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Tese-Paulo-Ladeira-Junior

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO 
INSTITUTO COPPEAD DE ADMINISTRAÇÃO 
 
 
 
 
 
PAULO CESAR LADEIRA JUNIOR 
 
 
 
 
 
 
 
O PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS DE UM 
CLUSTER INDUSTRIAL, SOB A PERSPECTIVA DAS NETWORKS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RIO DE JANEIRO 
2019
 
PAULO CESAR LADEIRA JUNIOR 
 
 
 
 
 
 
O PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS DE UM 
CLUSTER INDUSTRIAL, SOB A PERSPECTIVA DAS NETWORKS 
 
 
 
 
 
Tese submetida ao corpo docente do Instituto 
COPPEAD de Administração, Universidade 
Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como 
parte dos requisitos necessários à obtenção 
do grau de Doutor em Administração. 
 
 Orientador: Renato Dourado Cotta de Mello 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RIO DE JANEIRO 
2019 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PAULO CESAR LADEIRA JUNIOR 
 
O PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS DE UM 
CLUSTER INDUSTRIAL, SOB A PERSPECTIVA DAS NETWORKS 
 
Tese submetida ao corpo docente do Instituto COPPEAD de Administração, 
Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos 
necessários à obtenção do grau de Doutor em Administração. 
 
 
Aprovada por: 
 
 
 
__________________________________________ (Presidente da Banca) 
Prof. Renato Dourado Cotta de Mello, D.Sc. - Orientador 
(COPPEAD/UFRJ) 
 
____________________________________________ 
Profª Ariane Cristine Roder Figueira, D.Sc. 
(COPPEAD/UFRJ) 
 
____________________________________________ 
Prof. Otávio Henrique dos Santos Figueiredo, D.Sc 
(COPPEAD/UFRJ) 
 
____________________________________________ 
Prof. Artur Luiz Santana Moreira, D.Sc. 
(UNIRIO) 
 
____________________________________________ 
Prof. Claudio Rodrigues Corrêa, D.Sc. 
(Escola de Guerra Naval) 
 
RIO DE JANEIRO 
2019
 
DEDICATÓRIA 
 
 
Ao senhor Jesus Cristo, por iluminar o meu caminho, inspirar as minhas 
atitudes e fortalecer a minha fé. 
Aos meus pais, Paulo e Deise, que com poucos recursos e muito amor me 
proporcionaram uma formação acadêmica e moral de excelência. 
À minha esposa Simeia e filhos Jonathan e Ana Paula, pela paciência e 
compreensão durante todo o doutorado. Sem o carinho e o incentivo de vocês esse 
desafio seria intransponível. 
Às empresas Embraer, Akaer, Alltec, Automata, Globo, Winnstal e Usimaza, 
por suas realizações na Indústria Aeronáutica Brasileira. 
 
 AGRADECIMENTOS 
 
 
À Marinha do Brasil, pelo apoio prestado ao longo de todo o doutorado. 
Espero que os conhecimentos adquiridos ao longo do curso possam contribuir para 
as atividades desenvolvidas pela instituição. 
Ao meu orientador, professor Renato Dourado Cotta de Mello, pela 
disponibilidade, correção de atitudes e profissionalismo dispensados ao longo 
desses anos de trabalho. Particularmente, o seu compromisso com a pesquisa 
acadêmica inspirou-me a realizar um trabalho de excelência. 
Aos professores do COPPEAD, por compartilharem seus conhecimentos e 
experiências, proporcionando-me uma formação acadêmica de qualidade. 
Aos colegas da turma 2015 do Doutorado COPPEAD que, pela diversidade 
de habilidades, também contribuíram para o meu desenvolvimento acadêmico. 
Às professoras Angela da Rocha e Ariane Cristine Roder Figueira, que 
participaram da banca de defesa do projeto desta tese. Suas críticas e sugestões 
contribuíram para o aprimoramento deste trabalho. 
Aos funcionários e prestadores de serviços da biblioteca, secretaria e 
restaurante do COPPEAD, pela simpatia e disponibilidade nas muitas horas de 
estudo passadas na instituição. 
Ao senhor Paulo Cesar, presidente da Embraer, que gentilmente permitiu a 
realização das entrevistas com seus gestores, o que muito contribuiu para a 
pesquisa. Ao senhor Nelson Salgado, vice-presidente executivo financeiro da 
Embraer, por ter gerenciado a realização das entrevistas. E aos senhores Raul Eloy 
da Silva Diniz, Gerente Sênior de Suprimentos para a Gestão de Subcontratos, e 
Carlos Leonardo Fernandez, Supervisor de Planejamento e de Desenvolvimento da 
Cadeia de Suprimentos Nacional da Embraer, tanto pela entrevista concedida como 
pela intermediação com algumas empresas fornecedoras participantes da pesquisa. 
Aos seguintes entrevistados das empresas que, através do seu tempo e 
conhecimento, contribuíram com valiosas informações para a pesquisa: 
 
a) senhor Mauro Aparecido de Paula Ferreira, sócio fundador da Globo; 
 b) senhor Ney Pasqualini Bevacqua, sócio fundador da Winnstal; 
 c) senhor José Vilmar de Melo Justo Filho, sócio fundador da Automata; 
 d) senhor Euvaldo Rodrigues Avaladeiros, sócio fundador da Alltec, e senhora 
Juliana Machado Mota, Gerente Comercial da empresa; 
 e) senhores Fernando Coelho Ferraz, Vice-Presidente de Operações, Sami 
Youssef Hassuani, Vice-Presidente Executivo, e Aldo da Silva Júnior, Vice-
Presidente de Assuntos Internacionais da Akaer; e 
 f) senhor Amauri da Silva, sócio fundador da Usimaza. 
 
 
RESUMO 
 
 
 
 
LADEIRA, Paulo Cesar Junior. O processo de internacionalização de empresas 
de um cluster industrial, sob a perspectiva das networks. Rio de Janeiro, 2019. 
Tese (Doutorado em Administração) – Instituto COPPEAD, Universidade Federal do 
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2019. 
 
Esta pesquisa investigou a evolução do processo de internacionalização de 
empresas aeronáuticas do cluster de São José dos Campos, avaliando em que 
medida as proposições teóricas que versam sobre clusters e networks explicam a 
contribuição da Embraer para o processo de internacionalização das pequenas e 
médias empresas aeronáuticas do cluster pertencentes à sua rede de fornecedores. 
Para tal, realizou-se um estudo de seis casos de empresas brasileiras sediadas 
naquele cluster, cobrindo toda a trajetória internacional das mesmas, desde a 
fundação até os dias atuais. Foram levantadas informações relativas a 5 categorias 
de análise, denominadas fatores, cobrindo 12 proposições teóricas provenientes das 
teorias que suportam o estudo. As fontes de dados utilizadas foram entrevistas 
pessoais com os executivos das empresas, notadamente seus sócios fundadores, 
consulta a publicações impressas e digitais, e consulta a documentos internos das 
empresas. Os resultados apontam para uma contribuição decisiva da Embraer para 
o início do processo de internacionalização dessas pequenas e médias empresas 
aeronáuticas do cluster de São José dos Campos pertencentes à sua rede de 
fornecedores. Embora as networks locais do cluster possam proporcionar os 
recursos necessários à internacionalização das empresas participantes da pesquisa, 
observou-se uma maior efetividade da flagship firm do cluster para o processo de 
internacionalização dessas empresas, conectando seus parceiros das networks 
locais aos das networks internacionais. Os resultados apontam, ainda, para uma 
contribuição necessária, mas não suficiente, da flagship firm para a continuidade do 
processo de internacionalização dessas pequenas e médias empresas do cluster. 
Iniciada a internacionalização, parece haver a necessidade de ações tanto das 
próprias empresas como de órgãos governamentais e entidades do cluster, em 
complemento às da flagship firm. Especificamente em relação às empresas 
 
estudadas, é razoável propor que as mesmas desenvolvam a habilidade de 
estabelecer novas conexões nas networks dos seus clientes internacionais, pois o 
estudo identificou fortes indicativos de que o processo de internacionalização fica 
limitado aos clientes estrangeiros conectados pela flagship firm. 
 
Palavras-chave: negócios internacionais, clusters, networks, flagship firm, indústria 
aeronáutica. 
 
ABSTRACT 
 
 
 
 
LADEIRA, Paulo Cesar Junior. O processo de internacionalização de empresas 
de um cluster industrial, sob a perspectiva das networks. Rio de Janeiro, 2019. 
Tese (Doutorado em Administração) – Instituto COPPEAD, Universidade
Federal do 
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2019. 
 
