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Beatriz Cunta – Turma 2024 @biaemedicina PNEUMOTÓRAX ➢ PNEUMOTÓRAX HIPERTENSIVO: • Causas: A principal causa é a ventilação mecânica com pressão positiva em paciente com lesão pleuropulmonar prévia, ou que faz essa lesão pela própria ventilação. No trauma: a fisiopatologia clássica é o trauma contuso/penetrante que provoca a lesão em “saco de papel”, desviando o mediastino contralateralmente. • Clínica: Desvio da traqueia, turgência jugular (vasos da base desviados contralateralmente), hipotensão, hipertimpanismo à percussão do tórax, com MV diminuído ou abolido. Assim, tem componentes ventilatórios e hemodinâmicos. A mortalidade é alta, principalmente devido ao choque obstrutivo (pelo desvio dos vasos). O diagnóstico é clínico (não se solicita exame de imagem). • Conduta: A conduta é imediata: TORACOCENTESE de alívio. OBS – Em crianças a punção é realizada no 2º EIC, LHC. Em adultos, no 4º/5º EIC, anterior à linha axilar média. A conduta definitiva, por sua vez, é a TORACOSTOMIA com dreno em selo d’água, no 4º/5º EIC, entre as linhas axilares anterior e média. Se realizar a drenagem e o paciente não melhorar, ou se melhorar e piorar novamente, deve-se checar a técnica primeiramente. Em seguida, é importante pensar em lesão de grandes vias aéreas (não consegue compensar com apenas o dreno). Como identificar lesão de grandes VAs: → Borbulhamento intenso porque entre muito ar para o lado da lesão e dreno não é capaz de esvaziar → Não re-expansão do tórax → Pode haver atelectasia do outro lado (macicez) Conduta na lesão de grandes VAs: → Diagnóstico: broncoscopia → Conduta imediata: IOT seletiva; 2º dreno → Conduta definitiva: reparo da lesão por toracotomia OBS – Importante reconhecer precocemente o pneumotórax antes mesmo do manejo das vias aéreas. ➢ PNEUMOTÓRAX ABERTO: • Causas: A fisiopatologia é um trauma penetrante, fazendo um orifício largo o bastante para que o ar entre por ele, e não pelas VAs (orifício > 2/3 do diâmetro da traqueia). • Clínica: Na apresentação clínica, não tem instabilidade hemodinâmica na maior parte das vezes. Tem abolição do MV e timpanismo à percussão. • Conduta: Beatriz Cunta – Turma 2024 @biaemedicina A conduta imediata é o curativo em 3 pontas. A conduta definitiva é a drenagem em selo d’água + fechamento. OBS: Nem todo pneumotórax deve ser drenado! Se ele for simples e pequeno (20-30% daquele hemitórax), não precisa drenar. Contudo, se esse pneumotórax for submetido a uma condição que possa aumentá-lo ou tiver risco de se tornar um pneumotórax hipertensivo, deve ser drenado, como: transporte aéreo ou ventilação mecânica. TÓRAX INSTÁVEL • Definição: Tipo de lesão que depende da fratura de, pelo menos, dois arcos costais consecutivos. Além disso, cada arco costal deve estar fraturado em pelo menos dois locais. Assim, há uma disjunção de fragmentos ósseos do restante do gradil costal. • Clínica: Durante a inspiração, os fragmentos ósseos entram e atingem a pleura, causando dor pleurítica (redução do drive respiratório pela dor e pode levar à atelectasia). Assim, o tórax não se expande como deveria e provoca a respiração paradoxal. OBS: A respiração paradoxal não causa a morte, mas a dor pode levar à insuficiência respiratória. Então, deve-se manejar a dor. Deve-se realizar uma boa analgesia/bloqueio intercostal, suporte com O2 e fisioterapia respiratória. OBS – Contusão pulmonar Aparece na radiografia como uma área de hipotransparência, geralmente por debris inflamatórios pelo trauma e pela própria fratura de costela. Ele pode ser tão importante que pode levar à insuficiência respiratória. • Diagnóstico: Consolidações na radiografia de tórax, normalmente aparece cerca de 24h para surgir. Importante fazer o diagnóstico diferencial com atelectasia (respeita os lobos pulmonares e tende a tracionar