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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PESCA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PESCA LEILAMARA DO NASCIMENTO ANDRADE UTILIZAÇÃO DA VINHAÇA COMO MEIO DE CULTIVO PARA A MICROALGA Chlorella sp E PARA CIANOBACTÉRIA Spirulina platensis. FORTALEZA-CE -2010- LEILAMARA DO NASCIMENTO ANDRADE UTILIZAÇÃO DA VINHAÇA COMO MEIO DE CULTIVO PARA A MICROALGA Chlorella sp E PARA CIANOBACTÉRIA Spirulina platensis. Dissertação submetida à coordenação do Programa de Pós-graduação em Engenharia de Pesca da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Engenharia de Pesca. Orientador: Prof. Dr. Wladimir Ronald Lobo Farias FORTALEZA – CE -2010- A568u Andrade, Leilamara do Nascimento Utilização da vinhaça como meio de cultivo para a microalga Chlorella sp e para cianobactéria Spirulina platenis / Leilamara do Nascimento Andrade, 2010. 49 f. ;il. color. enc. Orientador: Prof. Dr. Wladimir Ronald Lolo Farias Área de concentração: Engenharia de Pesca Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Ceará, Centro de Ciências Agrárias. Depto. de Engenharia de Pesca , Fortaleza, 2010. 1. Vinhaça 2. Spirulina 3. Chlorella I. Farias, Wladimir Ronald Lolo (orient.) II. Universidade Federal do Ceará – Pós-Graduação em Engenharia de Pesca III. Título CDD 639.2 LEILAMARA DO NASCIMENTO ANDRADE UTILIZAÇÃO DA VINHAÇA COMO MEIO DE CULTIVO PARA A MICROALGA Chlorella sp E PARA CIANOBACTÉRIA Spirulina platensis. Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Pesca da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia de Pesca. Aprovada em ___/___/______. BANCA EXAMINADORA ___________________________________________ Prof. Dr. Wladimir Ronald Lobo Farias (Orientador) Universidade Federal do Ceará -UFC ___________________________________________ Prof. Dr. Marcelo Vinícius do Carmo e Sá Universidade Federal do Ceará -UFC ___________________________________________ Profa. Dra. Rosemeiry Melo Carvalho Universidade Federal do Ceará -UFC Aos meus Pais AGRADECIMENTOS Ao CNPq pelo apoio financeiro com a manutenção da bolsa de auxílio. Aos professores do Departamento de Engenharia de Pesca e em especial ao meu Orientador Professor Dr. Wladimir Ronald Lobo Farias, o qual me apoiou, orientou e incentivou. Aos colegas da turma de mestrado, pelas reflexões, críticas e sugestões dadas no decorrer do curso. Em especial, agradeço a Professora Dra. Rosemeiry Melo Carvalho pela amizade, apoio e conselhos que enriqueceram minha formação. Aos meus familiares que foram a minha base ética e educacional, aos meus queridos pais que me apoiaram e ampararam nos momentos difíceis e que me incentivaram a continuar meus estudos, sem eles não teria alcançado meus objetivos. Ao colega Jefferson pela ajuda em alguns trabalhos acadêmicos e durante a realização do experimento do qual resultou esta dissertação. Aos colegas Kelma e Fernandes, que me apoiaram e ajudaram. “Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo, nunca se arrepende”. (Leonardo da Vinci). RESUMO A vinhaça é o resíduo obtido após a destilação fracionada da cana-de-açúcar e caracteriza-se por apresentar em sua composição uma alta carga de matéria orgânica tornando-se um agente poluente e de caráter preocupante, visto que pode modificar as características do solo, poluir lençóis freáticos e águas superficiais. No entanto, a vinhaça possui um grande valor como fertilizante e já é utilizada nas próprias lavouras de cana-de-açúcar, podendo servir como meio de cultura para vários organismos. O atual trabalho teve como objetivo avaliar o cultivo da microalga Chlorella sp em diferentes concentrações de vinhaça, bem como extrair os lipídios da biomassa produzida. A vinhaça foi obtida de uma indústria de cana-de-açúcar do Estado do Ceará, onde é armazenada em tanques de acumulação, enquanto a microalga Chlorella sp foi isolada de cultivos da cianobactéria Spirulina (Arthrospira) platensis. Foram preparados meios de cultivo com as concentrações de 0,13; 0,16; 0,20; 0,23; 0,27; 0,30; 0,60 e 0,70% de vinhaça diluída em água contendo 10 g L-1 de bicarbonato de sódio. Para a determinação da frequência de utilização da vinhaça no meio de cultivo, a mesma foi administrada diariamente, em dias alternados e a cada dois dias, utilizando uma concentração de 0,87%. As curvas de crescimento populacional das microalgas foram obtidas através das contagens celulares em câmara de Newbauer e as equações ajustadas pela função polinomial do programa Origin 6.0. Os resultados mostraram que a microalga Chlorella sp apresentou um melhor desenvolvimento com 0,2% de vinhaça quando a mesma foi administrada ao meio de cultivo em dias alternados. A redução da concentração de bicarbonato para 5 g L-1 resultou em morte da cultura devido à acidificação do meio. A obtenção da biomassa algal por floculação com NaOH 2N não foi tão eficiente devido ao elevado pH do meio de cultivo, sendo obtido um rendimento de apenas 0,08 g L-1. Por outro lado, a biomassa seca apresentou um elevado teor de lipídios totais alcançando 17%. Desta forma, a microalga Chlorella sp apresenta um grande potencial para utilizar a vinhaça como nutriente principal do meio de cultivo e devido à grande disponibilidade de água salgada e salobra no Estado do Ceará, poderá ser utilizada para o tratamento deste efluente em larga escala, havendo, no entanto, a necessidade de uma análise econômica dos custos com outros nutrientes necessários. Palavras-chave: Vinhaça. Uso. fertilzante. ABSTRACT Vinhaça is the residue obtained after the fractionated distillation of sugar cane and is characterized for presenting in its composition a high content of organic substances becoming a preoccupying pollutant agent, since it can modify the characteristics of the ground, subterranean and superficial waters. However, vinhaça possess a great value as fertilizing and it is already used in the proper sugar cane farmings and can also be used as culture medium for other organisms. The current work had as objective to evaluate the culture of the micro algae Chlorella sp in different concentrations of vinhaça, as well as to extract the oil of the produced biomass. Vinhaça was gotten of a sugar cane industry of the Ceará State, where it is stored in tanks of accumulation, while the micro algae Chlorella sp was isolated from cultures of the cianobacterium Spirulina (Arthrospira) platensis. Culture mediums were prepared with the concentrations of 0.13; 0.16; 0.20; 0.23; 0.27; 0.30; 0.60 and 0.70% of vinhaça diluted in water containing 10 g L-1sodium bicarbonate. For the determination of the frequency of vinhaça use in the culture medium, it was administered daily, in alternating days and to each two days, using a 0,87% concentration. The micro algae population growth curves were obtained through the cellular counting in Newbauer chamber and the equations were adjusted by the polynomial function of Origin 6.0 software. The results showed that Chlorella sp presented a better development with vinhaça 0,2% administered to the culture medium in alternating days. The reduction of the bicarbonate concentration to 5 g L-1 resulted in death of the culture due the culture medium acidification. The algal biomass attainment by flocculation with NaOH 2N was not so efficient due to the high culture medium pH and it was obtained an income of only 0,08 g L-1. On the other hand, the dry biomass presented a high content of total oils reaching 17%. In such a way, Chlorella sp micro algae presents a great potential to use vinhaça as the main nutrient of the culture medium and due to the great availability of salty and brackish water in the Ceará State, a large scale production of this micro algae could be used for the treatment of this effluent although it is necessary an economical analyses of the other required nutrients costs. Key words: Vinhaça.Use. fertilizing. LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 Fluxograma do processo de produção de álcool (Modificado de Szymanski et al, 2008)........................................................................... 