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CONSULTORIA PROF. ME. MARCO ANTÔNIO SENA DE SOUZA Reitor: Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira Pró-Reitoria Acadêmica: Maria Albertina Ferreira do Nascimento Diretoria EAD: Prof.a Dra. Gisele Caroline Novakowski PRODUÇÃO DE MATERIAIS Diagramação: Alan Michel Bariani Thiago Bruno Peraro Revisão Textual: Fernando Sachetti Bomfim Marta Yumi Ando Simone Barbosa Produção Audiovisual: Adriano Vieira Marques Márcio Alexandre Júnior Lara Osmar da Conceição Calisto Gestão de Produção: Cristiane Alves © Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo (a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá. Primeiramente, deixo uma frase de Só- crates para reflexão: “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida.” Cada um de nós tem uma grande res- ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica e profissional, refletindo diretamente em nossa vida pessoal e em nossas relações com a socie- dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente e busca por tecnologia, informação e conheci- mento advindos de profissionais que possuam novas habilidades para liderança e sobrevivên- cia no mercado de trabalho. De fato, a tecnologia e a comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e nos proporcionando momentos inesquecíveis. Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a Distância, a proporcionar um ensino de quali- dade, capaz de formar cidadãos integrantes de uma sociedade justa, preparados para o mer- cado de trabalho, como planejadores e líderes atuantes. Que esta nova caminhada lhes traga muita experiência, conhecimento e sucesso. Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira REITOR 33WWW.UNINGA.BR UNIDADE 01 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ..............................................................................................................................................................4 1. CONCEITO DE CONSULTORIA ...............................................................................................................................5 1.1 ASPECTOS CONSTITUTIVOS DO CONCEITO DE CONSULTORIA......................................................................8 2. TIPOS E MÉTODOS DE CONSULTORIA ..............................................................................................................10 2.1 MÉTODOS DE CONSULTORIA .............................................................................................................................14 3. ÁREAS DA CONSULTORIA EMPRESARIAL .........................................................................................................16 4. O CONSULTOR: CARACTERÍSTICAS DO CONSULTOR .......................................................................................18 5. CONSULTORIA X AUDITORIA ...............................................................................................................................22 CONSIDERAÇÕES FINAIS .........................................................................................................................................24 CONCEITOS BÁSICOS SOBRE CONSULTORIA PROF. ME. MARCO ANTÔNIO SENA DE SOUZA ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: CONSULTORIA 4WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Muito provavelmente, você já esteve apaixonado(a). E dentre suas dúvidas nesse momento tão particular, estava presente a necessidade de não correr riscos em cometer gafe ou falha a qual inviabilizasse sua aproximação à pessoa que atraiu sua atenção. Você não titubeou em fazer um conjunto de questionamentos a uma pessoa amiga, buscando apoio dela. E independentemente de essa narrativa ter relação direta com os fatos que a partir de então se sucederam, de fato, em algum momento, deve ter pedido um conselho para alguém de sua confiança, para que sua vida emocional ficasse preservada e a mais equilibrada possível diante de um desafio. Pois bem, essa pessoa aos olhos da academia lhe prestou uma consultoria ao ouvi-lo e fazer uma série de perguntas na tentativa de ajudá-lo a identificar os pontos fracos e as potencialidades que você reunia para seu futuro romance, passando posteriormente a lhe traçar um roteiro das opções para que você pudesse atingir seu propósito. Para tanto, seria de bom tom que essa pessoa tivesse um conhecimento e prática sobre o assunto, para que sua escolha fosse a mais segura possível. Deixadas de lado as perspectivas e expectativas outras que não sejam as descritas nesse parágrafo, sua condição emocional estaria salvaguardada, pois a partir de então você contaria com uma consultoria em assuntos sentimentais. Mas na prática da gestão, quando se pede uma orientação ou um aconselhamento diante de uma escolha empresarial, você estaria agindo como um consultor. Se nos apegarmos tão somente a essa prévia consideração, veremos que o médico é um consultor, o advogado é um consultor, um sommelier e até mesmo um maître também. Profissionais da consultoria empresarial desempenham um papel muito similar ao explicitado anteriormente, permitindo melhorias na vida das organizações e na de seus colaboradores. Assim, compreender como as empresas podem obter uma eficiência em seus processos, passando por uma atividade que reúne vários conhecimentos (multidisciplinar) que lhes permita um diagnóstico e que possa favorecer seu crescimento em seus mercados é um dos propósitos da presente disciplina. Sim! Estamos no ambiente da consultoria. Nesta primeira unidade, estudaremos aspectos conceituais básicos sobre a consultoria e o perfil do(a) profissional, devendo empresas e indivíduos ultrapassar suas limitações, especializando-se em áreas de seu interesse, apesar de, como veremos mais à frente, elas serem multivariadas. E isso se dá pela diversidade e complexidade das organizações, bem como pela busca delas pela excelência de suas atividades, o que propicia e estimula os grandes esforços no mercado da consultoria. A linha teórica privilegiada no conteúdo programático da disciplina busca o tratamento das principais ideias sobre o tema que, por sua vez, tem relação com todas as demais disciplinas do seu curso de formação, sendo-lhe sugerido oportunamente que avalie, em paralelo a esta disciplina, as novas técnicas e ferramentas de gestão que são constantemente incorporadas e demandadas pelo ambiente empresarial no qual você já atua ou pretende atuar. Institucionalmente, compreendemos que essa atitude deve resultar em perspectivas muito promissoras no desenvolvimento de um futuro profissional da área da consultoria, mas não se esqueça de estar atento ao movimento das organizações e suas demandas para melhor aproveitar os conhecimentos aqui patrocinados. Bons estudos! 5WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. CONCEITO DE CONSULTORIA Há muito deixamos para trás várias “revoluções” que determinaram um novo patamar no desenvolvimento da sociedade. Tivemos a Primeira Revolução Industrial cuja mudança se deu pelo uso de máquinas a vapor e sua aplicação na produção têxtil; seguida pela Segunda Revolução Industrial, na qual tivemos uma sociedade que começou a utilizar, a partir de então, bens de consumo, como os automóveis, telefones, rádios e as aeronaves. Em decorrência dos avanços tecnológicos e das modernizações de equipamentos e produtos, surge a Terceira Revolução Industrial, considerada fato muito recente, pois ocorreu entre 1950 e 2010. As mudanças deixadas por ela são apreciadas ainda hoje pelo uso da mecânica digital, pelo uso de microcomputadores, da telefonia celular, pelas novas fontes de energia (nuclear, solar, eólica) e criação da internet. Essa última continua a fomentar transformações nos usos e costumes das sociedades, até mesmo no desenvolvimento de novas práticas de estudo, como a que estamos trabalhando nesse momento. Mas estamos na QuartaRevolução Industrial, e com ela, estamos nos adaptando ao uso da internet das coisas (IoT), da inteligência artificial, do Big Data, à ampla automatização, dentre várias outras inovações, que prometem atuar de forma disruptiva nas empresas, como é hoje a entrega de produtos via drones, que alterou consideravelmente as formas tradicionais de entrega de produtos como as que eram feitas nos serviços postais, ou por empresas especializadas como mototaxistas. Também chamamos de a “Era do Conhecimento”, em que a capacidade de inovar tornou- se um fator capaz de adicionar valor competitivo a uma empresa. A criatividade e o conhecimento estão associados aos impactos tecnológicos que modificam a paisagem laboral, demandando, por sua vez, colaboradores mais capacitados e organizações mais integradas. “Mas, professor, não há limites para tantas capacitações? Me pedem que eu seja mais e mais capacitado para atuar no mercado de trabalho. Isso não tem fim?” Assim como não há limites para as ideias, e inúmeras descobertas essenciais ao ser humano surgem com o passar do tempo, é de se pensar que a capacidade intelectual humana também seja ilimitada. “Ora, conseguimos pousar uma sonda em um cometa que prosseguiu na velocidade de uma bala de um rifle!” Mas você verá que, seguindo a carreira de consultor(a), você se sentirá muito confortável em ter uma capacitação contínua. A Quarta Revolução Industrial é uma maneira de descrever a indefinição das fronteiras entre os mundos físico, digital e biológico. É uma fusão de avanços em inteligência artificial (IA), robótica, Internet das coisas (IoT), impressão 3D, engenharia genética, computação quântica e outras tecnologias. É a força coletiva por trás de muitos produtos e serviços que estão rapidamente se tornando indispensáveis para a vida moderna. Pense em sistemas GPS que sugerem a rota mais rápida para um destino, assistentes virtuais ativados por voz, como o Siri da Apple, recomendações personalizadas do Netflix e a capacidade do Facebook de reconhecer seu rosto e marcá-lo na foto de um amigo. Como resultado dessa tempestade perfeita de tecnologias, a Quarta Revolução Industrial está abrindo caminho para mudanças transformadoras na forma como vivemos e interrompendo radicalmente quase todos os setores de negócios. Tudo está acontecendo na forma de um turbilhão sem precedentes. 6WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Para além dos desafios tecnológicos que são crescentes, estão aqueles desafios do nosso cotidiano empresarial, como o de crescer em um mercado competitivo ou o de se manter uma constância em meio às oscilações da economia. “Convenhamos, é uma tarefa muito complexa!” Até porque, as empresas não conseguem estar atentas e preparadas a todo instante para se adequarem às constantes mudanças no mercado, estando suficientemente estruturadas para antever problemas ao bom andamento dos empreendimentos, de modo que venham a prescindir de serviços de consultoria. O termo “Consultoria” nos remete à ação ou ao efeito de se dar um conselho segundo a perspectiva de um especialista, ou do exame minucioso da situação. Em geral, a consultoria é definida como atividade profissional na qual uma pessoa concorda em usar suas capacidades profissionais para promover prioridades eleitas pelo contratante. Esse consultor é alguém que possui um nível de conhecimento que um determinado grupo de pessoas considera valioso, e as pessoas desse grupo estão dispostas a pagar ao consultor para acessar seus conhecimentos. Observe que não há nada mencionando sobre grandes empresas, diplomas ou certificações. Se você pode fornecer consultoria especializada a um grupo específico de pessoas, pode ser um consultor. Porém, também é igualmente complexo, nos dias de hoje, não ter uma formação profissional estruturada para atuar nessa área (consultoria). Assim, segundo Oliveira (2019), consultoria é um processo interativo de um agente de mudanças externo à empresa, o qual assume a responsabilidade de auxiliar os executivos e profissionais da referida empresa nas tomadas de decisões, não tendo, entretanto, o controle direto da situação. Compare agora com o conceito do Instituto Brasileiro dos Consultores de Organização (2020): trata-se de um serviço prestado por uma pessoa ou grupo de pessoas, independentes e qualificadas para a identificação e investigação de problemas que digam respeito à política, organização, procedimentos e métodos, de forma a recomendarem a ação adequada e proporcionarem auxílio na implementação dessas recomendações. Percebe-se, portanto, que os serviços de consultoria contarão com consultores que usam suas habilidades para estudar, projetar, organizar e gerenciar projetos, aconselhar e, quando necessário, desenvolver suas capacidades. Esses oferecem a possibilidade de uma alocação mais eficaz e eficiente de seus recursos, fornecendo serviços especializados para períodos de tempo sem qualquer obrigação permanente de emprego. De outra maneira, você pode entender que um consultor é alguém que dá conselhos. Portanto, a pergunta que devemos fazer é “por que as pessoas compram conselhos?” Bem, por que as pessoas pedem conselhos? Eles querem mudar algo, alcançar algo ou tornar-se algo, e precisam de ajuda. O estado atual das coisas não é como elas querem que seja. Elas sabem qual é o estado desejado, mas precisam do seu conselho para chegar lá (Figura 1). É por isso que as pessoas querem conselhos. Elas querem ir do ponto A ao ponto B, mas não sabem como chegar lá. Elas estão perdidas ou enfrentam obstáculos que não sabem superar. Figura 1 – Conceito de Consultoria. Fonte: O autor. 7WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA É isso o que é a consultoria. O verdadeiro significado da consultoria é ajudar as pessoas a resolverem problemas, e a passarem do estado organizacional atual para um estado desejado. Observe que o conceito de consultoria está baseado em critérios voltados à excelência empresarial e é caracterizado por uma abordagem holística e orientada à implementação. Mediante o exposto, vários são os fatores e indicadores decisivos para a empresa de sucesso (veja a Figura 2). Figura 2 – Modelo contendo os fatores e indicadores voltados à consultoria. Fonte: Fundação Europeia para Geren- ciamento da Qualidade – EFQM (2020). O conceito de consultoria pode ser mais bem avaliado segundo esse modelo no qual cada variável é comumente observada nos serviços específicos de consultoria prestados. Por meio de uma análise, determina-se junto com o cliente a necessidade da ação e o procedimento adicional, ou seja, cada um desses fatores é, em boa medida, buscado pelos clientes junto aos consultores. Se você deseja obter sucesso em sua vida em menos tempo, uma boa possibilidade ou maneira de fazer isso é iniciar um negócio. Ele pode ser pequeno ou grande de acordo com suas necessidades e gastos, mas fazer negócios pode beneficiá-lo(a) apenas se você estiver completamente ciente das oportunidades disponíveis, das restrições e obstáculos que você pode enfrentar em um tipo específico de negócio. A melhor maneira de obter esse insight sobre seus negócios em potencial é o conselho que você pode obter de um consultor de negócios. Não importa que tipo de negócio, um bom consultor pode ajudá-lo(a) a projetar o tipo certo de plano de negócios. Existem vários tipos de consultores especializados em fornecer a melhor consultoria em todos os tipos de negócios e em diferentes aspectos de um negócio. Isso significa claramente que você receberá vários tipos de consultores de negócios e terá de escolher um de acordo com o seu tipo de negócio, se você quiser aumentar seu grau de certeza sobre esse negócio. 8WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Na prática, podemos avaliar o conceito de “consultoria” proposto nos sites de várias empresas especializadas nessa área, o que é criteriosamenteponderado por organizações que prescindem desse tipo de trabalho. Vejamos o que contém a proposta de uma empresa de consultoria como a Luzio Strategy (2020): Tratamos cada empresa como única. Identificamos a melhor abordagem para o caso e propomos um programa de atividades customizado para otimizar os resultados do projeto. Recomendamos as atividades de pesquisa mais adequadas para entendimento do contexto, mapeamento das oportunidades e identificação das vulnerabilidades internas e barreiras externas a vencer. Apresentamos nossas análises e recomendações em workshops executivos extremamente focados e de alto valor agregado – não somos meros facilitadores que levam ferramentas de trabalho em branco para serem trabalhadas ‘do zero’ pelos gestores. Ao final, nossos Clientes afirmam que terminam o projeto motivados, abastecidos de novos conceitos, coragem e habilidade política para engajar as diversas partes Interessadas nas transformações necessárias para a empresa atuar como protagonista em seus mercados. Portanto, o valor de uma consultoria reside na proposta de valor que ela possa trazer à organização e na singularidade e força da proposta elaborada para um problema ou demanda identificada. 1.1 Aspectos Constitutivos do Conceito de Consultoria Considerando a compreensão sobre o conceito de “consultoria” apresentado anteriormente, entendemos que esse serviço contratado é fornecido a empresas privadas, empresas públicas, instituições do terceiro setor, por empresas ou pessoas especialmente treinadas e qualificadas. É um processo de interação no qual o consultor, de maneira objetiva e independente, diagnostica e investiga problemas, e o engajamento desses profissionais os torna preocupados (no sentido de pré + ocupados) com as práticas de gestão sobre as quais procedem a análises e recomendações apropriadas. Também se presta assistência quando solicitado na implementação das soluções recomendadas por esses profissionais. Portanto, é interessante avaliarmos alguns aspectos, nas palavras de Oliveira (2020), que estão contidos no conceito de consultoria, formulados pelo autor. São eles: • Agente de mudança: uma mudança organizacional eficaz requer consultores que possam criar relacionamentos confiáveis. Como agente de mudança, deve possuir a habilidade e o poder de estimular, facilitar e coordenar o esforço de mudança. Sugerimos um vídeo explicativo da Campal Serviços Contábeis intitulado Consultoria Empresarial vale a pena? Como item complementar, o vídeo traz uma avaliação sobre o uso da consultoria que se aproxima do conteúdo explicado até aqui e que pode lhe descortinar uma nova visão sobre a consultoria. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=2AzYFr27sG0>. 9WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA • Responsabilidade de auxiliar as pessoas: o sucesso de qualquer esforço de mudança depende muito da qualidade e do relacionamento entre o agente de mudança e os principais tomadores de decisão na organização, portanto, alguém sensível aos valores e atitudes do cliente, ajudando a encontrar maneiras de solucionar problemas quando há deterioração, obsolescência no ambiente da empresa e até mesmo quando há desenvolvimento, buscando medidas para que sejam perenes. • Atuar com processos: um processo é uma série de etapas e decisões envolvidas na maneira como o trabalho é concluído. Podemos não perceber, mas os processos estão em toda parte e em todos os aspectos do nosso lazer e trabalho. Assim, apresentamos um exemplo de um processo, considerando seu formato descrito em um fluxograma. Figura 3 – Exemplo de um processo expresso por um fluxograma. Fonte: MAIS Consultoria (2020). • Tomada de decisões: como algo próprio da vida, indivíduos demandam análises de dados ou baseiam-se na experiência ou em conhecimentos dominados por outros indivíduos para tomar decisões mais acertadas e mais fundamentadas em informações. Um fluxograma de processo é um conjunto de símbolos gráficos conectados de forma lógica, formando uma sequência de passos que demonstram a execução de um trabalho. Essa ferramenta é amplamente utilizada para modelar processos e ter aplicações em mapeamentos industriais e em análises, além de ser utilizado para descrever o fluxo de materiais, papéis e máquinas, entre outras utilidades. Por conta da sua característica visual, o fluxograma de processo facilita a compreensão dos processos, mostrando de forma simples como o trabalho funciona em uma organização. A partir do momento em que o processo ganha visibilidade, é mais fácil enxergar lacunas, desvios e gargalos, sugerir otimizações, documentar e comunicar o processo (EAUX CONSULTING, 2020). 10WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA • Não tem controle direto da situação: considerando a natureza das atividades que os consultores geralmente têm, trabalhando em curto espaço de tempo ou prazo, e tratando de problemas muito específicos, ou de uma restrição subjacente que afeta empresas, eles não são chamados para dirigir uma empresa. Apesar de inicialmente trabalharem para orientar a tomada de decisões dos gestores, legalmente não são responsabilizados pelos resultados conseguidos pela empresa. A responsabilidade de aconselhar existe, mas a autoridade ou liberdade de decisão, não. Além do mais, a relação contratual existente não estabelece um vínculo empregatício, não sendo possível o usufruto dos direitos legais de um colaborador da empresa contratante. Ao passo que os gerentes compreendem a ampla gama de propósitos que uma consultoria pode ajudá-los a alcançar, eles terão melhores condições de selecionar consultores ou empresas de consultoria, esperando mais valor deles. E, à medida que os clientes aprendem a expressar novas necessidades, eles (consultores) aprendem a lidar com essas necessidades, abastecendo-as com propostas mais produtivas. 2. TIPOS E MÉTODOS DE CONSULTORIA Ao longo de muitos anos, vários foram os impactos promovidos pela indústria da consultoria, em que os desenvolvimentos de orientações organizacionais fizeram frente às pressões dos mercados e de acionistas, levando a termo muitas mudanças organizacionais que foram desencadeadas por movimentos de modismos expressos em ideias e técnicas gerenciais. Elas surgem a todo instante e, muitas vezes, são aplicadas por meio de intervenções casuísticas e simplistas, cujas propostas de inovação e criatividade exercem seu fascínio sobre os gestores. Foi assim com a reengenharia, a prática do downsizing, que foram aplicados com resultados ruins em muitos casos. começo ao fim por consultores contratados? Esse é um questionamento que depende do propósito e do tipo de consultoria que tenha sido contratado. Mas avalie os problemas corriqueiros que possam advir por conta da falta de preparação da organização, em especial nas relações de autoridade formal com os subordinados, com imposição de decisões de um pessoal considerado “estranho” e não pertencente ao quadro de colaboradores da organização; a incompreensão e perda de parcela de autoridade de possíveis colaboradores que poderiam liderar esse projeto; e, por fim, a cultura organizacional vigente da qual várias nuances podem se tornar um impeditivo ou uma interferência no desenvolvimento de um projeto de consultoria. 11WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Para tanto, o apurado senso de observação e ferramentas administrativas são usados para se ter um exato panorama dos problemas das organizações que podem ser semelhantes, mas dificilmente iguais em seu teor. Assim, podemos nos indagar: Por que devemos contratar uma consultoria? A resposta não é tão simples, pois verdadeiramente depende das intenções da organização; além do que, muitas são as vezes em que a organização está “mergulhada” em seus problemas e não dispõe de meios para solucioná-los ou mesmo ganhar tempo em resolvê-los. Mas podemos traçar quatro perspectivasdentre várias outras que possam existir, sendo essas baseadas em Luzio Strategy (2020). Portanto, uma empresa tem interesse em uma consultoria por: 1. Empregar as metodologias mais ágeis, úteis, construtivas e modernas, com domínio das sutilezas conceituais e didáticas necessárias para otimizar os processos organizacionais. Portanto, as organizações recorrem a consultores especializados para concluir projetos ou resolver problemas que não podem resolver com recursos internos. 2. Modificar padrões enraizados tendo sido identificada uma inércia ativa que esconde inabilidades para o crescimento e tomada das melhores decisões. Um consultor pode fornecer uma avaliação objetiva, definir o problema e fazer recomendações. 3. Habilidade em lidar com os diversos conflitos que surgem em processos de reflexão estratégica e mudança organizacional. Um consultor pode rapidamente tornar-se parte da organização, trabalhando apenas o tempo suficiente para concluir o que precisa ser feito. Os consultores trazem consigo ideias de outras empresas e indústrias, o que os torna muito produtivos, considerando o fato de que os colaboradores, mesmo conhecendo o problema, não conseguem encontrar uma nova solução. 4. Enxergar com outro olhar uma organização pode melhorar sua capacidade de se estruturar, o que permite efetivamente apoiar o processo decisório dos acionistas e gestores. A proposta do downsizing é reduzir o número de colaboradores na folha de pagamento operacional de uma empresa. As empresas usam várias técnicas de redução de pessoal, incluindo incentivos para aposentadoria antecipada e transferência para subsidiárias, mas a técnica mais comum é simplesmente encerrar o emprego de um certo número de pessoas. Redimensionar é reduzir o tamanho organizacional na crença de que uma empresa realmente deveria operar com menos pessoas. O downsizing, em retrospecto, falhou em alcançar o efeito desejado. Já a reengenharia de uma organização é simplesmente o processo de revisar todos os diferentes níveis de uma organização para fazer negócios e considerar como é possível melhorar esses níveis. Os objetivos da reengenharia incluem aumento dos lucros da empresa, maior vantagem competitiva no mercado e imagem pública aprimorada. A reengenharia exige que uma organização examine atentamente seus pontos fortes e fracos, faça perguntas difíceis quando necessário e faça mudanças para o melhor da organização. 12WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Apesar de que, ao observarmos esses quatro itens, possamos ter uma noção clara de existirem apenas problemas de ordem interna à organização, na verdade, há também dinâmicas administrativas que surgem no ambiente externo, como um mercado competitivo bastante agressivo, o que faz com que as organizações estressem seus processos internos ao máximo para dar respostas ágeis à concorrência. Então, é fácil com isso identificar a existência de dois tipos de consultoria que auxiliam as organizações a lidarem com essas pressões: a consultoria interna à organização e a externa. À primeira vista, um consultor interno é como um consultor externo, ou seja, um profissional que pode trabalhar em todas as áreas organizacionais, sendo uma diferença nítida o fato de que consultores internos estão na folha de pagamento ou se limitam ao aconselhamento em tempo integral em uma organização à qual pertencem efetivamente. A principal razão do uso da consultoria interna é o fato de as organizações concordarem que há uma necessidade constante de conhecimento de terceiros, de tal sorte que essas organizações constroem as próprias unidades de consultoria interna, muitas vezes motivadas pela compreensão de que o custo-benefício tenda para essa forma de consultoria. De outra forma: “é caro manter um serviço de consultoria externa de forma contínua”. Esses consultores são selecionados dentre os colaboradores de diferentes unidades de negócios da organização para executar atividades ou projetos, normalmente não trabalhando para uma unidade de negócios específica, mas estando subordinados a uma diretoria de alto escalão ou, ainda, a um diretor-presidente. O consultor interno deve averiguar, identificar e entender as necessidades da organização, não definindo, mas discutindo, fazendo as perguntas certas e aconselhando os gestores. Existem várias razões para se dar preferência a consultores internos, pois de fato, apesar de os consultores internos também trazerem conhecimento e experiência para uma atividade ou projeto, nem sempre é claro que eles buscam otimizar o sucesso de um projeto, pois, como colaboradores de sua organização, eles podem ter alianças e relacionamentos que podem comprometer seu desempenho e capacidade de fornecer resultados orientados a projetos. As ações de um consultor interno podem ser influenciadas por um ou mais chefes que possam vir a exigir a preservação de cargos, organização, prioridades, processos, ou outros elementos da sua esfera de poder. Diferentemente, a liderança bem-sucedida de consultores externos se dá por eles procurarem otimizar o sucesso da intervenção (ou seja, o engajamento) para o qual foram contratados. Para isso, apresentam conhecimentos funcionais da área em que irão trabalhar, experiência e conhecimentos relevantes, habilidades técnicas específicas para uma determinada competência; habilidades interpessoais, como assertividade e apoio. Então, para a escolha de uma consultoria, não será difícil para você pensar inicialmente que a tomada de decisão de um empreendedor se concentrará nos objetivos da organização. E notadamente, sua consideração inicial será acompanhada da necessidade de se trabalhar com baixos riscos em relação aos resultados esperados. Assim, atente-se ao fato de que há casos em que o menor erro da consultoria poderá levar a enormes perdas. Mas deixar a situação sem solução, certamente, pode tornar as coisas ainda mais críticas, por isso a consultoria funcionará como uma consulta médica da empresa. Far-se-á um diagnóstico e intervenções serão seguidas. E considerando uma empresa hipotética que tenhamos em mente, a escolha entre consultores internos ou um consultor externo será uma decisão vital que deverá se consolidar, mediante a análise de requisitos e recursos disponíveis. Os consultores externos lidam principalmente com operações em grande escala e, quando são necessárias, ideias e reflexões profundas sobre a situação. Pode-se considerá-los como uma solução neutra e independente para o problema, embora, comparativamente, o serviço de uma consultoria externa seja bem mais cara (conforme mencionado anteriormente) em termos de dispêndio de recursos financeiros, e o serviço prestado, por sua vez, seja excepcional. 13WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Por outro lado, consultores internos, por serem parte da organização, estão tão bem familiarizados com a cultura de trabalho e os procedimentos da organização que não há como negar que sejam uma excelente opção. Então, sintetizando, teríamos concepções a esse respeito conforme o quadro a seguir, que traz uma visão geral dos principais prós e contras do uso de consultores internos versus externos. Consultoria Interna Consultoria Externa Maior conhecimento em aspectos formais e infor- mais da empresa. Maior experiência adquirida em vários trabalhos em empresas diferentes. Poder informal na interação com pessoas e grupos da empresa. Maior imparcialidade nas questões da empresa- -cliente. Menor liberdade nas questões internas à organiza- ção. Menor conhecimento em relação aos aspectos infor- mais da empresa. Geralmente possui menor experiência adquirida fora da empresa. Baixa interação com pessoas e grupos da empresa. Quadro 1 - Tipos de consultoria e o comparativo entre consultoria interna vs. externa. Fonte: Adaptado de Oliveira (2016). Um bom relacionamento entre consultor e organização é indispensável, bem sabemos, e por issodistinções descritas em uma tipologia têm condições de auxiliar na visão de diferenciais competitivos no mercado, dado o tipo de intervenção que esse profissional tem de desempenhar numa organização. Assim, seguindo os conceitos de Crocco e Guttmann, podemos estabelecer o quadro a seguir: CRITÉRIOS TIPO CARACTERÍSTICA Estrutura Consultoria artesanal Busca adaptar e desenvolver metodologias exclusivas para cada clien- te, utilizando técnicas empregadas de acordo com a realidade. Consultoria de pacote Adota metodologias e técnicas específicas, genéricas e abrangentes, que servem para diversas situações de diversas empresas. Abrangência Consultoria especializada Atuação focada por ter produtos que atuam em áreas de conhecimen- to específicas e somente nessas áreas. Consultoria total Caracteriza-se por ter produtos de diferentes áreas do conhecimento e por atuar em praticamente todas as áreas e processos da empresa- -cliente, e outros consultores podem complementar a abrangência. Forma de rela- cionamento Consultor as- sociado Busca de uma parceria para a oferta do produto da consultoria, sendo feita entre pessoas físicas, pessoa física e pessoa jurídica e/ou entre pessoas jurídicas. Consultor au- tônomo Pessoa física atuando por conta própria. Consultor vir- tual Desenvolve seu trabalho de consultoria de forma remota, por meio de correspondências eletrônicas ou telefônicas. Quadro 2 - Tipos de consultoria e atuação do consultor. Fonte: Adaptado de Crocco e Guttmann (2010 apud AL- CÂNTARA; PEREIRA, 2017; OLIVEIRA, 2016). Mediante o exposto, é importante fazer algumas correlações. A crise sanitária vinculada ao coronavírus em 2020 marca um momento importante para os consultores, pois como em qualquer crise, logo se abre um horizonte de oportunidades e as empresas precisarão retomar sua recuperação. 14WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Campos como o da automação e a adoção de tecnologias, o digital e o virtual são fundamentais para qualquer empresa sobreviver no mundo pós-coronavírus. E enquanto as empresas continuarem a se perguntar como acelerar seus crescimentos, programas de reestruturação ou redução de custos permanecerão em alta. Ao mesmo tempo, as tensões impostas às empresas em termos de capital humano, trabalho no comércio eletrônico, empresas mais baratas para serem compradas significa que consultores especializados foram acionados para lidarem com a rapidez da situação e as consequências econômicas que pressionam as organizações. Portanto, é impossível, nesse ramo de negócio, haver a dissociação da relação entre cliente e consultor, que trabalham em conjunto, participando de todo o processo, no qual o cliente entende suas ações para que equívocos gerenciais não se repitam (ALVES; DIAS; MONSORES, 2015). 2.1 Métodos de Consultoria Notadamente, os consultores, com o passar do tempo, desenvolvem novas técnicas de trabalho, ou mesmo aprendem e aprimoram técnicas utilizadas por empresas de consultoria. Portanto, é interessante ter um método que seja a sua marca e que represente ou espelhe o seu conhecimento e habilidades. Apesar de funcionar como um marketing pessoal, de fato, esse método deve resolver problemas que foram identificados, consolidando uma reputação e facilitando uma forma de trabalhar, a exemplo de se utilizar uma roupa confortável. Assim, apresentamos, na Figura 4, um exemplo do que seria a metodologia de consultoria adaptada às necessidades específicas de um cliente, no caso, um do setor sem fins lucrativos (3° Setor). Pode-se levar em consideração a grande variedade de projetos que se encaixa nesse contexto. A estrutura de sete etapas é um método para estruturar um projeto de consultoria, havendo espaço operacional, caso haja necessidade de incorporar outras etapas em função de um nível de complexidade observado. Ele descreve o processo de como desenvolver soluções criativas (mas não o esgota) para problemas que os clientes da consultoria possam estar enfrentando, avaliando as questões que são postas para facilitar sua compreensão. Figura 4 – Exemplo de metodologia de consultoria para setor sem fins lucrativos. Fonte: 180 Graus Consultoria (2020). 15WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Por definição, uma metodologia é um quadro, estrutura ou conjunto de tarefas concluídas em uma ordem lógica. E isso pode ser observado na Figura 4. Agora vamos avaliar outro exemplo prático de como funciona o trabalho de uma consultoria empresarial, a Setting Consultoria, que também se utiliza de sete passos, ditos principais, de um trabalho de consultoria. Vamos a eles: 1. Diagnóstico organizacional – Elaborado segundo um estudo de todas as áreas da organização, como financeira, qualidade, pessoas etc. 2. Pesquisa de mercado – Elaborada por meio do contato com os principais clientes, fornecedores e até com concorrentes. 3. Plano de trabalho – Identificadas as falhas e as medidas necessárias de intervenção, é elaborado aqui um cronograma de execução das atividades. 4. Proposta de serviço de consultoria empresarial – São apresentados os detalhes das intervenções necessárias, as garantias e condições de trabalho para análise da empresa contratante. 5. Contrato de prestação de serviço – Decorre de quando é celebrada a formalização das atividades em um documento de conhecimento do cliente e da empresa de consultoria contratada. 6. Execução do plano de trabalho – Principal parte, pois é nessa fase que se coloca em prática tudo que foi pactuado em documentos e laudos. 7. Auditoria dos processos – É feita após a finalização dos trabalhos, para assegurar que os ajustes foram feitos e as necessidades da empresa foram atendidas conforme estabelecido documentalmente. Esquematicamente, teremos essas etapas dispostas na Figura 5, lembrando que não existe um modelo único, eficiente ou imutável, mas tão somente uma sequência lógica que se aproxima muito, inclusive, da apresentada na Figura 4. Figura 5 – Sequência de trabalho de uma empresa de consultoria. Fonte: Adaptado de Secaf Neto (2020). Portanto, há que se considerar que existem várias metodologias de melhoria de negócios que são comumente usadas no mundo dos negócios, por conta de serem métodos comprovados para compromissos de consultoria. Mas trabalhando no dia a dia, a prática determina uma sequência de fases e atividades típicas, que são a base para o início dos trabalhos de consultoria, a saber: 16WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. Visita inicial ao cliente, desenvolvimento de diagnóstico preliminar do problema indicado, planejamento de atribuições iniciais, envio de uma proposta ao cliente, desenvolvimento do contrato de consultoria e assinatura do contrato de consultoria. 2. Elaboração de um diagnóstico, que inclui definir e medir o problema, pesquisar o problema, executar uma análise do problema e, em seguida, buscar feedback do cliente sobre as ações propostas. O diagnóstico é abrangente, envolvendo todas as áreas da empresa, por meio de uma ação estratégica e multidisciplinar. 3. Planejamento de ações, que inclui o desenvolvimento de soluções, o desenvolvimento de alternativas, a apresentação ao cliente e o planejamento da implementação. Aqui são apresentadas as melhores alternativas de solução para o caso. 4. Implementação de estratégias que requerem ação e a realização de treinamento. É aqui se efetuam as correções necessárias em toda a estrutura da empresa. 5. Reunião de fechamento e o término do projeto de consultoria com submissão do relatório final, e criação de cenário para futuras consultas (se for o caso). Não há uma regra a ser seguida, e as etapas podem variar, dependendo do tipo e do objetivo da consultoria empresarial. Mas há uma lógica na condução de um projeto de consultoria, existindo uma forma de atuar e desenvolver as atividades adotadas por consultores ou por empresas de consultoria. Lógicoque essas ações são feitas para que haja clareza em todo o processo e que o cliente se sinta seguro da necessidade de contratação do serviço a ser prestado. 3. ÁREAS DA CONSULTORIA EMPRESARIAL No avanço progressivo da complexidade empresarial existente, novas abordagens ao escopo desses problemas são trabalhadas pelos consultores, que, por sua vez, têm expandido gradualmente suas capacidades para abranger toda a gama de atividades de uma empresa. Isso quer dizer que as áreas de atuação de uma consultoria empresarial se tornam bastante amplas para justamente abranger a referida complexidade que o mundo competitivo apresenta, onde um vasto conjunto de variáveis pode acometer uma organização, acelerando o processo natural de entropia, desorganizando ou deteriorando as relações produtivas da empresa. Atendo- nos ao conceito do termo “consultoria” anteriormente apresentado, podemos entender que a identificação das áreas de especialização dos consultores está no centro da definição do conceito de consultoria. Mas saiba: é algo muito amplo mesmo! Pode variar considerando mudanças nas leis de um segmento comercial; mudança no comportamento de consumo (apesar de não ser algo tão rápido); mudança nos mercados internacionais, enfim, tivemos até a pandemia de 2020, que mudou muitos conceitos empresariais. Perceba o esforço que cada profissional tem de fazer para se preparar para esse desafio, que é grande o suficiente, pois diante dessa amplitude de possibilidades, um consultor especialista em uma área irá identificar e investigar os problemas dos clientes e, com base em suas especialidades, fará sugestões adequadas e também ajudará na implementação das recomendações formuladas. Segundo a Métodos Consultoria Empresarial (2020), existem itens que são mais comuns na maioria das empresas, objeto de avaliação da consultoria (Quadro 3). 17WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ÁREA ADMINISTRATIVA – FINANCEIRA • Análise de Resultado, Despesas, Receitas, Lucro. • Cobrança, Inadimplência, Segurança Recebimentos, Desvios. • Fluxo de Caixa – Planejamento Financeiro, Liquidez. • Grau de Endividamento e seus custos; Prazo Médio de Compras, Prazo Médio de Vendas, Prazo Médio de Produção, suas variações e influência no capital de giro próprio e de terceiros. • Critério de Concessão de Crédito. • Estrutura Orgânica, Funcional, Societária. ÁREA COMERCIAL • Planejamento Mercadológico, Estratégico. • Linhas de Comercialização, Margens de Contribuição. • Estrutura do Departamento de Vendas, Eficiência. • Métodos de Remuneração, Comissionamento do Pessoal de Vendas. • Vendas; Prêmios e Incentivos de Vendas. • Índices de Vendas por Vendedor, Representantes. • Atendimento Informatizado do Vendedor. • Mix de Produtos. • Treinamento do Pessoal de Vendas. • Estatísticas de Vendas e sua orientação na Política de Vendas. • Promoções, Eficácia, Controles dos seus Resultados. • Layout das Lojas, Frente de Loja, Estacionamento. • Entregas de Vendas em Domicílio. • Venda por Linhas, Custos e Resultados. • Venda por Lojas – Pontos de Vendas. • Índices de Vendas e Faturamento por Funcionário. • Política Publicitária, Custos, Retorno. • SAC – Serviço de Atendimento ao Cliente. ÁREA DE COMPRAS E ESTOQUES Planejamento de Compras. • Giro de Estoques, Volume de Estoque, Matéria-Prima, Produtos. • Recepção, Conferência de Mercadorias e Matérias-primas, Controle de entrega. • Controle de Estoque de Produtos, Expedição, Armazenagem. • Auditoria de Estoques, Inventários, Desvios. RECURSOS HUMANOS • Sistema de Seleção, Treinamento, Produtividade, Grau de Motivação, Avaliação de Desempenho, Rotatividade de Pessoal. • Índice de Faturamento por Empregado. GESTÃO EMPRESARIAL • Simplicidade, síntese, objetividade dos controles de Gestão das áreas Administrativa, Financeira, Vendas, Operacional. • Confiabilidade, pontualidade das informações de Gestão, para tomada de decisões rápidas, objetivas e segu- ras. • Gestão Econômico-Financeira em relação ao faturamento, ao Capital de Giro, ao Endividamento, à Liquidez, ao Ponto de Equilíbrio, à Rentabilidade do Patrimônio, ao Lucro sobre as Vendas e a estabilidade da empresa. INFORMÁTICA • Grau de Utilização dos Sistemas Aplicativos aos diversos setores da empresa, Abrangência, Funcionalidade. • Segurança nos Controles Informatizados, Confiabilidade das Informações, Pontos Fracos. • Fluxo de Informações entre os Setores. • Sistemas de Informações para a perfeita Gestão Empresarial. 18WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSULTORIA CONTÁBIL • Participação na elaboração do planejamento tributário. • Auxílio no controle da gestão financeira. • Demonstrativos de fluxo de caixa, de contas a pagar, contas a receber, folha de pagamento, controle do ativo imobilizado, dos custos, demonstração do resultado do exercício, simulações de preços e resultados baseados em dados contábeis, apuração de impostos e para fins fiscais. Quadro 3 - Áreas comuns à maioria das empresas. Fonte: Adaptado de Métodos Consultoria Empresarial (2020), Oliveira (2016) e IBCO (2020). 4. O CONSULTOR: CARACTERÍSTICAS DO CONSULTOR Muitas pessoas têm a impressão equivocada de que consultores são pessoas que dão conselhos de especialistas para resolver problemas para seus clientes. No entanto, uma descrição muito mais precisa explica que um consultor é alguém com a função de ajudar outra pessoa, equipe ou organização a mudar, mas que não tem autoridade para fazê-la (a empresa) mudar. Assim, um consultor pode ser um conselheiro, treinador ou facilitador que apoia uma pessoa ou grupo com perguntas reflexivas para trazer sua própria sabedoria e aplicá-la. Significa que os consultores podem atuar no papel de (organizado alfabeticamente): • Coach - ajudando as pessoas a esclarecer e atingir uma meta, ajudando-as a trazer à tona e aplicar sua própria sabedoria. • Educador/treinador - ajudando outras pessoas a desenvolver especialmente novos conhecimentos, habilidades e insights. • Especialista - fornecendo informações e conhecimentos específicos em áreas específicas. • Facilitador - ajudando os membros de um grupo a esclarecer seus objetivos desejados e como eles pretendem alcançá-los e, em seguida, ajudando-os a divulgar e aplicar sua própria sabedoria para alcançá-los (assim também um treinador trabalha de maneira a facilitar às pessoas chegar a um resultado desejado). Vejamos um caso de interesse vinculado à Contabilidade, a qual diante de todas as alterações que ocorrem no mercado empresarial, precisa reinventar sua profissão, sendo oportuna a visão sobre sua atuação em uma área multidisciplinar, que é a consultoria. A finalidade da indicação deste artigo é verificar o contexto do caráter consultivo da contabilidade como ação revisional da prestação de serviço de escritórios de contabilidade. Assim, acesse: BRANDÃO, E. A. C.; BUESA, N. Y. O papel do escritório contábil: consultoria versus serviços tradicionais. Estudo de caso em empresa de Vargem Grande Paulista. Revista Eletrônica Gestão e Negócios, [s. l.], v. 4, n. 1, 2013. Disponível em: <http://docs.uninove. br/arte/fac/publicacoes/pdf/v4-n1-2013/Elisangela_adm.pdf>. 19WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA • Solucionador de problemas - ajudando os outros a esclarecer seus problemas tendo uma clareza sobre variáveis e possibilidades e, em seguida, ajudando-os a resolvê-los. • Pesquisador - coletando, organizando, analisando e relatando informações para terceiros. • Outros papéis podem incluir um analista, um observador imparcial, um crítico e um mentor. Mas quais são os requisitos para se tornar um consultor? Os consultores geralmente conhecem as melhores práticas e requisitos do setor e se esforçam para alcançar as melhores práticas. Por exemplo, em um processo de certificação das Normas ISO, um consultor pode explicar como obter essa certificação usando técnicas muitas vezesvivenciadas pelos concorrentes. Outro exemplo está voltado ao aumento da moral dos colaboradores ou ajudar uma empresa a obter uma marca mais impactante. Como dissemos anteriormente, é muito amplo o campo, mas são comuns alguns contextos no campo das competências: 1. É extremamente desejoso que tenha frequentado um curso de bacharelado e se aperfeiçoado em campo específico para atuar em consultoria. 2. A experiência profissional é uma vantagem em quase todas as profissões; no entanto, é crucial no campo da consultoria. Muitos consultores entram na profissão após anos de trabalho, portanto, os recém-formados, como deve ser ou será sua condição, podem querer iniciar suas carreiras em um campo relacionado. A experiência profissional e o treinamento no local de trabalho oferecem muitas possibilidades de opções, inclusive de emprego à medida que os profissionais buscam avançar em suas carreiras. 3. Algumas empresas exigem ou dão preferência aos candidatos que possuam uma pós stricto sensu (mestrado ou doutorado). 4. A certificação não é necessária para se tornar um consultor de gerenciamento, mas pode fornecer ao detentor uma vantagem sobre os candidatos a emprego não certificados. Considera-se o mesmo no caso do stricto sensu, porém as certificações, em boa medida, têm reconhecimento internacional. A certificação é oferecida por várias associações e organizações profissionais como o Instituto Brasileiro dos Consultores de Organização (IBCO) e a Associação Brasileira de Consultores Empresariais (ABRACEM). 5. Para saber sobre as áreas de negócios e gerenciamento em que irá atuar, é muito recomendável que aspirantes à carreira desde cedo optem por participar de cursos independentes, sessões de treinamento, workshops para se manterem atualizados sobre as últimas tendências, tecnologias e informações. 6. No caso de trabalhar em uma empresa de consultoria, essa confere aos consultores mais jovens as proteções e os benefícios por trabalhar para essa mesma empresa, mas também significa que eles não terão muita autonomia, como também é discutível desfrutar de salários maiores. 20WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 7. É comum que algumas empresas da área adotem o mecanismo do Trainee, em que a empresa faz uma aposta ao prepará-lo para uma futura ocupação, como no caso evidente da consultoria. Esse novo profissional tem a oportunidade de aprender e se desenvolver ao lado de outros consultores com longa experiência no mercado (SEJA TRAINEE, 2020). Em caso de busca individual, por exemplo, empresas como a Thompson Management Horizons (2020) possuem um programa de formação de consultores, utilizando uma ferramenta on-line, o PHP 2, que agiliza a seleção de profissionais, com base nas propensões de habilidades que mais se adequam ao cargo. É o recurso ideal para avaliar o quanto os profissionais estão prontos para o que a empresa espera deles. Se serviços de consultoria variam desde tarefas simples de rotina até aquelas que são consideradas altamente especializadas e de complexas atribuições como avaliações socioambientais, assistência técnica e programas de implementação de novas práticas administrativas, então exercem alguma influência sobre os processos nos quais atuam, mas não têm o poder de produzir mudanças ou programas de implementação sem o aval dos responsáveis pela organização, conforme citado anteriormente. Existe no consultor o ideal de buscar uma dinâmica distintiva às empresas, é claro, e nesse contexto o trabalho da consultoria é árduo. Em um mundo onde o isomorfismo (semelhança na forma e na aparência entre empresas) está presente em vários campos de ação empresarial, e o poder é tantas vezes atribuído aos consultores como agentes de mudança organizacional, é claramente importante compreendermos o que os consultores realmente fazem. Como resultado do impacto da crise sanitária do coronavírus, grandes companhias buscaram o auxílio de serviços de consultoria, uns para atuar como assessor financeiro em negociações com credores e fornecedores, outros para trabalhar estratégias em planos de frotas e no relacionamento com fabricantes, dentre várias outras demandas. Empresas e órgãos governamentais contratam muitos serviços de consultoria, dada a necessidade de profissionalização, na qual entra a faixa de mercado para as consultorias. Para essa prestação de serviço, é necessário um conjunto de habilidades, sendo aqui apontadas algumas que são consideradas como principais, segundo consulta aos sites de quatro empresas consagradas internacionalmente, também chamadas de Big Four da consultoria: a Deloitte (2020), KPMG Brasil (2020), PwC Brasil - Price Waterhouse (2020), EY Brasil - Ernst & Young Global Limited (2020). Seguem-se: 1. Devem ser flexíveis, adaptando-se facilmente a novos projetos, culturas de trabalho e colegas. Habilidades pessoais e conhecimentos técnicos permitem que eles assumam suas funções com rapidez e facilidade. 2. Devem ter grande disciplina, sabendo como obter os melhores resultados no menor tempo possível com o menor atrito possível. 3. Devem ser confiantes em suas habilidades e conhecimentos. Eles expõem uma liderança colaborativa natural e deixam seus egos à porta. 4. Devem ser persistentes, mesmo sob atritos, circunstâncias imprevistas e feedback negativo, aprendem com eles e seguem em frente. 5. São estudiosos, pois sabem que precisam acompanhar os desenvolvimentos em suas áreas de especialização. 21WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 6. Devem buscar ser como um canivete suíço, buscando com seus conhecimentos anteriores resolver novos problemas e desafios. 7. Trazem uma nova visão e, como tal, podem oferecer ideias surpreendentes que podem resolver problemas e impulsionar os negócios do cliente. 8. São sociáveis e têm como prática primeiramente ouvir e falar depois. Constroem confiança por causa de sua vontade de ajudar seus clientes a atingir seus objetivos. Segundo Oliveira (2016), o perfil de um consultor pode ser separado em três grupos: • Características comportamentais: são características nas quais se verifica como ele se posiciona perante situações (persistência pessoal e profissional, nível de cultura geral, habilidade de negociador, empático, autoconfiante, compromissado com seu trabalho, sociável, leal e orientado a trabalhar com erros). • Características de habilidades (inatas): são voltadas ao contexto da capacidade de se adaptar às situações apresentadas, podendo até se confundir com as comportamentais, mas estas são observadas no contexto empresa-cliente (ser inclinado ao processo de inovação, ser proativo ou mesmo interativo no auxílio à tomada de decisões e de estabelecimento de prioridades, ter um raciocínio voltado a alternativas que considerem as relações de causa e efeito, ter orientação estratégica, saber administrar seu tempo, ser um(a) agente de mudanças. • Características de conhecimento: são características relacionadas ao nível de preparo do consultor, que lhe faculta aplicar técnicas necessárias à melhoria da situação apresentada (elevado conhecimento de sua especialidade em consultoria, visão de longo e curto prazos, ser generalista com forte especialização, ter inteligência empresarial, saber buscar e consolidar informações). Nesse sentido, Girardi (2017) argumenta que, quanto mais a sua assessoria estiver orientada para os níveis superiores da empresa-cliente, mais generalista deverá ser a sua formação, pois os dirigentes desejam ter um profissional de conhecimento amplo sobre o seu negócio e do mercado em que a empresa atua. Por outro lado, se a consultoria estiver voltada aos níveis operacionais, maior será a necessidade de especialização, já que prevalecerão questões mais técnicas. Assim, o consultor empresarial precisa, segundo Oliveira (2016), ter um equilíbrio entre três entes específicos que o acompanharão ao longo de sua carreira, sendo o primeiroa sua experiência adquirida na academia, em cursos, palestras e atualizações, o que denominaremos sustentação conceitual; o segundo diz respeito à sua experiência profissional, devendo haver um direcionamento para uma área específica; e o terceiro item diz respeito às evidências de seus pareceres técnicos. Esses elementos – sustentação conceitual, experiência profissional e evidências de seu trabalho – compõem a figura de um tripé teórico que determina se o perfil profissional de uma pessoa está alinhado ao perfil de um consultor. A proliferação de empresas e indivíduos que oferecem serviços de consultoria em experiência ao cliente torna difícil para as organizações fazerem a seleção certa. Depois de atuar em alguns projetos, você aprende que alguns critérios são cruciais para ser um consultor, devendo você ter desenvolvido qualidades e habilidades muito específicas. 22WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Saiba que um consultor dito “generalista” irá se concentrar na melhoria total de uma empresa, enquanto um dito “especialista” irá se concentrar em uma área particular devendo estar conectado ao conhecimento e informação que vigoram nessa área específica, a fim de compartilhá-la com uma empresa e melhorar aquela função na empresa. Consultoria é um trabalho árduo com requisitos de trabalho de alta pressão. Por isso, é importante ter em mente, ao considerar a carreira de consultor, se sua personalidade, habilidades e o que você deseja de um trabalho realmente complementam uma carreira de consultor. Só você pode decidir se pode realmente ter sucesso em uma carreira tão desafiadora e exigente socialmente, orientada para uma forte dedicação pessoal. 5. CONSULTORIA X AUDITORIA Tratamos aqui das ideias iniciais sobre o universo da consultoria. Mas no âmbito empresarial, não é incomum haver uma confusão entre os termos “consultoria” e “auditoria”. Retomando o conceito anteriormente citado, temos que consultoria é Um processo interativo de um agente de mudanças externa à empresa, o qual assume a responsabilidade de auxiliar os executivos e profissionais da referida empresa nas tomadas de decisões, não tendo, entretanto, o controle direto da situação (OLIVEIRA, 2019). Distingue-se da auditoria, dado que esta é uma comparação imparcial entre o fato concreto e o desejado, com o intuito de emitir um parecer considerando parâmetros diversos (ARAÚJO, 2004, p. 13). De acordo com Hoog (2007 apud CARDOSO; VIEIRA, 2018), auditoria É o procedimento científico relativo à certificação dos elementos da riqueza aziendal, normalmente contabilizados nas fundações, associações, sociedades empresárias e simples. Assegurando a credibilidade das informações das peças contábeis e a integridade do conjunto de bens e obrigações e da situação líquida, visa a minimização ou eliminação dos riscos fiscais, societários, ambientais, trabalhistas, previdenciários, sistêmicos ou não da ambiência. A auditoria, como instrumento de gestão para as empresas, evidencia problemas e irregularidades que podem ocorrer nas organizações, detectando ações que possam ser consideradas como riscos, trabalhando na busca de melhorias e fazendo objetivos almejados serem alcançados. Disso decorre que a confusão entre os termos “consultoria” e “auditoria” enseja um dilema arraigado no desempenho dessas profissões. Para uns, a combinação de auditoria e consultoria não é problemática, mas para outros, ao combinar duas diferentes atividades em um mesmo profissional, surge um grupo de tensões que devem ser mais bem avaliadas. Entende-se que há um conflito no relacionamento entre auditoria e consultoria que se origina de duas maneiras de atuação. A primeira diz respeito ao fato de que a consultoria envolve o contexto das recomendações, sendo considerada, portanto, mais do que um conjunto de conselhos, mas um trabalho que modificará um relacionamento. Podemos considerar que há uma relação de coparticipação do consultor, pois com base na experiência deste e nas constatações da auditoria, em recomendações e viabilidade, serão dados os passos futuros. Atente-se ao fato de que se visa a ações futuras, ou seja, figurativamente nos lançamos a novos mares. 23WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA No caso da auditoria, essa implica principalmente um exame retrospectivo, e se novamente utilizarmos a comparação, é como se nosso barco, antes de ser lançado ao mar, passasse por uma criteriosa vistoria, para posteriormente, aí sim, ser lançado ao mar. A consultoria implica um envolvimento prospectivo do consultor, compartilhando ideias sobre possíveis boas opções e aceitando responsabilidades que vão além do estabelecimento dos fatos. Por sua vez, quando os auditores dão conselhos, obviamente ainda são suportados por fatos, baseando suas análises do passado e do presente à luz das normas aplicáveis, nunca de imediato. Aspectos da temporalidade e relacionamento são aqui destacados. A segunda maneira refere-se ao fato de que a auditoria geralmente prepara o terreno para importantes projetos de consultoria e pode ajudar a promovê-la; o que na prática podemos perceber por meio de empresas de contabilidade que atuam em consultoria de gestão. Mas ao prestar serviços de auditorias e serviços de consultoria para os mesmos clientes, podem ocorrer problemas pela falta de independência e conflito de interesses, o que foi também apontado anteriormente. A origem da profissão de auditor reside na descoberta e no estabelecimento de fatos em conformidade com os padrões aplicáveis, a fim de fornecer garantia adicional ao cliente. Portanto, conclui-se que há uma lógica conflitante nas profissões de auditoria e consultoria. Trocar aspectos relacionados a fatos e padrões por possibilidades e recomendações expressam não só fenômenos muito diferentes, mas atitudes distintas de profissionais. É possível consultar e auditar; no entanto, é importante dizer que há “melindres” quanto ao aspecto ético, por conta de fraudes de auditores, em que regras se tornaram mais estritas e impostas para garantir aos usuários externos que as demonstrações financeiras sejam relatadas com precisão e de acordo com os padrões corretos. O maior risco de violar o princípio da independência não emerge de atividades amplamente reconhecidas como consultoria, mas sim daquelas que são uma mistura de consultoria e auditoria. Os limites dessa mistura oferecem oportunidades para pelo menos alguns observadores concluírem que os auditores, realizando serviços não tradicionais sem implementar salvaguardas apropriadas, violam o princípio da independência. A falta de clareza sobre o que constitui a consultoria, em vez de auditoria, aumenta a possibilidade de auditores não serem independentes. Agora é com você! Então, para você, há ou não problema nessa questão? 24WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS A própria orientação para pessoas jurídicas ou empresas, por si só, já é um grande desafio. Apesar das analogias muitas vezes necessárias, de fato, a consultoria para pessoas é algo muito diferente. E se os profissionais forem questionados sobre o que esperam de uma carreira em consultoria, suas respostas irão variar muito. Portanto, atuar como um consultor implicará atuar com responsabilidades intelectualmente desafiadoras. É uma atividade altamente versátil, pois em um dia você poderá estar trabalhando em uma pesquisa de mercado, no outro, em uma análise de concorrentes, enquanto desenvolve mecanismos de gerenciamento ou ajuda a um cliente que tem pela frente uma grande mudança de gerenciamento. O papel de ajudante na resolução de problemas envolve colaborar com o cliente em todos os processos perceptuais, cognitivos, emocionais e de ação necessários para resolver um problema. À medida que um problema é esclarecido, o consultor ajuda a manter a objetividade enquanto estimula ideias e interpretações.Além disso, o consultor pode ajudar a isolar e definir os fatores básicos que causam um problema e o perpetuam, ou que podem ser acionados para resolvê-lo. A busca por novos patamares de inovação empresarial é fator crucial para que uma organização possa reter e dominar uma vantagem competitiva, especialmente quando confrontado com as pressões econômicas de hoje. Por isso, muitas adotarão, inclusive, a consultoria interna para manter esse status, apesar de ser muito mais comum às consultorias externas. Ambas podem ser consideradas uma fonte de apoio para essas organizações que estão procurando por conhecimento para sua inovação ou mesmo sua adaptação diante de novas condições de mercado. Os consultores, por conta disso, precisarão se tornar mais inovadores e adaptáveis em suas propostas, em seus métodos e soluções, pois métodos tradicionais de atuar em projetos de consultoria inevitavelmente precisarão ser desafiados, ampliados e até mesmo quebrados, para responderem de forma eficaz às pressões do atual ambiente de negócios de riscos e poucos recursos. Essas pressões também têm modificado a atuação de algumas organizações como os escritórios de contabilidade no mercado, fazendo com que algumas funções presentes no cotidiano dessas organizações se mesclem. Mudanças na definição de auditoria (interna) aumentaram o escopo da auditoria interna ao incluir explicitamente atividades de consultoria. No entanto, apesar do reconhecimento e do esclarecimento da função de consultoria para auditoria, é um tema que embala um questionamento de interesse de prática executiva e da ética. “Quem audita pode fazer consultoria?”. Portanto, ainda que seja um tópico que tem um contexto provocativo, de fato, muitos são os desafios que existem na indústria de consultoria e que demandam por bons profissionais. 2525WWW.UNINGA.BR UNIDADE 02 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................................26 1. FASES DO PROCESSO E O PLANO DE CONSULTORIA .......................................................................................27 2. O DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO ..........................................................................................................................28 2.1 COMPREENDENDO A ELABORAÇÃO DO DIAGNÓSTICO .................................................................................31 3. BALANCED SCORECARD (BSC) ...........................................................................................................................34 4. BENCHMARKING ..................................................................................................................................................39 5. ANÁLISE SWOT .....................................................................................................................................................42 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................ 46 O PROCESSO DE CONSULTORIA PROF. ME. MARCO ANTÔNIO SENA DE SOUZA ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: CONSULTORIA 26WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Os serviços de consultoria são, sem sombra de dúvidas, considerados importantes, mas muitas vezes eles são inacessíveis a muitas empresas, em especial pela mentalidade empresarial existente, que vê essa prestação de serviço não como um investimento, mas como um custo. De fato, envolve também desde o pensamento de que as análises estabelecidas não resultem em um sucesso total, sendo que esse sucesso, muitas vezes, não é quantificável; até mesmo há uma perda de recursos como tempo, motivada pela soberba empresarial e falta de maiores esclarecimentos de empresários. Esse “complexo de Messias”, em que o principal executivo se reveste da aura de conhecimento supremo, se choca com o fato de que esse mesmo executivo fez a contratação do serviço de um consultor para justamente o auxiliar para que a organização volte a prosperar. Então, não é difícil de se avaliar que, em casos como esses, o que há mesmo é um grande desconhecimento sobre o papel da consultoria e por que ela existe. Se na primeira unidade, vimos os contornos do campo teórico e suas perspectivas, agora iremos nos aprofundar mais e mais, consolidando o conhecimento sobre a importância da consultoria, nos tornando formadores de opinião a respeito desse tema e nos afastando de pensamentos míticos e retrógrados sobre a consultoria. Assim, desse ponto de vista, você deve concluir que a consultoria pode ajudar outras esferas da atividade humana, como educação, saúde, engenharia etc. Mas, para isso, a consultoria deve possuir, como vimos anteriormente, uma estrutura de processo para ocorrer. A estrutura apresenta uma ou outra alteração, mas podemos considerá-la padrão e, até certo ponto, universal. Estudiosos de todo o mundo dividiram de várias maneiras os processos da consultoria, buscando ter o domínio dessas fases, que são discutidas aqui a partir de agora. E como já sabemos dos ingredientes necessários para fazer o bolo (falando metaforicamente), daremos início propriamente à execução das tarefas. Portanto, junte-se a mim a mais uma jornada de formação profissional. Bons estudos! 27WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. FASES DO PROCESSO E O PLANO DE CONSULTORIA Conforme vimos na unidade anterior, uma estrutura ou conjunto de tarefas em ordem lógica deve ser adotado para que a ação consultiva aconteça. Ocorre que podem surgir vários impedimentos que conferem uma intranquilidade ao trabalho e, por isso, dependendo da empresa, essa utilizar-se-á de um planejamento mais ou menos complexo das etapas para conceber seu Plano de Trabalho. Portanto, olhando para o conteúdo disposto na Unidade 1, o Plano de trabalho tende a conter etapas mais estratégicas para um trabalho que demanda grande atenção dos profissionais. E é no Plano de Consultoria que irá se estabelecer, com base nos pré-requisitos do cliente e por meio de um estudo sobre a infraestrutura administrativa, operacional e tecnológica da empresa, a base para as recomendações e a implementação de soluções consideradas ideais e que atendam às necessidades atuais e futuras da organização. Para trilhar esse caminho, que deve resultar em um pacote de medidas entregue ao cliente, é preciso que você dê a devida atenção às expectativas e necessidades desse cliente, pois se deve evitar a todo custo um choque de opiniões oriundo de uma má identificação dos objetivos e comprometimentos dos clientes com o que eles realmente desejam. Isso é importante porque uma característica da consultoria é a de que cada trabalho possui uma alta taxa de customização, o que é compreendido como sendo algo normal, dado que cada consultoria, em tese, é única. Um plano de consultoria envolve uma grande expectativa de sucesso, porém a garantia de sucesso está vinculada a três etapas. Essas se consolidam como um meio para lidar com diferentes tipos de clientes, assim como uma forma de coordenação de situações triviais que surgem. Tem-se assim que, para a elaboração do Plano de Trabalho, devem ser considerados os seguintes itens: 1. Estimar o tamanho do projeto antecipadamente: não há como não observar que a experiência nessa condição é algo valioso, pois um erro de estimativa em relação ao tamanho do projeto não é algo inevitável, e pode gerar uma insatisfação a um dos entes dessa relação profissional (cliente/consultoria). As limitações precisam ser avaliadas em relação ao tamanho do esforço e dispêndio de recursos (em especial ao prazo de término da consultoria), dado que aspectos contratuais formalizados entre o cliente e a consultoria podem incluir sistemas de penalização para a possibilidade de não cumprimento de alguma cláusula. Se os recursosforem exagerados, impactará o cliente. Mas se for subavaliado, a consultoria pode ser prejudicada. A conquista da confiança do cliente, portanto, se dá também pela precisão das metodologias que serão utilizadas e os prazos de entrega. 2. Estratégia: sendo o conjunto de escolhas e não escolhas, uma estratégia, para ser viável, necessita ter muito claro o destino aonde quer chegar. Portanto, os objetivos do projeto de consultoria precisam priorizar algumas atividades e adiar aquelas que não exigem tanta urgência para serem feitas. Trabalhando com um limite de horas, decorre que, em dado momento da consultoria, você poderá estar sozinho(a) e, em outros, poderá partilhar atividades e tempo com a equipe, mas em ambos os casos, se faz necessária uma precaução para questões inesperadas que possam vir de alguém de dentro da empresa do cliente, ou mesmo externo, devendo-se incluir um tempo extra para o caso de esses eventos não previstos surgirem. 28WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3. Execução: depois das duas atividades iniciais, procede-se à execução do que foi planejado anteriormente. É imperativo que as tarefas a serem concluídas garantam que os prazos estabelecidos sejam cumpridos e que o cliente não irá sentir-se prejudicado. Dependendo do projeto de consultoria, as três etapas podem também ser desenvolvidas concomitantemente, dentro da ordem apresentada e dos prazos envolvidos: Figura 1 – Plano de consultoria. Fonte: O autor. 2. O DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO Por analogia, em uma consulta médica, uma série de perguntas sobre sua vida pregressa é feita pelo profissional médico, ou seja, ele precisa conhecer o que lhe ocorreu anteriormente, considerando um espaço de tempo para que a manifestação de um dado sintoma ocorra. Tratando dessa forma, entendemos que a primeira etapa do processo de consultoria, que corresponde ao diagnóstico organizacional, pode ser considerada a fase da descoberta. Nela procedemos, em tempo hábil, ao levantamento de dados de várias fontes antes que os consultores apliquem seus conhecimentos para resolver um problema de negócios. A fase de descoberta é muito importante principalmente em um ambiente com recursos limitados e de alta concorrência; daí nesse caso, partimos de uma dinâmica de tempo hábil para as descobertas, indo para um ritmo em que a velocidade e qualidade das informações serão essenciais, pois a empresa do cliente estará da mesma forma em atividade. E no que isso irá interferir? É saber que você precisa decidir o que está procurando e, caso contrário, você pode acabar com uma massa de informações que não terá utilidade prática nenhuma. Pode ser fácil embarcar em um programa altamente estruturado de coleta de dados sem refletir por que os dados devem ser usados, acrescentando aí que, nesses casos, as informações falharam ou faltaram para abordar questões importantes. Precisa-se, assim, de uma estrutura ou de um modelo de trabalho que permita decidir exatamente que tipo de dados será necessário. 29WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Após isso, o consultor com sua expertise, com seus conhecimentos, ou sua equipe de trabalho, irá identificar as áreas de oportunidade que a organização avaliada possui; portanto, a entrevista com pessoas das mais variadas áreas da empresa deverá ocorrer. Não será difícil ouvir em narrativas espontâneas alguns sintomas específicos dessas pessoas, como: • “Estamos tendo baixas margens de lucratividade!” • “Não estamos vendendo como deveríamos vender!” • “Minhas metas estão longe de serem cumpridas!” É lógico que há algo de ruim acontecendo (na maioria dos casos); porém, na qualidade de consultores, temos de visualizar todo o contexto, nos indagando, muitas vezes, sobre quais são as causas ou os fatores envolvidos que persistem nessa situação. Em determinadas situações, são aspectos técnicos; em outras, são aspectos humanos, ou ainda aspectos de investimentos, para além de ocasiões em que há falta de experiência em uma área, mas que ao final se resumem mesmo a aspectos humanos e técnicos. Então, na elaboração de um diagnóstico, será importante identificar claramente quais são as circunstâncias específicas que temos de atender; não apenas o sintoma como “falta de clientes!” A lógica e o preparo do consultor o levarão a compreender as razões por não termos um sistema comercial que nos ajude continuamente a atrair clientes, o que é muito diferente da “falta de clientes!”. A solução deve ser uma proposta contundente, não apenas a parte dos sintomas, mas também quais as causas e como atacar essas causas para poder trabalhar de uma forma produtiva. Como exemplo, pode ocorrer que os indicadores de lucratividade e de alavancagem financeira utilizados por um consultor sejam os quocientes mais significativos para ele prever a falência de uma empresa, e que indicadores de liquidez sejam de menor importância com relação aos aspectos mais fundamentais de estrutura empresarial, como sua habilidade de gerar retorno financeiro e o tamanho de seu passivo. “Você consegue perceber a importância da expertise de cada consultor”? Por isso, você deve estudar, estudar e estudar para poder desenvolver suas próprias estratégias de diagnóstico. Considere que classificar os fatores que causam o declínio de desempenho de uma organização poderá ser relacionado a uma má administração e, por conta disso, seu olhar de desconfiança recairá sobre os principais executivos ou donos das empresas, que, por sua vez, poderão alegar que foram tomadas decisões equivocadas, ou letargia e temor ao tomá-las, ou ainda dizer que fatores conjunturais ficaram fora de controle, como foi o advento da crise sanitária da Covid-19. Então, vale a indagação: diante dessa última informação (crise sanitária da Covid-19), será que o gestor teria como prever essa situação? Mais especificamente, será que tudo se resume à gestão? Parece que consigo ouvi-lo(a) dizer que “não”! E é verdade, pois lidamos com uma situação tautológica, quase uma repetição de uma mesma ideia por meio de palavras diferentes como “entrar para dentro” (pleonasmo). Avalie aspectos sobre o diagnóstico estratégico por meio de um vídeo explicativo da Albino Oliveira Consultoria Empresarial intitulado Diagnóstico Estratégico - Como ele pode ajudar na saúde financeira de sua empresa? Esse vídeo tem cunho empresarial, que estimula sua visão empreendedora como consultor. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Ya25HKLD5Rs>. 30WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Então vamos a mais esclarecimentos a partir de um exemplo: você possui uma empresa de revenda de produtos odontológicos, e sua reclamação para o consultor é a de que esse ramo de atividade apresenta uma intensa concorrência de preços no mercado e isso estaria impactando sua empresa. Mas o consultor pode entender que sua estrutura de custo seja desfavorável em relação a seus concorrentes para que sua empresa atue no mercado atual. Sendo essa última opção, seria uma postura conservadora da empresa não investir em novas formas de atendimento? O que de fato há é que existem múltiplas causas/fatores e uma cadeia de relacionamentos (fome, greves, altos impostos, mercado internacional etc.) que podem estar agindo sobre a atmosfera de negócios, e a falta dessa visão justificará uma intervenção. Porém, é uma obrigação da práxis (novas formas de pensar que não sejam tão somente o que se cristaliza como um dogma) definir as principais causas impactantes às organizações, que são: Causas Internas Causas Externas Má gestão Mudança na demanda Controle financeiro inadequado Concorrência Fraca gestão do capital de giro Variação adversa nos preços dos insumos básicos (commodities) Custos elevados Esforço de marketing insuficiente Profusão de ideias “iguais” Exagerado nível de comercialização Grandes projetos Política financeira Alteração na legislaçãotributária Inércia ou confusão organizacional Quadro 1 – Causas impactantes às organizações. Fonte: Adaptado de Verde Advogados (2020). Para nosso início de caminhada, cada um desses itens nos fornece mais um sem número de desafios e reflexões, mas seria um bom começo nessas reflexões a sua atenção ao porte da empresa, pois as dimensões desses problemas podem crescer exponencialmente. Por isso, há mais em risco durante a fase de diagnóstico do que entender o problema. Eles explicam que o consultor perspicaz também precisará avaliar a prontidão do cliente para a mudança, considerando que soluções brilhantes não serão ignoradas ou rejeitadas se os colaboradores do cliente forem dedicados à proposta de mudança. Também, temos clara evidência de que seja qual empresa for, é improvável que o problema do cliente tenha uma causa única; portanto, eles oportunizam cuidados. Outra questão associada a essa discussão reside no fato de que o valor dos consultores de gestão está em sua experiência como diagnosticadores, porém, muitas vezes, pode ocorrer que o relacionamento entre consultor e cliente possa ser prejudicado por conta de um temor por parte dos gestores em descobrir situações difíceis pelas quais possam ser responsabilizados. O diagnóstico competente requer o questionamento dos executivos do porquê fizeram certas escolhas que agora se demonstram uma série de equívocos, ou por que ignoraram certos fatores que agora parecem importantes. 31WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.1 Compreendendo a Elaboração do Diagnóstico A descoberta de dados para o desenvolvimento de uma consultoria evoluiu consideravelmente com o advento da aplicação de novas tecnologias e, por conta disso, um movimento cada vez mais sofisticado da consultoria permite a ampliação de seu escopo de atividades. Enquanto os consultores baseavam-se anteriormente em ideias generalizadas, novas formas vão surgindo em lugar das entrevistas, do feedback do cliente etc., mas tais procedimentos ainda são necessários para os iniciantes; antes, porém, deve-se compreender como conseguir os dados necessários para se iniciar um processo de diagnóstico. Consegue-se isso por meio de: • revisão de documentos e processos comerciais existentes; • análise quantitativa da informação usando ferramentas estatísticas; • observações em primeira mão por meio de entrevistas informais com as partes interessadas feitas ao longo do dia de trabalho; • questionários, entrevistas formais e semiestruturadas com as principais partes interessadas, incluindo clientes de interesse maior à organização trabalhada. Segundo o site Academia do Consultor (2020), quando os dados não estão tão facilmente disponíveis, da mesma forma se devem estabelecer as melhores formas de coletar essas informações por meio de planilhas, softwares ou mesmo manualmente, demandando mais tempo para a consolidação dessas informações julgadas importantes. Considerando que você está investigando esse fluxo de informações, seja em dez meses ou em dez minutos, importa o tipo de informação que você busca e a sua catalogação para elaboração de um cenário pelo qual a empresa está sendo avaliada, ou no qual verdadeiramente trabalha. E não se empolgue com as primeiras informações coletadas, pois o que importa é a totalidade e não as perspectivas (parciais) iniciais. Importante frisar que, ao se negligenciar essa recomendação, você poderá estar estimulando a resistência dos colaboradores do próprio cliente e não terá assim, com clareza, quais eram as forças e fraquezas existentes. De posse dos dados organizados e já tendo elaborado os indicadores que norteiam seu trabalho, procede-se à fase de análise. Os dados devem estar separados incialmente por áreas como Estratégia, Liderança, Inovação, Finanças, Contabilidade, Tesouraria etc. Suas planilhas deverão levá-lo(a) a identificar (ACADEMIA DO CONSULTOR, 2020): • tendências de crescimento ou de queda; • valores fora da curva (para cima ou para baixo); • indicadores problemáticos (e que não foram explorados até então); • comparações com indicadores de mercado (com empresas do segmento e que tenham similaridade). Mas como, em definitivo, se elabora um diagnóstico empresarial? Tomamos o cuidado aqui de relembrar que cada consultor ou empresa de consultoria possui uma forma de proceder a seu diagnóstico. Mas a experiência tem demonstrado que inicialmente uma avaliação em profundidade mediante entrevistas com todos os membros do corpo diretivo da organização, bem como uma revisão de todos os processos é um meio recorrente. 32WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Não serão raras as vezes em que você terá de desenhar esses processos para facilitar seu trabalho por meio de esquemas gráficos, mas a partir deles, você poderá compreender melhor como eles funcionam e interagem, em um trabalho de busca de informações. Algumas empresas de consultoria optam por fazer uma pesquisa com todos os colaboradores, sendo que essa atividade precisará de tempo para também futuramente ser contestada pelo corpo diretivo. Enfim, de posse da organização dessas informações, dos documentos revisados e do que escutamos dos colaboradores, elaboramos nosso diagnóstico de competitividade. Esse diagnóstico nos dá um nível de clareza da maturidade da empresa e do que temos de fazer em relação ao nível de “desperdício” organizacional. Com esses elementos, temos um checklist empresarial, no qual identificamos um ou dois problemas, o que pode lhe suscitar a ideia de um problema pontual. A problemática que persiste ao longo do tempo chamaremos de problemas crônicos. De fato, nesse tipo de trabalho, pouco fará diferença se o problema é crônico ou pontual, mas sim os desdobramentos que ele provoca. A partir disso, começamos a conceber os projetos de melhoria que possam sanar de forma prioritária todas as deficiências que existem na organização. Em conformidade com o que falamos anteriormente sobre modos particulares de trabalho de consultores ou empresas de consultoria, trazemos um conjunto de elementos, a título de exemplificação, de um modelo pelo qual uma empresa de consultoria segue em seu diagnóstico, fazendo comparações entre sintomas e causas, e elaborando indicadores. Os que surgem de forma mais recorrente são: • Estratégia Empresarial; • Planejamento Estratégico, operacional e financeiro; • Posição competitiva; • Estrutura organizacional; • Competências laborais dos colaboradores; • Gestão dos processos; • Sistema de gestão; • Inovação; • Sustentabilidade e adequação à legislação; • Cultura organizacional. Não é raro consultores quererem disponibilizar seus serviços de diagnóstico empresarial para pequenas empresas. Possibilidades múltiplas existem, mas em relação ao diagnóstico, existem itens comuns e que devem ser considerados na sua preparação profissional. A leitura a seguir deve proporcionar essa condição, além de reforçar os temas de que tratamos até aqui. Acesse o texto Diagnóstico empresarial para pequena empresa, de 2019, disponível em: <https:// www.intelliplan.com.br/tag/diagnostico-empresarial>. 33WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Dentro de cada um desses itens elencados, você deverá mapear variáveis e priorizar áreas que aparentemente lhe parecem ser a fonte dos problemas. Mas façamos uma pausa e tomemos, por exemplo, o diagnóstico financeiro. Nele, devemos ter uma análise sobre o controle financeiro (fluxo de caixa), planejamento financeiro (projeções futuras), margem de contribuição e lucratividade, ponto de equilíbrio e indicadores financeiros; esses últimos apresentam variados tipos e aplicações. Observe por um momento a complexidade e o preparo que o consultor deve ter. Se o consultor for contratado para lidar com um problema geral e importante, como a deterioração dos resultados financeiros ou a incapacidade de manter o mesmo ritmo de inovaçãoperante os concorrentes, é essencial um diagnóstico geral e abrangente ou uma pesquisa de gestão da organização do cliente. Como há a necessidade de transparência no trabalho do consultor, uma das formas de manter essa condição é informando aos interessados imediatos na consultoria as conclusões iniciais advindas do diagnóstico. Para tanto, isso é apresentado fazendo uso de planilhas ou mesmo de uma apresentação (Figura 2). O objetivo do diagnóstico preliminar do problema não é propor medidas para a solução do problema, mas definir e planejar um trabalho em um projeto de consultoria ou que terá efeito orientador. De acordo com a experiência, o julgamento do consultor será mais fácil para compreender o problema corretamente, e vê-lo no contexto mais amplo das atividades da organização do cliente de forma realista para avaliar oportunidades e ajudar o cliente. A escala de um diagnóstico preliminar depende muito da natureza do problema. Problemas muito específicos e técnicos normalmente não requerem uma pesquisa abrangente de toda a organização do cliente. Por outro lado, o consultor deve evitar a armadilha de aceitar a definição restrita de um cliente sobre um problema como algo técnico, sem olhar para as restrições e fatores que podem impedir a solução desse problema, ou podem mostrar que o problema é muito mais ou muito menos sério do que o cliente pensa. Portanto, mesmo que o problema resida em apenas uma área funcional, ou diga respeito à aplicação de algumas técnicas específicas, o consultor deve estar sempre interessado nas características mais gerais da organização. Para além dessas recomendações, o tempo será maior e a complexidade também. 34WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 2 – Exemplo de apresentação de Diagnóstico Empresarial. Fonte: Academia do Consultor (2020). 