This research investigated the evolution of the internationalization process of 
aeronautical companies of the São José dos Campos cluster, evaluating to what 
extent theoretical propositions that deal with clusters and networks explain the 
contribution of Embraer to the internationalization process of small and medium-sized 
aeronautical companies of the cluster belonging to its network of suppliers. For that, 
a study was carried out of six cases of Brazilian companies based in that cluster, 
covering all their international trajectory, since their foundation to the present day. 
Informations were collected on 5 categories of analysis, called factors, covering 12 
theoretical propositions from the theories that support the study. The sources of data 
used were personal interviews with business executives, notably their founding 
partners, consultation of print and digital publications, and consultation of internal 
corporate documents. The results point to a decisive contribution by Embraer to the 
beginning of the internationalization process of these small and medium-sized 
aeronautical companies of the São José dos Campos cluster belonging to its network 
of suppliers. Although the local networks of the cluster can provide the necessary 
resources for the internationalization of the companies participating in the research, it 
was observed a greater effectiveness of the cluster’s flagship firm to the 
internationalization process of these companies, connecting their local networks 
partners to those of international networks. The results also point to a necessary but 
not sufficient contribution of the flagship firm to the continuity of the 
internationalization process of these small and medium-sized companies of the 
cluster. Started the internationalization, there seems to be a need for actions both 
from the companies themselves and from government agencies and cluster entities, 
in addition to the flagship firm. Specifically in relation to the companies studied, it is 
 
reasonable to propose that they develop the ability to establish new connections in 
the networks of their international clients, since the study identified strong indications 
that the internationalization process is limited to the foreign clients connected by the 
flagship firm. 
 
Keywords: international business, clusters, networks, flagship firm, aeronautic 
industry. 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 - Interações entre empresa e governo para o surgimento de um cluster .. . 35 
Figura 2 - Flagship Model ........................................................................................ . 67 
Figura 3 - Global Production Network ..................................................................... . 72 
Figura 4 – Diferenças entre o modelo de transporte aéreo tradicional e o hub-and-
spoke ....................................................................................................................... 92 
Figura 5 - Aeronave Boeing 787 .............................................................................. . 99 
Figura 6 - Aeronave Lockheed Martin F-35 Lightning II ........................................ . 102 
Figura 7 - Aeronaves construídas ou montadas no Brasil na fase pré-Embraer ... . 116 
Figura 8 - Estrutura proposta para a parceria entre a Boeing e a Embraer ........... . 141 
Figura 9 - Evolução do PDCA em 2016 ................................................................ . 144 
Figura 10 - Foco de atuação da Akaer .................................................................. . 196 
Figura 11 - Base global de clientes Akaer ............................................................. . 199 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
Gráfico 1 – Evolução e ruptura da trajetória tecnológica na Indústria Aeronáutica 
Mundial entre 1980 e 2015 ....................................................................................... 98 
Gráfico 2 – Aeronaves comerciais entregues pela Embraer entre 2002 e 2008 ..... 135 
 
 
 
LISTA DE QUADROS 
 
Quadro 1 - Padrões para a emergência de clusters em contextos pós autoritários . 36 
Quadro 2 - Cenários para a emergência de clusters na Lituânia ............................ . 37 
Quadro 3 - Fatores do processo de internacionalização de empresas do cluster, sob 
a perspectiva das networks ...................................................................................... 74 
Quadro 4 - Interação entre objetivo, perguntas e proposições teóricas .................... 76 
Quadro 5 – Apresentação sintética das empresas da pesquisa................................ 83 
Quadro 6 – Resumo das entrevistas ......................................................................... 85 
Quadro 7 – Extrato da Planilha de Fatos Relacionados à Internacionalização das 
empresas................................................................................................................... 87 
Quadro 8 – Principais empresas em volume de vendas de aeronaves comerciais, em 
2006 .......................................................................................................................... 94 
Quadro 9 – Principais empresas em volume de vendas de aeronaves militares, em 
2006 .......................................................................................................................... 95 
Quadro 10 – Políticas Públicas de Consolidação na Indústria Aeronáutica Mundial. 97 
Quadro 11 – Distribuição dos fatos da Globo segundo os fatores da pesquisa ...... 217 
Quadro 12 – Número de fatos da Globo relacionados, simultaneamente, a mais de 
um fator da pesquisa ............................................................................................... 218 
Quadro 13 – Distribuição dos fatos da Winnstal segundo os fatores da pesquisa .. 233 
Quadro 14 – Número de fatos da Winnstal relacionados, simultaneamente, a mais de 
um fator da pesquisa ............................................................................................... 234 
Quadro 15 – Distribuição dos fatos da Automata segundo os fatores da pesquisa 248 
Quadro 16 – Número de fatos da Automata relacionados, simultaneamente, a mais 
de um fator da pesquisa .......................................................................................... 248 
Quadro 17 – Distribuição dos fatos da Alltec segundo os fatores da pesquisa ....... 266 
Quadro 18 – Número de fatos da Alltec relacionados, simultaneamente, a mais de 
um fator da pesquisa ............................................................................................... 267 
Quadro 19 – Distribuição dos fatos da Akaer segundo os fatores da pesquisa ...... 284 
Quadro 20 – Número de fatos da Akaer relacionados, simultaneamente, a mais de 
um fator da pesquisa ............................................................................................... 284 
Quadro 21 – Distribuição dos fatos da Usimaza segundo os fatores da pesquisa .. 306 
 
Quadro 22 – Número de fatos da Usimaza relacionados, simultaneamente, a mais 
de um fator da pesquisa .......................................................................................... 307 
Quadro 23 – Vínculo de afiliação com a Embraer ................................................... 327 
Quadro 24 – Comparativo entre o ano de fundação das empresas e o de início da 
internacionalização .................................................................................................. 328 
Quadro 25 – Ramo de atividade principal das empresas e o tempo de 
internacionalização .................................................................................................. 329 
Quadro 26 – Principal matéria prima utilizada pela empresa e sua origem ............ 330 
Quadro 27 – Percentual do faturamento anual referente à internacionalização (Ano
base 2018) .............................................................................................................. 332 
Quadro 28 – Percentual do faturamento proveniente da Embraer .......................... 333 
Quadro 29 – Participação nas iniciativas de internacionalização do cluster ........... 339 
Quadro 30 – Perfil das empresas em relação às iniciativas do cluster ................... 341 
Quadro 31 – Atributos dos fundadores emprestados às suas empresas ................ 347 
Quadro 32 – Situação das networks da empresa por ocasião da fundação ........... 353 
Quadro 33 – Situação das networks da empresa por ocasião em 2018 ................. 355 
Quadro 34 – Participação das empresas no PDCA Embraer .................................. 360 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
ABDI - Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial 
AIAB - Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil 
APEX - Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos 
APL - Arranjos Produtivos Locais 
APTSJC - Associação Parque Tecnológico de São José dos Campos 
BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social 
CECOMPI - Centro para a Competitividade e inovação 
CEIFE - Comissão de Estudos para a Instalação de uma Fábrica de Aviões 
CNA - Campanha Nacional de Aviação 
CGA - Compagnie Générale de Aeronautique 
CTA - Centro Técnico de Aeronáutica 
DCTA - Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial 
EADS - European Aeronautic Defence and Space 
EAC - Embraer Aircraft Corporation 
EAI - Embraer Aviation International 
EAMS - Embraer Aircraft Maintenance Services, Inc. 
ELEB - Embraer Liebherr Equipamentos do Brasil 
ENAER - Empresa Nacional de Aeronáutica de Chile 
END - Estratégia Nacional de Defesa 
ERJ - Embraer Regional Jet 
EUA - Estados Unidos da América 
FAA - Federal Aviation Administration 
FAB - Força Aérea Brasileira 
FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo 
FMA - Fábrica Militar de Aviones 
HEAI - Harbin Embraer Aircraft Industry 
HTA - High Technology Aeronautics 
IPD - Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento 
ITA - Instituto Tecnológico de Aeronáutica 
MIT - Massachussets Institute of Technology 
FINEP - Financiadora de Estudos e Projetos 
 
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais 
OTAN - Organização do Tratado do Atlântico Norte 
P&D - Pesquisa e Desenvolvimento 
PDCA - Programa de Desenvolvimento da Cadeia Aeronáutica 
PDF - Programa de Desenvolvimento de Fornecedores 
PND - Programa Nacional de Desestatização 
RAF - Royal Air Force 
SIVAM - Sistema de Vigilância da Amazônia 
VANT - Veículos Aéreos Não Tripulados 
VASP - Viação Aérea São Paulo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 21 
1.1. OBJETIVO DO ESTUDO E QUESTÕES DE PESQUISA .................................. 22 
1.2. RELEVÂNCIA DO ESTUDO .............................................................................. 23 
1.3. DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ............................................................................. 24 
1.4. ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO .......................................................................... 24 
2. REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................... 26 
2.1. TEORIAS RELACIONADAS AOS CLUSTERS .................................................. 26 
2.1.1. O conceito de cluster .................................................................................... 26 
2.1.2. Motivações para a formação do cluster e os benefício à economia ......... 33 
2.1.3. Os clusters e a internacionalização ............................................................. 44 
2.2. TEORIAS RELACIONADAS ÀS NETWORKS ................................................... 48 
2.2.1. O conceito de network e sua contribuição para a internacionalização .... 48 
2.2.2. As interações entre as networks e os clusters, e a internacionalização .. 58 
2.2.3. As flagship firms e a contribuição de suas networks para a 
internacionalização das empresas do cluster ...................................................... 65 
2.3. RESUMO DAS PROPOSIÇÕES TEÓRICAS EXTRAÍDAS DA LITERATURA .. 73 
2.3.1. Referentes ao fator origem das empresas .................................................. 74 
2.3.2. Referentes ao fator participação no cluster ................................................ 75 
2.3.3. Referentes ao fator perfil dos dirigentes ..................................................... 75 
2.3.4. Referentes ao fator participação na network .............................................. 75 
2.3.5. Referentes ao fator ação da flagship firm ................................................... 75 
3. MÉTODO DE PESQUISA ................................................................................. 78 
3.1. PERGUNTAS DE PESQUISA ............................................................................ 78 
3.2. DESENHO DE PESQUISA ................................................................................ 78 
3.3. SELEÇÃO DOS CASOS .................................................................................... 81 
3.4. COLETA DE DADOS ......................................................................................... 84 
3.5. ANÁLISE DOS DADOS...................................................................................... 86 
3.6. LIMITAÇÕES DO MÉTODO .............................................................................. 88 
4. HISTÓRICO DA INDÚSTRIA, DO CLUSTER E DAS EMPRESAS .................. 90 
4.1. HISTÓRICO DA INDÚSTRIA AERONÁUTICA MUNDIAL ................................. 90 
4.1.1. A indústria aeronáutica e o paradigma da inovação tecnológica ............. 97 
4.1.2. O sistema de alianças ................................................................................. 104 
 
