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2012-tcc-smcoelho

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ 
FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA, CONT ABILIDADE 
E SECRETARIADO. 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIENCIAS ECONOMICAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
POLITICAS PÚBLICAS DO TURISMO SUSTENTÁVEL: 
O CASO DA PRAIA DO CUMBUCO, CEARÁ. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SABRINA MORAIS COELHO 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fortaleza, Junho de 2012. 
 
 
 
2 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - UFC 
 
SABRINA MORAIS COELHO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
POLITICAS PÚBLICAS DO TURISMO SUSTENTÁVEL: 
O CASO DA PRAIA DO CUMBUCO, CEARÁ. 
 
 
Monografia apresentada à faculdade de economia, 
administração, atuária, contabilidade e secretariado 
executivo, como requisito parcial para obtenção do 
grau de bacharel em Ciências Econômicas. 
 
Orientador: Prof. Dr. José de Jesus Sousa Lemos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA – CE 
2012 
 
 
 
3 
 
SABRINA MORAIS COELHO 
 
 
 
 
 
POLITICAS PÚBLICAS DO TURISMO SUSTENTÁVEL: 
O CASO DA PRAIA DO CUMBUCO, CEARÁ . 
 
 
 
Esta monografia foi submetida à Coordenação 
do Curso de Ciências Econômicas, como parte 
dos requisitos necessários à obtenção do grau de 
Bacharel em Ciências Econômicas, outorgado 
pela Universidade Federal do Ceará (UFC). 
 
 
 
Data da aprovação _____/_____/_____ 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
______________________________ 
 
Prof. Dr. José de Jesus Sousa Lemos (Orientador) 
Universidade Federal do Ceará (UFC) 
 
______________________________ 
 
Prof.ª Dra. Sandra Maria dos Santos 
Universidade Federal do Ceará (UFC) 
 
 
______________________________ 
 
Ms. Lydia Maria Portela Fernandes 
Secretaria de Turismo do Ceará (SETUR-CE) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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AGRADECIMENTOS 
 
 
Agradeço em primeiro lugar a Deus que iluminou o meu caminho durante esta 
caminhada. Agradeço minha mãe, meu pai, minhas irmãs (Rebeca, Mayara e Raquel), meus 
tios e minhas primas que sempre estiveram ao meu lado e me apoiaram quando eu mais 
necessitei. Agradeço ao meu amor Tarciso pela paciência, pelo incentivo, pela força e 
principalmente pelo carinho. Agradeço aos meus amigos da AACC que dedicaram atenção e 
me apoiaram na conclusão deste trabalho. 
Agradeço também a todos os professores que me acompanharam durante a 
graduação, em especial ao Prof. José de Sousa Lemos, responsável pela realização deste 
trabalho. Dedico esta conquista de forma especial a uma pessoa que foi muito importante em 
minha vida e que sempre lembrarei com carinho, meu querido tio Danilo, que de forma 
especial e carinhosa me deu força e coragem, me apoiando nos momentos de dificuldades. 
 
 
 
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“O segredo é não correr atrás das borboletas... É 
cuidar do jardim para que elas venham até você.” 
Mário Quintana 
 
 
 
 
 
 
 
 
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RESUMO 
Para desenvolver o turismo de forma sustentável é de fundamental importância à avaliação 
dos impactos causados ao meio onde este é exercido a fim de se elaborar politicas que façam 
dessa atividade uma auxiliadora na busca pela sustentabilidade. Neste cenário o papel do 
poder público municipal juntamente com a população local e empresários é fundamental na 
busca por politicas que minimizem os impactos negativos do turismo e maximizem os 
impactos positivos. O trabalho tem como objetivo mostrar quais as politicas públicas que 
podem ser aplicadas para que o turismo seja um instrumento de desenvolvimento sustentável, 
Foi escolhida como base para análise a praia de Cumbuco, que está situada no litoral do 
município de Caucaia no Estado do Ceará. Esta praia foi objeto de estudo em razão das 
grandes modificações ocorridas após o advento do turismo na localidade e também por ser um 
dos destinos turísticos mais visitados no litoral cearense. Os resultados da pesquisa mostraram 
que a região do Cumbuco sofreu grandes modificações positivas e negativas com o advento 
do turismo, e que os impactos negativos ainda necessitam de ações governamentais através de 
politicas públicas envolvendo ações de agentes da administração pública juntamente com a 
sociedade civil como uma forma de alcançar e manter o desenvolvimento do turismo 
sustentável com base local. 
 
 
Palavras- chave: Turismo; Politicas públicas do turismo; Cumbuco. 
 
 
 
7 
 
ABSTRACT 
 
 
To develop tourism in a sustainable way, the evaluation of the impacts in the environment 
where it is practiced is crucial in order to establish policies that make this activity a 
collaborator in the search of sustainability. In this scenario, the role of municipal government 
together with local people and businesses is essential in the pursuit of policies that minimize 
the negative impacts of tourism and maximize the positive ones. The Research aims to 
demonstrate which public policies can be applied to tourism as an instrument of sustainable 
development within a region with great touristic potential. Cumbuco beach, which is situated 
in the coast of Caucaia in Ceará, was chosen as the basis for analysis. This beach was the 
object of study due to major changes it has suffered with the advent of tourism in the locality 
and also for being one of the most visited touristic destinations in Ceará. With this study, it 
was concluded that the region of Cumbuco has undergone positive and negative changes with 
the advent of tourism, and that the adverse impacts still require government actions through 
public policies involving actions of both public service employees and with civil society as a 
way to achieve and maintain sustainable tourism development based on location. 
 
Keywords: tourism impacts; Tourism, Public Policies, Cumbuco. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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LISTA DE FIGURAS E TABELAS 
 
Figura 1. Receitas Cambiais do Turismo Mundial ................................................................... 17 
Figura 2.Setores da Atividade Turística .................................................................................... 19 
Figura 3. Efeito multiplicador do turismo ................................................................................ 22 
Figura 4. Antiga moradia de palha dos primeiros moradores do Cumbuco ............................. 42 
Figura 5.Poços usados pela população no inicio da praia ........................................................ 42 
Figura 6. Primeiras casas da praia. ........................................................................................... 43 
Figura 7. Governador Adauto Bezerra cumprimentando o comandante Paulo ........................ 44 
Figura 8. Praia do Cumbuco no ano de 1978 ........................................................................... 44 
Figura 9. A praia do Cumbuco atualmente ............................................................................... 45 
Tabela 1 Sistema de esgoto.......................................................................................................49 
 
Figura 10. Praia do Cumbuco ................................................................................................... 67 
Figura 11. Vila do Cumbuco ..................................................................................................... 67 
Figura 12. Praça do Cumbuco .................................................................................................. 68 
Figura 13. Centro de apoio ao Turismo .................................................................................... 68 
 
 
 
 
 
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LISTA DE QUADROS 
 
Quadro 1. Os impactos das atividades turísticas ...................................................................... 29 
Quadro 2. Níveis de Satisfação dos Turistas em Cumbuco ...................................................... 53 
Quadro 3. Impactos econômicos do turismo ............................................................................ 55 
Quadro 4. Impactos ambientais do turismo ..............................................................................56 
Quadro 5. Impactos sociais do turismo .................................................................................... 57 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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LISTA DE GRÁFICOS 
 
Gráfico 1. Aspectos positivos do turismo ................................................................................. 51 
Gráfico 2. Ponto positivo do Cumbuco .................................................................................... 51 
Gráfico 3. Aspectos negativos do turismo ................................................................................ 52 
Gráfico 4. Pontos negativos do Cumbuco ................................................................................ 52 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 12 
1.1.Justificativa ......................................................................................................................... 12 
1.2.Objetivo .............................................................................................................................. 14 
1.3.Metodologia ........................................................................................................................ 14 
1.4.Estrutura do Trabalho ......................................................................................................... 15 
2. O TURISMO E SEUS IMPACTOS ...................................................................................... 16 
2.1.Os impactos do Turismo ..................................................................................................... 20 
2.1.1.Os impactos do turismo na economia ........................................................................... 21 
2.1.2.Os impactos do turismo na sociedade ........................................................................... 23 
2.1.3.Os impactos do turismo no meio-ambiente ................................................................... 27 
3. AS POLÍTICAS PÚBLICAS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁV EL DO 
TURISMO .................................................................................................................................... 30 
3.1. O Turismo e a Sustentabilidade ......................................................................................... 30 
3.2. Politicas públicas e a sustentabilidade do turismo ............................................................. 35 
4. PRAIA DE CUMBUCO ......................................................................................................... 41 
4.1. Evolução histórica .............................................................................................................. 41 
4.2. A praia do Cumbuco e o turismo ....................................................................................... 46 
5. EVIDÊNCIAS ENCONTRADAS NA PESQUISA .............................................................. 48 
5.1. Aspectos Metodológicos .................................................................................................... 48 
5.2. Avaliação dos dados .......................................................................................................... 48 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 59 
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 61 
APÊNDICES A – QUESTIONÁRIO – POPULAÇÃO 
APÊNDICES B – QUESTIONÁRIO – TURISTAS 
APÊNDICE C – FOTOS DA VILA DO CUMBUCO 
 
 
 
 
 
