSAIO .................................................................................................. 47 3.1.1.1. MÓDULOS DE TUBOS LINEARES SEM CONEXÃO ............................................ 47 3.1.1.2. MÓDULOS DE BUCHAS DE REDUÇÃO ............................................................... 48 3.1.1.3. MÓDULOS DE CURVA DE TRANSPOSIÇÃO ....................................................... 49 3.1.1.4. MÓDULOS DE REGISTRO DE GAVETA ............................................................... 50 3.1.1.5. MÓDULOS TÊS E TÊS DE REDUÇÃO (PASSAGEM DIRETA) ............................ 51 3.1.1.6. MÓDULOS DE TÊS (SAÍDA DE LADO) ................................................................. 53 3.1.1.7. MÓDULOS DE TÊS DE REDUÇÃO (SAÍDA DE LADO) ........................................ 55 3.1.1.8. MÓDULOS DE JOELHOS DE 90º .......................................................................... 57 3.1.1.9. MÓDULOS DE JOELHOS DE 45º .......................................................................... 58 3.1.1.10. MÓDULOS DE CURVAS DE 90º ............................................................................ 59 3.1.2. LISTA DE MATERIAL...................................................................................................... 60 3.2. ETAPAS DE ENSAIO ...................................................................................................... 62 3.2.1. COLETA DE DADOS ...................................................................................................... 62 3.2.2. ANÁLISE DE DADOS...................................................................................................... 65 3.2.2.1. VAZÃO EXPERIMENTAL........................................................................................ 65 3.2.2.2. DETERMINAÇÃO DA PERDA DE CARGA ............................................................ 66 3.2.2.3. DETERMINAÇÃO DO PARÂMETRO K .................................................................. 67 3.2.2.4. DETERMINAÇÃO DO COMPRIMENTO EQUIVALENTE ...................................... 67 ix 3.3. OBSERVAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 69 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 70 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................ 72 1 1. INTRODUÇÃO 1.1. APRESENTAÇÃO DO TEMA O dimensionamento otimizado de redes hidráulicas de águas frias é um tópico bem abordado por trabalhos, teses e livros há alguns anos. Todo o referencial teórico baseado em experimentos de perda de carga hidráulica em trechos retilíneos e conexões fornecem uma boa medida para a prática da boa engenharia na realização de projetos prediais. Dispõem-se de fórmulas para encontrar os valores de perda de carga em trechos retilíneos e tabelas para se calcular as perdas localizadas, tais tabelas oferecem o valor equivalente em unidades de comprimento de tubos retilíneos para os valores de perda de carga dos diversos equipamentos utilizados nestas tubulações. Desta forma pode-se dimensionar, dentro de limites muito seguros, uma instalação hidráulica predial de água fria. No que se refere ao dimensionamento das tubulações hidráulicas de água quente a situação se diferencia um pouco. Devido à variação das propriedades da água ao ser aquecida não se pode utilizar as mesmas fórmulas e tabelas que são utilizadas para a água em temperatura ambiente. Não são encontradas tabelas de comprimento equivalente para as conexões comumente usadas como no caso da água fria e faltam trabalhos que tracem empiricamente essas relações. A prática da engenharia é normalmente utilizar a multiplicação por fatores percentuais que acredita-se corresponder aproximadamente à realidade. Este trabalho visa o estabelecimento de um referencial teórico, propor a construção de um protótipo de ensaio, explicitar a metodologia de ensaio e direcionar a análise de dados para que se possa no futuro estabelecer tabelas de comprimento equivalente para as conexões mais utilizadas em instalações hidráulicas de água quente. Para a correta proposta de uma metodologia de ensaio que produza resultados satisfatórios é necessário aprofundar um pouco o tema da mecânica dos fluidos abordando os tipos de escoamento e suas características. Pelo fato de o fluido tratado ser a água e as condições do experimento serem controladas algumas aproximações são possíveis e tornam o equacionamento mais simples. 2 A água é umfluido considerado incompressível e de acordo com diversos autores, devido à sua viscosidade baixa, na maior parte dos casos práticos, produz escoamento no regime turbulento, como será abordado mais profundamente no referencial teórico. Como será apresentado no trabalho existe uma dificuldade muito grande na formulação teórica do escoamento turbulento resultando em que a maior parte das formulações associadas a esse tipo de escoamento são empíricas. Desta forma as condições de contorno, ou seja, os parâmetros como: temperatura do fluido, temperatura ambiente, rugosidade do tubo, diâmetros, vazões etc... são específicos à cada ensaio, ou à cada empresa ou prática de engenharia de cada país. 1.2. OBJETIVO O presente trabalho tem por objetivo reunir material para o referencial teórico, propor a construção de um protótipo de ensaio, explicitar a metodologia de ensaio e direcionar a análise de dados para a determinação da perda de carga localizada nas conexões mais comuns de tubulações de CPVC em sistemas prediais de água quente, para que sejam produzindas tabelas de coeficiente “K” (coeficiente de perda de carga) para os diversos acessórios e tabelas dos comprimentos equivalentes respectivos. 1.3. JUSTIFICATIVA A análise teórica da perda de carga localizada devido a conexões em tubulações é de difícil definição. Por este motivo a prática da engenharia tem sido a de se utilizar comprimentos equivalentes associados à estas peças que são somados ao comprimento real da tubulação para efeitos de cálculo. Tem- se tabelas com estes comprimentos para as tubulações de água fria, em geral em PVC, ainda incompletas de certa forma. Para as tubulações de água quente que atualmente tem utilizado o CPVC não existem em normas tabelas que façam essa associação. Como é de suma importância a consideração das perdas de carga para o bom dimensionamento da rede, este trabalho se propõe a facilitar a construção das tabelas de associação trazendo um 3 embasamento teórico e refinando dentre outros trabalhos uma metodologia de ensaio para criar estas. 1.4. METODOLOGIA A metodologia aplicada para a elaboração deste trabalho tem natureza exploratória pois se trata de uma proposta de experimento em uma área que praticamente não se tem acesso ao conhecimento. As fontes utilizadas para a construção do pensamento são do tipo primárias e secundárias tendo sido utilizados principalmente livros da área e trabalhos já realizados com características semelhantes ao que se propõem neste trabalho. O resultado alcançado é de natureza qualitativa e se traduz em uma proposta de ensaio bem fundamentada na teoria gerando melhorias no processo de ensaio se comparado aos utilizados como base para elaboração deste trabalho. O processo de pesquisa começou no estudo básico dos temas que envolvem o objetivo central, culminou em uma construção do pensamento teórico objetivando a boa estruturação do referencial de forma que se pudesse alcançar um pensamento crítico e analisar sob diversos aspectos como se deveria desenvolver a proposta. Em seguida, sob as bases da teoria e análise de protótipos já realizados se propôs um sistema de ensaio através de elementos gráficos explanados detalhadamente, um processo de coleta de dados incluindo propostas de tabelas e uma metodologia de análise destes dados encaminhando o que se espera do resultado. 