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CURSO REABILITAÇÃO PARA SÍNDROME PÓS-COVID19 NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE NARRATIVA Novas demandas exigem novas práticas – a potência do aprender no trabalho Em reunião de matriciamento, ocorrida no dia 20/02/2021, o médico da Equipe de Saúde Azul do Centro de Saúde Florescer encaminhou a Sra. Rosa para avaliação e acompanhamento da nossa equipe do NASF, com o seguinte relato: Rosa, 67 anos, cor parda, casada (marido motorista de UBER), emagrecida (45kg, 1,57m), aposentada por invalidez. Rosa possui 3 filhos adultos, sendo 2 casados (uma filha casada reside no mesmo terreno da mãe, seu marido tem ótima relação com a Rosa e ajuda no cuidado da mesma) e a outra reside com a mãe e tem o diagnóstico de Esclerose Múltipla há 5 anos. No domicílio ainda reside a mãe de Rosa que apresenta Alzheimer. Rosa reside em uma casa pequena própria de alvenaria, organizada, limpa, bem ventilada, iluminada, sem umidade. Permanece a maior parte do tempo no seu quarto, que possui um banheiro e eventualmente sai do quarto com a ajuda do concentrador de oxigênio que possui um extensor de 8 metros conectado à máscara que é colocada sobre a traqueostomia. Há aproximadamente 12 anos Rosa teve o diagnóstico de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica - DPOC (ex tabagista, fumou 40 anos/maço e trabalhava com serviços gerais numa fábrica de material químico e relata inalação constante de “material com cheiro forte”). Parou de fumar há 15 anos e desde então relata piora da dispneia progressivamente, impactando nas suas funções domésticas há aproximadamente 7 anos. Após 3 hospitalizações (2009, 2011, 2018) devido a exacerbação da DPOC, Rosa passou a utilizar o oxigênio domiciliar por 16 horas/dia a partir de 2018, devido a piora expressiva dos sintomas, da gasometria (hipoxemia em repouso e ar ambiente) e da espirometria (insuficiência ventilatória obstrutiva grave com reeducação da Capacidade Vital Forçada, sugestivo de aprisionamento de ar). Realizou Reabilitação pulmonar numa clínica escola, de 2010 a 2015, porém não conseguiu manter-se na reabilitação devido à dificuldade de deslocamento (longe do domicílio) e falta dinheiro. Em 20/10/2020 paciente foi novamente hospitalizada devido à infecção pelo novo Coronavírus. Teve febre (37,9°C) no dia 05/10 e RT-PCR positivo no dia 10/10. Após hospitalização evoluiu com a forma grave da doença, sendo encaminhada para UTI no dia 22/10, devido a dessaturação com PaO2/FiO2 = 200mmHg, Tomografia Computadorizada com comprometimento de 60% no parênquima pulmonar (opacidade em vidro fosco), associado a pequenos focos de consolidação além do enfisema centrolobular, necessitando de intubação orotraqueal, posição PRONA, sedação, traqueostomia (no 8º dia de intubação) com evolução satisfatória do caso. Recebeu alta da UTI em 02/01/2021 sendo encaminhada para a enfermaria onde permaneceu até o dia 03/02/2021. Sem história de tromboembolismo. No território não há cobertura do SAD. Rosa era acompanhada pela equipe Azul antes do episódio da COVID-19, e nesse momento de desospitalização, a equipe assumirá a continuidade do cuidado de Rosa. Durante a Visita Domiciliar realizada ontem, Rosa nos relatou: “canso para fazer tudo, minha tosse é frequente e às vezes engasgo, mas é pouco, não consigo ajudar nos cuidados com minha mãe pois sinto muitas dores musculares quando tento ajudar”. Rosa se apresenta traqueostomizada (cânula com válvula fonatória, com balonete, percebido um cheiro fétido), em uso de oxigenoterapia 24h, mantendo saturação periférica de 93%, medida pelo oxímetro da usuária (com uso de 2 l/min no concentrador), Frequencia Respiratória de repouso de 20 irpm, Pressão Arterial de 130/90 mmHg, Frequencia Cardíaca de repouso 100bpm, com esforço respiratório (uso da musculatura resiratória), tosse produtiva na maioria das vezes mucopurulenta, mas as vezes purulenta e ate sanguinolenta. Relata alimentar – se bem, porém pouco. Rosa não sai de casa, realiza as Atividade de Vida Diária (AVD) básicas, comer, pentear cabelo, medicar-se, com boa tolerância, mas para o banho tem muita limitação, ficando inclusive cianótica, ainda apresenta mobilidade reduzida (sem dispositivos de auxílio a marcha) e não consegue gerir suas finanças, o que a incomoda muito. Parece extremamente motivada, porém chora às vezes quando fala da sua condição de saúde, da filha e da mãe. Essa é uma situação muito desafiadora, estamos todos muito mobilizados para assumir o cuidado de Rosa, pois é uma usuária do território sob os cuidados da Equipe Azul. Ao mesmo tempo é um desafio em função da mudança das condições de saúde de Rosa e pelas novas demandas impostas pela pandemia da COVID-19 em relação às necessidades de reabilitação e cuidados no território. E novas demandas exigem o desenvolvimento de novas práticas. Vamos nos qualificar para isso!!! Abaixo estão os dados da avaliação da força muscular realizada no hospital (avaliada por uma escala que gradua a força de grupos musculares periféricos por teste manual). Constatou-se força normal preservada apenas para flexão do cotovelo (escala MRC grau 5). Nos demais segmentos avaliados Rosa apresenta movimento ativo e vence a resistência. A pontuação total é de 50 pontos, o que não seria indicativo de redução de força muscular global/periférica, por isso consegue realizar atividades como deambular e AVD básica. Abaixo podem ser vistos os exames apresentados pela Rosa. Medicação em uso: antihipertensivo, antibiótico profilático, seretid, zolpidem. Avaliação da força muscular: MMSS (membros superiore) Direito Esquerdo Abdução do ombro 4 4 Flexão do cotovelo 5 5 Extensão do punho 4 4 MMII (membros inferiores) Flexão do quadril 4 4 Extensão do joelho 4 4 Dorsiflexão do tornozelo 4 4 TOTAL 50 Exames complementares apresentados pela usuária Espirometria % do previsto Data – 2019 CVF 67 VEF1 37 VEF/CVF 45 FEF25-75 21 Interpretação Gasometria arterial Sem uso de oxigênio suplementar Data – 2021 Obstrutiva grave com diminuição de CVF PH 7,35 CO2 44 mmHg HCO3 26 mEq/ml PO2 65mmHg SatO2 78% Interpretação Hipoxemia Considerando a situação clínica descrita e a importância da Integralidade do cuidado, façam a discussão do caso, conforme descrição abaixo: Os grupos 1, 2 e 3 – Irão aplicar a Classificação de Funcionalidade e Incapacidade. Queixa funcional: Funcionalidade (+) e Incapacidade (-) Estrutura e Função Corporal (Fatores +) Deficiências: Alterações de Estrutura e Função Corporal (Fatores -) Limitações de atividade (Fatores + e -) Restrição na Participação (Fatores + e -) Fatores Pessoais (atributos do indivíduo): Fatores ambientais Barreiras Facilitadores Diagnóstico Fisioterapêutico: Objetivo Funcional do Tratamento: Plano de Tratamento: Orientações Domiciliares: Divisão dos temas: • Grupo 1- No nível da estrutura e função • Grupo 2- No nível da atividade • Grupo 3 – No nível da participação Os grupos 4, 5, 6 e 7 – Irão apresentar o PTS • Grupo 4 - Levantamento de demandas • Grupo 5 - Identificação dos problemas e barreiras • Grupo 6 – Levantamento das potencialidades • Grupo 7- Prognóstico e reavaliação Elaboração de estratégias de intervenção multiprofissional a curto, médio e longo prazo
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