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1. INTRODUÇÃO 
A atividade turística, como qualquer outra atividade econômica, está sujeita a 
ocasionar impactos na região onde é desenvolvida. Esses impactos atingem diferentes 
aspectos da vida humana, como a economia, o meio ambiente e a sociedade. A importância de 
se avaliar e considerar a relevância destes impactos dentro do desenvolvimento de uma região 
e elaborar politicas que auxiliem o desenvolvimento sustentável por meio desta atividade é 
um tema atualmente muito difundido entre estudiosos contemporâneos, que visam atividades 
mais responsáveis pela sustentabilidade. 
O desenvolvimento sustentável é um objetivo a ser alcançado em todos os aspectos 
da sociedade, e o turismo como uma atividade que atua em diversos setores e ambientes, pode 
tornar-se um auxiliador na busca por este tipo de desenvolvimento. Mas, no bojo desse tema, 
vem à tona uma contradição decorrente do desenvolvimento provocado pelo turismo, que por 
muitas vezes é essencialmente insustentável no que diz respeito aos seus aspectos ambientais, 
econômicos e sociais. 
A ênfase no turismo, como objeto de pesquisa, deve-se à sua crescente participação 
na economia mundial, particularmente, no estado do Ceará. Esta atividade vem se mostrando 
cada vez mais ligada a sustentabilidade, o que nos leva a analisar até que ponto esta atividade 
é benéfica para uma região e como os seus impactos podem influenciar na busca pela 
sustentabilidade. 
1.1. Justificativa 
O desenvolvimento da tecnologia de informação, comunicação, meios de 
transportes e uma maior procura por lugares de descanso e lazer contribuíram para 
transformar o turismo em um dos setores mais promissores da economia mundial. Esta 
atividade movimenta um grande volume de renda e emprega várias pessoas ao redor do 
mundo, sendo tida por alguns autores como uma grande indústria e segundo projeções da 
OMT1, até o ano de 2020, irá alcançar status de maior indústria do planeta (OMT, 2012). 
Esta atividade em razão da grande interação entre turista, população local e meio 
receptor pode ocasionar impactos positivos e negativos de aspectos sociais, econômicos e 
ambientais. Estes impactos se não forem planejados e acompanhados por quem exerce a 
 
1 Organização Mundial do Turismo 
 
 
 
 
13 
 
atividade pode fazer com que impactos negativos ocasionados façam desta atividade um meio 
contrário à busca pelo desenvolvimento sustentável de regiões. 
 Até década de 90 o turismo tinha como principal foco a ampliação da demanda 
turística, mas com o passar do tempo e a evolução das ideias de sustentabilidade a 
conscientização e a preservação do meio ambiente invadiram a esfera da gestão do turismo 
voltando este para o papel de apoiar o desenvolvimento sustentável. 
Segundo Ruschmann (1997), um planejamento de longo prazo com medidas 
quantitativas que conduzam à qualidade ideal do produto turístico e que tragam 
desenvolvimento para região é algo necessário, principalmente para regiões que, com a falta 
de planejamento, já se apresentam saturadas, onde o excesso de demanda criou uma oferta 
desordenada causando assim danos por muitas vezes irrecuperáveis. Um planejamento 
turístico adequado deve conter ações que busquem maximizar os impactos positivos e 
necessários à região e a minimização os impactos negativos, garantido o bem estar 
socioeconômico e a preservação do meio ambiente. 
O Estado do Ceará atualmente é destaque no cenário turístico nacional e tem como 
principal destino o distrito de Cumbuco, segundos dados do Ministério do Turismo. Este é 
composto por uma extensa faixa de areia e coqueirais situada a 35 km de Fortaleza, capital do 
Ceará, sendo a primeira parada da Costa do Sol Poente que é composta por vários atrativos de 
lazer e belezas naturais. Esta região com o passar dos anos ganhou destaque dentro do 
contexto “sol e praia” no estado se tornando um dos destinos mais visitados pelos turistas que 
visitam o Ceará e com o advento desta atividade sofreu grandes mudanças tantos positivas 
como negativas. 
 Através deste estudo pretende-se identificar as politicas públicas naregião do 
Cumbuco e se elencar quais as necessidades da região no que diz respeito à busca pela 
sustentabilidade. Nesta pesquisa além de ressaltar a necessidade de planejamento sistemático 
para o desenvolvimento do turismo como um apoio a sustentabilidade, pretende-se apresentar 
de tal maneira uma base teórica-referencial onde se baseie quais os impactos causados pela 
atividade e quais as fundamentações para a elaboração de politicas públicas locais 
direcionadas a sustentabilidade. 
 
 
 
 
 
14 
 
1.2. Objetivo 
Objetivo Geral deste estudo é avaliar as políticas públicas que vem sendo utilizadas 
para incrementar o turismo na região da praia do Cumbuco, aferindo as suas externalidades 
positivas e negativas num ambiente de litoral, que tem intensa demanda nos períodos da 
chamada Alta Estação do Ceará. 
 Objetivos Específicos 
 a) Identificar as potencialidades turísticas da praia do Cumbuco no Ceará; 
 b) Aferir os indicadores sociais, econômicos e ambientais da região do Cumbuco 
que possam servir de subsídios para a elaboração de políticas públicas que incrementem o 
turismo no Cumbuco, Ceará, sem provocar externalidades negativas; 
 c) Inferir a satisfação do turista com relação ao estágio atual da Praia de Cumbuco, 
no que concerne à estrutura hoteleira, de deslocamento com segurança, lazer, infraestrutura; 
 d) Identificar as políticas públicas que foram implantadas em Cumbuco. 
Problemática 
• Como era o distrito de Cumbuco antes do turismo e como este se encontra 
atualmente? Quais políticas podem ser implementadas na região para o desenvolvimento 
sustentável do turismo? Quais politicas devem ser ainda ser aplicadas na região? 
1.3. Metodologia 
 Delimitação do universo de estudo 
Levando-se em consideração a área pesquisada, optou-se por trabalhar na vila do 
Cumbuco, destacando o conjunto de propriedades familiares que se localizam próximo a 
faixa de praia, juntamente com o comércio local e os turistas que se instalam nessa região. 
Este é o público que constitui o universo deste trabalho. 
Instrumentos de coleta de dados 
Foi realizada uma pesquisa junto aos órgãos municipais e também entrevistas 
semiestruturadas junto aos moradores da região da vila do Cumbuco e aos turistas visitantes 
da região no período. 
 
 
 
15 
 
Perfil das pessoas do universo de trabalho 
a) População local que vive há mais tempo na região; 
b) associação de empresários do setor; 
c) Administração pública municipal; 
d) Turistas visitantes da praia no período. 
 
Plano de coleta dos dados 
- A primeira tarefa foi realizar pesquisa de dados junto à prefeitura de Caucaia com 
a finalidade de ser obter dados referentes à vila de Cumbuco; 
- Em seguida uma pesquisa da evolução histórica da cidade junto à população mais 
antiga e as escolas e entidades ligadas à região; 
- Logo após a efetivação das entrevistas junto à população, turistas e associações e 
transcrição das mesmas, e visita aos locais de turismo da região. 
Análise dos dados 
Os dados foram ordenados em gráficos e quadros para análise. Os resultados das 
entrevistas foram utilizados ao longo do trabalho e em especial nas considerações finais. 
1.4. Estrutura do Trabalho 
Para tanto, apresenta-se primeiramente qual o problema da pesquisa e seu objetivo. 
Logo após, na segunda seção, analisa-se os principais impactos gerados pelo turismo nos 
aspectos econômico, ambiental e social. 
Na terceira seção é apresentada uma discussão que tentará mostrar a importância 
do turismo na busca pela sustentabilidade e qual o papel das politicas públicas na busca deste. 
Na seção se apresenta a praia de Cumbuco, juntamente com suas especificações de 
localização, evolução histórica e representatividade dentro do cenário turístico estadual. 
Na quinta e última seção são avaliados os resultados da pesquisa juntamente com 
os impactos apresentados na região após o advento do turismo. 
 
 
 
 
16 
 
2. O TURISMO E SEUS IMPACTOS 
 
O turismo é uma atividade que vem alçando destaque e se desenvolvendo 
econômica e socialmente no decorrer dos anos, pois demanda uma grande quantidade de 
pessoas e movimenta um grande volume de renda em todo o mundo. Esta ocupa um lugar de 
destaque, pois é utilizada como ferramenta nas relações internacionais e no desenvolvimento 
econômico tanto em âmbito nacional, regional e local. 
O turismo é um dos setores que apresenta os mais elevados índices de expansão no 
contexto mundial, esta atividade triplicou seu tamanho e seus impactos econômicos nos 
últimos 50 anos, segundo dados da OMT. Esta se apresenta nos cinco continentes e a sua 
consolidação como uma atividade de relevância econômica vem se concretizando no âmbito 
internacional nos últimos anos, com destaque nos países em desenvolvimento que 
apresentam potencialidades para o setor. Atualmente países como Espanha, França, Estados 
Unidos veem esta atividade como uma “salvação” em suas economias, pois mesmo em meio 
a crises externas essa apresenta saldos positivos. 
Segundo dados do WTTC2, o ano de 2012 será marcado pela grande contribuição 
que esta atividade fará a economia mundial, pois seu impacto direto através de suas 
atividades, considerando a geração de empregos, os gastos de visitantes e os investimentos 
públicos e privados, deverá ultrapassar US$ 2 trilhões e 100 milhões de empregos. A indústria 
do turismo deverá crescer 2,8% em 2012, ligeiramente mais rápido do que a taxa global de 
crescimento econômico mundial, previsto para ser de 2,5%. O turismo é responsável direto 
por 5% do PIB mundial, 6% das exportações totais e do emprego de uma em cada 12 pessoas 
tanto nas economias avançadas quanto nas emergentes (WTTC, 2009). 
Segundo evidencias mostradas pela Organização Mundial do Turismo, o fluxo 
internacional de turistas vem crescendo significativamente, no ano de 2011 atingiu um total 
de 980 milhões de chegadas internacionais, valor este 4% acima do total do ano anterior. 
Vale ressaltar que, para 2012, tem-se como meta bater a marca histórica de um bilhão de 
chegadas internacionais em todo mundo (OMT, 2012). 
As receitas cambiais geradas pelo turismo também apresentam crescimento nos 
últimos anos, saltando de US$ 445 bilhões (1999) para US$ 919 bilhões (2010), como pode-
se observar a seguir: 
 