3. BALANCED SCORECARD (BSC) O balanced scorecard é um sistema de planejamento e gerenciamento estratégico que tem ampla aplicação em organizações comerciais, indústrias, governos e organizações sem fins lucrativos em todo o mundo, sendo utilizado para alinhar as atividades de negócios à visão e estratégia da organização, melhorar as comunicações internas e ainda externas e monitorar o desempenho da organização em relação aos aspectos estratégicos. Esse sistema foi desenvolvido pelo Dr. Robert Kaplan e pelo Dr. David Norton como uma estrutura de medição de desempenho que adicionou medidas estratégicas de desempenho não financeiras às métricas financeiras tradicionais. Isso conferiu ao sistema uma grande aceitação não só por sua condição inovadora à época, mas também por oferecer aos gestores uma visão mais equilibrada do desempenho organizacional. A necessidade do auxílio de consultorias está aumentando em todo o mundo dos negócios, mas também em áreas como educação, saúde, engenharia etc. O processo de consultoria envolve o auxílio em transformações predefinidas junto à administração e que promoverá fundamentalmente a transição entre diversos processos de consultoria. Divide-se, como você viu, em fases como a coleta de informações, a análise de informações e a identificação de problemas. Aprofunde-se mais ainda nesse assunto. Faça uma leitura que irá tomar sete minutos do seu tempo do artigo que se intitula Diagnóstico empresarial: o primeiro passo na consultoria. Leia em: <https://www.voitto.com.br/blog/artigo/diagnostico- empresarial>. 35WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Portanto, o termo balanced scorecard (BSC) está relacionado a uma possível tradução de Indicadores Balanceados de Desempenho, sendo utilizado em projetos de consultoria por traduzir a estratégia organizacional em objetivos de desempenho e medidas. Ou seja, ao propor não avaliar exclusivamente o resultado de uma empresa pela perspectiva financeira por entender que ela não seja suficiente, então olhar uma empresa através de não uma, mas de quatro perspectivas equilibradas, se apresenta como uma excelente opção. Essas dimensões são: financeira, cliente, processos internos, aprendizado e crescimento dos colaboradores; e a partir delas, reforçando, conseguir-se-á compor uma coleção integrada de objetivos e medidas de desempenho que descrevem e traduzem a estratégia organizacional, permitindo que você veja para onde está indo, e não apenas onde esteve. Mais especificamente, BSC permite que você: • mapeie sua estratégia para metas e objetivos operacionais específicos; • comunique sua estratégia em toda a sua empresa; • vincule suas metas e objetivos operacionais com a função de cada funcionário; • utilize os principais indicadores de desempenho para avaliar e gerenciar os resultados da sua estratégia de negócios. Perceba que, ao utilizar indicadores de desempenho, no BSC, a exemplo de um piloto de aeronave, há uma orientação dos gestores a articularem o destino estratégico e o roteiro de sua organização, além de monitorar as atividades necessárias para sua conquista. Além de os objetivos estratégicos irem até a ação, esses perpassam toda a organização de forma vertical e horizontal, de tal sorte que cada pessoa na organização chegue ao nível de ter o seu próprio BSC, sabendo o que ele precisa fazer concretamente para que a empresa atinja os seus objetivos estratégicos. Como já mencionado, o BSC é uma prática gerencial que, nas empresas de alto grau de profissionalização, é largamente utilizado. Seus fundamentos facilitam compreender o porquê de uma vigorosa estratégia, porém há alguns fatos que devem ser observados no seu uso. Mas por que o sucesso de muitas empresas, em especial as de médio e pequeno porte, não ocorre da forma como se espera? A resposta fica fácil diante da consultoria, em que você irá verificar o nível de profissionalização das organizações. Há organizações que, apesar de contratar os serviços de consultoria, esperam não confirmar alguns elementos dos diagnósticos que elas, de certa forma, sabem que ocorrem. Aparenta ser algo insano, mas as estatísticas do mundo corporativo dão conta de que 95% da força de trabalho não compreendem as estratégias organizacionais; 90% das organizações falham ao executar suas estratégias com sucesso; 86% do corpo gerencial gastam menos de uma hora por mês na discussão das estratégias; 70% das organizações não propõem incentivos à média gerência para se vincularem às estratégias; 60% não vinculam a estratégia ao orçamento da empresa. Talvez o BSC tenha maior amplitude de alcance em determinadas situações, melhorando as perspectivas das pequenas e médias empresas. 36WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Vamos observar, de imediato, o que efetivamente é o mapa estratégico possibilitado pelo BSC por meio de um exemplo publicado num texto acadêmico da Universidade de Barcelona referente à equipe Catalã de futebol, o Barcelona, que tem como estratégia ter um grupo de atletas com uma clara identidade associada ao futebol arte (Figura 3). No caso desse exemplo, e focando as informações da perspectiva financeira, vemos que nela estão reunidas as estratégias que objetivam o aumento das receitas oriundas das vendas dos direitos televisivos, com a venda de ingressos e produtos licenciados. Figura 3 – Mapa Estratégico do F.C. Barcelona. Fonte: Antunes (2013). O mesmo é feito para as demais dimensões e, segundo a Euax Consulting (2020), a lógica é a de que a perspectiva mais ao topo é a que mais demonstra o resultado esperado do negócio, e a perspectiva mais abaixo é a que mais influencia no resultado do topo. As perspectivas do BSC são conectadas entre si numa relação de causa e efeito, possibilitando contar a “história da estratégia” (Figura 4). 37WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 4 – Distribuição das perspectivas do BSC e relação entre elas. Fonte: EUAX Consulting (2020). Para efeito do projeto da consultoria, as estratégias e demais atividadessão explicitadas por meio de medidas, metas e objetivos declarados para cada perspectiva, considerando uma visão estratégica da organização (vide parte superior da Figura 3 do BSC do F.C. Barcelona). As atividades podem ser avaliadas adequadamente considerando que: • A perspectiva financeira oportuniza e descreve os resultados da estratégia dentro de um contexto e análise do retorno do investimento (ROI), crescimento da receita, custos fixos, rentabilidade etc. • A perspectiva clientes diz respeito a uma medida objetiva da satisfação do cliente. Busca- se a compreensão sobre o contexto de negócios ou produtos na visão dos clientes e que, se não observadas, podem levar a uma queda nas vendas no futuro, como percentual de vendas de novos produtos, qualidade do produto, prazos de entrega, inovação. • A perspectiva dos processos internos examina os processos internos críticos de uma empresa em procurar áreas prontas para melhoria, removendo ineficiências. Áreas como Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) é uma dessas áreas, ou produtividade e ciclo de tempo. • A perspectiva de aprendizado e crescimento examina a saúde da empresa em termos de treinamento de colaboradores, clima, cultura organizacional, além de examinar a rapidez com que sua empresa responde às mudanças de aspectos relacionados ao mercado. Esclarece-se que há críticas quanto ao fato de que a abordagem tradicional do BSC não se encaixa em todos os setores ou empresas. Portanto, alguns dos BSC de hoje apresentam um conjunto diferente de perspectivas, às vezes até mais do que as quatro tradicionais listadas acima. Muito bem... uma vez apresentadas as perspectivas e o mapa estratégico, que é produto das análises dessas perspectivas, você pode se indagar novamente: como desenhar um Balanced Scorecard? Normalmente, o que se aplica é o uso de um modelo no qual se listam as perspectivas, como na Figura 3, e a partir de então: 38WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. Determine a “Visão Empresarial”: a principal visão será mantida, tomando-a como objetivo, dado que essa visão lida com o planejamento futuro da empresa e o que deve ser feito para se chegar a ele. 2. Adicione perspectivas: para criar um BSC tradicional, coloque as quatro perspectivas conforme o exposto na Figura 3, tendo a “Visão” como item central. 3. Adicione objetivos e medidas: dentro de cada perspectiva, defina objetivos, medidas, metas e iniciativas específicas. 4. Conecte cada parte: vincule cada perspectiva uma à outra usando setas para indicar que elas estão todas interconectadas quando se trata de alcançar a visão da empresa. 5. Compartilhe e comunique-se: use o BSC para demonstrar como diferentes iniciativas e ações de curto prazo estão contribuindo para os objetivos estratégicos de longo prazo da empresa. Também há a possibilidade de representar o BSC, associando indicadores de desempenho, como pode ser visto na Figura 5. Olhando para esse mapa, é importante destacar que as perspectivas financeiras e de clientes são decorrentes do que pode ser gerado nas demais perspectivas (processos e aprendizado e crescimento). Segundo Medeiros (2012), as perspectivas de processos e aprendizado e crescimento procuram trabalhar questões internas, em áreas funcionais e/ou processos de negócio para gerar resultados financeiros e satisfação dos clientes. A partir disso, em novo exemplo de um BSC, temos de nos lembrar que, para elaborar um objetivo estratégico, vários conhecimentos precisam subsidiar a proposta. Figura 5 – Indicadores de desempenho no BSC. Fonte: Paula (2015). 39WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Perspectiva Objetivo Estratégico Indicador Unidade Cálculo Financeira Crescer lucros de forma sustentada, com foco na gestão de receitas e custos. Razão entre custos e re- ceitas. % Custos totais/ Receitas totais. Clientes Crescer os negócios nos segmentos-alvo. Penetração na base de clientes. % Número de clientes com receitas/ Número total de clientes. Processos inter- nos Diminuir riscos para minimizar perdas. Perdas operacionais como percentual das receitas totais. % Despesas com perdas operacionais/ Receitas totais. Aprendizado e crescimento Motivar e engajar os cola- boradores. Índice de engajamento. % Calculado em função de pesquisa interna anual com os colabo- radores. Quadro 2 - Partes da proposta de BSC para a área de GB&M do Banco X. Fonte: Adaptado de Silva (2009). Na montagem do mapa do BSC, para efeito do projeto de consultoria, há que se considerar a relação de tempo e tamanho da organização e do nível de participação que se deseja ter para a elaboração dele. Você acha que 20 pessoas, um consultor externo e mais de 1000 horas de trabalho intenso para elaborar esse mapa é muito para uma empresa de porte médio? Considere que devem ser avaliadas todas as áreas da empresa, todas as atividades da empresa, todos os indicadores que se quer atingir, todos os pontos fortes, todos os pontos fracos da empresa, as ameaças e oportunidades para se chegar ao mapa definitivo. 4. BENCHMARKING A análise de benchmarking é uma ferramenta inestimável para os consultores, uma vez que as ideias derivadas do benchmarking podem fornecer às empresas dados sobre como eles se comparam aos seus concorrentes (players), as melhores práticas da área, do mercado regional ou global, em métricas de desempenho importantes em áreas como excelência operacional e de processos, inovação de produtos e planejamento da força de trabalho, para citar algumas. Na área de marketing, temos, por exemplo, o benchmarking digital, que assumiu importante fronteira de atuação. O termo “benchmarking” já está bem difundido no meio empresarial e vem de uma palavra inglesa, benchmark, que quer dizer “referência”. Considerando toda a explicação até aqui desenvolvida, vamos ver um vídeo explicativo da MasterQual intitulado O Balanced Scorecard segundo Kaplan & Norton. Esse vídeo sintetiza as afirmações formuladas e traz um contexto sobre as perspectivas e os indicadores. Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=n9emLlNCfNc>. 40WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Então a prática da comparação de um conjunto de dados atuais com dados históricos ou dados de empresas do setor ajuda os consultores a determinarem onde os clientes estão à frente da concorrência, identificando áreas para melhoria do cliente e aumentar o valor competitivo da empresa. Indevidamente, muitos são aqueles que dizem que é uma ação pura e simples de “copiar” algo que deu certo. Pensemos que nem tudo pode ser assim, pelo menos de imediato. Dizer que “copiei” a padronagem do revestimento dos assentos das aeronaves e apliquei aos assentos dos ônibus, tornando o ambiente daquele local mais interessante, é algo até factível. Porém, introduzir o conceito de “boutique” de forma ostensiva aos açougues é algo temerário, sobretudo para algumas regiões do Brasil, se não houver um estudo que possa assegurar a perenidade da ação. O conceito de “boutique” é um conceito que é dedicado ao comércio de artigos requintados, mas já temos as boutiques de pães, que elaboram, como o próprio nome indica, pães artesanais com opções bastante originais. Portanto, o benchmarking pode ser um processo complexo. Para aprofundar e entender o porquê dos dados, o benchmarking requer mais do que simplesmente comparar dois conjuntos de números. O benchmarking que vale a pena pode, portanto, exigir várias ferramentas e metodologias diferentes, dependendo do foco analítico do projeto. Como em qualquer análise que envolva muitos dados, o processo pode ser caro e demorado, dado que os consultores devem coletar dados, geralmente de várias fontes, limpá-los, reformatá-los e carregá-los em qualquer ferramenta que eles estejam usando oportunamente. Quando utilizamos o termo “limpar dados”, nos referimos ao fato de você retirar de um banco dedados somente os dados que sejam necessários e relevantes, sabendo que, nesse banco, há uma multiplicidade de dados. Avalia-se que a complexidade da análise de benchmark, de fato, seja o motivo pelo qual poucas empresas estão fazendo uso hoje. Processos manuais complexos podem ser perigosos para os consultores, pois são demorados e propensos a erros, tornando-os suscetíveis a conclusões incorretas. A automatização do processo para mapear os dados para modelos específicos é a solução. Ao automatizar, os consultores podem chegar a conclusões mais rapidamente, buscando que nenhum erro ocorra. Observe a necessidade, nesse caso, de o consultor ser também um hábil pesquisador, desvendando informações relevantes por ser um conhecedor de operações com bancos de dados. Antes de prosseguirmos, é importante você saber que, em termos gerais, os benchmarks se dividem em duas categorias principais: a interna e a externa. O benchmarking interno compara desempenho, processos e práticas com outras áreas da empresa (por exemplo, equipes diferentes, unidades de negócios, grupos ou até indivíduos). Assim, por exemplo, benchmarks podem ser usados para comparar processos em uma loja de varejo com aqueles em outra loja da mesma cadeia. Já o benchmarking externo irá comparar o desempenho dos negócios com outras empresas. Geralmente, essas empresas externas são empresas próximas ou mesmo concorrentes, mas não será impróprio utilizar o benchmarking para comparar desempenho, processos e práticas em diferentes setores. 41WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Embora tenhamos feito a distinção entre benchmarking interno e externo, de fato, existem três maneiras para se fazer uso de ambos: • Comparação de processos: feita por meio de indicadores encontrados em documentos específicos do setor, ou mesmo nas comunicações de instituições classistas como sindicatos e associações patronais, boletins técnicos de institutos etc. Dessa forma, poder- se-ão encontrar os meios para tornar esses processos mais eficientes. • Benchmarking estratégico: conhecendo quais estratégias sustentam as empresas de sucesso, podemos proceder às comparações necessárias, visando a ser mais competitivo. • Benchmarking de desempenho: envolve métricas como a pontuação sobre desempenho de equipes, por exemplo, ou por meio do uso de indicadores de desempenho, também chamados de KPI (do inglês Key Performance Indicator) como indicadores de produtividade, de lucratividade, de crescimento de receitas etc. Certamente concentrar toda a atenção no benchmarking em detrimento de outros aspectos da empresa é algo que o consultor não faz. Isso porque o benchmarking é uma ferramenta de auxílio e fornece uma maneira útil de reunir ideias (insights) valiosas que aumentam o desempenho da empresa. Por fim, como exemplos de benchmarking que possam ser citados na prática, trazemos as informações do site Lahar, que apontam maneiras de trocar informações para crescer no benchmarking: • Uma loja virtual compara seu desempenho em relação ao prazo de entrega com seus principais concorrentes do setor. • Uma empresa deseja implementar ferramentas de automação e busca a orientação de um consultor experiente na área para estudar as perspectivas de aumento da produtividade e o resultado de outras empresas do setor. • Países e até mesmo estados podem trocar referências de boas práticas relacionadas a diversas áreas da gestão que podem contribuir para melhorar saúde, transporte, agricultura etc. Benchmark em investimentos também é uma possibilidade com a qual o consultor pode se deparar. Para tanto, ele deve conhecer qual base utilizará para comparar os produtos disponíveis. Sabe-se que os mais importantes são (BONA, 2019): CDI, que é utilizado para produtos em renda fixa cuja movimentação acompanha a Taxa Selic; o Ibovespa, que é considerado como um dos principais índices em investimentos de renda variável, e também utilizado como benchmark de investimentos via fundos de ações; o IGPM e IPCA, que são utilizados nos produtos de renda fixa (tanto IGPM como IPCA têm mais variações que a taxa CDI). Portanto, na hipótese de se comparar investimentos, isso deverá ocorrer segundo os mesmos parâmetros de benchmarks (taxa CDI com taxa CDI, índice Ibovespa com índice Ibovespa etc.), pois não faz sentido comparar um investimento atrelado ao Ibovespa com outro indexado pela Selic. 42WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA • Com a pandemia, um hospital precisa alterar sua realidade, ampliando seu escopo de atuação, e para controle de aspectos da infecção, com afastamentos de colaboradores, áreas de isolamento etc., necessita comparar e estabelecer as proporções de internações (clínicas cirúrgicas, obstétricas, pediátricas), eficiência (taxa de ocupação de leitos, número de colaboradores por paciente, presença do corpo clínico em plantões, efetivo disponível). Com isso, o benchmarking, como ferramenta de medição e comparação do desempenho e identificação de boas práticas, responde a questionamentos sobre como se pode melhorar, aprender com as melhores práticas e se tornar um dos melhores do setor. 5. ANÁLISE SWOT A análise SWOT é outra ferramenta de análise de negócios muito utilizada em projetos de consultoria e, dentre suas aplicações, está a avaliação do mercado conferindo uma visão realista da posição competitiva de uma empresa nesse mesmo mercado. Concebido por Albert Humphrey nos anos 1960, é ainda extremamente útil hoje, como era na época. E isso se dá por meio da análise de quatro dimensões unidas em uma sigla denominada SWOT, que significa: Forças (strengths), Fraquezas (weaknesses), Oportunidades (opportunities) e Ameaças (threats). Assim, se consegue uma visão realista do mercado e da competitividade da empresa nesse mercado e pode ser usado como um quebra-gelo simples, ajudando as pessoas a se unirem em torno de um propósito, que é iniciar a formulação da estratégia. O que torna o SWOT particularmente poderoso é que, com um pouco de reflexão, ele pode ajudar a descobrir oportunidades que você pode explorar se estiver bem posicionado. Compreendendo as fraquezas do seu negócio, você pode gerenciar e eliminar ameaças que, de outra forma, o pegariam de surpresa. Figura 6 – Funcionamento da análise SWOT. Fonte: Santos (2020). Avalie de forma prática a proposta do vídeo Benchmark – Descomplica # 1, no qual alguns detalhes são propostos considerando aspectos relacionados ao contexto na área de investimentos, mas que é muito útil ao processo consultivo. Disponível em: <https://www. youtube.com/watch?v=Jyc3RQdIRRU>. 43WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A leitura sobre o mercado e outros fatores que podem impactar os negócios da empresa em mãos mais hábeis e experientes como as de um consultor significa que as dimensões trabalhadas estarão descortinando os ambientes empresariais internos e externos, trazendo informações valiosas. Portanto, a SWOT propicia a análise dos pontos fortes, fracos, oportunidades e ameaças, estando divididos entre fatores internos e externos da maneira como é apresentado na Figura 6. Os fatores internos a que nos referimos incluem os processos, produtos, relacionamentos com fornecedores ou retenção de colaboradores da empresa, por exemplo. S W O T Pontos fortes • Quais são as a t i v i d a d e s mais bem realizadas? • Quais são os melhores re- cursos? • Qual é a sua maior vanta- gem compe- titiva? • Qual é o ní- vel de enga- jamento dos clientes? Pontos fracos • Tenho uma mão de obra capacitada? • Existem lacunas de treinamento? • Por que a concorrência é escolhida? • Por que meu engajamento não funcio- na? Oportunidades • Como você pode tirar proveito das mudanças na tecnologia? • Existem mudanças futuras nas políticas go- vernamentais que você pode capita- lizar? • Que mudan- ças nos pa- drões sociais,perfis po- pulacionais, mudanças de estilo de vida etc. podem ajudar sua empresa? Riscos • Quais obstáculos você enfrenta? • O que seus concorrentes estão fazen- do? • A regulamen- tação futura do governo ou da indús- tria será uma ameaça? • A mudança de tecnologia está amea- çando sua posição? • Você tem problemas com fluxos de caixa ou dívidas inco- bráveis? Pontos fortes • O que nossos competidores podem fazer que não po- demos? Pontos fracos • O que nosso cliente per- cebe como uma grande fraqueza no nosso con- corrente? • Você tem evidências disso? Oportunidades • Seu concor- rente está numa melhor posição para explorar essa oportunidade que você? • Qual a men- sagem deles para os clien- tes? Riscos • Seus concorrentes crescem mais rápido do que você? • Eles estão transi- tando em novos mer- cados? Quadro 3 – Análise SWOT. Fonte: Adaptado de Santos (2020). 44WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Já os fatores externos incluem concorrentes, atitudes do consumidor, novas tecnologias ou padrões da indústria. São informações como essas que auxiliam a tomada de decisões estratégicas e podem envolver outros membros da equipe na identificação dos fatores que um indivíduo pode perder. Com relação às dimensões do SWOT, você também pode usar para comparar sua operação com os concorrentes, então considere a forma de pensar expressa no Quadro 3. Portanto, ao tratarmos de pontos fortes e fracos, estaremos lidando com os diferenciais que acontecem internamente e criam um resultado positivo ou negativo, pois diferenciam seus negócios dos concorrentes, fortalecendo e mostrando sua capacidade de agregar valor aos seus clientes, ou não. Assim, quando se comparam os objetivos projetados (o que você deseja alcançar) com os resultados que foram alcançados, isso pode revelar imediatamente os pontos fortes e fracos da sua organização. As áreas a avaliar incluem índices de satisfação do cliente, lucratividade e outras métricas que sejam essenciais para atingir as metas de longo prazo. Veja o exemplo da Figura 7 como uma espécie de matriz que pode ser estabelecida nesse intuito: Figura 7 – Matriz SWOT. Fonte: Carvalho (2011). A utilização dessas ferramentas administrativas aparenta ser isenta de problemas quando da sua utilização. Será? Bom, é verdade que a técnica pode ser falha, sim, mas isso se você não souber, por exemplo, sobre os possíveis defeitos em um produto em que a elaboração de um SWOT pode não dizer que os defeitos são uma fraqueza. Como consultor, você deve ter estudado toda a organização, seus processos, seus produtos etc., e ao aplicar seus conhecimentos onde irá trabalhar, deverá entender que, na análise de problemas com SWOT, pode ocorrer de perder uma fraqueza que torna o problema pior ou pode concluir de forma otimista e incorreta que é forte o suficiente para resolver o problema. Quanto mais perguntas forem geradas e discutidas em um SWOT, melhor será a chance de detectar pontos fracos e ameaças relevantes para o problema. Será que perguntar, em um caso como esse, ofende? 45WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Para a fase do diagnóstico, várias indagações surgirão e que têm relação com o SWOT, apesar de que previamente será sensível identificar as coisas que não se está alcançando ou maneiras pelas quais a empresa está falhando. Surgem imediatamente indagações como: onde está falhando como empresa? Como não está alcançando seus objetivos? O que está causando sua falha? Gastar demais, desperdiçar tempo e recursos, ver perdas e margens de lucro baixas, conflitos, problemas e dificuldades são fraquezas as quais não se terá grandes dificuldades de se evidenciar. Por exemplo, o fato de ocorrer alta porcentagem de rotatividade de pessoal pode resultar em efeitos como baixa moral. As oportunidades e riscos são entes externos que incluem análises sobre as necessidades não atendidas dos clientes e novas maneiras de gerar vendas. Oportunidades são ideias de como levar sua empresa a um limiar de crescimento mais alto. Por outro lado, as ameaças parecem não ter um fim. Vários são os elementos que podem representar um risco para a empresa. E quem poderia prever, por exemplo, uma crise pandêmica, impactos diversos em áreas pela variação do clima em escala global e que, de certa forma, faz 40 milhões de gafanhotos por quilômetro quadrado se deslocarem em distâncias até 150 quilômetros por dia (nuvem de gafanhotos)? Mas os problemas mais recorrentes no cotidiano da empresa precisam ser controlados antes que piorem, exigindo um alto desempenho dos gestores para lidarem com aspectos políticos, econômicos, sociais, tecnológicos, ambientais e legais. Considere agora qualquer mudança no mercado. Que mudanças estão acontecendo no seu setor? Que mudanças afetarão sua capacidade de atender os clientes? Essas e outras indagações se referem a perdas ocultas que podem ser óbvias apenas quando você se aprofundar. Entender tais dinâmicas como forma de lidar com seus concorrentes e como lidar com as novas oportunidades de crescimento com os modelos de análise SWOT podem ser observados na Figura 8. Figura 8 – Intenções na Matriz SWOT. Fonte: Carvalho (2011). 46WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Em termos básicos, o papel do consultor é fornecer ao cliente um diagnóstico de suas atividades, sendo suas recomendações de melhoria e o plano de ação para implementação itens de contexto prático. Ainda que diferentes atores possam ser contratados por uma dada empresa para aconselhar a alta administração em um projeto específico ou, mais amplamente, na estrutura e em práticas de uma empresa, em geral, o consultor irá fornecer informações com antecedência para ajudar a atender às necessidades imediatas do cliente. Posteriormente, o consultor pode atuar como um catalisador e auxiliar de procedimentos na implementação das recomendações feitas. Mas, para isso, é de fundamental importância a conclusão consistente da etapa do diagnóstico, que consiste na coleta de dados quantitativos e qualitativos para posterior análise pelo consultor. É com ele que é possível identificar metas, oportunidades de melhoria e áreas de foco, que são abordadas durante a fase do projeto por meio de análises de indicadores econômico- financeiros, a fim de conhecer o negócio. O consultor avaliará também as vendas e o marketing, analisando a gestão da área de vendas, produtos, campanhas etc., bem como as compras, incluindo os respectivos custos e dados de mercado. Dependendo do tipo de projeto, não é incomum começar essa atividade com uma série de questionários e entrevistas, para se conhecer o modus operandi da empresa, seus processos, recursos e estruturas. Pode-se comparar, a partir de então, o conjunto de dados gerados com as expectativas de desempenho do cliente, os pontos de chegada identificados, que são sustentados por uma série de recomendações detalhadas para trabalhar em direção aos objetivos desejados. Um desses mecanismos, que é aprendido e mesmo utilizado por consultores, é o método BSC. O balanced scorecard é uma estrutura para rastrear um conjunto abrangente de objetivos de negócios que podem ser medidos ao longo do tempo. Ao rastrear esses dados, os consultores podem ajudar seus clientes a manter os objetivos estratégicos de longo prazo em foco e identificar problemas antes que apareçam nas demonstrações financeiras. As experiências com o uso do scorecard demonstraram que ele atende a várias necessidades gerenciais, sendo ainda considerado inovador pelo aspecto de uso de elementos aparentemente díspares da agenda competitiva de uma empresa. Outro item apresentado foi o benchmarking. A análise de benchmarking é uma ferramenta inestimável para os consultores de hoje por envolver a comparação de um conjunto de “dados atuais” com conjuntos de “dados históricos”ou dados de pares do setor no qual a organização atua. Pode ajudar os consultores a determinar onde os clientes estão à frente da concorrência, identificar áreas para melhoria do cliente, impulsionar a qualidade FDA da empresa e aumentar o valor competitivo dessa empresa. Perceba que não é uma questão meramente financeira, mas tão somente da vantagem competitiva, que permite à organização despontar no mercado concorrencial. Por isso, existe uma variedade de métodos de trabalho. Estejamos atentos a tantos outros que existem. Mediante o exposto, vamos propor uma variação da Matriz SWOT, que chamamos de SWOT Profissional, que, na verdade, é a aplicação desses conhecimentos para sua carreira. Vamos ver isso no vídeo da Endeavor Brasil: Fazendo uma análise SWOT de si mesmo, disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=3Q8GLtR0Hzo>. 