4.2. HISTÓRICO DA INDÚSTRIA AERONÁUTICA BRASILEIRA .......................... 113 
4.2.1. As primeiras iniciativas para a implantação da indústria aeronáutica ... 113 
4.2.2. As Iniciativas da Força Aérea Brasileira ................................................... 116 
4.3. HISTÓRICO DO CLUSTER AERONÁUTICO DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 119 
4.4. HISTÓRICO DA EMBRAER ............................................................................. 122 
4.4.1. A década de 1970 e a consolidação da Embraer ...................................... 123 
4.4.2. A década de 1980 e o avanço internacional da Embraer ......................... 127 
4.4.3. A década de 1990, a crise e a privatização da Embraer ........................... 131 
4.4.4. A década de 2000 e a diversificação para o segmento executivo .......... 133 
4.4.5. A década de 2010 e os novos desafios ..................................................... 138 
4.5. HISTÓRICO DAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS FORNECEDORAS DA 
EMBRAER DO CLUSTER AERONÁUTICO DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS ......... 142 
4.5.1. Histórico da Globo ...................................................................................... 145 
4.5.2. Histórico da Winnstal .................................................................................. 161 
4.5.3. Histórico da Automata ................................................................................ 174 
4.5.4. Histórico da Alltec ....................................................................................... 187 
4.5.5. Histórico da Akaer ....................................................................................... 194 
4.5.6. Histórico da Usimaza .................................................................................. 208 
5. ANÁLISE .........................................................................................................
217 
5.1. ANÁLISE INDIVIDUAL DAS EMPRESAS ........................................................ 217 
5.1.1. Análise da Globo ......................................................................................... 217 
5.1.1.1. O fator Origem da Empresa ....................................................................... 218 
5.1.1.2. O fator Participação no Cluster .................................................................. 220 
5.1.1.3. O fator Perfil dos Dirigentes ....................................................................... 222 
5.1.1.4. O fator Participação na Network ................................................................. 228 
5.1.1.5. O fator Ações da Flagship Firm .................................................................. 230 
5.1.2. Análise da Winnstal ..................................................................................... 233 
5.1.2.1. O fator Origem da Empresa ....................................................................... 234 
5.1.2.2. O fator Participação no Cluster .................................................................. 237 
5.1.2.3. O fator Perfil dos Dirigentes ....................................................................... 240 
5.1.2.4. O fator Participação na Network ................................................................. 244 
5.1.2.5. O fator Ações da Flagship Firm .................................................................. 246 
5.1.3. Análise da Automata ................................................................................... 247 
5.1.3.1. O fator Origem da Empresa ....................................................................... 249 
 
5.1.3.2. O fator Participação no Cluster .................................................................. 253 
5.1.3.3. O fator Perfil dos Dirigentes ....................................................................... 257 
5.1.3.4. O fator Participação na Network ................................................................. 261 
5.1.3.5. O fator Ações da Flagship Firm .................................................................. 264 
5.1.4. Análise da Alltec .......................................................................................... 266 
5.1.4.1. O fator Origem da Empresa ....................................................................... 267 
5.1.4.2. O fator Participação no Cluster .................................................................. 271 
5.1.4.3. O fator Perfil dos Dirigentes ....................................................................... 273 
5.1.4.4. O fator Participação na Network ................................................................. 279 
5.1.4.5. O fator Ações da Flagship Firm .................................................................. 282 
5.1.5. Análise da Akaer ......................................................................................... 283 
5.1.5.1. O fator Origem da Empresa ....................................................................... 284 
5.1.5.2. O fator Participação no Cluster .................................................................. 291 
5.1.5.3. O fator Perfil dos Dirigentes ....................................................................... 293 
5.1.5.4. O fator Participação na Network ................................................................. 299 
5.1.5.5. O fator Ações da Flagship Firm .................................................................. 303 
5.1.6. Análise da Usimaza ..................................................................................... 306 
5.1.6.1. O fator Origem da Empresa ....................................................................... 307 
5.1.6.2. O fator Participação no Cluster .................................................................. 313 
5.1.6.3. O fator Perfil dos Dirigentes ....................................................................... 315 
5.1.6.4. O fator Participação na Network ................................................................. 318 
5.1.6.5. O fator Ações da Flagship Firm .................................................................. 321 
5.2. ANÁLISE CONJUNTA DAS EMPRESAS ......................................................... 324 
5.2.1. O fator Origem da Empresa ........................................................................ 326 
5.2.2. O fator Participação no Cluster .................................................................. 335 
5.2.3. O fator Perfil dos Dirigentes ....................................................................... 343 
5.2.4. O fator Participação na Network ................................................................ 351 
5.2.5. O fator Ações da Flagship Firm ................................................................. 357 
6. CONCLUSÕES ................................................................................................ 363 
6.1. CONTEXTO GERAL DA TESE ........................................................................ 363 
6.2. SUMÁRIO DA PESQUISA ............................................................................... 364 
6.3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 366 
6.3.1. RESPOSTAS ÀS QUESTÕES DE PESQUISA ............................................. 366 
 
6.4. RECOMENDAÇÕES PARA OS ÓRGÃOS GOVERNAMENTAIS E ENTIDADES 
DO CLUSTER, E PARA AS EMPRESAS................................................................ 371 
6.5. LIMITAÇÕES DA PESQUISA .......................................................................... 372 
6.6. RECOMENDAÇÕES PARA PESQUISAS FUTURAS ...................................... 374 
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 376 
APÊNDICE A – Roteiro de entrevista (fornecedores) ............................................. 391 
APÊNDICE B – Roteiro de entrevista (Embraer) ..................................................... 400 
APÊNDICE C – Análise da entrevista da Globo ...................................................... 402 
APÊNDICE D – Análise da entrevista da Winnstal .................................................. 403 
APÊNDICE E – Análise da entrevista da Automata ................................................ 404 
APÊNDICE F – Análise das entrevistas da Alltec ................................................... 405 
APÊNDICE G – Análise das entrevistas da Akaer .................................................. 406 
APÊNDICE H – Análise da entrevista da Usimaza ................................................. 407 
 