2 World Travel & Tourism Council (Conselho Mundial de Viagens e Turismo) 
 
 
 
17 
 
 Fonte: OMT, 2012. 
Nos últimos anos identifica-se que a evolução nos meios de transporte, na 
comunicação, nos equipamentos turísticos, na longevidade da população, na eliminação de 
vistos, no maior tempo livre, dentre outros fatores, auxiliaram o crescimento desta 
atividade, mas deve-se ressaltar que esta tem o perfil de atender a necessidade humana da 
busca por lazer. Praticar o turismo, por muitas vezes é à realização de sonhos, e acaba por se 
tornar uma resposta a necessidade de descanso ou a de adquirir mais conhecimentos. Viajar 
é algo essencial na vida humana, onde incorporada mercadologicamente entra no rol das 
necessidades básicas do homem. (RODRIGUES, 1999). 
Por definição, segundo Wahab citado por Trigo (1999, p.12), a atividade turística: 
 
é uma atividade humana intencional que serve como meio de comunicação e como 
ligação da interação entre os povos, tanto dentro de um mesmo país como fora dos 
limites geográficos dos países... para o país receptor o turismo é uma indústria cujos 
produtos são consumidos no local formando exportações invisíveis. 
 
Para se satisfazer a necessidade humana de lazer o turismo se mostra como uma 
resposta a um determinado preço, estabelecendo assim uma relação entre turismo e 
economia. O turismo, conforme Boullón (1997) é uma forma de consumo, pois quando um 
turista chega a determinado lugar este interage com a população e gasta o seu 
dinheiro numa ampla variedade de mercadorias e serviços de diversos setores,tais como: 
transporte, acomodação, alimentos, bebidas, comunicação, entretenimento, artigos em 
geral, a fim de atender suas necessidades. 
Para viajar o turista deve poupar, ou seja, ao se exercer o turismo e a atender a 
Figura 1. Receitas Cambiais do Turismo Mundial 
 
 
 
18 
 
necessidade de lazer o turista passa a ejetar na economia local uma demanda por produtos 
derivada da sua poupança. O potencial de sua demanda somado ao seu efeito multiplicador 
faz com que o turismo se torne um dos setores mais atrativos para investimentos na 
economia globalizada, tornando-se um instrumento modificador de economias e sociedades. 
Por ser uma atividade que engloba diversos setores e necessita de muita mão de 
obra, o turismo consegue obter resultados sobre vários ramos da economia ocasionando 
efeitos como: aumento de consumo local, a criação de novos produtos, geração de emprego 
e renda, valorização do ambiente e entrada de novas divisas. 
O turismo possui diversas modalidades, onde cada uma possui características 
próprias de público e finalidades de viagem. Os tipos de turismo podem ser classificados de 
acordo com os seus aspectos culturais ou por suas motivações, como se segue (SEBRAE, 
2010, citado em BRASIL, 2011): 
 
- De acordo com aspectos culturais 
Turismo cultural, Turismo étnico, Turismo religioso, Turismo de 
peregrinação, Turismo histórico, Turismo educacional, Turismo científico, 
Turismo espacial, Turismo astronômico, Turismo de congresso, Turismo de 
intercâmbio, Turismo gastronômico e Turismo de áreas naturais (Ecoturismo). 
- De acordo com a motivação 
Turismo de negócios, Turismo de compras (consumo), Turismo de incentivo, 
Turismo de eventos, Turismo de lazer, Turismo balneário, Turismo de sol e mar, 
Turismo termal, Turismo náutico, Turismo de férias, Turismo de repouso, Turismo 
de saúde, Turismo médico, Turismo termal, Turismo de montanha, Turismo 
desportivo, Turismo esportivo, Turismo de aventura, Turismo de pesca e Turismo 
sexual. 
 
Todos os tipos de turismo necessitam de setores diversos da economia para serem 
exercidos. Dentro dos setores ligados a esta atividade pode-se encontrar áreas que não tem 
como consumidor principal os turistas, mas sofrem impactos com o advento do turismo e 
passam a lucrar com o crescimento deste. No turismo pode-se identificar: setores líderes 
(aqueles que obtêm lucro direto com a atividade turística), indústrias e serviços relacionados 
 
 
 
19 
 
(empresas que prestam serviços aos fornecedores diretos do turismo) e por fim setores de 
apoio (setores que apoiam a atividade turística). Como exemplo desses setores: 
 
Figura 2.Setores da Atividade Turística 
 
 
Fonte: SEBRAE, 2010, citado em BRASIL, 2011, p.12. 
 
O papel de elemento fomentador de crescimento econômico do turismo não deve 
sobrepujar os efeitos desta atividade na vida politica, cultural, ambiental e psicossociológica 
da comunidade. O turismo hoje é considerado um ramo das ciências sociais e não das ciências 
econômicas. Embora seus efeitos na economia sejam consideráveis e motivem por muitas 
vezes o investimento nesta atividade por parte do setor público e privado, os impactos sociais 
e ambientais devem ser avaliados e destacados para um melhor planejamento desta. 
 
 
 
20 
 
 
 Estudiosos como Lage e Milone, Wahab, Rodrigues, dentre outros, mostram que o 
turismo acarreta não somente efeitos positivos, mas também efeitos negativos na economia, 
sociedade, cultura e ambiente, se este não for bem planejado e administrado. O controle dos 
impactos do turismo e a busca por tornar essa atividade uma atividade sustentável é algo 
muito difundido nos dias atuais. O uso do turismo bem planejado, onde os impactos positivos 
são imensamente superiores aos negativos, contribuem decisivamente para a preservação do 
meio cultural e ambiental, fazendo desta atividade uma peça chave para o desenvolvimento 
sustentável em uma região. A seguir identificam-se os principais impactos do turismo e seus 
efeitos: 
2.1. Os impactos do Turismo 
 
Os benefícios do turismo no setor econômico vêm sendo destacado por muitos 
anos, mas devemos reconhecer que o desenvolvimento da atividade turística leva consigo uma 
série de custos para o destino. Lage & Milone (2001), demonstram que o turismo pode 
apresentar efeitos econômicos, sociais, culturais e ambientais, podendo estes apresentar 
características positivas ou negativas aos envolvidos. 
Afinal, como qualquer atividade capitalista, esta tem um perfil contraditório, onde 
ao mesmo tempo em que pode gerar benefícios a alguns pode também acarretar problemas e 
custos para outros, agindo de uma forma desigual na distribuição de benefícios e custos dentro 
de uma região. Dependendo do tamanho da região e do seu grau de desenvolvimento os 
impactos ocasionados pelo turismo pode apresentar diferentes graus de intensidade. 
Os impactos ocasionados pela atividade turística, segundo Ruschmann (1997), 
referem-se à gama de modificações ou a sequência de eventos provocados pelo processo de 
desenvolvimento turístico nas localidades receptoras. Estes impactos podem acontecer em 
vários aspectos e, consequentemente, podem ser observados tanto por quem vive na região, 
como pelos próprios visitantes. 
É importante assinalar que os impactos do turismo, tanto de origem econômicos, 
ambientais e sociais, não ocorrem de forma isolada, mas se encontram na maioria das 
vezes de forma intimamente relacionados em seus diferentes aspectos, e que se esta 
atividade não for bem dimensionada pode produzir um efeito contrário ao que se pretendia 
quando foi implantada. 
 
 
 
21 
 
2.1.1. Os impactos do turismo na economia 
O turismo na perspectiva econômica é analisado com base em sua demanda, ou 
seja, a quantificação deste dependerá das escolhas de consumo dos visitantes. Os 
consumidores desta atividade possuem características diferenciadas, e sua forma de consumo, 
poder monetário, motivações e condições locais se apresentarão também de formas distintas. 
Pode-se colocar que esta atividade não gerará um produto comum, mas será uma atividade 
econômica com características próprias e com função diferenciada das demais (Boullon, 
1998). 
Para se exercer o turismo em uma região é necessário uma gama de serviços e 
produtos para satisfazer o cliente. O turismo passa a ser uma “teia de relações”, onde o 
visitante necessita de diversos equipamentos, como: transportes, meios de hospedagem, 
agenciamento de viagens, práticas de lazer, esportes radicais, redes de alimentação, centro 
culturais, dentre outros, gerando assim uma série de empregos e renda para diversos setores 
ligados a este. 
Com base no que foi colocado identifica-se que o turismo possui diversos tipos de 
produtos e consumidores, e o turista ao sair do seu lugar de vivencia habitual consome 
diversos produtos e serviços em atividades econômicas que produzam, pelo menos, um 
produto característico do turismo. Os gastos com esses diversos produtos e serviços faz com 
que o turismo seja um gerador de renda, sendo este um dos principais impactos do turismo 
na economia. 
Além deste efeito no consumo, também deve ser destacado que todo gasto 
advindo do turismo gera riquezas que, consequentemente, são investidas em outros setores 
que não são primordialmente direcionados ao turista, pois a moeda circula na economia no 
processo de compra e venda, investimentos, contribuição fiscal, dentre outros. 
Este impacto, efeito multiplicador da renda, avalia qual é a intensidade que o 
dinheiro que entra na economia consegue atingir os outros setores do mercado da região, 
sendo este representado na ilustração apresentada por Barbosa (2002): 
 