2 FIGURA 2 Tanque de acumulação de vinhaça na Fazenda da Indústria Colonial, Aquiraz– CE.......................................................................................... 13 FIGURA 3 Microalga Chlorella sp........................................................................... 14 FIGURA 4 Aquários de 50 L utilizados para o cultivo das microalgas.................... 15 FIGURA 5 Curvas de crescimento da microalga Chlorella sp cultivada em meio de cultivo enriquecido com vinhaça nas concentrações de 0.13 (A), 0,16 (B) e 0,20% (C).............................................................................. 23 FIGURA 6 Curvas de crescimento da microalga Chlorella sp cultivada em meio de cultivo enriquecido com vinhaça nas concentrações de 0.23 (A), 0,27 (B) e 0,30% (C).............................................................................. 26 FIGURA 7 Curva de crescimento da microalga Chlorella sp aclimatada em meio de cultivo enriquecido com 0,2% de vinhaça........................................ 27 FIGURA 8 Curva de crescimento da microalga Chlorella sp cultivada em meio de cultivo enriquecido com 0,2% de vinhaça e 5 g L-1 de bicarbonato de sódio................................................................................................. 28 FIGURA 9 Curva de crescimento da cianobactéira Spirulina platensis cultivada em meio de cultivo enriquecido com 0,87% de vinhaça e 10 g L-1 de bicarbonato de sódio. 29 LISTA DE TABELAS 1 Valores mínimos, médios e máximos do Ph, temperatura, nutrientes e de outros componentes encontrados na vinhaça...................................................... 7 2 Comparação entre a composição lipídica de alguns alimentos usuais e de algumas microalgas (%Massa seca).................................................................... 11 3 Amônia, Fosfato, Nitrito e Ph medidos em vinhaça e em meio químico utilizado no cultivo da microalga Spirulina platensis e Chlorella sp................. 19 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 1 2 Objetivo geral 4 2.1 Objetivos específicos 4 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 5 3.1 Conceitos gerais 5 3.2 Vinhaça 6 3.3 Microalgas 8 3.3.1 Chlorella 9 3.4 Lipídios 10 3.4.1 Aplicações de lipídios extraídos de microalgas 10 3.4.1.1 Biocombustível 10 3.4.1.2 Inclusão na ração para peixes 12 4 MATERIAL E MÉTODOS 13 4.1 Obtenção da vinhaça 13 4.2 Seleção da microalga 13 4.3 Obtenção dos inóculos das microalgas 14 4.4 Determinação da freqüência do uso de vinhaça no meio de cultivo 14 4.5 Determinação da melhor concentração de vinhaça no meio de cultivo 15 4.6 Determinação das curvas de crescimento das microalgas em meio de cultivo enriquecido com vinhaça 16 4.7 Floculação e secagem da biomassa de microalgas 16 4.8 Determinação de lipídios na biomassa de microalgas 16 4.9 Análise de nutrientes 17 4.9.1 Determinação de amônia 17 4.9.2 Determinação de Nitrito 18 4.9.3 Determinação de fosfato 18 5 ANÁLISES ESTATÍSTICAS 18 6 RESULTADOS E DISCUSSÃO 19 6.1 Análise da vinhaça 19 6.2 Uso de vinhaça para o enriquecimento do meio de cultivo para Chlorella sp 22 6.3 Utilização da vinhaça como meio de cultivo para a cianobactéria Spirulina platensis 29 6.4 Floculação e Secagem 30 6.5 Determinação da concentração lipídica na microalga chlorella sp.. cultivada com vinhaça. 31 7 CONCLUSÃO GERAL 33 7.1 Conclusões específicas 33 8 RECOMENDAÇÕES PARA FUTUROS TRABALHOS 34 9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 35 1 INTRODUÇÃO O Brasil é hoje o principal produtor de cana-de-açúcar do mundo e seus produtos são amplamente utilizados na produção de açúcar, álcool combustível e biodiesel. A cana-de- açúcar, assim como o petróleo, gera um alto número de produtos secundários com o importante diferencial de serem biodegradáveis e não agredirem tanto o meio ambiente. Dos processos de extração dos derivados da cana-de-açúcar provêm resíduos como as cinzas, o bagaço, a torta de filtro e a vinhaça (LYRA, 2002). Vinhaça ou vinhoto é um resíduo que sobra após a destilação fracionada do caldo de cana-de-açúcar para a obtenção do álcool etílico (Figura 1). Para cada litro de álcool produzido são produzidos treze litros de vinhaça. Quando a vinhaça é lançada nos rios constitui uma séria fonte de poluição. No entanto, pode ser aproveitada como biofertilizante ou na produção de biogás, já que possui como principal constituinte a matéria orgânica, sendo uma fonte muito rica de carbono solúvel (PRATA, 2001). A quantidade de vinhaça produzida no Brasil desde o início do proalcool gerou a necessidade de se desenvolver meios viáveis de utilização e tratamento da mesma, assim sua utilização para o cultivo de microalgas torna-se uma opção economicamente agradável e sustentável ambientalmente (SOUZA, 2007). Segundo Haines (1978), efluentes que possuem matéria orgânica e nutrientes em abundância, principalmente a amônia, são ideais para o desenvolvimento de macroalgas e microalgas que absorvem os nutrientes dissolvidos para seu crescimento e também para acúmulo como reserva na forma de aminoácidos e pigmentos. Muitos meios de cultivos alternativos podem ser utilizados para a produção de microalgas e macrófitas, dentre eles o esgoto doméstico (PIPES; GOTAAS, 1960), o lodo digerido (WONG; LAY, 1980), águas residuais da produção de azeite de oliva (SÁNCHEZ et al., 2001), resíduos da suinocultura (TRAVIESO et al., 2006) e outros despejos industriais (JUSSIAK, DUSZOTA; MYCIELSKI, 1984). A produção de microalgas com a utilização de resíduos agroindustriais se baseia, na absorção dos nutrientes presentes nestes resíduos, porém não é uma prática rotineira nos cultivos em escala comercial que necessitam de meios de cultivo com formulação bem definida, tornando os cultivos extremamente caros (BORGHETTI, 2009). Do ponto de vista ecológico as microalgas tem papel fundamental na cadeia alimentar, constituindo uma importante fonte de alimentação para diversas larvas de peixes, crustáceos e moluscos (LAVENS; SORGELOOS, 1996). Figura 1 – Fluxograma do processo de produção de álcool (Modificado de Szymanski et al, 2008). As microalgas do gênero Chlorella podem ser exploradas comofonte de compostos com alto valor nutricional e comercial, como proteínas, sais minerais e ácidos graxos poliinsaturados para a formulação de alimentos e rações e ainda podem ser utilizadas para fins terapêuticos (MARTINS et al, 2008). As microalgas são motivo de grande interesse em pesquisas, devido ao relevante potencial em recursos a serem aproveitados. Além disso, se destacam por apresentar alta produtividade e rápida velocidade de crescimento, podendo duplicar sua biomassa em curto CANA PREPARO EXTRAÇÃO CALDO TRATAMENTO DE CALDO FERMENTAÇÃO DESTILAÇÃO ÁLCOOL VINHAÇA período de tempo, o que gera resultados rápidos, o que pode vir a tornar o cultivo vantajoso economicamente. De todos os custos associados à produção de microalgas, o meio de cultivo é o componente mais caro do processo (MARTINS et al, 2008). Os custos com reagentes químicos para elaboração do meio de cultivo constituem um dos maiores problemas do cultivo de microalgas (SIPAÚBA-TAVARES, 1995), podendo representar de 40 a 60% do custo total de produção (COZZA, 1999). As microalgas podem apresentar um conteúdo de lipídios totais que pode variar de acordo com a espécie, devido a modificações nos níveis de nutrientes do meio de cultivo e também com o tipo de cultivo empregado na produção da biomassa (ANDERSEN et al., 1997). Illman et al. (2000) mostraram que a deficiência de nitrogênio pode aumentar em até 63% o conteúdo lipídico da microalga verde Chlorella. Assim, o cultivo de microalgas em vinhaça poderia ser uma forma de evitar a poluição causada por seu despejo nos solos e águas e aproveitar seus nutrientes para a produção de biomassa algal que poderá ser utilizada na alimentação animal e possivelmente humana, bem como na produção de biocombustíveis. 