 
21 
1. INTRODUÇÃO 
 
O conceito de network surgiu na literatura do século XIX para designar os 
relacionamentos existentes nos clusters industriais constituídos pela concentração 
geográfica de grupos de pequenas e médias empresas funcionando em conjunto e 
dependendo umas das outras para uma variedade de produtos e serviços, inclusive 
em termos de tecnologia (PENROSE, 2006). A ação econômica nesses cluster 
parece permeada por relações bilaterais estabelecidas entre os seus diversos 
atores, numa estrutura de networks, onde laços pessoais e profissionais 
proporcionam uma rede de conhecimentos interpessoais, levando à crescente 
proximidade social, organizacional e institucional, assim como à construção de 
confiança (ZUCCHELLA; SERVAIS, 2006). Para Virta e Lowe (2017) o cluster e a 
network se sobrepõem e são claramente interdependentes, de modo que as 
relações em networks são essenciais para se produzir valor no cluster. Assim, a 
presente pesquisa combinou as teorias dos clusters e das networks, de modo a 
proporcionar uma visão do gerenciamento dos clusters como networks de valor 
(VIRTA; LOWE, 2017). 
Sob o enfoque dos negócios internacionais das empresas pertencentes a 
esses clusters, tanto as networks locais do cluster quanto as
networks internacionais 
parecem influenciar o processo de internacionalização nesses arranjos produtivos, 
de diferentes formas (ANDERSSON ET AL, 2013). Zucchella e Servais (2006) 
alertam para o fato de que as networks locais do cluster são uma base importante 
para a expansão precoce de suas empresas para além-fronteiras, mas não para 
garantir a competitividade requerida pelo mercado externo. Para os autores, o 
desempenho internacional de longo prazo dependeria da capacidade de inserção 
das empresas em networks internacionais (ZUCCHELLA; SERVAIS, 2006). Já 
D’Angelo et al (2013) acreditam que as networks locais do cluster provêm recursos 
úteis para a internacionalização em mercados regionais, mas não são efetivas no 
caso de mercados globais. Nesse contexto, esta pesquisa ampliou o debate sobre a 
contribuição das networks locais de um cluster para a internacionalização das 
empresas a ele pertencentes. 
Particularmente, este trabalho estudou a contribuição das networks locais da 
Embraer, identificada como uma empresa líder ou flagship firm, às empresas do 
22 
cluster aeronáutico de São José dos Campos. O conceito de flagship firm surgiu na 
década de 1990 e tem sido pouco abordado pela literatura. Rugman et al (1995) 
identificaram clusters industriais onde grandes empresas gerenciavam grande parte 
de suas atividades, às quais denominaram flagships. Posteriormente, Rugman e 
D’Cruz (1997) desenvolveram o conceito de "flagship firms", empresas líderes de 
networks verticalmente integradas, responsáveis por toda a coordenação de suas 
atividades. Rugman e D`Cruz (2003) acreditam que a atividade econômica pode ser 
melhor entendida por meio dos relacionamentos de cooperação em networks de 
negócios, onde a flagship firm detém os recursos e a perspectiva para liderar toda a 
network, gerenciando estrategicamente suas atividades. Ferreira et al (2006) 
acrescentaram que a flagship firm é capaz de liderar outras empresas e gerenciar 
toda a cadeia de valor agregado do cluster. 
Poucas pesquisas, contudo, trataram especificamente da contribuição das 
flagship firms aos clusters de economias emergentes. Particularmente, a revisão de 
literatura realizada pela presente pesquisa identificou apenas dois trabalhos com 
esse enfoque: o de Gupta e Subramanian (2008) e o de Rocha et al (2009). Gupta e 
Subramanian (2008) observaram que, em economias emergentes, as flagship firms 
frequentemente são descapitalizadas para prover o suporte necessário ao cluster. 
Rocha et al (2009) trataram do suporte das flagship firms à internacionalização de 
pequenas e médias empresas em dois clusters no Brasil, sustentando o suporte 
provido pela flagship firm nacional às exportações das empresas em apenas um dos 
clusters analisados. 
Nesse contexto, identificou-se a seguinte lacuna teórica: em uma economia 
emergente, qual a efetiva contribuição da flagship firm ao processo de 
internacionalização das pequenas e médias empresas do cluster pertencentes à sua 
network local? 
1.1. Objetivo do estudo e questões de pesquisa 
Com base na lacuna teórica identificada, foi definido o objetivo de investigar o 
processo de internacionalização de pequenas e médias empresas aeronáuticas do 
cluster de São José dos Campos fornecedoras da Embraer. O método de pesquisa 
utilizado foi o do estudo de caso. Considerando a lacuna teórica e o objetivo acima 
elencados, o presente estudo pretende responder à seguinte pergunta de pesquisa: 
qual a contribuição da Embraer para o processo de internacionalização das 
23 
pequenas e médias empresas aeronáuticas do cluster de São José dos Campos 
pertencentes à sua network de fornecedores? 
Para melhor identificar essa contribuição ao longo do processo de 
internacionalização, a pergunta de pesquisa principal foi dividida em duas perguntas 
secundárias: 
1 - Qual a contribuição da Embraer para o início da internacionalização das 
empresas? 
2 - Qual a sua contribuição para a continuidade desse processo? 
1.2. Relevância do estudo 
A relevância deste estudo pode ser examinada tanto do ponto de vista teórico 
quanto prático. Do ponto de vista teórico, a revisão de literatura identificou que as 
pesquisas sobre clusters no Brasil basicamente têm se restringido a identificar a 
existência desses arranjos produtivos em determinadas localidades e a descrevê-los 
com base no tema de pesquisa escolhido, existindo oportunidades para o avanço da 
pesquisa e a efetiva contribuição no desenvolvimento de teoria. Particularmente, a 
principal contribuição teórica desse estudo repousa no fato de tratar das flagship 
firms, empresas presentes em diversos clusters, mas pouco abordadas nas 
pesquisas sobre processos de internacionalização. Dentre as poucas pesquisas 
realizadas sobre as contribuições das flagship firms existem aquelas que destacam 
sua capacidade de liderar o cluster (ERNST, 2002; ERNST; KIM, 2002; FERREIRA 
ET AL, 2006) e suas networks (ERNST, 2002; ERNST; KIM, 2002; RUGMAN; 
D`CRUZ, 1997, 2003). No Brasil, a única pesquisa que tratou da contribuição das 
flagship firms nacionais à internacionalização das empresas de sua network foi o de 
Rocha et al (2009), sustentando a contribuição dessas empresas em apenas um dos 
dois clusters estudados. 
O estudo também é relevante do ponto de vista prático por abordar um dos 
mais bem-sucedidos clusters industriais do país, o cluster aeronáutico de São José 
dos Campos, responsável pelo desenvolvimento da indústria aeronáutica brasileira e 
por sustentar a criação e o desenvolvimento da terceira maior empresa aeronáutica 
do mundo, a Embraer. Por outro lado, o cluster concentra basicamente pequenas e 
médias empresas profundamente dependentes das demandas da Embraer. 
Portanto, o fortalecimento dessas pequenas e médias empresas que formam a base 
24 
local da indústria aeronáutica por meio de incentivos que promovam oportunidades 
para uma atuação competitiva, especialmente na promoção da exportação, devem 
constar da pauta dos formuladores de políticas públicas para essa indústria. 
1.3. Delimitação do estudo 
O presente estudo restringiu-se a tratar do relacionamento entre a Embraer e 
suas pequenas e médias empresas fornecedoras localizadas no cluster aeronáutico 
de São José dos Campos, especialmente aquelas que realizam negócios no 
exterior. O critério utilizado para definir o que são pequenas e médias empresas será 
o considerado pelo IBGE. As abordagens teóricas consideradas na análise do 
fenômeno estudado provêm dos campos teóricos dos clusters e das networks. O 
foco principal das análises está nas contribuições das networks da Embraer às suas 
pequenas e médias empresas fornecedoras localizadas no cluster aeronáutico de 
São José dos Campos, ao longo do processo de internacionalização das mesmas. 
1.4. Organização do estudo 
A presente pesquisa está organizada em seis capítulos. 
Este primeiro capítulo apresentou o contexto que motivou o estudo, a origem 
do questionamento, as contribuições esperadas e a sua organização. 
O segundo capítulo apresenta o referencial teórico que serviu de base para a 
análise dos estudos de caso, mostrando o ponto de vista de diversos autores a 
respeito dos conceitos abordados pela pesquisa. 
O terceiro capítulo detalha o método, compreendendo a adequação do estudo 
de caso como estratégia para a pesquisa, os critérios para a seleção das empresas 
estudadas, a coleta de dados e a análise das evidências. 
O quarto capítulo tem por objetivo realizar a descrição da indústria 
aeronáutica, do cluster e das empresas. Para isso, são apresentadas as 
características da indústria aeronáutica, o seu panorama mundial e nacional, o 
desenvolvimento do cluster aeronáutico de São José dos Campos e a história das 
seis empresas abordadas na pesquisa, com ênfase nos aspectos relacionados aos 
seus negócios externos.
25 
O quinto capítulo trata da análise do processo de internacionalização das 
empresas, em duas fases. Na primeira, as empresas são analisadas 
separadamente. Já na segunda, é realizada a análise conjunta das empresas, 
comparando-se as descobertas proporcionadas pela coleta de dados com as 
proposições teóricas da pesquisa. 
Por último, o capítulo seis apresenta a conclusão, onde podem ser 
encontradas as respostas às perguntas de pesquisa e as propostas para futuros 
estudos. 
 