1.5. DESCRIÇÃO DOS CAPÍTULOS O primeiro capítulo contempla a introdução do assunto fazendo a exposição do tema, o objetivo do trabalho, a justificativa para que este tenha sido proposto e a metodologia utilizada na construção do mesmo. O segundo capítulo contempla revisão bibliográfica e traz a fundamentação teórica definida em tópicos de forma a construir o pensamento até o tema principal. A proposta de sistema de ensaio, metodologia de coleta e análise dos dados obtidos é apresentada no capítulo 3 além das observações finais que devem ser atentadas antes, durante ou após a realização do ensaio 4 O quarto capítulo apresenta as considerações sobre toda a realização do trabalho. Por último são apresentadas as referências bibliográficas utilizadas na elaboração do mesmo. 5 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1. TIPOS DE ESCOAMENTO Para o estudo do escoamento dos fluidos se faz necessária a definição de condições gerais. Dentre as quais, para o presente trabalho, é de grande valia começar especificando os diversos tipos de escoamento definidos, suas características e as consequências que estes trazem para o sistema estudado. Conforme (PORTO p.3, 2006) os escoamentos hidráulicos recebem conceituações de acordo com as suas características, como por exemplo: laminar, turbulento, unidimensional, bidimensional, rotacional, irrotacional, compressível, incompressível, permanente, variável, uniforme, variado, livre, forçado, fluvial, torrencial, etc. Para tornar melhor a compreensão das características de cada tipo de escoamento ao longo do trabalho as mais relevantes para este estudo serão abordadas nos próximos tópicos. 2.1.1. ESCOAMENTO LAMINAR Conforme Delforno (2006), este tipo de escoamento geralmente ocorre em baixas velocidades ou em fluidos com viscosidade alta. Nele as partículas se movem em trajetórias bem definidas, em geral, aproximando-se de lâminas ou camadas paralelas que permanecem com suas identidades preservadas no meio. A ação da viscosidade é determinante neste tipo de escoamento pois age no sentido de amortecer os movimentos das partículas que poderiam gerar turbulência. 2.1.2. ESCOAMENTO TURBULENTO Este tipo de escoamento geralmente ocorre em sistemas com velocidades mais altas ou em fluidos de viscosidade mais baixa. Sendo a água o fluido preponderante nos estudos da hidráulica e sendo uma característica dela a viscosidade baixa, o tipo mais comum de escoamento nos estudos da hidráulica é o turbulento (PORTO 2006). As trajetórias das partículas do líquido 6 neste caso são irregulares, com movimento aleatório, resultando em uma transferência de quantidade de movimento entre as camadas do líquido. 2.1.3. ESCOAMENTO COMPRESSÍVEL É o tipo de escoamento onde existe variação da densidade do fluido. Em geral é utilizado para os fluidos gasosos. Em geral, os líquidos, e até os gases, podem ter seus escoamentos considerados incompressíveis, porém conforme (Çengel e Cimbala, 2012) é importante levar em consideração a variação na densidade do líquido devido a grandes mudanças de pressão, como por exemplo, o “golpe de aríete” numa tubulação de água devido às vibrações no cano gerado por ondas de pressão resultantes do fechamento de uma válvula. 2.1.4. ESCOAMENTO INCOMPRESSÍVEL Çengel e Cimbala (2012) explicam que apesar de ser uma aproximação e não corresponder à realidade, é o tipo mais comum de escoamento de fluidos. Em geral, a densidade do fluido não varia em valores consideráveis nas condições de escoamento e isto resulta que o volume de cada parte do fluido permanece constante para as massas estudadas. 2.1.5. ESCOAMENTO UNI, BI E TRIDIMENSIONAL Basicamente esta característica trata da variação das propriedades do fluido. Se a variação da propriedade, por exemplo da velocidade, no escoamento for na ordem de grandeza considerável nas três dimensões, o escoamento será considerado tridimensional, se duas dimensões tiverem variações consideráveis e uma tiver uma variação desprezível o escoamento será bidimensional e se somente uma dimensão apresentar variações consideráveis, o escoamento será aproximado para unidimensional, (ÇENGEL e CIMBALA, 2012). 7 2.2. EQUAÇÕES GERAIS DO MOVIMENTO Assumindo que um cubo elementar, conforme a figura 1, de dimensões infinitesimais dx, dy e dz com as suas arestas paralelas aos eixos cartesianos se encontra nointerior da massa do fluido em movimento. Figura 1- Figura retirada de Azevedo Netto, pag. 48 – 1998 Segundo Azevedo Netto (1998) a massa do fluido contida neste sólido será: 𝝆. 𝒅𝒙. 𝒅𝒚. 𝒅𝒛 = 𝒎 (1) Sendo: ρ = massa específica do fluido dada em kg/m³ dx, dy e dz = comprimentos infinitesimais em m m= massa da partícula de fluido Sendo assim as forças que atuam sobre o cubo são: as forças inerentes ao volume, como por exemplo a força peso, que podem ser expressas em termos de suas componentes em cada um dos eixos e as forças exercidas pelo fluido externo em cada uma das seis faces do cubo. Assumindo p a pressão sobre a face ABCD da figura, a pressão sobre a face diametralmente oposta será igual a p mais a variação da pressão no eixo x ao longo do comprimento dx. 8 𝒑 + 𝝏𝒑 𝝏𝒙 . 𝒅𝒙 (2) As ações externas sobre as superfícies transversais ao eixo x são opostas e portando tem resultante. 𝒑. 𝒅𝒚. 𝒅𝒛 − (𝒑 + 𝝏𝒑 𝝏𝒙 . 𝒅𝒙) . 𝒅𝒚. 𝒅𝒛 = 𝝏𝒑 𝝏𝒙 . 𝒅𝒙. 𝒅𝒚. 𝒅𝒛 (3) Sabendo-se que m é a massa de uma partícula do fluido em movimento, F a força que atua sobre a partícula e a sua aceleração, aplicando-se a segunda lei de Newton em relação ao eixo x. Ʃ𝑭 = 𝒎. 𝒂 (4) ou, Ʃ𝑭𝒙 = 𝒎. 𝒅𝟐𝒙 𝒅𝒕𝟐 (5) logo, 𝝆. 𝒅𝒙. 𝒅𝒚. 𝒅𝒛. 𝒅𝟐𝒙 𝒅𝒕𝟐 = 𝝆. 𝒅𝒙. 𝒅𝒚. 𝒅𝒛. 𝑿 − 𝝏𝒑 𝝏𝒙 . 𝒅𝒙. 𝒅𝒚. 𝒅𝒛 (6) Na equação 6 o primeiro membro representa a inércia do fluido; o primeiro termo do segundo membro representa a ação da força no eixo x e o segundo termo do segundo membro é a resultante da pressão no eixo. Simplificando e extrapolando para os outros eixos temos as equações gerais do movimento. 𝒅𝟐𝒙 𝒅𝒕𝟐 = 𝑿 − 𝟏 𝝆 . 𝝏𝒑 𝝏𝒙 ; 𝒅𝟐𝒚 𝒅𝒕𝟐 = 𝒀 − 𝟏 𝝆 . 𝝏𝒑 𝝏𝒚 ; 𝒅𝟐𝒛 𝒅𝒕𝟐 = 𝒁 − 𝟏 𝝆 . 𝝏𝒑 𝝏𝒛 (7) Onde as diferenciais de segunda ordem em cada eixo são as projeções da aceleração da partícula considerada. 9 2.3. EQUAÇÃO DA CONTINUIDADE Levando-se em conta a possibilidade da massa específica ρ do fluido que atravessa o cubo da Figura 1 variar com o tempo t, a massa que em um dado instante é ρ.dx.dy.dz, após um intervalo de tempo dt torna-se: 𝝏𝝆 𝝏𝒕 . 𝒅𝒙. 𝒅𝒚. 𝒅𝒛. 𝒅𝒕 (8) Pode-se também considerar, conforme Azevedo Netto - p.49,1998, que, no intervalo de tempo dt, entra pela face ABCD do sólido a massa. 𝝆. 𝒗(𝒙). 𝒅𝒚. 𝒅𝒛. 𝒅𝒕 (9) Sendo: v = velocidade do fluido na direção x E saindo pela face oposta outra massa de valor 𝒅𝒚. 𝒅𝒛. [𝝆. 𝒗(𝒙) + 𝝏 𝝏𝒙 . (𝝆. 𝒗(𝒙)). 𝒅𝒙] . 𝒅𝒕 (10) Conforme Azevedo Netto (1998) as diferenças algébricas das duas equações anteriores para cada eixo serão respectivamente: − 𝝏 𝝏𝒙 . (𝝆. 𝒗(𝒙)). 𝒅𝒙. 𝒅𝒚. 𝒅𝒛. 𝒅𝒕 (11) − 𝝏 𝝏𝒚 . (𝝆. 𝒗(𝒚)). 𝒅𝒙. 𝒅𝒚. 𝒅𝒛. 𝒅𝒕 (12) − 𝝏 𝝏𝒛 . (𝝆. 𝒗(𝒛)). 𝒅𝒙. 𝒅𝒚. 𝒅𝒛. 𝒅𝒕 (13) Igualando as essas equações à equação 8 encontra-se a equação da continuidade que demonstra a lei da conservação das massas. 10 𝝏𝒑 𝝏𝒕 + 𝝏(𝝆. 𝒗(𝒙)) 𝝏𝒕 + 𝝏(𝝆. 𝒗(𝒚)) 𝝏𝒕 + 𝝏(𝝆. 𝒗(𝒛)) 𝝏𝒕 = 𝟎 (14) Como explicitado anteriormente os líquidos podem ser considerados incompressíveis, portanto ρ é constante, logo: 𝝏𝒗(𝒙) 𝝏𝒕 + 𝝏𝒗(𝒚) 𝝏𝒕 + 𝝏𝒗(𝒛) 𝝏𝒕 = 𝟎 (15) Considerando um tubo circular de corrente com a seção transversal de entrada A1 e seção transversal de saída A2 e com velocidade de entrada v1 e de saída v2 a massa de líquido que passará pela seção A1 será: 𝒅𝒎𝟏 𝒅𝒕 = 𝝆𝟏. 𝒗𝟏. 𝑨𝟏 (16) Consequentemente para a seção A2 tem-se, 𝒅𝒎𝟐 𝒅𝒕 = 𝝆𝟐. 𝒗𝟐. 𝑨𝟐 (17) Como se trata de movimento permanente, o volume de líquido que atravessa a seção A1 entrando será o mesmo que o volume que atravessa a seção A2 saindo, logo: 𝝆𝟏. 𝒗𝟏. 𝑨𝟏 = 𝝆𝟐. 𝒗𝟐. 𝑨𝟐 (18) Como a massa específica do líquido não se altera pode-se simplificar a equação e chega-se a: 𝑸 = 𝒗𝟏. 𝑨𝟏 = 𝒗𝟐. 