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral O objetivo do presente trabalho foi adaptar e cultivar as microalgas Chlorella sp e Spirulina (Arthrospira) platensis em um meio de cultivo alternativo enriquecido com vinhaça. 2.2 Objetivos específicos a) Preparar meios de cultivo com diferentes concentrações de vinhaça como fonte de nutrientes; b) Selecionar a melhor espécie de microalgas para o cultivo em vinhaça diluída; c) Construir as curvas de crescimento das microalgas através da contagem celular; d) Separar a biomassa algal do meio de cultivo; e) Avaliar o teor de lipídios totais da biomassa algal. 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 Conceitos gerais À medida que a população aumenta, aumenta também o crescimento de patógenos e esgotam-se os recursos não renováveis (FUTUYMA, 1982). Aliam-se ainda a esses problemas a falta de terras cultiváveis e a fome, barreiras estas que vêm sendo quebradas graças à obtenção de proteínas a partir de cultivos de microorganismos, denominadas de proteínas unicelulares (REHM; REED, 1995). Microalgas, fungos e bactérias são as principais fontes de proteínas unicelulares (SINGH, 1998). Os efeitos negativos da modernização agrícola sobre a sociedade e a natureza vêm ocasionando mudanças nas instituições de ensino brasileiras, bem como em educadores, pesquisadores e extensionistas, que vêm inovando na forma de entender e de participar da produção e da socialização de conhecimentos, possibilitando uma integração destes conhecimentos com a sociedade agrícola (PETERSEN et al., 2009). Atualmente a academia, vem desenvolvendo pesquisas em parceria com a própria sociedade como pode ser observado no trabalho de Cavalcante et al (2009), que desenvolveram no semi-árido nordestino, dentro de uma comunidade agrícola, um sistema de aqüicultura integrado com tilápias do Nilo, Oreochromis niloticus, e a microalga Spirulina platensis, com uma completa reutilização da água, evitando assim o descarte de efluentes. Outro exemplo foi o trabalho desenvolvido por Maia et al (2007) no distrito de Mutuca, no município de Pesqueira - PE, que realizaram um estudo com o intuito de desenvolver tecnologias, por meio de estudos teóricos e experimentais com vistas ao aproveitamento de recursos hídricos e seus múltiplos usos, apropriados para a região semi- árida que, na maioria das vezes, é deficitária na questão água. A aqüicultura busca tecnologias voltadas para uma sustentabilidade ambiental e econômica, através de vários experimentos como o desenvolvido por Reidel et al (2005) que avaliaram o desenvolvimento da tilápia do Nilo em efluentes de frigorífico, tratado em um sistema com a macrófita aquática Eichhornia crassispes. Em outro trabalho, Diniz et al., (2005) realizaram estudos no açude Bodocongó – PB para avaliar a eficiência de macrófitas aquáticas na redução das concentrações de nutrientes, matéria orgânica e indicadores microbiológicos de poluição e relataram reduções acentuadas após a passagem dos afluentes por duas áreas com macrófitas. A aqüicultura integrada com peixes, ostras e macroalgas também podem ser mais uma ferramenta tecnológica no desenvolvimento de uma aqüicultura sustentável (CAVALCANTE, 2006). Trabalhos inovadores que buscam a sustentabilidade ambiental, a reutilização da água e a interdisciplinaridade de conhecimentos, são bastante promissores, como o realizado por Abrão et al., (2005) que utilizaram o efluente tratado de esgoto municipal na agricultura representando uma oportunidade na conservação do recurso água. A agricultura irrigada tem sido uma importante estratégia para a otimização da produção de alimentos e é, sem dúvida, a principal consumidora de água potável no Brasil. No entanto, a agricultura é responsável também pelo maior desperdício de água que pode chegar a 50% e também pela sua contaminação, tanto por falta de saneamento básico como por facilitar a ocorrência de erosões (ANA, 2004). Existem, portanto uma gama de experimentos que tentam resolver problemas atuais em diversas áreas de conhecimento, dentre elas a aqüicultura e a agricultura. 3.2 Vinhaça A opção do Brasil pelo álcool obtido da cana-de-açúcar, como alternativa aos combustíveis derivados do petróleo, tem gerado, como resíduo da produção do mesmo, um volume excessivo de vinhaça. Devido ao seu alto teor em matéria orgânica e mineral, a vinhaça é, por um lado, um agente altamente poluidor e, por outro, uma fonte rica de nutrientes, podendo ser criadas tecnologias que utilizem seu potencial fertilizante, diminuindo assim sua carga poluidora (OLIVEIRA, 1988). A utilização de vinhaça para fertirrigação é uma forma de utilização bastante empregada. Brito et al., (2005) avaliaram os teores de potássio e sódio após a aplicação da vinhaça na irrigação e observaram um aumento do potássio e diminuição do sódio nos solos. Segundo Leite (1999), a vinhaça substitui a adubação mineral como fonte de potássio para a cana-de-açúcar e ainda diminui o custo com o adubo mineral. A vinhaça apresenta também altas concentrações de nitrato e sua utilização na irrigação altera na maioria dos casos as características do solo e modifica suas propriedades químicas, favorecendo o aumento da disponibilidade de alguns elementos para as plantas. No entanto, a aplicação de vinhaça também pode promover modificações nas propriedades físicas do solo e estas alterações podem ocasionar uma elevação da capacidade de infiltração da água no mesmo, aumentando a probabilidade de lixiviação de íons, de forma a contaminar o lençol freático. Quando em concentrações elevadas, pode promover o efeito contrário e causar a dispersão de partículas do solo, com redução da taxa de infiltração de água e elevação do escoamento superficial, possibilitando a contaminação de águas superficiais (SILVA et al, 2007). A composição da vinhaça varia conforme o método de destilação do álcool, no entanto, os parâmetros não variam muito (Tabela 1). A vinhaça tem comocaracterística possuir uma grande quantidade de matéria orgânica e, portanto, grande potencial como fertilizante (SILVA et al, 2007). Tabela 1 – Valores mínimos, médios e máximos do pH, temperatura, nutrientes e de outros componentes encontrados na vinhaça. Parâmetros Mínimo Média Máximo Ph 3,50 4,15 4,90 Temperatura 65 89 111 Sólidos Tot. (mg L-1) 10780 25155 38680 N Total (mg L-1) 90 357 885 Amônia (mg L-1) 1 11 65 P Total (mg L-1) 18 60 188 K Total (mg L-1) 814 2035 3852 Cálcio (mg L-1) 71 515 1096 Magnésio (mg L-1) 97 226 456 Sódio (mg L-1) 8 52 220 Manganês (mg L-1) 1 5 12 Ferro (mg L-1) 2 25 200 Cloreto (mg L-1) 480 1219 2300 Sulfato (mg L-1) 790 1538 2800 Sulfito (mg L-1) 5 36 153 Etanol (%) 0,01 0,09 1,19 Levedura (%) 0,38 1,35 5,00 Glicerol (%) 0,26 0,59 2,5 Fonte: Elias Neto; Nakahodo (1995). 