26 
2. REVISÃO DA LITERATURA 
 A presente pesquisa se baseia em duas correntes teóricas. A primeira ligada 
aos clusters, abordando o desenvolvimento e as vantagens desses arranjos 
produtivos e a internacionalização de suas empresas. A segunda voltada para a 
contribuição que as networks podem proporcionar ao processo de 
internacionalização das empresas. 
2.1. Teorias relacionadas aos Clusters 
A seguir são apresentadas as teorias que conceituam os clusters, seguidas 
pelas teorias que tratam do desenvolvimento e das vantagens desses arranjos 
produtivos, e, finalmente, pelas teorias que abordam a internacionalização de 
empresas pertencentes aos clusters. 
2.1.1. O conceito de cluster 
Os estudos sobre os aglomerados de empresas surgiram com a publicação 
do livro de Alfred Marshall intitulado Principles of Economics, em 1890, primeiro 
autor a tratar das externalidades geradas nas localizações industriais 
especializadas, a partir da ideia de que as empresas obtêm vantagens econômicas 
ao se inserirem em aglomerações produtivas (BARAKAT ET AL, 2017). Um século 
mais tarde, Porter (1993) utilizou o termo cluster para descrever um conjunto de 
empresas que formam um aglomerado para competir com outras não pertencentes 
ao agrupamento, ou para competir com outro cluster, destacando o sucesso das 
indústrias situadas nessas localidades específicas. Para Porter (1998), o conceito de 
cluster refere-se à concentração de empresas, fornecedores, setores relacionados e 
instituições especializadas existentes em determinada área geográfica, que 
competem e cooperam entre si. De forma consolidada, Delgado et al (2015b) 
definiram clusters como concentrações geográficas de indústrias relacionadas e 
instituições associadas. 
Porter (1998) ressaltou a presença frequente de instituições e inter-relações 
que se estabelecem entre os diversos atores geograficamente aglomerados, 
percebendo os clusters como concentrações geográficas de empresas e instituições 
interconectadas em um determinado campo. O autor enfatizou que os clusters 
podem incluir empresas de diversos pontos da cadeia produtiva, além de instituições 
27 
governamentais ou privadas, apresentando vantagens competitivas incomuns ao 
envolver indústrias interligadas e entidades importantes para a competitividade do 
setor, desenvolvendo laços de confiança entre os atores, sem os quais não 
passariam de aglomerações geográficas de empresas (FERREIRA ET AL, 2006). 
É possível encontrar o termo distrito industrial em lugar de cluster, pois 
tradicionalmente a expressão é associada ao trabalho de Alfred Marshall sobre as 
vantagens da aglomeração de produtores (MARKUSEN, 1995; SCHMITZ, 1999). 
Segundo Becattini (1991), os distritos industriais de Alfred Marshall correspondem às 
aglomerações de pequenas empresas de origem local que se especializam em 
diferentes fases da produção, formando uma intensa rede de transações verticais e 
horizontais. Juntas, essas empresas conseguem obter vantagens na produção em 
larga escala. O distrito industrial engloba uma indústria principal e diversas indústrias 
auxiliares, que fornecem à primeira componentes, equipamentos e serviços 
adequados às necessidades locais. Uma vez que a comunidade local é 
relativamente estável, forma-se uma identidade cultural e uma expertise industrial 
compartilhadas. Zucchella (2006) propõe que quatro dimensões caracterizariam os 
clusters e os distritos industriais: a concentração geográfica, a alta especialização 
das empresas aliadas com as fortes complementaridades produtivas, o homogêneo 
sistema de valores e a forte influência das dimensões sociais - enquanto as duas 
primeiras dimensões parecem típicas dos clusters em geral, as duas últimas seriam 
características que qualificam os distritos industriais em particular. 
Após decorridas diversas décadas das constatações de Alfred Marshall sobre 
a realidade dos distritos industriais do final do século XIX, recentes pesquisas sobre 
o tema têm buscando entender o dinamismo competitivo dessas aglomerações. Na 
década de 1990, pesquisadores focaram nos distritos industriais da chamada 
“Terceira Itália” (região central e nordeste daquele país), onde uma conjugação de 
fatores proporcionou uma boa capacidade competitiva às suas pequenas e médias 
empresas. Brusco (1990) definiu esses distritos como pequenas áreas, com mil a 
três mil empresas e onde trabalham de dez a vinte mil trabalhadores (cada empresa 
possui, em média, menos de vinte empregados), que produzem algo homogêneo, 
posicionando-se de forma diferenciada no mercado. A partir da ideia de distrito 
industrial italiano, Becattini (1992) identificou o aglomerado industrial como uma 
entidade sócio territorial caracterizada pela presença ativa da comunidade e de um 
28 
conjunto de empresas em área ligada pela natureza e pela história. 
Além das características típicas dos distritos industriais de Alfred Marshall, 
notou-se que os distritos industriais italianos apresentavam: 
a) mobilidade de funcionários entre as empresas compradoras e 
fornecedoras; 
b) cooperação entre os competidores, com o propósito de fortalecer mercados 
e compartilhar riscos e inovações; 
c) formação de associações para oferecer o suporte em gestão, em 
treinamento, em marketing, na área técnica ou em questões financeiras e buscar 
estratégias coletivas para o cluster; 
d) atuação do governo local ou regional sobre a regulação e a promoção das 
principais indústrias; 
e) alta capacidade de inovação e criatividade decorrente da proximidade 
geográfica que favorecia os contatos pessoais, onde podem ocorrer trocas de 
conhecimentos e combinações originais de ideias; e 
f) comunidade local com uma história compartilhada e um sistema de valores 
relativamente homogêneo, o que gera um senso de pertencimento ao distrito 
(BECATTINI, 1991; MARKUSEN, 1995). 
Complementarmente, Markusen (1995) enfatizou que a cooperação entre os 
competidores e a ação coletiva só se concretizam pela existência de laços de 
confiança entre os atores envolvidos, propiciados, em grande medida, pela 
identidade cultural compartilhada. Becattini (1991) ressaltou essa existência de uma 
conectividade entre a atividade produtiva e a vida em comunidade, dada a sintonia 
entre o tipo de processo produtivo e as características socioculturais da comunidade 
local. 
Outros tipos de clusters podem ser identificados na literatura. Markusen 
(1995), por exemplo, destaca a existência de três outros tipos adicionais: 
1) os distritos industriais centro-radiais (hub and spoke), que se caracterizam 
pela existência de uma ou várias grandes empresas ou unidades industriais que 
funcionam como eixos da atividade econômica regional, ao redor dos quais as 
demais empresas se organizam. As empresas menores podem ser dependentes da 
demanda ou da oferta das empresas ou unidades industriais mais importantes ou 
29 
somente se beneficiar das economias de aglomeração, sem necessariamente 
depender de tais transações. O dinamismo do distrito depende do desempenho 
dessas empresas ou unidades industriais em seus respectivos mercados nacionais 
ou internacionais. A flexibilidade do mercado de trabalho local é menor, visto que os 
trabalhadores tendem a ser leais às grandes empresas ou unidades industriais, ao 
distrito e às pequenas empresas, respectivamente. A formação e a atuação de 
associações são pouco significativas
e a cooperação interna no distrito é 
primordialmente vertical, seguindo os termos das empresas ou unidades industriais 
mais importantes. É incomum a cooperação entre competidores, embora as grandes 
empresas mantenham alianças estratégicas com parceiros fora da região. Embora o 
centro de tomada das decisões permaneça no distrito, as grandes empresas estão 
frequentemente conectadas com competidores, fornecedores e clientes externos, o 
que contribui para a transferência de inovações para a região. 
2) as plataformas-satélite, que são distritos onde se destacam a presença de 
filiais de corporações multinacionais em busca de inovação, de menores custos dos 
encargos sociais ou dos aluguéis, de impostos reduzidos ou de incentivos 
governamentais. Suas atividades variam desde simples linhas de montagem até 
pesquisa e desenvolvimento avançado. Normalmente, as plataformas-satélites 
localizam-se fora dos grandes centros urbanos, numa tentativa do governo de 
desenvolvimento de novas áreas. O dinamismo do distrito é altamente dependente 
da tomada de decisões pela matriz das grandes corporações e as transações 
internas e a cooperação entre suas empresas praticamente inexistem. Os cargos 
operacionais geralmente são ocupados pela mão de obra local (leal ao distrito), ao 
passo que os profissionais dos cargos técnicos e administrativos se comprometem 
com a empresa. 
3) os distritos ancorados pelo Estado, que são regiões cujo desenvolvimento 
econômico se deve à instalação de instituições governamentais ou sem fins 
lucrativos, como empresas públicas, forças armadas, órgãos de pesquisa e 
universidades. Dado o volume de gastos das instituições estatais, os fornecedores 
conseguem obter economias de escala relativamente elevadas, porém os contratos 
e compromissos tendem a ser de curto prazo, dadas as mudanças políticas. Há mais 
cooperação entre fornecedores e clientes com as instituições de âmbito estadual do 
que com as de âmbito nacional, onde muitas decisões são tomadas fora do distrito. 
30 
A cooperação entre as empresas do distrito tende a ser quase inexistente e a 
mobilidade da mão de obra entre as empresas é limitada, pois os profissionais 
tendem a ser mais leais às instituições públicas. 
Pickernell et al (2007) também identificaram três tipos distintos de distritos 
industriais: a) hierarquias urbanas, onde empresas de diferentes indústrias, ao 
compartilharem uma infraestrutura comum, conseguem obter economias de escala 
externas; b) networks sociais, caracterizadas por laços informais entre as empresas 
que propiciam a confiança necessária para a formação de parcerias e para a ação 
coletiva; e c) organizações virtuais, decorrentes de joint ventures originadas por 
laços formais entre grupos de pequenas e médias empresas. 
Em revisão empírica da literatura, De Marchi e Grandinetti (2014) observaram 
mudanças recentes na configuração dos distritos industriais italianos, num processo 
evolutivo não explicado pela abordagem teórica de Marshall (1890). No futuro, os 
destinos desses sistemas provavelmente diferirão consideravelmente, pois alguns 
distritos entraram numa fase de declínio ou estão perdendo suas características de 
distrito, se reproduzindo em outras formas com duas variantes claramente distintas: 