4747WWW.UNINGA.BR UNIDADE 03 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................ 48 1. INTERAÇÃO CONSULTOR-CLIENTE .................................................................................................................... 49 1.1 PONTOS IMPORTANTES NA BUSCA PELA FIDELIZAÇÃO ...............................................................................51 2. IDENTIFICAÇÃO DAS NECESSIDADES ................................................................................................................53 3. NEGOCIAÇÃO DOS SERVIÇOS ............................................................................................................................ 56 4. CONTRATO DE CONSULTORIA ............................................................................................................................ 59 5. ELABORAÇÃO DA PROPOSTA E DO PLANO DE TRABALHO ............................................................................63 6. COLETA DE DADOS............................................................................................................................................... 64 7. RELATÓRIO DE CONSULTORIA ........................................................................................................................... 66 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................ 68 METODOLOGIA DA CONSULTORIA PROF. ME. MARCO ANTÔNIO SENA DE SOUZA ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: CONSULTORIA 48WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Olá, aluno(a)! Tivemos até o momento a oportunidade de conhecer a “anatomia” da consultoria por meio de seus conceitos básicos, como também conhecemos algumas ferramentas para que o consultor possa atuar. Agora iremos dar continuidade ao assunto, visando a compreender a elaboração e a implantação dos planos de consultoria. Para tanto, compreenderemos que o profissional de consultoria deve saber manter um bom relacionamento com as empresas-clientes. Na verdade, todas as relações comerciais devem ser pautadas em um bom relacionamento, porém essa proximidade do consultor pode ser considerada “visceral” com o cliente. Há vários aspectos em jogo para que essa relação seja maior. Porém, é necessário ser cuidadoso e, para tanto, deve-se buscar prestar serviços de qualidade, estudar muito e manter um bom trabalho de gestão de relacionamentos. As características dos serviços a serem prestados e o perfil dos clientes são os elementos que definem as estratégias de relacionamento das empresas de consultoria, os quais são considerados parceiros da organização. Esta, por sua vez, tem interesse em mantê-los por longo tempo. Para isso, investem em inovações e serviços de qualidade. Nesta unidade, você irá formar uma opinião sobre o modo como o profissional de consultoria deve atuar para proporcionar esse relacionamento saudável e duradouro com as empresas-clientes, fortalecendo suas afinidades e beneficiando suas relações comerciais. Uma razão que justifica essa empreitada é a de que, com o crescimento de qualquer empresa, vem a complexidade, especialmente em um ambiente de negócios global interconectado. Esse crescimento da empresa levará a novos caminhos que inevitavelmente serão mais complicados, o que pode ser prejudicial para algumas das qualidades que podem ter feito esse negócio funcionar, seja na tomada de decisão, produtividade, atendimento ao cliente ou inovação. Por ser muito recente, os reflexos da pandemia determinaram um mundo comercial onde tudo é muito fugaz nesse ambiente. Então, como aprendizes dessa elegante profissão, vamos continuar nosso esforço em aumentar nossa maturidade em gerenciar essa complexidade e impulsionar resultados estratégicos. Bons estudos! 49WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. INTERAÇÃO CONSULTOR-CLIENTE Nos projetos desenvolvidos pelos consultores de empresas, observa-se que o valor que esses possam agregar a uma empresa atrai a atenção de muitos, tanto dos gestores, que criam grandes expectativas, como dos concorrentes, que tomam conhecimento do projeto desenvolvido dentro da respectiva empresa. O trabalho minucioso dos consultores irá refletir a dinâmica de resposta a mudanças que ocorrem das mais variadas maneiras no meio empresarial ou técnico. Você pode observar isso na forma como uma empresa se adapta, por exemplo, a um processo de desregulamentação de setores, no aumento nos processos de terceirização, dentre tantas outras tendências que, ainda que possam ser passageiras, mesmo assim, podem necessitar do consultor. Sua ação está intimamente ligada à estrutura organizacional existente ou proposta, em que o trabalho desenvolvido definirá uma relação de especificidades, ou seja, quanto mais específico for seu trabalho, mais localizado o envolvimento e, quanto mais abrangente, mais amplo será, por outro lado, o seu envolvimento (CROCCO; GUTTMANN, 2017, p. 35). E a relação do consultor com seus clientes reforçará esses diferenciais de acúmulo e absorção de conhecimentos advindos da prática organizacional e da sua utilização na intervenção que fará na organização. Lembre-se de que, na Unidade I, fizemos referência ao trabalho do consultor, visto como trabalhador típico do conhecimento, que desenvolve técnicas de mudança. A mercantilização do conhecimento em consultoria está, por sua vez, fortemente ligada à natureza do pensamento gerencial superior e tende a ecoar uma visão de que, com a consultoria “embarcada” na organização, essa se torna invencível, dada a orientação por reestruturação de alto nível. Essa temática tem tomado corpo em termos de discussões acadêmicas, pois reconhecidamente os consultores têm um papel especial como influenciadores e formadores de opinião, e não de “invencibilidade”. Empresas são muitas, bem como suas variações. Apesar de, em muitos casos, os consultores serem vistos como um grupo que ganhou um poder insidioso, inexplicável e à prova de falhas, de tempos em tempos, podem inevitavelmente ocorrer fatos desastrosos. Diante disso, o foco das consultorias tem se deslocado das recomendações para a efetiva implantação de mudanças e entrega de resultados, o que reforça ainda mais a necessidade de envolvimento do cliente no processo (NEVES, 2013, p. 50). A questão que se coloca é como os consultores conseguem convencer os clientes do valor do seu conhecimento e, por outro lado, como os consultores têm a certeza de que os dados apresentados aos consultores demonstram fidedignamente a realidade da empresa. Em paralelo, ainda há organizações, notadamente as micro e pequenas, que não sabem exatamente o que ganham e também não sabem o que perdem por conta de sistemas de controles muito flexíveis e complacentes, mesmo estando no século XXI. Há uma revolução silenciosa que já toma forma, chamada de Indústria 4.0 e que propõe uma mudança substancialna forma de trabalho das empresas, como, por exemplo, o processo de automatização de tarefas e as atividades em ambiente virtual. Mas em qualquer modelo organizacional, é o consultor que irá “amarrar as pontas soltas”, ou ligar os limites de seu trabalho aos sistemas existentes na empresa (CROCCO; GUTTMANN, 2017). Portanto, a interação entre clientes e consultores durante os projetos de consultoria é algo essencial para o sucesso de tais projetos, sendo uma expectativa dos clientes que esses profissionais não “empurrem” soluções padronizadas, e realmente ouçam os problemas existentes e estejam focados e dedicados a eles. 50WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Compreenda que os aspectos interpretativos do trabalho de consultoria em aplicar e criar conhecimento para o cliente específico é a base da experiência em consultoria. É justamente aqui que pode ocorrer um problema sutil, mas que pode se desdobrar em proporções maiores. No caso, muito provavelmente você já viu pessoas com grande cabedal de conhecimento, mas que não conseguem transmitir ou compartilhar esse conhecimento para domínio dos demais. Além disso, o fato de os consultores serem “estranhos” à empresa na qual se desenvolve o projeto de consultoria (e, portanto, seu conhecimento, métodos de trabalho e às vezes até o idioma podem ser diferentes dos do cliente) enfatiza a necessidade de uma interação bem-sucedida com o cliente. Acrescento algo que o surpreenderá, que é o fato de os gestores da empresa em que o projeto se desenvolve mentirem aos consultores pelo medo de que estes venham imediatamente a descobrir falhas de suas ações. A esse respeito, Crocco e Guttmann (2017) estabelecem que o processo de trabalho do consultor só poderá ser implementado com sucesso caso tenha sido adequadamente planejado e organizado, contando com a participação do cliente para tanto. Ao interferir em processos com suas análises, o consultor pode gerar situações de estresse e dificuldades para a introdução de novas técnicas administrativas. O tema da transmissão do conhecimento é um desafio às organizações, pois vantagens competitivas, como a geração de sinergias, a redução de custos, o desenvolvimento de capacidades de adaptação a situações críticas, a melhoria na tomada de decisão e a criação de novos conhecimentos, são geradas a partir de então. O referido desafio não é pequeno e a aquisição externa dessa expertise que a empresa não possui é fundamental para manter a qualidade e aumentar a eficiência dos projetos de consultoria (MURAMOTO; NAKAGAWA; MACAU, 2009). Objetivamente, a relação consultor-cliente é marcada pela dualidade (que contém em sua essência duas naturezas ou extremos) em que consultores querem implantar mudanças nas organizações e torná-las mais eficazes mediante sua presença como agente de mudança. Na outra ponta, estariam os clientes ansiosos pelas mudanças, mas, simultaneamente, torcendo para que as mudanças não deem certo, para justificar a própria dificuldade em lidar com os problemas enfrentados (NEVES, 2013, p. 51). Como dissemos, não é uma tarefa fácil. É preciso compreender que há um ponto de tensão na interação de clientes e consultores, sendo uma relação objeto de vários estudos de cunho científico. Por um lado, os clientes, em muitos casos, consideram os consultores como promotores de soluções padronizadas, em vez de realmente ouvirem as questões (dos clientes); por outro, os consultores se veem como agentes de mudança que introduzem novas perspectivas e quadros de referência para as organizações clientes. Essas e outras opiniões se refletem na literatura científica em relação à interação cliente-consultor. Modelos são estudados a partir desse relacionamento no qual os consultores são vistos como especialistas que contribuem com conhecimentos e soluções valiosos para seus clientes, ou, em outros casos, se enfatiza o caráter simbólico da consultoria, em que os clientes são vistos como dependentes dos modismos gerenciais que os consultores produzem. Qual a melhor relação? Não há como responder; dependerá da complexidade de cada caso. Mas nada mais prático do que uma boa teoria. 51WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Em tese, o cliente principal pode ser considerado aquele ao qual a consultoria responde, havendo os clientes do nível estratégico, que correspondem aos proprietários, presidentes e diretores da empresa (por exemplo); os gestores que atuam no nível intermediário, que são os mesmos que interpretam as orientações do nível estratégico e aplica-os ao nível operacional; e dentro dessa hierarquia organizacional, o nível operacional, que corresponde àqueles que atuam na linha de frente dos atendimentos do varejo ou os operadores de máquinas. Assim, a consultoria se posiciona de modo a prestar serviço a diferentes grupos de clientes que interagem com os consultores durante os projetos de consultoria, envolvendo os diversos níveis hierárquicos. Portanto, há uma distinção entre o papel dos consultores, que desenvolvem relações com os clientes do nível estratégico; aqueles que atuam junto com a equipe de gestores; e notadamente os denominados consultores juniores, que realizam um serviço específico e geralmente atuam em maior contato com as bases operacionais (NEVES, 2013). 1.1 Pontos Importantes na Busca pela Fidelização O estudo da relação entre consultores e clientes vai além do ente estritamente contratual, o que equivale a orientar os alunos a saírem de uma visão tão pragmática, considerando a existência de manuais e guias que orientam organizações ou que auxiliam novos consultores a como desenvolver e conduzir um projeto de consultoria. Sabemos que as realidades das empresas envolvidas em projetos de consultoria demandaram um perfil plural, pois plural são os seus problemas. Externamos a seguir o que representa essa visão, considerando alguns elementos de um modelo conceitual que sintetiza esse tipo de interação (NIKOLOVA; DEVINNEY, 2012 apud NEVES, 2013): • METÁFORA: o consultor como especialista/vendedor de expertise e como “médico” organizacional. • NATUREZA DA CONSULTORIA: resolver problemas das organizações clientes por meio da transferência de conhecimento para seus membros. • NATUREZA DO CONHECIMENTO: trata-se de um conhecimento descontextualizado, objetivo e racional. • ASSIMETRIA DO CONHECIMENTO: consultores, enquanto experts, têm capacidade para resolver os problemas dos clientes; o cliente é visto como uma pessoa leiga no assunto e é distanciado parcialmente, em boa medida, para a execução do processo de consultoria. Avalie o vídeo a seguir, o qual apresenta o relacionamento com clientes da consultoria, manifestando ações que devem ser feitas para se evitar problemas com eles. Acesse: CARVALHO, N. Principal problema em Consultoria: o que é e como evitar. 2020. 1 vídeo. Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=9HF950IQlfI>. 52WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA • NATUREZA DA INTERAÇÃO: o cliente transfere a informação para o consultor e o consultor transfere conhecimento para os clientes, além de apontar as soluções possíveis. A natureza dos canais de comunicação, a motivação do cliente e a capacidade de absorção dos indivíduos é que irão determinar o sucesso do projeto de consultoria. • RELAÇÕES DE PODER: consultores determinam a solução dos problemas com base em seu conhecimento, experiência e julgamento. O cliente é dependente do conhecimento do consultor (visão centrada no consultor). Por sua vez, Oliveira (2017, p. 112) propõe um modelo que também expressa o desenvolvimento de relacionamentos entre consultor e empresa-cliente (Figura 1). Então, envolver uma maior participação do cliente tem um efeito profilático nos projetos consultivos, pois evita que o cliente seja lesado por um serviço de pouca qualidade ou o qual tenha dificuldade de compreender e de implementar soluções;bem como mantém a área e a classe de consultores divididas em termos de qualificação e eficácia na atuação. É, portanto, o cliente elo fundamental. Oliveira (2017, p. 105-106) destaca a existência de pontos mapeados para uma boa performance de trabalho: • Auxílio e confiança mútua na relação empresa-cliente; • Integrar os gestores para que sejam protagonistas no processo de mudança; • Compromisso profissional e disponibilidade dos consultores para com o projeto em que atuam; • Atenção às necessidades, valores, expectativas dos gestores da empresa-cliente. • Figura 1 – Modelo para o desenvolvimento de relacionamentos. Fonte: Zeithaml, Bitner e Gremler (2014 apud OLIVEIRA, 2017). Portanto, quanto maior a confiança entre consultor e empresa, maiores vantagens podem advir desse relacionamento. Reforçamos aqui que não há uma regra a ser seguida. Cada projeto de consultoria tem uma forma de atuar e desenvolver as atividades, podendo variar de acordo com a situação vigente e os objetivos projetados. 53WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA O importante é que haja clareza em todo o processo e que o cliente se sinta seguro da necessidade de contratação do serviço, bem como do seu envolvimento ao longo do processo (MEDEIROS, 2012). 2. IDENTIFICAÇÃO DAS NECESSIDADES O ponto de partida se dá pelo reconhecimento do motivo pelo qual as empresas não resolveriam seus próprios problemas, que podem ocorrer desde a falta de um esforço na redução de custos ou uma tentativa desastrada de entrada com um produto em um novo nicho de mercado. Há muitas razões pelas quais as empresas realmente precisam de consultores. De fato, vários são os empresários capacitados em lidar com problemas distintos por conta de suas habilidades. Porém, as complexidades são múltiplas e ele não é alguém onipresente e onisciente para lidar com tantas mudanças dentro da empresa, ou com um clima econômico oscilante, ou ainda em circunstâncias imprevistas, que podem criar uma necessidade que não possa ser atendida oportunamente com as habilidades dominadas pelo empresário ou na empresa. A contratação de um consultor pode fornecer as habilidades necessárias para lidar com essas e outras situações, assim como um outro ponto de vista. Conforme dissemos anteriormente, muitas vezes, as empresas deixam de buscar a ajuda de um consultor porque não têm certeza sobre o retorno financeiro que um consultor possa trazer quando há investimento em um projeto. Várias são as áreas de consultoria, mas cinco apresentam muitos trabalhos publicados como: Estratégia, Recursos humanos, Gestão de Produção, Risco e conformidade e Conselho financeiro. É importante tocarmos no fato de que, na área da consultoria, muitos são aqueles que se autoproclamam consultores, abrindo o mercado para golpistas. Felizmente, não é difícil distinguir entre profissionais e amadores, quando se tem comentários on-line para serem verificados, e porque podemos analisar os estudos de caso de várias empresas. Retomando, e ainda tratando sobre o momento certo para se contratar uma consultoria, de fato o investimento dispendido em um projeto de consultoria poderá gerar benefícios significativos para a receita, a reputação e o crescimento de longo prazo da sua empresa, conforme você pode observar nos vários problemas aqui consignados. E entender quando é essa boa hora pode ocorrer, por exemplo, pelo soar de alerta das seguintes necessidades: 1. Falta de recursos internos: as empresas não têm necessariamente profissionais para se concentrar em seus próprios problemas, a menos que tenham um grupo de consultores internos. 2. Peritagem: um profissional pode fornecer alguns conselhos valiosos que podem evitar que você concentre indevidamente seu dinheiro e tempo. 3. Auditoria de processos e operações de negócios: frequentemente as empresas não reúnem condições para examinar criticamente suas operações principais. As empresas precisam se concentrar em suas operações do dia a dia e não conseguem priorizar outras responsabilidades. 4. Um olhar externo: esse “olhar” apresenta uma perspectiva de como resolver o problema que estão enfrentando sob novas condicionantes, recorrendo aos consultores para dar sua opinião. 5. A experiência: consultores possuem experiência advinda do trabalho com muitas empresas diferentes e podem fornecer ideias novas ou uma perspectiva com base no que viram trabalhar antes dos atuais problemas. 54WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 6. Habilidades especializadas: pessoas altamente especializadas não seriam apenas caras para contratar, mas a empresa pode não ter trabalho suficiente para mantê-las ocupadas durante o ano todo. A realidade aponta que os consultores podem ser caros, mas a exemplo das outras unidades trabalhadas, sugere-se a necessidade de avaliar cuidadosamente os custos e benefícios. Somente os gestores conhecem as necessidades específicas de sua empresa, mas é provável que um consultor possa ajudar a transformar essas necessidades em soluções altamente benéficas. Contudo, Oliveira (2019), dentre suas várias contribuições, expõe que as empresas assistidas pela consultoria apresentam uma condição de serem “irracionais”, pelo fato de que elas são o resultado de percepções de diferentes pessoas, que são seus executivos e profissionais. Assim, ele aponta três aspectos para responder ao questionamento sobre o porquê de trazer uma consultoria, que podem ser sintetizados da seguinte forma: 1) Deve-se aprofundar o debate ao máximo sobre o que representa exatamente o negócio da empresa, resultando na condição de saber como se dará o processo de avaliação. 2) Qual é a abordagem de interesse da empresa e que os serviços de consultoria devem ter, resultando no conhecimento de como se dará a mudança orientada pelos consultores. 3) A capacidade do profissional que prestará o serviço de consultoria, que tem de ser capaz de transmitir confiança no laudo estabelecido. Inclusive, a esse respeito, o referido autor diz que os pseudoconsultores que não se enquadrarem nessa situação devem reconsiderar a definição do produto da consultoria e a vocação de ser do consultor (OLIVEIRA, 2019, p. 74-77). Entretanto, além disso, imagine que milhares de colaboradores insatisfeitos sob o peso de suas culturas de empresas mal gerenciadas aguardam por um profissional que possa abrir os “olhos da empresa” para essa questão invisível. A cultura organizacional pode ser uma boa pista para compreendermos as raízes dos problemas. Pensando nisso, você sabe que uma grande mudança deverá acontecer e as pessoas (como observamos) estão prestando atenção. Propõe-se aqui uma leitura alternativa para consolidar uma opinião abrangente, dadas as várias possibilidades de contratação dessa prestação de serviço. Assim, acesse o artigo 6 motivos para sua empresa contratar uma consultoria, de 2018. Disponível em: <https:// gestaodeequipes.com.br/contrate-uma-consultoria/>. 55WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 2 – Aspectos de atuação da consultoria empresarial. Fonte: Adaptado de Oliveira (2019). O importante aqui é compreender que o consultor precisa estar atento e sensível à cultura da organização para que sua intervenção seja pertinente a ela, dispondo de um princípio mínimo de respeito à boa fé na qual surgiu e se consolidou essa cultura. A cultura organizacional ou cultura corporativa é um grupo de valores e comportamentos internos de uma organização. Inclui experiências, formas de pensar, crenças e expectativas futuras. Também é intuitivo, com hábitos repetitivos e respostas emocionais. A Cultura Organizacional é o resultado de uma percepção dentro da empresa que todos os seus funcionários compartilham. De outra forma, ela pode ser entendida como a soma de valores e rituais que servem como “cola” para integrar os membros da organização e que está expresso na figura a seguir:Figura 3 – Elementos da Cultura Organizacional. Fonte: Seleta (2018). 56WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Então nos indagamos: como o processo de mudança planejada deverá ocorrer pelas mãos da consultoria empresarial? Justificamos essa indagação, pois, não raro, jovens consultores esquecem a diferença entre fazer a consultoria auxiliando a empresa em sua rotina de tomada de decisões e uma pessoa que quer instalar uma revolução na empresa. Ou seja, para responder à indagação, faz-se necessária a compreensão sobre um conjunto de aspectos, conforme a Figura 2. Porém, é importante estar familiarizado ou ter identificado a cultura organizacional que influencia diretamente os comportamentos dos funcionários dentro de uma organização. Ela afeta a maneira como as pessoas e grupos interagem entre si, com os clientes e com as partes interessadas. Além disso, a cultura organizacional pode influenciar o quanto os funcionários se identificam com sua organização. 3. NEGOCIAÇÃO DOS SERVIÇOS Com a identificação por parte da empresa das áreas para melhoria, se desenrola um primeiro contato entre consultor/empresa de consultoria com a empresa-cliente e, por conseguinte, com base nas informações prévias apresentadas pelo cliente na reunião de apresentação da consultoria, realiza-se uma proposta de venda, detalhando todos os pontos e explicando como serão realizadas as fases de diagnóstico e plano de ação. O ponto chave dessa etapa é a explicação e o convencimento do gestor sobre o método que o consultor irá utilizar e a real necessidade da organização, justificando com dados obtidos na apresentação organizacional. Além disso, é relevante lembrar que, em alguns casos, a consultoria apresenta uma outra proposta de negociação relacionada à execução das ações construídas no plano de ação (apresentada junto ao plano de ação), o que é mais interessante e viável, pois o consultor só terá uma real noção de quanto cobrar e de como executar as ações propostas quando tiver o plano de ação concluído. Muitas vezes, essa proposta também aparece na forma de um aditivo no contrato de prestação de serviço. Interessa saber que, no caso de instituições públicas, o projeto de consultoria normalmente passa pelo processo de licitação, que é um processo altamente especializado e necessário, pois respeita um conjunto de princípios dos quais destacamos os princípios jurídicos de isonomia, legalidade, impessoalidade, moralidade, igualdade, publicidade, economicidade e eficiência, e de probidade administrativa. Os requisitos do setor público e do setor privado variam. O setor privado pode optar por licitar competitivamente o projeto entre um grupo de licitantes pré- qualificados ou negociar com apenas um contratado. Os projetos do setor público são anunciados para que todos os contratados qualificados possam enviar uma oferta, tornando essencial delinear as qualificações do licitante. Como qualquer empresa que precisa gerar lucros para manter suas operações em atividade, várias são as formas adotadas para se gerar valor. Assim, consultores independentes ou empresas de consultoria buscam meios para que os serviços prestados sejam percebidos pelos clientes como sendo competitivos e de acordo com os valores a serem negociados. O mercado possui regras conhecidas por todos, mas nem sempre positivadas em textos, como é o caso de pagar menos por um serviço de excelência. Um preço justo é buscado, refletindo os esforços dispendidos, o tempo gasto e o impacto obtido no trabalho para a empresa contratante, porém esses serviços são muito complexos e intrincados, e estabelecer o que conhecemos como um “valor justo” ou “valor para o cliente” em consultoria não é algo fácil. 57WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Os consultores geralmente escolhem uma estrutura de custos para seu trabalho, sendo disponibilizada ao cliente com a finalidade de ser uma conduta de transparência. Existem algumas estruturas diferentes usadas pela maioria dos consultores, que podem ser ou não combinadas, como: • Um valor horário: nesse acordo com base no tempo, se faz o cômputo baseado no número de horas trabalhadas. • Um valor baseado no projeto: antes do início do projeto, em reunião se estabelece um valor fixo com base no projeto. • Um valor combinado: define-se um valor fixo com base no projeto, bem como no tempo gasto no projeto. • Um valor baseado no desempenho: cobra-se do cliente com base no desempenho ou nos resultados do trabalho desenvolvido. Objetivamente, será cobrado por hora, por projeto, por desempenho ou será uma combinação? Embora haja uma pretensão de usar a mesma estrutura de valores em todos os clientes, os consultores ou empresas não têm como fazê-lo. Novamente, várias são as diferenças de um projeto para o outro. Por exemplo, apesar de uma mesma empresa ter duas unidades fabris “iguaizinhas”, estando uma no estado do Amapá e outra no estado do Rio Grande do Sul, e a equipe de consultores ser a mesma, ainda assim, haverá uma diferença imediatamente perceptível, que é a distância de uma unidade e outra, ou de ambas em relação ao escritório da empresa de consultoria. O objetivo de uma estrutura de valores é garantir que o profissional, ou a empresa, seja remunerado de maneira justa pelo seu trabalho e que seus clientes se sintam à vontade para pagar por esse trabalho. Portanto, não há problema em ajustar estruturas com base no cliente ou no projeto. Apenas deve-se certificar de ter os valores antes de iniciar qualquer trabalho. Nesse ramo de negócio, qualquer situação pactuada é prevista em contrato. Disposições ao contrário são previstas em cláusula contratual que diz: “Fica eleito o Foro da Comarca ‘XXX’, para dirimir quaisquer dúvidas oriundas deste contrato, bem como para execução do preço ajustado”. Percebe o rigor dessa questão? Veja as dicas de um consultor sobre como lidar com o cliente em aspectos relacionados à negociação dos seus serviços. Como qualquer atividade que visa a lucros, a percepção dos clientes sobre os diferenciais sobre seus serviços ou seus produtos é algo de fundamental importância. Assim, o presente vídeo vem a resgatar essa condição dentro de uma atmosfera prática e recorrente. Acesse o vídeo: FRANÇA, C. Como negociar serviços de consultoria. 2019. 1 vídeo. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=ISO9dJvbkvI>. 58WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA O importante, na fase de negociação dos serviços, é saber que há um adequado nível de motivação das partes envolvidas, mas também pressupõe a existência de conflitos, desde que as ideias sejam divergentes (OLIVEIRA, 2019). E para tal circunstância, seu lado negociador deve ter sido trabalhado para alcançar um resultado desejável. Por exemplo, em uma situação de trabalho, pode ser necessário organizar uma reunião informal antes mesmo da reunião final de todas as partes envolvidas para alinhavar as linhas mestras que serão discutidas. Existem informações assimétricas, que são informações que uma parte na negociação possui e que a outra parte não conhece. As informações assimétricas podem ser as necessidades e os interesses de uma parte. Um dos objetivos de uma negociação é revelar o máximo de informações significativas sobre a outra parte. Essa negociação pode ser expressa da seguinte maneira (Figura 4): Figura 4 – Elementos da negociação. Fonte: O autor. Em qualquer processo de negociação, um diálogo de alto nível deve ser mantido, e em meio a esse diálogo, nada mais justo do que a utilização de um processo de persuasão ou de indução. A ideia é ser o mais convincente possível, dentro de aspectos éticos e de mútuo interesse. Portanto, é muito recomendável que você tenha contato com um artigo que irá tratar dessa temática. Então, acesse Persuasão e indução, de 2020, disponível em <https:// febraec.org.br/pt-br/detalhe/artigos/persuasao-e-inducao.htm>.59WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Baseado em Oliveira (2019) e no esquema gráfico anterior, tem-se que o processo de negociação inclui as seguintes etapas: • Preparação: local e data, além das partes interessadas. Nem sempre tão somente proprietários ou dirigentes participam da reunião. Existem “pessoas chaves” na organização que articulam processos e é interessante a participação delas na negociação. • Discussão: os participantes apresentam o caso como o veem, ou seja, sua compreensão da situação é exposta, evidenciando a complexidade da situação e as responsabilidades envolvidas. • Esclarecimento de objetivos: posteriormente às discussões, são esclarecidos os objetivos, interesses e pontos de vista de ambos os lados para chegar a um consenso. • Negociação em direção a um resultado ganha-ganha: espera-se que ambos os lados obtenham algo positivo por meio do processo de negociação e que ambos considerem que seu ponto de vista foi levado em consideração. Aqui está inserido o contexto do valor da consultoria. • Acordo: tendo sido considerados os interesses de ambos os lados, é essencial que todos os envolvidos tenham a mente aberta para o que foi tratado e o que é aceitável. Consultoria é algo “intangível” (como todo serviço), de baixa repetibilidade e alta customização como processo, sendo que o acordo feito precisa ser perfeitamente claro para que ambos os lados saibam o que foi decidido. • Implementação de um curso de ação: um curso de ação deve ser implementado para realizar o que foi decidido. Por analogia, imagine que você seja um marchand d´art ou um negociador de artes. Você encomenda um quadro a um artista. Você passa a ele as características do que quer que ele pinte, e espera que a criatividade dele, posteriormente, faça o resto. Bom, há um risco envolvido no resultado dessa arte, não é mesmo? Na consultoria, não é muito diferente. Então, concluída a negociação, a equipe de consultores é organizada e “daí para frente, é boa sorte no trabalho!!!”. 4. CONTRATO DE CONSULTORIA Com o advento da elaboração do contrato, uma face profissional dos consultores é adotada, considerando que eles irão estabelecer expectativas com seus clientes e serão pagos por isso. Em um contrato, pode-se definir o escopo do trabalho do(s) consultor(es) e descrever os detalhes do pagamento para que todas as partes sejam satisfeitas durante o curso de um trabalho específico. Embora a empresa-cliente possa escrever um contrato por conta própria, existem vários tipos de contrato, cujo intuito é conferir o caráter legal à relação cliente e prestador de serviços. Vimos as formas pelas quais se baseiam esses serviços e como são remunerados, mas tradicionalmente consultores e outros profissionais lidam com essas questões aplicando valores baseados no tempo e usando vários outros arranjos. Porém, mais importante que o fato de um contrato ser elaborado é o fato de que será elaborado um documento legalmente aplicável, que incentiva o cliente e o consultor a considerar vários pontos que, de outra forma, seriam ignorados. Isso os ajuda a enfrentar a questão do compartilhamento razoável de riscos e responsabilidades em uma empresa comum. 60WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Se tudo estiver em ordem e a tarefa estiver progredindo normalmente, a dimensão legal da contratação terá sido alcançada. Por outro lado, se as relações começarem a se deteriorar ou derem errado, a natureza legal do contrato é redescoberta, tendo sido previstos mecanismos como pagamento de multas pelo não cumprimento do serviço. Importa lembrar a você de que, na verdade, ninguém quer o contrato, mas a certeza do que foi pactuado. Um dito popular cunhado há décadas, numa época em que a moda era usar bigodes, é válido para nossa explicação. Ele diz que “a palavra empenhada vale o fio de bigode”. Honrar um compromisso nessa época era o mesmo que ostentar um bigode, símbolo de homens honestos. Ou seja, de repente, o contrato é visto como uma ferramenta para proteger os interesses do cliente ou do consultor contra a outra parte e cada termo usado no texto se torna importante. De fato, salvaguardar o interesse das partes contratuais é uma função primordial da contratação. No entanto, considerações legais não devem dominar o relacionamento dos parceiros em uma tarefa de consultoria. As relações humanas, a compreensão mútua e o desejo de levar um projeto comum a uma conclusão bem-sucedida são infinitamente mais importantes. Em tarefas de consultoria, existe um contrato psicológico entre o consultor e o cliente que não pode ser substituído nem pelo melhor documento legal. Antes de lhe apresentar um modelo de contrato, é importante tecer algumas considerações sobre as obrigações contratuais do consultor na execução da tarefa, tendo como base informações de empresas como Deloitte (2016) e Evolutto (2020): • Serviços adicionais: para evitar discussões em instâncias jurídicas, há necessidade de estabelecer as circunstâncias nas quais o consultor deve fornecer serviços não previstos no contrato e como eles devem ser solicitados e autorizados. • Padrões gerais de desempenho: são previsíveis cláusulas que descrevam a obrigação do consultor em aplicar os padrões reconhecidos pelos órgãos internacionais da profissão. • Confidencialidade: esse ponto seria um dos mais importantes, pois explicita o compromisso do consultor de respeitar totalmente a confidencialidade e de não usar nenhuma informação relacionada ao projeto e à organização do cliente sem autorização prévia por escrito do cliente. • Conflito de interesses: outra cláusula importante e que tem forte apelo ético. São feitas declarações sobre a prevenção de conflitos de interesses, como a proibição de participar de atividades e negócios conflitantes, ou de aceitar comissões, descontos e pagamentos semelhantes relacionados à atribuição. Considerando a nossa orientação de estudo, é interessante avaliarmos alguns aspectos sobre os contratos de consultoria empresarial. A intenção é a de você ter mais algumas informações práticas sobre esse item. Assim, acesse: BENEVIDES, H. Consultoria Empresarial – Cuidados ao redigir um contrato. Jacó Coelho Advogados. 2018. Disponível em: <https:// jacocoelho.com.br/artigos/consultoria-empresarial-cuidados- ao-redigir-um-contrato/>. 61WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Mediante a conduta colaborativa entre empresa-cliente e consultor (ou empresa de consultoria), agora vamos observar o item das obrigações do cliente: • Pessoal do cliente: descrição dos colaboradores do cliente designados para o projeto, se esse pessoal deve seguir as instruções do consultor ou não. • Serviços e instalações de suporte: deve ser fornecida uma lista de serviços e instalações, como espaço e equipamento de escritório, assistentes, tradutores, veículos etc. • Assistência na obtenção de licenças: às vezes é necessário dispor ao consultor uma lista de autorizações, como acesso a áreas específicas, ou para representar a organização perante órgãos (por exemplo), necessitando que o cliente se responsabilize por essas autorizações. Uma outra parte que é interessante é a forma como se dá o pagamento dos honorários do serviço prestado. Considerando as informações da Deloitte (2016), a proposta contratual em um dos seus trabalhos se estruturou da seguinte forma: O faturamento dos honorários será realizado em três (3) parcelas. A 1ª parcela equivalente a 50% do valor total dos honorários será devida quando da aceitação desta proposta. A 2ª parcela equivalente a 40% do valor total dos honorários será devida na entrega do Relatório de Avaliação Preliminar. A 3ª e última parcela equivalente a 10% do valor total dos honorários será devida na entrega do Relatório de Avaliação Final. Não estão incluídos nos honorários o ISS – Imposto sobre Serviços, o PIS e a COFINS, a serem aplicados sobre ovalor faturado, assim como as despesas com viagens, condução, hospedagem e alimentação, as quais, quando antecipadas pela empresa de consultoria, deverão ser reembolsadas pelo contratante. Salientamos que essas despesas, devidamente controladas, serão incorridas exclusivamente em situações inerentes à prestação de nossos serviços. Mediante o exposto, agora temos melhores condições para avaliar um contrato de prestação de serviços de consultoria. Segue exemplo: 62WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE CONSULTORIA EMPRESARIAL Pelo presente instrumento, de um lado, ............., sociedade com sede em ................, inscrita no CNPJ no .................., neste ato representada por ............ a seguir denominada CONTRATANTE e de outro lado .........., sociedade com sede em ..................., inscrita no CNPJ ................., neste ato representada por ........... a seguir denominada CONTRATADA, têm entre si justo e contratado a realização de serviços de consultoria pela CONTRATADA à CONTRATANTE, mediante as seguintes cláusulas: Cláusula 1a – A CONTRATADA, por força das disposições do presente instrumento, realizará à CONTRATANTE, em caráter não exclusivo, serviço de consultoria nos assuntos abaixo indicados (especificar). Para a consolidação destes projetos a CONTRATADA realizará os seguintes trabalhos (são exemplos): a. Análise e consolidações. b. Desenvolvimento e aplicação de estruturas metodológicas e de trabalho. c. Treinamento dos participantes. d. Trabalhos específicos junto aos participantes da equipe de trabalho. e. Reuniões de trabalho conforme cronograma estabelecido. f. Explicações de possíveis dúvidas apresentadas pela equipe de trabalho. Parágrafo Único – A CONTRATADA terá livre acesso a todas as dependências da CONTRATANTE, para poder realizar seus trabalhos, podendo opinar e propor alternativas quanto aos trabalhos a executar ou em curso. Cláusula 2a – O responsável e principal executante dos serviços de consultoria da CONTRATADA é (nome do consultor) ........................, sendo que sua alteração deverá ser negociada entre as partes. Cláusula 3a – A CONTRATADA fornecerá à CONTRATANTE, sempre que solicitado, informações detalhadas sobre os trabalhos desenvolvidos ou em desenvolvimento. Cláusula 4a – Para a realização destes trabalhos, a CONTRATADA deverá ser remunerada mensalmente em .........., pelo período de ......... meses e de acordo com a sistemática e prazos de pagamentos estabelecidos. Parágrafo 1o – O pagamento de que trata esta cláusula, após apresentação pela CONTRATADA da respectiva nota fiscal de serviços acompanhada de um relatório, por escrito, das atividades do período, será efetuado pela CONTRATANTE mediante depósito na conta corrente no ........ do Banco ................. no ...... dia útil do mês subsequente ao vencido. Parágrafo 2o – Correrão por conta da CONTRATADA os tributos incidentes sobre os pagamentos de que trata esta cláusula, cabendo à CONTRATANTE fazer a respectiva retenção do imposto de renda na fonte e efetuar seu recolhimento na forma da lei. Cláusula 5a – O prazo de duração do presente contrato será de ....... meses e poderá ser rescindindo por qualquer das partes contratantes, a qualquer tempo, mediante simples aviso por escrito, com prazo mínimo de trinta dias de antecedência. Parágrafo Único – Pela rescisão de que trata esta cláusula não caberá indenização a qualquer das partes, sob qualquer título. Cláusula 6a – As disposições constantes deste instrumento obrigam as partes contratantes, e seus sucessores, a qualquer título que o sejam. Cláusula 7a – Fica eleito o foro da Cidade de .......... para dirimir as dúvidas originárias deste contrato, com renúncia expressa de qualquer outro, por mais privilegiado que seja. E, por estarem de acordo com os termos deste contrato, firmam em duas vias, de igual teor e forma, diante de duas testemunhas abaixo assinadas. Local e data Quadro 1 – Modelo de contrato. Fonte: Oliveira (2019, p. 123). 63WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Esse tópico lhe fornece uma orientação de aspectos do cotidiano de uma consultoria, admitindo que não se esgotam aqui modelos e orientações, dado que o universo da elaboração de contratos reúne possibilidades múltiplas. Conforme já apontado, as empresas são diferentes, o objeto de análise pode ser diferente, e para o caso de um contrato internacional, aspectos legais irão variar de acordo com o país, assim como em relação aos interesses comerciais também. 5. ELABORAÇÃO DA PROPOSTA E DO PLANO DE TRABALHO Essa atividade prática é resultante do que foi acordado no contrato com o cliente. Trata-se de um trabalho de elaboração e realização das estratégias delineadas, sendo um ponto sensível na consultoria, pois muitos gestores acabam não seguindo o que foi pactuado no contrato. Isso envolve decisões sobre o trabalho que precisa ser feito, como, por exemplo, quem o fará, o cronograma, os custos envolvidos e os métodos de monitoramento e controle do progresso da consultoria. Essas avaliações preliminares devem ser desenvolvidas em programações mais detalhadas, similares ao apresentado na Figura 5. Isso permite que o consultor especifique o serviço a ser entregue em cada estágio. O planejamento ajuda, portanto, no controle de ações com limite de tempo e no controle de operações. Figura 5 – Exemplo de detalhamento dos processos e da realização de um projeto. Fonte: Adaptado da matriz Es- trutura Analítica de Projeto. Na Figura 6, um esquema gráfico da organização dos trabalhos de uma consultoria pode ser apreciado, e é importante saber que cada uma das caixinhas identificadas nas etapas do trabalho possui atividades menores e que também podem ser discriminadas. 64WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 6 – Etapas do trabalho de consultoria. Fonte: Deloitte (2016). A essência do plano de trabalho pode ser encontrada por meio de um modelo de ação japonês criado por profissionais da indústria automobilística em estudos sobre qualidade denominado 5W2H. Essa sigla nos remete a um conjunto de questionamentos, que auxiliará a deixar claro tudo o que deverá ser feito: 5W: 2H: What (o que será feito?) How (como será feito?) Why (por que será feito?) How much (quanto vai custar?) Where (onde será feito?) When (quando?) Who (por quem será feito?) Todos esses preparativos são feitos para que dispêndios de recursos não ocorram, sendo que as tarefas são identificadas e um prazo para cada uma delas é atribuído segundo um sequenciamento lógico dessas tarefas. Várias ferramentas, como simples fluxogramas ou programas de computador, podem ser usadas para esse fim, dependendo da complexidade envolvida. 6. COLETA DE DADOS O processo de coleta de dados pode ser longo, o que pode fazer com que profissionais percam de vista o objetivo do processo de coleta de dados. A coleta de dados para a consultoria está na mesma proporção (por analogia) do barro para uma olaria. Perguntas sobre a quantidade de dados necessários para tomar decisões amplas e o padrão de qualidade que as informações devem atender são frequentemente reconhecidas como fontes de preocupação para consultores internos e externos. 65WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Tempo e recursos valiosos serão conservados se o consultor reunir informações suficientes e de qualidade no início de um projeto. Alguns métodos de coleta de dados são mais apropriados para situações específicas do que outros métodos de coleta de dados. “Mas buscar essas informações não é algo fácil de se fazer?” Bem... é importante deixarmos claro que há obstáculos que minam os esforços dos consultores, que podem eventualmente se deparar com a falta de organização dos documentos e arquivos, pessoas chave da empresa-cliente não colaborativas, e atémesmo sumiço de documentos. Parece até o conto de uma parte de um filme de detetives, mas não é. Na mente dos colaboradores, pode parecer uma invasão de sua privacidade e compreender essas situações, somada à habilidade do consultor, viabilizará a continuação do processo de avaliação em outro patamar. Portanto, objeções surgirão com certeza: citações como “Não vale a pena...”, “É só um detalhe, o principal é...”, “Não é tão relevante para...” e outras que mostram pouca utilidade. E até mesmo “Você não pode...”. Como dissemos, a compreensão é fato importante nessa fase da consultoria. Stern e Schoettl (2018) aconselham ao consultor que não tente reinventar a roda, buscando evitar perder-se na massa de informações e focar na identificação das questões-chave para aumentar a produtividade da pesquisa. Segundo Block (2001) e Crocco e Guttmann (2017), os meios para levantamento das informações são feitos por intermédio de: • Entrevista: recomenda-se que seja feita individualmente ou utilize a entrevista em grupo. • Questionário: essa técnica é ideal para um grande número de pessoas, apesar de levar mais tempo para se operacionalizar. • Análise de documentos: desde arquivos contábeis/financeiros até comunicações escritas poderão ser alvo da atenção do consultor. • Observação direta: um consultor deve confiar em suas percepções, então ao participar de reuniões ou mesmo ao fazer entrevistas, suas observações serão originárias do que acontece na empresa. • Experiência própria: dados valiosos são conseguidos por meios conhecidos, mas o estilo consultivo advém da capacidade dos consultores ao longo do tempo. Assim, o consultor deve saber conduzir atitudes para obter informações e dados relacionados ao problema. Mesmo um profissional experiente pode não estar usando os meios mais eficazes e aplicáveis para coletar informações da organização cliente, pois pode estar diante de tarefas complexas que o impelirão a examinar melhor as informações de que dispõe e quais deveria buscar (STERN; SCHOETTL, 2018). E tudo isso para quê? Veja a figura a seguir, e obtenha essa resposta: 66WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 7 - Processos para elaboração de diagnóstico. Fonte: Adaptado de Ideagri (2018). 7. RELATÓRIO DE CONSULTORIA O relatório de consultoria, como esperado, fornece mecanismos para lidar com os problemas detectados, sendo redigido pela perspectiva de um especialista dirigido, em boa medida, aos não especialistas que se beneficiam com essas informações. Esse documento técnico cobre uma série de descobertas ou generalizações baseadas na expertise dos consultores sobre um problema ou classe de desejos do cliente. Essas descobertas constituem o corpo do relatório de consultoria e requerem um esforço intelectual para o qual o profissional deve estar preparado. Relatórios são compreendidos como um canal de comunicação com o cliente. Por meio deles, serão relatadas as nuances dos problemas ou as condições da empresa que foram encontradas (depende do diagnóstico feito), como também se estimula o cliente a agir. Uma vez avaliado criticamente, esse relatório irá refletir a reputação, empenho e esmero do consultor (ou da equipe de consultores). Baseado em Crocco e Guttmann (2017), um excelente relatório de consultoria atende a três critérios básicos: 1 – Precisa ser elaborado visando a uma leitura fácil. Nada pior do que ter um relatório com excessos de informações inúteis ou que apresentem pouca relevância. É o caso do uso de códigos próprios do consultor sem as devidas identificações ou legendas para conhecimento do cliente; utilização de informações comerciais da própria empresa ou do consultor junto ao laudo técnico na parte do diagnóstico; excesso de fotos na cobertura fotográfica de um processo ou de uma inspeção (por exemplo); transcrição de toda legislação aplicada, ou seja, os relatórios não devem repetir informações obtidas do cliente ou bem conhecidas por ele, com exceção das informações que justificam diretamente conclusões ou documentos do resultado do trabalho. Você já ouviu a expressão “encher linguiça?”. Devemos evitar isso, pois obstaculizam a leitura e a compreensão do relatório. 67WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2 – O consultor precisa saber se expressar de forma clara e ter uma facilidade de escrita. Isso não deve ser confundido com a dispensa da cultura ou o nível intelectual do consultor, mas significa que há necessidade de objetividade e clareza na ideia que se quer transmitir. De outra forma, mantenha o relatório o mais curto possível e lembre-se de que o seu leitor, apesar de seu cargo, possui sua própria perspectiva e experiência. Então, deve-se escrever para expressar questões técnicas, e não para impressionar. 3 – A estrutura do relatório deve conter fatos e informações organizados e coerentemente dispostos em ordem sequencial. A essência da consultoria é trazer uma informação nova. Então, o conteúdo de informações presentes em um relatório final da consultoria deverá ter uma estrutura para o desenvolvimento das narrativas ali tratadas. E apesar de não existir uma única forma de se escrever um relatório dessa natureza, com base nas recomendações explicitadas anteriormente e no que preconiza Ávila (2020), alguns tópicos e uma ordem lógica podem ser sugeridos: • Sumário Executivo: trata-se do resumo do projeto de consultoria e deve conter as principais descobertas e sugestões que foram encontradas para seu cliente. • Introdução: aqui se pode utilizar o recurso de dar destaque à parte principal do projeto, metodologia aplicada e outros detalhes iniciais. • Diagnóstico e desenvolvimento do plano de trabalho: parte destinada ao diagnóstico elaborado, cálculos e modelagens (financeiras, por exemplo) e validação das projeções e análises realizadas. • Recomendações: como o próprio nome indica, as sugestões de melhoria junto às conclusões são apresentadas com as ações práticas a serem implementadas. • Anexos: caso seja necessário, podem ser incluídos outros elementos, como indicadores, plantas (de projetos), detalhamento da cobertura fotográfica etc., úteis para o cliente. Portanto, a parte final do projeto de consultoria entregue ao cliente incluirá também as pesquisas feitas, as ideias por meio das quais se espera ajudar a empresa, além de outras entregas que o consultor estiver preparando para ele. A ambiguidade das consultorias em relação às críticas que ocorrem se dá muitas vezes por conta de uma quantidade de profissionais que se autointitulam “consultores”. Por outro lado, novas propostas de trabalho surgem, como consultores de longevidade, isto é, especialistas em técnicas, projetos e serviços para tornar a terceira idade mais saudável; e o consultor de genoma, um especialista em genética que deve atuar na prevenção de doenças e até alterações físicas em seres humanos. Seria a área consultiva uma área que se desenvolve como uma “reserva de mercado” de profissionais formados em instituições de ensino superior? Na verdade, há uma crise de legitimidade dentro da cultura da gestão de empresas, quando profissionais não são técnicos o suficiente. 68WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Em troca de relações “colaborativas” privilegiadas com o cliente, consultores devem se esforçar para melhorar os padrões de atendimento e fornecer evidências cristalinas da sua conduta profissional, sejam elas práticas ou éticas. Confiança, credibilidade, responsabilidade e iniciativa são os principais impulsionadores das relações entre consultores e seus clientes. Ainda que não sejam novas essas atitudes, tem-se demonstrado essencial nos dias de hoje em que não é incomum vermos campear a conduta do “vale tudo”. E isso decorre do difícil clima econômico de hoje, em que empresas buscam encantar potenciais clientes com propostas muito atraentes(e até mirabolantes), porém sem se preocupar com os elementos que ligam a confiança mútua (consultor/cliente) com a necessidade permanente de construção de formas e abordagens de sistemas eficazes de gestão combinada com propostas futuras de desenvolvimento. Ou seja, não é o valor comercial a ser dispendido pelo serviço que irá, em definitivo, determinar os propósitos maiores da consultoria. A qualidade dos serviços de consultoria depende de como o diagnóstico foi executado com precisão por profissionais extremamente qualificados, bem sabemos, mas ela precisa ser realizada num ambiente ético, ou objetivamente na esfera de ação de um código de ética que iniba que o consultor abuse da confiança do cliente. É só confiando no consultor que um diretor pode lhe dizer os problemas nos negócios e permitirá que ele use informações confidenciais da empresa e siga as recomendações. Para isso, uma característica de um serviço adaptado às condições de trabalho de uma organização perpassa o processo de negociação que equalize um melhor preço pelo serviço a ser prestado e as expectativas do cliente. Para tanto, é fundamental que você acredite em si mesmo e no valor que cria. Você deve ver o valor em sua oferta e ter confiança nela. Sua capacidade de lidar com objeções que surgem naturalmente em um processo de negociação depende de como você lida com preços, propostas e negociações em potencial quando o comprador deseja que você reduza seu preço. E a razão é simples, pois isso tudo irá afetar o plano de trabalho do consultor, impactando a forma da entrega de algo sobre o qual se tem uma ideia prévia do que será feito. Outro aspecto de interesse ao profissional consultor é que sua reputação dependerá da qualidade de seus relatórios. Porque mesmo que você tenha feito um ótimo trabalho em todos os outros aspectos do projeto, seu cliente ficará infeliz se você não entregar um excelente relatório. Os relatórios são o único legado tangível do projeto, então você desejará que esse legado seja positivo e que fortaleça, em vez de diminuir, sua reputação. Então, um relatório de consultoria, sendo bem escrito e agregando valor ao cliente em termos de suas recomendações, evita que ocorra o pior cenário, onde o cliente tem de contratar outro consultor para retrabalhar totalmente um relatório. Não é preciso muita imaginação para descobrir a probabilidade de o cliente contratar novamente aquele consultor ou encaminhá-lo a colegas de profissão. Portanto, aprimore suas habilidades, pois em consultoria um relatório bem escrito evita mil justificativas depois. Essa técnica deve estar a serviço de um processo inovador e que gere novas oportunidades para a organização cliente. Para tanto, esses profissionais devem enxergar cada projeto de consultoria como um caminho para algo escalável, e compreender como trabalhar as mudanças necessárias e as mudanças possíveis, mas que só poderão advir de uma coleta de dados e um diagnóstico conciso e um relatório pertinente e compreensível pela organização assistida. 6969WWW.UNINGA.BR UNIDADE 04 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................................70 1. PLANO DE CARREIRA PARA ATUAR COMO CONSULTOR ................................................................................. 71 2. DIVULGAÇÃO DOS SERVIÇOS DE CONSULTORIA ..............................................................................................75 3. AVALIAÇÃO DOS SERVIÇOS ................................................................................................................................ 80 4. ÉTICA EM CONSULTORIA .....................................................................................................................................83 5. EVOLUÇÃO E TENDÊNCIAS DA CONSULTORIA ................................................................................................. 88 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................ 