3.3 Microalgas Muitas microalgas são utilizadas para produção de alimentos por produzirem diversas substâncias, como vitaminas, sais minerais, pigmentos, lipídios e ácidos graxos. As principais aplicações dos ácidos graxos de microalgas são no enriquecimento de rações para peixes e como fonte de ácidos graxos essenciais na dieta humana (MORAIS; COSTA, 2008). A produção comercial de microalgas teve início na década de 60 com espécies dos gêneros Chlorella e Spirulina utilizadas como suplementos dietéticos, Dunaliella salina para obtenção de β-caroteno e diversas outras espécies para aplicação como alimento na aqüicultura. Nessa mesma década, as pesquisas em biotecnologia de microalgas concentravam-se na reutilização de águas residuárias como meio de cultivo e da biomassa como fonte de alimento (BENEMAN, 1990). No entanto, sua utilização como alimento já era realizada há várias décadas por povos nativos, como o consumo da Spirulina pelos Astecas, que colhiam a mesma no lago Texcoco, no México (DILLON, 1995). O valor nutricional de qualquer espécie de alga para um organismo em particular depende do tamanho da célula, da sua digestibilidade, produção de compostos tóxicos, e composição bioquímica. No entanto, existem diferenças marcantes na composição das diferentes espécies de algas e as proteínas são sempre as maiores constituintes, seguidas usualmente dos lipídios e carboidratos. Expressos em percentagem do peso seco, os níveis médios de proteínas, lipídios e carboidratos, nas microalgas, são de 12-35%, 7.2-23%, e 4.6- 23%, respectivamente (COUTTEAU, 1996). Belay (1993) evidenciou haver correlação entre a ingestão de pequenas quantidades de biomassa microalgal dos gêneros Chlorella, Scenedesmus e Spirulina e respostas no sistema imunológico de animais, estimulando a resposta imune não-específica. Vários metabólitos vêm sendo extraídos e caracterizados a partir de microalgas, mostrando efetiva ação antiviral e antineoplásicas (BERTOLDI et al, 2008). 3.3.1 Chlorella As algas verdes (Chlorophyta) apresentam como características a predominância das clorofilas a e b sobre os carotenos e possuem também reservas fotossintéticas como o amido cuja formação está associada a pirenóides e lipídios. As algas desta divisão estão divididas em oito ordens dentre elas a ordem Cholrococcales, que se caracterizam por apresentar células não flageladas, solitárias ou em colônias. As microalgas do gênero Chlorella pertencem a esta ordem. As espécies deste gênero são unicelulares com 2 a 12 nanômetros, possuem um alto teor de proteínas e a maioria é de água doce (LIMA et al, 1987). As microalgas do gênero Chlorella são, possivelmente, as mais utilizadas como alimento, e também a mais utilizada nas pesquisadas, com milhares de artigos já produzidos. Esse interesse deve-se à sua composição bioquímica possuir 53% de proteínas, 23% de carboidratos, 9% de lipídios e 5% de minerais. A Chlorella possui o certificado de alimento geralmente reconhecido como seguro (G.R.A.S.) concedido pelo Departamento de Alimentação e Medicamentos (F.D.A.), que a libera para consumo humano nos Estados Unidos e também para quase totalidade dos demais países, incluindo o Japão e toda a Europa, sem nenhum risco a saúde (HENRIKSON, 1994). Uma propriedade interessante da Chlorella sp é seu fitonutriente denominado fator de crescimento de Chlorella (CGF), importante para a manutenção e rejuvenescimento das células. Por possuir muitas vitaminas e minerais, as células de Chlorella podem nutrir o organismo e ao mesmo tempo ajudar na desintoxicação (MERCHANT et al., 2002). Segundo Oliveira (2008), a microalga Chlorella vulgaris representa uma opção atrativa para o desenvolvimento de complementos nutricionais devido à presença de substâncias biologicamente ativas presentes na biomassa celular. 3.4 Lipídios de Microalgas Os lipídios são substâncias orgânicas oleosas ou gordurosas, insolúveis em água, extraídas das células e tecidos por solventes não polares como éter, clorofórmio e benzeno (Vieira, 2008). Para a produção de biodiesel, os lipídios extraídos das microalgas precisam passar por um processo de esterificação (DELGADO et al., 2009). A gordura é considerada como a principal forma de armazenagem de energia corporal, dadas as suas características hidrofóbicas, a facilidade do acondicionamento das moléculas de triglicerídeos no interior das células e a quantidade de energia fornecida pelas mesmas em relação aos carboidratos e proteínas. Os lipídios participam de diversas outras funções no organismo, como na constituição da parede celular, formação dos hormônios esteróides, produção de mensageiros intra e extra-celulares, entre outras (LEHNINGER et al., 1995). 3.4.1 Aplicações de lipídios extraídos de microalgas 3.4.1.1 Biocombustível Quando Rudolf Diesel idealizou uma fonte de combustível vegetal para um motor à combustão, não imaginou a gama de possibilidades tecnológicas que viriam a seguir. Em 1900, em uma exposição internacional na França, o inventor utilizou óleo de amendoim para o funcionamento de um motor, surgindo neste momento o primeiro biocombustível. O biodiesel ganha, a cada dia, mais importância devido o aumento do preço do petróleo e por apresentar inúmeras vantagens, dentre elas, a de ser ecologicamente correto, além de ajudar a lubrificar o próprio motor e diminuir seu desgaste, podendo ser utilizado em quase todos os motores sem a necessidade de muitas alterações e ser mais seguro do que o óleo diesel convencional (HESS, 2003). Existe um grande potencial para a produção de biocombustíveis a partir da biomassa de microalgas (MORAIS; COSTA, 2008; MARTINS et al, 2008). Estudos recentes demonstram que apenas 0,3% da área do planeta seria suficiente para cultivar microalgas com 50% de lipídios totais em peso seco, cuja biomassa poderia produzir biodiesel suficiente para repor todo o combustível usado em transporte no mundo. Além disto, a terra utilizada para o cultivo de microalgas pode ser desértica (TEIXEIRA, 2006), com baixo valor econômico para outros usos e com alta irradiação solar, podendo ainda ser utilizados resíduos de outras produções, como o CO2, oriundo de processos industriais (BENNEMANN, 1997) e resíduos orgânicos (VICHEZ, 1997) para acelerar o desenvolvimento das mesmas. No entanto, o rendimento lipídico das microalgas pode variar dependendo do método de extração utilizado. Matos et al. (2007) obtiveram de um cultivo de Chlorella sp com fertilizantes agrícolas e água do mar autoclavada, 49% de lipídios totais, através do método de Bligh; Dyer (1959). A tabela 2 apresenta os valores de lipídios totais de algumas microalgas e de outros alimentos. Segundo Becker et al. (2004), o conteúdo de lipídios encontrados nas microalgas podem variar entre 1 a 40% do peso seco e, em certas condições de cultivo, podem alcançar até 85%. Tabela 2 – Comparação entre a composição lipídica de alguns alimentos usuais e de algumas microalgas(%Massa seca) Amostras Lipídios Carne 34 Leite 28 Arroz 2 Soja 20 Chlorella sp 28 - 32 Botryococcus braunii 25 -75 Dunaliella primolecta 23 Tetraselmis sueccica 15 - 23 Phaeodactylum tricornutum 20 - 30 Scenedesmus obliquus 12-14 Schizochytrium sp. 50 - 77 Nitzschia sp. 45 – 47 Fonte: Elaborado com base em Chisti (2007). 3.4.1.2 Inclusão na ração para peixes Dietas com 20% de lipídios oferecem ótimos resultados para o desenvolvimento de algumas espécies de peixes e sua composição em ácidos graxos tem influência na composição dos ácidos graxos do tecido do peixe (DESHIMARU et al, 1979). Segundo McNevin et al. (2004), a suplementação com fosfolipídios e colesteróis na dieta de larvas de Litopenaeus vannamei pode melhorar potencialmente seu crescimento quando em baixas salinidades. A exigência nutricional de peixes pode apresentar grande variação, no entanto, dois grupos de lipídios, o ômega seis e o ômega três, são muito importantes e devem estar presentes na alimentação destes animais. A inclusão de até 10% de lipídios nas rações para peixes barateia o custo das mesmas (DUARTE, 2008). Por outro lado, Meurer et al (2002) concluíram que os lipídios não são boa fonte de energia, como o amido, para o crescimento de peixes de água doce e recomendam um nível de apenas 3,0% de lipídios na ração para tilápia do Nilo, na fase da alevinagem. 