o distrito hierarquizado e o distrito global-local. Para entender essas novas 
dinâmicas competitivas, os autores propõem transferir o foco de análise para a 
“cadeia de valor global” da qual o distrito faz parte – o que vem sendo usado para 
explicar os processos de evolução observados em clusters de países em 
desenvolvimento, em particular na América Latina (GIULIANI ET AL, 2005; 
HUMPHREY; SCHMITZ, 2002). Giuliani et al (2005) defendem que, na América 
Latina, as especificidades setoriais influenciavam o modo e a extensão da 
atualização em clusters integrados com cadeias de valor globais. Ao nível de 
empresa, as estratégias de atualização diferem substancialmente por grupos de 
setores: clusters e eficiência coletiva desempenham um papel fundamental em 
alguns setores, mas não em outros, onde a lógica global dos compradores externos 
prevalece e as empresas precisam aprender a lidar com competidores maiores e 
mais competentes. 
Para De Marchi e Grandinetti (2014), tanto nos distritos hierarquizados como 
nos globais-locais, uma parte fundamental das atividades tem sido desempenhada 
por certo número de empresas distritais que se mostraram capazes de se tornar 
atores globais-locais. O espaço competitivo em que essas empresas definiram os 
31 
seus movimentos estratégicos é a sua cadeia de valor global, onde o distrito em que 
estão localizados representa apenas uma parcela limitada dessa cadeia. No modelo 
hierarquizado, o distrito funcionaria como uma rede local cativa de algumas 
empresas líderes que atuam como atores numa cadeia de valor global. No modelo 
global-local, o distrito é quem opera como uma rede local aberta em que diversas 
organizações se movem independentemente no espaço competitivo da cadeia de 
valor global. 
 Altenburg e Meyer-Stamer (1999) propõem três tipos diferentes de clusters, 
quando da formulação de políticas orientadas para cluster na América Latina: a) 
clusters de micro e pequenas empresas, b) clusters de produtores de massa mais 
avançados e diferenciados, e c) clusters de corporações transnacionais e seus 
fornecedores próximos. Os clusters sobreviventes de micro e pequenas empresas 
devem a sua existência mais a condições macroeconômicas desfavoráveis e menos 
à competência e ao dinamismo empresarial. O seu potencial competitivo é limitado e 
suas medidas de incentivo devem visar principalmente a melhoria das condições de 
sobrevivência, uma vez que esses clusters são importantes na criação de 
oportunidades de emprego, especialmente para os trabalhadores que não podem 
entrar no setor formal. Seu ímpeto deve ser o de superar a pouca especialização e o 
círculo vicioso dos reduzidos investimentos. Os clusters de produtores de massa 
mais avançados e diferenciados floresceram na era da substituição das importações, 
mas passaram a operar sob enorme pressão a partir da transição para as 
economias abertas. Nesses clusters, o principal desafio é criar um ambiente que 
estimule e dê suporte à aprendizagem, a inovação e a atualização constante. Os 
clusters de corporações transnacionais são tipicamente dominados por empresas 
estrangeiras, tanto na produção de peças quanto na fase de montagem final. Eles 
são, frequentemente, vitrines das melhores práticas produtivas, o que pode ser 
usado para estimular a modernização das empresas nacionais, ao envolve-las na 
cadeia de fornecimento das empresas transnacionais. 
 Paniccia (2007) fornece uma visão distinta dos tipos de clusters, cuja 
tipologia é baseada nas características estruturais da aglomeração, conforme segue: 
a) distrito industrial canônico, caracterizado por uma ampla divisão do trabalho, 
principalmente baseadas em empresas de propriedade familiar, com poucos 
funcionários e que dependem de familiares e parentes; b) distrito industrial 
32 
diversificado ou urbano, caracterizado pela localização e incorporação das 
atividades de fabricação em um ambiente urbano, o que torna a estrutura econômica 
mais diversificada do que no caso dos distritos industriais canônicos; c) plataformas 
satélite ou aglomerações centro-radiais, que compreendem um número limitado de 
pequenas empresas (quando comparados com o distrito canônico, mas não em 
termos absolutos ou quando comparados ao diversificado), normalmente operando 
como subcontratadas das grandes empresa, que podem estar localizados na mesma 
área ou fora dela; d) aglomerações concentradas ou integradas ou distritos 
industriais, que se caracteriza pela integração de duas ou mais networks de setores 
tecnológicos paralelos, que levam à descoberta de novos mercados onde empresas 
locais ocupam posições
de liderança; e) áreas de co-locação, que se caracterizam 
pela co-locação de empresas especializadas em atividades similares, 
desempenhando a maioria das atividades de network e produzindo para o mercado 
final, normalmente pela intermediação de compradores. Pode ser visto como uma 
forma de organização da produção típica dos estágios iniciais de um processo de 
aglomeração industrial, do qual alguns distritos industriais canônicos ou artesanais 
existentes evoluíram; e f) aglomerações baseadas em ciência ou tecnologia, que 
pode ser caracterizado como uma variante dos distritos industriais integrados, 
quando a especialização da indústria pode ser rotulada como baseada em ciência. 
Um cluster pode apresentar traços de mais de um dos tipos identificados 
(MARKUSEN, 1995), além de poder se transformar em outro tipo com o passar do 
tempo (SCHMITZ, 1999), pois o conjunto de empresas presente em cada cluster 
apresenta características bastante particulares, que refletem o seu processo de 
formação (IGLIORI, 2001) e desenvolvimento. 
Outra abordagem semelhante trata dos ambientes inovadores ou “Millieux 
Innovateurs”, conduzida por pesquisadores europeus do Groupe de Recherche 
Europeen sur les Millieux Innovateurs (GREMI). Essa perspectiva considera a região 
como a unidade de análise principal, buscando verificar que características os 
contextos locais precisam para servir como ambiente adequado para a formação das 
redes de relacionamento e para a geração de inovações (IGLIORI, 2001). Maillat 
(1996), por sua vez, utilizou o termo millieux para representar uma entidade 
geográfica que possui seu próprio know how, regras e conexões particulares. Outra 
ideia central desta abordagem é que a interação entre os agentes não acontece 
33 
apenas por relações formais ou trocas materiais. 
A presente pesquisa considera as nomenclaturas cluster, arranjo produtivo 
local, distrito industrial e ambiente inovador como sinônimas. 
2.1.2. Motivações para formação dos clusters e os benefícios à economia 
Em paralelo à globalização dos mercados, Eng (2007) observou a crescente 
tendência de concentração regional da atividade produtiva. Para Porter (1998), esse 
aparente paradoxo ocorre porque a qualidade do ambiente local de negócios, com 
sua concentração de mão de obra altamente especializada, instituições públicas e 
privadas, troca de conhecimentos, parceiros e concorrentes, etc. é difícil de ser 
replicada por competidores de outras regiões. A importância das regiões, segundo 
Porter (2003), pode explicar porque países com grande descentralização econômica, 
como a Alemanha e os Estados Unidos, têm sido historicamente bem-sucedidos, e 
porque países como a Índia e a China estão alcançando notável progresso 
econômico em algumas de suas províncias. A prevalência dos clusters, portanto, 
pode revelar importantes insights sobre a microeconomia da competição e sobre o 
papel da localização na vantagem competitiva (PORTER, 2000). 
Marshall (1916) identificou três motivações para a formação de um cluster: a 
existência de trabalhadores especializados, a provisão de entradas especializadas, e 
o intenso fluxo de conhecimento entre as empresas, gerando o transbordamento 
tecnológico. Barakat et al (2017) também defendem a existência de três 
condicionantes para a gênese dos clusters: 
a) as ações governamentais de incentivo (top-down). Um exemplo que ilustra 
a abordagem top-down é o cluster aeroespacial de São José dos Campos, onde 
inicialmente o Ministério da Aeronáutica priorizou a formação de recursos humanos 
especializados, motivando a fundação do Instituto Tecnológico da Aeronáutica, de 
um centro de pesquisa e desenvolvimento no Centro Tecnológico de Aeronáutica, e 
do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). ITA, CTA e INPE se tornaram 
difusores de tecnologia e suportaram o surgimento de inúmeras empresas, 
comumente fundadas por ex-alunos do ITA, das quais a mais importante foi a 
Embraer. Além da Embraer, há diversas empresas relacionadas ao setor 
34 
aeroespacial na localidade, formando uma rede de fundamental importância para dar 
suporte ao modelo de negócios da Embraer; 
b) o empreendedorismo dos agentes privados, onde as empresas pioneiras 
atraem novas empresas. Um exemplo desse tipo de cluster é o parque tecnológico 
“Porto Digital”, em Recife-Pernambuco, formado em sua maioria por micro e 
pequenas empresas, boa parte criada por jovens empreendedores. Essas empresas 
de tecnologia da informação e comunicação começaram a chegar à região na 
década de 1970, tendo como resultado a diminuição do êxodo de mão de obra 
especializada do estado rumo à região Sudeste e ao exterior. Assim, inicialmente se 
formou a aglomeração empresarial especializada em tecnologia e posteriormente o 
governo e outras instituições passaram a investir no cluster. 
c) o processo iterativo entre governo, empresas, redes sociais, universidades 
e instituições de ensino, centros de pesquisa, sindicatos e outras instituições de 
apoio (coevolucionário). Esse processo pode ser exemplificado pelo cluster 
biomédico de Ribeirão Preto-São Paulo, maior exportador de produtos odontológicos 
do país. A cidade possui um ambiente acadêmico produtivo, que representa 4% das 
pesquisas científicas nacionais em saúde, sendo a cidade brasileira com o maior 
número de equipamentos hospitalares por habitante. O cluster surgiu a partir da 
iniciativa das indústrias de equipamentos médicos, hospitalares e odontológicos, 
porém com o apoio de instituições como o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas 
Empresas (SEBRAE), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), a 
Associação Brasileira de Indústrias de Artigos e Equipamentos Odontológicos, 
Hospitalares e de Laboratório (ABIMO) e a Fundação Instituto Polo Avançado da 
Saúde de Ribeirão Preto (FIPASE), que atuaram no suporte ao desenvolvimento da 
cadeia produtiva. 
A Figura 1 apresenta as interações entre os condicionantes para a gênese 
dos clusters apresentados por Barakat et al (2017) 
 