𝑨𝟐 = 𝒄𝒐𝒏𝒔𝒕𝒂𝒏𝒕𝒆 (19) Sendo: Q = vazão (m³/s) v = velocidade média na seção (m/s) A = área da seção de escoamento (m²) 11 2.4. ENERGIA MECÂNICA Grande parte dos sistemas fluidos foi projetado para transportar uma massa fluida entre locais com vazões, elevações e velocidades especificadas, como é o caso nas obras de engenharia civil estes sistemas podem ser usados para gerar energia em uma turbina ou consumir energia de uma bomba em uma elevatória, (ÇENGEL e CIMBALA, 2012). “Esses sistemas não envolvem a conversão de energia nuclear, química ou térmica em energia mecânica. Da mesma forma, eles não envolvem nenhuma transferência de calor em nenhuma quantidade significativa e operam essencialmente a temperatura constante. Tais sistemas podem ser convenientemente analisados considerando apenas as formas mecânicas de energia e os efeitos do atrito que causam a perda de energia mecânica (ou seja, a sua conversão em energia térmica que em geral não pode ser utilizada em nenhuma finalidade útil.)” (Cengel e Çimbala, Mecânica dos Fluidos, fundamentos e aplicações, 2012) Ainda segundo Çengel e Cimbala (2012) “a energia mecânica é o tipo de energia que pode ser convertido direta e completamente em trabalho mecânico por um dispositivo mecânico ideal como, por exemplo, uma turbina ideal.”. Os tipos mais comuns de energia mecânica são a energia cinética e a energia potencial. Pelo fato da transferência de energia mecânica do fluido para os equipamentos ocorrer através da variação da pressão do mesmo, a pressão do fluido em escoamento também está associada à energia mecânica. É importante destacar, conforme Çengel e Cimbala (2012), que a pressão em si não é uma forma de energia, mas a força de pressão em um fluido ao longo de uma distância produz trabalho, chamado de trabalho de escoamento e sendo comum visualiza-lo como parte da energia de um fluido, pode-se chamar também de energia do escoamento, tendo definido as parcelas da energia mecânica pode-se expressar conforme a seguinte equação: 𝒆 = 𝒑 𝝆 + 𝑽𝟐 𝟐 + 𝒈. 𝒛 (20) 12 Sendo: e = energia mecânica p/ρ = energia de escoamento V²/2 = energia cinética g.z = energia potencial dessa forma em escoamentos de fluidos, geralmente aproximados para incompressíveis, a variação da energia mecânica pode ser expressa como: ∆𝒆 = 𝑷𝟐 − 𝑷𝟏 𝝆 + 𝑽𝟐 − 𝑽𝟏 𝟐 + 𝒈. (𝒛𝟐 − 𝒛𝟏) (21) Sendo: ∆𝑒 = variação da energia mecânica P = pressão no ponto do escoamento V = velocidade no ponto do escoamento 𝜌 = massa específica do fluido g = aceleração da gravidade z = coordenada altimétrica no ponto do escoamento Sendo assim, ignorando as perdas de energia, se a pressão do fluido, a velocidade e a elevação permanecerem constantes ao longo do escoamento não haverá variação de energia mecânica e quando esta ocorrer representará exatamente o trabalho fornecido ou extraído do fluido. 2.5. EQUAÇÃO DE BERNOULLI Tomando por base os conceitos teóricos discutidos no item anterior procede-se a um desenvolvimento matemático para a equação proposta. Considerando uma partícula de fluido em uma linha de corrente de direção “s” conforme a figura 2 tem-se que pela segunda lei de Newton (chamada de relação da conservação de momento linear na mecânica dos fluidos), Ʃ𝑭 = 𝒎. 𝒂 (22) 13 Sendo: ƩF = somatório de forças m = massa a = aceleração Adotando o somatório das forças na direção s considerando as regiões onde os atritos são desprezíveis as forças que atuam sobre a partícula são as pressões que atuam em ambos os lados e a componente da força peso que atua na direção s. Assim a equação anterior se torna: 𝑷. 𝒅𝑨 − (𝑷 + 𝒅𝑷). 𝒅𝑨 − 𝑾. 𝒔𝒆𝒏𝜽 = 𝒎. 𝑽. 𝒅𝑽𝒅𝒔 (23) Sendo: V = velocidade da partícula no ponto P = força de pressão aplicada Ɵ = ângulo entre a normal da linha de corrente e o eixo vertical z no ponto considerado m = ρ.Vol = ρ.dA.ds = massa W = m.g = ρ .g.dA.ds = peso da partícula senƟ = dz/ds Figura 2- Figura retirada de Çengel e Cimbala p. 162, 2012 14 Substituindo os termos: −𝒅𝑷. 𝒅𝑨 − 𝝆. 𝒈. 𝒅𝑨. 𝒅𝒔. 𝒅𝒛 𝒅𝒔 = 𝝆. 𝒅𝑨. 𝒅𝒔. 𝑽. 𝒅𝑽 𝒅𝒔 (24) Simplificando tem-se: −𝒅𝑷 − 𝝆. 𝒈. 𝒅𝒛 = 𝝆. 𝑽. 𝒅𝑽 (25) Observando que 𝑉. 𝑑𝑉 = 1/2. 𝑑(𝑉2) e dividindo cada termo por ρ tem-se: 𝒅𝑷 𝝆 + 𝟏 𝟐 . 𝒅(𝑽𝟐) + 𝒈. 𝒅𝒛 = 𝟎 (26) Integrando: 𝑷 𝝆 + 𝑽𝟐 𝟐 + 𝒈. 𝒛 = 𝒄𝒐𝒏𝒔𝒕𝒂𝒏𝒕𝒆 (27) Onde: p/ρ = energia de escoamento V²/2 = energia cinética g.z = energia potencial Conforme explica (Azevedo Netto, 1998) o primeiro termo da equação é denominado energia de escoamento ou energia de pressão, o segundo termo é a energia cinética e o terceiro termo é a energia potencial ainda conforme (Azevedo Netto,1998) “cada um dos termos pode ser expresso em metros”, é importante ressaltar esse aspecto pois é em cima dele que se denomina o conceito de carga que será muito utilizado no decorrer deste trabalho. Esta é a chamada equação de Bernoulli e foi obtida pela conservação de momento de uma partícula fluida em uma linha de corrente. Segundo Çengel e 15 Cimbala, (2012) a equação de Bernoulli pode ser vista como uma expressão de balanço da energia mecânica e pode ser enunciada da seguinte maneira: “A soma das energias cinéticas, potencial e de escoamento de uma partícula de fluido é constante ao longo de uma linha de corrente durante um escoamento em regime permanente quando os efeitos de compressibilidade e do atrito são desprezíveis.” (Çengel e Cimbala, Mecânica dos Fluidos, fundamentos e aplicações, 2012) É necessário ressaltar que a equação de Bernoulli não é aplicável em qualquer caso, mas, pelo contrário, em casos bem específicos. Para a correta aplicação da equação e obtenção de um valor aproximado do real, conforme Çengel e Cimbala (2012), o escoamento deve ser em regime permanente, ou seja, “Em regime permanente significa apenas nenhuma variação com o tempo em um local especificado, mas o valor de uma quantidade pode variar de um local para o outro.” (Çengel e Cimbala, Mecânica dos Fluidos – fundamentos e aplicações, p.162, 2012) Deve ser incompressível e estar nas regiões onde as forças de atrito resultantes são desprezíveis. Outra aproximação necessária à aplicação da equação é que os efeitos viscosos também devem ser absolutamente pequenos quando comparados aos efeitos da inércia, da gravidade e da pressão. 2.6. EQUAÇÃO UNIVERSAL OU DE DARCY-WEISBACH Segundo Azevedo Netto, 1998, “poucos problemas mereceram tanta atenção ou foram tão investigados quanto o da determinação das perdas de carga nas canalizações.”, e ainda afirma: “As dificuldades que se apresentam ao estudo analítico da questão são tantas que levaram os pesquisadores às investigações experimentais.”, desta forma, após diversos experimentos de Darcy e outros investigadores com tubos de seção circular concluiu-se que a resistência ao escoamento da água é: 16 “Diretamente proporcional ao comprimento da tubulação (πDL); Inversamente proporcional à uma potência do diâmetro (1/Dᵐ); Função de uma potência da velocidade média (vᵃ); Variável com as paredes dos tubos (rugosidade), no caso do regime turbulento(k’); Independente da posição do tubo; Independente da pressão interna sob a qual o líquido escoa ou Função de uma potência da relação entre a viscosidade e a densidade do fluido (μ/ρ)’. “( Azevedo Netto, Manual de hidráulica, 1998) De posse de tais conclusões uma fórmula foi proposta que aproximasse o valor da perda de carga em tubulações circulares com escoamento forçado. 𝒉 = 𝒌′. 𝝅. 𝑫. 𝑳. 𝟏 𝑫𝒎 . 𝒗𝒏. ( 𝝁 𝝆 ) 𝒓 (28) apesar dos esforços de encontrar uma fórmula que englobasse todos os casos, quanto mais os estudos avançam mais é percebido que os coeficientes a serem utilizados geram resultados regionais de acordo com as condições de contorno a que as tubulações são submetidas. Após décadas de aprimoramento e simplificação, por volta de 1850, Darcy e Weisbach sugeriram um novo aprimoramento para a fórmula que posteriormente ficou conhecida como fórmula de Darcy-Weisbach ou “fórmula Universal”. A grande contribuição destes dois cientistas foi a substituição de um termo da equação por um coeficiente de atrito “f”, como mostrado a seguir: 𝒉𝒇 = 𝒇. 𝑳. 𝒗² 𝑫. 𝟐. 𝒈 (29) Sendo: hf = perda de carga (m) f = fator de atrito L = comprimento da tubulação (m) v = velocidade média do escoamento (m/s) D = diâmetro da tubulação (m) g = aceleração da gravidade (m/s²) 17 Que segundo Azevedo Netto, “já tem aplicabilidade prática ao exprimir a perda de carga em função da velocidade na tubulação, e ter homogeneidade dimensional.” Algumas dificuldades são encontradas ao se aplicar a fórmula analítica em exemplos práticos pois esta não se aproxima do real em escoamentos turbulentos já que nestes a dependência em relação à velocidade não segue uma regra quadrática, mas da ordem entre 1,75 e 2, fato este que busca ser corrigido no coeficiente f do atrito. Existe também uma dificuldade associada à potência do diâmetro que é minorada analiticamente, fato que também é corrigido no coeficiente f, e por fim, o próprio valor do coeficiente de atrito, f, que não é encontrado analiticamente, mas experimentalmente através de aproximações em gráficos e pontos. 