4 MATERIAL E MÉTODOS 4.1 Obtenção da vinhaça Para preparar o meio de cultivo foi utilizada a vinhaça cedida pela Indústria Colonial, localizada em Aquiraz – CE, onde é armazenada em um tanque de acumulação (Figura 2). Figura 2 – Tanque de acumulação de vinhaça na Fazenda da Indústria Colonial, Aquiraz - CE. 4.2 Seleção da microalga Foram utilizadas duas espécies de microalgas para o cultivo utilizando a vinhaça como nutriente principal. Uma das espécies pertence à Divisão Chlorophyta, denominada Chlorella sp., e a outra à Divisão Cyanophyta, denominada Spirulina (Arthrospira) platensis. A seleção foi realizada a partir de tentativas de cultivo, utilizando várias concentrações e formas de administração da vinhaça como enriquecimento nutricional do meio de cultivo. 4.3 Obtenção dos inóculos das microalgas A espécie S. (Arthrospira) platensis foi obtida de um cultivo pré-estabelecido no Laboratório de Planctologia do Departamento de Engenharia de Pesca, onde é mantida em meio de cultivo composto por sal comercial (30 g L-1), bicarbonato de sódio (10 g L-1) e os fertilizantes agrícolas nitrogênio, fósforo, potássio (NPK) e superfosfato triplo (SPT), nas concentrações de 1,0 e 0,1 g L-1, respectivamente. A cepa de Clorella sp (Figura 3) surgiu no cultivo de S. platensis, cianobactéria inicialmente utilizada para o trabalho, mostrando-se mais tolerante a vinhaça, por esse motivo optou-se pela utilização da mesma e não da S. platensis que não vinha demonstrando fácil adaptação ao meio. O pH do meio de cultivo foi mantido em torno de 9, sendo avaliado com um medidor de pH de bancada. Figura 3 – Microalga Chlorella sp. 4.4 Determinação da freqüência do uso de vinhaça no meio de cultivo Em três aquários com capacidade para 50 L foram colocados 15 litros de água, contendo 10 g L-1 de bicarbonato de sódio (Figura 4). Após 24 horas de aeração, um inóculo de 2 L da cultura pré-estabelecida da microalga foi adicionado em cada aquário. Em seguida, foram adicionados 150 mL de vinhaça bruta nos aquários, o que resultou numa concentração final de 0,87% de vinhaça no meio de cultivo. De forma a estabelecer a melhor freqüência de administração da vinhaça, a mesma foi adicionada ao meio da seguinte maneira: para um dos 20 µm aquários, a vinhaça bruta (150 mL) foi adicionada diariamente, noutro aquário os 150 mL de vinhaça foram adicionados em dias alternados e, finalmente, o mesmo volume de vinhaça foi adicionado a cada dois dias no último aquário. Diariamente, as contagens das microalgas foram realizadas em uma câmara de Newbauer sob microscópio óptico com contraste de fase e aumento de 200 vezes. Figura 4 – Aquários de 50 L utilizados para o cultivo das microalgas 4.5 Determinação da melhor concentração de vinhaça no meio de cultivo Para determinar a melhor concentração de vinhaça no meio de cultivo, o mesmo foi preparado através da diluição da vinhaça bruta em 30 L de água contendo 10 g L-1 de bicarbonato de sódio. As concentrações finais de vinhaça utilizadas para compor o meio de cultivo foram 0,13%; 0,16%; 0,20%; 0,23%; 0,27%; 0,30%. As contagens das microalgas foram realizadas, diariamente, utilizando uma câmara de Newbauer e um microscópio óptico com contraste de fase e aumento de 200 vezes. Todos os aquários receberam iluminação adicional ininterrupta de 24 horas, fornecida por uma lâmpada de 20 W a uma distância de 50 cm do espelho d’água. A temperatura da sala foi mantida em 28 ± 2 °C e a salinidade dos aquários foi medida com um refratômetro e mantida em 7. As equações das curvas de crescimento foram obtidas através da função polinomial com o uso do programa Origin 6.0. 4.6 Determinação das curvas de crescimento das microalgas em meio de cultivo enriquecido com vinhaça A fim de confirmar a completa adaptação da cepa ao meio de cultivo enriquecido com vinhaça, a mesma foi re-inoculada na concentração de 0,20% e as curvas de crescimento determinadas, em triplicata, nas mesmas condições anteriores. As equações das curvas de crescimento também foram obtidas através da função polinomial do programa Origin 6.0. 4.7 Floculação e secagem da biomassa de microalgas A separação da biomassa de microalgas do meio de cultivo foi realizada através de floculação química, adicionando 17% de hidróxido de sódio 2 N às culturas nos próprios aquários. Após 24 h de sedimentação, a biomassa floculada foi seca em estufa com renovação de ar a 40˚C. 4.8 Determinação de lipídios na biomassa de microalgas A determinação lipídica foi realizada no laboratório da Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial do Ceará – NUTEC e o método utilizado foi o de Soxhlet através de extração contínua com éter por 16 h, seguida da remoção do solvente por evaporação. Inicialmente, as amostras foram pesadas no cartucho de Soxhlet e posteriormente transferidas para o aparelho extrator acoplado a um balão de fundo chato, previamente aquecido a 105˚C. Após a destilação, transferiu-se o balão com o resíduo extraído para secagem em uma estufa a 105˚C por uma hora. Após o resfriamento até a temperatura ambiente em dessecador, a amostra foi pesada, aquecida e resfriada repetidas vezes até a obtenção de peso constante. A concentração lipídica da amostra foi determinada através da seguinte equação: 100×= P N L (1) Onde: L = concentração lipídica ou extrato etéreo, em porcentagem; N = peso dos lipídios, em gramas; P = peso da amostra, em gramas. 4.9 Análise de nutrientes 4.9.1 Determinação de amônia (NH3) A determinação da amônia foi realizada em um espectrofotômetro DR 2000 de leitura direta. Para isso, foram coletados 25 mL de vinhaça bruta ou do meio de cultivo e adicionadas três gotas de estabilizante mineral, seguida de uma homogeneização da mistura. Posteriormente, foram acrescentadas três gotas do agente dispersante álcool polivinil à mistura e novamente homogeneizada. Após a adição de 1 mL do reagente de Nessler e mais uma homogeneização, as amostras foram deixadas em repouso por 1 minuto (tempo de reação) e procedeu-se a leitura da quantidade de NH3, utilizando um comprimento de onda de 425 nm. Finalmente, os valores obtidos foram multiplicadospor 1,22 e os resultados foram expressos em mg NH3 L -1. O testemunho padrão desta determinação foi realizado com 25 mL de água destilada com a adição dos mesmos reagentes utilizados nas amostras analisadas. 4.9.2 Determinação de Nitrito (N02) A quantidade de nitrito foi determinada através do espectrofotômetro de leitura direta DR 2000. Para isso, foram coletados 25 mL de vinhaça ou do meio de cultivo e, a cada uma delas, foi adicionado um pacote do reagente NitriVer 3 Nitrite. Posteriormente, a solução foi homogeneizada, deixada em repouso por 15 minutos (tempo de reação) e feita a quantificação de NO2, utilizando um comprimento de onda de 507 nm. O comparativo padrão desta reação também foi realizado com água destilada. 4.9.3 Determinação de Fosfato (PO4) Na determinação do fosfato foram, inicialmente, coletadas amostras de 25 mL de vinhaça ou do meio químico e adicionado um pacote do reagente PhosVer 3 Phosphate em cada uma. Em seguida, as amostras foram submetidas à agitação para homogeneização, deixadas em repouso por 2 minutos (tempo de reação) e, finalmente, foi feita a quantificação do PO4, utilizando um comprimento de onda de 890 nm no espectrofotômetro DR 2000. O testemunho padrão da reação foi preparado com água destilada. 5 ANÁLISES ESTATÍSTICAS As estatísticas relativas às médias, desvios padrões e equações polinomiais para a construção das curvas de crescimento foram realizadas utilizando o programa Origin 6.0. 