 
 
 
 
 
22 
 
 Figura 3. Efeito multiplicador do turismo 
 
 Fonte: BARBOSA, 2002. Pag.21 
A atividade turística, por ser uma atividade que lida eminentemente com a 
prestaçãode serviços, esta demanda um grande número de pessoas para que venha a se 
desenvolver em uma determinada região (FERNANDES, COELHO, 2002). O turismo é 
capaz de gerar novas colocações em vários setores da economia acarretando geração de 
emprego aos mais diversos tipos de trabalhadores. 
Quando a atividade turística começa a injetar renda em uma determinada 
localidade, esta ação auxilia no aumento da renda circular da região que, consequentemente, 
se gera uma pressão dentro da variação de preços e no valor da moeda local. Quando tal 
impacto acontece, este pode ser explicado pela inteira relação que alguns produtos 
demandados pelos visitantes também são demandados pela população, e assim se inicia o 
aumento da demanda, em uma oferta basicamente estacionária, ressaltando que por 
muitas vezes a moeda dos visitantes possui um poder de comprar maior que a dos 
moradores. Com a junção desses fatores se nota um aumento nos preços dos produtos 
demandados, surgindo assim uma pressão inflacionária (LAGE E MILONE, 2000). 
O aumento da inflação nas regiões turísticas também pode ser gerado quando 
ocorre o aumento dos custos de produção devido à concorrência pelo uso dos fatores de 
produção. Quando começa a alta temporada em uma determinada região turística, a 
procura por matéria prima aumenta e assim coloca esses fatores no pleno emprego, 
 
 
 
23 
 
aumentado assim a inflação. Outro fator é a movimentação da mão de obra dentro desta 
economia, pois trabalhadores que antes do turismo se dedicavam as atividades do setor 
primário passam a se deslocar para as atividades ligadas ao setor de serviços, que com o 
turismo oferecem maiores remunerações aos seus trabalhadores. 
Em sua maioria, essa pressão inflacionária tende a atingir bens e serviços de 
primeira necessidade, como alimentação, habitação, transportes e vestuário. O aumento nos 
preços destes bens fragiliza as condições de vida da população, que tem que se deslocar 
para regiões vizinhas, onde o preço das mercadorias é menor, para realizar suas compras 
(RODRIGUES, 1999). 
Outro impacto importante do turismo no âmbito econômico é a especulação 
imobiliária , pois com o crescimento do turismo em uma localidade os preços dos imóveis 
se tornam cada vez mais valorizados, por terem uma demanda muito alta de empresários e 
estrangeiros na região a procura de imóveis para comprar (RODRIGUES, 1999). 
Com a especulação imobiliária a região fica cada vez mais descaracterizada do 
seu original, e a tendência é ficar cada vez mais cheia de pessoas de outras regiões, 
desalojando assim os moradores tradicionais, direcionando-os para as regiões mais distantes 
e pobres (CALVENTE apud SANTOS, 2006). 
2.1.2. Os impactos do turismo na sociedade 
O turismo é uma atividade que envolve pessoas em suas mais diferentes 
características e culturas e dentro de sua execução apresenta impactos sociais de várias 
formas e resultados diferenciados. Esta consegue trazer uma forte disseminação de valores e 
novos hábitos e ainda tem como um dos seus principais impactos o aumento da tolerância e 
um aumento da compreensão mundial. 
 
Tão relevante quanto o aspecto econômico da atividade turística, é a dimensão 
social e cultural que o abriga. O turismo é um fenômeno de aproximação ou de 
afastamento das pessoas. Através do contato que promove entre as diferentes 
culturas, uma vez que coloca ao mesmo tempo em um espaço temporariamente 
compartilhado a pluralidade cultural da humanidade. (PIRES, 2004, p.15) 
 
Os impactos sociais do turismo, de acordo com Santana (apud DIAS, 2003, p. 
126), podem ser avaliados em três diferentes níveis: 
 
 
 
24 
 
a) Em relação ao turista: os impactos ao visitante da região; 
b) Em relação ao residente: impactos aos residentes do local; 
c) Na relação da interação ente turista e anfitrião: os impactos referentes ao 
contato entre os envolvidos e suas consequências. 
 
Quando um turista chega ao local de visita, este leva todos os seus hábitos e 
comportamentos de consumo para a região de destino. O residente passa então a absorver 
esses hábitos, atitude essa conhecida por “efeito-demonstração”: 
 
O comportamento também é copiado, levando grupos da população residente a 
procurar viver e comporta-se de acordo com o modelo simbolizado pelos 
visitantes. São particularmente influenciados os jovens, que buscam imitar os 
visitantes tanto na posse de bens, como no comportamento associado a eles. 
(DIAS, 2003, p.131) 
 
Para Santos (2006), o efeito-demonstração ocorre quando o turista torna-se modelo 
para os moradores, que passam a adotar seus comportamentos como o de consumo, os 
valores culturais e sociais tornando-os tornar parte da vida dos residentes daquele local. 
Deve-se destacar que por muitas vezes a sociedade local passa a assimilar tais 
costumes estrangeiros não só por vontade própria de se igualar aos visitantes, mas também 
como uma forma de se aumentar a interação com estes que estão usufruindo daquele local, 
para fazer com que se sintam em sua terra natal, ou seja, é uma forma de negociação 
cultural. 
Outro impacto a ser estudado na sociedade é a prioridade nos investimentos 
direcionados ao turismo. Quando uma cidade começa a se beneficiar com o turismo, 
muitas vezes o próprio Estado começa a investir nesta região, melhorando a sua 
infraestrutura para dar maior apoio aos visitantes. Em geral, ocorre a melhoria das condições 
de acesso, instalação ou expansão de canalização de água, esgoto, energia elétrica e outros 
serviços públicos (AULICINO apud SANTOS, 2006). Essas melhorias acarretam vários 
benefícios à população, mas quando é dada prioridade máxima ao turismo e ao seu 
desenvolvimento, por muitas vezes, se esquecem de investir em serviços básicos como a 
educação, saúde, transporte e moradia fazendo com que a população passe a sofrer com a 
 
 
 
25 
 
falta destes. 
O turismo também é visto como uma forma de se valorizar a cultura da 
sociedade receptora, que em algumas regiões é vista como antiquada e sem importância. 
Com o turismo esses costumes passam a ser valorizados por outros, como algo exótico. “[...] 
Quer acolhendo-a festivamente, incorporando-a a paisagem como algo exótico ou pelo 
retorno do lirismo ou da retórica econômica do potencial turístico.” (SAWAIA, 2006, p.108) 
Com o turismo, a valorização da cultura e o envolvimento da população em 
eventos que mostrem a cultura local acabam por fortalecer a identidade da população 
com o renascimento de antigas formas de arte deixadas de lado pelos moradores mais 
jovens da região (DIAS, 2003). 
Outro impacto ocasionado pelo turismo é a existência de sentimentos 
xenofóbicos. A xenofobia se refere ao sentimento de repulsa de uma população ou 
indivíduos em relação a estrangeiros, onde a população local passa a demostrar um 
sentimento de inferiorização perante aos que visitam a região. Uma das justificativas para 
esse tipo de sentimento nos residentes de uma região turística é o fato de que quando um 
turista visita uma região, por muitas vezes, este se encontra em uma posição privilegiada 
gozando de certo poder aquisitivo que acaba por se traduzir como um aspecto de 
superioridade perante aos residentes, o que pode desenvolver, ao longo do tempo, 
sentimentos xenofóbicos na população local (RODRIGUES, 1999). 
O sentimento xenofóbico é um impacto social muito importante em regiões 
turísticas, pois se este chegar a um estágio de grande proporção pode ocasionar danos à 
atividade turística podendo até atrapalhar o desenvolvimento desta, ocasionando o aumento 
do conflito social e étnico com o aparecimento de manifestações etnocêntricas danosas a 
sociedade e a paz da região. 
Devido ao aumento do fluxo de pessoas com o turismo a saturação na 
infraestrutura das regiões turísticas é comum em algumas regiões. O turista passa a 
utilizar os mesmos serviços básicos usados pela população, em alguns locais esses serviços 
não são nem suficientespara atender a demanda local, trazendo assim grandes problemas a 
todos os envolvidos. Além da saturação da infraestrutura básica também as expressões 
culturais podem perder seu significado mais profundo por causa da intensa 
 
 
 