2.7. EQUAÇÃO DE HAZEN-WILLIANS Décadas mais tarde outros dois pesquisadores norte-americanos, após exames estatísticos cuidadosos dos dados obtidos em diversos experimentos por mais de trinta investigadores, inclusive o próprio Darcy e experiências próprias, propuseram uma nova fórmula prática em 1903: 𝑱 = 𝟏𝟎, 𝟔𝟒𝟑. 𝑸𝟏,𝟖𝟓 𝑪𝟏,𝟖𝟓. 𝑫𝟒,𝟖𝟕 (30) Que foi denominada fórmula de Hazen-Willians Sendo: Q = vazão (m³/s) D = diâmetro (m) J = perda de carga unitária (m/m) C = coeficiente adimensional que depende da natureza (material e estado) das paredes dos tubos que pode ser identificado no quadro (figura3) retirado de Azevedo Netto, p.150,1998. 18 Figura 3- figura retirada de Azevedo Netto, p.150- 1998 A fórmula de Hazen-Willians apresenta (segundo Azevedo Netto) vantagens para sua aplicabilidade que são: ter sido resultado de um tratamento estatístico cuidadoso com base de dados em larga escala incluindo dos próprios autores, ser uma expressão que apresenta uma diferença desprezível entre o valor teórico e o valor prático, o tratamento do coeficiente C ter sido de tal forma direcionado para que se tornasse função quase que exclusiva da natureza da parede, a grande aceitação da fórmula permitiu que fossem obtidos muitos valores do coeficiente C e o fato de ser uma fórmula que pode ser satisfatoriamente aplicada para qualquer tipo de tubo, sendo seus limites de aplicação os mais largos: diâmetros de 50 a 3500 mm e velocidades até 3 m/s, ou seja, praticamente todos os casos do dia-a-dia 2.8. REGIMES DE ESCOAMENTO Conforme Azevedo Netto (1998) relata, graças às observações de Osborne Reynolds a respeito dos comportamentos dos líquidos em escoamento pôde-se 19 definir dois regimes característicos para o movimento dos fluidos. Dessa forma, através das características particulares observadas foi possível estudar os diversos aspectos que envolvem o escoamento dos fluidos em cada regime de escoamento. Embora grande parte dos estudiosos do assunto, incluindo os supracitados neste trabalho, concordem que a formulação teórica em pontos específicos da hidráulica seja de difícil ajuste,sendo necessária recorrer ao ajuste empírico através de experimentos, o trabalho de Reynolds trouxe um direcionamento muito importante para as formulações teóricas subsequentes. Através de seu experimento Reynolds (conforme Azevedo Netto, 1998) identificou que em regimes de velocidades mais baixas o escoamento se comporta de forma laminar e com velocidades mais altas torna-se turbulento, existe também o comportamento transicional para velocidades intermediárias, uma ilustração do experimento de Reynolds se encontra na figura 4 a seguir. Os dois regimes serão detalhados nos tópicos a seguir. Conforme Çengel e Cimbala (2012): “Podemos verificar a existência desses regimes de escoamento laminares, de transição e turbulentos injetando listras de tinta no escoamento em um tubo de vidro, como o engenheiro britânico Osborne Reynolds (1842-1912) fez há mais de um século. Observamos que as listras de tinta formam uma linha reta e suave a baixas velocidades quando o escoamento é laminar (podemos ver alguns borrões por causa da difusão molecular), tem rajadas de flutuações no regime de transição e faz um ziguezague rápido e aleatório quando o escoamento se torna totalmente turbulento. Esses ziguezagues e a dispersão da tinta indicam as flutuações no escoamento principal e a mistura rápida das partículas de fluidos das camadas adjacentes.”(Çengel e Cimbala, Mecânica dos Fluidos, fundamentos e aplicações, p.279, 2012) 20 Figura 4 - Figura adaptada de Cengel e Çimbala p.279, 2012 2.8.1. NÚMERO DE REYNOLDS Conforme Azevedo Netto (1998), após as investigações teóricas e experimentais conduzidas com diferentes diâmetros e temperaturas, Reynolds concluiu que o valor da velocidade no escoamento não era o único critério para prever que tipo de escoamento ocorreria em uma canalização. Na verdade, o melhor critério para esta determinação residiria em uma expressão adimensional, na qual se considera, além da velocidade, a viscosidade do líquido e o diâmetro da tubulação. 𝑹𝒆 = 𝒗. 𝑫 𝝊 (31) Que é o número de Reynolds. 21 Sendo: v = velocidade do fluido (m/s) D = diâmetro da canalização (m) 𝜐 = viscosidade cinemática (m²/s) O detalhe importante é que para qualquer que seja o sistema de unidades empregadas o número de Reynolds será o mesmo. Com seus estudos e observações Reynolds foi capaz de definir limites quantitativos para se qualificar o tipo de regime, conforme Delforno (2006): “..ele (Reynolds) obteve, manuseando seu experimento, alguns valores que serviam apenas como parâmetros, mas não possuía significado algum. Então percebeu que, do regime turbulento, o mesmo se tornaria laminar sempre que o número de Reynolds estivesse fixado em 2000. O regime de escoamento crítico ocorria sempre que o número de Reynolds estivesse entre 2000 e 4000 e o regime turbulento em Reynolds, acima de 4000.”(Eduardo José Delforno, Determinação experimental da perda de carga localizada em curvas de transposição em PVC rígido, 2006) Desta forma Rey (número de Reynolds) se torna uma ferramenta muito útil para a prática dos projetos de hidráulica que envolvem escoamento em tubos. 2.8.2. REGIME LAMINAR Após a definição do número de Reynolds a classificação dos escoamentos quanto ao nível de agitação tornou-se mais precisa, conforme Çengel e Cimbala (2012) escoamentos com número de Reynolds menor que 2300 podem ser considerados laminares. Os escoamentos são classificados como laminares quando a trajetória das partículas do fluido é definida, ou seja, há a preservação da identidade do meio (Silva, 2016). Porto (2006) destaca que no regime laminar predominam os esforços viscosos, esta informação é de grande valia quando for tratado o coeficiente de atrito mais à frente no trabalho pois tendo em vista que no escoamento laminar as trajetórias são definidas e as linhas de corrente 22 permanecem paralelas o esforço significativo que gera uma perda de energia nos casos reais é a viscosidade que gera tensões de atrito entre as camadas. É valido destacar também que devido à ação da viscosidade e do atrito entre o líquido e a parede dos condutos o perfil de velocidades no regime laminar não é constante para a mesma seção, conforme Çengel e Cimbala (2012) o perfil de velocidades para a seção do escoamento laminar desenvolvido segue um perfil parabólico governado pela equação: 𝒗 = 𝟐. 𝑽𝒎é𝒅. (𝟏 − 𝒓𝟐 𝑹𝟐 ) (32) Sendo: v = velocidade no ponto seção 𝑉𝑚é𝑑 = Velocidade média, que é facilmente determinada pela vazão r = raio a partir do eixo central no caso de tubos circulares R = raio da seção circular Desta forma, substituindo r=0 temos a velocidade máxima na seção 𝑣 = 2. 𝑉𝑚é𝑑 2.8.3. REGIME TURBULENTO Diferente do que acontece no escoamento laminar, que segundo Porto (2006) “...pela própria natureza física do processo de transferência individual de moléculas entre lâminas adjacentes do escoamento permite um tratamento analítico da tensão de cisalhamento.”, no regime turbulento a definição analítica das tensões e a previsão de comportamento das moléculas se torna muito difícil. “No escoamento turbulento, são agrupamentos de moléculas animadas de velocidade de perturbação que se transportam, de forma caótica, para camadas adjacentes do fluido, produzindo forças tangenciais de muito maior intensidade. Pelo princípio da aderência, uma partícula fluida em contato com a parede do tubo tem velocidade nula e 23 existe uma camada delgada de fluido, adjacente à parede, na qual a flutuação da velocidade não atinge os mesmos valores que nas regiões distantes da parede. A região onde isso acontece é chamada de subcamada limite laminar e caracteriza-se por uma variação praticamente linear da velocidade na direção principal do escoamento. A partir da subcamada limite laminar, desenvolve-se uma pequena zona de transição e, a seguir, nas regiões mais distantes da parede, o núcleo turbulento, que ocupa praticamente toda a área central da seção.”