o mediastino ipsilateralmente). • Conduta: Para tratamento da contusão, é necessária a fisioterapia respiratória. Contudo, se PaO2 < 60 ou SatO2 < 90%, considerar IOT + VM. HEMOTÓRAX • Definição: Lesão de vasos intercostais (baixa pressão) ou parênquima, com sangramento geralmente autolimitado. • Causa: Na maioria das vezes, decorre de trauma penetrante. • Clínica: Na apresentação clínica, temos colabamento da jugular, macicez à percussão, MV diminuído ou Beatriz Cunta – Turma 2024 @biaemedicina abolido. O paciente pode evoluir para um choque hipovolêmico/hemorrágico pela perda de sangue. • Conduta: A conduta é a toracostomia com dreno em selo d’água na maioria das vezes. Deve-se drenar o mais rápido possível para evitar evolução para fibrose. Contudo, indica-se a toracotomia quando o sangramento não é autolimitado (hemotórax maciço), indicado por: - Drenagem imediata de 1500mL - Drenagem de 200mL/h durante 2-4h - Necessidade persistente de hemotransfusão OBS – Autotransfusão Dispositivo com um dreno e filtro que permite a reinfusão do sangue no paciente. TAMPONAMENTO CARDÍACO • Definição: Acúmulo de líquido no saco pericárdico (150- 200mL) • Clínica: Paciente apresenta: turgência jugular, hipotensão, hipofonese de bulhas (tríade de Beck). • Diagnóstico: Apresentação clínica + Fast do trauma (derrame pericárdico visível à USG). • Conduta: O tratamento consiste em realizar volume + toracotomia + reparo da lesão. A conduta provisória é a pericardiocentese, retirando cerca de 15-20 mL de sangue, muitas vezes já suficiente para melhorar o quadro do paciente. LESÃO DE AORTA • Definição: Laceração que normalmente ocorre ao nível do ligamento arterioso, próximo ao nível de emergência da artéria subclávia esquerda. Em 25% dos casos o sangramento ocorre tão rapidamente que cria um hematoma ao nível da lesão, que atua tamponando a laceração. • Clínica: A apresentação clínica é pobre, e normalmente ocorre no politraumatizado, com outras lesões concomitantes. O paciente pode apresentar apresenta pulsos normais em MMSS, e diminuídos em MMII. Se história for compatível (trauma em alta velocidade, queda de grandes alturas, desaceleração súbita), recomendado investigar. • Diagnóstico: O diagnóstico é realizado a partir da apresentação clínica + imagem – radiografia –, com os seguintes achados: → Alargamento do mediastino, (> 8cm) → Perda do contorno aórtico → Desvio do tubo orotraqueal ou do catéter nasogástrico para a direita. OBS: Apesar disso, o exame mais utilizado hoje para visualizar lesão aórtica é a AngioTC de tórax. Já o padrão-ouro ainda é a aortografia. • Conduta: Na maioria das vezes o tamponamento consegue manter a aorta estável por cerca de 24h, de modo que é uma lesão manejada mais posteriormente em pacientes politraumatizados. Enquanto isso: 1) Tratar primeiro outras lesões 2) Manter alvo de FC (< 80bpm) e PAM (60- 70mmHg) 3) Iniciar beta-bloqueadores O tratamento definitivo pode ser: 1) Toracotomia esquerda 2) Reparo endovascular CONTUSÃO MIOCÁRDICA • Definição: Trauma contuso que atinge o miocárdio, principalmente o ventrículo direito. OBS – Atenção se houver fratura do esterno ou arcos costais superiores (indica trauma intenso, de desaceleração súbita). Beatriz Cunta – Turma 2024 @biaemedicina • Clínica: → Insuficiência ventricular direita: hipotensão, aumento PVC → Arritmias: extrassístoles, FA, bloqueio de ramo direito, taquiarritmitas → Bloqueio de ramo direito • Diagnóstico: Odiagnóstico real seria anatomopatológico. Clinicamente, é feito indiretamente, com base nos achados clínicos (arritmias, hipotensão, aumento PVC) + ecocardiograma com alterações de motilidade • Conduta: Monitorização por 24h, por ser o período de maior chance de instabilização do quadro. Podem ser usados: → Antiarrítmicos +/- inotrópicos
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