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MI���L���OS� A micoplasmose em felinos (anemia infecciosa felina) é uma doença causada por 3 espécies de hemoplasmas: Mycoplasma haemofelis, Mycoplasma haemominutum e Mycoplasma turicensis. São bactérias gram-negativas que infectam eritrócitos (hemácias), aderindo na superfície dessas células resultando em anemia hemolítica imunomediada ou infecção subclínica. A doença é veiculada por artrópodes hematófagos (pulgas, carrapatos). É transmitida pelo sangue infectado, através da picada de carrapatos e pulgas, mordida, exposição iatrogênica, pelas gatas aos seus filhotes, útero, nascimento ou aleitamento. Gatos com livre acesso a rua tem maior predisposição. Na primavera e verão há maior incidência de artrópodes hematófagos, aumentando o risco. Animais mais jovens são mais predispostos (maturidade imunológica). Gatos positivos para FeLV apresentam maior risco de desenvolver sinais clínicos devido a imunossupressão. ➔ PATOGENIA Acredita-se que o Mycoplasma sp é um patógeno oportunista, culmina a sua manifestação em situações de imunossupressão (estresse, enfermidades concomitantes), no entanto, existem situações onde a micoplasmose é a doença primária. Ao entrar no organismo (picada de artrópodes hematófagos contaminados, transfusão sanguínea, exposição ao sangue infectado), o parasita é aderido a hemácia, resultando em danos na membrana eritrocitária, diminuindo sua meia vida e causando hemólise. ● A hemólise pode ser intravascular que resulta em resposta auto-imune do organismo e aumento da fragilidade osmótica da célula. E a hemólise extravascular que ocorre no baço, fígado, pulmões e medula óssea. ➔ FASES DA INFECÇÃO POR MYCOPLASMA SP 1. Fase pré-parasitária: exposição do organismo ao patógeno antes de sua reprodução (2-3 semanas). Os sinais clínicos podem se iniciar após esse período, ou podem continuar assintomáticos por um período maior. 2. Fase aguda: onde há a apresentação clínica da doença. A gravidade depende da presença dos fatores de risco e se o animal é esplenectomizado ou não. Pode variar de uma anemia não significativa a uma anemia hemolítica grave. 3. Fase de recuperação: normalização do volume globular (VG). 4. Fase assintomática: animais portadores da doença mas sem apresentação clínica (pode ficar assim por meses ou anos após o fim do tratamento). Nessa fase a replicação do microrganismo é equilibrada pela fagocitose e eliminação do organismo. Pode haver recidiva em situações estressantes. ➔ SINAIS CLÍNICOS Pode haver discreta anemia ou mais grave, com apresentação de depressão, fraqueza, anorexia, perda de peso, palidez de mucosas, esplenomegalia e icterícia (hemólise). Febre pode estar presente. Gatos infectados com retroviroses (FIV e FeLV) são mais predispostos a demonstrarem sinais clínicos. ➔ DIAGNÓSTICO Para o diagnóstico é necessário, além da pesquisa do microorganismo (esfregaço sanguíneo), levar em consideração os sinais clínicos, histórico (presença de FIV ou FeLV; recidiva?) e estilo de vida do animal (acesso a rua, controle de ectoparasitas). Além de exames laboratoriais (hemograma e bioquímico) e complementares (US). ★ No hemograma pode ser observado anemia regenerativa com reticulocitose, anisocitose, macrocitose, policromasia e corpúsculos de Howell-Joley. Em casos de infecção simultânea com o vírus da FeLV a anemia tende a evoluir para arregenerativa. ★ No leucograma pode haver leucocitose por neutrofilia e monocitose, leucopenia ou estar dentro dos valores de referência. ★ No bioquímico pode se encontrar aumento de ALT, hiperbilirrubinemia e azotemia pré-renal (desidratação). Métodos sorológicos podem relevar a presença de antígenos a partir de 14 dias de infecção (Western Blotting), 21 dias de infecção até 6 meses - mesmo após o tratamento (imunofluorescência indireta). Testes sorológicos não apresentam grande eficácia para diagnósticos pois quando positivo não condiz necessariamente com a presença da doença clínica. A reação em cadeia de polimerase apresenta maior sensibilidade e especificidade se comparada ao esfregaço sanguíneo. O PCR convencional é capaz de diferenciar M. haemofelis e M. haemominutum, porém não distingue M. turicensis. A técnica de PCR quantitativa diferencia as 3 espécies conhecidas. Esse método detecta o agente a partir do oitavo dia de infecção. É capaz de diagnosticar pacientes subclínicos. ➔ TRATAMENTO Em casos de anemia intensa (redução drástica do VG, mucosas pálidas, apatia, anorexia, depressão) provocada por hemoplasmas deve ser realizada a transfusão sanguínea para não ter evolução do quadro e comprometimento circulatório, tornando-se mais vulneráveis. Os derivados de tetraciclinas são os antibióticos mais utilizados. Dentre as tetraciclinas, a doxiciclina é a mais recomendada no tratamento, utilizada em dosagem de 5 mg/kg, BID, por 14 a 21 dias. Durante o uso de antibióticos deve ser monitorada a febre, anorexia, vômito e intoxicação hepática (Rara). A anemia causada pela micoplasmose é em parte imunomediada, sendo necessário utilizar glicocorticóides. A prednisolona na dose de 2 mg/kg, SID é a mais utilizada (podendo ser aumentada (4 mg/kg) em casos de ausência de resposta (esta monitorada pelo VG) e reduzida quando o VG atingir a normalidade). Em gatos com doença cardíaca e diabetes mellitus o seu uso deve ser evitado. Terapia suporte: fluidoterapia para correção de desidratação; ingestão alimentar (suporte nutricional forçado- AIG; sonda esofágica se necessário).
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