26 
 
comercialização, como exemplo pode-se notar a comercialização de artigos pertencentes 
à identidade local como o artesanato. 
As atividades ligadas ao turismo ocasionam a formação de novos recursos 
humanos, promovendo oportunidades para pessoas de diferentes qualificações que por 
muitas vezes não encontravam vaga no mercado de trabalho (LAGE E MILONE, 2000). 
Além da formação de recursos humanos na região, a comunidade também começa a 
valorizar atividades que antes do advento do turismo na região não tinha quase nenhum 
valor, como a mão-de-obra ligada ao artesanato. 
Outro impacto social de grande relevância é o aumento da prostituição e da 
criminalidade. As motivações dos visitantes por muitas vezes possuem perfis de 
exploração. De acordo com Dias (2003), os comportamentos danosos mais observados nas 
regiões turísticas são: o aumento do consumo de drogas (presença de traficantes para 
suprir os turistas que as utilizam); a prostituição e o turismo sexual e o aumento da taxa de 
criminalidade, impulsionado pela presença de grande número de turistas com o dinheiro 
para gastar. 
Os impactos sobre a saúde do turista quase sempre são negligenciados nas 
estruturas existentes para atrair turistas. Talvez a motivação dessa negligência esteja 
associada ao fundamento quem viaja é saudável, o que não precisa ser necessariamente 
verdadeiro. O aparecimento de novas doenças em regiões em razão do deslocamento de 
pessoas pelo espaço geográfico é um enorme desafio para controlar as endemias (doenças 
próprias de um lugar e seus habitantes) e as epidemias (doenças eventuais que têm caráter 
de visitação), que podem ser ocasionadas por este. Algumas das doenças veiculadas pelo 
turismo, sobretudo em áreas carentes, são as sexualmente transmissíveis. Isso porque, nessas 
áreas há muita atração para o turismo sexual que precisa ser combatido com veemência, mas 
nem sempre os resultados são bem sucedidos (DIAS,2003). 
As doenças ocasionadas pelo exercício do turismo tanto podem atingir os 
residentes como os visitantes da região explorada, a intensa interação entre estes agentes 
acaba por ocasionar troca de doenças antes nunca vista por esses, principalmente doenças 
sexualmente transmissiveis. 
 
 
 
27 
 
2.1.3.Os impactos do turismo no meio-ambiente 
Nos dias atuais os temas relacionados ao meio-ambiente e a sua degradação, vem 
alcançando destaque dentro da sociedade em geral. E o turismo como uma atividade que tem 
como um dos seus principais atrativos a natureza, deve buscar a preservação e a 
sustentabilidade deste. 
Segundo o CONAMA3, a definição jurídica de impacto ambiental se baseia no art. 
1° da resolução n°.1, do dia 23 de janeiro de 1986 onde se considera como impacto 
ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio 
ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades 
humanas que, direta ou indiretamente, afetam (BRASIL, 1986): 
I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população; 
II - as atividades sociais e econômicas; 
III - a biota; 
IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; 
V - a qualidade dos recursos ambientais. 
O turismo é uma atividade econômica que para o seu desenvolvimento 
necessita lidar diretamente com o meio ambiente, sendo esta relação a de atratividade que 
leva o agente “explorador”, o turista, a visitar tal região, como ressalta Coriolano, (1999, 
p.95-96): 
A atividade turística está verdadeiramente ligada atrelada ao meio ambiente, o 
turista busca paisagens diferentes onde está seu hábitat, e quanto mais nativa 
e natural for esta paisagem maior será sua atratividade. 
 
 
Dentre os impactos causados pelo turismo no meio ambiente, temos: a valorização 
das paisagens, destruição ecológica, aumento da temperatura e o aumento da poluição. 
Quando o turismo começa a ser exercido em uma determinada região, esta começa 
a ser vista com outros olhos, tanto pelos moradores como pelo governo, se inicia o processo 
 
3 Conselho Nacional do Meio Ambiente 
 
 
 
28 
 
de valorização da paisagem. O sentimento de orgulho começa a fluir dentro dos 
moradores da região em razão da atratividade que a sua região desperta nos visitantes. 
 
O desenvolvimento do turismo em ambientes naturais [...] Promove-se a 
descoberta e a acessibilidade de certos aspectos naturais em regiões antes não 
valorizadas, a fim de desenvolver o seu conhecimento por meio de programas 
especiais (turismo ecológico). (RUSCHMANN, 1997, p.56) 
 
 
Apesar de o turismo trazer a valorização aos ambientes que antes não despertavam 
tal atenção, este também tem como um dos seus principais efeitos a destruição causada às 
condições ecológicas, pois esta atividade depende da exploração deste. 
O meio ambiente é um elemento de fundamental importância para o turismo, pois 
com a deterioração dos ambientes urbanos da atualidade, pela poluição sonora, visual e 
atmosférica, o aumento da violência, os congestionamentos e as doenças por muitas vezes 
provocadas pelo desgaste psicofísico das pessoas, estas começam a buscar a fuga destes 
ambientes nocivos. A “busca do verde” nas viagens de férias e de fim de semana passa a 
ocasionar degradações aos ambientes alheios (RUSCHMANN, 1997). 
Outro impacto importante no meio-ambiente é a formação de “ilhas de calor” , ou 
seja, regiões onde a urbanização ainda não se encontravam em estágio avançado, começa 
após o turismo a serem invadidas por construções desordenadas que causam vários 
problemas. Essas alterações na paisagem ocasionam construções de prédios de alturas 
elevadas, criando assim barreiras artificiais que condicionam o confinamento do ar 
causando um aumento na temperatura da região. Começa a se desenvolver verdadeiras 
“ilhas de calor” por falta de áreas verdes livres, (RODRIGUES, 1999). 
O aumento da poluição também é algo muito frequente em áreas turísticas mal 
planejadas, onde a contaminação do ar pela concentração de veículos em núcleos turísticos 
de densa ocupação, a poluição das praias pelo acúmulo de lixo e insuficiência na rede de 
esgoto doméstico é algo a ser combatido. Segundo Ruschmann (1997) os principais 
agentes causadores do aumento da poluição através do turismo são: 
a) Poluição do ar – motores de carros, produção e consumo de energia; 
b) Poluição da água (oceanos, lagos, r ios e cachoeiras) – falta ou mau 
 
 
 
29 
 
funcionamento dos sistemas de tratamento, descargas de esgotos de iates de recreio 
e os gases emitidos por barcos a motor e etc; 
c) Poluição de locais de piquenique – falta ou coleta inadequada de lixo; 
d) Poluição sonora – motores de veículos, ruídos dos turistas e dos 
entretenimentos criados para eles. 
Como resumo dos principais impactos apresentados nesta seção, segue um quadro, 
segundo as suas dimensões: 
Quadro 1. Os impactos das atividades turísticas 
 
Dimensão econômica 
1. Geração de renda 
2. O efeito multiplicador do turismo 
3. Aumento do número de empregos 
4. Pressão inflacionária 
5. Especulação imobiliária 
Dimensão social 
1. Mudança de valores culturais, sociais e hábitos de consumo. 
2. Prioridade nos investimentos 
3. A valorização da cultura 
4. Sentimentos xenofóbicos 
5. A saturação da infraestrutura; 
6. A formação de novos recursos humanos 
7. Aumento da prostituição e da criminalidade 
8. Problemas de saúde 
 Dimensão ambiental 
1. Valorização das paisagens 
2. Destruição ecológica 
3. Aumento da temperatura 
4. Aumento da poluição 
Fonte: Ruschmann (1997); Rodrigues, (1999); Lage e Milone, (2001); Rabahy, (1990); Barbosa, (2002). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
3. ASPOLÍTICAS PÚBLICAS E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁV EL DO 
TURISMO 
A busca por tornar o turismo uma atividade que apoie a sustentabilidade é algo 
muito pesquisado nos dias atuais, passando até a ser meta de ONG’s e associações de 
diversos setores ligados ao turismo, mas como conseguir este objetivo? Como fazer com que 
o turismo se torne esse auxiliador à frente de tantos impactos que são ocasionados? 
No decorrer desta sessão seguirá quais as ligações do turismo e a sustentabilidade, 
as politicas públicas do turismo e como essas podem auxiliar na busca por tornar esta 
atividade um auxilio a busca do desenvolvimento sustentável. 
3.1. O Turismo e a Sustentabilidade 
O desenvolvimento sustentável atualmente é uma palavra chave para debates e 
estudos de diversos setores e governos. Este tem como principio a busca por construir uma 
sociedade que satisfaça suas necessidades no presente, sem diminuir as chances de iguais 
privilégios para as gerações futuras. 
A ideia de sustentabilidade vem sendo discutida desde os anos 70, com a inclusão 
deste tema em fóruns mundiais, mas foi a partir dos anos 80 que o mundo começou então a se 
questionar sobre qual seria a alternativa para se conciliar o desenvolvimento econômico e a 
conservação do meio ambiente, colocando então o sistema de desenvolvimento utilizado na 
época em cheque sobre seu verdadeiro resultado para as gerações futuras 
(LOURENÇO,2003). 
Um novo paradigma então se desenvolveu, começou a ganhar destaque junto aos 
estudiosos, que passaram a observar que o universo não funcionava como a soma das partes 
que o compõem, mas como o produto da inter-relação das partes, ou seja, nada no mundo 
poderia se desenvolver de forma sustentável se suas áreas continuassem a se desenvolver de 
forma isolada, mas sim que estas estejam em uma completa integração nos seus 
desenvolvimentos, com a finalidade de não ocasionar danos a nenhuma dessas áreas na 
consecução do crescimento das outras. 
 