( Porto, HIDRÁULICA BÁSICA, p.30, 2006) É importante ressaltar que tanto segundo Çengel e Cimbala (2012) quanto Azevedo Netto (1998) o escoamento de regime turbulento é o principal escoamento que ocorre na prática da engenharia e por isso é importante entender como a turbulência afeta a tensão de cisalhamento na parede. Ainda segundo Çengel e Cimbala (2012), “...o escoamento turbulento é um mecanismo complexo dominado por flutuações e, apesar da tremenda quantidade de trabalho realizada nessa área pelos pesquisadores a teoria do escoamento turbulento permanece em grande parte não desenvolvida. Assim, devemos nos apoiar nos experimentos e nas correlações empíricas ou semi-empíricas desenvolvidas para diversas situações.”(Cengel e Çimbala, Mecânica dos Fluidos, fundamentos e aplicações, p.290, 2012) Pelo fato do desenvolvimento da teoria para escoamentos turbulentos ser tão difícil existe a necessidade de trabalhos como este para determinações específicas na prática da engenharia. Em resumo, o escoamento turbulento é caracterizado pelas flutuações de moléculas entre as camadas do fluido gerando mecanismos adicionais de transferência de energia e movimento, estas flutuações são denominadas turbilhões. Como resultado o escoamento turbulento é associado a valores mais altos de coeficiente de atrito, transferência de calor e massa. 2.9. ESCOAMENTO EM TUBOS Para o melhor embasamento teórico do presente trabalho toda a teoria que foi tratada até este tópico será direcionada para a forma de escoamento de fluidos 24 presente na proposta de experimento que justifica este trabalho, o escoamento em tubos, principalmente os circulares. Çengel e Cimbala (2012) destacam o motivo para que em sua maioria os escoamentos de fluidos sejam realizados por tubos circulares: “Isso acontece porqueos tubos com uma seção transversal circular podem suportar grandes diferenças de pressão entre o interior e o exterior sem sofrer distorção significativa.”. Conforme Çengel e Cimbala (2012): “Embora a teoria do escoamento de fluidos seja razoavelmente bem compreendida, as soluções teóricas são obtidas apenas para alguns poucos casos simples, como o escoamento laminar totalmente desenvolvido em um tubo circular. Assim, devemos nos basear nos resultados experimentais e nas relações empíricas na maioria dos problemas de escoamento de fluidos em vez de em soluções analíticas fechadas. Observando que os resultados experimentais são obtidos sob condições de laboratório cuidadosamente controladas, e que não existem dois sistemas exatamente iguais, não devemos ser tão ingênuos a ponto de considerar “exatos” os resultados obtidos. Um erro de 10% (ou mais) nos fatores de atrito calculados usando as relações deste capítulo é a “regra” e não a “exceção”. (Çengel e Cimbala, Mecânica dos Fluidos, fundamentos e aplicações, p.278, 2012) A aplicação da teoria básica de escoamentos em tubos circulares nos diz que a velocidade do fluido varia de zero na superfície de contato com a parede do tubo até a velocidade máxima no eixo central do tubo, Porto (2006) destaca que na maioria dos projetos de condução de água como redes de distribuição e instalações hidráulico sanitárias as velocidades médias que são encontradas mais comumente variam entre 0,5 a 3,0 m/s e os diâmetros utilizados em geral variam entre 50 a 800 mm. Desta forma, Porto (2006) afirma que os valores de números de Reynolds na prática são em sua grande maioria dentro da faixa de 10.000 a 3.000.000, e por isso esse escoamentos são turbulentos, Azevedo Netto (1998) também afirma que nas condições práticas o movimento das águas em canalizações é sempre turbulento. Çengel e Cimbala (2012) também destacam: “Da mesma forma, o atrito entre as partículas de fluido de um tubo causa uma ligeira elevação na temperatura do 25 fluido como resultado da energia mecânica que é convertida em energia térmica sensível. Mas essa elevação de temperatura devida ao aquecimento por atrito em geral é pequena demais para merecer qualquer consideração nos cálculos e, portanto, é desprezada. Por exemplo, na ausência de transferência de calor, nenhuma diferença notável pode ser detectada entre as temperaturas de entrada e saída da água que escoa em um tubo. A consequência primária do atrito no escoamento de fluidos é a queda de pressão e, portanto, qualquer variação significativa da temperatura do fluido é devida à transferência de calor.”( Cengel e Çimbala, Mecânica dos Fluidos, fundamentos e aplicações, p.278, 2012) Çengel e Cimbala (2012) ainda destacam que se conhecida a vazão ou o perfil da velocidade, a velocidade média do escoamento incompressível no tubo circular pode ser encontrada com facilidade. 2.10. FATOR DE ATRITO Prosseguindo no desenvolvimento da teoria que embasa a proposta de experimento deste trabalho é iniciado mais especificamente o aprofundamento no tema da perda de energia. No item subsequente será explicado a teoria da perda de carga, mas já será adiantado um conceito muito importante para a compreensão do tema, o fator de atrito. De acordo com Silva (2016) o fator de atrito depende da velocidade, da rugosidade do material do tubo e do número de Reynolds do escoamento. 2.10.1. FATOR DE ATRITO NO REGIME LAMINAR No regime laminar, conforme Porto (2006), pela própria organização física do evento onde as camadas são paralelas e a transferência de energia ocorre devido à viscosidade, o fator de atrito depende somente do número de Reynolds, conforme a equação a seguir: 𝒇 = 𝟔𝟒 𝑹𝒆𝒚 (33) 26 Sendo: f = fator de atrito Rey = número de Reynolds 2.10.2. FATOR DE ATRITO NO REGIME TURBULENTO No regime turbulento o fator de atrito depende além da viscosidade do fluido também da perda de energia nos choques entre as moléculas do fluido resultado do movimento desordenado das partículas. No regime turbulento, conforme Silva (2016), o escoamento pode ser classificado como Liso, Rugoso ou de Transição. Conforme Porto (2006) devido ao princípio da aderência a camada de fluido em contato com a parede possui velocidade nula e o desenvolvimento das velocidades do escoamento nesta região não correspondem aos mesmos valores nas camadas mais distantes, a esta camada dá-se o nome de subcamada limite laminar, pois esta é caracterizada por uma variação praticamente linear da velocidade na direção principal do escoamento, como descrito por Porto (2006). Desta forma logo após a subcamada laminar encontra-se uma região de transição e na parte central do escoamento o núcleo turbulento. Dependendo da profundidade das rugosidades três situações podem ocorrer, que são destacadas por Porto (2006): Rugosidades da parede da tubulação estão totalmente cobertas pela subcamada limite laminar, as asperezas da parede ultrapassam a subcamada limite laminar e adentram o núcleo turbulento intensificando assim as turbulências, condição intermediária, somente as asperezas maiores alcançam o núcleo turbulento mas as menores são contidas na subcamada limite laminar. Porto (2006) denomina como número de Reynolds da rugosidade a equação o termo a seguir: 𝒖 ∗. 𝜺 𝝊 (34) 27 Sendo: u* = velocidade de atrito (m/s) v = viscosidade cinemática do fluido (m²/s) 𝜀 = rugosidade da parede do tubo (m) Na primeira situação o escoamento é denominado Escoamento Turbulento Hidraulicamente Liso e é caracterizado por números de rugosidade de Reynolds inferiores a 5. Na segunda situação o escoamento é denominado Escoamento Turbulento Hidraulicamente Rugoso e é caracterizado por números de rugosidade de Reynolds superiores a 70. Por fim, na terceira situação o escoamento é denominado Escoamento Turbulento Hidraulicamente Misto ou de Transição, apresentando números de rugosidade de Reynolds entre 5 e 70. 