6 RESULTADOS E DISCUSSÃO 6.1 Análise da vinhaça A vinhaça utilizada no experimento apresentou-se bastante ácida com pH 3.45 e o meio de cultivo químico (sem vinhaça) bastante alcalino com pH 9,96. A concentração de amônia foi bem semelhante à encontrada no meio químico, por outro lado o fosfato presente neste meio foi, pelo menos, duas vezes superior ao encontrado na vinhaça, enquanto o teor de nitrito foi cerca de dez vezes inferior (Tabela 3). Tabela 3 - Amônia, Fosfato, Nitrito e pH medidos em vinhaça e em meio químico utilizado no cultivo das microalgas S. platensis. e Chlorella sp Amônia (mg L-1 NH3) Fosfato (mg L-1 PO4³¯) Nitrito (mg L-1 NO2¯) pH Vinhaça 105,8 4,96 1,20 3,45 Meio químico* 101,9 10,24 0,161 9,96 FONTE: Dados da pesquisa. * Meio químico: composição (10g/L de bicarbonato de sódio, 1g/L de NPK, o,1g/L de SPT e 30 g/L de sal). A característica ácida da vinhaça já era esperada e o valor de pH é bem semelhante ao mínimo relatado por Elias Neto; Nakahodo (1995). O somatório dos teores de amônia e nitrito, compostos de nitrogênio avaliados neste trabalho, se encontram entre o valor mínimo e médio de nitrogênio total relatados. O teor de fosfato da vinhaça utilizada no meio de cultivo foi quase quatro vezes inferior ao relatado pelos autores (Tabela 2). A única fonte de carbono encontrada na vinhaça está presente nas leveduras e não se sabe ao certo sobre a disponibilidade nutricional da mesma pelas microalgas, esse pode ter sido um fator determinante para um crescimento adequado da microalga Chlorella sp e da cianobactéria Spirulina platensis.O teor de nitrito presente também encontra-se acima do necessário para o cultivo de microalgas. A vinhaça possui uma gama de micro e macronutrientes que podem ser facilmente absorvidos pelas microalgas e vegetais superiores (MALAVOLTA; MORAES, 2006). Elementos como carbono, nitrogênio, fosfato, além de sais minerais são de extrema importância (LIMA et al., 1999) e uma grande variedade de compostos nitrogenados, orgânicos e inorgânicos podem ser utilizados no cultivo de microalgas (RADMANN et al., 2004). Segundo Borguetti (2009), o crescimento das algas está intrinsecamente relacionado às condições do meio de cultivo, que por sua vez influenciam na composição química da alga utilizada. Segundo Knoerr (2006), as microalgas podem crescer tanto a custa de energia luminosa e assimilar dióxido de carbono quanto obter a energia de compostos orgânicos. Bertolin (2004) relata que a cianobactéria S. platensis pode ser cultivada em efluente sintético de suíno diluído em 80%, sendo observado aumento significativo de biomassa a partir de uma diluição de 500 vezes. De acordo com Bertoldi et al. (2008), uma solução hidropônica residual e suas respectivas diluições demonstraram ser uma boa opção como meio de cultura alternativo para C. vulgaris. Watanabe (1960) afirma que as condições de cultivo influenciam na composição química das microalgas, sendo importante seu estudo para efetivação de uma produtividade máxima. A vinhaça é produzida em muitos países do mundo como subproduto da produção do álcool. No entanto, pode apresentar diferentes propriedades. A concentração de sódio na vinhaça de cana-de-açucar é inferior à da vinhaça obtida da beterraba, essa propriedade é importante porque tal íon em excesso pode ser considerado letal para alguns organismos e prejudicial para o solo (SILVA et al, 2007). No entanto, segundo Brito et al. (2007), a aplicação da vinhaça ao solo não resultou em maiores preocupações quanto às questões ambientais. Gianchini; Ferraz (2009) observaram que a utilização da vinhaça para o cultivo de cana-de-açúcar apresenta alguns benefícios, tais como, o desenvolvimento de microorganismos que atuam nas reações químicas do solo, aumento da produtividade em solos pobres e em regiões mais secas, causando grande economia de fertilizantes (N, P, K) e elevação do pH do solo após sua aplicação. A aplicação de vinhaça possibilita o aumento na produtividade dos canaviais, pois atende todas as necessidades de potássio da cana-de-açúcar e possui matéria orgânica e micronutrientes, no entanto, existe a necessidade de realizações de análise para que não ocorra a saturação de potássio em determinados locais da plantação (ANSELMI, 2007). Segundo Brito et al. (2005), estudos de aplicação da vinhaça nos solos argissolo, nitossolo e espodossolo demonstraram aumento de potássio e diminuição do sódio. Dantur et al. (1996) recomendam que a vinhaça deve ser aplicada em doses de 150-300 m³/ha, a fim de que predominem os seus efeitos positivos sobre o solo. Zolin et al. (2007) relatam que a aplicação da vinhaça no solo aumentou as concentrações de potássio, aumentando também a produtividade de cana-de-açúcar, no entanto, observou-se uma tendência decrescente do pH do solo a partir do segundo ano de aplicação da vinhaça. Pires; Ferreira (2008) concluíram que a utilização de vinhaça como fertilizante traz benefícios econômicos para a produção sucroalcooleira, no entanto, recomendam a utilização da mesma em solos pobres e que se tenha acompanhamento constante das condições do solo, para que o mesmo não se torne uma área de sacrifício. Hassuda (1989) ressalta os impactos que a vinhaça ocasiona nas águas subterrâneas, tornando-as inadequadas para o consumo humano. Santos et al. (1981) verificaram o efeito da vinhaça na redução da percentagem de germinação total de sementes de milho, no entanto a mesma não retardou a velocidade de germinação. Ludovice et al. (2004) concluíram que o fluxo contínuo da vinhaça em canais de terra sem revestimento pode provocar a contaminação do solo e de águas subterrâneas, podendo atingir um grau de salubridade incompatível para uso humano e animal. Ramos et al (2008) comentaram sobre processos de eutrofização que podem ser gerados devido ao descarte da vinhaça em rios e lagos. O processo de eutrofização pode levar a mortandade de peixes e outros organismos aquáticos devido à diminuição de oxigênio dissolvido na água e ao aumento da produção de algas. Segundo regulamentação do governo Federal pela portaria MINTER n˚ 323, de 29 de Novembro de 1978, a disposição ou eliminação da vinhaça em corpos d`água foi proibida, sendo passível de multa a indústria que descumprirtal portaria (CORAZZA, 1996). Rego; Hernandez (2006) relataram que podem ser muito caros os impactos ambientais de um tratamento imprudente de vinhaça. Lyra et al. (2007) constataram que a vinhaça tratada apresenta caráter menos poluente, em função da baixa quantidade de matéria orgânica, o que ocasiona uma liberação de gás carbônico inferior ao resíduo in natura. O mesmo concluiu que a biodegradação da vinhaça no solo, estabiliza-se em torno de 15 dias. Segundo Szymanski et al. (2008), existe ainda uma Resolução do CONAMA n˚ 002 de 05 de Junho de 1984, para controle da poluição causada pelos efluentes das destilarias de álcool e pelas águas de lavagem da cana-de-açúcar. Essas normas, portarias e regulamentações governamentais, demonstram o grau de preocupação ambiental que circundam os resíduos da indústria sucroalcooleira e de alguma forma asseguram um comprometimento das empresas no que diz respeito aos descartes gerados pelas mesmas. Pedrosa et al. (2005) apresentaram resultados que indicaram que a exposição de ovos de nematóides à vinhaça tem caráter negativo sobre a eclosão desses parasitas. Aparentemente as aplicações de doses crescentes de vinhaça ao solo reduziram a densidade de ovos e juvenis dos nematóides nos canaviais. O efeito supressivo do resíduo foi diretamente proporcional ao volume de vinhaça adicionado. Os trabalhos avaliados apresentaram o caráter fertilizante da vinhaça, mas também demonstraram o grau de impactos ambientais que a mesma pode causar se não for realizado avaliações constantes no uso da mesma e no solo onde ela é aplicada. 