 
 
31 
 
 
Com a percepção de então formular novas visões de desenvolvimento, vários 
estudiosos levantaram novos modos de pensar a respeito do assunto. Um dos primeiros e 
grandes estudiosos sobre o assunto, Ignacy Sachs, trouxe várias contribuições para o que hoje 
se conhece como desenvolvimento sustentável. Sua participação começou no ano de 1972 na 
primeira conferência das Nações Unidas sobre meio ambiente e desenvolvimento na cidade de 
Estocolmo com o conceito de eco desenvolvimento. 
A partir das ideias de Ignacy Sachs e de outros pesquisadores, em 1987 a então 
primeira ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, apresentou um novo conceito de 
desenvolvimento que prima pela sustentabilidade, este novo conceito foi apresentado no 
relatório da comissão mundial sobre meio ambiente e desenvolvimento, que era presidida pela 
mesma, este ficou mundialmente conhecido como relatório Brundtland4. A partir da criação 
deste relatório começa um novo conceito de desenvolvimento que passa então a ser chamado 
de desenvolvimento sustentável. Este novo conceito se contrapõe a antiga visão como mostra 
a pesquisadora Lourenço (2003, p. 28): 
O novo paradigma se contrapõe ao modelo dominante, de base estritamente 
economicista, alicerçado apenas no crescimento do PIB e no avanço tecnológico. 
Este modelo já não é capaz de responder aos desafios e problemas econômicos, 
sociais e ambientais da atualidade. 
 
Sachs, em 2006, afirmou que o desenvolvimento sustentável é a universalização 
efetiva do conjunto dos direitos humanos, e que estes não são só os direitos cívicos, mas 
também os direitos econômicos, culturais, sociais e todo conjunto de direitos coletivos, e a 
busca por este desenvolvimento deve ser socialmente includente, que busque acabar com a 
exclusão social, distribuindo riquezas, e conservando e garantindo recursos naturais para esta 
e as futuras gerações. “informação oral5” 
Os princípios sugeridos por esta nova ideia de desenvolvimento ainda é algo difícil 
de ser encontrado nos dias atuais, pois ainda encontramos uma sociedade arraigada à busca 
por lucros e a acumulação a qualquer custo. A busca por uma sociedade includente e 
 
4 Relatório Nosso Futuro Comum 
5 Informação obtida em uma entrevista concedida pelo mesmo no dia 03 de dezembro do ano de 2006, para a TV 
Cultura. 
 
 
 
32 
 
garantidora dos recursos naturais e preocupada com a exclusão social e a distribuição de 
riquezas é ainda uma ideia contraria aos objetivos atuais de muito agente econômicos ainda 
presos à lógica dos preceitos econômicos do mercado soberano: 
 
Dessa maneira, segundo ainda as sugestões do Relatório de Brudtland, as entidades 
internacionais adotariam esta nova concepção de desenvolvimento, que tentava 
compatibilizar eficiência econômica, com justiça social, e com prudência 
ecológica. Tornar compatível estas concepções, se mostra de difícil praticidade, na 
medida em que eficiência econômica significa maximização de lucro e 
acumulação de capital. E justiça social e prudência ecológica caminham em 
direções opostas a estes objetivos.... Assim, parece-nos ser esta uma tentativa 
bastante difícil de acontecer dentro dos preceitos da economia, em que o mercado 
está soberano, e acima de quaisquer lógicas ou interesses mais gerais das 
populações como um todo, sobretudo daquelas mais carentes. (LEMOS, 2007, 
p.32) 
 
Para o desenvolvimento dos novos preceitos ligados a sustentabilidade é necessário 
se buscar atividades que primem pela preservação ambiental, social e econômica para se 
desenvolver, e a atividade turística com sua incontestável relação com o meio ambiente e a 
sociedade se tornar como uma alternativa na busca pelo desenvolvimento sustentável. 
A idéia de um turismo devidamente responsável e autossustentado começou a surgir 
a partir dos anos 80. O turismo sustentável atualmente é compreendido como um segmento 
que se apresenta cada vez mais como uma alternativa para a sociedade mundial exercer a 
responsabilidade social e ambiental. O turismo sustentável compõe-se de uma estratégia para 
que a sustentabilidade seja alcançada por regiões de diversos tipos, onde a valorização das 
características dos recursos naturais e culturais sejam preservadas, sustentando-as para futuras 
gerações de comunidade, visitantes e empresários. (RODRIGUES, 1999). 
A Organização Mundial do Turismo (2012) define como turismo sustentável aquele 
que é ecologicamente sustentável, de longo prazo, economicamente viável, assim como ética 
e socialmente equitativo para as comunidades locais. Exigindo uma integração com o meio 
ambiente natural, cultural e humano, respeitando o frágil balanço que caracteriza a ligação 
entres os agentes desta atividade. 
No turismo sustentável o turista deixa de ser um mero espectador em busca de 
suprir suas necessidades e se torna um visitante consciente em busca de conhecimento e 
atividades que primem pela sustentabilidade socioambiental. A busca por novas áreas 
 
 
 
33 
 
ecologicamente sustentáveis e um turismo com maior contato com a natureza, sem agredi-la, 
torna-se cada vez mais procurado por viajantes de todo o mundo. Como exemplos desta nova 
visão do turismo, o turismo ecológico, mais conhecido como ecoturismo, se mostra como uma 
nova alternativa de se exercer o turismo, onde o planejamento deste se baseia na preservação 
do meio ambiente e na valorização deste. 
Os impactos negativos da atividade turística são fatores preponderantes para que 
haja um novo planejamento nesta atividade, os impactos que ocorrem em âmbito tanto social, 
econômico e ambiental passaram a fazer desta atividade um contraposto à sustentabilidade 
local. Busca-se então um turismo que bem planejado, com politicas direcionadas e objetivos 
compatíveis com a sustentabilidade, possa contribuir substancialmente para a promoção do 
desenvolvimento econômico e social, para a proteção do meio ambiente e da diversidadecultural, estimulando os impactos positivos. 
Segundo Swarbrooke (2000, p. 3), o turismo possui seis atores essenciais, onde 
cada um possui papeis determinantes na busca por um turismo responsável, sendo estes: o 
setor público (inclusive órgãos supragovernamentais, os governos nacionais, as autoridades 
locais e organizações quase governamentais), os empreendimentos voltados ao turismo, 
organizações do setor voluntário (especialmente entidades profissionais), a comunidade local, 
a mídia e o turista. 
O papel que deve ser exercido por cada um desses atores dentro da busca da 
sustentabilidade do turismo é diferenciado, mas ao mesmo tempo dependentes. A busca por 
empreendimentos devidamente responsáveis, por turistas conscientes, por uma mídia que 
auxilie a promoção da sustentabilidade, por uma comunidade consciente de seu papel e 
defensora da sustentabilidade, por organizações que procurem conscientizar setores e por 
governos que busque através de politicas voltadas para o turismo sustentável desenvolver e 
promover esta nova visão; são papeis que devem ser exercidos e incentivados em regiões 
turísticas. 
Dentro da ação desses atores, segundo a WWF (2012) - Brasil6, no ano de 2004, em 
seu artigo sobre turismo responsável, é necessário à adoção de medidas especificas, sendo 
estas: 
 
6 É uma organização não governamental brasileira dedicada à conservação da natureza com os objetivos de 
harmonizar a atividade humana com a conservação da biodiversidade e promover o uso racional dos recursos 
naturais em benefício dos cidadãos de hoje e das futuras gerações 
 
 
 
34 
 
 
• O apoio a esquemas de certificação para se estabelecer ou ampliar a qualidade 
e a sustentabilidade no consumo e nos negócios. 
• O estabelecimento de políticas e regulamentos em todos os níveis 
governamentais, regidos por uma política nacional de turismo sustentável; 
• A adoção de uma visão de planejamento integrado entre os diferentes agentes 
do turismo, públicos ou privados; 
• A definição de linhas diferenciadas em incentivos e financiamentos, voltados 
para o pequeno e médio empreendedor; 
• A adoção de códigos de conduta e de ética nos negócios; 
• A realização de campanhas de educação aos visitantes; 
 
Das medidas apresentadas, uma se destaca pelo estagio de desenvolvimento que se 
encontra dentro do contexto mundial, sendo esta a certificação sustentável do turismo. Os 
programas de certificação em turismo têm por objetivo criar um sistema de acreditação 
internacional em turismo sustentável a empreendimentos ligados ao turismo. Estes 
certificados passam a ser referencias conhecidas e confiáveis para se avaliar a sustentabilidade 
na escolha de empreendimentos para as viagens, onde a adoção voluntária de normas 
operacionais que visem aprimorar o desempenho socioambiental do empreendimento e seu 
entorno são avaliadas e certificadas. 
Conforme a 7Ecobrasil (2009), a certificação do turismo sustentável faz parte de 
uma tendência mundial de se estabelecer produtos realmente sustentáveis, de atender ao 
consumidor mais consciente e aos novos princípios de conscientização empresarial. As 
certificações e os parâmetros de qualidade estão sendo incorporados às políticas públicas 
como instrumentos de diferenciação. Já existe uma crescente demanda da sociedade por 
ofertas turísticas associadas à utilização sustentável dos patrimônios natural e cultural. 
Atualmente a criação do Programa de Responsabilidade Ambiental Hóspedes da 
Natureza – PHN da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis – ABIH é um dos exemplos 
da adequação do parque hoteleiro brasileiro a critérios de sustentabilidade. 
 