2.10.3. EXPERIMENTO DE NIKURADSE EM 1933 J. Nikuradse realizou um experimento com o intuito de determinar o fator de atrito para tubulações circulares. Conforme Silva (2016) descreve: “... Nikuradse criou uma rugosidade artificial com uso de areia em tubulações lisas a fim de levantar a relação entre vários parâmetros como fator de atrito, rugosidade relativa do material e número de Reynolds, criando um gráfico denominado Harpa de Nikuradse ...” (Silva, Quantificação da perda de carga em conexões de PVC soldável: Determinação dos coeficientes k e comprimentos equivalentes, 2016) A Harpa de Nikuradse a que se refere Silva (2016) se encontra a seguir, 28 Figura 5 - Harpa de Nikuradse, Porto - 2006 Através deste gráfico é possível determinar o fator de atrito a partir do número de Reynolds e da rugosidade relativa (𝜀/𝐷) delimitando cinco regiões descritas na figura 6 a seguir. Vale ressaltar que cada curva referente à uma rugosidade relativa, representada no gráfico anterior, se desprende da curva que caracteriza os tubos hidraulicamente lisos, ou seja, um tubo pode ser hidraulicamente liso para números de Reynolds menores e hidraulicamente rugoso para números de Reynolds maiores. A explicação para esse fato reside no fato de que, conforme Porto (2006), “...à medida que o número de Reynolds cresce, aumenta a turbulência e o transporte de quantidade de movimento entre as regiões de escoamento, diminuindo a espessura da subcamada limite laminar e expondo as asperezas da parede da tubulação ao núcleo turbulento do escoamento.” (Porto, Hidráulica Básica, p. 37, 2006) 29 Figura 6- Regiões do diagrama de Nikuradse, Porto (2006), p. 36 2.10.4. DETERMINAÇÃO DO FATOR DE ATRITO PARA O REGIME TURBULENTO 2.10.4.1. TUBOS LISOS Para os tubos lisos, onde a camada limite laminar encobreas asperezas da parede do tubo por completo, a equação para a determinação do fator de atrito é mostrada a seguir, conforme Porto (2006). 30 𝟏 √𝒇 = 𝟐. 𝒍𝒐𝒈( 𝑹𝒆𝒚. √𝒇 𝟐, 𝟓𝟏 ) (35) Sendo: f = fator de atrito Rey = número de Reynolds Esta equação é valida para 𝑢∗.𝜀 𝜐 < 5, correspondente a 𝑅𝑒𝑦.√𝑓 𝐷 𝜀 < 14,14 Sendo: u* = velocidade de atrito (m/s) 𝜀 = rugosidade da parede do tubo (m) 𝜐 = viscosidade cinemática do fluido (m²/s) 𝑢∗.𝜀 𝜐 = número de Reynolds da viscosidade 2.10.4.2. TUBOS RUGOSOS Para os tubos rugosos, onde a profundidade das asperezas ultrapassa a camada limite laminar e a camada transicional alcançando o núcleo turbulento, dessa forma, conforme Porto (2006) a ruptura da subcamada limite laminar torna as tensões tangenciais viscosas negligenciáveis. A equação para a determinação do fator de atrito em tubos rugosos é mostrada a seguir, conforme Porto (2006). 𝟏 √𝒇 = 𝟐. 𝒍𝒐𝒈( 𝟑, 𝟕𝟏. 𝑫 𝜺 ) (366) Sendo: f = fator de atrito D = diâmetro do tubo (m) 𝜀 = rugosidade da parede do tubo (m) Esta equação é valida para 𝑢∗.𝜀 𝜐 > 70, correspondente a 𝑅𝑒𝑦.√𝑓 𝐷 𝜀 > 198 31 Sendo: u* = velocidade de atrito (m/s) 𝜀 = rugosidade da parede do tubo (m) 𝜐 = viscosidade cinemática do fluido (m²/s) 𝑢∗.𝜀 𝜐 = número de Reynolds da viscosidade 2.10.4.3. TUBOS MISTOS Para os tubos mistos, onde as asperezas mais profundas ultrapassam a camada limite laminar porém as menores permanecem contidas na camada transicional e limite laminar, diversas fórmulas foram propostas desde 1939 por Colebrooke e White, no entanto com uma fórmula de difícil resolução mesmo para cálculos feitos no computador, posteriormente Moody em 1944 expandiu o trabalho e desenvolveu o diagrama de Moody, por fim Porto (2006) destaca a fórmula de Swamee-Jain a seguir, 𝒇 = 𝟎, 𝟐𝟓 (𝒍𝒐𝒈 ( 𝜺 𝟑, 𝟕. 𝑫 + 𝟓, 𝟕𝟒 𝑹𝒆𝒚𝟎,𝟗 )) 𝟐 (37) Para 10-6≤ 𝜀/𝐷 ≤ 10-2 e 5.10-3≤ Rey≤ 108, Sendo: f = fator de atrito Rey = número de Reynolds D = diâmetro do tubo (m) 𝜀 = rugosidade da parede do tubo (m) Conforme Silva (2016), as especificações de rugosidade absoluta equivalente não são de fácil determinação devido aos processos industriais de fabricação e acabamento a figura 7 a seguir fornece valores médios de rugosidade equivalente para diversos materiais. 32 Figura 7- Valores de rugosidade absoluta equivalente, Azevedo Netto, 1998 Os parâmetros de rugosidade existentes são valores numéricos resultados de integrações ou de operações matemáticas simples de perfis amostrais, dessa forma estão sujeitos a erros de medição e interpretação, porém, conforme Silva (2016), sua praticidade é inegável. 33 2.11. PERDA DE CARGA Através da análise experimental de um escoamento onde se mede o valor das parcelas da equação de Bernoulli em dois pontos observa-se que existe uma diferença de valor no somatório das parcelas, a essa diferença dá-se a nomenclatura de perda de carga. Conforme Azevedo Netto (1998) dependendo do tipo de escoamento a perda de carga é resultado de características específicas. No escoamento laminar a perda de carga se deve exclusivamente ao efeito da viscosidade do fluido. Junto à parede do tubo não há movimento das moléculas e dessa forma as camadas paralelas imediatamente superiores sofrem resistência das camadas imediatamente inferiores resultando assim em uma perda de energia. No caso do escoamento em regime turbulento, ainda segundo Azevedo Netto (1998), a perda de carga se deve tanto à viscosidade do fluido, como no escoamento laminar, quanto à inércia das moléculas de fluido. Devido ao movimento turbulento no escoamento as camadas anteriormente paralelas no escoamento laminar sofrem movimentos transversais resultando em moléculas de fluido em velocidades inferiores cruzando regiões com velocidades superiores e ocasionando choque que se tornam turbilhões. Esses choques também geram perda de energia e somados à resistência devido à viscosidade do fluido totalizam as perdas de carga no escoamento turbulento. Porto (2006) explica que a perda de carga nos escoamentos é resultado da transformação da energia do escoamento em calor que é dissipado e esta transformação pode ocorrer de três maneiras diferente. “ 1- Desenvolvimento de tensões cisalhantes entre camadas adjacentes de líquido, em um escoamento caracterizado por valores pequenos do número de Reynolds e definido como escoamento laminar. 2- Geração de um processo vorticoso turbulento, no qual parte da energia do escoamento é utilizada para criação, desenvolvimento e colapço dos vótices, e consequentemente dissipação por atrito viscosoentre partículas adjacentes. Tal vorticidade é resultado do contato entre regiões do escoamento com líquido em movimento rápido e regiões com líquido em movimento 34 lento ou estagnado na camada limite laminar, ou mesmo em zonas de separação do escoamento. Tal escoamento, em que a perda de carga ocorre dessa maneira, é classificado como escoamento turbulento. 3- Uma combinação entre os processos laminar e turbulento, anteriormente definidos, de dissipação de energia é chamado escoamento transicional. Este tipo de escoamento é instável, limitada a uma faixa estreita de baixos números de Reynolds, sem interesse prático, principalmente em se tratando de água cuja viscosidade é baixa, o que leva a maioria dos escoamentos nas tubulações comuns a serem turbulentos.” ( Porto, Hidráulica Básica, p. 27, 2006) As perdas de carga são divididas segundo Cengel e Çimbala (2012) em grandes perdas e perdas menores, sendo a primeiro resultado das perdas por viscosidade e/ou inércia nos tubos horizontais ao longo do escoamento e as menores sendo resultado das perdas de energia nas conexões utilizadas nos sistemas de escoamento. Também é utilizada a nomenclatura “perda contínua” e perda localizada, sendo a continua devido às perdas ao longo do escoamento e localizada devido às conexões, esta segunda nomenclatura será utilizada ao longo deste trabalho. 2.11.1. PERDA CONTÍNUA Devido à dificuldade de determinar o fator de atrito, como já visto anteriormente neste trabalho, foram desenvolvidas diversas equações empíricas calculando diretamente a perda de carga. Com o propósito de facilitar a estimativa em projetos reais. A forma determinada se consiste em calcular uma perda de carga unitária, denominada J (m/m), para um determinado conjunto de características, tais como o material do tubo e o estado de conservação do mesmo. De acordo com Silva (2016) a perda de carga unitária em um escoamento turbulento hidraulicamente rugoso varia em proporção com a velocidade média ao quadrado e depende apenas da rugosidade relativa. Ainda conforme Silva (2016) existem diversas formulações empíricas – equações de resistências – 35 que são aplicáveis à tubulações circulares. Em geral essas fórmulas obedecem à uma lógica que se apresenta a seguir: 𝑱 = 𝑲. 