6.2 Uso de vinhaça para o enriquecimento do meio de cultivo para a microalga Chlorella sp Inicialmente, foi determinada a melhor freqüência de administração da vinhaça como enriquecimento do meio de cultivo. O melhor crescimento da microalga foi observado com a utilização de vinhaça 0,87% em dias alternados, quando foi alcançada uma concentração máxima de 10,6 x 106 cels mL-1, seguida da administração, a cada dois dias, cuja densidade máxima foi de 8,7 x 106 cels mL-1. A administração diária de 0,87% de vinhaça apresentou o pior resultado, com a densidade máxima atingindo apenas 372,5 x 104 cels mL-1. Nesta concentração de vinhaça, todos os cultivos foram muito rápidos e entraram em fase de morte logo no quarto dia de cultivo. Apenas no caso da administração alternada da vinhaça, as culturas voltaram a crescer no quinto dia. Assim, a utilização da vinhaça diariamente mostrou- se tóxica para Chlorella sp que, em poucos dias, entrou em fase de morte, já a utilização da vinhaça, a cada dois dias, foi insuficiente para a manutenção do crescimento, levando a microalga também à morte. Esses resultados indicam que há um efeito inibidor da vinhaça sobre o crescimento da microalga, mas que esse efeito não impede o crescimento. Em seguida foi determinada a concentração de vinhaça capaz de promover um crescimento mais prolongado de Chlorella sp, bem como uma máxima densidade celular. O uso de 0.13%, 0.16% e 0.20% de vinhaça como nutriente principal, em dias alternados, resultou em crescimentos bastante semelhantes, sendo ligeiramente superior com 0,20% quando foi obtida uma densidade celular máxima média ao redor de 5,0 x 106 cels mL-1. Nas diluições 0.13% e 0.16% a densidade máxima foi de aproximadamente 4,5 x 106 cels mL-1 (Figura 5). A Y= 656439,4 + 703496,5 (0,15971) (0,0000002964)* R² = 0,934877 * Significativo a 5% 0 2000000 4000000 6000000 8000000 10000000 0 5 10 15 Dias de cultivo N ú m e ro d e c é lu la s m L -1 B Y= 510416,7 + 615865,4 (0,393358) (0,0000128417)* R² = 0,862531 * Significativo a 5% C Y= 314015,2 + 744318,2 (0,539301) (0,0000006119)* R² = 0,924785 * Significativo a 5% Figura 5 – Curvas de crescimento da microalga Chlorella sp cultivada em meio de cultivo enriquecido com vinhaça nas concentrações de 0.13 (A), 0,16 (B) e 0,20% (C) 0,00E+00 1,00E+06 2,00E+06 3,00E+06 4,00E+06 5,00E+06 6,00E+06 7,00E+06 8,00E+06 9,00E+06 0 5 10 15 Dias de cultivo N ú m e ro d e c é lu la s m L -1 0,00E+00 2,00E+06 4,00E+06 6,00E+06 8,00E+06 1,00E+07 1,20E+07 0 5 10 15 Dias de cultivo N ú m e ro d e c e lu la s m L -1 A elevação das concentrações de vinhaça no meio de cultivo para 0.23%, 0,27% e 0,30% resultou em uma queda da densidade máxima que ficou em torno de 2,5 x 106 cels mL- 1 nos cultivos realizados com 0.23% e 0.27%, enquanto nos cultivos realizados com 0.3% de vinhaça a máxima densidade celular média foi de aproximadamente 1,5 x 106 cels mL-1 (Figura 6). Desta forma, a utilização de 0,2% de vinhaça no enriquecimento do meio de cultivo de Chlorella sp permitiu o melhor desenvolvimento da microalga. A Y= 1783036 + 377381 (0,021454) (0,016409)* R² = 0,644752 * NS 0,00E+00 1,00E+06 2,00E+06 3,00E+06 4,00E+06 5,00E+06 6,00E+06 0 2 4 6 8 10 Dias de cultivo N ú m e r o d e c é lu la s m L -1 B Y = 1925000 + 254166,7 (0,082465) (0,214367)* R² = 0,243155 * NS C Y = 794642,9 + 199107, 1 (0,166719) (0,093635)* R² = 0,397746 * NS Figura 6 – Curvas de crescimento da microalga Chlorella sp cultivada em meio de cultivo enriquecido com vinhaça nas concentrações de 0.23 (A), 0,27 (B) e 0,30% (C) 0 1000000 2000000 3000000 4000000 5000000 0 2 4 6 8 10 Dias de cultivo N ú m e ro d e c é lu la s m L -1 0 500000 1000000 1500000 2000000 2500000 3000000 0 2 4 6 8 10 Dias de cultivo N ú m e ro d e c é lu la s m L -1 Borghetti (2009) conseguiram a maior biomassa (1,93 g L-1) de Chlorella minutíssima utilizando manipueira diluída á 20% em Meio Bristol’s Modificado (MBM) A repicagem da microalga, já aclimatada a 0,20% de vinhaça no meio, resultou no melhor desenvolvimento obtido no presente trabalho e atingiu uma densidade celular máxima em torno de 6 x 106 cels mL-1 (Figura 7). Assim pode-se observar, que logo no início do cultivo, a cultura entrou na fase exponencial do crescimento que se prolongou até o quinto dia de cultivo. Em seguida, a cultura reduziu a velocidade de crescimento entrando em uma fase de redução do crescimento relativo, do sexto ao nono dia de cultivo para, finalmente entrar na fase estacionária no décimo dia de cultivo. Y= 1144444 + 705101 (0,021782) (0,000004569)* R²= 0,936481 * Significativo a 5% Figura 7 – Curva de crescimento da microalga Chlorella sp aclimatada em meio de cultivo enriquecido com 0,2% de vinhaça 0,00E+00 1,00E+06 2,00E+06 3,00E+06 4,00E+06 5,00E+06 6,00E+06 7,00E+06 8,00E+06 9,00E+06 0 2 4 6 8 10 12 Dias de cultivo N ú m e ro d e c e lu la s m L -1 Foi necessário adicionar bicarbonato ao meio de cultivo foi devido à natureza ácida da vinhaça que, em concentrações superiores a 0,3% impede o bom desenvolvimento das culturas. Desta forma, todos os cultivos foram realizados com meio tamponado com 10 g L-1 de bicarbonato de sódio e a redução da concentração para 5 g L-1 resultou na morte da cultura (Figura 8). Desta forma, quando esta concentração foi reduzida pela metade, não foi suficiente para manter o meio tamponado o que levou o mesmo a um decréscimo considerável de pH, ficando em 5,7 e conseqüente morte da Chlorella sp. Segundo Richmond (1990), o pH ideal para cultivo de Chlorella sp é 7. No atual trabalho, o pH ficou em 9 nos cultivos com a adição de bicarbonato de sódio (10 g L-1). Os valores de pH dos meios de cultivo utilizando 0.23%, 0.27% e 0.30% de vinhaça foram de 9.53, 8.79 e 8.58,respectivamente, enquanto para os cultivos com 0.13%, 0.16% e 0.20% de vinhaça foram 9.45, 9.05 e 9.72, respectivamente. Sung et al (1999) comentam que a Chlorella sp apresenta uma taxa de crescimento específica crescente em valores de pH acima de 4.2, se desenvolvendo mais facilmente. Y = 2359000 – 305000 (0,006784)** (0,063725)* R² = 0,733869 * Significativo a 6,37% ** Significativo a 5% Figura 8 – Curva de crescimento da microalga Chlorella sp cultivada em meio de cultivo enriquecido com 0,2% de vinhaça e 5 g L-1 de bicarbonato de sódio. 0,00E+00 5,00E+05 1,00E+06 1,50E+06 2,00E+06 2,50E+06 1 2 3 4 5 Dias de cultivo N ú m e ro d e c é lu la s m L -1 6.3 Utilização da vinhaça como meio de cultivo para a cianobactéria Spirulina platensis A cianobactéria Spirulina plantensis foi o alvo inicial do trabalho devido à alto percentual de proteína presente na mesma e devido ao grande número de trabalhos já desenvolvidos com a presente cianobactéria. No entanto, no presente trabalho a mesma não se adaptou com facilidade ao meio enriquecido com a vinhaça, entrando rapidamente na fase de morte do cultivo. A figura 9 apresenta a cianobactéria cultivada em meio de cultivo enriquecido com 0,87% de vinhaça. Y= 601,4 + 41 (0,141584) (0,684231)* R² = 0,062828 * NS Figura 9 – Curva de crescimento da cianobactéira Spirulina platensis cultivada em meio de cultivo enriquecido com 0,50% de vinhaça e 10 g L-1 de bicarbonato de sódio. 0 200 400 600 800 1000 0 1 2 3 4 5 6 Dias de cultivo N ú m e ro d e T ri c o m a s m L -1 6.4 Floculação e secagem A floculação consiste na formação de agregados celulares em suspensão, associada a uma rápida sedimentação que pode se dar de forma natural ou induzida, através de agentes floculantes ou ligantes (FREEMAN; LILLY, 1998). A floculação da biomassa algal com a adição de NaOH 2N não se mostrou eficiente, visto que não ocorreu uma completa sedimentação das células, apresentando no sobrenadante células em suspensão. Assim, o rendimento foi subestimado e chegou a apenas 0,08 g L-1, sendo obtidos no total 7,7 g de biomassa seca. Segundo Costa et al. (2006), as microalgas Chlorella vulgaris e Chlorella minutíssima apresentaram rendimentos de 5,06 e 1,5 g L-1, respectivamente em 22 dias de cultivo. Gouveia; Oliveira (2009) ao cultivarem a microalga C. vulgaris obtiveram um rendimento de 3 g L-1. A floculação com NaOH 2N é mais efetiva quando o pH do meio de cultivo é em torno de 7 ou menos, devido a maior variação para o lado alcalino. Em todos os cultivos com 10 g L-1 de bicarbonato, o pH ficou em torno de 9 e, a adição de NaOH pouco alterava este valor, dificultando a floculação. De acordo com Diniz (2005), a autofloculação das algas resultante do aumento do pH leva o meio de cultura a uma condição de supersaturação de íons cálcio e fosfato, promovendo uma nucleação dos cristais de fosfato e cálcio localizados nas paredes das células que servem de suporte sólido as mesmas. A floculação natural de algas pode ocorrer também devido ao aumento substancial da temperatura que ocasiona maior evaporação e, por conseguinte, um aumento da concentração destes íons. A floculação também pode ser induzida com o uso de polieletrólitos sintéticos ou naturais como no caso do uso de quitosana, um polissacarídeo modificado, extraído da carapaça de crustáceos. Pereira (2001) utilizaram 5 mg L-1 de quitosana para a floculação da microalga Ankistrodesmus gracilis, obtendo uma eficiência de 92%. Porém, o teor de células na biomassa sedimentada correspondeu a apenas 33%, sendo difícil separar a quitosana da biomassa algal. 