90 ADMINISTRAÇÃO DOS SERVIÇOS DE CONSULTORIA PROF. ME. MARCO ANTÔNIO SENA DE SOUZA ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: CONSULTORIA 70WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Olá, aluno(a)! A partir de agora, vamos traçar um panorama sobre a “essência” do consultor. Saber quais características são marcantes para que sua carreira possa ter sucesso e os elementos necessários para avaliar o correto desempenho de seu trabalho são, dentre várias outras, indagações inquietantes que pairam sobre as contribuições da prática consultiva. As novas técnicas e ferramentas de gestão são incorporadas e demandadas pelo ambiente empresarial para fazer frente à complexidade do mundo corporativo, ocorrendo em um movimento de antecipação ou de reação quando as empresas reconhecem um problema e percebem que são incapazes de gerenciá-lo efetivamente; assim, lá estará esse profissional. E lá estará, porque geralmente após o reconhecimento de que há necessidade de mudança para reagir a uma dinâmica de mercado, a mecânica ou a lógica que construiu a organização avaliada não estará mais disponível, pois é um outro momento e uma outra condição organizacional. Portanto, o entendimento do que e como mudar é ainda um obstáculo mais difícil para esse profissional, já que não se trata de uma trajetória linear à ação consultiva. Então, estudar essa “essência” profissional importará porque o contexto consultivo organizacional moderno, de fato, implica muitas nuances relacionadas à capacidade do próprio profissional, mas as apresentadas até aqui são suficientemente positivas para lhe dar uma base de como é sua vida profissional. Entendamos que esse profissional do qual passaremos a discutir o perfil possui peculiaridades as quais nos fazem lembrar de profissionais da saúde. Um laudo orienta cerca de 70% das decisões médicas. Consegue compreender a analogia? Como você já estudou, os consultores oferecem experiência às organizações para ajudá-las a melhorar o desempenho dos negócios em termos de operações, lucratividade, gerenciamento, estrutura e estratégia. Mas há também as empresas de consultoria, que vão desde aquelas que oferecem soluções completas a empresas de nicho menores ou as que oferecem conhecimentos e habilidades especializadas em determinadas áreas da indústria. Sendo assim, o coração da consultoria está no contato do profissional (consultor) com as empresas e seus gestores, e sua condição de apoio a elas é na verdade a comercialização do cuidado ou do zelo, do ideal do desenvolvimento. Embora a carga de trabalho possa ser pesada, a consultoria é uma profissão sociável, com muitas oportunidades de networking. Vamos conhecer mais detalhadamente a esse respeito! Bons estudos! 71WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. PLANO DE CARREIRA PARA ATUAR COMO CONSULTOR Compreendendo que, na condição de consultor(a), você terá a seu dispor a capacidade de desenvolver um conhecimento especializado e gerenciar componentes significativamente maiores e mais complexos dentro de projetos consultivos, é certo que um novo mundo profissional se descortinará perante seus olhos. Considerando haver uma boa base na formação acadêmica e um forte interesse em conhecer mais e mais sobre a dinâmica corporativa, ao trabalhar em estreita colaboração com os clientes para entender seus problemas, criar estratégias de mudança, ganhar adesão em relação a suas recomendações e colaborar com outros consultores para transformar o potencial do cliente em desempenho, uma espécie de salto quântico ocorrerá com você. É como curar organizações (públicas, privadas, 3° Setor) de seus males. É verdade que isso depende também de uma experiência que se conseguirá ao longo do tempo, mas ver que suas análises ganham maturidade e relevâncialhe dará a sensação de que uma trajetória de sucesso profissional é certa. Mas, logicamente, para apreciar lindas paisagens a partir do topo de uma montanha, um bom esforço foi dispendido pelo montanhista que, mesmo orgulhoso do seu feito, continuou seus treinamentos para uma nova empreitada. Ou seja, não há efeito sem causa; não há bons resultados sem esforço. Da mesma forma, não há tantas coincidências que possam sustentar e orientar uma carreira de sucesso, ou mesmo que tudo ocorra automaticamente do jeito que queremos quando se trata de objetivos de uma carreira particular. Por isso, é importante planejar efetivamente o futuro, necessitando de um plano de carreira, que é uma estratégia prática que permite determinar habilidades e interesses, definindo metas de carreira e implementando ações que ajudarão um profissional, ou um futuro profissional, a alcançá-las. Suponhamos que seja você que precise, pois ainda está estudando, ou acabou de se formar, e quer mudar de carreira ou ainda deseja uma promoção; um plano de carreira garantirá que suas ações estejam alinhadas com seus objetivos. Saiba que é um processo contínuo e inclui uma visão geral de: • suas habilidades e experiência atuais; • seus objetivos de carreira; • seus interesses; • suas prioridades; • suas ações pretendidas. Por outro lado, um plano de carreira também é um programa estruturado que estipula o caminho que cada colaborador irá percorrer dentro de uma organização (ENDEAVOR, 2017). E isso ocorre porque há uma expectativa das organizações em relação ao desempenho de cada cargo, sendo que a competência necessária ao profissional o guiará na hierarquia da organização e quanto tempo ficará em cada uma delas. Por isso, o colaborador dessas organizações sabe bem o que pode esperar dos próximos anos, que degraus poderá subir e como desenvolverá as competências que o levarão até lá (ENDEAVOR, 2017). Portanto, o processo de planejamento de carreira não é um mistério, desde que você tenha as ferramentas certas de planejamento de carreira. 72WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA No caso de empresas mais tradicionais de consultoria, a carreira tende a se iniciar ingressando em uma empresa como um trainee podendo levar dois anos nessa condição de aprendizado, desenvolvendo análises pertinentes e ponderadas e participando das atividades dos consultores. É importante distinguir o trainee do estagiário. Apenas estudantes podem ser estagiários. Para ser trainee, não há uma regra específica, mas geralmente as empresas contratam os recém-formados ou aqueles que estão quase concluindo a graduação para serem futuros colaboradores na empresa. Uma vez concluída a fase de trainee, alcança-se a condição de consultor (ou consultant), que já possui experiência em desenvolver conclusões a partir da análise, assumindo a responsabilidade de criar e liderar partes de entregas de projetos consultivos, podendo ficar nessa condição por mais dois anos (em média). Com mais conhecimento e experiência, encontraremos a figura dos consultores seniores (senior consultant), que lideram e avaliam análises formuladas para tirar conclusões e desenvolverem recomendações e soluções adaptadas, tendo uma previsão de dois anos e meio nessa condição. Na carreira, um próximo cargo de interesse são os gerentes consultores (managers), que planejam e gerenciam compromissos complexos, estruturando, revisando e validando as recomendações, tendo, portanto, mais experiência ainda do que os consultores seniores e dispendendo mais dois anos e meio (em média) nessa função, para então chegar ao estatuto de sócio (partner) (LIMA; SANTOS; MAIA, 2014). As empresas de consultoria apresentam forte relação com normas internacionais e mesmo métodos de consultoria que são desenvolvidos em países estrangeiros. A exemplo do “mundo de Marketing”, muitos termos estrangeiros são utilizados em solo brasileiro, de tal sorte que o “mundo da consultoria” também incorporou vários também, como no caso dos cargos acima citados, em língua inglesa. Pela Figura 1, podemos observar uma possibilidade de que, nas empresas de consultoria, o desenvolvimento da carreira é um processo de 4 a 5 estágios e que levaria algo em torno de 6 a 12 anos até que o nível do parceiro ou associado seja alcançado. Figura 1 – Carreira do consultor. Fonte: Adaptado de Lima, Santos e Maia (2014). Compreenda aspectos sobre o plano de carreira a partir de uma dúvida que está arraigada à profissão do consultor: é da responsabilidade da organização ou do indivíduo a carreira? Portanto, acesse o site da Impariamo e leia o artigo Plano de Carreira: responsabilidade da organização ou do indivíduo?, disponível em <https://impariamo. com.br/artigo/plano-de-carreira/>. 73WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA É certo que muitos serão aqueles profissionais que iniciam suas carreiras e que não estarão mais dispostos a esperar cerca de 10 anos para chegarem ao ápice da profissão. Uma progressão rápida na carreira de forma positiva motiva os consultores e cria um ambiente de trabalho dinâmico e competitivo. E, obviamente, à medida que você sobe essa escada hierárquica, seu papel muda. Assim, podemos observar, na Figura 2, mais detalhes da carreira do consultor, estimulando ideias de como deve ser seu plano de carreira. Mas em comum, você observará que, geralmente, trainees e consultores iniciantes estão focados em fornecer análises e apresentações. Consultores Sêniores e Gerentes (de nível intermediário) garantem que os projetos sejam entregues sem problemas. E os Partners (associados) se concentram na venda de projetos e na construção de relacionamentos com os clientes. Como toda empresa de natureza comercial, as empresas de consultorias investem em treinamento e desenvolvimento para estabelecer e manter marcas com distinção da credibilidade e do prestígio; ente importante nos negócios desse ramo de atividade. Porém, também o intuito é o de satisfazer as expectativas cada vez maiores dos clientes, conferindo, além dos itens credibilidade e prestígio, a garantia de atenção. Figura 2 - Carreira do consultor. Fonte: Adaptado de Management Solutions (2020) e Na Prática (2015). O processo de treinamento integra novos consultores à filosofia e cultura organizacional específica. Você já deve ter percebido que contratar os serviços de uma consultoria é uma decisão que envolve um certo risco. Imagine contratar um serviço que, ao invés de auxiliar a empresa, a faça perder recursos, como tempo e dinheiro. Assim, uma opção que atende à fase de treinamento é o processo de certificação. Sugere-se um vídeo para que você tenha uma outra visão prática sobre aspectos da vida do consultor. Isso é considerado importante, pois mitos são construídos, até você poder se adaptar à “vida de consultor”. Assim, acesse o vídeo de Nino Carvalho: Prós e contras da carreira de Consultoria, de 2016. Disponível em: <https://www. youtube.com/watch?v=eLVm96Cm2kA>. 74WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Segundo o Instituto Brasileiro dos Consultores de Organização (IBCO, 2020), a certificação de consultores é uma garantia de que esses profissionais seguem rigorosos padrões e normas internacionais de qualidade nessa profissão, além da ética necessária na prestação de seus serviços. Por exemplo, em instituições como o SEQUI – Gerência de Qualificação, Certificação e Inspeção da empresa Petrobrás, que lida com a qualificação de pessoal para atuação em suas instalações industriais, é obrigatório demonstrar suas competências por meio de uma certificação. É uma forma de manutenção do alto nível de qualidade praticado pela empresa nos processos de construção e manutenção de instalações em que esses técnicos têm suas qualificações revalidadas a cada dois anos com apresentação de documentos (relatórios) certificados por profissionais da própria Petrobrás. Nocaso do IBCO (2020), esse instituto promove, além dos cursos, uma série de testes e avaliações padronizadas internacionalmente, que incluem pesquisa de mercado a respeito da qualidade dos serviços que os associados já prestaram. Por exemplo, existem três certificações orientadas a profissionais consultores da área financeira e que, de certa forma, deveriam ser consideradas obrigações para todo consultor de negócios, dadas as próprias características, como prazos de validade e relacionamentos aos diferentes campos de atuação da área de finanças. Um é o CFP ou Certified Financial Planner (Planejador Financeiro Certificado); outro é o CFA ou Chartered Financial Analyst (Analista Financeiro); e por fim, o CGA – Certificação de Gestores da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Uma certificação poderá ampliar sua base de conhecimento, atrair mais clientes, exalar mais autoridade e conseguir obter uma taxa de pagamento mais alta ou negociar um contrato melhor. Na maioria dos casos, potenciais clientes podem não exigir essas certificações, mas você pode obter preferência de contratação. No mínimo, a certificação pode ajudá-lo a parecer mais qualificado, habilidoso, bem como diligente e disposto a ir além. A certificação tem um grande significado para a reputação de um consultor, podendo ser obtida a partir de uma pós-graduação em consultoria; cursos de consultoria em instituições certificadoras; algumas empresas idôneas que têm décadas de trabalho no mercado e emitem certificado em consultoria empresarial, havendo aquelas que têm maior orientação para um contexto técnico e outras para mercado, nacionais e internacionais. Vejamos o que diz um profissional a respeito do fato de ser necessário ou não algum certificado para exercer a atividade de consultoria. Isso tende a ter uma noção sobre a quantas anda essa questão no mercado. Assim, acesse o vídeo de Nino Carvalho: Consultor precisa de certificado?, de 2019, disponível em <https:// www.youtube.com/watch?v=awoXV-aik9I>. 75WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Para além dessas especificidades, também há uma norma que funciona como um guarda-chuvas, que é a norma ISO 20700/2017. O uso da norma ISO 20700/2017 Guidelines for management consultancy services (Guia para gerenciamento de serviços de consultoria) por parte das empresas de consultoria ajuda nesse processo. Trata-se de uma norma internacional que fornece diretrizes para a prestação eficaz de serviços de consultoria de gerenciamento. O uso de serviços de consultoria cresce acompanhando as necessidades das organizações e dos governos que pretendem melhorar o seu desempenho e processos, que, por conta disso, prescindem de equivalente aumento da transparência e eficácia, envolvendo tanto os clientes como a própria empresa consultora (VEXILLUM, 2017). O ISO 20700 dá diretrizes práticas baseadas em resultados e enfatiza a importância de entender as necessidades dos clientes. É útil para todas as consultorias de gestão, independentemente do seu tamanho, e mantém o foco na inovação, diferenciação e comportamento ético. Também é útil para os clientes, na medida em que irá ajudá-los a entender melhor o que podem esperar de um consultor de gestão num projeto de consultoria, considerando existir uma norma que os orienta às melhores práticas e critérios. Para atuar como consultor, é interessante que esse profissional seja credenciado após treinamento específico, que se caracteriza por ter um compromisso com altos padrões de qualidade. A hierarquia apresentada anteriormente tem direta relação com os tipos de responsabilidades e competências requeridas para cada cargo, ou seja, a ordem crescente de experiência a partir da categoria de consultor irá determinar sua ascensão funcional. Sabemos que as empresas estão modificando paulatinamente suas estruturas organizacionais para que sejam mais flexíveis, descentralizadas e mais atuantes. Porém, é observável que os iniciantes da carreira tenham suas tarefas supervisionadas por um líder, que faz sua avaliação constantemente, podendo diminuir o tempo de atuação naquele nível hierárquico. Nos projetos de maior dimensão, o partner é o grande responsável por atingir os objetivos propostos à organização consultada, sem esquecer de suas obrigações com a base, como é o caso de zelar pelos colaboradores. De toda forma, uma das coisas mais atraentes que acompanha a carreira em consultoria é o impacto que isso tem no seu currículo e nas oportunidades futuras. Com alguns anos no setor de consultoria, você pode obter uma reputação de longo prazo como um alto desempenho. Além disso, as principais empresas de consultoria podem servir como um trampolim que o levará ao caminho do trabalho ou estilo de vida dos seus sonhos. 2. DIVULGAÇÃO DOS SERVIÇOS DE CONSULTORIA Procurando contribuir para o crescimento e divulgação da profissão de consultor, apresento inicialmente contradições em relação às técnicas de fechamento em vendas. Com confiança e experiência, aprende-se que, quando se trata de vender consultoria de alto valor e outros serviços profissionais, essas técnicas podem se apresentar como sendo contraproducentes. Se as pessoas ainda não estão convencidas de que realmente precisam de um serviço e não têm certeza de que seu serviço específico é adequado para elas, então, usar técnicas de fechamento como perguntar se gostariam que você começasse na terça ou na quinta-feira poderá os afastar ainda mais. Oliveira (2019) diz que os serviços de consultoria não devem ser vendidos, mas comprados pela empresa-cliente, querendo sugerir que o profissional e/ou as empresas de consultoria devem tornar seu produto conhecido no mercado. Ou seja, de nada adianta um vastíssimo conhecimento se não souber promover a venda do serviço. Vender consultoria está ligado à confiança, e não a truques. 76WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Daí a ideia de poder usar uma técnica mágica para aumentar as vendas de algo pode até ser muito atraente. Mas, no caso de vender consultoria, é um erro. É algo que se apresenta muito sensível a empresários e aos principais gestores das organizações, sendo ainda mais sensível sua intangibilidade e variabilidade por ter um profissional que analisa a situação da empresa em que irá atuar e orienta a empresa na tomada de decisão. Os clientes só compram quando se sentem confortáveis e recebem o que precisam de alguém que é capaz e com quem pode trabalhar. Estabelece-se isso da maneira como se envolve com eles durante todo o processo de venda, não usando uma técnica inteligente no final. Por isso, muitos sites de empresas de consultoria exploram com muita competência os “testemunhais” de colaboradores vinculados às empresas assistidas por seus serviços de consultoria, bem como compartilham as experiências e cases de consultoria, valorizando experiências passadas para demonstrar a qualidade do serviço resultante e, de certa maneira, da satisfação alcançada pelos gestores da empresa-cliente. No uso de um site como meio de vendas, é importante ter em mente que o site não é um simples outdoor a transmitir uma mensagem, mas sim um meio pelo qual um público interessado faz suas pesquisas para “ouvir” o que estão dizendo sobre os possíveis fornecedores. Vejamos os exemplos contidos nas Figuras 3 e 4. Figura 3 – Página inicial de empresa de consultoria MS. Fonte: Management Solutions (2020). Em especial para quem não teve contato com aspectos mercadológicos do e-commerce, ler este pequeno artigo de cunho comercial lhe dará melhor dimensão sobre a discussão aqui abordada. Portanto, acesse: PEREIRA, M. Aprenda a criar uma página de vendas focada em conversão. Blog Hotmart. 2020. Disponível em: <https://blog. hotmart.com/pt-br/pagina-vendas-afiliados-irao-amar/>. 77WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 4- Página inicial de empresa de consultoria Vexillum. Fonte: Vexillum (2020). Por isso, essas informações devem ser muito corretas para poder influenciar uma decisão de compra, e também deve haver atrativos ou diferenciais que possam chamar a atenção desses pesquisadores que estão acostumados com layouts e conteúdos muitos similares. Verifique tais elementos comparativamente nas Figuras 3 e 4. Considerando haver uma grande quantidade de empresas em ambiente virtual, para ser encontrado pelas pessoas que procuram o tipo de ajuda que um consultor ou empresa fornece, precisa-se otimizar esse site para os mecanismos de pesquisa, como a compra de palavras-chave para efeito dessa busca. E publicar regularmente conteúdos como artigos de blog, papers (artigos), vídeos e e-Books para ajudar seus clientes em potencial a aprender mais sobre os problemas que a consultoria pode resolver. Todo consultor de gestão deve “blogar” semanalmente, no mínimo, não sendo uma opção (observe o acesso para blog na Figura 4). Afinal, a concorrência para quem atua com consultoria empresarial sabe que é grande entre empresas consultoras e consultores independentes (que muitas vezes são contratados pelas primeiras). Além disso, a exemplo do ensino a distância, a consultoria on-line também veio para ficar. Trata-se de uma consultoria desenvolvida a determinados tipos de clientes em que tudo é feito remotamente, utilizando telefone, e-mail, WhatsApp e, também, aplicativos gratuitos de reunião via Internet, como o Skype ou Hangouts (EDOOLS, 2019). Uma outra forma considerada mais recente é o uso de perfis e redes sociais profissionais, conseguindo visibilidade que dificilmente se tem por outros meios. Você encontrará muitos profissionais, por exemplo, no “Linkedin” (rede social) no modo business, como também no Instagram. A divulgação da marca pessoal deve ser abrilhantada pela entrega de valor a essa audiência, sendo oportuno o oferecimento de insights e informações para seus contatos (NUMARKETING, 2018). Nessas redes sociais, alguém que você ajuda pode nunca comprar de você, mas pode apresentar você ao seu cliente mais importante. Oliveira (2019) sugere que sejam utilizadas algumas técnicas mercadológicas que também têm seu espaço e efeito dentre o nicho de mercado, tais como: 78WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA • Folhetos explicativos dos serviços; • Palestras e conferências; • Publicações; • Apresentação por antigos clientes; • Consolidação de marca própria (reconhecida pelo mercado); • Participações em associações diversas; • Atividades docentes; • Encontros informais. Perceba que várias são as possibilidades assessórias a cada uma dessas técnicas de uso e atratividade. Por exemplo, um cliente em potencial ouve você apresentar algumas informações valiosas em uma webinar (é uma conferência on-line ou videoconferência com intuito educacional onde somente o palestrante se expressa). Em um caso como esse, pode ocorrer que algumas das coisas em que você tenha tocado atinjam diretamente um problema com o qual empresas estejam lutando. Eles entram em contato por e-mail ou ligam para você e pedem que apresente algumas ideias sobre como trabalhar com eles. Você, nesse meio tempo, pode enviar a eles um formulário detalhado usado na fase de diagnóstico ao trabalhar com um cliente; alinha os principais problemas com base nas respostas dos formulários; e faz observações sobre como resolver o problema e como poderia ajudá-los em equipe. Novamente, perceba como as recomendações encontradas em Oliveira (2019) podem ser utilizadas de forma bastante ampla e combinada. Se o profissional quiser vender mais serviços, deve descobrir um processo formal adaptado ao tipo de cliente com quem deseja trabalhar, como as micro e pequenas empresas, as quais devem transformar a apresentação dos serviços que pode prestar em um serviço de amostra. Digamos que é como se fosse um aperitivo a um potencial cliente. Outro exemplo apontado surge depois dos impactos agressivos que a crise sanitária da Covid-19 trouxe a várias empresas, onde um consultor resolveu oportunamente atuar na área de reestruturação de negócios. Para se tornar “visível”, ele direcionou uma comunicação empresarial a órgãos classistas como afiliados de um Conselho Regional de Contabilidade (CRC) ou de Administração (CRA), apresentou cases e seu portfólio em palestras dentro de semanas acadêmicas em universidades, como também participou de vários eventos virtuais onde pôde expor opiniões. Em relação ao termo portfólio, avalie o exemplo expresso na Figura 5, que faz menção à empresa paulista ACM Contabilidade e Consultoria Empresarial. Por meio dessas ações, uma organização ou um profissional consegue ser lembrado. Escolhemos um estudo (TOÉ et al., 2011) que apresenta os atributos mais valorizados na hora de contratar uma empresa prestadora de serviços de consultoria, na cidade de Florianópolis-SC. 79WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 5 – Parte do Portfólio de serviços da empresa ACM Contabilidade e Consultoria Empresarial. Fonte: ACM Contabilidade e Consultoria Empresarial. Figura 6 – Atributos mais valorizados na contratação de serviços de consultoria. Fonte: Toé et al. (2011). 80WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 7 – Empresas de Consultoria mais lembradas por consultores. Fonte: Toé et al. (2011). Destacamos os itens da experiência da instituição, a flexibilidade em alterar a proposta, e em seguida a participação do cliente no desenvolvimento da metodologia sugerida para a realização da consultoria (Figura 6) como os de maior pontuação. No mesmo estudo, a lembrança dos consultores respondentes ao questionário resultou também na utilidade da análise de concorrentes (Figura 7). Com essas ações, o profissional não estará entregando nada, mas estará trabalhando no processo de vendas. Ele cria o que funcionar numa empresa, e não cria tão somente slides do PowerPoint. Ele não só cria ferramentas e produtos para a consultoria. Ele vende a consultoria. 3. AVALIAÇÃO DOS SERVIÇOS Apesar de termos até aqui enaltecido a profissão de consultor, de fato nem tudo pode ser tão perfeito assim nas profissões. Como outras atividades laborais que exigem grande preparo, essa deve ser avaliada com modelos, projetos e processos de pesquisa baseada em evidências. Muitos são os contratos nos quais não está presente essa sistemática na qual uma abordagem rigorosa, válida e confiável deveria avaliar a eficácia de um trabalho de consultoria desenvolvido. No mundo empresarial, várias são aquelas empresas que têm utilizado avaliações de performance nos seus setores de concorrência e voltados aos colaboradores individualmente. Ou seja, a cultura da avaliação está ainda em franco processo de expansão. Porém, reconhece-se que há ainda um caminho para se ter bons mecanismos avaliativos que considerem vários aspectos de interesse (como as propostas por associações patronais e de empregados) em relação ao desempenho desejado, mas ainda assim uma avaliação regular dos colaboradores ajuda-os a lembrar o que se espera deles, sabendo que essas informações são usadas para promoções, aumentos salariais e demissões, por exemplo. Mas no caso de projetos de consultoria, uma avaliação também pode dizer muito sobre os consultores de uma empresa, sendo que nos interessa o contexto do desenvolvimento e resultado de um projeto de consultoria. Esse tipo de avaliação oferece oportunidades para aprimorar o conhecimento e a prática da consultoria, que, como alertamos, pode ser conduzido de forma frouxa, caracterizando uma avaliação casual contaminada por possíveis vieses, como também um problema de legitimidade das consultorias. Portanto, a avaliação, de responsabilidade do cliente, é a mais importante parte da etapa conclusiva, pois sem fazer a avaliação nunca se saberá se o projetoatingiu seus objetivos e se os resultados alcançados justificaram o custo do projeto (NAKAGAWA et al., 2012, p. 26). Baseado em Inácio (2013), para uma avaliação do acompanhamento das atividades consultivas, é sugerido que se considere: 81WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. A empresa-cliente deve administrar a interação entre os diferentes serviços da consultoria: todos os serviços e sistemas existentes devem estar obrigatoriamente interligados; 2. A empresa-cliente deve analisar muito bem todos os pontos da contratação da empresa de consultoria ou do consultor; 3. Os indicadores de avaliação, como o de desempenho e o de progressos obtidos, devem ser adequados conforme as reais necessidades da empresa-cliente. Oliveira (2019) esclarece que o produto da consultoria em momentos de crescimento da economia deve revelar oportunidades para analisar e consolidar novos negócios para a empresa-cliente. Do contrário, o consultor estará atuando em processos de redução de custos e de adequação das margens dos produtos e serviços da empresa-cliente. Assim, os trabalhos dos consultores podem ser avaliados utilizando os níveis de serviço e qualidade estabelecidos em seu contrato com a empresa-cliente, sabendo que as muitas diretrizes não são projetadas para incluir todas as situações de avaliação, até porque tornam algumas atividades inviáveis de serem feitas. Assim, apresentamos alguns critérios que podem ser utilizados na avaliação do trabalho consultivo, aplicando-se um valor ao nível de importância no processo de avaliação e a nota atribuída. Tem-se assim (OLIVEIRA, 2019): • A capacidade de enviar relatórios ou análises completas é feita dentro do cronograma estabelecido no contrato. • O conjunto de atividades ficou dentro do orçamento estimado no contrato. • O projeto elaborado pelo consultor é edificável, bem como o custo-benefício e a manutenção. • A qualidade do trabalho do consultor reflete o que fora contratualmente pactuado. • O consultor forneceu produtos de qualidade ao cliente. • Há clara verificação de conhecimento e habilidade para realizar a consultoria. • O consultor apresenta clara capacidade de adaptação ao contexto da consultoria. • O consultor aplicou as diretrizes estabelecidas pelas normas e procedimentos identificados no contrato. • Especificações especiais foram processadas adequadamente e resultaram em ganho de valor agregado. • Abordagem foi inovadora e resultou em maior nível de conformidade. 82WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Aplicam-se tais itens da seguinte maneira, por exemplo: Critério Conceito Nível de importância Avaliação Funcionalidade O consultor demonstra condições para resolução adequada do proble- ma identificado. Acesso O consultor apresenta facilidade de contato e negociação. Empatia O consultor dispensa atendimento cortês. Quadro 1 – Critérios de Competitividade dos Serviços de Consultoria. Fonte: Adaptado de Oliveira (2019). Como pode ser visto, os critérios avaliativos podem ser muito variados e podem ser elaborados mediante os interesses da empresa-cliente e a empresa de consultoria ou profissional independente contratado. Mas em síntese, pode-se dizer que são (OLIVEIRA, 2019): • Indicadores de desempenho: qualidade do serviço prestado, produtividade alcançada, melhorias conseguidas no processo decisório. • Indicadores de progresso: cronograma de trabalho dos consultores. • Indicadores de intervenção: satisfação das intervenções propostas e o quanto elas representam de valor para a empresa-cliente. Assim, na avaliação dos serviços de consultoria, a empresa-cliente deve ter claro o que irá avaliar e os indicadores de avaliação com que fará esse acompanhamento. Porém, uma cultura de avaliação deve estar instalada na empresa-cliente, pois do contrário serão itens que apresentarão maior ou menor representatividade no delineamento do resultado da consultoria. Por isso, acadêmicos e profissionais têm um papel importante na educação de gerentes, consultores e atores da organização, elevando sua consciência sobre a necessidade e os benefícios de avaliações rigorosas baseadas em evidências. Há uma grande oportunidade de gerar e usar o conhecimento confiável e válido, derivado das avaliações anteriores de consultorias para o avanço da pesquisa e prática organizacional futura e mesmo de consultoria. Avalie uma frase chavão (dito popular): “O medicamento curou a doença, mas matou o paciente”. Trata-se de um dilema que surge ao se propor um processo de avaliação. Uma avaliação baseada em evidências deve contemplar aspectos qualitativos que são difíceis de serem mensurados, pois envolvem objetivos subjetivos, postura, política, crenças e valores. Atribuição de pontos ou notas, para que se tenham comportamentos esperados e desejados pelas empresas, pode ser considerado uma lógica defeituosa. A doença foi direcionada e curada com sucesso, mas a intervenção danificou mortalmente e matou o paciente. O esforço falhou em considerar um nível mais alto de realidade e lógica para o atendimento total ao paciente, focando antes no nível da doença. Para avaliar com eficácia o resultado de um medicamento prescrito, o nível de pensamento deve incluir não apenas a doença, mas níveis mais elevados de lógica que avaliam os efeitos colaterais e o bem-estar geral e a saúde do paciente a curto e longo prazo. 83WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 4. ÉTICA EM CONSULTORIA Muitos são aqueles que acreditam que, quando se fala de ética, está se falando de uma tabela de condutas humanas em duas colunas, onde seriam classificadas com o certo ou errado, pode ou não pode, justo ou injusto. E assim, a pessoa ética é aquela que respeita essa tabela. Mas isso é totalmente equivocado. Ser ético hoje é estar aberto para defender um conjunto de valores e princípios para decidir três grandes questões da vida: quero, devo e posso. E quais são esses princípios: tem coisa que eu quero, mas não devo; tem coisas que devo, mas não posso; e tem coisas que posso, mas não quero (CORTELLA; BARROS FILHO, 2014). A ética é construída e definida no dia a dia e são introjetadas como comportamento social. Por exemplo, houve uma época em que era necessário o uso de uma placa para indicar que era proibido o uso de cigarros dentro de ônibus. Hoje já não é mais necessário. Às vezes, isso decorre do uso de normas como é o caso do uso de cintos de segurança. Hoje, já é do convencimento de todos essa necessidade. Portanto, são os princípios que prevalecem. “Se eu tenho por princípio não pegar nada que não seja meu, minha ação (moral) é não furtar. Devolvo sua carteira porque ela não é minha!” Esse comportamento ético marca muitas culturas em torno do mundo, sendo inspiradoras lições de alguns povos, em que torcedores limpam a área em torno deles nos estádios, os políticos trabalham pelas funções pelas quais foram eleitos, os representantes do sistema judiciário que não abusam de seu poder, os motoristas que respeitam as leis de trânsito, e assim por diante. Como dissemos, não é a observação de uma tabela de conduta, mas aquilo que orienta e motiva as pessoas a agirem da forma que agem. Por óbvio, não é interesse desta disciplina aprofundarmos nessa questão, senão apresentar informalmente a conceituação sobre ética. Na economia global, trata-se de um forte componente que orienta negócios, havendo previsão em normas e mesmo em legislações que dão suporte a essas transações. Temos inclusive um ranking de países mais respeitados do mundo, sendo, portanto, os mais éticos; e são avaliados segundo três fatores: economia, ambiente e governo. No tocante aos serviços profissionais de alto valor fornecidos por empresas de consultoria, aqueles que contratam os serviços de empresas de consultoria o fazem com a expectativa de que suas necessidades sejam atendidas, com sorte, excedidas, e que os consultores contratadoscumpram suas funções de maneira ética e profissional. Assim, o tipo de lógica a ser utilizado na avaliação de uma solução para uma doença epidêmica pode exigir uma visão mais ampla e um nível de pensamento mais elevado sobre a doença, especificamente no nível da política de saúde pública, ao invés de focar apenas nos níveis inferiores de tratamento do paciente ou ação pessoal, que são importantes, mas não suficientes para resolver o problema de saúde em sua essência. Um esforço de avaliação robusto usa um tipo de lógica apropriado que é específico para o cliente e as condições relacionadas. Assim, é possível que essa analogia possa lhe dar uma visão de como você avaliaria o desempenho de uma consultoria. Seria uma avaliação das partes da consultoria (os diversos sintomas da doença?), ou do resultado final dela (a doença é letal ou não?). 84WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A partir disso, por exemplo, o conceito de Ética Profissional (NAKAGAWA et al., 2012) tem por objetivo a gestão da responsabilidade ética do contabilista perante os colegas, bem como perante os agentes econômicos que intervêm direta ou indiretamente na gestão do negócio de uma empresa com a qual se relacionam. Traduzindo: Figura 8 - Relação de elementos que impactam escolhas éticas. Fonte: Adaptado de Oliveira (2019). A dura realidade dos trabalhos de consultoria significará que os consultores provavelmente serão colocados em situações que os expõem a um tipo de risco para o qual não estão totalmente preparados. Existem vários dilemas éticos da vida real, que não são diferentes para esses profissionais, os quais exemplificamos a seguir: 1. Uma informação privilegiada deve ser repassada a outro alguém? 2. Para facilitar um acesso exclusivo, eu aceitaria um presente? 3. Para cumprir as metas de vendas, devemos omitir as dos carros? No primeiro caso, há uma relação de informação privilegiada e ética; no segundo, um conflito de interesses; e no terceiro, um problema de ética na comercialização de produtos. São problemas dessa natureza que a grande maioria dos profissionais de negócios enfrenta. A necessidade de ética prática na consultoria se dá pelos riscos associados ao comportamento antiético que são facilmente observados nos escândalos transmitidos pela mídia, que, apesar de ser tão sensacional, na verdade, paga-se caro pelos erros que cometeram, com multas punitivas e longas sentenças de prisão para os casos mais graves. Para empresas de consultoria, o litígio é sempre uma possibilidade, assim como a perda ou redução de receita. Mas mais prejudicial ainda são os danos às respectivas reputações dos consultores e seus empregadores que impedem, muitas vezes, negociações em um mercado global profissional e competitivo. É uma temática bastante ampla e por demais interessante. Trabalhar com ética é uma questão de sobrevivência, de manutenção de reputação e de estratégia que aumenta a longevidade das operações de um profissional no longo prazo. Como forma de trazer uma opinião que corrobore o que nos propomos a estudar, vamos assistir a um vídeo proposto por Stato Consultoria: Leandro Karnal fala sobre ética no Brasil, de 2015, disponível em: <https:// www.youtube.com/watch?v=zpTNt25274g>. 85WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA As taxas sempre podem ser negociadas, mas a reputação, não. O capital profissional de um consultor individual é sua marca pessoal que representa sua licença para praticar. Em 2016, trinta consultores financeiros foram acusados por forçarem empréstimos baseados em títulos para impulsionar negócios por meio de competições que tinham sido proibidas pelo empregador, que é um banco americano (O GLOBO, 2016). Uma pesquisa da consultoria estratégica da PwC (2017) observa que houve um aumento de 36% nos últimos cinco anos de gestores afastados de seus cargos por desvios éticos nas empresas. Isso significa que questões éticas estão em tendência no combate de práticas que causem danos à sociedade e aos negócios. Outro comportamento antiético a ser apontado no âmbito da consultoria envolveu a Arthur Anderson Consulting e a empresa contratante, a Enron Corporation. O fato é que Anderson não divulgou fatos da Enron, como também praticou truques contábeis sob orientação da empresa consultora, para alterar os balanços da Enron (BBC BRASIL, 2002). Talvez você ainda não tenha compreendido os problemas éticos, então vamos explicitar mais alguns comportamentos antiéticos: 1. O consultor adota rapidamente a perspectiva do cliente não expressando nenhum desacordo com o cliente, por interesses particulares. 2. Por interesses particulares, o consultor não produziu um diagnóstico a contento e o cliente implementou planos de ação que eram incompletos para a organização. 3. O cliente induziu o consultor a uma conclusão previamente conhecida, pela omissão de informações e as recomendações eram inadequadas. Assim, é de se concluir que a reputação de um consultor, uma vez perdida, será muito difícil de recuperar. Obviamente, existem muitas outras consequências do comportamento antiético, muitas das quais são de longo alcance, criando resultados que podem ter efeitos significativos e prejudiciais não apenas para o consultor, mas também para seu empregador e seus clientes. Para um consultor independente, em que é provável que o consultor e o empregador sejam o mesmo, as possíveis consequências são consideráveis. Mediante o exposto, destacamos três itens de importância dentre vários outros que possam vir a fazer parte de um código de ética corporativo e que estão contidos na obra de Oliveira (2019): • Sigilo e confidencialidade: geralmente tendo acesso a bancos de dados, diretórios e aplicativos que contêm dados muito sensíveis e informações confidenciais do cliente, um código de ética deve prever que se mantenha a privacidade do usuário final, preservando a confidencialidade e protegendo tais informações contra vazamentos (de informações). • Conflito de interesses (postura de atuação): é considerado em transações comerciais e jurídicas em que a consultoria pode representar dois lados opostos. Por exemplo, onde as atividades de consultoria atuem na execução de um projeto ou estudo e a avaliação do mesmo projeto ou estudo; a concepção de um projeto e o estudo de seu impacto no meio ambiente; e também o aconselhamento a um órgão governamental e a um fornecedor, por exemplo, em processo de privatização. 86WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA • Fraude: pessoas de confiança se tornam violadoras dessa confiança quando se concebe que têm um problema que não pode ser compartilhado e tentam uma resolução por meio dessa conduta. São considerados três elementos simultâneos para que ocorra: a oportunidade (a qual o consultor tem condições de criar ou identificar), a pressão ou motivação (a qual a pessoa tem para justificar o ato) e a atitude (na qual a pessoa se sente inclinada ao ato) (S2 CONSULTORIA, 2020). Trazemos como bagagem cultural um conjunto de informações que nos permitem “discernir o certo do errado”. Não só da família, ou da religião, mas o grupo social que participamos tem como regra a manutenção de princípios que devem ser respeitados no nosso círculo de amizades. Se isso é certo, por que alguns indivíduos e algumas organizações agem de forma irresponsável? Para que as organizações ajam irresponsavelmente, é preciso que os indivíduos ajam de forma irresponsável. Sair desse ciclo de mau comportamento corporativo não se trata somente de mais Leis, regras e líderes responsáveis; trata-se também de uma mudança de mentalidade de obtenção de resultados de curto prazo. Focar na saúde da empresa no longo prazo inibe as soluções simplistas e rápidas e auxilia empresas a acharem melhores caminhos no conflito de interesses e diretrizes úteis para tomar boas decisões. A sociedade tem valorizado ações socialmente aceitáveis,trabalho desenvolvido em bases de honestidade e integridade, estando o futuro desenhado a não aceitar e até a banir o comportamento antiético. Se olharmos longe o suficiente, as abordagens da ética podem ser bem compreendidas por meio de códigos de comportamento. Códigos de comportamento referem-se a regras coletivas de conduta que existem (por exemplo, em uma empresa), como também acima e além dos indivíduos no mundo. Eles podem ser usados para legitimar ou provar ações independentes, certas ou erradas. A atual evolução da tecnologia levou à preocupação de que o progresso científico desenfreado nem sempre é eticamente aceitável. A necessidade de estabelecer valores e referências comuns, bem como de promover princípios e padrões éticos para orientar o progresso científico e o desenvolvimento tecnológico, está se tornando cada vez mais aguda, especialmente em países em desenvolvimento que não desfrutam igualmente dos benefícios dos avanços científicos e tecnológicos. 87WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Assim, a ética não deve mais ser pensada apenas como uma ferramenta de marketing que não tem influência real na cultura das empresas de consultoria ou mesmo dos consultores, mas representa um conjunto fundamental de comportamentos repetíveis que devem ser cumpridos por todos esses profissionais, independentemente da função. Até que ponto esses personagens respondem a esse desafio refletirá o status da profissão como um todo e na manutenção da credibilidade dessa prestação de serviço. Mesmo com essas orientações, poderá ocorrer que, dentro de uma perspectiva prática, algumas situações desagradáveis possam ocorrer. Entenda que escrever um relatório de consultoria envolve suas próprias conclusões segundo sua avaliação, por óbvio, mas é importante você estar atento(a) ao fato de que a conclusão desejada pode ser conhecida muito antes de a consultoria ter sido viabilizada; além do que, a organização contratante pode estar realmente interessada nas justificativas para isso ocorrer. De fato, é um caminho delicado para o consultor seguir, seja um consultor interno ou externo, pois você só pode realmente fazer o trabalho se estiver convencido de que a conclusão e o plano desejados realmente são uma boa ideia, além de privilegiar seus valores éticos. Lembre-se de que, para se construir uma carreira, leva-se muito tempo e muito esforço. Agora, para perder o que fora conquistado, basta se guiar por uma conduta antiética e praticar táticas ilegais para fatalmente se deparar com o fracasso e a reprovação do mercado. Exemplos de escândalos financeiros protagonizados por executivos com a orientação de consultores estão espalhados pelo globo e nos servem de alerta para levarmos corretamente nosso trabalho, ainda que o mercado cobre celeridade no posicionamento das empresas, o que ocorreu em 2020. A ética está presente em todos os campos do exercício das atividades profissionais, seja porque há uma forte orientação a respeito de códigos específicos da profissão ou mesmo para não prejudicar outrem por meio do exercício profissional. A esse respeito, vamos fazer uma leitura sobre as virtudes capitais de um consultor, considerando alguns parâmetros. Acesse: ROMANO, L. A. As virtudes capitais de um melhor consultor: ética na consultoria. Administradores. 2013. Disponível em: <https:// administradores.com.br/artigos/as-virtudes-capitais-de-um- melhor-consultor-i-etica-na-consultoria>. O trabalho de consultores empresariais deve ser o mais criterioso possível, pautado em técnicas e nas evidências seguras de um diagnóstico completo, similar ao que médicos cirurgiões precisam para suas intervenções em pacientes. A literatura tem o cuidado de expor exemplos de casos de empresas vitoriosas. Mas o que pensar daquelas que não tiveram? Elas podem nos dizer alguma coisa? Sim, podem. Por conta disso, vários são os escândalos e fiascos de empresas que afetaram a vida de milhões de pessoas dentro e fora dessas organizações, com a cumplicidade de empresas especializadas. 88WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Essa temática é um problema sério nessa profissão. Sabemos que é deselegante falar de um cliente com quem tenhamos trabalhado para outro cliente. Pior ainda é vender dados ou informações de empresas. Saímos de uma situação de etiqueta nos negócios para o Código Penal. Portanto, a ética é uma espécie de bússola para o profissional, que norteia sua trajetória profissional. 5. EVOLUÇÃO E TENDÊNCIAS DA CONSULTORIA Ao relembrarmos que vivemos na “Era da Informação” e que muitas transformações sociais advêm do uso de novas tecnologias que alteram usos e costumes do nosso cotidiano, já teremos uma pista do que também ocorre no campo da atividade consultiva. Apesar de a indústria da consultoria empresarial brasileira apresentar crescimento, mas não sem dificuldades, algumas orientações advindas de encontros técnicos parecem não ter mudado. A necessidade do consultor profissional em melhor ouvir seus clientes para que a necessidade da organização seja conhecida parece não ter mudado ao longo dos tempos. Há que se considerar que, numa consultoria, não se constroem soluções de forma unilateral. Com a Era da Informação, os processos empresariais foram acelerados justamente pela mudança substancial do analógico para o digital, mas mesmo assim é preciso ter paciência para as melhores tomadas de decisão. Não há necessidade de chegar na empresa com a resposta pronta para os problemas que se supõe que ela tenha, sendo preciso ouvir. Portanto, deve-se manter a simplicidade no atendimento aos clientes, utilizando o conhecimento adquirido sem a típica arrogância profissional que macula muitos na classe dos consultores. Acompanha esse contexto a necessidade de se mudar o mindset (mentalidade), pois o uso da tecnologia não dispensará a necessidade de saber compreender a realidade de cada cliente, de acordo com suas questões apresentadas. A esse respeito, tem-se notícias de que a área também tem recebido investimentos e acelerado seus processos de digitalização de operações, e que com a pandemia do coronavírus muitas atividades passaram a ser feitas de forma remota. Se a digitalização já era uma questão de sobrevivência tanto para as operações com os clientes como para as próprias operações dos prestadores de serviço, a conjuntura pós-pandemia contribuiu sobremaneira para consolidar o entendimento de que não há tempo a perder nessa direção (PRODUTTARE, 2020). O caso da Enron Corporation, que foi uma empresa americana, é emblemático por ter se valido de lacunas contábeis, mantendo vultuosas dívidas dos balanços (incobráveis) ao mesmo tempo em que inflacionava de forma fraudulenta os ganhos da empresa. Uma empresa de auditoria/consultoria que atuava junto à Enron ignorou o problema, o que levou à sua dissolução posterior a esse caso. Esse assunto é tão sério que, na Inglaterra, por exemplo, caso o Partido Trabalhista vencesse as eleições de 2019, as quatro grandes empresas do setor de auditoria e consultoria seriam forçadas a fazerem uma separação de seus negócios de contabilidade e consultoria, bem como sofreriam a regulamentação estatutária do setor de auditoria do Reino Unido. O Partido Trabalhista divulgou publicamente a ideia de dividir as alas britânicas dessas quatro grandes empresas, com base em um conflito de interesses. Observe uma preocupação com o mercado consultivo (na Inglaterra). 89WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A digitalização contínua fará com que o serviço comercial intensivo em mão de obra passe a mudar da dependência de seres humanos para a pesquisa, a análise, o processo e o gerenciamento, além de facilitação remota. Essa tendência transformará a consultoria a partir de seu atual modelo de negócios baseado em horas em um sistema fixo e dependente do tipo de consultoria. E isso, de certa maneira, éa tendência para várias atividades laborais, nas quais o uso massivo de novas tecnologias, como sistemas ciberfísicos, internet das coisas e computação em nuvem, torna necessário aos profissionais aprimorar seus conhecimentos sobre essas ferramentas para continuar a acompanhar esse crescimento sem precedentes. O recrutamento de novos talentos continua demandando pessoas treinadas e formadas no ensino superior, concentrando conjuntos de habilidades. Tal requisito básico, porém, esbarra em uma previsão para atuação múltipla, tanto em empresas de nicho e em outras consultorias similares. Ou seja, há um processo de terceirização múltipla que faz com que grandes empresas generalistas atuem em parceria com pequenas empresas especialistas; haja a continuidade do sistema já existente entre empresas de consultoria com consultores externos ao setor; e mesmo consultorias em parceria com acadêmicos por meio de empresas júniores. Você pode observar modelos disruptivos que surgem, mas a ideia é expandir as fronteiras de captação de clientes, tendo uma capilaridade na prospecção, bem como na flexibilidade do atendimento às empresas prospectadas. Trata-se de uma transição, na qual se conviverá com empresas que têm condições de serem atendidas remotamente, e outras que ainda precisarão de atendimento in loco (no próprio local). O consultor deve encarar a tecnologia como ferramenta e não como concorrente. Uma tendência muito clara ao mundo consultivo é a utilização de ferramentas que aceleram e simplificam os trabalhos, até mesmo aqueles mais complexos. Descobrir tendências e estar preparado para lidar com elas é uma estratégia de grande valor, pois saber a direção do mercado e o que será o presente na vida das pessoas é uma vantagem competitiva. Vamos assistir a um vídeo que nos trará a visão de um consultor a esse respeito. Acesse: FRANÇA, C. O futuro da Consultoria Empresarial. 2019. 1 vídeo. Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=kI3zGxGHmaM>. Vamos compreender o que é o Big Data nas empresas, considerando que essa seja uma tecnologia que esteja presente nos novos projetos consultivos. Assim, vamos conhecer aspectos dessa ferramenta por meio deste vídeo: FIA BUSINESS SCHOOL. O uso do Big Data nas empresas. 2018. 1 vídeo. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=_ h9nElWvEVc>. 90WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Uma terceira sugestão de vídeo vai nos trazer informações do que seja a consultoria on-line. Em um mundo pós-pandemia, essa modalidade vem conquistando espaços, pois possibilita acesso a profissionais super qualificados em praticamente qualquer lugar do mundo, com custos muito menores que o modelo tradicional. Vamos explorar um pouco mais a esse respeito acessando: MEU GESTOR. Como funciona a Consultoria Online – Meu Gestor. 2019. 1 vídeo. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=4O7gyk-QuqA>. Por outro lado, os clientes têm feito mais pesquisas para determinar qual consultoria melhor atende às suas necessidades por meio dos bancos de dados buscados na Internet. Usando apenas alguns filtros e comandos de classificação, um cliente em potencial pode encontrar rapidamente um especialista no assunto. O interessante é que, nesse ínterim, pode ocorrer uma inversão no mercado de tal sorte que uma empresa estabelecida há anos e gozando de uma reputação que levou décadas para ser construída pode ser transferida rapidamente para uma de menor porte com conhecimento específico. Trata-se de uma tendência, mas é perturbadora a possibilidade de se instalar um modelo de consultoria instantânea. De fato, como as mudanças tecnológicas ocorrem em ritmo muito rápido, é possível que as recomendações dos consultores fiquem desatualizadas em curto espaço de tempo. Então, é de se concluir rapidamente que a educação será continuada e o aprendizado de novas habilidades será algo comum. CONSIDERAÇÕES FINAIS O risco e a incerteza estão presentes nas relações dos negócios modernos, e em um ambiente assim, para se evitar impactos negativos, o uso da consultoria é uma técnica de gestão desenvolvida ao longo de anos e que dá mostras de grande eficiência nos resultados alcançados. Os processos de gestão racional não podem ser imaginados sem informações confiáveis fornecidas muitas vezes por uma auditoria, especialmente quando se dá grande ênfase aos instrumentos de controle. Mas a consultoria será o instrumento pelo qual irá se propor a evolução da gestão da organização por meio das modernas práticas que devem ser adequadas a cada tipo de cliente, de ambiência, de problema e de momento. Como proposta de trabalho, novas estruturas, ferramentas e técnicas têm sido criadas ou melhoradas em várias organizações, permitindo o acúmulo de conhecimentos valiosos advindos dessas experiências. A partir de então, as necessidades das organizações encontraram, nesse tipo de prestação de serviço, o respaldo para continuarem sua trajetória produtiva, estabelecendo e reconhecendo o papel dos consultores nas intervenções necessárias. Essa foi a proposta da Unidade I, que se concentrou em apresentar os conceitos básicos sobre a consultoria, distinguindo as ações da consultoria interna e externa, os tipos de consultoria, induzindo o(a) aluno(a) a reconhecer preliminarmente que esse profissional precisa atuar, empregando metodologias mais ágeis, úteis, construtivas e modernas, com domínio das sutilezas conceituais e didáticas necessárias para otimizar os processos organizacionais. 91WWW.UNINGA.BR CO NS UL TO RI A | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Ao aconselhar proprietários de organizações a melhorarem sua compreensão sobre seu papel na gestão organizacional, sobre a missão empresarial para aumentar a capacidade de sucesso e a implementação de melhorias nos processos de gestão relevantes, esse profissional tem um conjunto de etapas para desenvolver seu trabalho. A consultoria envolve um conjunto de fases diferentes, mas que devem resultar na consolidação inicial de um Plano de Consultoria. Para cobrir um amplo espectro de soluções para problemas concretos encontrados, de fato um diagnóstico precisa ser bem elaborado. Na Unidade II, foram apresentados mecanismos à análise SWOT, o benchmarking, o uso do BSC que, quando aplicados, permitem insights valiosos a serem utilizados na intervenção da consultoria. Já na Unidade III, apresentamos aspectos impactantes, objeto de estudos acadêmicos, que é a interação entre o consultor e o cliente. Os tipos de relacionamentos têm capacidade de influenciar os resultados esperados, estando presentes em aspectos contratuais, na proposta do plano de trabalho, na coleta de dados e no relatório da consultoria. O importante é que haja clareza em todo o processo e que o cliente se sinta seguro da necessidade de contratação do serviço, bem como do seu envolvimento ao longo do processo. Por fim, hoje, em condições modernas de operação, somos sistematicamente avaliados, seja por meio de padrões, critérios negociados etc. Com a consultoria também não é diferente. Desde a seleção de um consultor até a avaliação do serviço prestado, a atividade de consultoria é considerada uma atividade comercial sujeita a julgamentos. Sua forma de atrair a atenção sobre si, mesmo por meio de elementos de contexto mercadológico, depende do grau de competência, maturidade, transferência de know-how, ou do conhecimento e experiência necessários, para evitar possíveis falhas de análise. É uma profissão que enseja um grande esforço analítico. Uma certificação para um consultor poderá ampliar sua base de conhecimento, atrair mais clientes, exalar mais autoridade e obter um bom contrato. Mas de nada adianta todo esse esforço se a ética prática não incidir sobre as ações do profissional e sobre os riscos associados ao comportamento antiético que são facilmente observados nos escândalos transmitidos pela mídia, que, para os casos mais graves, as penas são mais duras.Essa foi a proposta da Unidade IV. A consultoria pode ser interpretada vividamente e como um guia para organizações em uma determinada área sobre a qual não se tem conhecimento suficiente, que poderá dar origem a mais problemas. A consultoria ajudará as organizações a não vagarem em busca de soluções, ou transitar em movimento de tentativas e erros. 92WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA REFERÊNCIAS ACADEMIA DO CONSULTOR. Como gerenciar projetos. 2020. Disponível em: https:// academiadoconsultor.com.br/. Acesso em: 12 jul. 2020. ALBINO OLIVEIRA CONSULTORIA EMPRESARIAL. Diagnóstico Estratégico - Como ele pode ajudar na saúde financeira de sua empresa? 2020. 1 vídeo. 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