𝑸𝒏 𝑫𝒎 (38) Sendo: J = perda de carga unitária no tubo (m/m) K, n e m = são variáveis que mudam de acordo com a formulação adotada Q = vazão média do escoamento (m³/s) D = diâmetro da tubulação (m) Em geral o parâmetro K depende exclusivamente do material do tubo, pois depende do fator de atrito “f” e este está relacionado ao material que compõe o tubo e a turbulência gerada em seu interior. Tais fórmulas apresentam grande praticidade mas se faz necessário atentar para os limites de aplicação aos quais estas foram definidas. As equações mais comumente utilizadas, segundo Silva (2016), são as equações de Hazen-Willians, já abordada no trabalho, e a equação de Fair- Whipple-Hsiao, ambas serão descritas a seguir. Segundo Baptista (2010) a equação de Hazen-Willians (equação 30)encontra- se entre as mais utilizadas nos dimensionamentos hidráulicos sendo bastante utilizada na prática pela Engenharia Sanitária Americana, conforme Silva (2016). A recomendação para sua aplicação é para escoamentos turbulentos de transição, com fluido a temperatura de 20°C e com diâmetros iguais ou superiores a 100 mm, (SILVA, 2016). Para o cálculo de trechos curtos de tubulações com diâmetros, em geral, menores que 100 mm e com rede com presença de grande número de conexões, segundo Silva (2016), a fórmula de Fair-Whipple-Hsiao é a mais recomendada. Esta fórmula é inclusive recomendada pela ABNT NBR 5626:1998 para o cálculo de sistemas prediais. A equação varia de acordo com 36 o tipo de material adotado, a seguir estarão expressos os casos de aço galvanizado conduzindo água fria (equação 39), PVC rígido conduzindo água fria (equação 40) e cobre ou latão conduzindo água quente (equação 41). 𝑱 = 𝟎, 𝟎𝟎𝟐𝟎𝟐𝟏. 𝑸𝟏,𝟖𝟖 𝑫𝟒,𝟖𝟖 (39) 𝑱 = 𝟎, 𝟎𝟎𝟎𝟖𝟔𝟗𝟓. 𝑸𝟏,𝟕𝟓 𝑫𝟒,𝟕𝟓 (40) 𝑱 = 𝟎, 𝟎𝟎𝟎𝟔𝟗𝟐. 𝑸𝟏,𝟕𝟓 𝑫𝟒,𝟕𝟓 (41) Sendo: J = perda de carga unitária (m/m) Q = vazão média do escoamento (m³/s) D = diâmetro da tubulação (m) Como já citado anteriormente estas fórmulas possuem caráter empírico, ou seja, para cada situação específica se propõem um experimento que resulta em equações aplicáveis aos parâmetros estabelecidos para o ensaio, por este motivo não é encontrada facilmente ou até seja inexistente formulações desta natureza para os tubos de CPVC conduzindo água quente. Pode-se ainda utilizar o conceito de perda de carga unitária como a razão entre a perda de carga e o comprimento da tubulação onde esta perda de carga foi aferida resultando na equação a seguir. 𝑱 = ∆𝒉 𝑳 (42) onde J = perda de carga unitária (m/m) L = comprimento da tubulação (m) ∆ℎ = perda de carga (m) 37 2.11.2. PERDA LOCALIZADA Perdas de carga localizadas acontecem nas conexões utilizados nas redes de escoamento de fluido. Sempre que se deseja alterar o módulo, direção ou até a pressão do fluido em escoamento é necessário utilizar uma conexão, como: Joelhos, válvulas, Tês etc... Como visto anteriormente a natureza das perdas de energia é devido aos efeitos da viscosidade do fluido e inércia das moléculas com trajetórias transversais ao escoamento no caso de turbulências. As perdas de carga localizadas continuam sendo fruto das mesmas causas, porém, é necessário destacar que cada singularidade, ou acessório, gera em si uma turbulência, ou seja, em cada acessório tem-se movimentação transversal entre camadas que geram acentuação da quantidade de choques entre as moléculas do fluido. Como destaca Porto (2006), “Para a maioria dos acessórios ou conexões utilizados nas instalações hidráulicas, não existe um tratamento analítico para o cálculo de perda de carga desenvolvida. Trata-se de um campo eminentemente experimental, pois a avaliação de tais perdas depende de fatores diversos e de difícil quantificação.”(Porto, Hidráulica Básica, p. 69, 2006) Porto (2006) ainda destaca que apesar de ser chamada perda de carga localizada a influência de cada acessório é “sentida” pelo escoamento em trechos a montante e jusante como mostrado no exemplo de um diafragma (figura 8) a seguir. 38 Figura 8 - Adaptado de Hidráulica Básica, Porto (2006) 2.11.2.1. EXPRESSÃO GERAL DAS PERDAS LOCALIZADAS Conforme Silva (2016), pode-se expressar, de uma maneira generalizada, as perdas de carga localizada nas diversas conexões pela expressão a seguir. ∆𝒉 = 𝑲. 𝑽𝟐 𝟐. 𝒈 (43) Sendo: ∆ℎ = perda de carga na conexão (m) K = coeficiente de perda de carga V = velocidade média na seção (m/s) g = aceleração da gravidade (m/s²) Para cada conexão obtém-se, experimentalmente, um valor de K que, segundo Silva (2016), varia conforme a geometria da conexão, número de Reynolds, rugosidade do material e em algumas situações as condições do escoamento. Porto (2006) adverte que os valores de K devem ser tomados como valores médios pois existe variação nas determinações entre experimentos e fabricantes onde diversos fatores influenciam, tais como: acabamento interno, condições de instalação do ensaio etc... Existem tabelas na literatura que fornecem tais valores médios de K para cada acessório nos diferentes diâmetros e materiais. 39 2.11.2.2. MÉTODO DOS COMPRIMENTOS EQUIVALENTES Existe ainda outra forma para o cálculo da perda de carga localizada. Segundo Azevedo Netto (1998) “O método consiste em se adicionarem à extensão da canalização, para simples efeito de cálculo, comprimentos tais que correspondam à mesma perda de carga que causariam as peças especiais existentes na canalização. A cada peça especial corresponde um certo comprimento fictício e adicional. Levando-se em consideração todas as peças especiais e demais causas de perda, chega-se a um comprimento virtual de canalização.” (Azevedo Netto, Manual de Hidráulica, p. 125, 1998) Ou seja, para cada acessório estipula-se um comprimento de tubulação onde a perda distribuída seja igual em módulo à perda de carga na conexão. Conforme Silva (2016) como as perdas localizadas e distribuídas estão associadas à energia cinética tem-se como resultado de cálculos a expressão a seguir: 𝒍𝒆𝒒 𝑫 = 𝑲 𝒇 (44) Sendo: leq = comprimento equivalente (m) D = diâmetro do tubo (m) K = coeficiente da perda de carga f = fator de atrito Desta forma pode-se substituir o valor de K na equação 43 e têm-se: ∆𝒉 = 𝒇. 𝒍𝒆𝒒 𝑫 . 𝑽𝟐 𝟐. 𝒈 (45) Sendo: ∆ℎ = perda de carga no acessório (m) f = fator de atrito 40 leq = comprimento equivalente (m) D = diâmetro da tubulação (m) V = velocidade média na seção (m/s) g = aceleração da gravidade (m/s²) Está equação também é observada em Delforno (2006). Assim como abordado na perda de carga distribuída pode-se tratar o comprimento equivalente do ponto de vista da perda de carga unitária. O comprimento equivalente de certa conexão será a razão da perda de carga inerente ao acessório dividido pela perda de carga unitária associada ao sistema com as características semelhantes às da conexão como: diâmetro, rugosidade relativa, viscosidade do fluido, temperatura do fluido etc... Dessa forma tem-se a equação a seguir. 