 
7 O Instituto EcoBrasil é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, que tem por finalidade: fazer 
do turismo um instrumento eficaz de desenvolvimento econômico e conservação dos recursos naturais e culturais 
do Brasil 
 
 
 
35 
 
É importante salientar que a certificação dos empreendimentos é somente uma das 
ferramentas para se chegar à sustentabilidade, pois é somente uma das medidas necessárias 
para se obter um turismo devidamente responsável. Dentro da atividade turística, é necessário 
que se trabalhe não somente um dos atores, mas sim os seis atores envolvidos no turismo, 
principalmente o setor público, pois é a partir das ações deste que serão norteadas as ações 
para um turismo planejado e baseado na sustentabilidade. 
Encontrar o equilíbrio para se desenvolver um planejamento do turismo que apoie 
a sustentabilidade é algo que depende de critérios, valores subjetivos e de uma politica 
ambiental e turística adequada. Abaixo será identificado qual o papel das politicas públicas 
do turismo na busca pela sustentabilidade e como se encontra esta dentro do contexto 
nacional. 
3.2. Politicas públicas e a sustentabilidade do turismo 
Políticas públicas é o conjunto de ações executadas pelo Estado, enquanto sujeito, 
dirigidas a atender às necessidades de toda a sociedade, (DIAS 2003, p.2), ou seja, é como um 
conjunto de regras e ações que tem por intuito o beneficio da população, sendo estas 
executadas pelo governo. 
A Organização Mundial do Turismo atribui a implementação das políticas públicas 
de turismo aos setores governamentais e privados. A iniciativa privada participa da 
infraestrutura por meio de organizações que compatibilizam e defendem seus interesses 
particulares. Cabe ao poder público: a política, o planejamento e a pesquisa do turismo. 
 
[...] oferecendo a infra-estrutura básica, desenvolvendo alguns atrativos turísticos, 
fixando e administrando padrões para serviços e instalações, estabelecendo e 
administrando os regulamentos referentes ao uso da terra e à proteção ambiental, 
determinando padrões para a educação e o treinamento para o turismo, além de 
estimulá-los, mantendo a segurança e a saúde públicas e responsabilizando-se, 
ainda, por algumas funções de marketing (OMT, 2003, p. 85). 
 
A atuação governamental é um dos mecanismos mais importantes para o 
desenvolvimento planejado do turismo, a participação deste setor vem com o passar dos anos 
se destacando no mundo inteiro, onde quanto maior é a importância do turismo para um país, 
maior é o envolvimento do governo na atividade. Isso tem ocorrido desde o final da Segunda 
Guerra Mundial (1939 a 1945), quando o turismo se tornou um fenômeno de massa. A 
 
 
 
36 
 
intervenção do Estado é muito importante para o próspero desenvolvimento do turismo 
(LICKORISH, 2000, p.20). 
O setor público tem o poder de influenciar na direção do desenvolvimento turístico. 
Além de dar assistência ao setor privado e regulamentá-lo, os governos intervêm na atividade 
turística através da coordenação das ações, do planejamento, da legislação e regulamentação 
das atividades, de incentivo e de marketing, pois a iniciativa privada não é capaz de atender 
todos os objetivos da política de turismo de um país. 
O papel do governo no planejamento do turismo de forma sustentável é de vital 
importância, pois este tem o papel de estabelece parâmetros de desenvolvimento para a 
atividade ressaltando as suas prioridades nos impactos sociais, ambientais e econômicos que 
afetam o bem estar da população. Beni (2001, p. 177) afirma que: 
a política de turismo é a espinha dorsal do “formular” (planejamento), do “pensar” 
(plano), do “fazer” (projetos, programas), do “executar” (preservação), 
conservação, utilização e ressignificação dos patrimônios natural e cultural e sua 
sustentabilidade, do “reprogramar” (estratégia) e do “fomentar” (investimentos e 
vendas) o desenvolvimento turístico de um país ou de uma região e seus produtos 
finais. 
 
A atuação do Estado no turismo pode variar em decorrência dos direcionamentos 
das políticas locais, mas em geral os fatores econômicos são os que mais influenciam nas 
decisões políticas, pois são os impactosmais destacados dentro desta atividade. 
O uso do turismo como um instrumento que promova o desenvolvimento com 
qualidade, melhorando a condição de vida da população e respeitando o meio ambiente, deve 
se basear na inclusão deste tema em agendas governamentais nacionais. Segundo Ruschmann 
(2000, p. 157-158) dentro da formulação de politicas públicas sustentáveis do turismo deve 
incluir os seguintes temas: 
• Política do desenvolvimento físico - utilização do solo e zoneamento 
territorial; controle dos estilos e das dimensões dos equipamentos, englobando 
também as políticas de proteção do ar, da qualidade da água e dos padrões 
necessários à saúde pública, dentre outras; 
• Política de acesso e de inacessibilidade - planejamento dos transportes para 
determinados recursos com base nos padrões ideais de sua capacidade; 
• Políticas econômicas - controles e ações econômicas dissuasivas, corretivas e 
 
 
 
37 
 
desenvolvimentistas, dentre outras; 
• Políticas de conservação da natureza - visam à proteção e à administração do 
patrimônio natural, a fim de manter suas características e sua qualidade; 
• Políticas culturais e educativas - interpretação, conhecimento e entendimento 
dos meios urbano e natural, da herança cultural e de seus mecanismos de suporte 
(escolas, cursos, palestras etc). 
Dentro da busca por elaborar politicas públicas na área do turismo sustentável, foi 
criado, a nível mundial o Global Partnership for Sustainable Tourism (Parceria Global para o 
Turismo Sustentável) durante reunião da Comissão para o Desenvolvimento Sustentável, em 
Nova York no ano de 2010. Esta parceria atualmente é liderada pelo governo francês e sediada 
pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Composta por 18 
governos nacionais, cinco organizações das Nações Unidas, a Organização para Cooperação e 
Desenvolvimento Econômico (OECD), 17 organizações internacionais do setor de negócios, 
assim como 16 organizações não governamentais tem por finalidade transformar o setor do 
turismo mundial ao adotar políticas bem sucedidas de sustentabilidade e investimentos 
(CARDOSO, 2009). 
Entre as medidas iniciais o GPST tem a criação de uma força-tarefa para produzir 
um guia para o turismo sustentável, no qual estarão descritas 4,5 mil práticas bem sucedidas 
nesta área, que será entregue à indústria turística, este se concentra em sete áreas temáticas: 1) 
diretrizes políticas, 2) mudanças climáticas, 3) biodiversidade e meio ambiente, 4) alívio da 
pobreza, 5) patrimônio cultural e natural, 6) práticas de turismo sustentável para o setor 
privado e 7) finanças e investimentos. Vale ressaltar que este ainda está em fase de 
elaboração. 
A Organização Mundial do Turismo (2012) nos últimos 20 anos elaborou três 
importantes documentos - Desenvolvimento do turismo sustentável: Guia para planejadores 
locais (1983), Agenda 21 para a “Indústria de Viagem e Turismo para o Desenvolvimento 
Sustentável” (1994) e o Guia de desenvolvimento do turismo sustentável (2003) - que tem por 
base definir a responsabilidades dos agentes do turismo e levantar propostas de 
direcionamento das ações para um desenvolvimento sustentável do setor. 
Em âmbito nacional se destacar o Plano Nacional de Municipalização do Turismo 
(PNMT), que teve seu início nos anos 90. Apesar de não haver atingido todos os seus 
objetivos, este teve um papel crucial no que diz respeito à conscientização sobre o papel dos 
 
 
 
38 
 
municípios no desenvolvimento da atividade turística. Tornando mais especificas as políticas 
do turismo, pois governos locais conseguiam identificar melhor quais as necessidades do setor 
(BRASIL, 2011). 
No ano de 2003, o Brasil começou a conta com o Plano Nacional do Turismo 
(PNT), que tem como base promover, descentralizar e regionalizar o turismo, estimulando 
Estados, Distrito Federal e Municípios a planejar, em seus territórios, as atividades turísticas 
de forma sustentável e segura, inclusive entre si, com o envolvimento e a efetiva participação 
das comunidades receptoras nos benefícios advindos da atividade econômica. Atualmente a 
regionalização prevista no Plano ainda se encontra em desenvolvimento, as ações ainda estão 
concentradas as macrorregiões político-administrativas e ao objetivo de desenvolver o turismo 
em âmbito nacional. 
Outro instrumento criado no Brasil para o auxilio na criação de politicas de 
desenvolvimento sustentável foi o Conselho Nacional de Turismo (CNT). Este é formado por 
63 membros, representantes de todos os segmentos do setor, sendo 24 de instituições públicas 
e 39 do setor privado e sociedade civil organizada. Tem por objetivo coordenar, ordenar e 
estabelecer uma política de nível nacional representando cada área de atividade junto aos 
poderes políticos, econômicos e institucionais, com vistas à defesa e ao desenvolvimento 
ordenado e sustentável do conjunto ou de cada área representada, ressaltando-se que este 
conselho atualmente pouco funciona e quase não ver o trabalho deste em alguns estados 
(BRASIL, 2011). 
Atualmente o CNT busca criar um manual ecológico, onde serão apresentadas 
questões pontuais para a construção e reforma de equipamentos, planos e insumos ecológicos, 
com enfoque em alimentos naturais e sazonais, e o controle do uso e manuseio de materiais 
biodegradáveis entre outros na área do desenvolvimento sustentável do turismo. 
Com base no que foi apresentado, o Brasil e o mundo ainda estão dando os 
primeiros passos para a criação de políticas públicas para o turismo sustentável, pois os seus 
dois principais projetos ainda se encontram em fase inicial, não conseguindo até então chegar 
às comunidades locais. Segundo Ruschmann (2000, p. 11), ainda não se encontrou no Brasil 
nem em outros países uma política ambiental e turística adequada, capaz de promover o 
controle da atividade turística com equilíbrio entre os interesses econômicos e o seu 
desenvolvimento planejado. 
 