 
 
 
35 
Figura 1 – Interações entre empresa e governo para o surgimento de um 
cluster 
 
Fonte: Barakat et al (2017). 
Em estudo sobre o desenvolvimento dos estágios iniciais de um cluster 
aeroespacial estadunidense, Steenhuis e Kiefer (2016) observaram que, embora 
existam vários tipos de colaborações na região, como políticas e organizações 
governamentais, o principal motor de desenvolvimento dos clusters em estágios 
iniciais é o mecanismo de coordenação liderado pelos fabricantes. Tendo 
consciência de que são pequenos para serem bem-sucedidos na indústria 
aeroespacial, os fabricantes colaboram para apresentar-se como um “corpo único” 
aos clientes fora da região e, uma vez que esses clientes realizam as suas 
encomendas, entra em ação um mecanismo de coordenação com a divisão do 
trabalho entre os diferentes fabricantes. 
 Grumadaite e Jucevicius (2016) observaram seis motivações para a 
emergência dos clusters em países pós autoritários e em contextos 
socioeconômicos ainda imaturos, conforme constante do Quadro 1 abaixo. 
 
 
 
 
 
36 
Quadro 1 – Padrões para a emergência de clusters em contextos pós autoritários 
PADRÃO BARREIRAS POSSÍVEIS SOLUÇÕES 
Uma grande empresa ou 
empresas estão agindo 
como âncoras para atrair 
empresas menores para 
um cluster. 
As empresas nacionais não 
conseguem desempenhar o 
papel de flagship 
Atrair multinacionais (as 
oportunidades adequadas 
devem ser criadas pelo 
governo do país). 
Emergência do cluster 
como um meio para 
atender às necessidades 
de grandes clientes 
externos ao cluster. 
A falta de grandes 
empresas. 
A incapacidade das grandes 
empresas criar subsidiárias. 
Criar networks com clientes 
internacionais. Encontrar 
pelo menos uma grande 
empresa multinacional como 
um cliente permanente. 
Emergência do cluster 
através de 
empreendedores locais.
A falta de atividade 
empresarial e de 
cooperação devido à falta 
de confiança e forte 
concorrência. 
Atrair os empreendedores 
transnacionais para uma 
região específica (as 
oportunidades devem ser 
criadas pelo governo de um 
país). 
Criar networks inter-
regionais e internacionais 
Emergência do cluster 
através de representantes 
da comunidade científica 
local. 
Escassa cooperação entre 
representantes empresariais 
e científicos. 
Apresentação ativa e 
atrativa do sentido da 
pesquisa para a sociedade 
e empresas para 
desencadear interesses na 
solução de problemas no 
modelo do cluster. 
Clarear os interesses e 
tarefas comuns. 
Emergência do cluster 
adaptando conhecimentos 
e redes regionais 
formadas historicamente. 
Perda da identidade e da 
estrutura industrial, 
esvaziamento regional 
devido à emigração e 
escassez de engajamento 
cívico. 
Desenvolver a identidade 
regional. 
Melhorar a qualidade de 
vida, especialmente nas 
regiões periféricas. 
Habilitar as comunidades 
regionais e a importância 
das lideranças locais. 
Governo como principal 
agente de mudança. 
Falta de confiança nas 
instituições e 
comportamento autoritário 
das instituições 
governamentais e científicas 
em processos auto-
organizados. 
Concentração 
governamental apenas no 
investimento em 
infraestrutura. 
Ambiente legal e 
organizacional positivo para 
o gerenciamento de 
conflitos. 
Fonte: Grumadaite e Jucevicius (2016). 
 Particularmente, a análise de Grumadaite e Jucevicius (2016) sobre os 
clusters na Lituânia revelou quatro combinações de fenômenos envolvidos no 
surgimento desses sistemas industriais, conforme apresentado na figura abaixo. 
37 
Para os autores, esses padrões destacam a importância de representantes das 
empresas locais, da comunidade científica e da sociedade como parceiros no 
surgimento dos clusters, mas, antes de tudo, a relevância da internacionalização na 
atração de empresas multinacionais e empreendedores transnacionais e na 
introdução em networks globais com clientes e clusters internacionais. 
Quadro 2 – Cenários para a emergência de clusters na Lituânia. 
CENÁRIO EXPLICAÇÃO EXEMPLOS 
Fenômenos não 
planejados e não 
equilibrados e eventos 
que causam iniciativas 
não explicitas para o 
surgimento dos sistemas 
industriais. 
Vários eventos não 
planejados, como 
fenômenos naturais, 
socioeconômicos ou 
reuniões acidentais que 
levam a ensaios para a 
superação desses desafios 
sem a clara intenção de 
criar um cluster. 
Durante o processo de 
ruptura do Estudio 
Lithuanian Film surgiram 
líderes que encorajaram as 
empresas audiovisuais a 
aproveitar a oportunidade 
de permanecer na 
construção do estúdio. A 
proximidade resultou na 
emergência do cluster. 
Fenômenos não 
planejados e não 
equilibrados e eventos 
que causam iniciativas 
explícitas para o 
surgimento dos sistemas 
industriais. 
 