𝑳𝒆𝒒 = ∆𝒉𝒂𝒄𝒆𝒔𝒔ó𝒓𝒊𝒐 𝑱 (46) Onde, Leq = comprimento equivalente ∆ℎ = perda de carga localizada na conexão (m) J = perda de carga unitária (m) 41 3. PROPOSTA DE SISTEMA E METODOLOGIA DE ENSAIO A fundamentação teórica definida no capítulo anterior foi desenvolvida com o intuito de explicar de maneira resumida os conceitos que envolvem a perda de carga e mais especificamente a perda de carga localizada. Ela foi desenvolvida com o intuito de demonstrar a construção do pensamento lógico que trouxe as equações, dessa forma explicando as razões e significados da teoria específica da perda de carga. Com a definição dos tipos de escoamento pode-se entender que em tubos circulares com água fluindo sob pressão tem-se predominantemente o tipo turbulento com aproximação para incompressível. Através da fundamentação teórica demonstrou-se que as diversas equações, tais como: equações gerais do movimento, equação da continuidade, o estudo da energia, se relacionam produzindo resultados que se aproximam da realidade. Com os conceitos e formulações da equação da continuidade e da energia mecânica chegou-se à equação de Bernoulli que expressa bem o tópico que se quer ressaltar neste trabalho: a perda de carga. Através do estudo dos regimes de escoamento definidos pelo número de Reynolds pode- se entender melhor as razões pelas quais os fluidos em escoamento perdem energia sendo no regime turbulentoa composição das razões do regime laminar somadas às causas inerentes à turbulência do escoamento. As formas de definir o fator de atrito foram apresentadas com o intuito de demonstrar as dificuldades que se tem tido de definir analiticamente o cálculo das perdas e desta forma justificar o trabalho empírico proposto. Por ser o objetivo desse trabalho uma proposta de um protótipo de ensaio para quantificar a perda de carga das conexões mais comuns utilizadas nas instalações prediais de água quente, será utilizado como base os trabalhos de Silva (2016) e Delforno (2006). Ambos os trabalhos quantificaram a perda de carga para acessórios pelo método dos comprimentos equivalentes. Deve-se destacar que ambos os trabalhos foram realizados para tubulações de água fria, por isso serão necessárias propostas de adequações aos experimentos dos trabalhos citados 42 Conforme Silva (2016) propõe, a metodologia de ensaio será dividida em partes para melhor compreensão das etapas. Vale ressaltar que o experimento é, de certa forma, simples e é recomendado que seja realizado em um laboratório de mecânica dos fluidos por, muito provavelmente, já possuírem grande parte do material necessário. 3.1. CONSTRUÇÃO DO PROTÓTIPO DE ENSAIO EXPERIMENTAL Para realizar o experimento será necessário desenvolver um sistema que simule uma instalação hidráulica de água quente. O sistema proposto neste trabalho será baseado nos sistemas utilizados por Delforno (2006) e Silva (2016) com a adaptação para o ensaio de tubulação de água quente, adição de um mecanismo para aquecer a água e um hidrômetro para medir a vazão. Como as conexões que serão ensaiados possuem características diferentes o protótipo de ensaio terá duas configurações diferente, a diferença entre as configurações se dará na parte final do protótipo como será explicado a seguir. Para as conexões que não alteram a direção do fluxo a configuração do protótipo será chamada linear e está apresentada na figura 9 a seguir. Para as conexões que apresentam mudança de direção do fluxo ao serem utilizadas a configuração do protótipo será chamada angulada e está apresentada na figura 10 a seguir. As peças do protótipo a partir do primeiro encaixe dos módulos de ensaio são móveis, desta forma a diferença nas configurações será somente a posição dos suportes e reservatório final obedecendo o formato dos módulos de ensaio. 43 Figura 9- Croquis do protótipo de ensaio na configuração linear Figura 10 - Croquis do protótipo de ensaio na configuração angulada Tendo definido o local do reservatório será posicionada a bomba e conectada a esta o trecho retilíneo de CPVC medindo 1 m de comprimento entre a bomba e o aquecedor. Neste trecho serão posicionados o hidrômetro e o registro globo para que estes funcionem com a água na temperatura ambiente. Após a saída do aquecedor a uma distância de 0,3 m será posicionada uma das metades da união soldável. O experimento proposto contará com trinta e dois módulos de ensaio que serão construídos basicamente da mesma forma alterando somente 44 a conexão posicionada na parte central do módulo e o tubo que compõe o módulo de acordo com cada conexão. O item a seguir explanará detalhadamente cada um dos módulos de ensaio. O sistema deve estar fixo até a primeira união soldável para os módulos, após este ponto recomenda-se a utilização de cavalete devido à geometria distinta dos dois tipos de módulo de ensaio. Após a segunda união soldável tem-se o final da tubulação com 50 cm onde deve ser posicionado o segundo reservatório para armazenamento da água do ensaio e posterior reutilização em outros ensaios. A superfície de contato entre os tubos e a união deve ser lixada tomando-se o cuidado de não lixar a superfície interna que entrará em contato com o fluido, conforme figura 11. Após o lixamento a junção deve ser feita com adesivo instantâneo Aquatherm da Tigre. Figura 11 – Croquis com áreas que devem ser lixadas para uniões As medições de carga devem ser feitas no trecho do módulo de ensaio e para isso deve-se posicionar dois pontos de medição em cada módulo, um a montante do acessório e outro à jusante. O ponto posicionado a montante deve ter uma distância em torno de 50 cm do início da conexão e o ponto à jusante deve ser posicionado a 50 cm antes da última união, pois foi visto no referencial teórico que a influência da conexão na turbulência do escoamento 45 ultrapassa a região do acessório, desta forma ter-se-á medida a perda de carga total devido à cada conexão. Para as tomadas de pressão nos pontos em cada ensaio podem ser utilizadas conexões pneumáticas de engate rápido tubo reto de 6 mm, que permitem agilidade no processo e evitam possíveis vazamentos e fuga de pressão nos pontos, a conexão citada está demonstrada na figura 12 a seguir. Conectado em cada ponto de tomada pode-se utilizar um manômetro analógico ou outro dispositivo de tomada de pressão, conforme figura 13 a seguir. Figura 12 - Conexão pneumática de engate rápido, Silva (2016) Com o auxílio de uma furadeira com broca de 4 mm deve-se fazer um furo na posição de cada conexão e inseri-las conforme a figura 14 a seguir, nota-se que nas figuras 13 e 14 as tubulações são de PVC e não de CPVC como ocorrerá no experimento, porém como o intuito é exemplificar a conexão do manômetro no engate e o processo de instalação do engate o material do tubo não é determinante neste caso. 46 . Figura 13 - Manometro acoplado no engate rápido , Silva (2016) Figura 14 - Processo de instalação das conexões rápidas, Silva (2016) As conexões devem ser devidamente instaladas na parte central de cada módulo de ensaio, observando-se a qualidade da sua conexão com o tubo, para evitar fuga de pressão. Deve-se lixar as superfícies de contato na junção entre a conexão e o tubo e pode-se utilizar adesivo instantâneo para unir, conforme figura 11, sempre tomando cuidado para não lixar além da superfície de contato, pois isso poderia aumentar a turbulência do fluido e gerar um resultado errôneo. 47 3.1.1. MÓDULOS DE ENSAIO A seguir serão apresentados detalhadamente os trinta e dois módulos de ensaio propostos pelo trabalho. 3.1.1.1. MÓDULOS DE TUBOS LINEARES SEM CONEXÃO Estes módulos são de suma importância para o experimento pois eles possibilitarão determinar a perda de carga unitária devido ao trecho linear nos tubos de diâmetros compatíveis aos ensaiados. Serão três módulos de ensaio com tubos de 28, 22, 15 mm de diâmetro. A seguir estão representados graficamente cada um destes módulos. Figura 15 - módulos de ensaio de tubos lineares Nas duas extremidades dos três módulos são posicionadas parte de uniões soldáveis para que sejam acoplados ao sistema e sejam ensaiados, é 48 importante que as uniões soldáveis em todos os módulos sejam instaladas seguindo o mesmo sentido para se conectarem corretamente ao sistema. Cada módulo de ensaio será composto por tubos de CPVC medindo 2,50 m de comprimento com conexões pneumáticas de engate rápido instaladas a uma distância de 50 cm das extremidades. Estas conexões pneumáticas serão instaladas conforme explicado anteriormente. No caso dos tubos de 22 e 15 mm buchas de redução deverão ser utilizadas para reduzir o diâmetro utilizado no sistema para o do tubo e estarão posicionadas logo após e imediatamente antes das uniões sodáveis, conforme mostra a figura 16 a seguir. Figura 16 - Croquis dos módulos de ensaio 3.1.1.2. MÓDULOS DE BUCHAS DE REDUÇÃO Nestes módulos serão ensaiadas as perdas de carga devido às conexões de redução de diâmetro. Serão três módulos de ensaio com tubos de CPVC medindo 2,50 m e montados de maneira semelhante aos módulos de tubo linear com configurações de posição e distância de uniões,
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