6.5 Determinação da concentração lipídica na microalga Chlorella sp.. cultivada com vinhaça. A determinação de lipídios na biomassa seca da microalga Chlorella sp cultivada em meio enriquecido com vinhaça revelou uma concentração de 17% de lipídios totais. Segundo Costa et al. (2006), as microalgas C. vulgaris e C. minutíssima apresentaram, em 22 dias de cultivo, teores de lipídios totais de 6,96 e 7,98%, respectivamente. O teor de ácidos graxos insaturados presentes nas microalgas pode variar entre 35,4 a 49,2% (GRIMA et al., 1992). Já Morais; Costa (2008) obtiveram, durante um cultivo de Chlorella vulgaris utilizando 12% de CO2, um rendimento máximo de 4,6% de lipídios totais, sendo 72% de ácidos graxos poliinsaturados. Kris et al. (2002) relatam que o consumo de ácidos graxos insaturados da série ω-3, obtidos das microalgas parece desencadear benefícios à saúde, como a prevenção de doenças coronarianas. O cultivo de microalgas com os gases CO2, SO2 e NO resulta em uma biomassa rica em ácidos graxos, podendo ser utilizados para a alimentação e para produção de biocombustíveis. Além disso, as microalgas Spirulina sp., Scenedesmus obliquus, Synechococcus nidulans e Chlorella vulgaris, podem contribuir na redução do aquecimento global, através da fixação do dióxido de carbono, principal componente dos gases do efeito estufa na atmosfera. A maior quantidade em ácidos graxos essenciais encontrados nas microalgas foi de 6,26% de ácido linoléico para Chlorella vulgaris e 25,73% de ácido linolênico para Spirulina sp (RADDMAN; COSTA, 2008). Gouveia; Oliveira (2009), ao analisarem o conteúdo lipídico de Chlorella vulgaris encontraram 5,1% de lipídios totais. Os mesmo autores afirmaram que o melhoramento genético das espécies pode aumentar o rendimento das técnicas de extração de lipídios. O total de lipídios pode variar dependendo da espécie cultivada e da forma de cultivo e existem registros de que a iluminação interfere substancialmente na quantidade lipídica em Chlorella sp que pode variar de 14 a 22%, enquanto que para a cianobactéria Spirulina platensis esta quantidade gira em torno de 4 a 9%. Por outro lado, a microalga Dunaliella tertiolecta pode apresentar concentrações bem superiores que variam de 64 a 71% (TEIXEIRA et al., 2006). Apesar do baixo rendimento de biomasssa seca por conta da floculação incompleta, o teor de 17% de lipídios na biomassa de Chlorella sp cultivada em vinhaça ficou dentro do esperado para a espécie. Segundo o mesmo autor, os óleos encontrados nas microalgas possuem características físico-químicas similares aos de óleos vegetais e podem ser utilizados como matéria prima para a produção de biodiesel. Lima (2009) extraiu lipídios da microalga Chlorella sp utilizando como solventes o diclorometano e o metanol, constatando uma produção lipídica de 18.14 mg/ L-1 , 20.12 mg/ L-1 e 40 mg/ L-1 , semelhante ao obtido por outros autores. Segundo Teixeira et al. (2006), a elevada produtividade das microalgas as tornam matérias primas capazes de suprir a demanda dos 2% de biodiesel presentes no diesel comum e até como substitutas integrais. No entanto, segundo o mesmo autor ainda existem problemas do ponto de vista econômico. Tomasini et al. (2008) determinaram à concentração lipídica de cinco microalgas diferentes dos gêneros, Amphora, Chlorella, Cyanobium e Monoraphidium, e observaram teores de 21.72%, 9.87%, 8.72% e 20.42%, respectivamente. Os resultados mostraram que as microalgas possuem potencial para a produção de biodiesel, pois apresentam um teor significativo de lipídios, além de apresentarem vantagens com relação aos vegetais superiores, já que seu cultivo pode ser realizado em águas salobras (impróprias para uso) e por possuírem altas taxas de crescimento. A utilização de vinhaça como meio de cultivo para microalgas é sem dúvida, mais econômica e promissora, pois reduz a carga poluidora desse resíduo. Sua utilização como fertilizante é viável para o Brasil, devido a grande produção deste resíduo após a obtenção do álcool. O cultivo de microalgas apresenta perfeita sintonia com o clima,extensão territorial e disponibilidade de água em nosso país. A substituição ou complementação do meio de cultivo químico por um meio orgânico alternativo, como a vinhaça poderá reduzir consideravelmente o custo da produção de biomassa algal, visto que não será necessária a inclusão de fertilizantes agrícolas para preparo do meio de cultivo para as microalgas, pois esses nutrientes se encontram presentes na vinhaça, porém, uma análise econômica deverá ser realizada para atestar diminuição de custos, pois salienta-se que ainda há a necessidade do uso de bicarbonato de sódio. 7 CONCLUSÃO GERAL Através da realização desse estudo foi possível determinar as condições ideais para a utilização da vinhaça como nutriente principal no cultivo de Chlorella sp, bem como avaliar o teor de lipídios na biomassa seca. Desta forma, dada a grande disponibilidade de vinhaça no País e a enorme quantidade de água salgada e salobra, existe uma grande possibilidade de se realizar cultivos em massa de Chlorella sp com o propósito de extrair seus lipídios para a produção de biodiesel. 7.1 Conclusões específicas 1. O melhor desempenho com relação ao crescimento da Chlorella sp foi obtido com a aplicação de 0,2% de vinhaça, em dias alternados, no meio de cultivo preparado com a adição de 10 g L-1 de bicarbonato de sódio, concentração necessária para manter o pH do meio alcalino. 2. A cianobactéria Spirulina platensis não se adaptou ao meio de cultivo entrando rapidamente em fase de declínio do cultivo. A microlaga Chlorella sp mostrou-se mais adaptável ao meio com vinhaça apresentando com desempenho. 3. A redução da concentração de bicarbonato de sódio para 5 g L-1 resultou em uma redução acentuada no pH do meio, impedindo o desenvolvimento da microalga. 4. A floculação não apresentou uma boa eficiência devido a alcalinidade do meio o que dificultou a completa floculação da microalga com a adição de NaOH 2N. 5. A biomassa obtida apresentou um teor de lipídios dentro do normal quando comparada com a bibliografia consultada; 8. RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS Estudar o cultivo de outras microalgas utilizando vinhaça como enriquecimento para o meio de cultivo das mesmas; Estudar o cultivo de Chlorella sp utilizando outros meios alternativos oriundos de processos agroindustriais; Testar outras metodologias para Floculação da Chlorella sp. 9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABRÃO, F. J., NAVAL, L. P., PÉREZ, D. V., MACEDO, J.R., ALCANTARA, S.Uso de efluente de estação de tratamento de esgoto em cultivo de batata doce – Ipomoea batatas LAM- , 2005.In: Workshop Uso e reuso de águas: Realidades e Perspectivas. Campina Grande – PB, 2005. ANA - Agência Nacional de Águas. Agricultura irrigada e o uso racional da água. 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