Vários eventos não 
planejados, como 
fenômenos naturais 
socioeconômicos ou 
reuniões acidentais que 
levam à intenção de criar 
um cluster. 
Surgimento de clientes 
potenciais e mercados 
inacessíveis aos projetos de 
uma única empresa. A 
escassez de recursos 
resultou no surgimento de 
um líder que uniu seis 
empresas para o surgimento 
do cluster. 
Fenômenos e eventos 
planejados e não 
equilibrados que causam 
iniciativas explícitas para 
o surgimento dos 
sistemas industriais. 
Vários eventos, ações, ou 
processos que levaram à 
clara intenção de criar um 
cluster. 
Surgimento de 
oportunidades de 
financiamento da União 
Europeia incentivou a 
cooperação de longo prazo, 
levando a nova fase de 
desenvolvimento. 
Fenômenos e eventos 
planejados e não 
equilibrados que causam 
iniciativas não explicitas 
para o surgimento dos 
sistemas industriais. 
Vários eventos, ações, 
processos que levaram a 
vários julgamentos para 
lidar com uma situação atual 
sem a clara intenção de 
criar um cluster. 
Combinação explica os 
casos em que empresas 
convidam outros atores de 
mentalidade semelhante a 
expandir as oportunidades 
de negócios e os resultados 
bem-sucedidos desses 
ensaios resultam na 
emergência do cluster. 
Fonte: Grumadaite e Jucevicius (2016). 
38 
Em clusters, empresas e instituições podem operar com maior eficiência e 
inovar mais aceleradamente, compartilhando tecnologias, infraestrutura, 
conhecimentos, habilidades, insumos, respondendo à demanda dos clientes locais 
(DELGADO ET AL, 2015b). Em função dessas motivações, nos clusters podem ser 
encontradas empresas de diversos segmentos da cadeia produtiva, além de 
instituições governamentais ou privadas, conectadas numa concentração geográfica, 
o que pode proporcionar vantagem competitiva única (PORTER, 1998). A força de 
um cluster também pode refletir o desenvolvimento de uma série de indústrias 
relacionadas na região, ao invés de uma indústria específica (PORTER, 1998, 2003; 
DELGADO ET AL, 2015b). Reve e Sasson (2015) defendem, portanto, que esse 
modelo proporcionou uma nova linguagem para o desenvolvimento de políticas 
industriais e clareia o papel dos vários elementos envolvidos: governos centrais e 
locais, associações industriais e de comércio, universidades e instituições 
educacionais, atores comerciais em todos os níveis da cadeia de valor e 
organizações de fomento ou instituições de colaboração. 
Porter (1993) observou que as indústrias competitivas de um país não se 
distribuem igualmente pela economia e o desempenho de economias regionais varia 
consideravelmente em termos do crescimento de salários, empregos e patentes. 
Economias regionais diferem moderadamente em suas proporções ao comércio, 
dependência de recursos e indústrias locais, e consideravelmente no mix de clusters 
presentes. De fato, o desempenho econômico regional é fortemente influenciado 
pela força dos clusters e pela vitalidade e pluralidade de inovações (PORTER, 
2003). As razões do agrupamento vêm diretamente dos determinantes da vantagem 
nacional e são uma manifestação do seu caráter sistêmico. Uma indústria 
competitiva ajuda a criar outra num processo mutualmente fortalecedor. Essa 
indústria é, com frequência, a compradora mais sofisticada dos produtos e serviços 
dos quais depende. Sua presença num país torna-se importante para o 
desenvolvimento da vantagem competitiva em indústrias fornecedoras. A presença 
de uma indústria compradora de classe mundial no país beneficia não só os 
fornecedores internamente, mas também pode ajudá-los no exterior (PORTER, 
1993). 
 As origens dos clusters podem estar ligadas a fatores geográficos ou 
culturais, ao desenvolvimento histórico, à demanda local, à existência de indústria 
39 
fornecedora, em outro cluster e ao dinamismo empreendedor de empresas 
inovadoras que estimulam o crescimento de outras, dentre outros - normalmente 
ligado à existência de alguma base de vantagens na localização (PORTER, 1998). 
Uma vez formado o grupo, todo o conjunto de indústrias passa a apoiar-se 
mutuamente; e a entrada de novas organizações no cluster procedentes de outras 
indústrias favorece o seu aprimoramento, estimulando a diversidade na pesquisa e 
desenvolvimento e proporcionando meios para a introdução de novas estratégias e 
capacidades. Nesse ambiente, as informações podem fluir livremente e as 
inovações devem se difundir com rapidez, através de fornecedores ou clientes que 
têm contatos com competidores (PORTER, 1993). Um aspecto importante para o 
cluster é se suas indústrias componentes apresentam alta produtividade e inovação, 
pois enquanto a produtividade aponta para a eficiência econômica corrente da 
indústria a inovação aponta para a capacidade produtiva futura e a habilidade de a 
indústria se adaptar e se transformar ao longo do tempo (REVE; SASSON, 2015). 
 Porter (1998) defendeu que, uma vez que o cluster começa a se formar,
entra 
em ação um ciclo virtuoso de crescimento que envolve a divisão do trabalho, a 
expansão de mercados, a interação entre as empresas, a formação de redes de 
negócios, o surgimento de fornecedores de bens ou serviços especializados, e a 
atração ou o surgimento de novas empresas – bem como de talentos para a região. 
Empresas de todo um cluster de indústrias interligadas investem em tecnologias 
especializadas, mas correlatas, informação, infraestrutura e recursos humanos, 
proporcionando numerosas ramificações. A escala de todo o grupo, por sua vez, 
encorajará o maior investimento e especialização (PORTER, 1993). A proximidade 
geográfica, por outro lado, contribuirá para a competitividade das empresas, uma 
vez que os conhecimentos serão mais facilmente compartilhados pela interação 
pessoal. O processo de aprendizado também será facilitado pela proximidade, 
contribuindo para que as pessoas passem a interagir social e profissionalmente, de 
forma espontânea, na esfera privada ou no ambiente de trabalho, acelerando a 
difusão das informações (PORTER, 1998). 
As universidades localizadas perto de um grupo de competidores muito 
provavelmente tomarão conhecimento da indústria, perceberão que é importante e 
reagirão de acordo. Por sua vez, os competidores provavelmente financiarão e 
apoiarão a atividade universitária local. Fornecedores localizados perto estarão mais 
40 
bem colocados para intercâmbio e cooperação regular com a pesquisa e 
desenvolvimento da indústria. Dessa forma, a concentração de rivais, clientes e 
fornecedores promoverá eficiência e especialização, contribuindo com a melhoria da 
produtividade e com a inovação (PORTER, 1993). 
 Reve e Sasson (2015), contudo, alertam que localidades diferem de acordo 
com suas habilidades de atrair avançadas instituições educacionais, empregados 
talentosos, especialistas acadêmicos e projetos de pesquisa e desenvolvimento, e 
um diversificado e amplo conjunto de empresas relacionadas. Na mesma linha, 
Ferreira, Goldszmidt e Csillag (2010) acrescentam que a localização poderá ser 
muito importante no desempenho das empresas, mas isso não ocorrerá de maneira 
homogênea, e a forma como a cidade ou região interage com a indústria 
concentrada em um cluster poderá exercer uma significante influência no 
desempenho futuro das empresas dessa indústria. 
Como o funcionamento dos mercados são frequentemente influenciados por 
políticas públicas, Eng (2007) sustenta que o envolvimento governamental na ajuda 
aos pequenos e médios empreendimentos deveria promover a competitividade e 
ampliar o desempenho econômico dos clusters regionais de empresas. Nesse 
sentido, Delgado et al (2015b) esclarecem que para competir mais efetivamente, as 
regiões necessitam entender as forças de seus clusters comparados àqueles de 
outras regiões. Entender a geografia do cluster, portanto, ajudaria a fornecer 
informações sobre políticas que facilitem a conectividade das empresas e 
instituições de suporte. Para Eng (2007), os governos não deveriam apenas ajudar a 
competitividade das empresas locais em suas habilidades de exportar e competir em 
um mercado internacional, mas também na interdependência entre elas, como na 
colaboração em sistemas de produção e na concentração de linhas de produção e 
cadeias de suprimentos. Essas interdependências de recursos - que constituem a 
base para a interdependência entre empresas - servirão ao propósito da criação de 
ativos que reduzam os custos de transação e de produção. 
 Na percepção de Delgado et al (2012), os clusters são importantes não 
apenas para o crescimento das indústrias existentes, mas para a criação de novas 
indústrias em uma região. Em outras palavras, novas indústrias regionais são 
formadas a partir de fortes clusters. Assim, as indústrias localizadas em um cluster 
forte, ou que tenham acesso a clusters relacionados, estariam associadas às 
41 
elevadas taxas de crescimento na formação de novas empresas (DELGADO ET AL, 
2010). Particularmente, em indústrias caracterizadas por clusters regionais 
dominantes, fazer parte desses clusters é essencial para o equilíbrio estratégico 
sustentável, pois os não membros se encontrarão em dificuldades ao competir por 
vantagens com base no componente conhecimento, em função das oportunidades 
criativas e de integração geradas no interior do cluster (TALLMAN ET AL, 2004). 
Clusters regionais fortes aumentam a amplitude e a diversidade de oportunidades 
empreendedoras para startups, reduzindo os custos de iniciar um novo negócio. 
Entretanto, os clusters são importantes não apenas para a formação de novas 
empresas, mas de novos estabelecimentos de empresas existentes. Esses novos 
estabelecimentos frequentemente pertencem a empresas que participam de clusters 
em outras localidades, de modo que as empresas podem buscar clusters regionais 
complementares, beneficiando-se das vantagens comparativas de cada locação 
(DELGADO ET AL, 2010). 
 Ao longo do tempo, há um desenvolvimento endógeno do cluster, onde, 
progressivamente, novas empresas nascem de empresas nele estabelecidas. Muitas 
delas são spin-offs fundados por ex-funcionários da empresa mãe que identificaram 
oportunidades de negócios ou mercados não explorados por ela e, numa atitude 
empreendedora, iniciaram os seus próprios negócios (FERREIRA ET AL, 2006). 
Com base no conhecimento adquirido enquanto trabalhando em suas empresas 
mãe, os fundadores de spin-offs apresentam melhores capacitações em seus 
empreendimentos do que outros fundadores de empresas (BUENSTORF; 
FORNAHL, 2009). Com o tempo os spin-offs tornam-se menos dependentes dos 
recursos da empresa mãe e, conforme vão crescendo, eles próprios passam a gerar 
spin-offs. A repetição contínua desse processo contribui com o fluxo de informações 
e com a difusão de inovações, evitando que o cluster fique estagnado em 
comportamentos isomórficos e permitindo que ele se adapte às mudanças de 
mercado ou tecnológicas. Assim, se o cluster se desenvolve por meio de uma rede 
interligada de empresas, tanto a empresa mãe quanto seus spin-offs obtêm 
benefícios (FERREIRA ET AL, 2006). 
 Com base em Buenstorf e Fornahl (2009) e Ferreira et al (2006) são 
realizadas as seguintes proposições teóricas: 
42 
Proposição Teórica n 1 - Empresas spin-offs podem apresentar 
melhores capacitações em seus empreendimentos (em relação aos não spin-
offs). 
Proposição Teórica n 2 - Com o tempo, empresas spin-offs podem 
tornar-se menos dependentes dos recursos da empresa mãe. 
 Os clusters têm sido um elemento fundamental nas estratégias de 
industrialização de países emergentes como a China, o Brasil e a Índia. Os clusters 
indianos, por exemplo, são frequentemente fundamentados em habilidades 
artesanais e na produção intensiva em mão de obra de baixo custo, enquanto os 
clusters brasileiros e chineses normalmente se concentram na produção industrial 
de maior valor agregado. Na Índia e no Brasil, os principais incentivos políticos a 
nível nacional têm sido direcionados ao desenvolvimento do cluster com o intuito de 
criar empregos e aliviar a pobreza. Na China, os governos locais têm apoiado os 
clusters como um veículo para alcançar suas taxas de crescimento das últimas 
décadas. Na Índia, os empreendedores de cluster normalmente operam sob um 
contrato social que não os incentiva a cumprir as normas trabalhistas e ambientais. 
No Brasil, o cumprimento das normas trabalhistas e da regulamentação ambiental é, 
em geral, a regra. Na China a situação é intermediária, onde tensões entre os 
governos nacional e local podem levar à situação onde o cumprimento da 
regulamentação pode ser mais negociável que no Brasil, mas não ignorada como na 
Índia (KNORRINGA; NADVI, 2016). 
No Brasil, algumas pesquisas destacam o papel das instituições e da 
governança no desenvolvimento dos clusters. Para Braga e Forte (2016), as 
instituições exercem um

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