 
 
39 
 
Apesar disto, deve-se ressaltar que já existem cidades que conseguiram adotar 
práticas sustentáveis em suas atividades ligadas o turismo, e um desses exemplos é a cidade 
de Bonito, situada no Mato Grosso do Sul, sendo um dos grandes destaques do turismo 
nacional, pois adotou uma política sustentável a partir dos anos 90, quando começou a ser 
mais visitado e sentiu a necessidade de colocar regras no turismo para que não destruísse seus 
bens naturais (ABREU, 2010). 
O papel dos governos locais no desenvolvimento das politicas públicas do turismo 
é essencial, pois quando estas são direcionadas para as localidades menores, onde a população 
passa a fazer parte como agente auxiliador na criação de politicas direcionadas, o turismo 
devidamente responsável passa a ser mais fácil de ser obtido. 
Na perspectiva da construção de politicas de desenvolvimento sustentável a questão 
da participação da população na criação desta é algo muito importante. Onde o poder público 
deve saber valorizar diferentes experiências de cada setor social e agregá-las ao processo de 
construção da democracia participativa, onde se devem criar conselhos para gerenciar as 
ações do setor turístico compostos por representantes do poder municipais, ONGs, 
empresários e outros setores. 
A democracia participativa dentro do planejamento turístico é vista por Hall (2001, 
p. 57), como uma alternativa de “[...] ajudar residentes e visitantes no longo prazo, 
satisfazendo desejos locais de controlar o índice de mudança, se houver, e atendendo o 
interesse do visitante na manutenção dos atributos únicos do destino”. 
No Estado do Ceará destaca-se como exemplo de turismo participativo a Prainha do 
Canto Verde, localizada esta a 126 km da capital, no litoral leste, cuja comunidade elaborou 
um Projeto de Turismo Comunitário no ano de 1997, que alcançou destaque dentro do cenário 
turístico estadual como um exemplo a ser seguido na sua forma de administrar os 
empreendimentosturísticos e na participação da população dentro das ações executadas. Os 
moradores participam da elaboração de politicas públicas, com a finalidade de evitar um 
turismo de massa que comprometeria a integridade ambiental e o respeito a sua cultura 
(MENDONÇA, 2004). 
Com um turismo planejado e focado na busca pela sustentabilidade as regiões terão 
a possibilidade de construir uma nova forma de estrutura que relacione as potencialidades 
 
 
 
40 
 
locais e a busca pela sustentabilidade. A integração entre os atores do turismo é algo 
indispensável para habilitação do processo de preparação para o desenvolvimento. 
As aplicações das politicas terão por objetivos principais: o desenvolvimento da 
participação da população; levar a comunidade a conhecer a sua realidade e da região onde 
mora; fazer com que se identifiquem líderes que serão agentes locais de desenvolvimento, 
fazer com que o visitante entenda o seu papel como agente responsável, maximização dos 
impactos positivos da atividade e controle dos impactos negativos e por fim, que apontem as 
potencialidades da atividade turística na localidade ressaltando os seus diferenciais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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4. PRAIA DE CUMBUCO 
 
Segundo dados fornecidos pela Secretaria de Turismo do Ceará, a praia de 
Cumbuco se encontra no Município de Caucaia, na porção norte do Estado do Ceará. Esta fica 
a 28 km da cidade de Fortaleza, capital do Estado, inserindo-se no raio de influência de sua 
região metropolitana. Cumbuco é a primeira parada da Costa do Sol Poente do Estado. Além 
da praia ainda esta oferece outros atrativos naturais, como as lagoas do Banana, do Cauípe e 
do Parnamirim. 
4.1. Evolução histórica 
Segundo pesquisa feita na região8, a origem do nome Cumbuco deriva do tupi-
guarani que significa “onda longa e baixa”, segundo informações dos próprios nativos da 
região. Esta região foi citada em documentos somente no ano de 1872 e era uma fazenda 
antiga, pertencente a Sra. Caetana Tereza das Maravilhas e era composta por um conjunto de 
casas de moradores que trabalhavam na fazenda. Após o abandono desta propriedade o 
povoado se dividiu em dois, sendo estes denominados na época de Parnamirim e Jabaquara. 
No ano de 1976, viviam nessa praia de pescadores 79 famílias. Quase todos 
moravam em barracas feitas de palha de coqueiro, sem infraestrutura básica disponível. 
Apesar da proximidade com os grandes centros do Estado, esta ainda era uma região isolada, 
que não possuía estradas e nem comunicação efetiva com outras regiões. 
Nesta época, não havia água tratada, energia, telefone, posto médico, escola 
pública. A população dependia de poços para sobreviver. A taxa de analfabetismo era de 
quase 100%. Os nativos contam que nessa época a taxa de mortalidade infantil chegava a 
80%, durante o primeiro ano de vida e a taxa de mortalidade de parturientes era altíssima, 
devido à falta de higiene no parto e no pós-parto, além da falta de assistência médica. 
 
 
 
 
 
 
8 A evolução histórica da vila e as fotos foram obtidas através de um documento elaborado por Raimundo 
Perreira de Morais, residente na região, que o elaborou para o arquivo da escola de Ensino Infantil e fundamental 
Helena de Aguiar Dias, localizada na vila de Cumbuco onde o mesmo é professor. 
 
 
 
 
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Figura 4. Antiga moradia de palha dos primeiros moradores do Cumbuco 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Fonte: pesquisa de campo. 
 
Nos casos de doenças graves os moradores precisavam andar quase 20 km por cima 
das dunas, transportando o doente numa rede ou no lombo do cavalo e geralmente chegavam 
tarde demais no hospital mais próximo, em Caucaia. No ano de 1972, o engenheiro João 
Bosco Aguiar dias conheceu a região, se encantou pela beleza do local, e viu a potencialidade 
turística da região e também a falta de urbanização do local. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Fonte: pesquisa de campo. 
 
Figura 5.Poços usados pela população da praia antigamente 
 
 
 
43 
 
João Bosco, no ano de 1966, havia defendido sua tese de mestrado no IME 
(Instituto Militar de Engenharia) com o tema “Urbanização de uma área na cidade de Lajes, 
em Santa Catarina" e assim resolveu por em prática sua teoria apresentada. No Cumbuco, 
principalmente na região da praia. Entre os anos de 1974 e 1977 este passou a reconhecer 
melhor a área e manteve contato com os nativos. Este propôs para a população uma melhoria 
na qualidade de vida com a construção de casas dignas, e em troca disto os moradores nativos 
teriam de negociar com ele os terrenos de praia. 
Em 1977 se iniciaram as obras de construção das casas, escola, posto médico e 
dentário, maternidade, posto policial, e posto telefônico. A estrada asfaltada e a energia 
pública e domiciliar também foram de iniciativa privada. As residências eram em alvenaria 
compostas por sala, dois e três quartos, banheiro e cozinha. Deve-se ressaltar que os 
pescadores receberam casas com escritura pública de doação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Fonte: pesquisa de campo. 
 
No dia 08 de janeiro do ano 1978 a nova praia do Cumbuco e a oficial colônia de 
pescadores Z-7 de Cumbuco foram criadas, que até então não era reconhecida pela capitania 
dos portos. A inauguração contou com a presença do então governador do Estado do Ceará, 
Adauto Bezerra e do comandante da capitania dos portos, Paulo Gustavo. 
Figura 6. Primeiras casas da praia. 
 
 
 
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 Fonte: pesquisa de campo. 
 
No mês de agosto do mesmo ano ocorreu a venda do primeiro lote do loteamento 
praia do Cumbuco. Nesta época a praia contava com cerca de 1200 pessoas. Os serviços de 
educação eram bem precários, pois a praia somente contava com uma professora que era 
responsável tanto por ensinar as crianças como os adultos, sendo paga pela própria população. 
Esta moradora, dona Iraci, atualmente ainda reside na praia e é reconhecida por todos da 
região. 
No dia 08 de janeiro de 2012 a praia completou 34 anos de existência. Passados 
esses 30 anos, as mudanças foram muitas. Atualmente, a praia do Cumbuco é um dos destinos 
mais procurados dentro do turismo no Estado, a praia sofreu modificações urbanísticas 
perdendo assim grande parte das suas características originais. 
Figura 8. Praia do Cumbuco no ano de 1978 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Fonte: pesquisa de campo. 
Figura 7. Governador Adauto Bezerra cumprimentando o comandante Paulo 
 
 
 
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 Fonte: http://www.portalcumbuco.com.br/ 
 
A faixa da praia atualmente conta com cerca de 170 casas. Já na região do 
Cumbuco se identificam cerca de 300 residências construídas e algumas em processo de 
construção. A população total a região do Cumbuco é de aproximadamente 4000 pessoas, 
segundo dados da prefeitura de Caucaia. Dos anos 70 até os dias atuais, a população de 
Cumbuco cresceu em torno de 233 %, passando de 1200 para os atuais 4000 habitantes. 
Dentre as casa localizadas na praia, algumas são utilizadas para a exploração do 
comércio de bares e restaurantes e outras para o aluguel de veraneio. Na praia, a comunidade 
encontra disponível o serviço de transporte, possuindo linhas de ônibus para a Caucaia a cada 
30 minutos, auxiliando assim no transporte tanto dos nativos para a sede do Município como 
para a cidade de Fortaleza. 
A região da praia conta atualmente com uma escola de ensino fundamental, onde 
estão matriculados cerca de 880 alunos e conta com um quadro de 15 professores. Na área de 
saúde á nível local, a praia conta com um mini posto de saúde, onde a população

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